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1. MATERIAL DE APOIO PROC CONHECIMENTO IIES 8SEMESTRE

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 
PROFESSOR ADEILSON JOSÉ DE FREITAS JÚNIOR 
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1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 
São princípios peculiares do Direito Processual do Trabalho: 
1.1. PRINCÍPIO DA CELERIDADE: impõe que os atos sejam praticados o 
mais rápido possível. Isto porque, o processo do trabalho envolve interesses 
alimentares, sendo, sem dúvida, o ramo mais social dentre todos do direito, 
diferentemente, por exemplo, do direito processual civil, que envolve 
direitos patrimoniais, conquanto igualmente sociais sejam as questões ali 
dirimidas. 
1.2. PRINCÍPIO DA GRATUIDADE: no processo do trabalho as custas só 
serão recolhidas após o trânsito em julgado (ou antes disso se houver 
recurso), pelo vencido. Mas se o reclamante, vencido, não puder suportar o 
encargo, a lei confere ao magistrado a possibilidade de isentá-lo das custas. 
1.3. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO (TUTELAR): consiste na interpretação 
mais benéfica ao trabalhador. Assegura a superioridade jurídica ao 
trabalhador em face de sua inferioridade econômica. 
Segundo o ministro Maurício Godinho Delgado o princípio da 
proteção visa “Reequilibrar, juridicamente, a relação desigual vivenciada na 
prática cotidiana da relação de emprego”. 
No processo civil, parte-se do pressuposto que as partes são 
iguais. No processo do trabalho, parte-se do pressuposto que as partes são 
desiguais, necessitando o empregado da proteção da lei. 
Portanto, não é a Justiça do Trabalho que tem cunho 
paternalista ao proteger o trabalhador, ou o juiz que sempre pende para o 
lado do empregado, mas a lei que assim o determina. Assim, protecionista é 
o sistema adotado pela lei. 
Em caso de dúvida de interpretação aplica-se o princípio 
protecionista: “in dubio pro misero” ou “in dubio pro operário”. 
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1.4. PRINCÍPIO DA ECONOMIA: aqui a economia não está ligada ao 
dinheiro. O que se prega é a economia instrumental, ou seja, dos atos a 
serem praticados no curso do processo. O juiz deve impedir diligências 
desnecessárias e inúteis, cuidando, porém, para não cercear o direito de 
defesa. Ex.: reclamações trabalhistas plúrimas. 
1.5. PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI: é o direito assegurado às partes, 
num processo trabalhista, de atuar sem patrocínio de advogado, conforme 
regra do art. 791, CLT. 
É importante destacar que, o NCPC, no seu artigo 103, impõe 
que as partes, como regra, poderão ingressar em juízo com a presença de 
advogado. Além disso, a Constituição Federal, em seu art. 133 informa que “o 
advogado é indispensável à administração da justiça”. A Lei 8.906/94 (Estatuto 
da OAB), considerava a postulação em qualquer juízo atividade privativa da 
advocacia. 
Em razão disso, uma corrente minoritária questionou a 
constitucionalidade do art. 791 da CLT, porém, a questão restou sepultada com 
o julgamento da ADIN 1.127 proposta pela AMB (Associação dos Magistrados 
do Brasil), na qual o STF julgou inconstitucional a expressão “qualquer” 
constante do art. 1º, inciso I, da Lei 8.906/94. 
ATENÇÃO: O TST firmou entendimento de que o jus postulandi somente 
prevalecerá nas instâncias ordinárias (Varas do Trabalho e nos TRT’s), não 
sendo aplicável no TST, onde as partes devem se fazer representar por 
advogado. Além disso, a regra do jus postulandi não se aplica a ação 
rescisória, ação cautelar e mandado de segurança, conforme Súmula 425 
do TST. 
Súmula nº 425 do TST 
JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. 
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-
se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não 
alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de 
segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do 
Trabalho. 
 
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1.6. PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL: está ligado ao interesse do Estado na 
solução do litígio. O Judiciário não atuará em conflito sem provocação, porém, 
após a propositura da ação, ao Estado cabe perseguir a verdade e apurar os 
fatos. Para tanto, não há necessidade da parte peticionar requerendo 
providências do juiz a todo instante, posto que caberá a este, impulsionar de 
ofício o processo, executando os atos necessários ao extermínio do conflito. 
1.7. PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE: significa, em tese, que o processo do 
trabalho é menos burocrático do que o processo comum. Especialmente diante 
da existência do jus postulandi, o processo do trabalho deve ser mais simples, 
para isso deve ser menos formal, tornando-se acessível ao leigo. Assim, há 
extrema simplificação das peças processuais, não ocorrendo rigidez na 
declaração de inépcia. Exemplo: petição inicial e contestação verbal (art. 840 e 
846 da CLT). 
1.8. PRINCÍPIO DA ORALIDADE: impõe o uso e a prevalência da palavra oral 
à escrita, com manifestações orais e sumárias em audiência, pelas partes e 
pelo próprio juiz do trabalho. Ex.: leitura da reclamação (art. 847, CLT); defesa 
oral em 20 minutos (art. 847, CLT); razões finais orais em 10 minutos (art. 850, 
CLT); protestos em audiência (art. 795, CLT), dentre outros. 
1.9. PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO: significa que, na medida do possível, 
todos os atos devem ser praticados numa só oportunidade, concentrando-se os 
atos em uma audiência única, conhecida na prática como “audiência UNA” 
(tentativa de conciliação + instrução + julgamento). Há uma concentração de 
atos contínuos, tais como: leitura da petição inicial, proposta de conciliação; 
defesa; provas orais; razões finais; sentença. 
O princípio da concentração é uma regra no procedimento sumaríssimo, já que 
o art. 852-C da CLT determina a realização de audiência única para as 
demandas que tramitam neste rito. 
Já, no procedimento ordinário, boa parte dos juízes vem adotando a praxe de 
dividir a audiência em três partes (audiência de conciliação, audiência de 
instrução e audiência de julgamento), realizando a audiência única somente em 
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casos que envolvam matéria exclusivamente de direito ou que dependam 
apenas de prova documental. 
 
2. FONTE SUBSIDIÁRIA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 
Não existe um “Código de Processo do Trabalho”, cabendo a 
CLT o tratamento do direito material e processual do trabalho. 
A própria CLT, em seu artigo 769, autoriza a utilização da 
legislação processual comum como fonte subsidiária do direito processual do 
trabalho. 
Observe-se que não se trata apenas da possibilidade de 
aplicação subsidiária do CPC, mas de qualquer norma processual comum, ou 
seja, o próprio CPC, o CDC, a Lei do Mandado de Segurança, etc. 
Esta aplicação subsidiária do processo comum (CPC e demais 
leis processuais) só é possível com o preenchimento de dois requisitos: 
1º) Omissão (lacunas); 
2º) Compatibilidade com os princípios do processo do trabalho. 
Isso significa que, havendo omissão na CLT, devemos aplicar 
o direito processual comum (CPC e demais normas processuais), desde que 
haja compatibilidade com os princípios que norteiam o processo do trabalho. 
Temos aqui o Princípio da Subsidiariedade! 
Em resumo, quando a CLT for omissa na sua parte de direito 
processual, por força do seu art. 769, aplica-se o direito processual comum 
(ex.: CPC), desde que haja compatibilidade com os princípios de Direito 
Processual do Trabalho. 
Temos outros importantes princípios de direito processual do 
trabalho, que serão estudados dentro de conteúdos específicos. 
 
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2.1. APLICAÇÃO SUPLETIVA DO CPC NO PROCESSO DO TRABALHO 
Tivemos uma inovação no CPC/15, que em seu art. 15 passou 
a prever: 
"Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, 
trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código 
lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente". 
 
Muito se questionou, e ainda se questiona, se o art. 15 do 
NCPC havia revogado o art. 769 da CLT. Todavia, prevalece o entendimento 
de que não houve a referida revogação. A este respeito, o TST se manifestou 
através da Instrução Normativa nº 39/2016 confirmando que não houve 
revogação do art. 769 da CLT. 
O art. 15 do CPC/15 levanta outras questões, como: o que é 
aplicação supletiva? Qual a diferença entre aplicação supletiva e 
subsidiária? 
Bem, em primeiro lugar, é importante ressaltar que tais 
questões, como já era de esperar, encontram algumas discussões na doutrina, 
todavia, prevalece o entendimento de que os conceitos de aplicação subsidiária 
e supletiva são distintos. 
Seguindo os ensinamentos de SCHIAVI (2016, p. 156): 
- Aplicação SUPLETIVA: significa aplicar o CPC, quando apesar da lei 
processual trabalhista disciplinar o instituto, não for completa. Em outras 
palavras, significa a possibilidade de aplicação do CPC para complementar ou 
dar efetividade a uma norma processual trabalhista existente, desde que haja 
compatibilidade com os princípios que regem do processo do trabalho. 
Exemplos: hipótese de impedimento e suspeição do juiz que são 
mais completas no CPC, mesmo estando disciplinada no art. 802 da 
CLT; ônus da prova previsto no CPC, já que o art. 818 da CLT que 
trata dessa mesma matéria é muito enxuto e não resolve todos os 
problemas (Obs.: A L. 13.467/2017 melhora a redação do art. 818, 
CLT); 
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- Aplicação SUBSIDIÁRIA: significa aplicar o CPC quando a CLT e as leis 
processuais trabalhistas extravagantes não disciplinarem determinado instituto 
processual. Em outras palavras, significa a possibilidade de aplicar o CPC 
diante de um vazio legal ou uma omissão integral da legislação trabalhista, 
desde que haja compatibilidade com os princípios processuais trabalhistas. 
Exemplos: Tutelas provisórias (urgência e evidência); ação 
rescisória; ordem preferencial de penhora; hipóteses legais de 
impenhorabilidade; Aplicação da Lei do Mandado de Segurança, etc. 
 
3. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO 
De acordo com o artigo 111 da CF/88, os órgãos da Justiça do 
Trabalho são: 
► o Tribunal Superior do Trabalho (TST); 
►os Tribunais Regionais do Trabalho (TRT’s); 
►os juízes do trabalho. 
Assim, a Justiça do Trabalho é dividida em três graus de 
jurisdição: o TST (terceiro grau), os TRT’s (segundo grau) e os juízes do 
trabalho (primeiro grau – exercendo a jurisdição nas Varas do Trabalho). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juízes do Trabalho 
(Varas do Trabalho) 
TRT’s 
TST 
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3.1. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO 
O TST surgiu e 1946, ano em que a Justiça do Trabalho foi 
integrada ao Poder Judiciário. 
O Tribunal Superior do Trabalho encontra-se sediado em 
Brasília, sendo o órgão jurisdicional de mais elevado nível da Justiça do 
Trabalho, é a instância suprema trabalhista, com jurisdição em todo 
território nacional. 
O TST possui 27 ministros, escolhidos entre brasileiros com 
mais de 35 e menos de 65 anos de idade, nomeados pelo Presidente da 
República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal (art. 
111-A, da CF, acrescentado pela EC 45/2004). 
Da totalidade de ministros que compõe o TST, deverá ser 
observada a regra do quinto constitucional em relação aos membros do 
Ministério Público do Trabalho (MPT) e membros da OAB, sendo o restante 
escolhido (pelo TST) entre os juízes de carreira dos TRT’s (art. 111-A, I e II da 
CF). 
Obs: só poderão participar do quinto constitucional advogados com mais de 
dez anos de efetiva atividade profissional e membros do MPT com mais 
de dez anos de efetivo exercício. 
A escolha pelo quinto constitucional ocorre da seguinte 
forma: 
1º) é apresentada ao TST uma lista sêxtupla, elaborada pela OAB e MPT, 
indicando os nomes; 
2º) recebida as indicações, o TST formará uma lista tríplice, que será 
encaminhada ao chefe do Poder Executivo; 
3º) recebida a lista tríplice pelo chefe do Executivo, este terá prazo de 20 dias 
para escolher dentre os três nomes; 
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4º) O escolhido é sabatinado, e, se aprovado pelo Senado, ele será nomeado 
pelo Presidente da República. 
Os magistrados do TST recebem o título constitucional de 
“ministros”, conforme ocorre em todos os tribunais superiores. 
Para desenvolver as suas atribuições o TST atua por meio de 
seus órgãos: TURMAS, SEÇÃO ESPECIALIZADA EM DISSÍDIOS 
INDIVIDUAIS (dividida em SBDI-I e SBDI-II), SEÇÃO ESPECIALIZADA EM 
DISSÍDIOS COLETIVOS (SDC), ÓRÃO ESPECIAL e TRIBUNAL PLENO. 
ÓRGÃOS DO TST ATRIBUIÇÃO 
TURMAS 
(Há no TST 08 Turmas julgadoras. Cada 
uma composta de 03 ministros) 
Analisar recursos de revista, agravos, agravos 
de instrumento, agravos regimentais, e recursos 
ordinários em ação cautelar. 
SBDI-I Subseção I Especializada 
em Dissídios Individuais 
(composta por 14 ministros – o quórum 
mínimo é de 08 ministros) 
É o órgão revisor das decisões das turmas e 
unificador da jurisprudência do TST. Além de 
julgar agravos regimentais e recursos de 
embargos contra decisões divergentes das 
Turmas ou destas que divirjam de entendimento 
da SDI, de OJ ou de Súmula. 
SBDI-II Subseção II Especializada 
em Dissídios Individuais 
(composta por 10 ministros – o quórum 
mínimo é de 06 ministros) 
Entre as suas atribuições estão o julgamento de 
ações rescisórias, MS, ações cautelares, HC, 
conflitos de competência, recursos ordinários e 
agravos de instrumento. 
SDC Seção Especializada em 
Dissídios Coletivos 
(Composta por 09 ministros – quórum 
mínimo de 05 ministros); 
Julga Dissídios coletivos de natureza, recursos 
contra decisões dos TRT’s em dissídios 
coletivos, embargos infringentes e agravo de 
instrumento, além de revisão de suas próprias 
sentenças e homologação das conciliações 
feitas nos dissídios coletivos. 
ÓRGÃO ESPECIAL 
(Composto por 17 ministros - o quórum 
para funcionamento é de 08 ministros) 
Entre outros, trata da disponibilidade ou 
aposentadoria de magistrado, escolhe os juízes 
dos TRT’s para substituir ministros em 
afastamentos superiores a 30 dias, julga MS 
contra atos de ministros do TST e recursos 
contra decisão em matéria de concurso para a 
magistratura do trabalho e contra decisões do 
corregedor-geral da Justiça do Trabalho. 
TRIBUNAL PLENO 
(Formado por todos os ministros da Corte) 
Cabe ao Pleno, entre outras, dar posse aos 
membros eleitos para cargo de direção e aos 
ministros nomeados para o Tribunal. Além 
disso, é no Pleno que são votadas as súmulas 
do TST. 
Fonte: TST 
O art. 95, parágrafo único, inciso V, da Constituição 
Federal proíbe que o juiz exerça a advocacia no juízo ou tribunal do qual se 
afastou, antes de decorridos três anos do desligamento do cargo por 
aposentadoria ou exoneração. Assim, o ministro do TST que aposenta ou é 
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exonerado não poderá exercer a advocacia pelo prazo de três anos perante o 
próprio TST. 
 
 
3.2. TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO 
Da mesma forma que o TST, em 1946, quando a Justiçado 
Trabalho foi integrado no Poder Judiciário, surgiram os TRT’s. 
Compostos somente de juízes togados (ante a extinção dos 
juízes classistas), que, neste órgão, podem ser aqueles concursados ou então 
chamados pelo quinto constitucional, que são membros do MPT e 
advogados, na forma do artigo 94 da CF. 
O TRT se compõe por turmas e cada turma é composta por 
cinco juízes, mas destes somente três atuam em cada processo (relator, 
revisor e presidente, que só vota em caso de empate, salvo se a questão for 
pertinente à constitucionalidade de leis ou atos do poder público). 
A nomeação dos juízes que compõem os TRT’s é feita pelo 
Presidente da República, seu número varia conforme o volume de processos 
examinados pelo Tribunal. Contudo, de acordo com o artigo 115 da 
Constituição Federal, deverá ter no mínimo 07 juízes, recrutados, quando 
possível na mesma região, e nomeados pelo Presidente da República dentre 
brasileiros com mais de 30 e menos de 65 anos de idade. 
As vagas são preenchidas por juízes de carreira, advogados e 
membro Ministério Público do Trabalho. 
Um quinto deverá ser proveniente de membros do MPT e de 
advogados. Ambos deverão ter mais de dez anos de carreira ou militância, 
sendo que os últimos deverão ter notório saber jurídico e reputação ilibada. 
 
 
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3.2.1. Tribunais Regionais do Trabalho no Brasil 
O art. 112 da Constituição de 1988 previa a existência de pelo 
menos um TRT em cada Estado da Federação e no Distrito Federal. Após a 
EC 45/04 suprimiu-se essa obrigação. 
Nos termos do artigo 674 da CLT, o território nacional está 
dividido em vinte e quatro regiões, portanto, temos 24 TRT’s, distribuídos da 
seguinte forma: 
TRT SEDE JURISDIÇÃO 
1ª Região Rio de Janeiro Rio de Janeiro 
2ª Região São Paulo Grande São Paulo (capital; área 
metropolitana e baixada santista). 
3ª Região Belo Horizonte Minas Gerais 
4ª Região Porto Alegre Rio Grande do Sul 
5ª Região Salvador Bahia 
6ª Região Recife Pernambuco 
7ª Região Fortaleza Ceará 
8ª Região Belém Pará e Amapá 
9ª Região Curitiba Paraná 
10ª Região Brasília Distrito Federal 
11ª Região Manaus Amazonas e Roraima 
12ª Região Florianópolis Santa Catarina 
13ª Região João Pessoa Paraíba 
14ª Região Porto Velho Rondônia e Acre 
15ª Região Campinas Atua na área não abrangida pelo 
TRT da 2ª Região, no Estado de SP. 
16ª Região São Luis Maranhão 
17ª Região Vitória Espirito Santo 
18ª Região Goiânia Goiás 
19ª Região Maceió Alagoas 
20ª Região Aracajú Sergipe 
21ª Região Natal Rio Grande do Norte 
22ª Região Teresina Piauí 
23ª Região Cuiabá Mato Grosso 
24ª Região Campo Grande Mato Grosso do Sul 
 
Verifica-se que o Estado de São Paulo é o único com dois 
Tribunais Regionais, o TRT da 2ª Região e o TRT da 15ª Região. 
 
 
 
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3.3. VARAS DO TRABALHO 
Órgão de primeiro grau na Justiça do Trabalho, as Varas do 
Trabalho foram instituídas pela EC 24/99. 
Antigamente, tínhamos as “Juntas de Conciliação”, que eram 
compostas de um Juiz Togado (bacharel em direito e aprovado em concurso), 
e dois Juízes classistas, que eram indicados por sindicatos de classe e 
nomeado pelo presidente do TRT competente ou pelo Presidente da República. 
A EC 24/99 extinguiu a representação classista em todos os 
níveis de jurisdição da Justiça do Trabalho, permanecendo, a partir de então, 
somente os Juízes Togados. Em razão disso, a própria emenda 
constitucional se viu obrigada a alterar a denominação dos órgãos, até então 
denominados de “Juntas de Conciliação e Julgamento”, pois não havia mais 
órgão colegiado e esta denominação não teria mais cabimento. Daí a 
denominação de “Varas do Trabalho”. 
Dessa forma, o juiz, após aprovação no concurso público, será 
nomeado “Juiz do Trabalho Substituto”, que auxilia os juízes titulares, 
cobrindo estes nas suas férias e em eventuais impedimentos, sendo promovido 
a juiz titular através de critérios de merecimento ou antiguidade. 
 
3.3.1. Inaplicação do Princípio da Identidade Física do Juiz 
O art. 132 do antigo CPC de 1973 determinava a figura do 
“juiz certo”, baseado no princípio da “identidade física do Juiz”, segundo o 
qual o juiz que instruiu a ação deveria julgá-la. O dispositivo foi suprimido no 
CPC/15, levantando debates entre ou doutrinadores civilistas sobre a 
permanência da regra enquanto princípio. Tal princípio tem razão em existir, 
pois, o Juiz que instruiu o processo, inquirindo testemunhas, tomando 
depoimentos pessoais, certamente estará mais familiarizado com a ação, 
saberá quando determinada pessoa teve dúvidas nas respostas, etc. 
No entanto, no processo do trabalho esta figura não 
subsiste, podendo o Juiz Substituto julgar um processo que foi instruído pelo 
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Juiz Titular ou vice-versa, em contemplação ao princípio da informalidade e 
celeridade processual. 
 
3.3.2. Juiz de direito 
Nas localidades em que não existam Varas do Trabalho, ou 
sua abrangência não se estender aquela localidade, os juízes de direito terão 
competência para apreciar e julgar as lides trabalhistas (art. 112 da CF e 668 
da CLT). Contudo, o eventual recurso deverá ser direcionado ao 
respectivo TRT. 
Instalada a Vara do Trabalho cessa imediatamente a 
competência do juiz de direito em matéria trabalhista (Súmula 10, STJ). 
 
QUESTÕES: 
1. (FCC – 2006 - TRT PE –Técnico Judiciário) São órgãos da Justiça do Trabalho: 
(A) a Procuradoria da Justiça do Trabalho, os Juízes do Trabalho, os Tribunais Federais do 
Trabalho e o Tribunal Superior do Trabalho. 
(B) os Juízes do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho e o Superior Tribunal de Justiça. 
(C) a Delegacia Regional do Trabalho, os Juízes do Trabalho, os Tribunais Regionais do 
Trabalho e o Tribunal Superior do Trabalho. 
(D) os Juízes do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho, o Tribunal Superior do 
Trabalho e o Ministério Público do Trabalho. 
(E) os Juízes do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho e o Tribunal Superior do 
Trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. COMPETÊNCIA: 
4.1. INTRODUÇÃO 
É a medida, o limite, o fracionamento da jurisdição; é a divisão 
dos trabalhos perante os órgãos encarregados do exercício da função 
jurisdicional. 
De forma simples, saber a competência de um juiz significa 
verificar quais espécies de causas ele terá incumbência de solucionar (Leone 
Pereira). 
 
5. COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO 
(em razão da matéria – ex ratione materiae) 
 
5.1. Ampliação da Competência: relação de trabalho 
A competência material da Justiça do Trabalho está prevista no 
art. 114 da Constituição Federal, que foi alterado pela EC 45/2004, 
provocando uma verdadeira ampliação de sua competência. 
Com isso, a Justiça do Trabalho adquiriu competência material 
para não só julgar controvérsias entre empregado e empregadores (relação de 
emprego), como, inclusive, os conflitos oriundos do trabalho (relação de 
trabalho). 
Observe-se que o art. 114 da CF substituiu a expressão 
“trabalhadores e empregadores” por “ações oriundas da relação de 
trabalho”. 
Assim, a Justiça do Trabalho continua competente para julgar 
os litígios entre empregados e empregadores, mas agora, adquire a 
competência para julgar os litígios oriundos da relação de trabalho. 
Convém lembrar que o “emprego”é espécie do gênero 
“trabalho”. Dessa forma, pode-se dizer que todo empregado é um trabalhador, 
mas nem todo trabalhador é empregado. Ex.: Representante comercial 
autônomo, que antes EC 45/04 postulava seus direitos na Justiça Comum, 
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passou, a partir da emenda, a ter seus litígios apreciados pela Justiça do 
Trabalho. 
Confira a competência material da Justiça do Trabalho com 
uma leitura atenta do art. 114 da Constituição Federal: 
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: 
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito 
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
II - as ações que envolvam exercício do direito de greve; 
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos 
e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; 
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o 
ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; 
V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, 
ressalvado o disposto no art. 102, I, o; 
VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da 
relação de trabalho; 
VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos 
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; 
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, 
I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; 
IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da 
lei. 
 
Ressalvas importantes: 
a. Funcionários Públicos estatutários 
Os funcionários públicos estatutários nunca foram de 
competência da Justiça do Trabalho. Todavia, foi atribuída à Justiça do 
Trabalho esta competência após a EC 45/2004. 
Conquanto o texto Constituição Federal, no seu art. 114, inciso 
I, destaque claramente que os funcionários públicos estatutários passariam ser 
de competência da Justiça do Trabalho, o presidente do STF, à época, Min. 
Nelson Jobim, restabeleceu, desde o dia 27/01/2005, por liminar, a 
competência da Justiça Federal para julgar as relações estatutárias. A 
liminar foi concedida na ADIn 3395-6, movida pela AJUFE com efeito ex tunc 
(retroativo). 
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A competência dos funcionários públicos estatutários é: 
Funcionário Público Municipal Vara da Fazenda Pública do Município 
Funcionário Público Estadual Vara da Fazenda Pública Estadual 
Funcionário Público Federal Justiça Federal 
 
OBS.: se for funcionário público celetista a competência é da Justiça do 
Trabalho. 
ATENÇÃO: É importante frisar ainda que, caso haja mudança de regime 
celetista para estatutário haverá imediata extinção do contrato, fluindo prazo 
da prescrição bienal a partir de então, conforme sumulado pelo TST: 
 
Súmula nº 382 do TST - MUDANÇA DE REGIME CELETISTA PARA 
ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO CONTRATO. PRESCRIÇÃO BIENAL 
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 128 da SBDI-1) - Res. 
129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 
A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica 
extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a 
partir da mudança de regime. (ex-OJ nº 128 da SBDI-1 - inserida em 
20.04.1998) 
 
 
b. Profissionais Liberais (ex.: advogado – honorários advocatícios): 
Parte-se do pressuposto de que, para que o advogado receba 
os seus honorários advocatícios de seu cliente ele deve ter “trabalhado”, logo 
estaríamos diante de uma relação de trabalho, onde a competência seria da 
Justiça do Trabalho, diante da redação do art. 114 da CF. 
Todavia, embora haja muita discussão no campo doutrinário a 
respeito do assunto, não é esse o entendimento majoritário da jurisprudência. 
O STJ editou a súmula 363, definindo que a cobrança de 
honorários de profissionais liberais deve ser feita na Justiça Comum, e não na 
Justiça do Trabalho. 
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O STJ justifica o entendimento sumulado alegando que em tais 
casos (ex.: honorários advocatícios) estaríamos diante de uma relação de 
consumo e não de uma relação de trabalho. 
No campo doutrinário surgem as seguintes questões: 
1ª) A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar relação de 
consumo? 
2ª) A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação de 
cobrança de honorários advocatícios? 
As duas indagações são polêmicas no âmbito doutrinário, 
valendo destaque, a este respeito, as obras dos professores Carlos Henrique 
Bezerra Leite e Mauro Schiavi, que divergem em seus posicionamentos. 
Assim como o professor Mauro Schiavi, não concordamos com 
posição do STJ, porém, por segurança dos estudos e para efeito de exame de 
ordem deve ser entendido que a competência para julgar ações de cobrança 
de honorários de profissionais liberais é da Justiça Comum, atualmente. 
 
c. Acidente de Trabalho 
Em 29/06/2005 (logo após EC 45), o STF decidiu que compete 
a Justiça do Trabalho julgar as ações de dano moral e material decorrente de 
acidente de trabalho. 
O TST se alinhou a decisão do supremo editando a súmula 
392: 
Súmula nº 392 do TST. DANO MORAL E MATERIAL. 
RELAÇÃO DE TRABALHO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO 
TRABALHO (redação alterada em sessão do Tribunal Pleno 
realizada em 27.10.2015) - Res. 200/2015, DEJT divulgado em 
29.10.2015 e 03 e 04.11.2015 
Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a 
Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar 
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ações de indenização por dano moral e material, 
decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas 
de acidente de trabalho e doenças a ele equiparadas, ainda 
que propostas pelos dependentes ou sucessores do 
trabalhador falecido. 
 
Embora a questão tenha sido duramente discutida em um 
passado recente, atualmente, não existem dúvidas de que a competência para 
julgar os pedidos de indenização decorrentes de acidentes de trabalho fatal 
(que resulta morte) formulados por dependentes da vítima (cônjuge, filho, 
outros) é da Justiça do Trabalho. É o que a doutrina denomina “dano moral 
em ricochete” (ou “reflexo”), que “é o dano que reflete em pessoa que tem 
convivência muito próxima, ou laços afetivos com a vítima do dano” (SCHIAVI, 
2016, p. 292). 
 
d. Conflitos de representação sindical, entre sindicatos, entre 
sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores. 
Todas estas demandas são de competência da Justiça do 
Trabalho. 
O Conflito entre sindicatos é uma das raríssimas hipóteses 
em que teremos duas pessoas jurídicas litigando na Justiça do Trabalho. 
Este conflito entre sindicatos acontece muito em detrimento do 
princípio da unicidade sindical. Exemplo: invasão de base territorial onde já 
existe sindicato. 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÕES: 
1. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar 
I. as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores e 
entre sindicatos e empregadores. 
II. a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente 
interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam 
impedidos ou sejam diretaou indiretamente interessados. 
III. os conflitos e atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou 
entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, 
ou entre as deste e da União. 
IV. as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos 
órgãos de fiscalização das relações de trabalho. 
Está correto o que consta em 
a) I e IV, apenas. 
b) I, II, III e IV. 
c) I e III, apenas. 
d) I, apenas. 
e) II e IV, apenas. 
 
 
2. (TRT 3ª Região – 2014 - Juiz do Trabalho) Um servidor público admitido sob o regime da 
CLT em 03.10.1980, teve seu vínculo transformado para o regime estatutário, por força da Lei 
n. 8.112, de 11.12.1990. Ingressou com ação perante a Justiça do Trabalho em 19.12.1993, 
com vínculo ainda vigente, reivindicando horas extras de todo o período. Nos exatos termos 
das súmulas e orientações jurisprudenciais da SBDI-1 do TST, é correto afirmar: 
a) A Justiça do Trabalho é incompetente para examinar o feito. 
b) A Justiça do Trabalho é competente para examinar o feito quanto às parcelas do período 
regido pela CLT, operando-se a prescrição total. 
c) A Justiça do Trabalho é competente para examinar as pretensões de todo o período, 
operando-se a prescrição apenas das verbas anteriores a 19.12.1988. 
d) A Justiça do Trabalho é competente para examinar as parcelas do período regido pela 
CLT, operando-se a prescrição apenas das verbas anteriores a 19.12.1988. 
e) A Justiça do Trabalho é competente para examinar as pretensões de todo o período, não se 
operando qualquer prescrição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6. COMPETÊNCIA TERRITORIAL (em razão do lugar – ex ratione loci) 
Fixa o foro em que ação deve ser proposta. 
No CPC, a regra é que a ação seja proposta no domicilio do 
réu (art. 46, NCPC). Isso não ocorre, regra geral, no processo do trabalho, já 
que o art. 651 da CLT diz que a competência do foro para dirimir as questões 
trabalhistas é o local da prestação de serviços. 
Assim, sendo o empregado autor ou réu, a ação deverá ser 
proposta no local da prestação de serviço, não importando o local da 
contratação do obreiro. 
Conquanto tenhamos isso como regra, os parágrafos do art. 
651 da CLT trazem três exceções a respeito do tema, são elas: 
 
a. Empregado Agente ou Viajante comercial 
Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, neste caso a 
competência territorial observará a duas regras sucessivas (art. 651, §1º da 
CLT): 
1ª regra – será competente a Vara da localidade em que a empresa tenha 
agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado; 
2ª regra – se não existir agência ou filial, será competente a Vara da 
localização em que o empregado tenha domicilio ou Vara da localidade 
mais próxima de seu domicilio. 
 
b. Empregado brasileiro que trabalha no estrangeiro 
O §2º do art. 651 da CLT estabelece outra exceção à regra de 
competência estudada, segundo a qual a competência territorial das Varas 
do Trabalho alcança as lides ocorridas em agência ou filial no 
estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro (nato ou naturalizado) e 
inexista convenção internacional dispondo em sentido contrário. 
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Se houver tratado/convenção internacional dispondo em 
sentido contrário, valerá o referido tratado internacional. 
É importante distinguir os critérios de “direito material” e “direito 
processual”. O “direito processual” atribui as Varas do Trabalho competência 
para processar e julgar a demanda trabalhista. Contudo, no que se refere ao 
“direito material” aplicável ao caso, este obedecerá à legislação do país em 
que se deu a prestação de serviços (princípio da territorialidade). 
Ex.: Paulo é contratado no Brasil para trabalhar no Chile, o que de fato 
aconteceu. Paulo poderá propor a ação trabalhista no Brasil, mas a legislação 
aplicável será a do Chile. 
Nesse sentido, destaca-se a seguinte ementa: 
“TRABALHO NO PARAGUAI – LEGISLAÇÃO APLICÁVEL – 
SÚMULA 207/TST. Tendo o reclamante sido contratado no Brasil 
para prestar serviços exclusivamente no Paraguai, é competente 
esta Justiça Especializada para apreciar o feito, nos termos do artigo 
651, §2º da CLT. Contudo, a relação jurídica havida entre as partes é 
inteiramente regulada pela legislação paraguaia, inclusive quanto aos 
elementos configuradores do contrato de trabalho, nos termos da 
Súmula n. 207/TST. (TRT9ªR. RO 10.580/98 – 3ª T. – Ac. 6.250/99 – 
Rel. Juiz Altino Pedrozo dos Santos – DJPR 26.03.99). 
 
Vale ressaltar que a súmula 207 do TST, mencionada no 
julgado, foi cancelada pelo TST, permitindo ao interprete entender pela 
aplicação da legislação material mais favorável. 
Quanto à Vara do Trabalho competente para julgar a ação, 
alguns entendem a da sede ou filial da empresa no Brasil ou do local da 
contratação antes do empregado ir para o exterior. 
Se a empresa não tiver sede ou filial no Brasil, temos duas 
posições: 
1ª) Sérgio Pinto Martins/ Mauro Schiavi: haverá impossibilidade da propositura 
da ação, pois não será possível sujeitá-la a decisão de nossos tribunais. 
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2ª) Carlos Henrique Bezerra Leite: mostra-se perfeitamente possível a 
notificação do empregador por carta rogatória, sendo competente a Vara do 
Trabalho, por aplicação analógica do art. 21, I e II do NCPC. 
 
c. Empresa que promove atividade fora do lugar da celebração do 
contrato (art. 651, §3º, CLT) 
Neste caso o empregado tem a faculdade de ajuizar a ação no 
local da prestação de serviços ou no local da contratação. 
Ex.: atividades circenses, feiras agropecuárias, motoristas de ônibus de linhas 
intermunicipais, etc. 
 
6.1. Inexistência de Foro de eleição no processo do trabalho 
O Código Civil, no art. 78, admite que as partes, nos contratos 
escritos, especifiquem o domicílio onde para reclamação dos direitos. 
No processo do trabalho inexiste o denominado foro de eleição, 
pois, isto prejudicaria em demasia o empregado, que é a parte hipossuficiente 
na relação. 
 
6.2. Prorrogação da competência 
A incompetência territorial é relativa, não podendo ser 
declarada de ofício (OJ 149, SDI-2, TST), tendo que ser requerida pelo 
interessado pelo interessado no primeiro momento processual de sua 
manifestação, mediante “exceção de incompetência”. Sendo assim, se não 
houver este requerimento, a competência se prorroga, podendo o juiz, que 
inicialmente seria incompetente, julgar a demanda. 
 
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Em resumo, competência territorial (ou em razão do lugar) é 
RELATIVA, pois prevista no interesse da parte, não podendo o juiz declará-
la de ofício. Caso não arguida pela parte interessada (reclamada) no prazo 
oportuno PRORROGA-SE a competência. A arguição de incompetência 
territorial deve ser feita através de exceção de incompetência, conforme art. 
799 da CLT (mesmo após o CPC/15). 
Já, a competência material é ABSOLUTA, podendo ser 
alegada pela parte através de preliminar de contestação, admitindo-se a 
declaração de ofício pelo juiz, sendo, portanto, improrrogável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. DISSÍDIOS 
Dissídio na acepção do termo, tem significado de “desavença”, 
“lide”. Assim, podemosdizer que os dissídios se consubstanciam nas ações, 
demandas trabalhistas. São eles: 
 
7.1. DISSÍDIOS INDIVIDUAIS 
 
a. Dissídio Individual Simples: um só reclamante. 
b. Dissídio Individual Plúrimo: pluralidade de reclamantes (chamado no 
processo civil de litisconsórcio ativo). 
Sua diferença básica para com o dissídio coletivo não diz 
respeito ao número de reclamantes, pois, como vimos, o dissídio individual 
plúrimo contém, necessariamente, mais de um reclamante, mas, sim, diz 
respeito ao pleito. O pedido no dissídio individual é pessoal, enquanto no 
dissídio coletivo, o pedido diz respeito a uma categoria. 
c. Dissídio Individual Especial: descrito no art. 853 da CLT, é o inquérito 
judicial para afastar o empregado estável por justa causa. Hoje ainda é 
utilizado, pois mesmo após o encerramento da estabilidade decenal, 
com a CF/88, substituída pelo regime do FGTS (o empregado deixou de 
ter estabilidade por tempo de serviço), temos empregados que têm 
direito adquirido (obviamente, aqueles que não optaram pelo novo 
sistema) e dirigentes sindicais, que também tem estabilidade. 
Assim, se o empregado estável comete alguma falta grave 
ensejadora da ruptura contratual por justa causa, não poderá haver demissão 
imediata. O empregador deverá suspender o empregado e, dentro de 30 dias 
(prazo decadencial), o inquérito terá que ser proposto para que a Justiça do 
Trabalho apure a falta grave e, se configurada, é ela que, por sentença, “demite 
o empregado por justa causa”. Nesses dissídios cada parte poderá se fazer 
valer da oitiva de até seis testemunhas em audiência. 
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Aqui as partes não são chamadas de “reclamante” e 
“reclamado”, mas “requerente” e “requerido”. 
Os estes dissídios individuais têm competência originária nas 
Varas do Trabalho. 
 
7.2. DISSÍDIOS COLETIVOS 
É aquele que envolve interesses de uma coletividade. Ex.: 
bancários pedem a redução de jornada e/ou aumento salarial. 
Referidos dissídios atuam abstratamente, pois são ações de 
pessoas indeterminadas, de categorias. Não há necessidade de procuração 
de cada pessoa. O sindicato é que atua como substituto processual. 
São duas as espécie de dissídios coletivos: 
a) Dissídios Coletivos de natureza econômica: o mais comum – é 
aquele em que a Justiça determina o reajuste salarial; 
b) Dissídios Coletivos de natureza jurídica: são os que não firmam 
novas convicções, e, sim, servem somente para interpretar normas 
coletivas. 
As partes, nos dissídios coletivos, são denominadas de 
“suscitante” e “suscitado”. 
Em regra, a competência originária desses dissídios pertence 
aos TRT’s, porém, como já visto, os TRT’s tem jurisdição sob a sua 
determinada região. Por isso as demandas devem ser propostas no Tribunal 
competente daquela região. 
Pode ocorrer, no entanto, que existam categorias que 
abrangem mais de uma região, como por exemplo, os dissídios de órgãos 
federais, como o Banco do Brasil, Petrobrás, etc. Se isso ocorrer, a 
competência originária desses dissídios passará a ser do TST, que, 
claramente, tem jurisdição sob todo território nacional. 
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A decisão que resolve o conflito coletivo de trabalho recebe o 
nome de “sentença normativa”. 
A possibilidade de a Justiça do Trabalho criar normas coletivas 
de trabalho é chamada de “Poder Normativo”, conforme previsão no art. 114, 
§2º da CF. 
 
ATENÇÃO: §2º 114 DO ART. 114 DA CF – “COMUM ACORDO”. É 
CONSTITUCIONAL? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8. DOS RITOS PROCESSUAIS TRABALHISTAS: 
Conforme ensina Carlos Henrique Bezerra Leite, temos dois 
tipos de procedimentos: 
- Procedimento comum, que se subdivide em Ordinário, 
Sumário e Sumaríssimo. 
- Procedimento especial, que é adotado para ações especiais 
previstas na própria CLT, como inquérito judicial para apuração de falta grave, 
o dissídio coletivo e a ação de cumprimento. 
Trabalharemos nesse momento com o procedimento comum: 
 
8.1. Procedimento Comum Ordinário - Rito Ordinário: 
Esse procedimento é o mais usual no processo do trabalho, 
suas regras estão previstas no artigo 837 ao artigo 852 da CLT. 
O referido procedimento é destinado às causas cujo valor é 
superior a 40 salários mínimos, uma vez que, sendo inferior a 40 salários 
mínimos e superior a dois salários mínimos deverá se sujeitar ao procedimento 
sumaríssimo e, sendo inferior a dois salários mínimos, ao procedimento 
sumário (rito de alçada). 
Lamentavelmente, também tramitará por este rito, 
independentemente do valor atribuído à causa, as demandas em que é parte a 
Administração pública direta, autárquica e fundacional, conforme prevê o 
art. 852-A, parágrafo único, da CLT. 
Ainda, vale frisar que, tendo em vista que o rito sumaríssimo 
não permite a citação por edital, as demandas que necessitarem desse tipo de 
expediente deverão ser propostas pelo rito ordinário. 
 
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8.2. Procedimento Comum Sumário - Rito Sumário: 
O rito sumário, também conhecido como “rito de alçada”, 
encontra previsão na Lei nº 5.584/70, art. 2º, §§3º e 4º. 
A finalidade do presente rito é dar maior celeridade 
processual e efetividade para as algumas causas. 
O referido rito aplica-se para as causas cujo valor não exceda 
dois salários mínimos. 
Não há possibilidade de recursos, salvo se versar sobre 
matéria constitucional, quando caberá recurso extraordinário (art. 102 da CF). 
Assim, por este rito as ações são decidias em instância única. 
Admite-se, no entanto, a oposição de embargos de declaração, 
caso estejam presentes as hipóteses legais previstas no art. 897-A da CLT. 
O presente procedimento está em desuso dada a dificuldade 
de que a reclamação trabalhista possua valor inferior aos dois salários 
mínimos. 
Vale observar que parte doutrina sustenta a inexistência do rito 
sumário, sob argumento de que a sua Lei 5.585/70 teria sido revogada pela Lei 
9957/2000, regulamenta o rito sumaríssimo. 
Outra parte da doutrina, defendida por Mauro Schiavi, Estevão 
Mallet e Carlos Henrique Bezerra Leite, com a qual concordamos, defendem 
que o rito sumário não foi revogado. 
 
 
 
 
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8.3. Procedimento Comum Sumaríssimo - Rito Sumaríssimo: 
A Lei nº. 9.957/2000 acrescentou os artigos 852-A e seguintes 
à CLT que, a partir de então, passou a contar com letras, dispondo sobre o 
procedimento sumaríssimo na Justiça do Trabalho. 
Desta forma, com intuito de acelerar as demandas trabalhistas, 
referido procedimento foi instituído, e a petição precisa observar os seguintes 
requisitos: 
a) Demanda até 40 salários mínimos (mais de dois salários mínimos), art. 
852-A da CLT; 
 
b) Pedido deverá ser certo, determinado e líquido (art. 852-B, I, da CLT); 
Obs.: CERTO é a pretensão, o objeto (ex.: horas extras); 
DETERMINADO é a providência jurídica solicitada; é delimitação 
qualitativa e quantitativa do pedido; (ex.: condenar a reclamada ao 
pagamento de 50 horas extras, com adicional de 50%), é uma 
providência necessária para evitar pedido genérico. Frise-se, contudo, 
que o pedido certo e determinado é requisito de qualquer ação e não 
somente daqueles submetidos ao procedimento em estudo. LÍQUIDO é 
a indicação do valor correspondenteao pedido formulado. 
ATENÇÃO: Esta previsão de que o pedido deve ser líquido é uma 
exigência somente do rito sumaríssimo. Todavia, a partir da entrada 
em vigor da Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista), todas as 
reclamações trabalhistas deverão conter pedido certo, determinado 
e LÍQUIDO, independentemente do rito processual. 
 
c) Está excluída desde procedimento os órgãos da Administração pública 
direta, autárquica e fundacional – art. 852-A, parágrafo único, da CLT; 
Obs.: estão fora dessa limitação (exclusão) os órgão da administração 
indireta, ou seja, as empresas pública e as sociedades de economia 
mista. 
 
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d) Só é permitido em dissídios individuais (simples ou plúrimo), vedado em 
dissídio coletivo; 
 
e) não é admitida citação por edital, incumbindo ao Reclamante a correta 
indicação do nome e do endereço do reclamado (ART. 852-B, II, da 
CLT). 
 
Obs.: se a parte não liquidar o pedido, o que a partir da Lei 13.467/2017 
valerá para todos os ritos, entendemos ser incabível a concessão de prazo 
para a emenda da inicial prevista no art. 321 do NCPC - prática esta que vem 
sendo usada com frequência pelos magistrados -, pois não há que se falar em 
aplicação subsidiária do CPC em razão de não haver omissão da CLT já que 
seu art. 852-B, §1º, determina o arquivamento da ação: 
Art. 852-B [...] 
§1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos 
incisos I e II deste artigo importará no arquivamento da 
reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o 
valor da causa. 
 
A tese acima ganha ainda mais força com a edição do §3º do art. 840 
da CLT (inserida pela Lei 13.467/2017), que prevê: 
Art. 840. [...] 
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação 
do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos 
de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, 
determinado e com indicação de seu valor, a data e a 
assinatura do reclamante ou de seu representante. 
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 
1o deste artigo serão julgados extintos sem resolução do 
mérito. 
 
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Obs.3.: Por este rito processual o processo será instruído e julgado em 
audiência única, salvo nas hipóteses do §1º do art. 852-H da CLT. 
As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de 
endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações 
enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência de comunicação (art. 
852-B, CLT). 
Outras peculiaridades do rito sumaríssimo serão estudadas 
mais adiante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9. PETIÇÃO INICIAL (“RECLAMAÇÃO TRABALHISTA”) 
A petição inicial é prevista no art. 840 da CLT. No entanto, em 
razão de algumas omissões (lacunas) para a elaboração da peça, não havendo 
incompatibilidade com os princípios que norteiam o processo do trabalho, 
aplica-se o art. 319 do NCPC, pelo que dispõe o artigo 769 da CLT e art. 15 
do NCPC. 
Estudaremos os requisitos da petição inicial trabalhista com 
vistas na prova prática do Exame da Ordem, pautando-se por regras de 
extrema cautela na sua elaboração. 
 
9.1. Requisitos da petição inicial trabalhista 
CLT. Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. 
 
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a 
designação do juízo (1), a qualificação das partes (2), a breve 
exposição dos fatos de que resulte o dissídio (3), o pedido (4), 
que deverá ser certo, determinado e com a indicação de seu 
valor, a data (5) e a assinatura do reclamante ou de seu 
representante (6). (alterado pela Lei 13.467/2017). 
 
§ 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas 
vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, 
observado, no que couber, o disposto no § 1º deste artigo. 
(alterado pela Lei 13.467/2017). 
 
§ 3º - Os pedidos que não atendam o disposto no § 1º deste 
artigo serão julgados extintos sem resolução do mérito. 
(incluído pela Lei 13.467/2017). 
 Assinalados em “azul” as alterações/inclusões feitas pela Lei 
13.467/2017 (Reforma Trabalhista). 
 
 
OBS.: O §1º do dispositivo informa os requisitos da petição inicial trabalhista: 1. 
Designação do juízo; 2. qualificação das partes; 3. Breve exposição dos fatos 
de que resulte o pedido; 4. Pedido (que agora além de CERTO e 
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DETERMINADO deverá ser LÍQUIDO em qualquer rito processual); 5. Data e; 
6. Assinatura do reclamante ou de seu representante. 
 
 
OBS.: Com a exigência de que cada pedido deve apresentar o seu 
correspondente valor, consequentemente, o valor da causa deverá 
corresponder à soma desses pedidos. 
 
 
CPC. Art. 319. A petição inicial indicará: 
I - o juízo a que é dirigida; 
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união 
estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas 
Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço 
eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
IV - o pedido com as suas especificações; 
V - o valor da causa; 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos 
fatos alegados; 
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de 
conciliação ou de mediação. 
 
São requisitos da petição inicial trabalhista: 
A. DESIGNAÇÃO DO JUÍZO: é feita através do endereçamento. Será 
endereçada à Vara do Trabalho ou ao órgão judiciário (TRT ou TST) 
para a qual a ação se dirige. 
O julgador será denominado “Juiz do Trabalho”, não é “Juiz 
Federal” ou sequer “Juiz de Direito”. 
Para efeitos de exame de ordem, só deve ser indicado o local 
se o problema trouxer a informação de onde o serviço foi prestado, o 
que deve ser feito de acordo com as regras de competência territorial já 
estudada. 
Exemplo: 
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz do Trabalho da ____ Vara do Trabalho 
de _______________. 
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B. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES: a CLT exige que as partes sejam 
qualificadas. Contudo, diferentemente do que prevê o art. 319 do CPC, a 
CLT não informa os detalhes mínimos dessa qualificação. Por questão 
de estrema cautela, e na medida do possível, deve-se tentar qualificar 
da forma mais completa possível. 
A qualificação do reclamante deve conter: nome completo, 
estado civil, a existência de união estável (aplicando, por cautela, o art. 
319, NCPC) nacionalidade, profissão, nome da mãe, data de 
nascimento, número do RG e do CPF, CTPS (número e série) e PIS, 
endereço eletrônico (aplicando, por cautela, o art. 319 do NCPC), bem 
como, o endereço completo, com CEP. 
A qualificação do reclamado deverá conter: o nome completo 
e CPF, em se tratando de pessoa física, ou razão social e CNPJ, 
endereço eletrônico (aplicando, por cautela, o art. 319, NCPC), se 
pessoa jurídica, endereço completo com CEP, já que a citação inicial é 
feita, em regra, via postal (Súmula 16 do TST). 
Conforme destaca Jorge Luiz Souto Maior, “o reclamante, na 
petição inicial, tem o dever de se identificar e o de identificar o 
reclamado, fornecendo os dados necessários para a localização sua e 
do reclamado”. 
 
C. BREVE EXPOSIÇÃO DOS FATOS DE QUE RESULTE O PEDIDO 
(“causa de pedir”):Iniciamos este tópico sempre com os dados do contrato de 
trabalho, para em seguida, adentrarmos aos pleitos. Assim, 
obrigatoriamente deverão constar: a) data de admissão; b) data da 
rescisão (se houver); c) motivo da rescisão; d) salário (último); e) jornada 
de trabalho; f) outras informações pertinentes ao pedido que se pretende 
elaborar. 
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Não é necessário apresentar a fundamentação jurídica de cada 
pedido (“do direito”), ante a redação simplista do art. 840 da CLT que 
menciona ser necessário apenas “a breve exposição dos fatos de que 
resulta o pedido”, o que também está de acordo com os princípios da 
informalidade e jus postulandi. 
 
D. PEDIDO: o pedido decorre, necessariamente, daquilo que foi suscitado 
na breve exposição dos fatos. 
Obs.: ainda que na conclusão do parágrafo sobre a “breve exposição 
dos fatos” tenha se efetuado os correspondentes pedidos, estes devem 
ser repetidos, em seguida, pois tudo aquilo que foi objeto dos fatos tem 
que estar em conexão com o pedido. 
Os pedidos deverão ser CERTOS, DETERMINADOS e, após a 
entrada em vigor da Lei 13.467/2017, devem ser LIQUIDOS, em todos 
os ritos processuais (o pedido “liquido” deixou de ser uma exigência 
apenas do rito sumaríssimo). 
 
D1. Cumulação de pedidos: 
O art. 327 do NCPC permite a cumulação de pedidos, no 
mesmo processo e contra o mesmo réu, desde que obedecidos os requisitos 
previstos em seus parágrafos. 
CPC. Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra 
o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja 
conexão. 
O referido dispositivo é comumente aplicável ao processo 
trabalho, pois, as parcelas pleiteadas, em regra, derivam do mesmo contrato de 
trabalho. 
 
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D2. Pedido Alternativo: 
Previsto no art. 326, parágrafo único, do NCPC e aplicável ao 
processo do trabalho, ante a omissão da CLT e a sua compatibilidade com os 
princípios trabalhistas. 
Art. 326. 
(...) 
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, 
alternativamente, para que o juiz acolha um deles. 
 
Segundo Nelson Nery Junior, o “Pedido alternativo é aquele 
que versa sobre obrigação alternativa do réu”. 
Um exemplo de pedido alternativo muito utilizado no Processo 
do Trabalho é o pedido de adicional de insalubridade ou periculosidade. 
 
D3. Pedido sucessivo ou subsidiário: 
Prevê o artigo 326, caput, do NCPC: 
É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de 
que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior. 
Também é aplicável ao processo do trabalho, sendo muito 
comum nas hipóteses de estabilidade provisória no emprego em que se postula 
a reintegração e, sucessivamente (ou subsidiariamente), caso já 
transcorrido o prazo da estabilidade, a indenização decorrente do período. 
 
E. DATA: “Local e data”; 
 
F. ASSINATURA: do reclamante ou do representante; 
 
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Conquanto não conste no artigo 840 da CLT outros requisitos, 
é importante observar na petição inicial trabalhista o seguinte: 
 
G. PROVAS: aplicando-se subsidiariamente o art. 319, VI do CPC, 
recomenda-se, por cautela, o protesto por provas em que se pretende 
produzir; 
H. NOTIFICAÇÃO (“CITAÇÃO”): não é um requisito da petição inicial, pois 
deixou de constar do CPC de 2015. Em virtude da citação ser feita 
inicialmente pela Justiça do Trabalho pelos Correios (Súmula 16 do 
TST), a denominação correta a ser utilizada é "NOTIFICAÇÃO", pois 
não há fé pública, fato este que só ocorreria se a citação fosse feita por 
Oficial de Justiça. 
 
I. VALOR DA CAUSA: é a expressão econômica dos pedidos formulados 
pelo reclamante na inicial. 
O valor da causa é indispensável para a apuração do rito 
(procedimento) processual a ser seguido na demanda: se será o rito 
Sumário (Lei nº 5.584/70), Sumaríssimo (Lei nº 9.957/2000) ou Ordinário 
(CLT). 
Assim, conquanto não esteja previsto expressamente no art. 
840 da CLT, a doutrina majoritária já entende que o valor da causa é 
indispensável na petição inicial trabalhista, aplicando-se, por analogia o 
CPC, ante a omissão (da CLT) e compatibilidade. A nova redação do art. 
840 da CLT (alterado pela Lei 13467/17) não previu expressamente o 
“valor da causa” como requisito, mas ao prever que todos os pedidos 
devem ser líquidos, acaba contendo implicitamente a necessidade de 
informar o valor da causa, já que este deve representar a soma dos 
pedidos elaborados. 
 
 
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TRABALHO 
CASO: Amâncio foi contratado pela empresa Berolo S/A, em 01/01/2014, para 
trabalhar na função de auxiliar de produção, todavia, o seu contrato de trabalho 
só foi anotado na CTPS em 01/01/2015. A contratação se deu em Sorocaba 
(SP), local onde os serviços sempre foram executados. Amâncio trabalha com 
horário de trabalho das 8h até as 16h, de segunda à sexta-feira, com 45 
minutos de intervalo intrajornada. Em razão da crise enfrentada pelo 
seguimento da empresa Berolo S/A o reclamante não recebeu os salários dos 
últimos três meses. Como advogado de Amâncio formule a reclamação 
trabalhista elaborando os pedidos necessários. 
OBS.: A elaboração da peça deve levar em consideração os termos da Lei 
13.467/2017, como se já estivesse vigente. 
Regras do trabalho: individual; entrega no dia da prova (prazo fatal); 
manuscrito; valendo até 1,0 ponto na prova NP1;

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