Buscar

O DEVER DO ADVOGADO RESUMO 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O livro transcreve, na íntegra, uma troca de Cartas (3) entre Evaristo de Morais 
e Rui Barbosa. É um livro pequeno. O prefácio é maior que o texto em si (27 
páginas), e também muito importante, pois coloca o leitor no contexto histórico 
dos acontecimentos. 
Evaristo de Morais tinha sido procurado para atuar em uma causa criminal. Não 
se tratava de uma causa criminal comum, mas de uma daquelas com grande 
exposição na mídia. 
Um crime brutal e de grandes proporções. O acusado, para somar aos 
problemas, era ainda adversário político de Evaristo de Morais e Rui Barbosa. 
Evaristo chegou a tentar passar a causa a um colega, mas este não aceitou. 
Cercado por todos os lados, sem saber como agir, resolveu escrever uma carta 
a Rui Barbosa, pedindo conselhos. 
Rui Barbosa respondeu dando uma aula. Acreditava na culpa do acusado, 
mas, ainda assim, demonstrou que Evaristo Morais deveria sim assumir o caso. 
Todo estudante de direito já ouviu comentários horríveis acerca do advogado 
criminal de defesa. Muitos consideram seu papel indigno. O livro mostra o 
contrário. Não há justiça sem a defesa do acusado. 
Tornou-se um dos meus livros favoritos, todos deveriam ler. 
Evaristo de Morais Filho fez o prefácio da obra e no último parágrafo deste 
escreve: 
 
"O Dever do Advogado, apesar de pequeno em suas dimensões, constitui um 
clássico na matéria de ética profissional entre nós, merecendo por isso, e 
sempre, novas reedições para conhecimento dos que ainda não tiveram a grata 
oportunidade de lê-lo." 
 
Para explicar melhor de que se trata, sendo que não saberia explicar com 
minhas palavras de maneira digna essa magnífica obra, cito alguns trechos 
importantes da carta de Rui Barbosa: 
 
"quando quer e como quer que se cometa um atentado, a ordem legal se 
manifesta necessariamente por duas exigências, a acusação e a defesa, das 
quais a segunda, por mais execrando que seja o delito, não é menos especial à 
satisfação da moralidade pública do que a primeira. A defesa não quer o 
panegírico da culpa, ou do culpado. Sua função consiste em ser, ao lado do 
acusado, inocente, ou criminoso, a voz dos seus direitos legais" (p.32) 
 
"A este (advogado), pois, releva honrá-lo, não só arrebatando à perseguição os 
inocentes, mas reivindicando, no julgamento dos criminosos, a lealdade às 
garantias legais, a equidade, a imparcialidade, a humanidade." (p.33) 
 
"Recuar ante a objeção de que o acusado é 'indigno de defesa', era o que não 
poderia fazer meu douto colega, sem ignorar as leis do seu ofício, ou traí-las. 
Tratando-se de um acusado em matéria criminal, não há causa em absoluto 
indigna de defesa." (p. 35) 
 
"Assentou ela (a lei) que a verdade não será possível de achar, senão quando 
buscada juntamente pela acusação e pela defesa." (p.41) 
 
"O direito de defesa, a liberdade da defesa, confiou-os à honra profissional do 
advogado, conciliando assim os legítimos direitos da sociedade com os direitos 
não menos invioláveis do acusado." (p. 41) 
 
Gostaria de chamar a atenção para a próxima citação. Esta carta foi escrita em 
1911, e o descrito no seguinte parágrafo é exatamente o que ocorre nas 
condenações midiáticas atuais(quando a mídia manipula as informações e 
expõe só o que a interessa, de modo que o acusado é considerado culpado 
antes mesmo do julgamento - acontece todos os dias): 
 
"Trata-se de um crime detestável que acordou a cólera popular. Mas, abrasada 
assim, a irritação pública entra em risco de se descomedir. Já não enxerga a 
verdade com a mesma lucidez. O acusado reveste aos seus olhos a condição 
de monstro sem traço de procedência humana. A seu favor não se admite uma 
palavra. Contra ele tudo o que se alega, ecoará em aplausos." (p.34) 
 
 
Por mais tempo que faça essa troca de cartas, a matéria continua atualíssima. 
Claro que muita coisa mudou, hoje qualquer estudante de direito, concorde ou 
não, sabe que todos tem direito à defesa, todos estão sobre a proteção da lei 
(inclusive os culpados), mas há ainda muito o que se atentar ao assunto, há 
ainda muita discordância acerca do tema. Esta simples troca de cartas, em 
razão dos problemas de consciência de um advogado, por causa de um 
processo, tornou-se um marco divisor de águas no direito criminal. Livro 
recomendadíssimo!

Continue navegando