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Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático

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ESTRUTURAÇÃO ESQUELÉTICA BOVINA VISANDO PROBLEMAS DE CASCO
DEMBINSKI, Ronei¹
KUJAWA, Daniel¹
PASINATO, Matheus A.¹
PORTELLA, Claudemir¹
WITTZINSKI, Paulo L.¹
ZANATTA, Lucas K.¹
FLORES, Ricardo A.²
OLIVEIRA, Daniela S.²
ROSÉS, Thiago³
RITTER, Filipe³
SCOLARI, Lidinara³
SILVA, Lisiane B. d.³
lucas18zanatta@hotmail.com
RESUMO: O artigo cientifico tem base em um bovino do sexo feminino da raça holandesa com idade aproximada de 6 (seis) anos. O animal foi doado pela propriedade de Paulo Luis Wittzinski por apresentar crescimento excessivo das unhas. A finalidade do trabalho foi a estruturação óssea do animal para estudo anatômico e para frisar um problema comum de casco. Para a construção do esqueleto foi utilizado técnicas e práticas adquiridas em sala de aula. Como o animal iria para descarte, o mesmo foi abatido, após realizou-se a retirada do couro, maceração, fervura, lavagem e secagem dos ossos. A estruturação esquelética foi montada em horários vagos , utilizando materiais como: barra de ferro introduzida entre o forame vertebral, parafusos (para união de alguns ossos), cola quente (unindo ossos leves e menores), arame, furadeira, parafusadeira, brocas de metais e cavaletes em ferro para sustentação dos mesmos. Após discussão entre o grupo, decidiu-se aprofundar os estudos de doenças que acometem os cascos, pois o animal utilizado possuía problemas em relação a estes. 
Palavras-Chave: Anatomia, Estruturação Óssea, Doenças de Cascos.
ABSTRACT: The scientific paper is based on a cow 's female Holstein aged approximately six (6 ) years. The animal was donated by the estate of Paul Luis Wittzinski by presenting excessive nail growth . The purpose of the work was the bone structure of the animal for anatomical study and to emphasize a common problem hull . To construct the skeleton was acquired techniques and practices used in the classroom . How would the animal for disposal , it was shot down , held after the withdrawal of leather, mashing , boiling, washing and drying the bones . The skeletal structure was mounted in spare time , using materials such as iron rod inserted between the vertebral foramen , screws ( for attachment of some bones ) , hot glue ( joining smaller and lighter bones ) , wire, drill, screwdriver , drill bits for metal and iron trestles to support them. After discussion among the group , it was decided to deepen the studies of diseases affecting the hooves as the animals used had problems in relation to these .
Keywords: Anatomy Bone Structure, Diseases of Horseshoes.
1 INTRODUÇÃO
Os bovinos são divididos de acordo com a origem em: Bos Taurus Índicos (Raças Zebuínas) e Bos Taurus Taurus (Raças Taurinas ou Européias). Segundo estudos, os primeiros bovinos foram trazidos ao Brasil por Martin Afonso de Souza, no ano de 1532. Sendo esses, bovinos Taurinos oriundos da Península Ibérica que deram origem as raças autóctones atuais. A introdução dos bovinos no Brasil esteve paralelamente ligada à formação das Capitanias Hereditárias, para atender ao consumo de carne. Os primeiros curtumes e fábricas de queijo que possui-se registros datam do século XVII. 
Existem divisões nas raças bovinas de acordo com sua especialização: produção de carne ou produção de leite. Existem também raças que possuem dupla aptidão, de carne e leite. 
O conjunto de vários ossos que se combinam dão origem ao esqueleto. Ossos são estruturas celulares, rodeadas de estruturas rígidas e calcificadas. As principais funções do esqueleto são dar sustentação ao corpo dos animais e proteger órgãos vitais - pulmão, coração, bexiga - e o feto. Na parte esponjosa dos ossos ocorre a formação de sangue e as regiões calcificadas servem como depósito de minerais necessários, como cálcio e fósforo/ (REECE, William O. pág. 141).	
O local onde ocorre a união móvel de dois ossos chama-se de articulação. Essa união é revestida de uma cápsula articular, no interior dessa cápsula existe a membrana sinovial, responsável pela produção de um líquido que lubrifica e nutre a região articulada, este líquido é chamado de líquido sinovial. 
Com relação aos cascos, as patologias mais comuns podem se apresentar na forma de feridas, podridão, crescimento excessivo das unhas e/ou de tecidos entre as unhas, desgastes anormais entre outros. As principais causas dessas lesões podem ser: a postura defeituosa do membro, deficiências minerais e dieta desbalanceada.
A estruturação do esqueleto exigiu uma técnica de maceração, método que consiste em preservar as estruturas rígidas destruindo as partes moles do corpo. O bovino de raça Holandesa utilizado no projeto, com idade aproximada de 6 anos estava sendo descartado pelo proprietário pela baixa produção de leite e com escore corporal baixo. 
2 MATERIAl E MÉTODOS
2.1 Materiais: 
Para a estruturação esquelética foi utilizado um bovino do sexo feminino da raça holandesa, com idade aproximada de 6 (seis) anos, o animal foi doado pela propriedade de Paulo Luis Wittzinski localizada na cidade de Três Arroios- RS, pois o bovino encontrava-se com um crescimento excessivo dos cascos, baixa produção leiteira e escore corporal muito baixo, (1). 
Os materiais utilizados para a estruturação do esqueleto foram os seguintes: faca, tambor, água, bomba de alta pressão, detergente ácido, fogo, furadeira, parafusadeira, cola-quente, parafusos, arame 18mm, ferro de construção 3/8 e ½ polegada, barra de rosca 3/16, polcas, arroelas, chaves e cola.
2.2 Métodos:
Após realização do abate, realizado em um matadouro dentro das inspeções exigidas pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) e Serviço de Inspeção Federal (SIF) ,o animal foi realizado a retirada do couro, em seguida aplicou-se o método de maceração que consiste em retirar os tecidos moles sem danificar os tecidos rígidos que são os ossos.
Foi feito a fervura para que os resíduos de músculos e cartilagens se desprendessem dos ossos, após essa fervura foram colocados na calçada aonde realizou-se a lavagem, utilizando detergente ácido e uma bomba de alta pressão para facilitar a limpeza total dos mesmos. Para obter a secagem e o clareamento os ossos ficaram expostos ao sol por aproximadamente 30 dias, conforme figuras 01 e 02.
Figura 01 - Lavagem dos ossos com detergente ácido.- Fonte: WITTZINSKI, P. L., 2014. Três Arroios, RS.
Figura 02 - Ossos expostos ao sol para secagem. - Fonte: WITTZINSKI, P. L., 2014. Três Arroios, RS.
Foi utilizado uma barra de ferro meia polegada para a sustentação da coluna vertebral, sendo assim todos os seus membros foram fixados, apoiando-o em um cavalete de ferro.
Para prender os membros na coluna vertebral utilizou-se arame, parafusos, polcas e cola quente para assimilar as cartilagens. Já as junções das costelas foram feitas com parafusos e cola epóxi. As uniões ósseas dos membros foram perfuradas e através dos furos foram colocados arames ou parafusos para a fixação dos mesmos, conforme figuras 03 e 04.
Figuras 03 - Montagem parcial do esqueleto bovino. - Fonte: Zanatta, L. K., 2014. Estação, RS.
Figura 04 - Montagem dos membros anteriores. - Fonte: Zanatta. L. K., 2014. Estação, RS.
2.3 RESULTADOS E DISCUÇÕES
O corpo dos animais em geral são divididos em cinco regiões fundamentais, sendo elas: cabeça, coluna vertebral ( cervical, torácica, lombar, sacral e caudal), um par de membros torácico e um par de membros pélvico e cauda, montando assim o esqueleto, que por sua vez é dividido em: esqueleto axial, esqueleto apendicular e esqueleto visceral.
No esqueleto axial compreende-se a cabeça (crânio e face) e coluna vertebral (cervical, torácica, lombar, sacral e caudal) e o esterno que possui 7 (sete) esternebras. O número de vértebras e costelas dos bovinos encontram-se conforme as tabelas 01 e 02.
Tabela 01 Fonte: SISSON, Septmus. Anatomia dos animais domésticos. 5. ed. Rio de Janeiro: GUANABARA KOOGAN, 1986.
	Coluna Vertebral
Cervical
	Nº de Vértebras 
7
	Torácica
	13
	Lombar
	6
	Sacral
	5
	Caudal
	18-20
Tabela 02 Fonte:SISSON, Septmus. Anatomia dos animais domésticos. 5. ed. Rio de Janeiro: GUANABARA KOOGAN, 1986.
	Costelas
	Nº de Pares
	Total de Costelas
	13
	Esternais
	8
	Asternais
	5
As costelas esternais ou verdadeiras são presas ao esterno através de cartilagens costais, já as costelas asternais ou flutuantes, não são ligadas ao externo.
O esqueleto visceral consiste de alguns ossos desenvolvidos na substância de algumas das vísceras ou órgãos moles. 
Membros anteriores ou torácicos e membros posteriores ou pélvicos se enquadram no esqueleto apendicular, que garantem a locomoção dos animais. Nos membros encontram-se as falanges que ajudam nos movimentos de rotação, abdução, adução entre outros. Entre as falanges possui uma articulação da classe diartrose ou sinovial, por possuírem o líquido sinovial, que tem por objetivo lubrificar as superfícies articulares, reduzir o atrito e desgaste dos osso, nutrir as cartilagens articulares por serem avasculares e na remoção dos resíduos do organismo. Essa articulação é do tipo troclear, pois as superfícies articulares são segmentos de cilindro, garantindo assim movimentos.
 A falange distal possui uma capa conhecida como casco, a importância dos cascos na locomoção do animal é vital e qualquer problema que o animal venha a apresentar comprometerá sua locomoção, e, consequentemente, gerar estresse, levando o animal a diminuir a ingestão de alimentos, perder peso, diminuição na produção de leite e ainda ao comprometimento da capacidade reprodutiva. O motivo de pesquisar sobre problemas de cascos em bovinos, resultou-se do fato em que o animal utilizado na prática possuía um crescimento excessivo dos mesmos. 
Segundo Rutter (1994) depois dos problemas reprodutivos e das mastites, as doenças do aparelho locomotor são consideradas uma das condições mais importantes que afetam a produtividade dos rebanhos bovinos.
Pode-se aprofundar os estudos em algumas doenças de conhecimento a nível de curiosidades dos membros do grupo, sendo elas descritas a seguir:
2.3.1 Laminite
A laminite é um processo inflamatório das estruturas sensíveis da parede do casco, resultando em dor, claudicação intensa e deformidades permanentes nos cascos. As principais causas da ocorrência de laminite estão relacionadas a genética, elevado consumo de grãos, idade e sanidade.
Esta doença apresenta-se em três formas: Aguda, crônica e subclinica. 
Na laminite aguda o animal apresenta muita dor e sensibilidade, assim possui dificuldade em se mover, permanecendo deitado na maior parte do tempo, os cascos encontram-se quentes e com sinais visíveis de inflamação.
Já a laminite crônica apresenta um crescimento excessivo do casco e sua sola perde elasticidade, tornado-se mais quebradiças. A claudicação pode desaparecer, porem o animal terá um desconforto ao se locomover.
A laminite subclinica apresentara alterações no casco que levará a perdas econômicas significativas, devido a evolução para outras doenças como: Abscesso da sola e talões, úlcera de sola, doença da linha branca entre outros.
2.3.2 Ulcera de Sola
Esta é uma lesão localizada na região da junção da sola e bulbo. Os danos da úlcera de sola apresentam-se com uma zona circunscrita de hemorragias e necrose localizada, (Figura 05). Suas principais incidências foram em rebanhos onde as condições de higiene são precárias. 
Figura 05 - Ulcera de sola - Fonte: http://rehagro.com.br/plus/modulos/noticias/imprimir.php?cdnoticia=2008
Outra forma que pode ocasionar a ulcera de sola é o casqueamento incorreto, onde ocorre uma transferência de pressão do casco fazendo com que o animal pise incorretamente.
2.3.3 Doença da Linha Branca
A doença da linha branca se caracteriza pela separação da sola e a parede da borda da sola dos bovinos, (Figura 06). Esta leva a formação de abscessos na subsolar ou em casos graves atingindo as articulações, sendo que as causas desta doença é a exposição excessiva a umidade.
Animais que possuem a doença apresentam claudicação e os membros girados para fora, assim diminui a pressão dos dedos laterais.
Figura 06 - Doença da linha branca - Fonte: http://wm.agripoint.com.br/imagens/banco/4754.jpg
2.3.4 Podridão do Casco
É uma doença conhecida também como "FOOT ROT" ou manqueira, que é caracterizada pela inflamação da pele interdigital causada pela associação de bactérias , esta leva a destruição da matriz do casco com secreção e odores, conforme mostra a figura 07.
Tem como primeiros sintomas a claudicação, esta doença é conseqüência de alguma lesão gerada no casco, estas lesões surgem de acidentes que acontecem pelos animais estarem presentes a terrenos desnivelados e com presenças de pedregulhos.
Figura 07: Podridão de casco - Fonte: http://www.farmpoint.com.br/foto.aspx?idFoto=626&w=358&h=500
2.3.5 Erosão dos Talões:
É uma doença que possui maior ocorrência em locais com bastante umidade como excesso de lama, dejetos e são ainda agravados com a presença de pisos de concreto.
Ela se inicia com sulcos paralelos a coroa tendo uma proliferação de tecido com má qualidade e o aparecimento da erosão surgindo inflamações e causando muita dor, levando o animal a claudicação.
Colocar os animais em terrenos secos e macios, realizar casqueamento regulares e o uso de pediluvios são formas mais recomendadas para o controle.
3 CONCLUSÃO
Ao termino do trabalho, pode-se avaliar que o Projeto de Aperfeiçoamento Teórico Prático teve seus objetivos alcançados, sendo de grande valia para a formação de graduandos em Medicina Veterinária, pois agregou o conhecimento e aperfeiçoamento da teoria e prática.
Através dos métodos de maceração e estruturação óssea do animal estudado, trousse um conhecimento específico das estruturas podendo assimilar teoria com prática. Notou-se que os bovinos possuem ossos grandes e resistentes, fazendo com que o animal tenha sustentação. Pôde ainda ser submetido a esforços físicos elevados e garante uma proteção significativa de seus órgãos vitais como: coração, pulmão, sistema reprodutivo, sistema urinário e entre outros, através das costelas, esterno, coluna vertebral (lombar) e região sacral.
Em relação as doenças observou-se que elas causam altos prejuízos aos pecuaristas, na parte de produção leiteira e de carne, assim como na reprodução animal. Os principais sintomas encontrados em geral foram claudicação e deformação visual dos cascos, podendo ser evitada a partir de práticas preventivas, um manejo com baixo custo e resultados positivos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDINI, Júlio Cesar. Doenças em bovinos confinados. Embrapa. 2009. disponível em: http://animavet.blogspot.com.br/2009/10/laminite-bovinos.html.
Gestão no Campo. Fonte: cevabrasil.com.br disponivel em: http://www.gestaonocampo.com.br/biblioteca/o-que-e-ulcera-de-sola-ou-pododermatite-circunscrita/. 
KONIG, H.E. Anatomia dos animais domésticos: texto e atlas colorido. Porto Alegre: Artmed, 2002. v. 1, 291. 
MARRA, Ana, E. F. Formulação de Dietas para Bovinos Leiteiros. ReHAgro. 2010. disponível em: http://rehagro.com.br/plus/modulos/noticias/imprimir.php?cdnoticia=2008.
MEUDAL, Débora, C. Doenças Animais, Medicina Veterinária. http://www.infoescola.com/medicina-veterinaria/laminite/.
REECE, William O. Anatomia Funcional e Fisiologia dos Animais Domésticos. 3ª ed. São Paulo: São Paulo. Roca, 2014.
SISSON, Septmus. Anatomia dos Animais Domésticos. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986. 
TERMO DE DOAÇÃO
Eu, Paulo Luis Wittzinski, brasileiro, solteiro, estudante do curso de Medicina Veterinária residente e domiciliado em Três Arroios, Rio Grande do Sul, portador da cédula de identidade nº. 4100623729 expedida por IIRS em 09/03/2004, CPF nº. 01581967080, declaro para fins devidos fins que o animal utilizado para estudo no Projeto de Aperfeiçoamento Teórico Prático, foi doado para o Instituto de Desenvolvimento do Alto Uruguai, Faculdades IDEAU - Campus de Getulio Vargas/RS, para estudos anatômicos, histológicos e fisiológicos. 
Três Arroios, _______ de ______________de _______.
_________________________________________
Assinatura do Doador
			¹ Discente em Medicina Veterinária Nível-01 - Faculdades IDEAU
² Professor Orientador Projeto Aperfeiçoamento Teórico Prático - Faculdades IDEAU
³ Professor do Curso de Medicina Veterinária Nível-01 - Faculdades IDEAU

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