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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE COINCEIÇÃO DO AGRESTE Autos n° XXX JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, vulgo “Zé da Farmácia”, (nacionalidade), (estado civil), vereador, (naturalidade), (data de nascimento), (número de identidade e cpf), residente e domiciliado à (endereço), devidamente qualificado nos autos da denúncia, vem por intermédio de seu advogado, este que subscreve, com procuração anexa, legalmente escrita na OAB/XX, com endereço profissional á Rua XXX, Bairro XXX, Nº XX, vem mui respeitosamente perante Vossa Excelência interpor sua DEFESA PREVIA Aos termos das imputações que ora lhes são feitas, pelo que passa a expor e ao final requerer: DOS FATOS E ACUSAÇÃO Digno Magistrado, ocorre que o Ministério Público Estadual ofertou denúncia em face do acusado imputando-lhe a conduta de ter tido a liderança do crime narrado na denúncia, por conta que o mesmo é o presidente da Câmara dos Vereadores e tem grande notoriedade na cidade, não sabendo do que estava ocorrendo entre os outros denunciados que haviam exigido pagamentos para o empresário, somente se deslocou ate o local para verificar como estava decorrendo as funções, segundo a sua função como presidente é o dever do mesmo, tendo a infelicidade de estar se deparando com o ato criminoso dos outros acusados e não sabendo nada sobre a investigação e mesmo assim foi configurado como participante e líder e assim foi enquadrado como criminoso em dois artigos do código penal sendo o de associação criminosa, 288 do CP e 317 como corrupção ativa. II – DAS PROVAS QUE ARRIMAM A DENÚNCIA Nobre Julgador, analisando todas as provas que dão causa a denuncia feita pelo Ministério Público, ou seja, verificando todos requisitos probatórios dá Justa Causa à acusação, vemos, sem nenhuma dificuldade, que não há nada em que pese a desfavor do acusado, sendo que o mesmo não estava envolvido de forma alguma com a solicitação do dinheiro. Ou seja, verificando as provas que foram trazidas a denuncia, claramente notamos que não há nada que mostre claramente que o mesmo estava envolvido, desta forma a petição inicial acusatória encontra-se sem um mínimo probatório que lhe prove que este era líder da associação como descrito, assim faz-se que a ação seja carente, faltando JUSTA CAUSA, em desfavor do réu. III – DA CARÊNCIA DA AÇÃO PENAL POR FALTA DE JUSTA CAUSA Senhor Magistrado, como relatado acima, não há qualquer meio de prova, nem mesmo o menor indício, que leve à conclusão de que tenha sido o acusado quem liderou os indiciados a cometerem este crime, como dito, somente por ser pessoa notória e presidente da câmara não imputa que o mesmo tenha tido participação nos delitos praticados pelos outros indiciados, o mesmo estava realizando sua função e indo assistir a sessão de licitação, e o mesmo estar no mesmo local com os outros indiciados não é motivo suficiente para que seja processado criminalmente. Como de conhecimento de todos juristas, e por Vossa Excelencia mais do que ninguém de sumo intelecto, que umas das condições para o exercício da ação penal é o que a doutrina, a jurisprudência, e também a Lei, chamam de JUSTA CAUSA. A doutrina foi quem primeiro tratou do tema JUSTA CAUSA, como uma das condições para o exercício da ação penal. Assim, um dos primeiros doutrinadores a tratar do tema “justa causa”, foi o brilhante processualista penal Afrânio Silva Jardim, vaticinando da seguinte forma: “Julgamos que a justa causa funciona como uma verdadeira condição para o exercício da ação penal condenatória. Na verdade, levando em linha de conta que a simples instauração do processo penal já atinge o chamado status dignitatis do réu, o legislador exige do autor o preenchimento de mais uma condição para se invocar legitimamente a tutela jurisdicional. Assim, impõe-se que a denúncia ou a queixa venha acompanhada do inquérito policial ou das peças de informação, conforme se depreende dos arts. 39, § 5º, e 46, § 1º, todos do Código de Processo Penal”. (Editora Forense, p. 97). E conclui o renomado doutrinador: “Desta forma, torna-se necessário ao regular exercício da ação penal a demonstração, prima facie, de que a acusação não é temerária ou leviana, por isso que lastreada em um mínimo de prova” (Editora Forense, p. 97). E assim ainda confirma mais dois doutrinadores: “Ora, se a acusação não tem provas nem as declina na inicial, não deveria propor a ação” (Editora DelRey, p. 95). Os doutrinadores Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar, no mesmo diapasão dos doutrinadores acima citados, entendem da seguinte forma: “Justa causa: a ação penal só pode ser validamente exercida se a parte autora lastrear a inicial com um mínimo probatório que indique os indícios de autoria, da materialidade delitiva, e da constatação da ocorrência da infração penal em tese” (Editora Juspodivm, p. 162). Seguindo por este raciocínio tem como base o indispensável Código de Processo Penal que determina: Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). Por todos os argumentos acima esposados, resta evidente que a presente ação penal é carente, pois lhe falta a condição da ação chamada de justa causa. O que, nos termos do inciso III do artigo 395 do CPP, leva a rejeição da denúncia. IV – DOS PEDIDOS POR TODO O NARRADO e com fulcro no artigo 395, inciso III do CPP, requer o acusado JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, vulgo “Zé da Farmácia”, que a denuncia ofertada contra o mesmo seja rejeitada, por nítida falta de justa causa para o exercício penal. Termos em que, Pede deferimento. xxx/ CE, 15 de maio de 2018 Advogado/OAB/xxx
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