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AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica Clínica Psicanalítica Aula 08: Aspectos da técnica clínica AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica O manejo da transferência AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica É um vínculo que se estabelece exclusivamente nas relações humanas. Manifesta-se, mais comumente, pela percepção de um afeto desproporcional não fundamentado pela realidade empírica. O início do tratamento psicanalítico e os fenômenos da resistência • Transferência é quando o sujeito envolve o analista em seu processo de análise. (KAUFMANN, 1996, p. 548) • O paciente vê no seu analista o retorno – a reencarnação – de algumas figuras importantes de sua infância ou de seu passado e, consequentemente, a ele transfere sentimentos e reações que sem dúvida se aplicavam a esse modelo. (CUNHA, 1970, p. 215) AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica O que é a transferência? Dito de outro modo: A transferência é o deslocamento do objeto interno (feridas, perdas de amor etc.) para a figura do analista, ou seja, o paciente vê no analista o objeto interno e passa a nutrir por ele os mesmos sentimentos que nutria pelo objeto no passado. É necessário que seja observada tanto pelo analista quanto pelo analisando, mesmo porque a transferência pode ser positiva ou negativa, isto é, pode ser fonte de progresso ou de resistência, pois ela vem para satisfazer as necessidades inconscientes do analisando. A transferência é uma condição para que o tratamento ocorra; sem a transferência não existe êxito no tratamento analítico. Inclusive essa transferência é esperada e desejada pelo analista, pois sua presença permite a descoberta, bem como compreensão, das fantasias do inconsciente do analisando. O manejo da transferência AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica Para que ela serve? A transferência serve para tirar o sujeito das amarras da realidade empírica. Ela abre para o sujeito a possibilidade de entrada em uma outra cena. Vimos que a transferência não é um processo que se desenvolve em uma única direção. Uma das características fundamentais da transferência é a ambiguidade: Freud nos alerta sobre esta dupla face da transferência: “... na análise, a transferência surge como a resistência mais poderosa ao tratamento.” (FREUD. A dinâmica da transferência, p. 135) Como o analista faz a passagem? Por meio de manobras para tirar o sujeito do senso comum, colocando em cena o objeto, ou seja, o non sense*. O manejo da transferência AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica O que é a transferência? Dito de outro modo: A transferência é o deslocamento do objeto interno (feridas, perdas de amor etc.) para a figura do analista, ou seja, o paciente vê no analista o objeto interno e passa a nutrir por ele os mesmos sentimentos que nutria pelo objeto no passado. É necessário que seja observada tanto pelo analista quanto pelo analisando, mesmo porque a transferência pode ser positiva ou negativa, isto é, pode ser fonte de progresso ou de resistência, pois ela vem para satisfazer as necessidades inconscientes do analisando. A transferência é uma condição para que o tratamento ocorra; sem a transferência não existe êxito no tratamento analítico. Inclusive essa transferência é esperada e desejada pelo analista, pois sua presença permite a descoberta, bem como compreensão, das fantasias do inconsciente do analisando. O manejo da transferência AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica Esta característica da transferência leva-nos a considerar uma circunstância especialmente importante na condução de uma análise: o atrelamento ao outro (que é mais amplo do que o espaço da transferência). “A resistência acompanha o tratamento passo a passo. Cada associação isolada, cada ato da pessoa em tratamento tem de levar em conta a resistência e representa uma conciliação entre as forças que estão lutando no sentido do restabelecimento e as que se lhe opõem.” (FREUD, A dinâmica da transferência, p. 138) Qual a precondição para manejar a transferência? Que o sujeito tenha conseguido abrir mão do seu narcisismo. O manejo da transferência AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica O conceito na obra de Freud Praticamente, em toda sua obra, Freud dedica-se a refinar o conceito. O Caso Dora (FREUD, 1905) • Jovem, 18 anos, inicia o tratamento em 14 de outubro de 1900, término: 31 de dezembro de 1900. • Transferência vista como substituição de uma pessoa anterior pela pessoa do médico. A Dinâmica da Transferência (FREUD, 1912) “Essa transferência foi precisamente estabelecida não apenas pelas ideias antecipadas conscientes, mas também por aquelas que foram retidas ou que são inconscientes.”(FREUD, A dinâmica da transferência, p. 112) O manejo da transferência AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica Observações sobre o amor transferencial (FREUD, 1915) • O manejo da transferência; • Situação de enamoramento do paciente em relação ao médico. O vínculo amoroso com o analista Uma forma de manifestação dos fenômenos da transferência que, em grande parte, chamou a atenção de Freud — o amor do analisando dirigido ao analista. O manejo da transferência AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica Os textos de Freud, dedicados ao assunto, localizam o analista nesta problemática por meio da designação “figura do médico”. Isto nos leva a pensar que o analista conta menos como aquilo que ele é e muito mais como o lugar que ele ocupa na fantasia do analisando. • No caso do amor, estamos nos referindo a um lugar de preenchimento (como resolução da demanda do paciente). Este vínculo preenchedor, conduz o paciente a... “... desprezar a regra fundamental da Psicanálise, estabelecendo que tudo que lhe venha à cabeça deve ser comunicado sem crítica...” (FREUD, A dinâmica da transferência, p. 142) . O manejo da transferência AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica Se o amor, por um lado, é um vinculo preenchedor, por outro lado leva também à análise. • Freud é impelido, então, a enfrentar este problema: o da ambiguidade ou ambivalência da transferência. Como ele enfrenta essa questão? Por meio da distinção entre “transferência positiva”, “transferência erótica” e “transferência negativa”. O manejo da transferência AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica Tipos de Transferências São três tipos, descritas por Freud, em 1912: a negativa, a erótica e a positiva. Sendo que a negativa e a erótica dificultam o processo terapêutico, enquanto a positiva auxilia. Transferência Negativa* – é aquela de sentimentos hostis, podendo representar também uma forma de defesa contra o aparecimento da transferência positiva, podendo coexistir com ela; Transferência Erótica – é a de amor, quando o analisando diz estar apaixonado pelo analista. O foco das sessões será o amor que o analisando entende ou exige que deva ser retribuído. O analisando acaba resistindo à analise e coloca suas defesas em prática para não se lembrar de ou admitir certas situações passadas. O manejo da transferência AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica Tipos de Transferências Transferência Positiva – é a de sentimentos de simpatia e afetividade conscientes e também inconscientes, sendo este ultimo de natureza erótica. Freud escreve o seguinte: “Transferência positiva é ainda divisível em transferência de sentimentos amistosos ou afetuosos, que são admissíveis à consciência, e transferência de prolongamentosdesses sentimentos no inconsciente.” (FREUD. vol. 12, 1912, p. 140) As transferências positivas e negativas precisam coexistir, esta é a condição para o tratamento psicanalítico. Freud aponta que nas psiconeuroses, sentimentos afetuosos e hostis, conscientes e inconscientes, ocorrem lado a lado e são dirigidos simultaneamente para a mesma pessoa. O manejo da transferência AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica É este entrecruzamento que conduz Freud a propor o “manejo” ou a “manobra” da transferência, com a seguinte ressalva: “Não se discute que controlar os fenômenos da transferência representa para o psicanalista as maiores dificuldades; mas não se deve esquecer que são precisamente elas que nos prestam o inestimável serviço de tornar imediatos e manifestos os impulsos eróticos ocultos e esquecidos do paciente. Pois, quando tudo está dito e feito, é impossível destruir alguém in absentia (em ausência) ou in effigie (imagem, figura de um indivíduo).” O manejo da transferência: “Todo principiante em Psicanálise provavelmente se sente alarmado, de início, pelas dificuldades que lhe estão reservadas quando vier a interpretar as associações do paciente e lidar com a reprodução do recalcado. Quando chega a ocasião, contudo, logo aprende a encarar estas dificuldades como insignificantes e, ao invés, fica convencido de que as únicas dificuldades realmente sérias que tem de enfrentar residem no manejo da transferência.” O manejo da transferência AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica Quanto ao manejo da transferência, vale lembrar o que demarca mais amplamente o itinerário de uma análise: “... O que desejamos ouvir de nosso paciente não é apenas o que ele sabe e esconde de outras pessoas; ele deve dizer-nos também o que não sabe.” (FREUD. Esboço de psicanálise, p. 201) Quais são os movimentos ou as estratégias que promovem o manejo da transferência? Fundamentalmente, compete ao analista apresentar-se ora de forma mais intensa bem como, quando necessário, ausentar-se atentando para: • O intervalo entre as sessões; • O tempo de duração da sessão; • A função do corte interpretativo. O manejo da transferência AULA 08: ASPECTOS DA TÉCNICA CLÍNICA Clínica Psicanalítica AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO. VAMOS AOS PRÓXIMOS PASSOS? A interpretação em Psicanálise.
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