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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 1 1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO São princípios peculiares do Direito Processual do Trabalho: 1.1. PRINCÍPIO DA CELERIDADE: impõe que os atos sejam praticados o mais rápido possível. Isto porque, o processo do trabalho envolve interesses alimentares, sendo, sem dúvida, o ramo mais social dentre todos do direito, diferentemente, por exemplo, do direito processual civil, que envolve direitos patrimoniais, conquanto igualmente sociais sejam as questões ali dirimidas. 1.2. PRINCÍPIO DA GRATUIDADE: no processo do trabalho as custas só serão recolhidas após o trânsito em julgado (ou antes disso se houver recurso), pelo vencido. Mas se o reclamante, vencido, não puder suportar o encargo, a lei confere ao magistrado a possibilidade de isentá-lo das custas. 1.3. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO (TUTELAR): consiste na interpretação mais benéfica ao trabalhador. Assegura a superioridade jurídica ao trabalhador em face de sua inferioridade econômica. Segundo o ministro Maurício Godinho Delgado o princípio da proteção visa “Reequilibrar, juridicamente, a relação desigual vivenciada na prática cotidiana da relação de emprego”. No processo civil, parte-se do pressuposto que as partes são iguais. No processo do trabalho, parte-se do pressuposto que as partes são desiguais, necessitando o empregado da proteção da lei. Portanto, não é a Justiça do Trabalho que tem cunho paternalista ao proteger o trabalhador, ou o juiz que sempre pende para o lado do empregado, mas a lei que assim o determina. Assim, protecionista é o sistema adotado pela lei. Em caso de dúvida de interpretação aplica-se o princípio protecionista: “in dubio pro misero” ou “in dubio pro operário”. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 2 1.4. PRINCÍPIO DA ECONOMIA: aqui a economia não está ligada ao dinheiro. O que se prega é a economia instrumental, ou seja, dos atos a serem praticados no curso do processo. O juiz deve impedir diligências desnecessárias e inúteis, cuidando, porém, para não cercear o direito de defesa. Ex.: reclamações trabalhistas plúrimas. 1.5. PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI: é o direito assegurado às partes, num processo trabalhista, de atuar sem patrocínio de advogado, conforme regra do art. 791, CLT. É importante destacar que, o NCPC, no seu artigo 103, impõe que as partes, como regra, poderão ingressar em juízo com a presença de advogado. Além disso, a Constituição Federal, em seu art. 133 informa que “o advogado é indispensável à administração da justiça”. A Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB), considerava a postulação em qualquer juízo atividade privativa da advocacia. Em razão disso, uma corrente minoritária questionou a constitucionalidade do art. 791 da CLT, porém, a questão restou sepultada com o julgamento da ADIN 1.127 proposta pela AMB (Associação dos Magistrados do Brasil), na qual o STF julgou inconstitucional a expressão “qualquer” constante do art. 1º, inciso I, da Lei 8.906/94. ATENÇÃO: O TST firmou entendimento de que o jus postulandi somente prevalecerá nas instâncias ordinárias (Varas do Trabalho e nos TRT’s), não sendo aplicável no TST, onde as partes devem se fazer representar por advogado. Além disso, a regra do jus postulandi não se aplica a ação rescisória, ação cautelar e mandado de segurança, conforme Súmula 425 do TST. Súmula nº 425 do TST JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita- se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 3 1.6. PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL: está ligado ao interesse do Estado na solução do litígio. O Judiciário não atuará em conflito sem provocação, porém, após a propositura da ação, ao Estado cabe perseguir a verdade e apurar os fatos. Para tanto, não há necessidade da parte peticionar requerendo providências do juiz a todo instante, posto que caberá a este, impulsionar de ofício o processo, executando os atos necessários ao extermínio do conflito. 1.7. PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE: significa, em tese, que o processo do trabalho é menos burocrático do que o processo comum. Especialmente diante da existência do jus postulandi, o processo do trabalho deve ser mais simples, para isso deve ser menos formal, tornando-se acessível ao leigo. Assim, há extrema simplificação das peças processuais, não ocorrendo rigidez na declaração de inépcia. Exemplo: petição inicial e contestação verbal (art. 840 e 846 da CLT). 1.8. PRINCÍPIO DA ORALIDADE: impõe o uso e a prevalência da palavra oral à escrita, com manifestações orais e sumárias em audiência, pelas partes e pelo próprio juiz do trabalho. Ex.: leitura da reclamação (art. 847, CLT); defesa oral em 20 minutos (art. 847, CLT); razões finais orais em 10 minutos (art. 850, CLT); protestos em audiência (art. 795, CLT), dentre outros. 1.9. PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO: significa que, na medida do possível, todos os atos devem ser praticados numa só oportunidade, concentrando-se os atos em uma audiência única, conhecida na prática como “audiência UNA” (tentativa de conciliação + instrução + julgamento). Há uma concentração de atos contínuos, tais como: leitura da petição inicial, proposta de conciliação; defesa; provas orais; razões finais; sentença. O princípio da concentração é uma regra no procedimento sumaríssimo, já que o art. 852-C da CLT determina a realização de audiência única para as demandas que tramitam neste rito. Já, no procedimento ordinário, boa parte dos juízes vem adotando a praxe de dividir a audiência em três partes (audiência de conciliação, audiência de instrução e audiência de julgamento), realizando a audiência única somente em DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 4 casos que envolvam matéria exclusivamente de direito ou que dependam apenas de prova documental. 2. FONTE SUBSIDIÁRIA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Não existe um “Código de Processo do Trabalho”, cabendo a CLT o tratamento do direito material e processual do trabalho. A própria CLT, em seu artigo 769, autoriza a utilização da legislação processual comum como fonte subsidiária do direito processual do trabalho. Observe-se que não se trata apenas da possibilidade de aplicação subsidiária do CPC, mas de qualquer norma processual comum, ou seja, o próprio CPC, o CDC, a Lei do Mandado de Segurança, etc. Esta aplicação subsidiária do processo comum (CPC e demais leis processuais) só é possível com o preenchimento de dois requisitos: 1º) Omissão (lacunas); 2º) Compatibilidade com os princípios do processo do trabalho. Isso significa que, havendo omissão na CLT, devemos aplicar o direito processual comum (CPC e demais normas processuais), desde que haja compatibilidade com os princípios que norteiam o processo do trabalho. Temos aqui o Princípio da Subsidiariedade! Em resumo, quando a CLT for omissa na sua parte de direito processual, por força do seu art. 769, aplica-se o direito processual comum (ex.: CPC), desde que haja compatibilidade com os princípios de Direito Processual do Trabalho. Temos outros importantes princípios de direito processual do trabalho, que serão estudados dentro de conteúdos específicos. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSORADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 5 2.1. APLICAÇÃO SUPLETIVA DO CPC NO PROCESSO DO TRABALHO Tivemos uma inovação no CPC/15, que em seu art. 15 passou a prever: "Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente". Muito se questionou, e ainda se questiona, se o art. 15 do NCPC havia revogado o art. 769 da CLT. Todavia, prevalece o entendimento de que não houve a referida revogação. A este respeito, o TST se manifestou através da Instrução Normativa nº 39/2016 confirmando que não houve revogação do art. 769 da CLT. O art. 15 do CPC/15 levanta outras questões, como: o que é aplicação supletiva? Qual a diferença entre aplicação supletiva e subsidiária? Bem, em primeiro lugar, é importante ressaltar que tais questões, como já era de esperar, encontram algumas discussões na doutrina, todavia, prevalece o entendimento de que os conceitos de aplicação subsidiária e supletiva são distintos. Seguindo os ensinamentos de SCHIAVI (2016, p. 156): - Aplicação SUPLETIVA: significa aplicar o CPC, quando apesar da lei processual trabalhista disciplinar o instituto, não for completa. Em outras palavras, significa a possibilidade de aplicação do CPC para complementar ou dar efetividade a uma norma processual trabalhista existente, desde que haja compatibilidade com os princípios que regem do processo do trabalho. Exemplos: hipótese de impedimento e suspeição do juiz que são mais completas no CPC, mesmo estando disciplinada no art. 802 da CLT; ônus da prova previsto no CPC, já que o art. 818 da CLT que trata dessa mesma matéria é muito enxuto e não resolve todos os problemas (Obs.: A L. 13.467/2017 melhora a redação do art. 818, CLT); DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 6 - Aplicação SUBSIDIÁRIA: significa aplicar o CPC quando a CLT e as leis processuais trabalhistas extravagantes não disciplinarem determinado instituto processual. Em outras palavras, significa a possibilidade de aplicar o CPC diante de um vazio legal ou uma omissão integral da legislação trabalhista, desde que haja compatibilidade com os princípios processuais trabalhistas. Exemplos: Tutelas provisórias (urgência e evidência); ação rescisória; ordem preferencial de penhora; hipóteses legais de impenhorabilidade; Aplicação da Lei do Mandado de Segurança, etc. 3. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO De acordo com o artigo 111 da CF/88, os órgãos da Justiça do Trabalho são: ► o Tribunal Superior do Trabalho (TST); ►os Tribunais Regionais do Trabalho (TRT’s); ►os juízes do trabalho. Assim, a Justiça do Trabalho é dividida em três graus de jurisdição: o TST (terceiro grau), os TRT’s (segundo grau) e os juízes do trabalho (primeiro grau – exercendo a jurisdição nas Varas do Trabalho). Juízes do Trabalho (Varas do Trabalho) TRT’s TST DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 7 3.1. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO O TST surgiu e 1946, ano em que a Justiça do Trabalho foi integrada ao Poder Judiciário. O Tribunal Superior do Trabalho encontra-se sediado em Brasília, sendo o órgão jurisdicional de mais elevado nível da Justiça do Trabalho, é a instância suprema trabalhista, com jurisdição em todo território nacional. O TST possui 27 ministros, escolhidos entre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal (art. 111-A, da CF, acrescentado pela EC 45/2004). Da totalidade de ministros que compõe o TST, deverá ser observada a regra do quinto constitucional em relação aos membros do Ministério Público do Trabalho (MPT) e membros da OAB, sendo o restante escolhido (pelo TST) entre os juízes de carreira dos TRT’s (art. 111-A, I e II da CF). Obs: só poderão participar do quinto constitucional advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do MPT com mais de dez anos de efetivo exercício. A escolha pelo quinto constitucional ocorre da seguinte forma: 1º) é apresentada ao TST uma lista sêxtupla, elaborada pela OAB e MPT, indicando os nomes; 2º) recebida as indicações, o TST formará uma lista tríplice, que será encaminhada ao chefe do Poder Executivo; 3º) recebida a lista tríplice pelo chefe do Executivo, este terá prazo de 20 dias para escolher dentre os três nomes; DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 8 4º) O escolhido é sabatinado, e, se aprovado pelo Senado, ele será nomeado pelo Presidente da República. Os magistrados do TST recebem o título constitucional de “ministros”, conforme ocorre em todos os tribunais superiores. Para desenvolver as suas atribuições o TST atua por meio de seus órgãos: TURMAS, SEÇÃO ESPECIALIZADA EM DISSÍDIOS INDIVIDUAIS (dividida em SBDI-I e SBDI-II), SEÇÃO ESPECIALIZADA EM DISSÍDIOS COLETIVOS (SDC), ÓRÃO ESPECIAL e TRIBUNAL PLENO. ÓRGÃOS DO TST ATRIBUIÇÃO TURMAS (Há no TST 08 Turmas julgadoras. Cada uma composta de 03 ministros) Analisar recursos de revista, agravos, agravos de instrumento, agravos regimentais, e recursos ordinários em ação cautelar. SBDI-I Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (composta por 14 ministros – o quórum mínimo é de 08 ministros) É o órgão revisor das decisões das turmas e unificador da jurisprudência do TST. Além de julgar agravos regimentais e recursos de embargos contra decisões divergentes das Turmas ou destas que divirjam de entendimento da SDI, de OJ ou de Súmula. SBDI-II Subseção II Especializada em Dissídios Individuais (composta por 10 ministros – o quórum mínimo é de 06 ministros) Entre as suas atribuições estão o julgamento de ações rescisórias, MS, ações cautelares, HC, conflitos de competência, recursos ordinários e agravos de instrumento. SDC Seção Especializada em Dissídios Coletivos (Composta por 09 ministros – quórum mínimo de 05 ministros); Julga Dissídios coletivos de natureza, recursos contra decisões dos TRT’s em dissídios coletivos, embargos infringentes e agravo de instrumento, além de revisão de suas próprias sentenças e homologação das conciliações feitas nos dissídios coletivos. ÓRGÃO ESPECIAL (Composto por 17 ministros - o quórum para funcionamento é de 08 ministros) Entre outros, trata da disponibilidade ou aposentadoria de magistrado, escolhe os juízes dos TRT’s para substituir ministros em afastamentos superiores a 30 dias, julga MS contra atos de ministros do TST e recursos contra decisão em matéria de concurso para a magistratura do trabalho e contra decisões do corregedor-geral da Justiça do Trabalho. TRIBUNAL PLENO (Formado por todos os ministros da Corte) Cabe ao Pleno, entre outras, dar posse aos membros eleitos para cargo de direção e aos ministros nomeados para o Tribunal. Além disso, é no Pleno que são votadas as súmulas do TST. Fonte: TST O art. 95, parágrafo único, inciso V, da Constituição Federal proíbe que o juiz exerça a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do desligamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. Assim, o ministro do TST que aposenta ou é DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 9 exonerado não poderá exercer a advocacia pelo prazo de três anos perante o próprio TST. 3.2. TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO Da mesma forma que o TST, em 1946, quando a Justiçado Trabalho foi integrado no Poder Judiciário, surgiram os TRT’s. Compostos somente de juízes togados (ante a extinção dos juízes classistas), que, neste órgão, podem ser aqueles concursados ou então chamados pelo quinto constitucional, que são membros do MPT e advogados, na forma do artigo 94 da CF. O TRT se compõe por turmas e cada turma é composta por cinco juízes, mas destes somente três atuam em cada processo (relator, revisor e presidente, que só vota em caso de empate, salvo se a questão for pertinente à constitucionalidade de leis ou atos do poder público). A nomeação dos juízes que compõem os TRT’s é feita pelo Presidente da República, seu número varia conforme o volume de processos examinados pelo Tribunal. Contudo, de acordo com o artigo 115 da Constituição Federal, deverá ter no mínimo 07 juízes, recrutados, quando possível na mesma região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30 e menos de 65 anos de idade. As vagas são preenchidas por juízes de carreira, advogados e membro Ministério Público do Trabalho. Um quinto deverá ser proveniente de membros do MPT e de advogados. Ambos deverão ter mais de dez anos de carreira ou militância, sendo que os últimos deverão ter notório saber jurídico e reputação ilibada. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 10 3.2.1. Tribunais Regionais do Trabalho no Brasil O art. 112 da Constituição de 1988 previa a existência de pelo menos um TRT em cada Estado da Federação e no Distrito Federal. Após a EC 45/04 suprimiu-se essa obrigação. Nos termos do artigo 674 da CLT, o território nacional está dividido em vinte e quatro regiões, portanto, temos 24 TRT’s, distribuídos da seguinte forma: TRT SEDE JURISDIÇÃO 1ª Região Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2ª Região São Paulo Grande São Paulo (capital; área metropolitana e baixada santista). 3ª Região Belo Horizonte Minas Gerais 4ª Região Porto Alegre Rio Grande do Sul 5ª Região Salvador Bahia 6ª Região Recife Pernambuco 7ª Região Fortaleza Ceará 8ª Região Belém Pará e Amapá 9ª Região Curitiba Paraná 10ª Região Brasília Distrito Federal 11ª Região Manaus Amazonas e Roraima 12ª Região Florianópolis Santa Catarina 13ª Região João Pessoa Paraíba 14ª Região Porto Velho Rondônia e Acre 15ª Região Campinas Atua na área não abrangida pelo TRT da 2ª Região, no Estado de SP. 16ª Região São Luis Maranhão 17ª Região Vitória Espirito Santo 18ª Região Goiânia Goiás 19ª Região Maceió Alagoas 20ª Região Aracajú Sergipe 21ª Região Natal Rio Grande do Norte 22ª Região Teresina Piauí 23ª Região Cuiabá Mato Grosso 24ª Região Campo Grande Mato Grosso do Sul Verifica-se que o Estado de São Paulo é o único com dois Tribunais Regionais, o TRT da 2ª Região e o TRT da 15ª Região. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 11 3.3. VARAS DO TRABALHO Órgão de primeiro grau na Justiça do Trabalho, as Varas do Trabalho foram instituídas pela EC 24/99. Antigamente, tínhamos as “Juntas de Conciliação”, que eram compostas de um Juiz Togado (bacharel em direito e aprovado em concurso), e dois Juízes classistas, que eram indicados por sindicatos de classe e nomeado pelo presidente do TRT competente ou pelo Presidente da República. A EC 24/99 extinguiu a representação classista em todos os níveis de jurisdição da Justiça do Trabalho, permanecendo, a partir de então, somente os Juízes Togados. Em razão disso, a própria emenda constitucional se viu obrigada a alterar a denominação dos órgãos, até então denominados de “Juntas de Conciliação e Julgamento”, pois não havia mais órgão colegiado e esta denominação não teria mais cabimento. Daí a denominação de “Varas do Trabalho”. Dessa forma, o juiz, após aprovação no concurso público, será nomeado “Juiz do Trabalho Substituto”, que auxilia os juízes titulares, cobrindo estes nas suas férias e em eventuais impedimentos, sendo promovido a juiz titular através de critérios de merecimento ou antiguidade. 3.3.1. Inaplicação do Princípio da Identidade Física do Juiz O art. 132 do antigo CPC de 1973 determinava a figura do “juiz certo”, baseado no princípio da “identidade física do Juiz”, segundo o qual o juiz que instruiu a ação deveria julgá-la. O dispositivo foi suprimido no CPC/15, levantando debates entre ou doutrinadores civilistas sobre a permanência da regra enquanto princípio. Tal princípio tem razão em existir, pois, o Juiz que instruiu o processo, inquirindo testemunhas, tomando depoimentos pessoais, certamente estará mais familiarizado com a ação, saberá quando determinada pessoa teve dúvidas nas respostas, etc. No entanto, no processo do trabalho esta figura não subsiste, podendo o Juiz Substituto julgar um processo que foi instruído pelo DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 12 Juiz Titular ou vice-versa, em contemplação ao princípio da informalidade e celeridade processual. 3.3.2. Juiz de direito Nas localidades em que não existam Varas do Trabalho, ou sua abrangência não se estender aquela localidade, os juízes de direito terão competência para apreciar e julgar as lides trabalhistas (art. 112 da CF e 668 da CLT). Contudo, o eventual recurso deverá ser direcionado ao respectivo TRT. Instalada a Vara do Trabalho cessa imediatamente a competência do juiz de direito em matéria trabalhista (Súmula 10, STJ). QUESTÕES: 1. (FCC – 2006 - TRT PE –Técnico Judiciário) São órgãos da Justiça do Trabalho: (A) a Procuradoria da Justiça do Trabalho, os Juízes do Trabalho, os Tribunais Federais do Trabalho e o Tribunal Superior do Trabalho. (B) os Juízes do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho e o Superior Tribunal de Justiça. (C) a Delegacia Regional do Trabalho, os Juízes do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho e o Tribunal Superior do Trabalho. (D) os Juízes do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho, o Tribunal Superior do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho. (E) os Juízes do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho e o Tribunal Superior do Trabalho. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 13 4. COMPETÊNCIA: 4.1. INTRODUÇÃO É a medida, o limite, o fracionamento da jurisdição; é a divisão dos trabalhos perante os órgãos encarregados do exercício da função jurisdicional. De forma simples, saber a competência de um juiz significa verificar quais espécies de causas ele terá incumbência de solucionar (Leone Pereira). 5. COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO (em razão da matéria – ex ratione materiae) 5.1. Ampliação da Competência: relação de trabalho A competência material da Justiça do Trabalho está prevista no art. 114 da Constituição Federal, que foi alterado pela EC 45/2004, provocando uma verdadeira ampliação de sua competência. Com isso, a Justiça do Trabalho adquiriu competência material para não só julgar controvérsias entre empregado e empregadores (relação de emprego), como, inclusive, os conflitos oriundos do trabalho (relação de trabalho). Observe-se que o art. 114 da CF substituiu a expressão “trabalhadores e empregadores” por “ações oriundas da relação de trabalho”. Assim, a Justiça do Trabalho continua competente para julgar os litígios entre empregados e empregadores, mas agora, adquire a competência para julgar os litígios oriundos da relação de trabalho. Convém lembrar que o “emprego”é espécie do gênero “trabalho”. Dessa forma, pode-se dizer que todo empregado é um trabalhador, mas nem todo trabalhador é empregado. Ex.: Representante comercial autônomo, que antes EC 45/04 postulava seus direitos na Justiça Comum, DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 14 passou, a partir da emenda, a ter seus litígios apreciados pela Justiça do Trabalho. Confira a competência material da Justiça do Trabalho com uma leitura atenta do art. 114 da Constituição Federal: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II - as ações que envolvam exercício do direito de greve; III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. Ressalvas importantes: a. Funcionários Públicos estatutários Os funcionários públicos estatutários nunca foram de competência da Justiça do Trabalho. Todavia, foi atribuída à Justiça do Trabalho esta competência após a EC 45/2004. Conquanto o texto Constituição Federal, no seu art. 114, inciso I, destaque claramente que os funcionários públicos estatutários passariam ser de competência da Justiça do Trabalho, o presidente do STF, à época, Min. Nelson Jobim, restabeleceu, desde o dia 27/01/2005, por liminar, a competência da Justiça Federal para julgar as relações estatutárias. A liminar foi concedida na ADIn 3395-6, movida pela AJUFE com efeito ex tunc (retroativo). DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 15 A competência dos funcionários públicos estatutários é: Funcionário Público Municipal Vara da Fazenda Pública do Município Funcionário Público Estadual Vara da Fazenda Pública Estadual Funcionário Público Federal Justiça Federal OBS.: se for funcionário público celetista a competência é da Justiça do Trabalho. ATENÇÃO: É importante frisar ainda que, caso haja mudança de regime celetista para estatutário haverá imediata extinção do contrato, fluindo prazo da prescrição bienal a partir de então, conforme sumulado pelo TST: Súmula nº 382 do TST - MUDANÇA DE REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO CONTRATO. PRESCRIÇÃO BIENAL (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 128 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança de regime. (ex-OJ nº 128 da SBDI-1 - inserida em 20.04.1998) b. Profissionais Liberais (ex.: advogado – honorários advocatícios): Parte-se do pressuposto de que, para que o advogado receba os seus honorários advocatícios de seu cliente ele deve ter “trabalhado”, logo estaríamos diante de uma relação de trabalho, onde a competência seria da Justiça do Trabalho, diante da redação do art. 114 da CF. Todavia, embora haja muita discussão no campo doutrinário a respeito do assunto, não é esse o entendimento majoritário da jurisprudência. O STJ editou a súmula 363, definindo que a cobrança de honorários de profissionais liberais deve ser feita na Justiça Comum, e não na Justiça do Trabalho. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 16 O STJ justifica o entendimento sumulado alegando que em tais casos (ex.: honorários advocatícios) estaríamos diante de uma relação de consumo e não de uma relação de trabalho. No campo doutrinário surgem as seguintes questões: 1ª) A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar relação de consumo? 2ª) A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação de cobrança de honorários advocatícios? As duas indagações são polêmicas no âmbito doutrinário, valendo destaque, a este respeito, as obras dos professores Carlos Henrique Bezerra Leite e Mauro Schiavi, que divergem em seus posicionamentos. Assim como o professor Mauro Schiavi, não concordamos com posição do STJ, porém, por segurança dos estudos e para efeito de exame de ordem deve ser entendido que a competência para julgar ações de cobrança de honorários de profissionais liberais é da Justiça Comum, atualmente. c. Acidente de Trabalho Em 29/06/2005 (logo após EC 45), o STF decidiu que compete a Justiça do Trabalho julgar as ações de dano moral e material decorrente de acidente de trabalho. O TST se alinhou a decisão do supremo editando a súmula 392: Súmula nº 392 do TST. DANO MORAL E MATERIAL. RELAÇÃO DE TRABALHO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO (redação alterada em sessão do Tribunal Pleno realizada em 27.10.2015) - Res. 200/2015, DEJT divulgado em 29.10.2015 e 03 e 04.11.2015 Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 17 ações de indenização por dano moral e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de acidente de trabalho e doenças a ele equiparadas, ainda que propostas pelos dependentes ou sucessores do trabalhador falecido. Embora a questão tenha sido duramente discutida em um passado recente, atualmente, não existem dúvidas de que a competência para julgar os pedidos de indenização decorrentes de acidentes de trabalho fatal (que resulta morte) formulados por dependentes da vítima (cônjuge, filho, outros) é da Justiça do Trabalho. É o que a doutrina denomina “dano moral em ricochete” (ou “reflexo”), que “é o dano que reflete em pessoa que tem convivência muito próxima, ou laços afetivos com a vítima do dano” (SCHIAVI, 2016, p. 292). d. Conflitos de representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores. Todas estas demandas são de competência da Justiça do Trabalho. O Conflito entre sindicatos é uma das raríssimas hipóteses em que teremos duas pessoas jurídicas litigando na Justiça do Trabalho. Este conflito entre sindicatos acontece muito em detrimento do princípio da unicidade sindical. Exemplo: invasão de base territorial onde já existe sindicato. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 18 QUESTÕES: 1. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar I. as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores. II. a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam diretaou indiretamente interessados. III. os conflitos e atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União. IV. as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho. Está correto o que consta em a) I e IV, apenas. b) I, II, III e IV. c) I e III, apenas. d) I, apenas. e) II e IV, apenas. 2. (TRT 3ª Região – 2014 - Juiz do Trabalho) Um servidor público admitido sob o regime da CLT em 03.10.1980, teve seu vínculo transformado para o regime estatutário, por força da Lei n. 8.112, de 11.12.1990. Ingressou com ação perante a Justiça do Trabalho em 19.12.1993, com vínculo ainda vigente, reivindicando horas extras de todo o período. Nos exatos termos das súmulas e orientações jurisprudenciais da SBDI-1 do TST, é correto afirmar: a) A Justiça do Trabalho é incompetente para examinar o feito. b) A Justiça do Trabalho é competente para examinar o feito quanto às parcelas do período regido pela CLT, operando-se a prescrição total. c) A Justiça do Trabalho é competente para examinar as pretensões de todo o período, operando-se a prescrição apenas das verbas anteriores a 19.12.1988. d) A Justiça do Trabalho é competente para examinar as parcelas do período regido pela CLT, operando-se a prescrição apenas das verbas anteriores a 19.12.1988. e) A Justiça do Trabalho é competente para examinar as pretensões de todo o período, não se operando qualquer prescrição. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 19 6. COMPETÊNCIA TERRITORIAL (em razão do lugar – ex ratione loci) Fixa o foro em que ação deve ser proposta. No CPC, a regra é que a ação seja proposta no domicilio do réu (art. 46, NCPC). Isso não ocorre, regra geral, no processo do trabalho, já que o art. 651 da CLT diz que a competência do foro para dirimir as questões trabalhistas é o local da prestação de serviços. Assim, sendo o empregado autor ou réu, a ação deverá ser proposta no local da prestação de serviço, não importando o local da contratação do obreiro. Conquanto tenhamos isso como regra, os parágrafos do art. 651 da CLT trazem três exceções a respeito do tema, são elas: a. Empregado Agente ou Viajante comercial Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, neste caso a competência territorial observará a duas regras sucessivas (art. 651, §1º da CLT): 1ª regra – será competente a Vara da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado; 2ª regra – se não existir agência ou filial, será competente a Vara da localização em que o empregado tenha domicilio ou Vara da localidade mais próxima de seu domicilio. b. Empregado brasileiro que trabalha no estrangeiro O §2º do art. 651 da CLT estabelece outra exceção à regra de competência estudada, segundo a qual a competência territorial das Varas do Trabalho alcança as lides ocorridas em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro (nato ou naturalizado) e inexista convenção internacional dispondo em sentido contrário. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 20 Se houver tratado/convenção internacional dispondo em sentido contrário, valerá o referido tratado internacional. É importante distinguir os critérios de “direito material” e “direito processual”. O “direito processual” atribui as Varas do Trabalho competência para processar e julgar a demanda trabalhista. Contudo, no que se refere ao “direito material” aplicável ao caso, este obedecerá à legislação do país em que se deu a prestação de serviços (princípio da territorialidade). Ex.: Paulo é contratado no Brasil para trabalhar no Chile, o que de fato aconteceu. Paulo poderá propor a ação trabalhista no Brasil, mas a legislação aplicável será a do Chile. Nesse sentido, destaca-se a seguinte ementa: “TRABALHO NO PARAGUAI – LEGISLAÇÃO APLICÁVEL – SÚMULA 207/TST. Tendo o reclamante sido contratado no Brasil para prestar serviços exclusivamente no Paraguai, é competente esta Justiça Especializada para apreciar o feito, nos termos do artigo 651, §2º da CLT. Contudo, a relação jurídica havida entre as partes é inteiramente regulada pela legislação paraguaia, inclusive quanto aos elementos configuradores do contrato de trabalho, nos termos da Súmula n. 207/TST. (TRT9ªR. RO 10.580/98 – 3ª T. – Ac. 6.250/99 – Rel. Juiz Altino Pedrozo dos Santos – DJPR 26.03.99). Vale ressaltar que a súmula 207 do TST, mencionada no julgado, foi cancelada pelo TST, permitindo ao interprete entender pela aplicação da legislação material mais favorável. Quanto à Vara do Trabalho competente para julgar a ação, alguns entendem a da sede ou filial da empresa no Brasil ou do local da contratação antes do empregado ir para o exterior. Se a empresa não tiver sede ou filial no Brasil, temos duas posições: 1ª) Sérgio Pinto Martins/ Mauro Schiavi: haverá impossibilidade da propositura da ação, pois não será possível sujeitá-la a decisão de nossos tribunais. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 21 2ª) Carlos Henrique Bezerra Leite: mostra-se perfeitamente possível a notificação do empregador por carta rogatória, sendo competente a Vara do Trabalho, por aplicação analógica do art. 21, I e II do NCPC. c. Empresa que promove atividade fora do lugar da celebração do contrato (art. 651, §3º, CLT) Neste caso o empregado tem a faculdade de ajuizar a ação no local da prestação de serviços ou no local da contratação. Ex.: atividades circenses, feiras agropecuárias, motoristas de ônibus de linhas intermunicipais, etc. 6.1. Inexistência de Foro de eleição no processo do trabalho O Código Civil, no art. 78, admite que as partes, nos contratos escritos, especifiquem o domicílio onde para reclamação dos direitos. No processo do trabalho inexiste o denominado foro de eleição, pois, isto prejudicaria em demasia o empregado, que é a parte hipossuficiente na relação. 6.2. Prorrogação da competência A incompetência territorial é relativa, não podendo ser declarada de ofício (OJ 149, SDI-2, TST), tendo que ser requerida pelo interessado pelo interessado no primeiro momento processual de sua manifestação, mediante “exceção de incompetência”. Sendo assim, se não houver este requerimento, a competência se prorroga, podendo o juiz, que inicialmente seria incompetente, julgar a demanda. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 22 Em resumo, competência territorial (ou em razão do lugar) é RELATIVA, pois prevista no interesse da parte, não podendo o juiz declará- la de ofício. Caso não arguida pela parte interessada (reclamada) no prazo oportuno PRORROGA-SE a competência. A arguição de incompetência territorial deve ser feita através de exceção de incompetência, conforme art. 799 da CLT (mesmo após o CPC/15). Já, a competência material é ABSOLUTA, podendo ser alegada pela parte através de preliminar de contestação, admitindo-se a declaração de ofício pelo juiz, sendo, portanto, improrrogável. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 23 7. DISSÍDIOS Dissídio na acepção do termo, tem significado de “desavença”, “lide”. Assim, podemosdizer que os dissídios se consubstanciam nas ações, demandas trabalhistas. São eles: 7.1. DISSÍDIOS INDIVIDUAIS a. Dissídio Individual Simples: um só reclamante. b. Dissídio Individual Plúrimo: pluralidade de reclamantes (chamado no processo civil de litisconsórcio ativo). Sua diferença básica para com o dissídio coletivo não diz respeito ao número de reclamantes, pois, como vimos, o dissídio individual plúrimo contém, necessariamente, mais de um reclamante, mas, sim, diz respeito ao pleito. O pedido no dissídio individual é pessoal, enquanto no dissídio coletivo, o pedido diz respeito a uma categoria. c. Dissídio Individual Especial: descrito no art. 853 da CLT, é o inquérito judicial para afastar o empregado estável por justa causa. Hoje ainda é utilizado, pois mesmo após o encerramento da estabilidade decenal, com a CF/88, substituída pelo regime do FGTS (o empregado deixou de ter estabilidade por tempo de serviço), temos empregados que têm direito adquirido (obviamente, aqueles que não optaram pelo novo sistema) e dirigentes sindicais, que também tem estabilidade. Assim, se o empregado estável comete alguma falta grave ensejadora da ruptura contratual por justa causa, não poderá haver demissão imediata. O empregador deverá suspender o empregado e, dentro de 30 dias (prazo decadencial), o inquérito terá que ser proposto para que a Justiça do Trabalho apure a falta grave e, se configurada, é ela que, por sentença, “demite o empregado por justa causa”. Nesses dissídios cada parte poderá se fazer valer da oitiva de até seis testemunhas em audiência. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 24 Aqui as partes não são chamadas de “reclamante” e “reclamado”, mas “requerente” e “requerido”. Os estes dissídios individuais têm competência originária nas Varas do Trabalho. 7.2. DISSÍDIOS COLETIVOS É aquele que envolve interesses de uma coletividade. Ex.: bancários pedem a redução de jornada e/ou aumento salarial. Referidos dissídios atuam abstratamente, pois são ações de pessoas indeterminadas, de categorias. Não há necessidade de procuração de cada pessoa. O sindicato é que atua como substituto processual. São duas as espécie de dissídios coletivos: a) Dissídios Coletivos de natureza econômica: o mais comum – é aquele em que a Justiça determina o reajuste salarial; b) Dissídios Coletivos de natureza jurídica: são os que não firmam novas convicções, e, sim, servem somente para interpretar normas coletivas. As partes, nos dissídios coletivos, são denominadas de “suscitante” e “suscitado”. Em regra, a competência originária desses dissídios pertence aos TRT’s, porém, como já visto, os TRT’s tem jurisdição sob a sua determinada região. Por isso as demandas devem ser propostas no Tribunal competente daquela região. Pode ocorrer, no entanto, que existam categorias que abrangem mais de uma região, como por exemplo, os dissídios de órgãos federais, como o Banco do Brasil, Petrobrás, etc. Se isso ocorrer, a competência originária desses dissídios passará a ser do TST, que, claramente, tem jurisdição sob todo território nacional. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 25 A decisão que resolve o conflito coletivo de trabalho recebe o nome de “sentença normativa”. A possibilidade de a Justiça do Trabalho criar normas coletivas de trabalho é chamada de “Poder Normativo”, conforme previsão no art. 114, §2º da CF. ATENÇÃO: §2º 114 DO ART. 114 DA CF – “COMUM ACORDO”. É CONSTITUCIONAL? DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 26 8. DOS RITOS PROCESSUAIS TRABALHISTAS: Conforme ensina Carlos Henrique Bezerra Leite, temos dois tipos de procedimentos: - Procedimento comum, que se subdivide em Ordinário, Sumário e Sumaríssimo. - Procedimento especial, que é adotado para ações especiais previstas na própria CLT, como inquérito judicial para apuração de falta grave, o dissídio coletivo e a ação de cumprimento. Trabalharemos nesse momento com o procedimento comum: 8.1. Procedimento Comum Ordinário - Rito Ordinário: Esse procedimento é o mais usual no processo do trabalho, suas regras estão previstas no artigo 837 ao artigo 852 da CLT. O referido procedimento é destinado às causas cujo valor é superior a 40 salários mínimos, uma vez que, sendo inferior a 40 salários mínimos e superior a dois salários mínimos deverá se sujeitar ao procedimento sumaríssimo e, sendo inferior a dois salários mínimos, ao procedimento sumário (rito de alçada). Lamentavelmente, também tramitará por este rito, independentemente do valor atribuído à causa, as demandas em que é parte a Administração pública direta, autárquica e fundacional, conforme prevê o art. 852-A, parágrafo único, da CLT. Ainda, vale frisar que, tendo em vista que o rito sumaríssimo não permite a citação por edital, as demandas que necessitarem desse tipo de expediente deverão ser propostas pelo rito ordinário. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 27 8.2. Procedimento Comum Sumário - Rito Sumário: O rito sumário, também conhecido como “rito de alçada”, encontra previsão na Lei nº 5.584/70, art. 2º, §§3º e 4º. A finalidade do presente rito é dar maior celeridade processual e efetividade para as algumas causas. O referido rito aplica-se para as causas cujo valor não exceda dois salários mínimos. Não há possibilidade de recursos, salvo se versar sobre matéria constitucional, quando caberá recurso extraordinário (art. 102 da CF). Assim, por este rito as ações são decidias em instância única. Admite-se, no entanto, a oposição de embargos de declaração, caso estejam presentes as hipóteses legais previstas no art. 897-A da CLT. O presente procedimento está em desuso dada a dificuldade de que a reclamação trabalhista possua valor inferior aos dois salários mínimos. Vale observar que parte doutrina sustenta a inexistência do rito sumário, sob argumento de que a sua Lei 5.585/70 teria sido revogada pela Lei 9957/2000, regulamenta o rito sumaríssimo. Outra parte da doutrina, defendida por Mauro Schiavi, Estevão Mallet e Carlos Henrique Bezerra Leite, com a qual concordamos, defendem que o rito sumário não foi revogado. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 28 8.3. Procedimento Comum Sumaríssimo - Rito Sumaríssimo: A Lei nº. 9.957/2000 acrescentou os artigos 852-A e seguintes à CLT que, a partir de então, passou a contar com letras, dispondo sobre o procedimento sumaríssimo na Justiça do Trabalho. Desta forma, com intuito de acelerar as demandas trabalhistas, referido procedimento foi instituído, e a petição precisa observar os seguintes requisitos: a) Demanda até 40 salários mínimos (mais de dois salários mínimos), art. 852-A da CLT; b) Pedido deverá ser certo, determinado e líquido (art. 852-B, I, da CLT); Obs.: CERTO é a pretensão, o objeto (ex.: horas extras); DETERMINADO é a providência jurídica solicitada; é delimitação qualitativa e quantitativa do pedido; (ex.: condenar a reclamada ao pagamento de 50 horas extras, com adicional de 50%), é uma providência necessária para evitar pedido genérico. Frise-se, contudo, que o pedido certo e determinado é requisito de qualquer ação e não somente daqueles submetidos ao procedimento em estudo. LÍQUIDO é a indicação do valor correspondenteao pedido formulado. ATENÇÃO: Esta previsão de que o pedido deve ser líquido é uma exigência somente do rito sumaríssimo. Todavia, a partir da entrada em vigor da Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista), todas as reclamações trabalhistas deverão conter pedido certo, determinado e LÍQUIDO, independentemente do rito processual. c) Está excluída desde procedimento os órgãos da Administração pública direta, autárquica e fundacional – art. 852-A, parágrafo único, da CLT; Obs.: estão fora dessa limitação (exclusão) os órgão da administração indireta, ou seja, as empresas pública e as sociedades de economia mista. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 29 d) Só é permitido em dissídios individuais (simples ou plúrimo), vedado em dissídio coletivo; e) não é admitida citação por edital, incumbindo ao Reclamante a correta indicação do nome e do endereço do reclamado (ART. 852-B, II, da CLT). Obs.: se a parte não liquidar o pedido, o que a partir da Lei 13.467/2017 valerá para todos os ritos, entendemos ser incabível a concessão de prazo para a emenda da inicial prevista no art. 321 do NCPC - prática esta que vem sendo usada com frequência pelos magistrados -, pois não há que se falar em aplicação subsidiária do CPC em razão de não haver omissão da CLT já que seu art. 852-B, §1º, determina o arquivamento da ação: Art. 852-B [...] §1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste artigo importará no arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa. A tese acima ganha ainda mais força com a edição do §3º do art. 840 da CLT (inserida pela Lei 13.467/2017), que prevê: Art. 840. [...] § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante. § 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo serão julgados extintos sem resolução do mérito. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 30 Obs.3.: Por este rito processual o processo será instruído e julgado em audiência única, salvo nas hipóteses do §1º do art. 852-H da CLT. As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência de comunicação (art. 852-B, CLT). Outras peculiaridades do rito sumaríssimo serão estudadas mais adiante. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 31 9. PETIÇÃO INICIAL (“RECLAMAÇÃO TRABALHISTA”) A petição inicial é prevista no art. 840 da CLT. No entanto, em razão de algumas omissões (lacunas) para a elaboração da peça, não havendo incompatibilidade com os princípios que norteiam o processo do trabalho, aplica-se o art. 319 do NCPC, pelo que dispõe o artigo 769 da CLT e art. 15 do NCPC. Estudaremos os requisitos da petição inicial trabalhista com vistas na prova prática do Exame da Ordem, pautando-se por regras de extrema cautela na sua elaboração. 9.1. Requisitos da petição inicial trabalhista CLT. Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo (1), a qualificação das partes (2), a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio (3), o pedido (4), que deverá ser certo, determinado e com a indicação de seu valor, a data (5) e a assinatura do reclamante ou de seu representante (6). (alterado pela Lei 13.467/2017). § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que couber, o disposto no § 1º deste artigo. (alterado pela Lei 13.467/2017). § 3º - Os pedidos que não atendam o disposto no § 1º deste artigo serão julgados extintos sem resolução do mérito. (incluído pela Lei 13.467/2017). Assinalados em “azul” as alterações/inclusões feitas pela Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista). OBS.: O §1º do dispositivo informa os requisitos da petição inicial trabalhista: 1. Designação do juízo; 2. qualificação das partes; 3. Breve exposição dos fatos de que resulte o pedido; 4. Pedido (que agora além de CERTO e DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 32 DETERMINADO deverá ser LÍQUIDO em qualquer rito processual); 5. Data e; 6. Assinatura do reclamante ou de seu representante. OBS.: Com a exigência de que cada pedido deve apresentar o seu correspondente valor, consequentemente, o valor da causa deverá corresponder à soma desses pedidos. CPC. Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. São requisitos da petição inicial trabalhista: A. DESIGNAÇÃO DO JUÍZO: é feita através do endereçamento. Será endereçada à Vara do Trabalho ou ao órgão judiciário (TRT ou TST) para a qual a ação se dirige. O julgador será denominado “Juiz do Trabalho”, não é “Juiz Federal” ou sequer “Juiz de Direito”. Para efeitos de exame de ordem, só deve ser indicado o local se o problema trouxer a informação de onde o serviço foi prestado, o que deve ser feito de acordo com as regras de competência territorial já estudada. Exemplo: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz do Trabalho da ____ Vara do Trabalho de _______________. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 33 B. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES: a CLT exige que as partes sejam qualificadas. Contudo, diferentemente do que prevê o art. 319 do CPC, a CLT não informa os detalhes mínimos dessa qualificação. Por questão de estrema cautela, e na medida do possível, deve-se tentar qualificar da forma mais completa possível. A qualificação do reclamante deve conter: nome completo, estado civil, a existência de união estável (aplicando, por cautela, o art. 319, NCPC) nacionalidade, profissão, nome da mãe, data de nascimento, número do RG e do CPF, CTPS (número e série) e PIS, endereço eletrônico (aplicando, por cautela, o art. 319 do NCPC), bem como, o endereço completo, com CEP. A qualificação do reclamado deverá conter: o nome completo e CPF, em se tratando de pessoa física, ou razão social e CNPJ, endereço eletrônico (aplicando, por cautela, o art. 319, NCPC), se pessoa jurídica, endereço completo com CEP, já que a citação inicial é feita, em regra, via postal (Súmula 16 do TST). Conforme destaca Jorge Luiz Souto Maior, “o reclamante, na petição inicial, tem o dever de se identificar e o de identificar o reclamado, fornecendo os dados necessários para a localização sua e do reclamado”. C. BREVE EXPOSIÇÃO DOS FATOS DE QUE RESULTE O PEDIDO (“causa de pedir”):Iniciamos este tópico sempre com os dados do contrato de trabalho, para em seguida, adentrarmos aos pleitos. Assim, obrigatoriamente deverão constar: a) data de admissão; b) data da rescisão (se houver); c) motivo da rescisão; d) salário (último); e) jornada de trabalho; f) outras informações pertinentes ao pedido que se pretende elaborar. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 34 Não é necessário apresentar a fundamentação jurídica de cada pedido (“do direito”), ante a redação simplista do art. 840 da CLT que menciona ser necessário apenas “a breve exposição dos fatos de que resulta o pedido”, o que também está de acordo com os princípios da informalidade e jus postulandi. D. PEDIDO: o pedido decorre, necessariamente, daquilo que foi suscitado na breve exposição dos fatos. Obs.: ainda que na conclusão do parágrafo sobre a “breve exposição dos fatos” tenha se efetuado os correspondentes pedidos, estes devem ser repetidos, em seguida, pois tudo aquilo que foi objeto dos fatos tem que estar em conexão com o pedido. Os pedidos deverão ser CERTOS, DETERMINADOS e, após a entrada em vigor da Lei 13.467/2017, devem ser LIQUIDOS, em todos os ritos processuais (o pedido “liquido” deixou de ser uma exigência apenas do rito sumaríssimo). D1. Cumulação de pedidos: O art. 327 do NCPC permite a cumulação de pedidos, no mesmo processo e contra o mesmo réu, desde que obedecidos os requisitos previstos em seus parágrafos. CPC. Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. O referido dispositivo é comumente aplicável ao processo trabalho, pois, as parcelas pleiteadas, em regra, derivam do mesmo contrato de trabalho. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 35 D2. Pedido Alternativo: Previsto no art. 326, parágrafo único, do NCPC e aplicável ao processo do trabalho, ante a omissão da CLT e a sua compatibilidade com os princípios trabalhistas. Art. 326. (...) Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles. Segundo Nelson Nery Junior, o “Pedido alternativo é aquele que versa sobre obrigação alternativa do réu”. Um exemplo de pedido alternativo muito utilizado no Processo do Trabalho é o pedido de adicional de insalubridade ou periculosidade. D3. Pedido sucessivo ou subsidiário: Prevê o artigo 326, caput, do NCPC: É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior. Também é aplicável ao processo do trabalho, sendo muito comum nas hipóteses de estabilidade provisória no emprego em que se postula a reintegração e, sucessivamente (ou subsidiariamente), caso já transcorrido o prazo da estabilidade, a indenização decorrente do período. E. DATA: “Local e data”; F. ASSINATURA: do reclamante ou do representante; DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 36 Conquanto não conste no artigo 840 da CLT outros requisitos, é importante observar na petição inicial trabalhista o seguinte: G. PROVAS: aplicando-se subsidiariamente o art. 319, VI do CPC, recomenda-se, por cautela, o protesto por provas em que se pretende produzir; H. NOTIFICAÇÃO (“CITAÇÃO”): não é um requisito da petição inicial, pois deixou de constar do CPC de 2015. Em virtude da citação ser feita inicialmente pela Justiça do Trabalho pelos Correios (Súmula 16 do TST), a denominação correta a ser utilizada é "NOTIFICAÇÃO", pois não há fé pública, fato este que só ocorreria se a citação fosse feita por Oficial de Justiça. I. VALOR DA CAUSA: é a expressão econômica dos pedidos formulados pelo reclamante na inicial. O valor da causa é indispensável para a apuração do rito (procedimento) processual a ser seguido na demanda: se será o rito Sumário (Lei nº 5.584/70), Sumaríssimo (Lei nº 9.957/2000) ou Ordinário (CLT). Assim, conquanto não esteja previsto expressamente no art. 840 da CLT, a doutrina majoritária já entende que o valor da causa é indispensável na petição inicial trabalhista, aplicando-se, por analogia o CPC, ante a omissão (da CLT) e compatibilidade. A nova redação do art. 840 da CLT (alterado pela Lei 13467/17) não previu expressamente o “valor da causa” como requisito, mas ao prever que todos os pedidos devem ser líquidos, acaba contendo implicitamente a necessidade de informar o valor da causa, já que este deve representar a soma dos pedidos elaborados. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 37 TRABALHO CASO: Amâncio foi contratado pela empresa Berolo S/A, em 01/01/2014, para trabalhar na função de auxiliar de produção, todavia, o seu contrato de trabalho só foi anotado na CTPS em 01/01/2015. A contratação se deu em Sorocaba (SP), local onde os serviços sempre foram executados. Amâncio trabalha com horário de trabalho das 8h até as 16h, de segunda à sexta-feira, com 45 minutos de intervalo intrajornada. Em razão da crise enfrentada pelo seguimento da empresa Berolo S/A o reclamante não recebeu os salários dos últimos três meses. Como advogado de Amâncio formule a reclamação trabalhista elaborando os pedidos necessários. OBS.: A elaboração da peça deve levar em consideração os termos da Lei 13.467/2017, como se já estivesse vigente. Regras do trabalho: individual; entrega no dia da prova (prazo fatal); manuscrito; valendo até 1,0 ponto na prova NP1;
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