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Módulo Incidência e Crédito Tributário O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. Seminário II CRÉDITO TRIBUTÁRIO, LANÇAMENTO E ESPÉCIES DE LANÇAMENTO ALUNA: AYLA LOBO Questões 1. Considerando os conceitos de norma, incidência e crédito tributário, responda: a) Que é lançamento? Definir o conceito especificando: quem pode lançar, se é ato ou procedimento e qual a sua finalidade. Nos termos do art. 142, do Código Tributário Nacional, o lançamento é o procedimento administrativo pelo qual ocorre a subsunção do fato à norma, calculando-se o valor que deverá ser pago pelo contribuinte, identificando-o e, caso tenha lastro, aplicando-se a penalidade cabível. Quanto a competência para realizar o r. lançamento, tanto o contribuinte quanto o Fisco a possuem. O lançamento por homologação e declaração, são realizadas pelos próprios contribuintes, e o lançamento de ofício é competência do Fisco. Conforme descreve Leandro Paulse1: A constituição ou formalização do crédito tributário, ou seja, a representação documental de que o crédito existe em determinado montante perante certo contribuinte ciente da sua obrigação, pode se dar de várias maneiras, não estando de modo algum restrita ao lançamento por parte da autoridade. No lançamento por declaração, o contribuinte fornece ao Fisco elementos para que apure o crédito tributário, no lançamento por declaração, o contribuinte fornece ao Fisco elementos para que apure o crédito tributário, no lançamento por homologação, é o contribuinte quem apura e paga o tributo, cabendo ao Fisco simplesmente chancelar tal apuração ou questionar o lançamento, por fim, o lançamento de ofício, por sua vez, é aquele realizado direta e exclusivamente pelo Fisco quando a lei assim o determine ou quando o tributo seja submetido por lei a uma das modalidades anteriores (mediante declaração ou por homologação), mas o contribuinte não tenha realizado os atos que lhe cabiam. Contudo, entendo haver um descuido do legislador ao utilizar-se da palavra procedimento, tendo em vista que, se assim o fosse, dependeria de etapas para se concretizar, de modo que adequa-se melhor à definição tratar o lançamento como um ato administrativo, que se inicia 1 Paulsen, Leandro Curso de direito tributário completo / Leandro Paulsen. – 8.ed. – São Paulo: Saraiva, 2017. Módulo Incidência e Crédito Tributário O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. e perfectibiliza com uma única ação, que é o próprio lançamento em si. Nas palavras do professor Paulo de Barros Carvalho: Lançamento é ato jurídico e não procedimento, como expressamente consigna o art. 142 do Código Tributário Nacional. Consiste, muitas vezes, no resultado de um procedimento, mas com ele não se confunde. É preciso dizer que o procedimento não é imprescindível para o lançamento, que pode consubstanciar ato isolado, independente de qualquer outro. Quando muito, o procedimento antecede e prepara a formação do ato, não integrando com seus pressupostos estruturais, que somente nele estarão contidos. Por sua vez, o ato administrativo, como define Meirelles2 “é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato, adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou, impor obrigações aos administrados ou a si própria” Quanto a sua finalidade, destacam-se duas principais, que se resumem no fato de que o lançamento é o ato concreto de subsunção do fato à norma, que concretiza o vínculo obrigacional entre o sujeito passivo e o sujeito ativo, e consequentemente, tem a finalidade de conferir exigibilidade ao crédito tributário. b) É correto afirmar que o lançamento tributário se apresenta em três espécies? Se positiva a resposta, qual o critério que orienta tal classificação, ou seja, o que diferencia uma espécie da outra? contribuinte porSim, conforme exposto na questão anterior, o lançamento pode ser efetuado pelo e, conformhomologação e por declaração, bem como pelo próprio Fisco, pelo lançamento de ofício se as principais características/diferenças de cada um-quadro abaixo, destacam Lançamento por homologação Lançamento por declaração Lançamento de ofício Características No lançamento por homologação o contribuinte é quem realiza a apuração e o recolhimento do tributo de forma autônoma, o que ocorre, por exemplo, na apuração de ICMS e ISS Responsabilidade do contribuinte, que precisa fornecer os elementos suficientes para o lançamento ao Fisco, como ocorre com a declaração de IRPJ/IRPF O lançamento de ofício é aquele realizado direta e exclusivamente pelo Fisco, como é o caso do IPTU. Ainda, os dois anteriores, caso não sejam realizados pelo contribuinte ou o sejam de forma indevida, serão resolvidos pelo lançamento de ofício. c) O chamado lançamento por homologação é efetivamente lançamento? E o lançamento por declaração? 2 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1995. Módulo Incidência e Crédito Tributário O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. Partindo da premissa de que o lançamento é o ato administrativo pelo qual ocorre a subsunção do fato à norma, com base no art. 142 do CTN, o lançamento por homologação não pode ser considerado um lançamento em sentido estrito, isso porquê, tratando-se de uma atividade vinculada e obrigatória do Fisco, a simples obrigação de relatar a ocorrência dos fatos geradores e realizar o recolhimentos dos valores devidos pelos próprios contribuintes, não pode ser considerado a mesma coisa que a atividade administrativa, por incoerência nas regras aplicadas a cada um, ou seja, a prática do lançamento é privativa das autoridades administrativas, de modo que os lançamentos por homologação e declaração não constituem um lançamento. Ademais, de qualquer forma, todo e qualquer lançamento feito por intermédio dos contribuintes, poderá ser revisado pelo próprio Fisco, para que ocorra a sua confirmação ou revisão. Destacam-se, por fim, as palavras do professor Paulo de Barros Carvalho3 sobre o assunto: “Por sem dúvida que são atos diversos, porque praticados por sujeitos diferentes, debaixo de normas competências também distintas e, desse modo, supondo-se a regimes jurídicos que não são exatamente os mesmos, o que legitima a imposição de nomes aptos para discerni-los. No fundo, porém, apesar das dessemelhanças, ambos os atos são oponentes de normas individuais e concretas no ordenamento do direito positivo, e disso não podemos esquecer” Ou seja, não há como ambos serem considerados equivalentes, por mais que sejam semelhantes, tendo em vista que não seguiram as mesmas regras do ordenamento jurídico. Deste modo, ocorrendo uma necessidade técnica de distinção, para que ambos possam ser conceituados e tratados da forma mais correta possível. d) O lançamento tem eficácia declaratória e/ou constitutiva? O que é declarado e/ou constituído? Quando isso ocorre? O lançamento tributário possuí ambas as eficácias, declaratória e constitutiva. Isso porque, conforme delimitado na questão 1, existem duas finalidades no lançamento: 1) concretiza o vínculo obrigacional entre o sujeito passivo e o sujeito ativo, sendo ato declaratório da relação jurídico tributária e; 2) confere exigibilidade ao créditotributário, tendo, portanto, eficácia constitutiva do direito de cobrança Fisco. Sendo que sua ocorrência se constata com o próprio ato do lançamento realizado ou homologado pelo Fisco. Tendo em vista que o lançamento realizado pelo contribuinte não se reveste da mesma força obrigacional. e) Confrontar as noções de tempo no fato e tempo do fato. Para definir a diferença entre data do fato e data no fato, destacam-se as palavras de Aurora Tomazini: 3 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: fundamentos jurídicos da incidência, São Paulo, Saraiva, 1998, p. 214. Módulo Incidência e Crédito Tributário O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. O tempo do fato é o instante em que o enunciado denotativo da hipótese normativa ingressa no ordenamento jurídico. É o momento em que o fato é constituído juridicamente. Geralmente, no processo de positivação, isso se dá com a notificação das partes. O tempo no fato, por sua vez, é o instante a que alude o enunciado factual juridicamente constituído. É o momento descrito como aquele em que o evento se realizou.4 Ou seja, a diferença entre “erro de fato” e “erro de direito” é que, naquela o problema é identificado no momento de reprodução linguística de algum evento, já no segundo, o problema é identificado no momento de subsunção do fato à norma. Sendo assim, podemos entender que os erros de fato, ocorrem no próprio enunciado, enquanto os erros de direito ocorrem no momento de sua aplicação. Por fins, para fins de argumentação, importa ressaltar que havendo erro na enunciação do auto de infração, resta maculado o lançamento por erro de fato, pois tem potencial de causar danos ao contribuinte, tendo em vista que receberá informações imprecisas, e que pode ser prejudicado por isso, inclusive, obstando o amplo direito de defesa. O erro de direito seria, por sua vez, decorrente da escolha equivocada de uma norma para fundamentação do lançamento, que seja ineficaz ou não esteja mais válida, por exemplo. f) O que é erro de fato e erro de direito? E mudança de critério jurídico? Já para a definição de erro de fato e erro de direito, destacam-se os ensinamentos do professor Paulo de Barros Carvalho5: Assim constitui 'erro de fato', por exemplo, a contingência de o evento ter ocorrido no território do Município 'X', mas estar consignado como tendo acontecido no Município 'Y' (erro de fato localizado no critério espacial), ou, ainda, quando a base de cálculo registrada para efeito do IPTU foi o valor do imóvel vizinho (erro de fato verificado no elemento quantitativo). 'Erro de direito', por sua vez, está configurado, exemplificativamente, quando a autoridade administrativa, em vez de exigir o ITR do proprietário do imóvel rural, entende que o sujeito passivo pode ser o arrendatário, ou quando, ao lavrar o lançamento relativo à contribuição social incidente sobre o lucro, mal interpreta a lei, elaborando seus cálculos com base no faturamento da empresa, ou, ainda, quando a base de cálculo de certo imposto é o valor da operação, acrescido do frete, mas o agente, ao lavrar o ato de lançamento, registra apenas o valor da operação, por assim entender a previsão legal. A distinção entre ambos é sutil, mas incisiva. Ou seja, havendo erro na enunciação do auto de infração, resta maculado por erro de fato, causando danos ao contribuinte que recebe informações imprecisas, e que pode prejudicá-lo, 4 Carvalho, Aurora Tomazini de. Curso de teoria geral do direito: o construtivismo lógico-semântico – 6ª ed. rev. e atual. - São Paulo: Noeses, 2019. Pg. 5 Carvalho, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método – 7ª ed. rev. – São Paulo: Noeses, 2018. Pag. 445/446 Módulo Incidência e Crédito Tributário O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. inclusive quanto ao seu direito de defesa. O erro de direito seria, por sua vez, decorrente da escolha equivocada de uma norma ou a sua incorreta interpretação. A mudança do critério jurídico, por sua vez, é o reconhecimento de um erro quanto a valoração jurídica do próprio fato no lançamento e que precisa ser sanado, é quando ocorre alguma divergência quanto a interpretação de determinado fato jurídico no momento de sua subsunção, o que ocorre na própria esfera intranormativa, assemelhando-se ao erro de direito. 2. Dado o auto de infração fictício (anexo I), pergunta-se: a) Identifique as normas individuais e concretas veiculadas no respectivo auto de infração; Podem ser extraídas duas normas individuais e concretas do auto de infração, sendo elas a constituição do crédito tributário devido pelo contribuinte com o lançamento, bem como a fixação de penalidade pelo não recolhimento na forma e prazo devidos. Vê-se que a matéria semântica do antecedente dessas regras alude a um evento caracterizado, sempre, pelo desatendimento de um dever. Isso porque, ambos os mandamentos preenchem os critérios determinados pela RMIT. A constituição do crédito tributário, preenche os critérios do antecedente pela saída de mercadorias, como critério material; os Estados e o Distrito Federal como critério espacial; e o período 01/01/2014 a 01/12/2014 como critério temporal. Já no seu consequente, podemos observar o sujeito ativo (Estado de São Paulo) e o sujeito passivo (Bate o Pé Indústria e Calçados Ltda.), no critério pessoal; e o critério quantitativo é definido pela base de cálculo (R$ 64.440,48), juntamente com a alíquota de 18%, correspondente a R$ 11.599,29. Por sua vez, os critérios da multa, estão no antecedente pela saída de mercadorias sem o recolhimento do imposto, como critério material; os Estados e o Distrito Federal como critério espacial; e o lançamento da multa em 02/02/2015 como critério temporal. Já no consequente, temos o sujeito ativo (Estado de São Paulo) e o sujeito passivo (Bate o Pé Indústria e Calçados Ltda.), no critério pessoal; e o critério quantitativo é definido pela multa de mora (50%) juntamente com os juros de mora no valor de R$ 1.275,92. b) Confronte as noções de (i) auto de infração – documento, (ii) ato administrativo de imposição de multa, (iii) ato administrativo de lançamento e (iv) ato de notificação; (i) O auto de infração como documento, é o meio pelo qual o Fisco, realizando a subsunção do fato à norma, cria a norma individual e concreta para concretização de determinadas obrigações em face do contribuinte, tendo em vista o não cumprimento de algum mandamento legal no seu tempo e forma devidos; Módulo Incidência e Crédito Tributário O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. (ii) O ato administrativo de imposição de multa, por sua vez, é uma das normas individuais e concretas que compões o auto de infração, visando à cobrança da multa pela realização do evento previsto em lei como ilícito tributário; (iii) O ato administrativo de lançamento, é a segunda norma individual e concreta a compor o auto de infração, é o ato de lançar de ofício aquilo que cabia ao Fisco ou aquilo que o contribuinte deveria ter recolhido e não o fez; (iv) Por fim, o ato de notificação do sujeito passivo é o momento que que o ato administrativo se perfectibiliza, tendo em vista que a constituição definitiva do débito se dará apenas com a ciência do devedor, momento em que o lançamento se tornará um ato público, caso não tenha sido declarado por ele próprio, inclusive parafins de contagem dos prazos prescricional e decadencial. c) Em sua opinião, em que instante nasce a obrigação tributária? E o crédito tributário? E, a multa tributária? Que significa “constituição definitiva do crédito”? Nos termos do art. 113,§1, do CTN, “a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente”. Por sua vez, o crédito tributário nascerá a partir da atividade do intérprete, ou seja, a autoridade administrativa competente, que ao observar a ocorrência do fato gerador realizará a subsunção do fato à norma, nos termos do art. 114, do CNT. A multa tributária terá nascimento a partir da ocorrência de uma ação ou omissão do contribuinte com relação a alguma obrigação pré-definida em lei, seja relacionada a obrigação principal ou a obrigação acessória. Por fim, a constituição definitiva do débito, conforme exposto na questão anterior, se dá com o ato de notificação do contribuinte, caso não tenha sido declarado por ele próprio, tendo em vista que, até o momento da ciência deste acerca do lançamento, não há que se falar em obrigação definitiva, pois o ato ainda não era público. 3. Empresa XXX, contribuinte de IPI, declara e formaliza seus créditos e débitos, compensa tais valores (não-cumulatividade) e, de acordo com a lei, realiza o pagamento do saldo devedor conforme discriminado abaixo: Posteriormente, o Fisco Federal glosa os créditos de IPI utilizados pela empresa devedora, sem, contudo, efetuar o lançamento de qualquer valor a título de tributo. Em seguida, encaminha para inscrição na dívida ativa os valores não pagos em razão do aproveitamento indevido dos Módulo Incidência e Crédito Tributário O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. créditos (R$ 200.000,00), pois entende não ser necessário o lançamento de ofício. Esses valores, por sua vez, são acrescidos das penalidades que o Fisco entende cabíveis, além dos juros de mora. Na sua opinião, está correto o proceder da Fazenda? Ainda, o aproveitamento de créditos da não- cumulatividade pode ser equiparado a pagamento antecipado? A glosa, por sua vez, resultaria em não pagamento? Justifique sua resposta (Vide anexo II e III). O procedimento utilizado pela Fazenda, no sentido de dispensar o lançamento de ofício, encontra respaldo na doutrina e na jurisprudência. Isso porquê, o ato de ciência inequívoca do contribuinte é requisito para que o ato administrativo se torne público, o que já ocorre antes nos casos de o contribuinte realizar a declaração. Por isso, neste caso, não era necessário ocorrer o lançamento de ofício. Contudo, o aproveitamento dos créditos da não-cumulatividade não pode ser equiparado ao pagamento antecipado, tendo em vista que esse instituto estabelece que o crédito a recolher, em cada etapa da cadeia, será equivalente à diferença entre o imposto devido sobre as operações da empresa XXX e o já cobrado nas etapas anteriores, resultado de um abatimento entre as entradas e saídas do estabelecimento. Sendo assim, não é um pagamento antecipado, mas apenas um encontro de contas para que não ocorra a cumulação do montante devido, tendo em vista a vedação constitucional do art. 153, §3, II. O crédito, em si, então, é o resultado positivo de todo o período de apuração entre as entradas e saídas, e pertence ao próprio contribuinte, conforme expresso no art. 225 do Regulamento do IPI. E, por fim, nos termos do art. 256, do mesmo regulamento, “os créditos do imposto escriturados pelos estabelecimentos industriais, ou equiparados a industrial, serão utilizados mediante dedução do imposto devido pelas saídas de produtos dos mesmos estabelecimentos” Sendo assim, a glosa do crédito apurado em determinado período, não necessariamente acarretará em um débito, tendo em vista que, em que pese a glosa seja devida e o resultado do crédito não tenha sido o declarado, todos os débitos podem ter sido recolhidos, tendo em vista que são transações distintas, apuradas apenas ao final do encontro de contas do período. 4. Com relação ao lançamento por homologação, pergunta-se: a) Que é homologação? O que se homologa: (i) o pagamento efetuado antecipadamente; (ii) a norma individual e concreta posta pelo contribuinte; ou (iii) ambos? Justifique sua resposta. A homologação é a modalidade de constituição do crédito tributário onde o contribuinte realiza o pagamento antecipado do valor devido e à autoridade administrativa cabe a sua homologação ou não, com previsão legal no art. 150, do Código Tributário Nacional. Módulo Incidência e Crédito Tributário O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. Nesta modalidade, homologa-se tanto o pagamento efetivamente recolhido, quanto a norma individual e concreta posta pelo contribuinte, tendo em vista que parte dele toda a análise legal e criação da referida norma. Isso porque, conforme defendido nas questões anteriores, o lançamento por homologação pressupõe uma atividade individual do contribuinte, para apenas posteriormente ocorrer a revisão pela autoridade administrativa. Destacam-se, neste ponto, os ensinamentos de Carlos Cintra6: Desse modo, nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o contribuinte, interpretando a legislação tributária de regência, vê-se obrigado a praticar atos dirigidos à formalização do crédito tributário, e para tanto ele realiza a subsunção do(s) fato(s) ocorrido(s) em determinado período à norma tributária stricto sensu, a fim de apurar o eventual valor do tributo devido ao Erário. Trata-se, portanto, de confrontação entre a linguagem da facticidade jurídica com a linguagem da regra- matriz de incidência tributária. Portanto, por mais que seja uma modalidade de constituição do crédito tributário pelo próprio contribuinte, poderá ser integralmente revisado pela autoridade administrativa e, e for o caso, retificada. b) Quando se verifica a homologação expressa? Trata-se de ato administrativo? Ainda, é possível revisar-se o ato homologatório expresso? Há no direito positivo a possibilidade de pagamento de tributos sem lançamento? Nos termos do §4, do art. 150, do Código Tributário Nacional, a homologação expressa ocorre pelo procedimento de fiscalização que revisa e convalida o pagamento e a subsunção do fato à norma, anteriormente feitos pelo contribuinte, de modo que se trata de ato administrativo. No caso de homologação expressa do pagamento do contribuinte, o crédito é extinto nos termos do art. 156, VII, do Código Tributário Nacional. Neste caso, nos termos do parágrafo único do mesmo artigo, há expressa permissão para que ocorra a revisão dessa homologação, desde que constatada alguma das hipóteses do art. 144, do CNT, in verbis: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a lei assim o determine; II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; 6 CINTRA, Carlos César Souza. Artigo: Algumas Particularidades do Lançamento por Homologação, no Contexto da Constituição do Crédito Tributário, à Luz do Código TributárioNacional. Publicado por IBET. Edição: 50 Anos do Código Tributário Nacional. Pg. 213. Módulo Incidência e Crédito Tributário O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. Por fim, a partir das premissas fixadas até aqui, é certo que há recolhimento de tributo sem o seu efetivo lançamento, tendo em vista que o chamado lançamento por homologação, tecnicamente analisado, refere-se a uma modalidade de constituição do crédito tributário, sendo posteriormente efetivado pela atividade administrativa. 5. A Lei n. 10.035/00 estabelece que serão executados, nos autos da reclamação trabalhista, os créditos previdenciários devidos em decorrência da decisão proferida pelos Juízes e Tribunais, resultantes de condenação ou homologação do acordo. Pergunta-se: a decisão judicial, cognitiva ou homologatória, constitui o crédito tributário? E, eventuais acordos posteriores entre os litigantes? Há necessidade de lançamento? Como ficam os princípios do contraditório e da ampla defesa? (Vide anexos IV, V e IV). Foi fixada pelo TST a premissa de que a competência da Justiça do Trabalho para execução das contribuições previdenciárias alcança tanto as decisões condenatórias quanto as homologatórias, por meio da Súmula º 368, I. Tendo em vista a alteração do parágrafo único do art. 876, da CLT, pela Lei nº 13.467, de 2017, o qual passou a prever que “a Justiça do Trabalho executará, de ofício, as contribuições sociais previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do caput do art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e dos acordos que homologar” igualmente há previsão legal para a cobrança. Sendo assim, apenas as decisões cognitivas de cunho condenatório e a homologatória, constituem crédito tributário. Os acordos realizados no âmbito da justiça do trabalho, serão homologados pelo juiz competente, de modo que se encaixam na possibilidade de constituição de crédito tributário exposta alhures. Módulo Incidência e Crédito Tributário O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. Não há necessidade de lançamento, tendo em vista que a própria sentença de liquidação dos valores terá cunho declaratório da obrigação e será constitutiva da relação jurídica obrigacional entre os reclamados e reclamantes e o Fisco. Quantos aos princípios do contraditório e da ampla defesa, é certo que não há qualquer óbice para a discussão da legalidade e constitucionalidade da cobrança no âmbito da justiça comum, sendo que a discussão quanto aos valores poderá ser realizada nos próprios autos do processo trabalhista, tendo em vista que esse tem competência para determina-los. 6. Sobre as hipóteses correlatas às alterações do lançamento, responda: a) Há diferença entre erro de direito e mudança de critério jurídico, para fins de revisão do lançamento tributário? Há possibilidade de revisão do lançamento fundado em erro de direito? E em erro de fato? Qualquer erro de fato é suficiente para fundamentar a alteração do lançamento? (Vide anexos VII, VIII e IX). A partir da análise do contexto geral do seminário, não se identifica diferença entre erro de direito e a mudança de critério jurídico para fins de revisão do lançamento tributário, tendo em vista que ambos referem-se à revisão dos critérios jurídicos do lançamento. Quanto a possibilidade de revisão do lançamento fundado em erro de direto, deve ter destaque o art. 146, do Código Tributário Nacional, tendo em vista que dispões expressamente sobre a possibilidade de aplicação da alteração apenas para fatos subsequentes, ou seja, futuros. Por outro lado, a revisão do lançamento fundada em erro de fato, nenhum óbice encontra no ordenamento jurídico, tendo em vista tratar-se de mera revisão dos critérios da RMIT, e não de sua alteração. Para melhor elucidar o entendimento firmado, destacam-se os ensinamentos do professor Paulo de Barros Carvalho7: O agente público, ao verificar o valor da operação, base de cálculo do imposto, toma- o a menor, promovendo a determinação da dívida em quantia inferior à que efetivamente é. Tempos depois, antes, naturalmente, que flua o prazo decadencial, procede a expedição de ofício, comunicando ao sujeito passivo a alteração havida no lançamento originário. Houve erro de fato e, portanto, é regular a iniciativa modificadora da Fazenda Pública. Noutro quadro, funcionário competente promove o cálculo do tributo devido, mediante aplicação de certa alíquota, digamos, 17%, em virtude da classificação que entende correta, para determinado produto industrializado, na tabela do IPI. Posteriormente, sem apontar qualquer aspecto material novo do bem que analisar, muda de opinião, passando a classificá-lo numa posição mais gravosa da tabela, em que a alíquota é de 23%, alegando que este é percentual juridicamente mais adequado àquele produto industrializado. A alteração não pode prevalecer, fundada que está em mudança de critério jurídico. O agente não poderia, segundo o direito, desconhecer a diretriz jurídica apropriada à 7 CARVALHO, Paulo de Barros Curso de direito tributário / Paulo de Barros Carvalho. – 30. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Pg. 462. Módulo Incidência e Crédito Tributário O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. escolha da alíquota. Houve erro de direito e o citado art. 146 só permite aplicar o novel critério para fatos jurídicos tributários subsequentes àquele que ensejou a tributação. Por oportuno, com relação aos erros de fato, devem ser respeitadas as disposições dos artigos art. 145, III c/c 149, do CTN, que determinam as hipóteses de revisão de ofício. b) A alteração da base de cálculo, ou da sistemática de apuração do tributo pode ser feita mediante retificação do lançamento? A eleição errônea da base de cálculo, ou da sistemática de apuração configura-se como erro de fato, erro de direito ou mudança do critério jurídico? Tem o condão de acarretar anulação do lançamento? (Vide anexos X, XI e XII) Conforme a lição de Paulo de Barros indicada na citação da questão anterior, no caso de simples alteração da base de cálculo, há possibilidade de revisão do lançamento, tendo em vista tratar-se de um erro de fato. Ademais, a eleição errônea da base de cálculo ou da sistemática de apuração, igualmente fazendo referência à citação da questão anterior, por sua vez, remete-sea um erro de direito, tendo em vista que houve um problema na subsunção do fato à norma, impossibilitando a verificação de todos os critérios da RMIT. Sendo assim, a primeira poderia ser revista de ofício, visando sanar o vício para convalidar a cobrança, enquanto a segunda demandaria novo lançamento.
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