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Suspensao Condicional da Pena e Livramento Condicioanl

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SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
Benefício concedido ao condenado que foi responsabilizado a uma pena não superior a 2 anos.
Após um período de prova, será extinto o cumprimento da pena.
Objetivo. Evitar o encarceramento em massa ao suspender e extinguir o cumprimento da pena privativa de liberdade.
Natureza Jurídica. Instituto de Política Criminal. 
Obs. Trata-se de um direito subjetivo do condenado, mas depende de sua aceitação. 
Momento da Aplicação. Sentença (ou acórdão), pelo juiz (tribunal) – Art. 157, LEP. 
Excepcionalmente pode ser aplicado pelo Juízo da Execução.
SURSIS Penal – Suspensão Condicional da Pena – já existe condenação e a pena não ultrapassa 02 anos.
SURSIS Processual – Suspensão Condicional do Processo (art. 89, Lei 8.099/95). Será aplicado a crimes cuja pena mínima, em abstrato, não ultrapasse um ano, que são crimes de médio potencial ofensivo.
SISTEMAS
• Anglo-americano ou probation system: Suspende-se condicionalmente a pena diante de uma declaração de culpa pelo juiz.
Não há aplicaçã da pena.
O benefício é concedido antes do julgamento.
Se descumprido, retoma-se o julgamento do réu.
Não é adotado no Brasil.
• Probation of first offenders act 
Suspende-se a ação penal, sem qualquer declaração de culpa.
Foi adotado no Brasil por meio da suspensão condicional do processo (art. 89, da Lei 9099/95). 
• Franco-belga: 
Adotado pelo CP.
Aplica-se a pena privativa de liberdade e depois concede-se o benefício da suspensão condicional da pena.
Requisitos Objetivos
1) Natureza da pena: privativa de liberdade.
2) Quantidade da pena: não pode ser superior a 2 anos. 
3) Não tenha a pena privativa de liberdade sido substituída por restritiva de direitos .
Requisitos Subjetivos
1) Réu não reincidente em crime doloso
Exceção. Condenação anterior foi exclusivamente à pena de multa (art. 77, §1º, CP)
Súmula 499 do STF. Não obsta à concessão do sursis condenação anterior à pena de multa.
2) Circunstâncias judiciais favoráveis 
Obs. Nos termos do art. 79, na Suspensão Condicional da Pena, no caso concreto, o Juiz pode trazer outras condições, desde que adequadas ao fato e à situação do condenado.
Espécies de SURSIS
1) Simples
Aplica-se ao condenado que não reparou o dano (de forma injustificada) ou que tenha presente circunstâncias judiciais desfavoráveis.
Forma mais gravosa.
CP, art. 78 – Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. 
§ 1º No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48). 
2) Especial
Aplica-se ao condenado que reparou o dano (salvo impossibilidade de fazê-lo).
Circunstâncias judiciais favoráveis.
CP, art.78, § 2º Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: (obs.: durante o primeiro ano do sursis) 
a) proibição de frequentar determinados lugares; 
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; 
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. 
3) Etário e 4) Humanitário
Serão analisadas em conjunto, pois as consequências serão as mesmas e estão previstas no §2º, do art 77 do CP.
Art. 77, § 2º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. 
- No SURSIS ETÁRIO → o condenado deverá ter mais de 70 anos de idade.
- No SURSIS HUMANITÁRIO → As razões de saúde devem justificar a suspensão 
Período de Prova
• Regra: 2 a 4 anos. 
• Sursis etário ou humanitário: 4 a 6 anos. 
Situações Específicas
• Lei n. 9.605/1998 (crimes contra o meio ambiente): Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos. • Período de prova: 2 a 4 anos. 
• Decreto-Lei n. 3.688/1941 (Contravenções Penais): Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode suspender por tempo não inferior a um ano nem superior a três, a execução da pena de prisão simples, bem como conceder livramento condicional. • Período de prova: 1 a 3 anos. 
Cumprimento Integral do Período de Prova
Após o cumprimento integral do período de prova, sem revogação, o juiz proferirá uma sentença declaratória extinguindo a pena privativa de liberdade. 
Será uma sentença declaratória extintiva da pena privativa de liberdade. 
Obs. Não extingue a punibilidade do agente!
Revogação
Pode acontecer durante ou após o período de prova, mas antes do trânsito em julgado da sentença que venha a decretar a extinção da pena. 
Se houver a revogação do benefício, o condenado deverá cumprir integralmente a pena privativa de liberdade à qual ele havia sido condenado 
Revogação Obrigatória
Art. 81. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: 
I – é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; 
II – frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano;
III – descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código 
Revogação Facultativa
Art. 81, § 1º A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. 
Prorrogação do Período de Prova
Prorrogação automática. § 3º Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. 
Cumprimento das Obrigações
Art. 82. Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. 
É necessária prévia oitiva do condenado para a revogação do sursis? 
Sim. Mas há uma exceção: A revogação obrigatória decorrente de condenação, em sentença irrecorrível, por crime doloso (art. 81, I, CP) não requer a oitiva do condenado. 
Revogação x Cassação do Sursis
Revogação → Após o início do período de prova.
Cassação → Antes do início do período de prova.
Hipóteses:
1) Não comparecimento do réu à audiência admonitória.
2) Renúncia do benefício pelo condenado.
3) Condenação transitada em julgado a pena privativa de liberdade antes do início do período de prova (incompatibilidade)
4) Pena privativa de liberdade que venha a ser majorada em grau recursal acima do máximo legal (2 anos) para o benefício.
Sursis Sucessivo
Novo sursis é concedido ao condenado após o término do período de prova da condenação anterior. Só é possível quando o agente pratica crime culposo ou contravenção após o cumprimento da suspensão. Como não se trata de reincidência em crime doloso, é possível novo sursis. 
Sursis Simultâneo (ou coetâneo)
Novo sursis obtido pelo condenado durante o período de prova do sursis anterior. Só é possível quando a nova condenação se der em virtude da prática de crime culposo ou contravenção penal. Como se trata de hipótese de revogação facultativa, o sursis anterior poderá ser mantido. 
STF. O SURSIS pode ser aplicado à condenação por crimes hediondos.
Obs. Na prática é difícil de acontecer. 
Exceção: Lei de Drogas
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. 
LEI Maria da Penha. O SURSIS pode ser aplicado.
“No direito brasileiro, não corre o prazo prescricional durante a suspensão condicional da pena. Inteligência dos arts. 77 c/c 112, ambos do Código Penal.” STF. 2ª Turma. Ext 1254, julgado em 29/4/2014 (Info 744). 
LIVRAMENTO CONDICIONAL
- Ocorre durantea execução da pena, tendo havido o cumprimento de parcela desta.
- É a antecipação da liberdade, após o cumprimento de parcela da pena. 
Trata-se de uma liberdade: 
a) Antecipada ; 
b) Condicional; 
c) Precária.
Natureza Jurídica. Benefício que se apresenta como direito subjetivo do condenado. 
Egresso – Denominação do condenado que se encontra em gozo do benefício do livramento condicional.
Suspensão condicional da pena: igual ou inferior a 2 anos. 
Livramento condicional: igual ou superior a 2 anos. 
Obs.: na prática, ocorre o livramento condicional em crimes com penas superiores a 4 anos. Para crimes com penas de até 4 anos, há aplicação das penas restritivas de direitos 
Obs. Note que a reparação do dano é muito relevante no Direito Penal. Na suspensão condicional da pena, a reparação do dano gera a suspensão especial (mais benéfica que a simples); Já no LIVRAMENTO CONDICIONAL, a reparação do dano é requisito para a concessão, salvo impossibilidade de fazê-lo.
Requisitos Objetivos do Livramento Condicional
1) Condenação a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos;
2) Cumprimento de parcela da pena (mais de 1/3, mais da metade ou mais de 2/3, variando de acordo com a situação);
3) Reparação do dano, salvo efetiva impossibilidade.
Requisitos Subjetivos do Livramento Condicional
1) Bom comportamento durante a execução da pena (art. 83, III, a, do CP);
2) Não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses (art. 83, III, b, do CP);
3) Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído (art. 83, III, c, do CP);
4) Aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto (art. 83, III, d, do CP);
5) Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir (art. 83, parágrafo único, do CP).
Falta grave VS Livramento Condicional
Veja a súmula 441 do STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional 
Entretanto, em conformidade com o art. 83, III, b, do CP (incluído pela Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime), se a falta grave tiver sido aplicada nos últimos 12 meses, o livramento condicional não poderá ser concedido.
Tempo de Cumprimento de Pena para Obtenção do Livramento Condicional
Cumprimento de: 
• Mais de 1/3 da pena – não reincidente em crime doloso e de bons antecedentes (livramento condicional simples); 
• Mais da metade (1/2) da pena – reincidente em crime doloso (livramento condicional qualificado); 
• Mais de 2/3 da pena – não reincidente em crimes hediondos ou equiparados e tráfico de pessoas (livramento condicional específico). 
Obs.: para o reincidente em crime hediondo, não é possível o livramento condicional, em nenhuma hipótese. 
Alteração do pacote anticrime:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: (...) (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019) 
VI – 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: 
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; (...) 
VIII – 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional. 
Obs. Portanto, havendo a simples prática de crime hediondo, com resultado morte, por agente primário ou reincidente, não poderá ocorrer o livramento condicional.
Condições a serem Cumpridas Durante o Livramento Condicional
Obs. 1: o período de prova dura pelo tempo restante da pena privativa de liberdade (para condenado a 12 anos de reclusão, ao qual foi concedido o livramento condicional com 4 anos e 1 dia, o período de prova será pelos 7 anos e 364 dias restantes, podendo ser revogado a qualquer momento). 
Obs. 2: o livramento condicional depende da concordância do condenado às condições estabelecidas (ato bilateral). Essa concordância se dá na cerimônia de livramento condicional (audiência na qual é concedido). 
1) Condições Legais
LEP. Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica subordinado o livramento. 
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes : 
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho; 
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação; 
c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste. 
2) Condições Judiciais (discricionariedade do juiz)
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica subordinado o livramento. (...) 
§ 2º Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes: 
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção; 
b) recolher-se à habitação em hora fixada; 
c) não frequentar determinados lugares.
3) Condições Legais Indiretas
Condições estabelecidas no Código Penal para que o beneficio do livramento condicional não seja revogado.
Estão presentes nos arts. 86 e 87 do CP
Revogação do Livramento
Art. 86. Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível: 
I – por crime cometido durante a vigência do benefício; 
II – por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.
Obs. São hipóteses obrigatórias de revogação.
Obs.: no inciso I do art. 86 do CP, houve traição da confiança depositada pelo Estado; no inciso II, por não haver traição, o período e que o agente permaneceu sob livramento condicional é contabilizado para fins de pena. 
Soma das Penas
Art. 84. As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do livramento. 
Exemplo 1: condenado a 12 anos, que cumpriu 4 (com 8 anos remanescentes, portanto), que sofre nova condenação a 6 anos de reclusão – devem ser somadas as penas de 8 e 6 anos. A fração é aplicada sobre a soma, para concessão do livramento condicional. 
Revogação Facultativa
Art. 87. O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade. 
Efeitos da Revogação
Art. 88. Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado. 
Obs.: portanto, se o agente é condenado por crime anterior, o período de livramento condicional será descontado da pena; diversamente, condenado por crime praticado durante o benefício do livramento condicional, o período em que esteve solto não se desconta da pena. 
Suspensão do Livramento Condicional
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final. 
EXTINÇÃO
Art. 89. O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento. 
Art. 90. Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. 
Súmula 617 do STJ: “A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena”. 
Art. 2º (...) § 9º O condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo. (Incluídopela Lei n. 13.964, de 2019 – Pacote Anticrime) 
	
	Suspensão Condicional da Pena
	Livramento Condicional
	Momento
	Antes do cumprimento da pena. 
	Após o cumprimento de parcela da pena 
	Incide Sobre
	Pena – privativa de liberdade não superior (inferior) a 2 anos. Para condenado maior de 70 anos ou saúde debilitada: não superior a 4 anos 
	Pena – privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos 
	Reincidente
	Não se aplica ao reincidente em crime doloso (exceto se condenação anterior for de multa. Art. 77, §1º, CP e Súmula 499, STF) 
	Aplica-se ao reincidente em crime doloso, exceto o reincidente específico em crimes hediondos. 
	Período de Prova
	Suspensão da pena por 2 a 4 anos 
	Até o fim da duração da pena privativa de liberdade. 
	Requisitos
	Art. 77, CP 
	Art. 83, CP. 
	Hipóteses de Revogação
	Obrigatória: art. 81, CP. Facultativa: art. 81, §1º, CP. 
	Obrigatória: art. 86, CP. Facultativa: art. 87, CP.

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