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Disciplina: Mecânica dos Solos II Professor: Eduardo Rodrigues da Cunha 7º Período de Engenharia Civil 4ª Edição Disciplina: Mecânica dos Solos II Professor: Eduardo Rodrigues da Cunha º Período de Engenharia Civil 4ª Edição – Fevereiro 2011 Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 1 CESUBE – CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE UBERABA FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL MECÂNICA DOS SOLOS II Sejam bem-vindos ao 7º período do curso de Engenharia Civil. A matéria sobre Mecânica dos Solos II vem complementar os conhecimentos do período anterior, proporcionando-lhes o conhecimento das propriedades dos solos; quais sejam: a distribuição das cargas aplicadas sobre ele, a sua permeabilidade na presença de água, o seu recalque quando aplicadas cargas sobre ele e finalmente como verificar a resistência do solo ao incremento de cargas aplicadas sobre ele. São estas propriedades que garantirão a estabilidade e durabilidade de obras edificadas sobre o solo, ou com ele construídas, então, extremamente importantes o seu conhecimento. Neste período, a matéria está estruturada da seguinte maneira: • Distribuição das Tensões nos solos; • Hidráulica dos solos; • Compressibilidade e Adensamento dos solos; • Resistência ao cisalhamento. Observações importantes • Esta apostila estará em constante revisão com o seu uso; • Com o objetivo de tornar o estudo dos assuntos aqui abordados mais fáceis de serem entendidos, evitamos descrever ou comentar aqui os textos das normas de especificações dos materiais e de metodologias de ensaio, junto com a teoria pertinente. Para um melhor aproveitamento dos estudos o aluno deverá ter ao lado da apostila as normas impressas referente ao assunto abordado. Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 2 . Índice Capitulo I – DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES NOS SOLOS 1. Introdução ........................................................................................................... pág. 01 2. Tensões em um ponto ........................................................................................... pág. 01 2.1 Principio das tensões efetivas ............................................................................... pág. 04 3. Cálculo das tensões geostáticas ............................................................................ pág. 05 3.1 Calculo da tensão geostática vertical .................................................................... pág. 05 3.2 Uso do peso especifico submerso ......................................................................... pág. 06 3.3 Exemplo de aplicação ........................................................................................... pág. 06 3.4 Cálculo das tensões geostáticas horizontais ........................................................ pág. 08 4. Acréscimos de tensões devido a cargas aplicadas ............................................... pág. 08 4.1 Distribuição das tensões nos solos ....................................................................... pág. 08 4.2 Solução simplificada ou hipótese simples ........................................................... pág. 10 4.3 Soluções advindas da teoria da elasticidade ......................................................... pág. 11 4.3.1 Solução de Boussinesq – carga concentrada ........................................................ pág. 12 4.3.2 Solução de Westergaard – carga concentrada ...................................................... pág. 13 4.3.3 Carga uniforme sobre placa retangular de comprimento infinito ......................... pág. 14 4.3.3.1 Exemplo de aplicação .......................................................................................... pág. 16 4.3.4 Carregamento uniformemente distribuído sobre uma placa retangular ............... pág. 16 4.3.4.1 Exemplo de aplicação .......................................................................................... pág. 19 4.3.5 Carregamento uniformemente distribuído sobre uma placa circular ................... pág. 19 4.3.5.1 Exemplo de aplicação .......................................................................................... pág. 21 4.3.6 Carregamento triangular ....................................................................................... pág. 21 4.3.6.1 Gráfico de Carothers ............................................................................................ pág. 21 4.3.6.2 Gráfico de Osterberg ............................................................................................ pág. 22 4.3.6.3 Gráfico de Fadum ................................................................................................. pág. 23 4.3.7 Carregamento uniforme de qualquer forma- Solução de Newmark ..................... pág. 25 4.3.7.1 Exemplo de aplicação .......................................................................................... pág. 26 4.4 Bulbo de pressões ................................................................................................. pág. 28 4.4.1 Exemplo de aplicação .......................................................................................... pág. 30 Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 3 Capitulo II – HIDRÁULICA DOS SOLOS 1. Introdução ............................................................................................................. pág. 31 2. Aplicabilidade ....................................................................................................... pág. 31 3. Influência do fluxo de água nos solos ................................................................... pág. 32 4. Conservação da energia ......................................................................................... pág. 33 4.1 Forças de percolação ............................................................................................. pág. 34 5. Lei de Darcy .......................................................................................................... pág. 36 6. Coeficiente de permeabilidade dos solos .............................................................. pág. 38 7. Métodos para determinação da permeabilidade dos solos .................................... pág. 39 7.1 Correlações empíricas – método indireto .............................................................. pág. 39 7.2 Determinação através do ensaio de adensamento – método indireto .................... pág. 40 7.3 Determinação através de Permeâmetro de carga constante – método direto ........ pág. 40 7.4 Determinação através de Permeâmetro de carga variável – método direto .......... pág. 41 7.5 Ensaios de campo .................................................................................................. pág. 43 8. Fatores que influenciam no coeficiente de permeabilidade do solo ...................... pág. 44 8.1 Ordem de grandeza do coeficiente de permeabilidade ......................................... pág. 46 9. Ruptura hidráulica nos solos ................................................................................. pág. 46 9.1 Areia Movediça ..................................................................................................... pág. 47 9.2 Piping .....................................................................................................................pág. 49 10. Controle das forças de percolação ......................................................................... pág. 49 11. Filtros de proteção ................................................................................................. pág. 51 12. Capilaridade ........................................................................................................... pág. 54 12.1 Influência dos fenômenos capilares em obras com solos ...................................... pág. 57 Capitulo III – Compressibilidade e Adensamento dos Solos 1. Introdução .............................................................................................................. pág. 59 2. Compressibilidade dos solos ................................................................................. pág. 60 3. Ensaio de compressão confinada – edométrico ..................................................... pág. 62 3.1 Procedimento do ensaio de compressão confinada ............................................... pág. 64 3.2 Parâmetros iniciais ,,,,,,.......................................................................................... pág. 65 3.3 Índices de vazios final – ef .................................................................................... pág. 65 3.4 Resultados gráficos do ensaio de compressão confinada ...................................... pág. 65 3.5 Análise dos gráficos de um ensaio de compressão confinada ............................... pág. 66 Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 4 3.5.1 Interpretando trechos da curva de compressão em escala aritmética ................... pág. 66 3.5.2 Tensão de pré-adensamento- Gráfico semi-log .................................................... pág. 67 3.5.2.1Método de Casagrande .......................................................................................... pág. 68 3.5.2.2Método de Pacheco e Silva ................................................................................... pág. 68 3.6 Efeito do amolgamento da amostra ....................................................................... pág. 69 3.7 Determinação da condição de adensamento em que se encontra o solo ............... pág. 70 3.8 Parâmetros de compressibilidade .......................................................................... pág. 72 4. Cálculo do recalque primário ................................................................................ pág. 73 4.1 Cálculo do recalque primário através do Coeficiente de Compressibilidade ........ pág. 75 4.2 Cálculo do recalque primário através de variação volumétrica ............................ pág. 75 4.3 Cálculo do recalque primário através dos índices de compressão ........................ pág. 75 5. Adensamento dos solos ......................................................................................... pág. 76 5.1 Analogia mecânica do processo de adensamento de Terzaghi .............................. pág. 77 5.2 Teoria do adensamento 1-D de Terzaghi .............................................................. pág. 79 5.3 Grau ou porcentagem de adensamento ................................................................. pág. 84 5.4 Grau de acréscimos de tensão efetiva e Grau de dissipação da pressão neutra .... pág. 86 5.5 Grau de adensamento médio ................................................................................ pág. 86 5.5.1 Soluções aproximadas da equação de adensamento ............................................. pág. 89 5.6 Compressão secundária ......................................................................................... pág. 90 Capitulo IV – Resistência ao cisalhamento 1. Introdução ............................................................................................................. pág. 90 2. Resistência ao cisalhamento ................................................................................. pág. 91 3. Critério de ruptura de um solo .............................................................................. pág. 92 4. Tensões em um plano inclinado ........................................................................... pág. 93 4.1 Cálculo das tensões normal (σα) e tangencial (τα) em um plano α ....................... pág. 95 4.2 Análise gráfica de estado de tensões – Gráfico de Morh ..................................... pág. 98 5. Critério de ruptura de Mohr ................................................................................. pág. 100 5.1 Propriedades da envoltória de Mohr ................................................................... pág. 104 5.2 Tensões totais, efetivas e neutras ........................................................................ pág. 105 6. Teoria de Coulomb .............................................................................................. pág. 105 6.1 Forças de atrito .................................................................................................... pág. 105 6.2 Forças de coesão .................................................................................................. pág. 108 Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 5 7. Critério de ruptura Mohr-Coulomb ..................................................................... pág. 110 7.1 Condição analítica da Ruptura ............................................................................ pág. 111 7.2 Analise do estado de tensões no plano de ruptura ............................................... pág. 113 8. Ensaios para determinação da resistência do solo ............................................... pág. 114 Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 1 DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES NOS SOLOS 1. INTRODUÇÃO Como em todo material utilizado na engenharia, o solo, ao sofrer solicitações, irá se deformar, modificando o seu volume e forma iniciais. A magnitude das deformações apresentadas pelo solo irá depender não só de suas propriedades intrínsecas de deformabilidade (elásticas e plásticas), mas também do valor do carregamento a ele imposto. O conhecimento das tensões atuantes em um maciço de terra, sejam elas advindas do peso próprio ou em decorrência de carregamentos em superfície (ou até mesmo o alívio de cargas provocado por escavações) é de vital importância no entendimento do comportamento de praticamente todas as obras da engenharia geotécnica. Neste capítulo tratar-se-á da determinação ou previsão das pressões, aplicadas ou desenvolvidas em pontos do terreno, como resultado de um carregamento imposto, bem como as tensões existentes no maciço devido ao seu peso próprio, isto é, tensões geostáticas. Nos solos ocorrem tensões devidas ao seu peso próprio e às cargas externas aplicadas. Assim, o estado de tensões em cada ponto do maciço depende do peso próprio do terreno, da intensidade da força aplicada e da geometria da área carregada e a obtenção de sua distribuição espacial é normalmente feita a partir das hipóteses formuladas pela teoria da elasticidade, conforme será visto mais adiante. No caso de tensões induzidas pelo peso próprio das camadas de solo (tensões geostáticas) e superfície do terreno horizontal, a distribuição das tensões total, neutra e efetiva a uma dada profundidade é imediata, considerando-se apenas o peso do solo sobrejacente. 2. TENSÕES EM UM PONTO Um ponto, considerado nointerior de uma massa de solo, está sujeito a esforços em todas as direções (equilibradas por reações ocorrentes pela própria continuidade da massa). Assim o ponto estará em equilíbrio estável, instável ou incipiente (eminência da ruptura), dependendo da maior ou menor capacidade que a massa tem de absorver esforços (internos e/ou externos). Para o estudo das forças atuantes em um ponto O, por exemplo como mostra a Figura 1.1 (terreno horizontal), considerando apenas as forças devidas ao peso próprio dos solos, desprezando àquelas devido aos carregamentos externos, devemos analisá-las segundo direções específicas, isto é, devemos considerá-las como tensões agentes no ponto O traduzidas por esforços por unidade de área em direções definidas e determináveis (no caso, a resultante agirá segundo a direção da gravidade). Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 2 Figura 1.1 Tensões de um ponto no interior de uma massa de solo Assim, sabemos que a ação da componente do peso próprio do solo, agindo na direção da gravidade sobre um plano horizontal, terá seu valor absoluto, mas, sobre um plano inclinado (qualquer) em relação a sua direção é definida por duas componentes, uma normal a esse plano e outra tangencial ou contida no plano (a componente tangencial é que terá que ser equilibrada pela resistência interna). Para o caso da figura 1.1 em que o plano do terreno é horizontal não haverá componente tangencial e o esforço absoluto, age normal ao plano paralelo ao da superfície. Podemos definir um ponto O, como a intersecção de três planos ortogonais entre si. Figura 1.2 Planos ortogonais com intersecção em O Se tomarmos, nessa definição gráfica, o ponto no interior da massa, podemos agrupar os esforços que agem em torno do ponto, seguindo essas três direções consideradas. Assim, suas ações limitadas às resultantes com direções definidas seriam tensões ortogonais entre si, que agem, cada uma delas, normal a cada um dos planos sucessivamente. Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 3 As solicitações no ponto O serão definidas por um sistema tri-dimensional de tensões, representadas, por σ1, σ2 e σ3 (e suas respectivas reações pela continuidade da massa), contidas respectivamente no encontro de dois planos (traço desse encontro) e normal ao terceiro onde age integralmente. Se a orientação dos planos se der a partir do referencial horizontal, σ1 será uma tensão devida ao peso próprio dos solos e agirá normal a esse plano horizontal em toda sua intensidade. Não ocorrerão componentes tangenciais nesses planos e cada uma das tensões agirá, integralmente, sobre cada um dos planos que lhe são, sucessivamente normais. Nessa situação, as tensões serão denominadas tensões principais e os planos serão os planos principais de tensões. Temos a representação do ponto O com as tensões agentes e, seguindo a nomenclatura teremos para esse sistema tri-dimensional de tensões: • σ1 ⇒⇒⇒⇒ Tensão principal maior, agindo em valor absoluto sobre o plano principal maior, no caso horizontal; • σ2 ⇒⇒⇒⇒ Tensão principal intermediária, agindo normal ao plano principal intermediário; • σ3 ⇒⇒⇒⇒ Tensão principal menor, agindo sobre o plano principal menor. No caso dos solos, iremos considerar, dentro de um espaço semi-infinito (nas características dos horizontes) o solo como homogêneo e contínuo em todas as direções. Nessas características a elasticidade (reação da massa) será a mesma em todas as direções, dando-nos a condição particular de σ2 = σ3. Com essa condição reduzimos o sistema a uma condição bi-dimensional de tensões, onde teremos: σ1 ⇒ tensão principal maior agindo normal ao plano principal maior; σ3 ⇒ tensão principal menor agindo normal ao plano principal menor. Representando o ponto O como um cilindro infinitesimal, de acordo com a Figura 1.3, teremos o problema de análise das tensões a ser resolvido num sistema bi-dimensional de tensões ou sistema plano de tensões. É interessante observar que sendo a superfície do terreno horizontal, em qualquer profundidade “z”, a tensão principal maior σ1 terá como direção a vertical, a tensão principal menor σ3 à sua perpendicular, ou seja, a direção horizontal. Apesar de o solo constituir um sistema particulado, composto de três fases distintas (água, ar e partículas sólidas), e o conceito de tensão em um ponto advir da mecânica do contínuo, este tem sido utilizado com sucesso na prática geotécnica. Além disso, boa parte dos problemas em mecânica dos solos podem ser encarados como problemas de tensão ou de formação de planos. Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 4 Figura 1.3 Representação infinitesimal do ponto O. Direção das tensões principais. 2.1 O principio das tensões efetivas Postulado por Terzaghi, para o caso dos solos saturados, o princípio das tensões efetivas é uma função da tensão total (soma das tensões nas fases água e partículas sólidas) e da tensão neutra (denominada também de pressão neutra, é a pressão existente na fase água do solo), que governa o comportamento do solo em termos de deformação e resistência ao cisalhamento. Mostra-se experimentalmente que, para o caso dos solos saturados, o que governa o comportamento do solo em termos de resistência e deformabilidade é a diferença entre a tensão total e a pressão neutra, denominada então tensão efetiva. As tensões normais desenvolvidas em qualquer plano num maciço terroso, serão suportadas, parte pelas partículas sólidas e parte pela água. As tensões cisalhantes somente poderão ser suportadas pelas partículas sólidas. No caso dos solos saturados, uma parcela da tensão normal age nos contatos inter-partículas e a outra parcela atua na água existente nos vazios. Assim, a tensão total num plano será a soma da tensão efetiva, resultante das forças transmitidas pelas partículas, e da pressão neutra, dando origem a uma das relações mais importantes da Mecânica dos Solos, proposta por Terzaghi: ou onde; σ’ é a tensão efetiva do solo, σ é tensão total, u é a pressão neutra no ponto considerado. Devido a sua natureza de fluido, a pressão na fase água do solo não contribui para a sua resistência, sendo assim chamada de pressão neutra. Para visualizar um pouco melhor o efeito da água no solo imagine uma esponja colocada dentro de um recipiente com água suficiente para encobri-la (a esponja se encontra totalmente submersa). Se o nível de água for elevado no recipiente, a pressão total sobre a esponja aumenta, mas a esponja não se deforma. σ’ = σ – u σ = σ’ + u Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 5 Isto ocorre porque os acréscimos de tensão total são contrabalançados por iguais acréscimos na tensão neutra, de modo que a tensão efetiva permanece inalterada.3. CÁLCULO DAS TENSÕES GEOSTÁTICAS Conforme relatado anteriormente, as tensões no interior de um maciço de solo podem ser causadas por cargas aplicadas ao solo e pelo seu peso próprio. A distribuição destes estados de tensão ponto a ponto no interior do maciço obedece a um conjunto de equações diferenciais denominadas de equações de equilíbrio, de compatibilidade e as leis constitutivas do material, cuja resolução é geralmente bastante complicada. Mesmo a distribuição de tensões no solo devido ao seu peso próprio pode resultar em um problema mais elaborado. Existe, contudo, uma situação freqüentemente encontrada na Geotecnia, em que o peso do solo resulta em um padrão de distribuição de tensões bastante simplificado. Isto acontece quando a superfície do solo é horizontal e quando as propriedades do solo variam muito pouco na direção horizontal. 3.1 Calculo da tensão geostática vertical Para a situação descrita anteriormente, não existem tensões cisalhantes atuando nos planos vertical e horizontal (em outras palavras, os planos vertical e horizontal são planos principais de tensão). Portanto, a tensão vertical em qualquer profundidade é calculada simplesmente considerando o peso de solo acima daquela profundidade. Assim, se o peso específico do solo é constante com a profundidade, a tensão vertical total pode ser calculada simplesmente utilizando-se a equação apresentada a seguir: onde: σv = é a tensão geostática vertical total no ponto considerado; γ = é o peso específico do solo; z = é equivalente a profundidade. A pressão neutra é calculada de modo semelhante, utilizando-se a seguinte equação: onde: u = é a pressão neutra atuando na água no ponto considerado; γw = é o peso específico da água, sendo adotado normalmente como γw = 10KN /m³; A tensão efetiva controla aspectos essenciais do comportamento do solo, em especial a compressibilidade e a resistência σv = γ . z u = γw . zw Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 6 Zw = equivalente a profundidade do ponto considerado até a superfície do lençol freático. Quando o terreno é constituído de camadas estratificadas, o que é comum em grande parte dos casos, ocorre uma variação dos pesos específicos ao longo da profundidade e a tensão normal resulta do somatório do efeito das diversas camadas. A tensão vertical efetiva é então calculada utilizando-se a seguinte equação: Onde γi e hi representam o peso específico e a espessura de cada camada considerada. A figura abaixo, mostra um diagrama de tensões com a profundidade em um perfil de solo estratificado Figura 1.4 Distribuições de tensões geostáticas verticais 3.2 Uso do peso especifico submerso Caso o nível de água, apresentado na figura 1.2, estivesse localizado na superfície do terreno, o cálculo das tensões efetivas poderia ser simplificado pelo uso do conceito de peso específico submerso, discutido no capítulo de índices físicos. Neste caso, a tensão total vertical será dada por σv = γsat . z, enquanto que a pressão neutra no mesmo ponto será u = γw . z. A tensão efetiva, correspondente à diferença entre estes dois valores, será: σv’ = σv − u = γsat . z. – γw . z, o que faz com que tenhamos: σv’= (γsat − γw).z = γsub . z, onde γsub é o peso específico submerso do solo. 3.3 Exemplo de aplicação �′ � � �� . � �� � �� .�� Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 7 Determinar as tensões geostáticas verticais efetiva e total e a pressão neutra para o perfil apresentado, e traçar os diagramas correspondentes. Cálculo das tensões geostáticas: • Tensões Totais: (σ) σv(1) = 17,0 x 1,0 = 17,0 kN/m² σv(2) = 17,0 + 18,5 x 2,0 = 54,0 kN/m² σv(3) = 54,0 + 20,8 x 1,5 = 85,2 kN/m² • Pressões Neutras: (u) u(1) = 0 u(2) = 0 + γw x 2,0 = 10,0 x 2,0 = 20,0 kN/m² u(3) = 20,0 + 10,0 x 1,5 = 35,0 kN / m² • Tensões Efetivas: (σ’ = σ − u) σ’v(1) = 17,0 − 0 = 17,0 kN/m² σ’v(2) = 54,0 − 20,0 = 34,0 kN/m² σ’v(3) = 85,2 − 35,0 = 50,2 kN/m² . 3.4 Cálculo das tensões geostáticas horizontais: Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 8 As tensões geostáticas horizontais existentes em um maciço de solo são muito importantes no cálculo dos esforços de solo sobre estruturas de contenção, como os muros de arrimo, cortinas atirantadas etc. Estes esforços dependem em muito dos movimentos relativos do solo, ocasionados em função da instalação da estrutura de contenção. Para o caso do solo em repouso, as tensões geostáticas horizontais são calculadas empregando-se o coeficiente de empuxo em repouso do solo, conforme apresentado pela equação abaixo O coeficiente de empuxo em repouso do solo pode ser determinado através de formulas empíricas ( sem consenso na sua formula), de ensaios em laboratório e de ensaios em campo. Na equação apresentada a seguir, φ é o ângulo de atrito interno efetivo do solo, apresentado em detalhes no capítulo de resistência ao cisalhamento. O K0. Também pode ser determinado através de valores típicos tabelados para diversos tipos de solos, conforme tabela a seguir: Areia fofa 0,55 Areia densa 0,40 Argila de baixa plasticidade 0,50 Argila de alta plasticidade 0,65 Valores típicos de k0 em função do tipo de solo 4. ACRÉSCIMO DE TENSÕES DEVIDO ÀS CARGAS APLICADAS Quando se aplica uma sobrecarga ao terreno, ela produz modificações nas tensões até então existentes. Teoricamente, tais modificações (acarretando aumento ou diminuição das tensões existentes) ocorrem em todos os pontos do maciço solicitado. Dependendo da posição do ponto (elemento do terreno) em relação ao ponto ou lugar de aplicação da sobrecarga, as modificações serão de acréscimo ou decréscimo, maiores ou menores. 4.1 Distribuição de tensões no solo As tensões induzidas em uma massa de solo, decorrente de carregamentos superficiais, dependem fundamentalmente da posição do ponto considerado no interior do terreno em relação à área de carregamento. σ'h = �� . �′� K0 = 1 - sen (Ф� Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pode-se dizer que embora as perturbações no estado de tensão inicial de um maciço de solo, provocadas por um determinado carregamento, se propaguem indefinidamente, a intensidade destas perturbações (ou os valores dos acréscimos de tensão induzidos na mass o afastamento lateral, de modo que a influência, do ponto de vista prático, destas cargas, é limitada a uma determinada região.Existem varias teorias em uso para a determinação dos acréscimos de tensões provenientes do carregamento de um solo, cada uma delas com suas restrições de uso. Dentre elas, veremos: • Solução simplificada ou hipótese simples • Teoria da elasticidade • Método do bulbo A lei de variação das tensões, lateralmente e com a profundidade, constitui a denominada distribuição de tensões nos solos. A magnitude das tensões aplicadas tende a diminuir tanto com a profundidade, como lateralmente, à medida que aumenta a distância horizontal do ponto à zona de carregamento Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha se dizer que embora as perturbações no estado de tensão inicial de um maciço de solo, provocadas por um determinado carregamento, se propaguem indefinidamente, a intensidade destas perturbações (ou os valores dos acréscimos de tensão induzidos na massa de solo) diminuem bastante em profundidade e com o afastamento lateral, de modo que a influência, do ponto de vista prático, destas cargas, é limitada a uma determinada região. Fig. 1.5 Propagação das tensões em um solo Existem varias teorias em uso para a determinação dos acréscimos de tensões provenientes do carregamento de um solo, cada uma delas com suas restrições de uso. olução simplificada ou hipótese simples eoria da elasticidade étodo do bulbo A lei de variação das tensões, lateralmente e com a profundidade, constitui a denominada distribuição de tensões nos solos. A magnitude das tensões aplicadas tende a diminuir tanto com a como lateralmente, à medida que aumenta a distância horizontal do ponto à zona de carregamento. Capitulo I Pág. 9 se dizer que embora as perturbações no estado de tensão inicial de um maciço de solo, provocadas por um determinado carregamento, se propaguem indefinidamente, a intensidade destas perturbações (ou os valores dos acréscimos a de solo) diminuem bastante em profundidade e com o afastamento lateral, de modo que a influência, do ponto de vista prático, destas solo Existem varias teorias em uso para a determinação dos acréscimos de tensões provenientes do carregamento de um solo, cada uma delas com suas restrições de uso. A lei de variação das tensões, lateralmente e com a profundidade, A magnitude das tensões aplicadas tende a diminuir tanto com a como lateralmente, à medida que aumenta a distância Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 10 Fig. 1.6 Distribuição das tensões segundo a teoria do Bulbo de Pressões 4.2 Solução simplificada ou hipótese simples A distribuição de tensões nos solos pode ser estimada de forma muito aproximada, admitindo-se que as tensões se propaguem uniformemente através da massa de solo segundo um dado ângulo de espraiamento (por exemplo, 30º ou 45º) ou uma dada declividade (por exemplo, método 2:1). Essa aproximação empírica baseia-se na suposição de que a área sobre a qual a carga atua aumenta de uma forma sistemática com a profundidade, assim as tensões (σ = q/A) decrescem com a profundidade, como mostra a figura abaixo. Figura 1.7 Distribuição de tensão vertical com a profundidade, segundo um ângulo de espraiamento (a) ou método 2:1 (b) Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 11 Para o caso da figura acima, considerando-se uma sapata retangular, as tensões induzidas na superfície do terreno são dadas por: �� � ��� .�� Na profundidade (z), a área da sapata aumenta de z/2 (para o método 2:1) ou tangφ0 (espraiamanto) para cada lado. Assim, a tensão nesta profundidade será estimada pela equação seguinte: �� � ��� . �� O ângulo de espraiamento é função do tipo de solo, com os seguintes valores típicos:. Solos muito moles = Ф0 < 40º Areias puras = Ф0 40º a 45º Argilas rijas e duras = Ф0 � 70º Rochas = Ф0 > 70º Para fins práticos, a propagação de pressões, devido à sobrecarga, restringe à zona delimitada pelas linhas de espraiamento. A hipótese simples contraria todas as observações experimentais (feitas através de medições no interior do subsolo), pelas quais se verificou que a pressão distribuída em profundidade não é uniforme, mas sim variável, em forma de sino (figura 1.3). A faixa de validade para esta teoria restringe-se a: • Sobrecargas provenientes de fundações muito rígidas e/ou estruturas rígidas (chaminés, torres, obeliscos, blocos de máquinas) com tendência de recalques uniformes, as pressões tendem à uniformidade; • Profundidades muito grandes – achatamento do diagrama de pressões; • Valor de φ0 a adotar – quanto mais resistente for o solo, tanto maior será o valor de φ0. 4.3 Soluções advindas da teoria da elasticidade As tensões dentro de uma massa de solo podem também ser estimadas empregando as soluções obtidas a partir da teoria da elasticidade. Apesar das hipóteses adotadas nestas formulações, seu emprego nos casos práticos é bastante freqüente, dada a sua simplicidade, quando comparadas a outros tipos de análises mais elaboradas, como o emprego de técnicas de discretização do contínuo. Por outro lado, pode-se dizer também Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 12 que estas soluções apresentam resultados bem mais próximos do real do que aqueles obtidos com o uso da solução simplificada, apresentada no item anterior. A teoria de elasticidade linear é baseada no comportamento elástico dos materiais, ou seja, na proporcionalidade entre as tensões ( σ ) e deformações ( ℇ ), segundo a lei de Hooke. Denomina-se módulo de elasticidade ou módulo Young, a razão σ /ℇ = E Em resumo a teoria de elasticidade admite que; • Material seja homogêneo (propriedades constantes na massa do solo); • Material seja isotrópico (em qualquer ponto as propriedades são as mesmas independentemente da direção considerada); • Material seja linear-elástico (tensão e deformação são proporcionais); • A variação de volume do solo sob aplicação da carga é negligenciada; • O solo é semi-infinito. Existem formulações para uma grande variedade de tipos de carregamento utilizando-se da teoria da elasticidade, denominadas de extensão da solução de Boussinesg. As mais importantes são: • Carga distribuída ao longo de uma linha – Solução de Melan; • Carregamento uniforme sobre uma placa retangular de comprimento infinito (sapata corrida); • Carregamento uniformemente distribuído sobre placa retangular; • Carregamento uniforme sobre placa circular; • Carregamento triangular de comprimento infinito; • Carregamento em forma de trapézio retangular de comprimento infinito; • Carregamento uniformemente distribuído sobre uma superfície de forma irregular – gráfico de Newmark; Serão apresentados aqui, apenas os casos mais freqüentes, sem nos preocuparmoscom o desenvolvimento matemático das equações resultantes. 4.3.1 Solução de Boussinesg – carga concentrada Boussinesq (1885) desenvolveu as equações para cálculo dos acréscimos de tensões efetivas verticais, radiais e tangenciais, causadas pela aplicação de uma carga pontual agindo perpendicularmente na superfície de um terreno (fig. 1.4). A equação a seguir apresenta a solução de Boussinesq, para o cálculo do acréscimo da tensão vertical efetiva em qualquer ponto do maciço, obtida por meio de integração das equações diferenciais da teoria da elasticidade. Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 13 Figura 1.8 Carga concentrada aplicada a superfície do terreno – Solução de Boussinesq A estimativa dos acréscimos de tensões verticais é muito mais freqüente, em termos práticos, que de tensões tangenciais, radiais e de cisalhamento, de modo que esta é geralmente realizada por intermédio de um fator de influência (Nb), apresentado na eq. 8.10, utilizando-se de fórmulas e ábacos específicos para cada tipo de carregamento. Os valores de NB dependem apenas da geometria do problema, sendo dado em função de r/z, no ábaco da figura 1.5 a seguir. Observar que σz é independente do material, os parâmetros elásticos não entram na equação. 4.3.2 Solução de Westergaard A solução de Boussinesq, apresentada acima, não conduz a resultados satisfatórios quando tratamos com alguns solos sedimentares, onde o processo de deposição em camadas conduz a obtenção de um material de natureza anisotrópica. A análise da influência da anisotropia do solo nos valores obtidos por Boussinesq foi realizada por Westergaard, simulando uma condição extrema de anisotropia para uma massa de solo impedida de se deformar lateralmente. Assim, em alguns terrenos, devido a condições especiais de sua origem (por exemplo, o caso de certas argilas sedimentares), apresentam dispersas, em sua massa, instrusões ou lentes de material diverso, de granulometria mais grossa (siltes, areias, pedregulhos, etc) que acarretam aumento de resistência a deformações laterais. Soluções desse tipo tornam inaplicáveis as expressões de Boussinesq em seu aspecto original, pois esses terrenos se afastam ponderávelmente das hipóteses que servem de base ao desenvolvimento teórico. Westergaard (1938) resolveu este problema específico, aplicando a teoria da elasticidade, mas imaginando que o solo estudado se constituísse de numerosas membranas horizontais, finas, muito juntas uma das outras e de grande resistência a deformações horizontais, sem interferir, todavia, na deformabilidade vertical do solo “ensanduichado”. Em outras palavras, supôs, em sua análise, um material anisótropo, mas homogêneo e com um Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 14 coeficiente de Poisson muito baixo. A formula para o calculo das variações de tensão é: As tensões são inferiores às da solução proposta por Boussinesq que é, por sua vez, o procedimento mais intensamente utilizado nas aplicações práticas. A figura 1.7 apresenta também o fator de influência (Nw) obtido por Westergaard. Note-se, no gráfico da figura 1.7, que para cargas pontuais, sendo x/z menor do 0,8 e para áreas uniformemente carregadas com (a/z) e (b/z) menores que a unidade, a expressão de Westergaard dão resultados 2/3 das de Boussinesq. Figura 1.9 Fatores de influência para tensões verticais devido a uma carga concentrada 4.3.3 Carga uniforme sobre uma placa retangular de comprimento infinito. Em placas retangulares em que uma das dimensões é muito maior que a outra, os esforços induzidos na massa de solo podem ser determinados através das expressões proposta por Carothers e Terzaghi, conforme esquema da figura 1.10 a seguir: ∆σ’ = σz = � -. · 0� Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Figura 1.11 Diagrama de um carregamento distribuído sob uma área retangular de comprimento infinito Do gráfico anterior temos: b = semi-largura z = profundidade vertical x = distância horizontal do centro Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Figura1.10 Solução de Carothers Diagrama de um carregamento distribuído sob uma área retangular de comprimento Do gráfico anterior temos: largura ∆qs = P = carregamento z = profundidade vertical ∆σ1 = ∆σ’v = tensão vertical efetiva stância horizontal do centro ∆σ3 = ∆σ’h = tensão efetiva Capitulo I Pág. 15 Diagrama de um carregamento distribuído sob uma área retangular de comprimento qs = P = carregamento = tensão vertical = tensão horizontal Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Para determinar as tensões induzidas obtém (I). Valor este que multiplicado pelo carregamento na superfície, nos dará o acréscimo de tensão no ponto desejado, conforme as expressões: ∆σ’v = Q . I1 4.3.3.1 Exemplo de horizontal nos pontos assinalados do diagrama abaixo: 4.3.4 Carregamento uniforme distribuído sobre uma placa retangular Pode-se também utilizar o ábaco da figura abaixo, a fim de determinar o acréscimo de tensão efetiva vertical no vértice de uma placa retangular carregada uniformemente. Para o caso de uma área retangular de lados “a” e “b” uniformemente carregada, as tensões em um ponto situado a uma profundidade z, na mesma vertical do vértice. Na figura abaixo, são dados, segundo das tensões induzidas. Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Para determinar as tensões induzidas obtém-se do ábaco o fator de influência e que multiplicado pelo carregamento na superfície, nos dará o acréscimo de tensão no ponto desejado, conforme as expressões: ∆σ’h = Q . I3 4.3.3.1 Exemplo de aplicação: determine os acréscimos de tensão vertical e horizontal nos pontos assinalados do diagrama abaixo: 4.3.4 Carregamento uniforme distribuído sobre uma placa retangular se também utilizar o ábaco da figura abaixo, a fim de determinar o tensão efetiva vertical no vértice de uma placa retangular carregada Para o caso de uma área retangular de lados “a” e “b” uniformemente carregada, as tensões em um ponto situado a uma profundidade z, na mesma vertical do vértice. abaixo, são dados, segundo Holl (1940), as expressões para a determinação das tensões induzidas.Capitulo I Pág. 16 se do ábaco o fator de influência e que multiplicado pelo carregamento na superfície, nos dará o determine os acréscimos de tensão vertical e 4.3.4 Carregamento uniforme distribuído sobre uma placa retangular se também utilizar o ábaco da figura abaixo, a fim de determinar o tensão efetiva vertical no vértice de uma placa retangular carregada Para o caso de uma área retangular de lados “a” e “b” uniformemente carregada, as tensões em um ponto situado a uma profundidade z, na mesma vertical do vértice. (1940), as expressões para a determinação Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Figura 1.12 Ábaco para determinação da tensão efetiva nos vertices de uma área retangular Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Ábaco para determinação da tensão efetiva nos vertices de uma área retangular Capitulo I Pág. 17 Ábaco para determinação da tensão efetiva nos vertices de uma área retangular Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Para o cálculo do da aresta da área retangular, divide aresta na posição do ponto considerado, e considera cada retângulo. O fator de inflência área separadamente. 4.3.4.1 Exemplo de aplicação: ponto “A”, a uma profundidade de 5,0 m. A placa superficial tem 4,0 m x 10,0 m, e está submetida a uma pressão uniforme de 340 KPa. 4.3.5 Carregamento uniformemente distribuído sobre uma área circular Este cálculo é utilizado para de chaminés e torres. As tensões induzidas por uma placa uniformemente carregada, na vertical que passa pelo centro da placa, podem ser calculadas por meio da integração da equação de Boussinesq, para toda área circular. Esta integração foi realizada por Love. O acréscimo de t profundidade z é dada pela expressão Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Para o cálculo do acréscimo de tensão em qualquer outro ponto que não abaixo da aresta da área retangular, divide-se a área carregada em retângulos com uma aresta na posição do ponto considerado, e considera-se separadamente o efeito de O fator de inflência final será a soma do fator influência calculado para cada Exemplo de aplicação: Calcular o acréscimo de carga, na vertical do , a uma profundidade de 5,0 m. A placa superficial tem 4,0 m x 10,0 m, e a pressão uniforme de 340 KPa. Carregamento uniformemente distribuído sobre uma área circular utilizado para bases de tanques e depósitos cilíndricos, fundações chaminés e torres. As tensões induzidas por uma placa uniformemente carregada, na vertical que passa pelo centro da placa, podem ser calculadas por meio da integração da equação de Boussinesq, para toda área circular. Esta integração foi realizada por Love. O acréscimo de tensão efetiva vertical induzida no ponto A, situado a uma profundidade z é dada pela expressão a seguir: Capitulo I Pág. 18 acréscimo de tensão em qualquer outro ponto que não abaixo se a área carregada em retângulos com uma se separadamente o efeito de final será a soma do fator influência calculado para cada Calcular o acréscimo de carga, na vertical do , a uma profundidade de 5,0 m. A placa superficial tem 4,0 m x 10,0 m, e Carregamento uniformemente distribuído sobre uma área circular epósitos cilíndricos, fundações As tensões induzidas por uma placa uniformemente carregada, na vertical que passa pelo centro da placa, podem ser calculadas por meio da integração da equação de Boussinesq, para toda área circular. Esta integração foi realizada por Love. ensão efetiva vertical induzida no ponto A, situado a uma Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 19 Figura 1.14 Carregamento uniformemente distribuído sob uma área circular. Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Figura 1.15 Para pontos situados fora da vertical que passa pelo centro da placa, o acréscimo de tensão efetiva vertical poderá ser calculado pelo ábaco da figura 1.14, que fornece isóboras de ∆σ’v/P, em função do afastamento e da profundidade relativa x/R e z/R, respectivamente 4.3.5.1 Exemplo de aplicação: Calcular o acréscimo de tensão vertical terreno por um tanque circular de 6,0 m de diâmetro nível do terreno é igual a 240 kPa. Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Figura 1.15 Distribuição de tensões em uma área circular Para pontos situados fora da vertical que passa pelo centro da placa, o acréscimo de tensão efetiva vertical poderá ser calculado pelo ábaco da figura 1.14, que fornece /P, em função do afastamento e da profundidade relativa x/R e z/R, 4.3.5.1 Exemplo de aplicação: Calcular o acréscimo de tensão vertical nos pontos A e B transmitido ao terreno por um tanque circular de 6,0 m de diâmetro, cuja pressão transmitida ao nível do terreno é igual a 240 kPa. Capitulo I Pág. 20 Distribuição de tensões em uma área circular Para pontos situados fora da vertical que passa pelo centro da placa, o acréscimo de tensão efetiva vertical poderá ser calculado pelo ábaco da figura 1.14, que fornece /P, em função do afastamento e da profundidade relativa x/R e z/R, nos pontos A e B transmitido ao , cuja pressão transmitida ao Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha 4.3.6 Carregamento triangular Possui grande aplicação na estimativa de tensões induzidas no interior de massa de solo por aterros, barragens, etc. existem soluções para diversos tipos carregamentos triangulares ( triãngulo retângulo, trspezoidais, etc.) 4.3.6.1 Gráfico de Carothers. determinar os acréscimos de tensões efetivas verticais e horizontais, provenientes de uma carga em forma de t Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Carregamento triangular Possui grande aplicação na estimativade tensões induzidas no interior de massa de solo por aterros, barragens, etc. existem soluções para diversos tipos carregamentos triangulares ( triãngulo retângulo, trspezoidais, etc.) 1 Gráfico de Carothers. Através do gráfico de Carothers consegue determinar os acréscimos de tensões efetivas verticais e horizontais, provenientes de uma carga em forma de triângulo isósceles de comprimento infinito. Capitulo I Pág. 21 Possui grande aplicação na estimativa de tensões induzidas no interior de massa de solo por aterros, barragens, etc. existem soluções para diversos tipos de carregamentos triangulares ( triãngulo retângulo, trspezoidais, etc.) Através do gráfico de Carothers consegue-se determinar os acréscimos de tensões efetivas verticais e horizontais, provenientes de riângulo isósceles de comprimento infinito. Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Figura 1.16 Gráfico de Carothers para um carregamento triangular infinito 4.3.6.2 Gráfico de Osterberg. efetiva vertical somente, de comprimento infinito. Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Gráfico de Carothers para um carregamento triangular 2 Gráfico de Osterberg. Este gráfico fornece o acréscimo de tensão efetiva vertical somente, proporcionado por um carregamento em forma de trapézio infinito. Capitulo I Pág. 22 Gráfico de Carothers para um carregamento triangular Este gráfico fornece o acréscimo de tensão proporcionado por um carregamento em forma de trapézio Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Figura 1.17 Gráfico de Osterberg para um carregamento trapezoidal de comprimento infinito 4.3.6.3 Grafico de Fadum. efetiva vertical somente, para um carregamento triangular de comprimento infinito Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Gráfico de Osterberg para um carregamento trapezoidal de comprimento infinito 3 Grafico de Fadum. Este gráfico determina o acréscimo efetiva vertical somente, para um carregamento triangular de comprimento infinito Capitulo I Pág. 23 Gráfico de Osterberg para um carregamento trapezoidal de comprimento infinito Este gráfico determina o acréscimo de tensão efetiva vertical somente, para um carregamento triangular de comprimento infinito. Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Figura 1.18 Gráfico de Fadum para um carregamento triangular de comprimento infinito 4.3.7 Carregamento uniforme de qualquer forma Newmark Newmark (1942), baseando de tensões ocasionadas por uma placa circular uniformemente carregada, desenvolveu um método gráfico que permite obter as tensões induzidas devido uma área de forma irregular sob condição de superfície do terreno. A construção do ábaco de Newmark é baseada na fórmula de Love, adotando-se os seguintes procedimentos: Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Gráfico de Fadum para um carregamento triangular de comprimento infinito Carregamento uniforme de qualquer forma (1942), baseando-se na equação de Love, que fornece o acréscimo de tensões ocasionadas por uma placa circular uniformemente carregada, desenvolveu um método gráfico que permite obter as tensões induzidas devido uma área de forma irregular sob condição de carregamento uniforme, atuando na superfície do terreno. A construção do ábaco de Newmark é baseada na fórmula de se os seguintes procedimentos: Capitulo I Pág. 24 Gráfico de Fadum para um carregamento triangular de comprimento infinito Carregamento uniforme de qualquer forma – Solução de se na equação de Love, que fornece o acréscimo de tensões ocasionadas por uma placa circular uniformemente carregada, desenvolveu um método gráfico que permite obter as tensões induzidas devido carregamento uniforme, atuando na superfície do terreno. A construção do ábaco de Newmark é baseada na fórmula de Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 25 1 - � 231 � 5�� 6 7/9 � 1 Atribuem-se valores à relação σz/q (valores entre 0,0 e 0,9) e calcula-se o raio R da placa necessária para produzir o acréscimo de carga σz/q arbitrado a uma profundidade z (cujo valor é fixado pela escala a partir da qual o gráfico foi construído) sob o centro da placa carregada com uma carga unitária. Exemplificando: Adota-se σz/q = 0,8 Leva-se este valor na formula acima, onde obtém: R/z = 1,387 (R) σz = 0,8 = 1,387 x AB, sendo AB o seguimento de referência (escala) adotada. Assim, a uma profundidade z = AB, o acréscimo de carga seria σz/q= 0,8 ; se a área carregada fosse circular de raios R = 1,387 x AB Para outros valores de σz/q, obtém-se um conjunto de círculos concêntricos, tais que os anéis circulares gerados representam parcelas dos acréscimos de tensões verticais. Por exemplo, o acréscimo de tensão vertical devido ao espaço anelar compreendido entre os círculos de (R) σz = 0,8 e (R) σz = 0,7 seria dado por σz = 0,8 − 0,7 = 0,1; Cada espaço anelar é então dividido em um certo número de partes iguais (geralmente 20 setores), cada parte representando uma parcela de contribuição ao valor final do acréscimo de tensão no solo devido a toda a área carregada. No exemplo, σz/q devido a cada setor seria dada por: �- � �, 7� � 0,005 ou I = 0,005 Sendo este valor denominado de unidade de influencia do ábaco de Newmark. Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 26 Figura 1.19 Ábaco circular de Newmark O cálculo da variação de tensão deverá ser feito da seguinte maneira: • Desenha-se a planta da superfície carregada na escala do gráfico (AB = z) • O ponto onde se quer determinar o acréscimo de pressão deve coincidir com ocentro do gráfico. • O acréscimo de tensão vertical na profundidade “z” será: onde: q = carregamento externo N = número de fatores de influência (quadradinhos) I = unidade de influência 4.3.7.1 Exemplo de aplicação: Com os dados das figuras abaixo, calcule pelo gráfico de Newmark, a variação de pressão vertical no ponto M para: Placa A: com 3 metros de profundidade; p = 3 kg/cm²; Placa B: com 2 metros de profundidade; p = 1 kg/cm². ∆σ’v = σz = p . N . I Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 27 Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 28 Figura 1.20 Ábaco de newmark 4.4 Bulbo de pressões Sabe-se que a influência, do ponto de vista prático, de determinadas cargas aplicadas na superfície de um terreno, é limitada a uma determinada região, diminuindo bastante com a profundidade e com o afastamento lateral. Unindo-se os pontos da massa de solo solicitados por tensões iguais, obtém-se curvas de distribuição de tensões denominadas isóboras. Ao conjunto dessas isóboras denomina-se de bulbo. É possível traçar-se um numero infinito de isóboras, cada qual correspondendo a uma pressão (∆σ’v = σz = constante). Em termos práticos, o conceito de bulbo de tensões é aplicado para a massa de solo delimitada pela isóbora correspondente a 10% da carga aplicada à superfície do terreno (0,10q). Considera-se que valores menores que 10% (0,1q) não têm efeito na deformabilidade do solo de fundação. A tensão, em qualquer ponto no interior da massa limitada pelo isóbora é maior que σz; qualquer ponto fora da isóbora tem tensão menor que σz. Figura 1.21 Bulbo de pressões Capitulo I Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 29 Pelos resultados experimentais e pelas expressões de ∆σ’v = σz para o caso de áreas carregadas, pode-se depreender que, quanto maiores as dimensões da fundação, maiores serão as tensões a uma dada profundidade, ou, em outras palavras, quanto maiores as dimensões da placa carregada, maior a massa de terra afetada pelo bulbo de pressões. Inicialmente, convém que se saiba que o bulbo de pressões atinge uma profundidade Z0 = α . B, conforme está representado na figura 1.22, sendo B a largura (menor dimensão) da área carregada e α um fator que depende da forma desta área. Valores de α são fornecidos na tabela da mesma figura 1.22, calculados pela teoria da elasticidade, para o caso de base à superficie do terreno. No caso de a base estar abaixo da superficie, os valores de α serão menores que os da tabela, deles não diferindo substancialmente. Em solos arenosos os valores da tabela deverão ser acrescidos de aproximadamente 20%. Figura 1.22 Tabela para aplicação da Teoria do Bulbo de Pressões Normalmente, a profundidade da isóbora correspondente a 10% do carregamento é adotada como sendo 2B, sendo B a largura total ou o diâmetro do carregamento. Se o bulbo atingir camadas de solo mais compressíveis, a fundação estará sujeita a recalques significativos. Por esta razão, é um passo importante em qualquer projeto de fundações a verificação das camadas abrangidas pelo bulbo. Quando se projeta a fundação de um prédio ao lado de um outro já existente, ocorre uma interação entre os respectivos bulbos. O bulbo resultante terá profundidade igual a 2(B1 + B2), onde B1 é a largura do primeiro prédio, e B2 a do segundo prédio. Ao se projetar uma nova obra, o engenheiro de fundações deverá sempre analisar as fundações dos prédios vizinhos. Se as camadas abrangidas pelo bulbo resultante de sua obra com os prédios vizinhos atingirem solos moles, os recalques poderão ser excessivos, levando à exclusão do tipo de fundação pretendido inicialmente. Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Figura 1.23 Interferência d 4.4.1 Exemplo de aplicação Em um terreno como demonstrado abaixo, típico dos existentes no centro da cidade do Rio de Janeiro, é interessante observar a diferença entre os efeitos de uma pequena construção (área quadrada de 4,5 x 4,5 m) e os de uma construção maior (área quadrada de 10 x 10 m). O bulbo de pressões da pequena construção fica restrito à camada de areia, ou seja, praticamente não provocaria recalques sensíveis; o bulbo da por outro lado, influenciaria a camada de argila mole (pressão no topo seria 30% de P0 ), acarretando adensamento e recalques consequentes. Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Interferência dos bulbos de pressões de dois prédios contíguos 4.4.1 Exemplo de aplicação Em um terreno como demonstrado abaixo, típico dos existentes no centro da cidade do Rio de Janeiro, é interessante observar a diferença entre os efeitos de uma (área quadrada de 4,5 x 4,5 m) e os de uma construção maior (área quadrada de 10 x 10 m). O bulbo de pressões da pequena construção fica restrito à camada de areia, ou seja, praticamente não provocaria recalques sensíveis; o bulbo da por outro lado, influenciaria a camada de argila mole (pressão no topo seria 30% de ), acarretando adensamento e recalques consequentes. Capitulo I Pág. 30 os bulbos de pressões de dois prédios contíguos Em um terreno como demonstrado abaixo, típico dos existentes no centro da cidade do Rio de Janeiro, é interessante observar a diferença entre os efeitos de uma (área quadrada de 4,5 x 4,5 m) e os de uma construção maior O bulbo de pressões da pequena construção fica restrito à camada de areia, ou seja, praticamente não provocaria recalques sensíveis; o bulbo da construção maior, por outro lado, influenciaria a camada de argila mole (pressão no topo seria 30% de Capítulo II Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 31 HIDRÁULICA DOS SOLOS 1. INTRODUÇÃO Como já se viu, o solo é constituído de uma fase sólida e de uma fase fluída (água e/ou ar). A fase fluída ocupa os vazios deixados pelas partículas sólidas que compõem o esqueleto do solo. Particularmente, em se tratando da água, esta pode estar presente no solo sob as mais variadas formas. Nos solos grossos, em que as forças de superfície são inexpressivas, essa água se encontra livre entre as partículas sólidas, podendo estar sob equilíbrio hidrostático ou podendo fluir, sob a ação da gravidade,desde que haja uma carga hidráulica. Para os solos finos, a situação se torna mais complexa, uma vez que passam a atuar forças de superfície de grande intensidade. Assim, nesses solos, existe uma camada de água adsorvida, a qual pode estar sujeita a pressões muito altas, por causa das forças de atração existentes entre as partículas. Próxima às partículas essa água pode se encontrar solidificada, mesmo a temperatura ambiente, e, à medida que vai aumentando a distância, a água tende a tornar-se menos viscosa, graças ao decréscimo de pressões. Esses filmes de água adsorvida propiciam um vinculo entre as partículas, de forma que lhes confira uma resistência intrínseca chamada “coesão verdadeira”. O restante de água existente nesses solos finos se encontra livre, podendo fluir por entre as partículas, desde que haja um potencial hidráulico para tal. • Permeabilidade dos corpos: Define-se permeabilidade de um corpo, como a sua propriedade de permitir com que partículas de água, com maior ou menor facilidade, fluam por entre os seus vazios. • Permeabilidade dos solos: Consiste, basicamente, em medir a velocidade da água em uma determinada amostra, considerando-se em escoamento laminar (os fluxos da água não se interferem), identificando a temperatura no momento da análise. 2. APLICABILIDADE Capítulo II Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 32 Antes de iniciarmos uma exposição das bases teóricas atuais que se dispõe para tratar dos problemas de fluxo de água no solo, é conveniente esclarecer as razões pelas quais as soluções de tais problemas são de vital importância para a engenharia. Ao se mover no interior de um maciço de solo, a água exerce em suas partículas sólidas forças que influenciam no estado de tensões do maciço. Os valores de pressão neutra e com isto, os valores de tensão efetiva em cada ponto do solo são alterados em decorrência de alterações no regime de fluxo. Na zona não saturada, mudanças nos valores de umidade do solo irão alterar de forma significativa os seus valores de resistência ao cisalhamento. De uma forma geral, o estudo da permeabilidade se aplica à solução dos seguintes problemas: • Estimativa da vazão de água (perda da água do reservatório da barragem) através da zona de fluxo: • Instalação de poços de bombeamento e rebaixamento do lençol freático; • Problemas de colapso e expansão em solos não saturados; • Dimensionamento de sistemas de drenagem; • Dimensionamento de “liners” em sistemas de contenção de rejeitos (um liner é uma camada de determinado material que serve como barreira horizontal impermeável); • Previsão de recalques diferidos no tempo; • Análise da influência do fluxo de água sobre a estabilidade geral da massa de solo (estabilidade de taludes); • Análise da possibilidade da água de infiltração produzir erosão, araste de material sólido no interior do maciço - “piping”, etc. 3. INFLUÊNCIA DO FLUXO DE ÁGUA NOS SOLOS A influência do fluxo de água na estabilidade das massas de solo se dá pelo fato de quando há fluxo no solo, a pressão a qual a água está sujeita é de natureza hidrodinâmica e este fato produz várias repercussões importantes. Em primeiro lugar, dependendo da direção do fluxo, a pressão hidrodinâmica pode alterar o peso específico submerso do solo. Por exemplo: • Se a água flui em sentido descendente, o peso específico do solo é majorado; • Se a água flui em sentido ascendente, exerce-se um esforço sobre as partículas de solo o qual tende a diminuir o seu peso específico submerso. Em segundo lugar, e de acordo com o principio das tensões efetivas de Terzaghi, e conservando-se a tensão total atuando em um ponto na massa de solo e modificando-se o valor da pressão neutra naquele ponto, a sua tensão efetiva será modificada. Como já vimos Capítulo II Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 33 anteriormente, a tensão efetiva á responsável pelas respostas do solo, seja em termos de resistência ao cisalhamento, seja em termos de deformações. Conforme falado anteriormente, a água presente nos solos pode apresentar-se de diferentes formas, dentre as quais podemos citar: a água adsorvida, a água capilar e a água livre: • A água adsorvida está ligada às superfícies das partículas de solo por meio de forças elétricas, não se movendo no interior da massa porosa e portanto não participando dos problemas de fluxo; • A água capilar, na maioria dos problemas de fluxos em solos, os efeitos da parcela de fluxo devido à capilaridade são de pequena importância e podem ser desprezados. Somente em algumas questões ela apresenta relevância, como o umedecimento dos pavimentos por fluxo ascendente; • A água livre ou gravitacional é aquela que sob o efeito da gravidade terrestre pode mover-se no interior do maciço terroso sem outro obstáculo senão aqueles impostos pela sua viscosidade e pela estrutura do solo. O estudo dos fenômenos de fluxo de água nos solos é realizado, apoiando-se em três conceitos básicos: • Conservação de energia – teoria de Bernoulli; • Permeabilidade – Lei de Darcy; • Conservação da massa Estes conceitos serão tratados de forma resumida nos próximos itens deste capitulo. 4. CONSERVAÇÃO DA ENERGIA A lei de Bernoulli resulta da aplicação do principio de conservação de energia ao escoamento de um fluído, que no nosso caso é a água. A energia total ou carga total é igual à soma de três parcelas: “Carga total = carga altimétrica + carga piezométrica + carga cinética”. htotal = � G HIJ G K . 7L onde; htotal ⇒ é a energia total do fluído; Capítulo II Mecânica dos Solos II Prof. Eduardo Rodrigues da Cunha Pág. 34 z ⇒ é a cota do ponto considerado com relação a um dado referencial padrão (DATUM); u ⇒ é o valor da pressão neutra no ponto; V ⇒ é a velocidade de fluxo da partícula de água; G ⇒ é o valor da aceleração da gravidade terrestre, admitido como 10 m/s²; γw ⇒ peso específico da água. Na equação acima, a carga altimétrica está representada pela letra “z”; a carga piezométrica está representada pela fração “ HIJ” e por ultimo a carga cinética está representada pela fração “ K. 7L”. Nos solos, a velocidade de percolação da água é pequena, e a parcela de carga cinética é quase desprezível. Isto faz com que a equação anterior possa ser escrita de uma forma mais simplificada: Conforme veremos adiante, para que haja fluxo de água entre dois pontos no solo, é necessário que a energia total em cada ponto seja diferente. A água então fluirá do ponto de maior energia para o ponto de menor energia total. 4.1 Forças de percolação Costuma-se definir a energia livre da água em um determinado ponto do solo como a energia capaz de realizar trabalho (no caso, promover o fluxo de água). Considerando-se a condição necessária para que haja fluxo no solo, a energia livre poderia ser representada pela diferença entre os valores de energia total nos dois pontos considerados da massa de solo. Na figura a seguir, letra (a), a água se eleva até uma certa cota (h1) nos dois lados do reservatório. O potencial total é a soma da cota atingida pela água e a cota do plano de referência. Nesse caso, o potencial total é o mesmo nos dois lados do reservatório (pontos F1 e F2), portanto, não haverá fluxo Somente haverá fluxo quando há diferença de potenciais totais entre dois pontos e ele seguirá do ponto de maior potencial para o de menor potencial.
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