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LIVRAMENTO CONDICIONAL (arts. 83 a 90 C.P.) e art. 131 a 146 da LEP) Conceito Incidente na execução da pena privativa de liberdade. Consiste em uma antecipação da liberdade do condenado, satisfeitos certos requisitos e mediante certas condições. (ESTEFAM, 2010, p. 166.) Natureza jurídica O livramento condicional é incidente na execução da pena. Não é concedido, portanto, pelo juiz que profere a sentença, e sim pelo juízo das execuções. Trata-se de direito subjetivo do reeducando, na medida em que, preenchidos os requisitos legais, está o juiz das execuções obrigado a conceder o benefício. Trata-se ainda de benefício legal, pois permite a libertação plena do sentenciado antes do cumprimento integral da pena aplicada na sentença. (ESTEFAM, GONÇALVES, 2013, p. 615.) Diferença entre sursis e Livramento condicional Sursis Livramento Condicional Momento A execução da pena de prisão fica suspensa desde o início Cumpre-se parte da pena de prisão para, somente após, obter a antecipação da liberdade. Período de prova 2 a 4 anos (regra) Corresponde ao restante da pena Importante recordar que no “sursis” o período de prova tem início com a audiência admonitória. No livramento, há uma providência semelhante: trata- se da cerimônia prevista no art. 137 da LEP, em que ocorre a leitura da sentença ao liberado, explicando as condições e causas de revogação. (ESTEFAM, 2010, p. 166.) Requisitos: (CP art. 83) Objetivos Condenação a pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 2 anos; (art. 83, “caput” do CP) Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;(Art. 83, IV do CP) Cumprimento parcial da pena privativa de liberdade: (Art. 83, I, II e V do CP) a) mais de 1/3, para o sentenciado não reincidente em crime doloso e de bons antecedentes; b) Mais de metade da pena para o condenado reincidente em crime doloso; c) Mais de 2/3 da pena nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) . (ESTEFAM, 2010, p. 166.) OBS 1: Súmula 715 do STF: “ pena unificada para atender ao limite de 30 anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do CP não é considerada para concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução”. (ESTEFAM, 2010, p. 166.) OBS 2: Inovação trazida pela lei 12.433/11 é a possibilidade de o condenado que já se encontra em livramento condicional remir parte da pena faltante pelo estudo. Com efeito, estabelece a atual redação do art. 126, § 6º da LEP, que o estudo, em curso regular ou profissionalizante, é possível também para os presos que estejam em regime aberto ou em livramento condicional, de modo que o tempo de estudo será descontado do período de prova. Nesse caso, o sentenciado poderá abater 1 dia de pena restante para cada 12 horas de estudo. (ESTEFAM, GONÇALVES, 2013, p. 622.) Subjetivos Comportamento carcerário satisfatório (art. 83, III, 1ª parte do CP); Aptidão para prover o próprio sustento mediante trabalho honesto (art. 83, III, 3ª parte o CP); Bom aproveitamento no trabalho que lhe foi atribuído (art. 83, III, 2ª parte o CP); O condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, só poderá ser beneficiado com o instituto depois da comprovação de condições pessoais que façam presumir que ele não voltará a delinquir (art. 83, § único do CP) (ESTEFAM, 2010, p. 167.) Procedimento: Requerimento: do sentenciado, de seu cônjuge ou parente em linha reta, proposta do diretor do estabelecimento ou do Conselho Penitenciário (Art. 712 do CPP); Parecer do diretor do estabelecimento penitenciário referente ao comportamento carcerário (Art. 112 da LEP); Parecer do MP e oitiva do defensor (Art. 112, § 1º da LEP) (ESTEFAM, 2010, p. 167.) Condições do Livramento Legais (LEP art. 132) a) Obrigatórias (§ 1º) Obter ocupação lícita dentro de prazo razoável, se for apto para o trabalho; Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação; Não mudar do território da comarca do Juízo das Execuções sem autorização deste. (ESTEFAM, 2010, p. 167.) b) Facultativas (§ 2º) Não mudar de residência sem comunicar ao juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar de proteção; Recolher-se à habitação em hora fixada; Não frequentar determinados lugares. (ESTEFAM, 2010, p. 167.) Judiciais (CP art. 85) Qualquer outra condição, adequada ao fato e à situação pessoal do condenado, vedadas as condições vexatórias ou que ofendam direitos individuais do cidadão. (ESTEFAM, 2010, p. 167.) Causas de revogação do Livramento: Obrigatórias (CP art. 86) Condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade por crime praticado durante a concessão do benefício; Condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade, por crime praticado antes do livramento. (ESTEFAM, 2010, p. 168.) Facultativas (CP, art. 87) Condenação irrecorrível, por crime ou contravenção penal, a pena alternativa; Descumprimento das condições impostas; OBS: caso o juiz das Execuções opte por não revogar o livramento, deverá então, advertir o sentenciado ou exacerbar as condições (LEP, art. 140, § único). (ESTEFAM, 2010, p. 166.) Efeitos da Revogação do Livramento: a) Por crime praticado durante o benefício: Não se desconta o tempo em que o sentenciado esteve solto e deve cumprir integralmente a sua pena, só podendo obter novo livramento com relação à nova condenação. b) Por crime anterior ao benefício: É descontado o tempo em que o sentenciado esteve solto, devendo cumprir preso apenas o tempo que falta para completar o período de prova. Além disso, terá direito de somar o que resta da pena com a nova condenação, calculando o livramento sobre esse total. (CP, art. 84, e LEP, art. 141). c) Por descumprimento das condições impostas: Não é descontado o tempo em que esteve solto e não pode obter novo livramento em relação a esta pena, uma vez que traiu a confiança do juízo. (CAPEZ, 2012, p. 536-537). Prorrogação do período de prova (CP, art. 89) O período de prova será prorrogado no caso de o sentenciado responder a processo por crime cometido durante o livramento. (ESTEFAM, 2010, p. 168.) Suspensão provisória do Livramento (LEP, art. 145) A revogação do livramento em razão da prática de outra infração penal, exige, o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Com a prática da infração penal, a LEP permite que se promova a suspensão provisória do livramento, ordenando-se a prisão do sentenciado. (ESTEFAM, 2010, p. 168.) Extinção Automática (Art. 90) Findo o período de prova sem que tenha havido revogação, prorrogação ou suspensão cautelar do benefício, considera-se extinta a punibilidade pelo cumprimento da pena. (ESTEFAM, 2010, p. 168.) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Manual de direito penal. 4. ed., São Paulo : Saraiva, 2008.p. 124-127. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Parte 1. 16 eds., São Paulo: Saraiva, 2011.p. 744-768. CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2012. v.1. p. 530-540. ESTEFAM, André. Direito penal. Parte geral. São Paulo: Saraiva, 2012.v.1. p. 433-446. ______. _ BONFIM, Edilson Mougenot (Coord.). Curso & Concurso. Direito penal I – Parte geral. São Paulo: Saraiva, 2010.p. 166-170. ______; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penalesquematizado. Parte Geral. 2.ed., São Paulo: Saraiva, 2013.p. 615-629.
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