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ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO São métodos analíticos de natureza qualitativa, destinados à confirmação da identidade da matéria-prima ou de determinado componente de um produto. A validade destes ensaios depende da sua especificidade ou seletividade. Podem ser classificados em: físicos ou químicos, ou ainda como métodos instrumentais ou clássicos. Ensaio deve ser: - específico - confiável - baixo custo - fácil realização Importância: Considerando que o fármaco é o princípio ativo do medicamento, sua identificação é um quesito básico para a eficácia e segurança do produto. Há ainda o risco de adulteração de matérias-primas excipientes por outras de menor custo que, embora de características semelhantes, poderão acarretar em problemas potenciais de formulação. 1.Métodos Clássicos: Baseados em reações químicas de grupos funcionais importantes em insumos farmacêuticos. São ensaios eliminatórios e não confirmatórios, já que várias subst. podem apresentar grupos funcionais em comum. Vantagens: - Dependendo da seletividade da reação, possibilidade de serem aplicados à identificação de fármacos, tanto em matérias-primas , quanto em produtos acabados; - Redução de custos com instrumentação. Desvantagens: - Menor sensibilidade; - Não são aplicáveis a misturas de fármacos com grupos comuns. 1.1.Reações de identificação: reações químicas úteis em ensaios clássicos de identificação Devem ser perceptíveis a olho nu: - mudança de cor (formação de produto colorido ou desaparecimento de cor do analito ou reagente) - formação de precipitado - produção de gás Exemplos de ensaios de identificação para fármacos: INSUMO MÉTODO QÚIMICO MÉTODO FÍSICO AAS Ácido ascórbico Lidocaína Desenvolve cor violeta com FeCl3 Produz pptado cinza com AgNO3 Sol. Etanólica produz pptado verde c/ CoCl2 Infravermelho (IV) IV, PF, RO IV, PF REAÇÕES DE IDENTIFICAÇÃO PARA: EXEMPLOS PROCEDIMENTO Ãnions comuns citrato Tratar amostra com mistura de 15 mL de piridina e 5 mL de anidrido acético: produz cor vermelho carmim Cátions comuns cálcio - Sais de cálcio umedecido c/ HCl produzem em chama não luminosa cor vermelho-alaranjada transitória. - Sais de cálcio produzem com oxalato de amônio, pptado branco insolúvel em ác. acético e solúvel em HCl. Grupos orgãnicos comuns Amidas primárias Sofrem hidrólise em meio ácido ou básico forte liberando amônia. 1.2. Testes de Solubilidade: Embora baseado na constante físico-química de solubilidade (Ks) e não em reações químicas, apresenta, como os demais métodos clássicos de identificação, o fato de também não exigir instrumentação analítica. É válido como ensaio complementar de identidade. A solubilidade dos compostos orgânicos pode ser dividida em 2 categorias principais: - a solubilidade na qual uma reação química é a força motriz. Ex: reação ácido-base; - a solubilidade na qual está envolvida a simples miscibilidade. Ex: dissolução do éter etílico no tetracloreto de carbono. A avaliação da solubilidade de produtos acabados é um parâmetro de grande importância no CQ, especialmente de formas farmacêuticas sólidas, contribuindo para o estudo de dissolução. 1.3. Análise Organoléptica: A descrição de aspectos físicos da matéria-prima, tais como forma e tamanho de cristais ou partículas amorfas, granulometria, cor, consistência e odor, está presente em todas as monografias. A análise virtual é o primeiro teste de identificação empregado no CQ de matérias-primas. Para medicamento, a análise visual é um ensaio de qualidade cuja finalidade principal é avaliar a integridade físicae estética do produto. Não é uma análise conclusiva. Necessita de outros testes. 2. Métodos Instrumentais: São ensaios físicos de identificação baseados em espectros, cromatogramas ou medidas diretas de propriedades físico-químicas. Vantagem: sensibilidade e reprodutibilidade Desvantagem: custo do equipamento Métodos baseados em espectros são confirmatórios. Porém são limitados a matérias-primas relativamente puras, não sendo aplicados a produtos, por apresentarem interferência dos excipientes ao espectro. Para métodos baseados em medidas simples e diretas de propriedades físico-químicas a interferência é ainda mais importante. Comparação entre método baseados espectro e em medidas simples de prop. Físico-químicas: Apesar da vantagem relacionada ao custo baixo dos equipamentos como: refratômetro, picnômetro, determinador do ponto de fusão; quando comparados aos espectrômetros, além de igualmente limitados a matérias- primas, não são por si só confirmatórios. Para métodos cromatográficos, devido a característica capacidade de separação, destaca-se como grande vantagem a possibilidade de sua aplicação, tanto nas provas de identidade de matérias-primas, quanto de fármacos em prod. acabados. 2.1. Identificação via análise de gráficos instrumentais: Entre os métodos instrumentais de identificação destacam-se aqueles cuja interpretação dos resultados se dá por meio de análise de gráficos. Métodos apresentam maior poder conclusivo. Porém, amostras devem estar relativamente puras. Ex: espectros na região do UV-visível e infravermelho, os voltamogramas, curvas calorimétricas, espectros de massas, RMN, ... UV-VISÍVEL Os espectros são relativamente pobres sobre a sua aplicação à identidade de subst. químicas. 1-Poucas bandas de absorção típicas de grupos cromôforos; 2-Interferentes; 3-Sobreposição e alargamento de bandas; INFRAVERMELHO Espectro mostra detalhes bem mais expressivos da identidade da estrutura molecular. Por causa das maiores diferenças espectrais, custo baixo, bem como facilidade de operação técnica mais utilizada na identificação de matérias-primas. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR (RMN) É uma ferramenta conclusiva na identificação e caracterização de subst. puras. Inviável para em ensaios de rotina: pelo tempo da máquina e necessidade de reagentes deuterados ( muito caros). Utilização: pesquisa na elucidação estrutural de novos fármacos e produtos de degradação. ESPECTROMETRIA DE MASSAS Método muito caro: aquisição e manutenção do equipamento. Não aplicada em ensaios de identificação rotineira: alto custo e rigor dado à preparação da amostra. Utilização: caracterização de uma molécula, requer uso de equipamentos acoplados ( CG-MS e HPLC-MS) RAIO X A aquisição de dados em difratometria de raio x é bastante dispendiosa no que diz respeito a tempo e investimento. Utilização: pesquisa na elucidação estrutural molecular. VOLTAMETRIA Observa-se a corrente gerada por um analito, enquanto este é submetido à varredura de potencial. Entre as informações obtidas estão: potencial de oxidação ou redução (pico anódico e catódico), reversibilidade de processo redox (proximidade dos picos) e número de elétrons envolvidos na transferência de cargas (intensidade dos picos). O voltamograma não é propriamente um espectro, mas poder fornecer dados úteis para a identificação química de um fármaco. Técnica ainda não ganhou espaço no CQ. Espectrômetro de massas Infravermelho RMN UV-Visível 2.2. Identificação via medidas de constantes físico- químicas: Os compostos orgânicos podem ser identificados por meio de suas propriedades físico-químicas. Porém, obtém-se um valor único , que pode ser passível de coincidência. Assim estas medidas, além de limitadas a matérias-primas, apresentam menor poder confirmatório. A determinação da solubilidade pode levar a resultados mais conclusivosque a determinação de outras propriedades físico-químicas, por causa do número de testes efetuados, seja variando solventes, seja temperatura. DETERMINAÇÃO DO PONTO DE FUSÃO Análise indicativa de pureza e identificação de compostos, pois cada subst., por sua estrutura química, apresenta uma faixa de fusão característica. A presença de qualquer outra subst. vai alterar o resultado. O PF é uma das propriedades físicas de gde importância na área de farmácia, principalmente para a avaliação de matérias-primas sólidas utilizadas na indústria de medicamentos e farmácia de manipulação. FUSÃO: subst. estado sólido subst. estado líquido temperatura Se subst. é pura, a temperatura permanece constante durante a fusão. Qdo subst. pura muda de estado físico ou estado de agregação, a temperatura permanece constante enquanto a mudança estiver se processando. A vaildade da determinação do PF como ensaio de identificação é aumentada quando utiliza a técnica da comparação com o padrão. A presença de impurezas tende a alargar a faixa de fusão e, em alguns casos (ex: misturas eutéticas), pode causar abaixamento significativo do PF esperado. Vantagens: - simplicidade e rapidez do ensaio; - baixo custo do equipamento; Os aparelhos comercialmente disponíveis para a determinação do PF apresentam-se em 2 configurações: banho de imersão e chapa de aquecimento. Vantagem: - do banho de imersão: melhor visualização da transição de estado. - da chapa de aquecimento: não requer eventuais trocas de óleo de silicone, utilizado no banho. DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE ABSOLUTA E DENSIDADE RELATIVA A densidade absoluta de uma subst. é definida como a massa de uma determinada unidade de volume desta subst. em condições padronizadas de pressão e temperatura. A unidade internacional é expressa em kg/m3, mas a maioria das farmacopéias adota g/cm3 ou g/mL. A densidade absoluta ou massa específica é uma característica própria de cada material, por isso, é uma propriedade específica. É definida como a razão entre a massa de uma amostra e o volume ocupado por essa massa. d = m/v Para a determinação da densidade de líquidos são empregados densímetros ou balança analítica e picnômetro. Densímetro Picnômetro Na prática se utiliza a determinação da densidade relativa, que é dada pela razão entre densidade da subst. e densidade da água a uma mesma temperatura. A temp. empregada usualmente é de 20oC. O procedimento para determinação de densidade relativa de líquidos está descrito nos métodos gerais de todas as farmacopéias. Porém, todos os laboratórios quím. ou farmacêuticos de análise devem possuir também o procedimento operacional padrão. A densidade relativa é o número de vezes que uma subst. é mais pesada que igual volume de água a uma determinada temperatura. Para determinar a densidade relativa de uma subst.: dividir o seu peso pelo peso de igual volume de água. Para sólidos, aplica-se a densidade aparente, pois a determinação da densidade absoluta ou relativa é prejudicada por características da partícula como, porosidade, tamanho e forma. Utiliza-se uma balança e uma proveta para a medida do volume ocupado pelo pó. Esse pó deve ser previamente compactado. DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE REFRAÇÃO Método baseia-se na diferença que se pode observar na direção de propagação de um feixe de luz entre diferentes meios transparentes. Utilização: -identificação de matérias-primas líquidas; -como ensaio qualitativo de pureza; -como ensaio semiquantitativo de teor (empregado na detecção de diluições fraudulentas). Vantagens: rapidez, facilidade de operação, baixo consumo de amostra Aplicações: caracterização de gorduras, óleos, ceras, açúcares e análise de pureza de óleos vegetais. Ex: ácido oléico 1,4585; frutose a 10% 1,3477 DETERMINAÇÃO DA ROTAÇÃO ÓPTICA E ROTAÇÃO ESPECÍFICA A interação entre matéria e luz pode ser tanto pela absorção (UV-vis, IV), quanto pela reflexão (refratometria) de parte da luz. Assim, tanto a magnitude quanto o sentido do raio de luz influem na dimensão desta interação. A polarimetria baseia-se no fato de que para algumas subst., a extensão dos processos de absorção e reflexão difere para luz polarizada de sentidos opostos (esquerda ou direita). Estas subst. são chamadas de opticamente ativas e podem ser identificadas pela determinação do poder rotatório (alfa), o qual é o ângulo que a luz polarizada forma como o plano de polarização ao atravessar um líquido ou solução. Índice de rotação óptica específica ou poder rotatório (alfa)20D : relação entre poder rotatório e densidade relativa da subst. Líquida, medido a 20oC em polarímetro com tubo de 1dm de comprimento, cuja fonte empregue raia D de sódio (comp. onda 589,3 nm). Para sólidos, o poder rotatório específico é determinado em relação à concentração da solução (g/mL). Subst. opticamente ativas podem ser: - Dextrógiras: desviam a luz polarizada para a direita; - Levógiras: desviam a luz polarizada para a esquerda; Aplicações: - ensaios de identificação; - avaliação da pureza e valor terapêutico de fármacos quirais (apresentam diferenças consideráveis quanto a atividade biológica); Exemplo: frutose a 2% -132 a -92o DETERMINAÇÃO DO pH Para produtos acabados muito útil como ensaio de qualidade, pois diz respeito à biocompatibilidade, estabilidade e biodisponibilidade. Para matérias-primas utilizada como ensaio de identificação. O pka é também uma constante físico-química e se relaciona diretamente com o pH. Várias monografias de matérias-primas indicam faixas de pH para soluções de amostras preparadas conforme especificação. Exemplos: ác. ascórbico a 5% pH esperado: 2,1-2,6 nistatina a 3% pH esperado: 6,0-8,0 2.3. Identificação via análise de cromatogramas: A aplicação primária de cromatografia líquida de coluna está na separação de subst., cujas características de polaridade e/ou peso molecular são distintas. A separação ocorre em função de afinidade que as diferentes subst. têm por uma fase móvel e outra estacionária. Estas afinidades diferenciadas podem ser exploradas para fins analíticos, especialmente em ensaios de identificação. Tempo de retenção (tr)= tempo que o analito leva para passar pela coluna cromatográfica. Distância de retenção (dr) = distância percorrida pelo analito na cromatografia de papel. tr e dr Relacionados com o tipo e a intensidade das interações do analito com a fase estacionária. Relacionados com a estrutura química do analito, com os grupos de interação da fase estacionária e com as características químicas da fase móvel. Conjunto das relações físico-químicas da: FM, FE e analito que promovem a retenção diferencial Se as condições físicas (temperatura, pressão...) e químicas (grupos de interação, concentração, composição) tanto da FM como da FE, forem sempre as mesma, o tr e o dr de um analito devem ser, teoricamente, sempre os mesmos. Desta forma, é possível identificar compostos desconhecidos pela comparação do seu tr ou dr com o tr ou dr apresentados por padrões. Tr e dr não são totalmente confiáveis porque muitos compostos, principalmente isômeros, possuem suas propriedades físico- químicas muito parecidas, quando não idênticas, o que faz com que os compostamentoscromatográficos deles sejam exatamente iguais. Para reduzir erros: utilizar cromatografia por gradiente ou a cromatografia de papel bidimensional. A mudança da composição da FM por meio de gradiente altera as características físico-químicas do sistema cromatográfico e diminui as chances de haver outro composto que responda da mesma maneira que o composto de interesse. Outra alternativa para resultados mais seguros: utilização de sistemas de detecção mais seletivos e adequados. Uso de cromatógrafos de alta eficiência (HPLC): técnica analítica mais empregada em CQ pelas indústrias farmacêuticas. - Para ensaios de identificação não são tão utilizados pois, existem técnicas satisfatórias de menor custo. Desvantagens do HPLC em ensaios de identificação: - Para maior confiabilidade em ensaios de identificações é necessário uso de padrões. São de custo elevado; - Elevado custo dos solventes ¨grau HPLC¨; - tempo de análise; - manutenção de equipamento; - ausência de detectores universais. 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