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Aula Prtica 1 Microscopia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO - UNIVASF 
CAMPUS PAULO AFONSO 
COLEGIADO ACADÊMICO DO CURSO DE MEDICINA 
 
 
CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE PAULO AFONSO - CFPPA 
RUA DA AURORA, S/Nº BAIRRO GENERAL DUTRA CEP 48607-190 PAULO AFONSO/BA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 1: MICROSCOPIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CICLO VITAL I – MÓDULO 1 
EIXO PRÁTICO DE LABORATÓRIO 
PROF. DR. WILLIAM RODRIGUES DE FREITAS 
TEC. LABORATÓRIO VANESSA SOUZA MENDES 
 
 
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As células são as estruturas fundamentais que constituem os seres vivos. 
Bruce (2011) define as células como “pequenas unidades limitadas por membranas 
preenchidas com uma solução aquosa concentrada de compostos e dotadas de uma 
capacidade extraordinária de criar cópias delas mesmas pelo seu crescimento e pela 
sua divisão em duas. As formas mais simples de vida são células solitárias. 
Organismos superiores, incluindo nós mesmos, são comunidades de células 
derivadas do crescimento e da divisão a partir de uma única célula fundadora: cada 
animal, planta ou fungo é uma vasta colônia de células individuais que realizam 
funções especializadas coordenadas por complicados sistemas de comunicação”. 
Para Bruce (2011), “as células, portanto, são as principais unidades de vida, e 
é na biologia celular que devemos procurar por uma resposta para a questão do que 
é a vida e como ela funciona. Com uma compreensão mais profunda da estrutura, 
da função, do comportamento e da evolução celular, poderemos enfrentar os 
grandes problemas históricos da vida na Terra: as suas origens misteriosas, a sua 
maravilhosa diversidade e a sua invasão em cada hábitat imaginável. Ao mesmo 
tempo, a biologia celular pode nos fornecer as respostas para as questões que 
temos sobre nós mesmos: de onde viemos? Como nos desenvolvemos a partir de 
um único óvulo fertilizado? Como cada um de nós é diferente de cada outra pessoa 
na Terra? Por que ficamos doentes, envelhecemos e morremos?” 
Nesta aula será feita uma introdução ao estudo da citologia e a apresentação 
do microscópio, equipamento fundamental para este estudo. Você deve aprofundar 
seus conhecimentos estudando: 
 Capítulo 1: Bruce, ALBERTS, BRAY, Dennis, HOPKIN, Karen, JOHNSON, 
Alexander, LEWIS, Julian, RAFF, Martin, ROBERT. Fundamentos da Biologia 
Celular, 3ª Edição, 2011. 
 Capítulo 1: Junqueira e Carneiro. Histologia Básica, 12ª edição, 2013. 
 Ao final desta aula, os seguintes objetivos devem ser alcançados: 
 Identificar os componentes do microscópio óptico; 
 Aprender a utilizar o microscópio óptico para estudar materiais de 
preparo permanente. 
 
 
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Destrinchando o conceito de Bruce (2011) sobre as células, é possível afirmar 
que todas as células são delimitadas por uma membrana, que separa o 
compartimento intracelular do meio extracelular. Esta característica é fundamental 
para a existência de vida, pois permite que as moléculas estejam em concentrações 
adequadas e nos locais corretos, para que as reações biológicas sejam executadas. 
Caso não existisse uma membrana seletiva, as moléculas se difundiriam pelo meio 
aquoso para alcançarem o equilíbrio eletrolítico. Com isso, as concentrações seriam 
pequenas e as reações biológicas dificilmente ocorreriam. 
Outro ponto fundamental para as células é a existência do material genético, 
constituído de ácidos nucleicos. Estas biomoléculas conservam a capacidade de 
produzirem cópias idênticas, permitindo que a informação nelas contidas seja 
repassada para as gerações futuras. A constituição química dos ácidos nucleicos 
forma uma sequência de informações (código genético) para a produção das 
proteínas. São estas biomoléculas que executam as funções de catalisadores 
biológicos, ou seja, são capazes de executar a biossíntese de todas as 
biomoléculas. Dessa forma, são nos ácidos nucleicos que estão inseridas as 
informações necessárias para a biossíntese das proteínas. Estas, por sua vez, 
trabalharão na produção de todas as demais biomoléculas, que na sua maioria 
ficarão retidas dentro da célula devido à presença da membrana. 
Pelo exposto acima, concluímos que todas as células possuem uma 
membrana, um material genético e um espaço entre ambos, preenchido por 
biomoléculas. Este espaço é o citoplasma. Se a células executa muitas funções 
diferentes, o seu citoplasma será compartimentalizado para que cada função ocorra 
em um espaço determinado e não interfira na outra. Estas compartimentalizações 
são chamadas de organelas. Como o meio de reações biológicas é aquoso, as 
organelas são separadas por membranas lipídicas, conferindo seletividade e 
individualidade. Existem células que produzem uma variedade muito grande de 
proteínas. Para evitar que o material genético seja alterado e as proteínas sejam mal 
formadas, estas células apresentam o material genético individualizado numa 
estrutura envolvida por membrana, o núcleo. Desta forma, as células podem ser 
diferenciadas quanto à presença (eucariontes) ou não (procariontes) do núcleo e 
quanto à presença, distribuição e constituição de organelas (Figura 2). 
 
 
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Figura 1. Imagens comparativas das estruturas celulares. A – Célula eucariótica, com 
citoplasma compartimentalizado. B – Célula procariótica. Fonte: Bruce, ALBERTS, BRAY, 
Dennis, HOPKIN, Karen, JOHNSON, Alexander, LEWIS, Julian, RAFF, Martin, ROBERT. 
Fundamentos da Biologia Celular, 3ª Edição, 2011. 
As células mais primitivas são as bactérias, que não possuem núcleo e nem 
organelas. Todas as demais células possuem núcleo, variando a constituição de 
 
 
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suas organelas. Por serem mais primitivas e menos complexas, as bactérias são 
menores que as células eucariontes. Observe na Figura 2 uma variedade de células 
e seus respectivos tamanhos. 
 
 i ura . s células t m uma variedade de formas e tamanhos. (A) Uma célula nervosa do 
cerebelo. (B) Paramecium. (C) O corte do caule de uma planta jovem na qual a celulose 
está corada de vermelho e um outro componente da parede celular, pectina, está corado de 
laranja. A camada mais externa de células está no topo da foto. (D) Uma bactéria pequena, 
Bdellovibrio bacteriovorus. (E) Uma célula branca do sangue de humanos (um neutrófilo) 
abordando e englobando uma célula vermelha do sangue (eritrócito). Fonte: Fonte: Bruce, 
ALBERTS, BRAY, Dennis, HOPKIN, Karen, JOHNSON, Alexander, LEWIS, Julian, RAFF, 
Martin, ROBERT. Fundamentos da Biologia Celular, 3ª Edição, 2011. 
Como podem ser observadas na Figura 2, as células variam de forma e 
função. Esta variação se deve a constituição proteica das células, o que reflete 
diretamente na função. Na maioria dos organismos unicelulares, a maquinaria da 
célula deve ser capaz de desempenhar todas as funções necessárias para a 
 
 
5 
 
manutenção da espécie. Assim, alguns destes organismos apresentam 
especializações da membrana plasmática, como cílios, flagelos ou proteínas de 
adesão. Estas especializações permitem que estes organismos sejam capazes de 
colonizar os ambientes que habitam. 
Por outro lado, nos organismos pluricelulares, cada tipo celular desempenha 
uma função diferente e o somatório destas funções é o que permite a manutenção 
da vitalidade do organismo. Como cada uma das células irá especializar-se no 
desempenho de uma função, é comum que as células se agrupem para formar os 
diversos tecidos. Alguns tecidos são especializados em revestir, outros em 
sustentar. Alguns permitem a condução de impulsos e outros distribuem moléculas. 
É o agrupamento de tecidos diferentes tecidos que formam os órgãos. Por exemplo, 
o coração. Este órgão é o responsável por contrair, impulsionando o sangueatravés 
dos vasos sanguíneos. Para que o coração contraia, é necessária a existência de 
células especializadas na contração, as células musculares estriadas cardíacas. No 
entanto, para que o coração contraia, existem células especializadas na geração de 
impulsos elétricos. Separando o coração dos demais órgãos existe um tecido de 
revestimento. Como você pode observar, em um único órgão são encontrados vários 
tecidos e, consequentemente, vários tipos celulares. Observe na Figura 3 o nível de 
organização dos seres vivos e a diversidade de células que formam os tecidos. 
O entendimento sobre o funcionamento normal do organismo é primordial 
para os profissionais de saúde. Através do reconhecimento dos padrões de 
normalidade é possível identificar pequenas alterações, que são os indicativos das 
patologias. Como as estruturas fundamentais dos organismos são as células, a 
citologia torna-se primordial, sendo o ponto de partida para o estudo das diversas 
ciências da saúde. Através da citologia, os constituintes básicos das células são 
reconhecidos, permitindo diferenciar as células. 
 
 
 
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Figura 3. Ilustração a variedade de estruturas do corpo humano. Fonte: Telser, A., G. 
Histologia, série Elsevier de formação básica integrada, 1ª edição, 2008. 
Como as células são estruturas muito pequenas, invisíveis ao olho nu, é 
utilizado o microscópio para estudá-las. Este equipamento permite ampliar a 
formação de imagens ampliadas, tornam possível a visualização de estruturas muito 
pequenas. No entanto, a maioria das biomoléculas que constituem as células são 
incolores. Assim, os microscópios são concebidos para permitirem a visualização 
das estruturas celulares em diversos níveis de detalhamento, sempre de acordo com 
a necessidade e a estrutura a ser estudada. Como a maioria das biomoléculas que 
constituem as células são incolores, para cada tipo de microscópio devem ser 
pensadas as metodologias adequadas para permitir a observação de tais estruturas. 
Observe na Figura 4 a observação de duas células. Em A, a célula está viva e sendo 
observada por microscopia confocal. Sem a adição de corantes, não é possível 
distinguir a maioria dos constituintes celulares. A observação, neste caso, se dá pela 
diferença de densidade das moléculas, o que dificulta a passagem da luz. Em B, 
uma foto de microscopia de fluorescência, utilizando-se de fluorocromos (corantes 
fluorescentes), o que permite a diferenciação das estruturas celulares. Nas páginas 
a seguir encontra-se um resumo sobre os diferentes microscópios. Este material foi 
extraído do livro Fundamentos da Biologia Celular, 3ª Edição. 
 
 
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Figura 4. As estruturas internas de uma célula viva podem ser visualizadas sob um 
microscópio óptico. (A) Uma célula obtida da pele humana e crescida em cultura de tecido 
foi fotografada com um microsc pio ptico utilizando lentes de contraste de interfer ncia. O 
núcleo está especialmente proeminente. (B) Uma célula de pigmento de um sapo, corada 
com corantes fluorescentes e visualizada com um microscópio confocal. O núcleo está 
mostrado em azul, os r nulos de pi mento, em vermelho, e os microtúbulos – uma classe 
de filamentos construídos a partir de moléculas proteicas no citoplasma –, em verde. Fonte: 
Fonte: Bruce, ALBERTS, BRAY, Dennis, HOPKIN, Karen, JOHNSON, Alexander, LEWIS, 
Julian, RAFF, Martin, ROBERT. Fundamentos da Biologia Celular, 3ª Edição. 
 
Dos tecidos ao organismo (Figura 3), as características podem ser 
observadas a olho nu, ou seja, as estruturas podem ser vistas individualmente e, 
portanto, estudadas sem a necessidade de equipamentos. Neste caso, a anatomia 
descritiva é suficiente para descrever as características observadas. No entanto, 
quando são observadas estruturas menores que as células, o olho humano não 
consegue diferenciá-las. Observe na Figura 5 um esquema apresentando as 
dimensões dos diversos constituintes das células. 
 
 
 
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Figura 5: Qual o tamanho de uma célula, e qual o tamanho das suas partes? Esse diagrama 
transmite um sentido de escala entre células vivas e átomos. Cada painel mostra uma 
imagem que é então aumentada por um fator de em uma pro ressão ima in ria a partir 
de um dedo pole ar, para a pele, para células da pele, para uma mitoc ndria, passando por 
um ribossomo e por último até um grupo de átomos que fazem parte de uma das várias 
moléculas proteicas em nosso corpo. s detalhes da estrutura molecular, como mostrado 
nos dois ltimos painéis, estão além do poder de um microsc pio eletr nico. Fonte: Fonte: 
Bruce, ALBERTS, BRAY, Dennis, HOPKIN, Karen, JOHNSON, Alexander, LEWIS, Julian, 
RAFF, Martin, ROBERT. Fundamentos da Biologia Celular, 3ª Edição, 2001. 
 
Observando a ponta do dedo, não é possível diferenciar uma célula da outra. 
Ou seja, o olho humano não consegue diferencia-las individualmente. Em outras 
palavras, o limite de resolução (LR) do olho humano não permite que duas células 
sejam vistas individualmente a olho nu. Assim, para estudar células separadamente 
 
 
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é necessário que suas imagens sejam ampliadas e que o limite de resolução da 
imagem formada seja adaptado aos olhos. 
Como mencionado anteriormente, o microscópio é o equipamento utilizado 
para estudar estruturas pequenas. Entre os diversos modelos deste equipamento, o 
microscópio óptico é o mais utilizado. Por ser de fácil manutenção e utilização, e por 
permitir que a maioria das células seja diferenciada com precisão, este é o 
equipamento de escolha para o estudo das células e tecidos do corpo humano. 
Como observado no painel 1, o microscópio óptico utiliza de Luz visível e de 
princípios da física para ampliar imagens e seus limites de resolução, permitindo a 
utilização para o estudo das células. 
Na figura 6 está representado um 
esquema das escalas das diversas estruturas, 
observando aquelas que podem ser 
observadas nos diferentes tipos de 
microscópios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6. O que podemos ver? Esse esquema 
mostra os tamanhos das células e das suas partes 
componentes, bem como as unidades nas quais 
elas são medidas. Fonte: Fonte: Bruce, ALBERTS, 
BRAY, Dennis, HOPKIN, Karen, JOHNSON, 
Alexander, LEWIS, Julian, RAFF, Martin, 
ROBERT. Fundamentos da Biologia Celular, 3ª 
Edição, 2011. 
 
 
 
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Como observado no Painel 1, todos os microscópios possuem conjuntos de 
lentes, sendo as lentes objetivas as responsáveis por ampliar o limite de resolução 
(LR). Este limite é obtido levando-se em consideração o comprimento de onda que 
irá atravessar a amostra, uma constante referente ao meio de propagação desta 
onda e a abertura numérica da lente, ou seja, o ângulo que permite a entrada e 
passagem da onda através da lente. 
Na Figura 7 está representado um esquema que explica os cálculos do LR, 
levando-se em consideração as propriedades das lentes objetivas. 
 
 
Figura 7. Cálculos do limite de resolução e propriedades das lentes objetivas. Observe que 
as imagens devem ser ampliadas assim como seus limites de resolução, para permitir a 
diferenciação entre as estruturas. 
 
O microscópio óptico (Figuras 8 e 9) é um equipamento de fácil manuseio, 
que permite trabalhar os feixes de luz para obter imagens ampliadas. Para que o 
estudo da citologia seja o mais eficiente, é necessário o conhecimento do 
equipamento que será utilizado, permitindo obter o máximo de proveito das análises. 
Assim, na medida em que for lendo o texto, vá identificando os componentes do 
microscópio óptico através da figura 8. 
Por se tratar de um equipamento que utiliza feixes de luz, estes possuem uma 
fonte paraque a luz seja emitida. Através de um conjunto de espelhos, a luz é 
direcionada para a amostra. Esta fica fixada na platina/mesa, evitando que 
pequenos abalos possam tirar a imagem do foco. Existe uma pequena presilha 
acima da platina, que fixa a amostra. 
 
 
 
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Figura 8. Fotografia de um microscópio óptico (superior), apontando os principais 
constituintes. Desenho esquemático de um microscópio de luz (inferior) mostrando seus 
componentes principais e o trajeto da luz desde a fonte luminosa até o olho do observador. 
Fonte: Junqueira e Carneiro. Histologia Básica, 7ª edição, 2004. 
 
 
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Acima da platina encontram-se um conjunto de lentes, as objetivas. Elas 
possuem variadas aberturas numéricas, permitindo que a imagem seja trabalhada 
tanto para ampliação como para obtenção dos melhores limites de resolução (Figura 
9). As objetivas estão fixadas no revolver, uma estrutura que gira e permite a 
escolha da lente mais adequada. 
 
Figura 9. Fotografia das lentes objetivas. Os primeiros números da série (apontados pelas 
setas) representam o aumento conferido pela lente. O segundo número representa o limite 
de resolução. Na extremidade inferior da lente encontra a abertura numérica. Observe que 
quanto maior a abertura numérica, menores são os aumento e limite de resolução. 
 
A imagem projetada pela objetiva é conduzida por um conjunto de prisma e 
espelhos até a lente ocular. Estas lentes ampliam mais uma vez a imagem projetada 
pelas objetivas, permitindo que a imagem formada seja adaptada às diferenças dos 
olhos. É normal que os olhos tenham pequenos defeitos de visão, como graus 
variados de miopia e hipermetropia. Assim, as oculares são móveis (giram), e 
permitem que sejam ajustadas de modo que a imagem projetada tenha o mesmo 
aumento em cada um dos olhos, gerando conforto durante a microscopia. 
O microscópio óptico é um equipamento que trabalha um feixe de luz, 
permitindo que uma imagem seja ampliada e que o limite de resolução da mesma 
seja melhorado. Assim, para que o microscópio funcione adequadamente, é razoável 
que existam mecanismos de controle do feixe luminoso. O primeiro destes 
mecanismos controla a intensidade de luz, é o diafragma, localizado na mesa e 
pouco abaixo do espécime. Ele gira, regulando a intensidade de luz que incide no 
condensador. Outra forma de controlar a intensidade de luz é o botão regulador da 
 
 
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intensidade luminosa, encontrado ao lado do botão de ligar e desligar o 
equipamento. 
O controle da intensidade de luz é importante, pois, quando avaliamos as 
lentes objetivas (Figura 9), observamos que estas possuem diferentes aberturas 
numéricas e que, quanto maior o limite de resolução e o aumento, menor é a 
abertura numérica. Desta forma, passa pouca luz pelas objetivas quando se 
pretende obter imagens maiores. Para contornar esta situação, utiliza-se elevar a 
intensidade de luz à medida que são repassadas as lentes objetivas de maior 
aumento e limites de resolução. Outro artifício utilizado é elevar o condensador 
quando é utilizada lente com pequena abertura numérica. Isto permite que os raios 
sejam condensados na abertura da lente, permitindo a formação de imagens mais 
nítidas. 
O segundo mecanismo de controle do feixe luminoso é o condensador. Esta 
parte do microscópio permite que o feixe de luz seja condensado e tenha incidência 
pontual no espécime. Assim, se consegue direcionar (condensar) uma maior 
quantidade de raios de luz em uma pequena parte do espécime. Isso é importante 
principalmente quando utiliza lentes com pequenas aberturas numéricas (grandes 
aumentos), para que uma maior quantidade de raios luminosos atravesse um 
espécime e possa gerar imagens mais nítidas. 
O terceiro destes mecanismos são os botões de controles de ajustes do foco 
(macrométrico e micrométrico), que sobem e descem a platina. São dois botões, um 
embutido no outro. O maior e mais externo é o botão macrométrico. Ele possui uma 
engrenagem que sobe e desce rapidamente a platina. Permite assim, que o 
espécime seja aproximado rapidamente da objetiva, para que os raios luminosos 
possam atravessá-lo e gerar a imagem. O botão interno é o micrométrico. Este 
possui uma engrenagem mais refinada, permitindo pequenas aproximações das 
lentes objetivas com o espécime. É este botão que permite regular a imagem e obter 
a melhor resolução, pois suas pequenas variações permitem que o ponto exato de 
confluência dos raios luminosos tenha incidência sobre o espécime e forme as 
imagens nítidas. 
Por ultimo, existem dois botões verticalmente acoplados na platina, o Charriot, 
que permitem percorrer o espécime para direita e esquerda, cima e baixo. Eles 
movimentam a presilha e o espécime. 
 
 
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Como o microscópio utiliza-se de um feixe de luz para gerar imagens, é importante 
que o espécime analisado tenha uma espessura muito pequena, para não servir de 
barreira para a luz. A maioria dos espécimes é preparada por técnicas que permitem 
obter pequenas fatias de um determinado órgão. Para que estas fatias sejam 
obtidas, as amostras a serem processadas devem passar por uma fixação, 
garantindo que as estruturas celulares sejam estabilizadas e não saiam de uma 
célula para a outra durante o preparo. Utiliza-se de fixadores que estabilizam as 
proteínas intracelulares, como o formol, garantindo uma estabilidade ao 
citoesqueleto. Depois de fixadas, as células são incluídas em resinas, tornando-as 
rígidas para a obtenção das pequenas fatias. As resinas mais utilizadas são a 
parafina e algumas resinas plásticas. Para que as células sejam incluídas nessas 
resinas, toda a água da amostra é retirada e substituída por estas resinas, tornando-
se rígidas. Quando enrijecidas, as amostras são fatiadas no micrótomo, um 
equipamento que utiliza de navalhas para obter as pequenas secções. Essas 
secções passam pelo processo inverso da inclusão, removendo toda a resina e 
sendo hidratada, para que os corantes possam reagir com as estruturas celulares, 
conferindo cor e permitindo que as estruturas celulares sejam observadas. Os 
corantes partem do principio de reação ácido-base. Assim, utilizam-se corantes 
ácidos para reagir com estruturas básicas das células e corantes básicos para reagir 
com estruturas ácidas. Após a reação de coloração, um sal insolúvel é formado e 
precipita nas estruturas celulares, conferindo cor. Os corantes utilizados conferem 
cores contrastantes, para que as estruturas ácidas e básicas possam ser 
diferenciadas. 
Após de coradas, as lâminas são novamente desidratadas e montadas. Os 
preparados que seguem esta metodologia são classificados como preparados 
permanentes, pois mantém as características celulares por muitos anos. A Figura 10 
ilustra as etapas para elaboração do preparado permanente. 
 
 
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Figura 10. Etapas para elaboração do preparado permanente. Fonte: Sobotta, Atlas Colorido 
de Citologia, Histologia e Anatomia Microscópica Humana. 5ª Edição, 1993. 
 
 Após identificar os componentes do microscópio óptico, siga o roteiro para 
focalização de uma amostra. Treine bastante nesta aula, pois este equipamento será 
utilizado ao logo de sua graduação, podendo inclusive, ser o instrumento de trabalho 
durante toda a vida. Desta forma, é imprescindível que você domine o uso correto 
deste equipamento. 
 
 
 
 
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Roteiro para utilização do microscópio óptico: 
 
Focalização inicial 
1. Ligue o equipamento na tomada. Veja a disponibilidade de voltagem adequada antes 
de utiliza-lo. 
2. Mova o botão macrométrico até que toda a platina seja abaixada e o botão não se gire mais. 
3. Gire o revolver e posicionea lente objetiva de menor aumento na direção do feixe de 
luz (orifício da platina). 
4. Escolha o espécime a ser analisado e fixe o mesmo sobre a platina. Para a fixação, 
mova a presilha, encaixe o espécime com a lamínula voltada para cima e solte suavemente 
a presilha. Certifique-se de que o espécime está fixado. 
5. Mova o Charriot e centralize o espécime sobre o orifício da platina, pelo qual passará 
a luz. Certifique-se de que a parte colorida do espécime esteja na direção do orifício da 
mesa. 
6. Ligue a fonte luminosa no botão. 
7. Movimente o botão regulador da fonte luminosa para reduzir ao máximo a emissão 
da luz. 
8. Posicione os olhos sobre as lentes oculares e concomitantemente, movimente o 
botão regulador da intensidade luminosa, aumentando gradativamente a intensidade de luz 
até uma intensidade confortável aos olhos. 
9. Movimente o botão macrométrico observando concomitantemente pelas oculares até 
que surja uma imagem colorida. 
10. Movimente o botão micrométrico para ajustar o foco da imagem formada, que 
adquire nitidez. 
 
Possíveis erros na focalização inicial: 
A imagem não se forma: 
1. Certifique-se de que o equipamento está ligado. 
2. Certifique-se de que o espécime está na direção do feixe luminoso. 
3. Certifique-se de que a lamínula está voltada para cima. 
 
Focalizando em aumentos maiores que os da objetiva de menor aumento: 
Os aumentos maiores só serão obtidos após a correta focalização inicial, que utiliza 
da objetiva de menor aumento. Nunca tente focalizar em uma objetiva, se já não estiver 
ocorrida a focalização inicial. 
 
Para focalizar em maiores aumentos: 
 
 
19 
 
1. Certifique-se de que a imagem está devidamente focalizada na objetiva de menor 
aumento. 
2. Não utilize o botão macrométrico, apenas o micrométrico. 
3. Gire o revolver para a objetiva de aumento ineditamente superior ao de menor 
aumento. Não pule etapas e nem objetivas, isso promove quebra do espécime. 
4. Após girar o revolver, observe pelas oculares que a imagem formada está desfocada. 
Concomitantemente com a observação pelas oculares, gire o botão micrométrico para 
ajustar o foco. Caso a imagem esteja escura, aumente a fonte de luz na base. 
5. Se acidentalmente o botão macrométrico for girado e a imagem perder o foco, retorne para a 
objetiva de menor aumento e repita todos os passos para a focalização inicial. 
6. Os aumentos de imagem devem ser graduais. Ou seja, só pode ser focalizada a 
imagem se a mesma estiver sida devidamente focalizada utilizando a objetiva de aumento 
imediatamente inferior a que se busca focalizar. 
7. A objetiva de 100X possui uma particularidade. Como possui uma abertura numérica 
muito pequena, para focalizar nesta objetiva é necessário que seja utilizado o óleo de 
imersão na focalização. Sendo assim, nunca gire o revolver e tente focalizar na objetiva de 
100X sem óleo de imersão. Isso provocará quebra do espécime. 
 
A imagem não formou em aumentos superiores e após a focalização inicial: 
1. A imagem não estava focalizada na objetiva de menor aumento. 
2. O botão macrométrico foi girado ao invés do micrométrico. 
3. A mesa ou o espécime foram mexidos acidentalmente. 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Bruce, ALBERTS, BRAY, Dennis, HOPKIN, Karen, JOHNSON, Alexander, LEWIS, Julian, 
RAFF, Martin, ROBERT. Fundamentos da Biologia Celular, 3ª Edição, 2011. 
Junqueira e Carneiro. Histologia Básica, 7ª edição, 2004. 
Sobotta, Atlas Colorido de Citologia, Histologia e Anatomia Microscópica Humana. 5ª 
Edição, 1993. 
Telser, A., G. Histologia, série Elsevier de formação básica integrada, 1ª edição, 2007.

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