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USO DO CAROÇO DO AÇAÍ COMO POSSIBILIDADE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL Marilene dos Santos Araújo Orientador(a): Prof. Dr. Guillermo Ruperto Martin Cortés. orientador(a) no campus São Paulo 2017 USO DO CAROÇO DO AÇAÍ COMO POSSIBILITADE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Marilene dos Santos Araújo Orientador(a): Prof(ª). Dr. Guillermo Ruperto Martin Cortés Trabalho de pesquisa entregue ao CentroUniversitário Estácio São Paulo, CampusVila dos Remédios, como parte da avaliaçãoparcial correspondente ao 9º Semestre da Carreira de Engenharia de Petróleo. Orientador: Prof. Dr. Guillermo RupertoMartin Cortés SÃO PAULO 2018 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ USO DO CAROÇO DO AÇAÍ COMO POSSIBILITADE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO MEIO RURAL DO ESTADO DO PARÁ Marilene dos Santos Araújo Aprovada em ____/____/_____. BANCA EXAMINADORA _________________________________________________ Prof(ª). Dr. Guillermo Ruperto Martin Cortés_________________________________________________ Marilene dos Santos Araújo Titulação-Instituição __________________________________________________ Marilene dos Santos Araújo Titulação-Instituição CONCEITO FINAL: _________________ São Paulo 2018 RESUMO Denomina-se caroço de açaí o fruto despolpado. O caroço do açaí é proveniente de uma palmeira de origem amazônica, que se desenvolve em touceiras. É composta por várias estipes, chegando a formar até 25 pés em cada touceira. Do seu fruto é obtida uma bebida (suco), sendo consumida diariamente pela população do Estado do Pará, especialmente a Capital, Belém e comunidades ribeirinhas. O Estado do Pará é o maior produtor nacional de açaí com 112.676 ton/ano do fruto. Deste total 93.521 ton/ano é de resíduo (caroço), ou seja, cerca de 83%. A comunidade quilombola que vive às margens do rio Genipaúba, em Abaetetuba, no Estado do Pará, não possui energia elétrica e é grande produtora de açaí, o qual é comercializado no período da safra, em forma in natura. Neste trabalho visa-se o aproveitamento sustentável dos caroços, subproduto do beneficiamento dos frutos de açaí. O poder calorífico do caroço, obtido em laboratório, foi em média 4.505 kcal/kg e o potencial energético em torno de 40.800 MWh/mês. Com metodologia apropriada, foram obtidos peletes naturais, sem compactação, os biocombustíveis de açaí. Este trabalho mostra a inovação tecnológica que este tipo de pelete promove no Estado do Pará, com possibilidades de exportação, devido à sua utilização, podendo ser utilizado em gaseificadores, caldeiras para geração de energia elétrica, mecânica e gás, em fornos de padarias, fogões a biomassa, substituindo antigos ferros a carvão etc. Palavras-chave: Pelete, biomassa, inovação, desenvolvimento rural, modelagem com redes neurais. ABSTRACT Called core of açaí the fruit without pulp. The core of açaí is originated from an Amazonian palm tree, which grows in “touceiras”, composed by several stems, forming up to 25 plants in each touceira. açaí’s fruit it is used to obtain a juice consumed daily by the population of the State of Pará, especially the Capital, Belém and iverine communities. The State of Pará is the largest national producer of açaí with 112.676 ton/year of the fruit. Of this total, 93.521 ton/year is made of residue (core), in other words, about 83%. The community remainder of race black and indian that lives to the margins of river Genipaúba, in Abaetetuba, in State of Pará, doesn't possess electric power and is big producing of Açaí, which is marketed in the period of the harvest, in form in natura. In this work , sustainable exploitation core, by-product of the improvement of the fruits of açaí is sought. The calorific power of the core, obtained in our laboratory, was 4.505 kcal/kg average and the energy potential is 40.800 MWh/month. This work shows the technological innovation that this pellet type promotes in Pará, with export possibilities, due to its use, could be used in bakeries ovens, kettles etc. Keywords: Pellet, biomass, innovation, agricultural development, modeling with neural nets. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .....................................................................................01 1.1 . Figura ..........................................................................................02 2. JUSTIFICATIVA....................................................................................03 3. OBJETIVO ...........................................................................................04 3.1Objetivo geral 4. OBJETIVO ESPECÍFICO.......................................................................05 5. METODOLOGIA...................................................................................06 6. REFERENCIAS TEÓRICAS...................................................................07 7. CONTEXTUALIZAÇÃO.........................................................................08 8. O AÇAÍ.................................................................................................09 9. O FRUTO.............................................................................................10 10. CONCLUSÃO ...................................................................................11 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ...................................................12 1 1. INTRODUÇÃO O açaizeiro (Euterpe Oleracea Mart.)uma palmeira nativa da amazônia, que ocorre em grandes extensões no estuário amazônico. Nessa região é também conhecido por Açaí-do-Pará, açaí-do-Baixo Amazonas, Açaí-de- Touceira, Açaí-de-planta e Açaí-verdadeiro. É utilizado de inúmeras formas: como planta ornamental (paisagismo); na construção rústica (de casas, pontes); como remédio (vermífugo e anti-diarréico); na produção de celulose (papel Kraft); na alimentação (polpa processada e palmito); na confecção de biojóias (colares, pulseiras etc.) ração animal; adubo; etc. Contudo sua importância econômica, social cultural está centrada na produção de frutos e palmito. A produção de frutos é a exploração mais antiga, datada desde época pré-Colombiana, empregada na obtenção da bebida conhecida de “açaí”, consumida em larga escala pela população amazônica, e que vêm se consolidando nos mercados nacional e internacional, nas ultimas décadas. O Estados do Pará e o principal produdor do açaí, seguindo do Amapá. Nesses locais, o grande volume de frutos que abastece os mercados ainda provém dos maiores extensões de açaiazais localizadas na região estuário amazônico, que abrange os municípios da microrregião de Arari, de Cametá e de Belém no Pará. O cresimento dos mercados da polpa processada de seus frutos tem aumetado o interesse no plantio dessa palmeira em áreas de terra firme, especialmente nasdegradas. Áreas antigas de pimentais (Piper nigrum) e de roças abandonadas, também têm sido utilizadas, assim como de novos plantios envolvendo consórcios com outras espécies frutíferas como cacaueiro, capuaçuzeiro, entre outras. Uma das grandes dificuldades da população das áreas rurais do Estado do Pará é proporcionada pela falta de eletricidade e inserção social. Este fato soma aos demais indicadores da impossibilidade do desenvolvimento local das áreas isoladas do Estado. É fato notório em nossa região a grandedistância de progresso e melhoria de qualidade de vida em que estas comunidades se encontram, apesar do inegável potencial de biodiversidade, entre os quais se encontra o açaí (Euterpe oleracea, Mart), grandemente cultivado e consumido, principalmente nas comunidades ribeirinhas do nosso Estado. O açaí é consumido pela população paraense em forma de suco, acompanhado pela farinha de mandioca e de tapioca, ou mesmo no acompanhamento das principais refeições, como camarão, peixe, carnes etc. Constitui-se a base da alimentação cotidiana, e oferece disponibilidade de resíduos, sendo estes ainda sem destinação econômica adequada. Do seu fruto é obtida uma bebida (suco), sendo consumida diariamente pela população do Estado do Pará, especialmente a capital, Belém. O Estado do Pará é o maior produtor nacional de açaí com 112.676 t/ano do fruto (IBGE, 2003). Deste total 93.521 t/ano é de resíduo (caroço), ou seja, cerca de 83%. O poder calorífico do caroço, obtido em laboratório, foi em média 4.505 kcal/kg e o potencial energético em torno de 40.800 MWh/mês. Este potencial pode ser explorado de forma sustentada, atendendo aos pressupostos do desenvolvimento sustentável. Isto garantirá a melhoria da qualidade de vida das populações citadas acima, assim como permitirá a equidade de gênero, e a garantia de ser estendido às gerações futuras, além de promover o equilíbrio ambiental. Este resíduo pode ser transformado em combustível de biomassa verde, na forma de peletes, para ser utilizado em diversas formas, tais como geração de 2 energia elétrica, mecânica e gás combustível; padarias, caldeiras, cocção em fogões à biomassa; substituindo o carvão dos antigos ferro de passar roupa etc. A comunidade quilombola que vive as margens do rio Genipaúba (figura 1), em Abaetetuba, no Estado do Pará, possui energia elétriva e é grande produtora de açaí, o que é comercializado no período da safra, em forma in natura. A eletrificação rural, assim como as necessidades de outras formas de energia, são visíveis e os caroços de açaí poderão ser utilizados para ajudar a supri-las. Com a eletrificação rural, a comunidade poderá utilizar uma pequena agroindústria, onde os caroços, subprodutos do beneficiamento, em forma de peletes, poderão ser utilizados para alimentar um gaseificador e, dependendo da produtividade, aumentada através de um manejo sustentado, servir como fonte de renda a essa comunidade, através da comercialização dos peletes para outras áreas do Estado do Pará. 1.1. Figura Figura 1- Comunidade do rio Genipaúba. Poderão ainda ser utilizados juntamente com outro tipo de biocombustível, os resíduos de mandioca (SILVA et al., 2002), também presentes na região, na micro agroindústria de beneficiamento de farinha de mandioca, produzida ainda de forma artesanal e rudimentar. Outros cultivos da área de produção dos agricultores familiares de Genipaúba poderão igualmente ser utilizados (SILVA et al., 2002; CARDOSO et al., 2002). Outra forma de aproveitamento da diversidade de biomassa existente na localidade, é a produção de briquetes compostos dos 3 resíduos (DANTAS et al., 2002; REIS et al., 2002). Pela necessidade da utilização de um banco de dados para essa biomassa diversificada, será criado um sistema de bancos de dados dinâmicos (LIMA et al., 2002). Hoje, as pesquisas vêm proporcionando uma utilização cada vez mais generalizada dos frutos de açaí, isto demonstra que a larga utilização desses frutos em setores diversos é questão de muito pouco tempo e com isso, os resíduos em forma de caroço estarão em disponibilidade crescente, para serem utilizados como peletes para geração de energia elétrica, mecânica e gás, através dos processos de conversão da biomassa. Este trabalho objetiva sensibilizar os consumidores de biocombustível a essa forma inovadora de utilização, ainda possibilitar a inserção social e o desenvolvimento sustentável das comunidades ribeirinhas do Estado do Pará, através de mecanismos socioeconômicos e ambientais. 1. JUSTIFICATIVA A dinâmica da globalização, a velocidade de propagação da informação, o interesse pela alimentação saudável e consequente aumento da demanda produziram mudança substanciais na atividade econômica agroindustrial. O Brasil é um dos lideres mundiais na produção e exportação de vários produtos agropecuários: é o primeiro produtor exportador de café, açúcar e suco de laranja, lidera ainda o ranking das vendas externas de álcool, soja, carne bovina, carne de frango e tabaco (Andriguetto et al. 2008). As projeções indicam que o Brasil também será em pouco tempo, o principal polo mundial de produção de algodão e biocombustiveis, feitos a partir de cana-de- açúcar e óleos vegetais. Outros destaques são milho, arroz , frutas frescas, cacau, 4 castanhas, nozes, além de suínos e pescados (Andriguetto et al.2008) Desta forma, as agroindustrias iniciaram o processo de melhoria e ajustes em produtos, processos e nas formas de organização para, desta maneira, encontrarem alternativas de eficiência produtiva, crescimento ou mesmo de sobrevivência, frente aos novos desafios impostos pela competitividade (Silva, 2004). Lauschner (1995) apud Rosa (2003), define agroindústria em sentido amplo como sendo “ a unidade produtiva, que transforma, para a utilização intermediária ou final, o produto agropecuário ou seus subprodutos não manufaturados”. A agroindústria apresenta-se como instrumento analítico e experimental para a realização de diagnósticos e simulaçoes de estratégias para as cadeias produtivas. Deve-se levar em conta desde a produção até o abastecimento final. Os agentes fornecedores de insumos e fatores de produtos, os produtores, os armazenadores, os processadores e distruibuidores, além dos prestadores de serviços, são objeto de observação individual e em conjunto. As empresas brasileiras do segmento agroindustrial de frutas aproveitam a oportunidade para atingirem outras fatias de mercado e consumidores diversos, ajustando-se às tendências de consumo mundial dos produtos derivados de frutas, como polpas, sucos, néctares, geleias, doces etc. Um caso é a agroindústria do Açaí, no Estado do Pará responsável pelo produção de 95% do fruto (Silva, 2004). O açaizeiro é uma palmeira cujo fruto é o açaí, espécie nativa da Amazônia, encontrada em terrenos de várzea, no estuário dos rios Tocantins, Pará e Amazonas. O açaí, até final do século XX, era considerado um produto de alimentação básica das populações ribeirinhas e das camadas de baixa renda, sendo consumido com farinha de mandioca e peixe, entre outros. A produção do açaí era até então predominantemente extrativista, objetivando o consumo doméstico, com pouca venda de excelente (Santana et al.2006). A partir de meados de 2006 da década de 90, o suco do açaí foi, gradativamente conquistando novas fronteiras de mercado, atendendo não apenas ao mercado local, mas também, as outras regiões do país e, ainda, o mercado 5 internacional, principalmente os Estados Unidos, países da União Européia, Japão e Cone Sul (Santana; Gomes apud Silva et al.2006). No Brasil, a demanda de açaí vem crescendo entre os consumidores com maior nível de renda. A motivação do consumo se dá por razões que vão além da necessidade alimentar, envolvendo questões culturais e principalmente por estética e saúde (Silva apud Silva et al.2006). A produção extrativista, entretanto, não conseguiu seguir o aumento da demanda, de forma que o crescimento do mercado de polpa do fruto de açaí tem induzido o plantio em terra firme (Homma et al.2006) e a implantação de plantas industriais para realizar o processamento, ou as agroindústrias existentes introduziramo açaí na linha de produção, visando atender aos mercados externos e internos (Santana et al.2006). 6 2. OBJETIVO 3.1Objetivo Geral A proposta desse trabalho é utilizar ferramentas de análise do sistema logístico na análise da cadeia produtiva agroindustrial do açaí, estudando um modelo de localização de instalações, baseado em programação matemática, que incorpora decisões de fluxo para auxiliar no planejamento estrutural da cadeia de produção do Açaí no Pará. Para chegar nesse resultado, tem-se os seguintes objetivos específicos OBJETIVOS ESPECÍFICOS Revisão de trabalhos encontrados na literatura sobre cadeia produtiva do açaí no Para. Levantamento de dados necessários para posteriores validações do modelo: 1. Custos de produção do fruto, localização dos spots de produção e sua capacidade. 2. Custos de processamento do fruto, localizado das industrias de beneficiamento e sua capacidade. 3. Custos de transportes do fruto para os beneficiadores e da polpa de açaí para o mercado nacional e internacional. 4. Principais centros consumidores da polpa de açaí e sua demanda . Desenvolvimento do modelo matemático de localização de facilidades 3. METODOLOGIA 7 Os caroços do açaí foram coletados nas barracas de venda existentes na cidade de Belém do Pará e nas áreas de produção das comunidades ribeirinhas de Genipaúba, aleatoriamente. A coleta foi realizada no período da manhã, logo após o beneficiamento dos frutos (despolpamento para obtenção de suco), garantindo matéria prima de alta qualidade. Este procedimento evita fermentação dos resíduos da polpa remanescente do beneficiamento dos frutos e ainda o aproveitamento de material com qualidades devidas. Após a coleta, os caroços foram lavados em água corrente, em uma bacia, para eliminar os resíduos de polpa, com a finalidade de não interferência nas medidas de poder calorífico. Em seguida foram submetidos a uma redução prévia de excesso de umidade utilizando-se papel reciclado absorvente, pois ficam submetidos, para o processo de extração a polpa a um demolhamento, para amolecê-la. Em seguida foram submetidos ao processo de secagem em estufa a 105° C, por 2 dias, até atingir peso constante. Após esta fase, foi medido o poder calorífico dos caroços, através do método da bomba calorimétrica, PMB-454/IBP - ABNT, 1968. A umidade considerada foi de 11,43%. Foram feitos testes preliminares experimentais em um pequeno gaseificador de 2 kW para geração de energia elétrica e cocção, em nível experimental de laboratório, através da alimentação do reator do equipamento com os caroços de açaí transformados em peletes (mantendo sempre em torno de 60% da capacidade do reator). Para análise dos resultados do tempo de secagem em estufa, foi desenvolvida uma rede neural, do tipo backpropagation, para modelagem dos dados obtidos. Após o treinamento da rede, obteve-se os gráficos de secagem. 8 4. REFERENCIAL TEÓRICO O processo de secagem poderá ser realizado ao natural, nas áreas dos produtores familiares, em estufa para secagem de biomassa com 5 m x 3 m, contendo paredes como mata-vento de aproximadamente 3 m de altura ou com outras medidas apropriadas à produção local. Essas estufas terão controladores de temperatura e serão confeccionadas com matéria prima vegetal local, de forma sustentável.Este procedimento evitará perdas de caroços por processo de germinação. Os peletes apresentaram um bom desempenho, quando levados ao gaseificador de 2kW, atendendo à necessidade de alimentar 12 lâmpadas incandescentes de 60 W em todo o período de experimentação (três horas) e alimentar de gás um fogão para cocção. O processo de secagem ocorreu naturalmente. O esquema da rede neural, pelas suas próprias características, apresentou a principal aplicabilidade o problema da curva de secagem, envolvendo o reconhecimento e a classificação do padrão da mesma. Na figura abaixo podemos mostrar como fica o caroço do açaí após sua transformação (1) Fruto (2) Caroço (3) Paletes 9 5. CONXTETUALIZAÇÃO A dinâmica da globalização, a velocidade de propagação da informação, o interesse pela alimentação saudável e consequente aumento da demanda produziram mudança substanciais na atividade econômica agroindustrial. O Brasil é um dos lideres mundiais na produção e exportação de vários produtos agropecuários: é o primeiro produtor exportador de café, açúcar e suco de laranja, lidera ainda o ranking das vendas externas de álcool, soja, carne bovina, carne de frango e tabaco (Andriguetto e tal 2008). As empresas brasileiras do segmento agroindustrial de frutas aproveitam a oportunidade para atingirem outras fatias de mercado e consumidores diversos, ajustando-se às tendências de consumo mundial dos produtos derivados de frutas, como polpas, sucos, néctares, geleias, doces etc.Um caso é a agroindústria do Açaí, no Estado do Pará responsável pelo produção de 95% do fruto (Silva, 2004). O açaizeiro é uma palmeira cujo fruto é o açaí, espécie nativa da Amazônia, encontrada em terrenos da várzea, no estuário dos rios Tocantins, Pará e Amazonas. O Açaí, até final do século XX, era considerado um produto da alimentação basíca das populações ribeirinhas e das camadas de baixa renda, sendo consumido com farinha de mandioca e peixe, entre outros. A produção do açaí era até então predominantemente extrativista, objetivando o consumo doméstico, com pouca venda de excedente (Santana et al 2006). O mercado do açaí está há alguns anos em rápido crescimento, o que tem aumentado a demanda, o preço dos frutos e também atraído novos investimentos. Entre outros, inclui-se investimentos na produção intensiva de frutos em terra fime, cuja viabilidade depende também dos custos da logísticas de entrega da matéria prima nas industrias de processamento. O Estado do Pará é hoje responsável por 95% da produção de açaí Brasil e, devido a sua importância cultural, o açaí transformou-se, através de lei bebida e fruta símbolo do estado do Pará e, agora passou a ser priorizado como produto econômico, capaz de gerar renda para a população local e divisas para o país (Andradeet al.2008). 10 6. O AÇAÍ O açaizeiro (Euterpe Oleracea Mart.), planta pertencente à ordem dos Areacales, ao gênero Euterpe da família Palmae, é uma palmeira nativa da Amazônia, abundante nas áreas de várzeas da região. Para os nativos, essa palmeira representa uma importante fonte natural de recursos. Poullet apud Padilha et al. afirma qie o açaí é um dos produtos mais importantes da vida alimentar e cultural da população regional. Rogez apud Padilha et al. (2000), por sua vez, considera o açaizeiro a palmeira mais produtiva do ecossistema que abriga a população do delta do Amazonas Os açaizeiros nativos nas áreas de várzea são encontrados no estuário dos rios Tocantins, Pará e Amazonas. Nas várzeas, o manejo dos açaizais nativos tem promovidoa derrubada verde, sem queimar, para construção de canais para facilitar a drenagem da água inundada, com grande movimentação de canoas e barcos para transporte de frutos, com sérias consequências para flora e fauna. (Homma e al.2006). A vantagem da técnica de manejo é que não exige investimento em infra-estrutura, consistindo na realização das seguintes práticas: limpezas da área (roçagem da vegetação de menor porte e eliminação de parte das árvores maiores); desbastes dos perfilhos/estipesdas touceiras de baixo vigor vegetativo; prepar/aquisição e plantio de mudas de açaizeiros, frutíferas; manutenção do açaizal (Embrapa). A importância socieconomica do açaizeiro decorre do seu enorme potencial de aproveitamento integral de matéria-prima. O principal aproveitamento é a extratação do açaí, mas as sementes (caroços) do açaizeiro são aproveitados no artesanato e como adubo orgânico. A planta fornece aindaum ótimo palmito e suas folhas são utilizada para cobertura de casas dos habitantes do interior da região (Homma, 2006). De acordo com Padilha et al., existe ainda um outro uso: uma vez que a produção de polpa varia em torno de apenas 5 a 15%mdo volume do fruto, há uma grande quantidade de resíduos gerados no processamento, que pode ser empregado para geração de energia térmica e elétrica. Porém, para a população rbeirinha, a possibilidade mais lucrativa proporcionada pelo açaizeiro é a produção e comercialização de seu fruto “ in natura”. A produção de frutos para o mercado local é uma atividade de baixo custo e de excelente rentabilidade econômica (Homma, 2006). 11 7. O FRUTO O açaí, até o final do século XX era considerado um produto da alimentação básica das populações ribeirinhas e das camadas de baixa renda dos centros urbanos da economia Amazonicas, onde é consumido com farinha de mandioca e peixe, entre outros. A produção do açaí era até então predominantemente extrativista, objetivando o consumo doméstico, com pouca venda de excedente (Santana et al. 2006) No entanto, desde meados da década de 90, as academias de ginastica descobriram o fruto e seu alto valor energético, o que fez com que o açaí ganhasse espaço na mídia nacional e internacional. A demanda do produto aumentou, então, intensamente, uma vez que as camadas de maior poder aquisitivo também passaram a consumí-los (Santana et al. 2006). A demandapelo açaí esta em alta: o produto tem boas possibilidades de mercado principalmente no Rio de Janeiro, o açaí é oferecido nas praias e se tornou muito popular entre os adeptos da “cultura da saúde” e entre os frequentadores de academias. É também vendido diretamente ao consumidor e começa a ganhar popularidade entre os nativos e turistas. É estimado que no Rio de Janeiro sejam consumidas 500 toneladas/mês, em São Paulo 150 toneladas/mês e outros Estados somam 200 tonelada/mês. Nesses locais em alguns pontos de venda, o que se consome é o açaí fino que, misturado com outros produtos, perde o gosto,o odor e até o valor calórico da fruta (Homma, 2006). Em 2000, iniciou-se a exportação de polpa congelada de açaí para Estados Unidos e para Itália. Esse mercado externo cresceu 20% ao ano de 2003 a 2006, com a comercialização do açaí concentrado em latas e com a popularização da mistura com diversas outras frutas feitas academias de ginasticas (Homma 2006). 12 8. CONCLUSÃO A utilização dos biocombustíveis em forma de peletes energéticos (caroços de açaí), como fonte energética na Amazônia e particularmente no Estado do Pará, apresenta-se com viabilidade de utilização, promovendo uma solução aos problemas de falta ou escassez de energia elétrica, inclusive nas atividades domésticas; de panificadores industriais e demais indústrias que utilizam lenha. Pode promover, portanto a inserção social da população local e aumentar a geração de emprego e renda nos elos de sua cadeia produtiva, promovendo também a equidade de gênero; pode garantir a sustentabilidade das gerações futuras. 13 9. REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Produção da extração vegetal e da silvicultura, Rio de Janeiro – RJ, Brasil, 2003. [2] SILVA, I. T.; ROCHA, B.R.P.; Energia de biomassa, agricultura familiar e inserção social em contribuição ao desenvolvimento sustentável nas comunidades isoladas do Estado do Pará. ANAIS DO SIMPÓSIO AMAZÔNIA, CIDADES E GEOPOLÍTICAS DAS ÁGUAS, 2003. Projeto MEGAM. v. único. p. 172-173. [3] SILVA, I. T.; SILVA, I. M. O.; ROCHA, B. R. P. Geração de Energia a Partir de Resíduos de Mandioca para Agricultura Familiar no Estado do Pará. AGRENER 2002 – 4o Encontro de Energia no Meio Rural, outubro de 2002, Campinas-SP.CD. [4] RODIGUES, L. D.; SILVA, I. T.; ROCHA, B. R. P., SILVA, I. M. O. Uso de briquetes compostos para produção de energia no Estado do Pará. AGRENER 2002 – 4o Encontro de Energia no Meio Rural, outubro de 2002, Campinas-SP.CD [5] REIS, B. O.; SILVA, I. T.; SILVA, I. M. O.; ROCHA, B. R. P. Produção de briquetes energéticos a partir de caroços de açaí. Trabalho AGRENER 2002 – 4o Encontro de Energia no Meio Rural, outubro de 2002, Campinas-SP.CD [6] LIMA, V. D.; J. H. A. Monteiro, B. R. P. da Rocha, I. T. da Silva, I. M. O. da Silva. Sistema de banco de dados dinâmicos. AGRENER 2002 – 4o Encontro de Energia no Meio Rural, outubro de 2002, Campinas-SP.CD [7] CARDOSO, S. A.; SILVA, I. T.; ROCHA, B. R. P., SILVA, I. M. O. Utilização de resíduos de cacau para produção de energia no Estado do Pará. AGRENER 2002 – 4o Encontro de Energia no Meio Rural, outubro de 2002, Campinas-SP.CD
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