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Este documento se trata de uma tradução não-profissional do capítulo “An Attachment-Theory Framework for Conceptualizing Interpersonal Behavior”, de Phillip R. Shaver e Mario Mikulincer, publicado no livro “Handbook of Interpersonal Psychology: Theory, Research, Assessment and Therapeutic Interventions” (2011), editado por Leonard M. Horowitz e Stephen Strack. A tradução foi realizada por Carlos Alberto Dorneles Nonnenmacher, estudante de Psicologia da Universidade Feevale. A tradução visa apenas a divulgação do conhecimento científico da psicologia. Qualquer consideração: carlosdornelesn@gmail.com. Handbook of Interpersonal Psychology, capítulo 2, p. 17-35, 2011 UMA PERSPECTIVA DA TEORIA DO APEGO PARA A CONCEITUALIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO INTERPESSOAL Phillip R. Shaver e Mario Mikulincer A teoria do apego, criada por Bowlby (1973, 1980, 1982) e inicialmente operacionalizada de forma testável por Ainsworth (por exemplo, Ainsworth, Blehar, Waters, & Wall, 1978), se tornou uma das principais abordagens na conceitualização e estudo próximo dos relacionamentos interpessoais. (Veja Cassidy & Shaver, 2008, e Mikulincer & Shaver, 2007a, para revisões da pesquisa sobre apego em geral e teoria do apego aplicada ao estudo das relações adultas em particular). A teoria postula “sistemas” motivacionais ou comportamentais nucleares como apego, exploração, fornecimento de cuidado e sexualidade, os quais os humanos compartilham em alguma medida com primatas não- humanos (Bowlby, 1982). Isso caracteriza esses sistemas como tendo parâmetros experiencialmente modificáveis, os quais (para além de influências genéticas modestas) são responsáveis por diferenças individuais estáveis no que veio a se chamar de “estilo de apego” (veja Mikulincer & Shaver, 2007a, para uma história desse constructo). Neste capítulo, nós exploramos a relevância da teoria do apego para uma compreensão das diferenças individuais no comportamento interpessoal, e propomos uma abordagem geral orientada ao apego para a conceitualização de tal comportamento. Começamos com um breve resumo da teoria do apego e considerações sobre as duas principais dimensões do estilo de apego na adultez, o apego ansioso e o apego evitativo. Nós então revisamos as evidências relacionadas às associações entre essas dimensões e o comportamento interpessoal, propondo que as associações são mediadas tanto por predisposições cognitivo-motivacionais relacionadas a apego e padrões de processamento da informação social. Em seguida, revisamos estudos sobre as maneiras nas quais o estilo de apego contribui para as estruturas de metas pessoais, representações mentais do self e dos outros e scripts mentais relacionados a transações interpessoais, bem como vieses de processamento da informação durante as interações sociais. Finalmente, consideramos os fatores responsáveis pelas diferenças individuais no estilo de apego, incluindo influências genéticas e ambientais. CONCEITOS BÁSICOS NA TEORIA E PESQUISA DO APEGO Um dos princípios da teoria do apego (Bowlby, 1973, 1980, 1982) é que os seres humanos nascem com um sistema psicobiológico (o sistema comportamental de apego) que os motiva a buscar proximidade com outros significativos (figuras de apego) em momentos de necessidade. De acordo com Bowlby (1982), o objetivo deste sistema é manter proteção e apoio adequado, o qual é acompanhado por uma percepção subjetiva de segurança física e emocional. Esse objetivo se torna saliente quando as pessoas encontram ameaças reais ou simbólicas e percebem que uma figura de apego não está suficientemente próxima, interessada ou responsiva (Bowlby, 1982). Em tais casos, o sistema de apego da pessoa é ativado e a pessoa fica motivada a aumentar ou reestabelecer a proximidade com uma figura de apego, de forma que a “segurança sentida” (Sroufe & Waters, 1977) seja conquistada. Bowlby (1988) presumiu que, apesar da idade e o desenvolvimento aumentarem a habilidade da pessoa em ganhar conforto de representações internas e simbólicas das figuras de apego, ninguém em nenhuma idade está completamente livre da necessidade de confiar em outros reais. Logo, o sistema de apego permanece ativo por todo o ciclo vital, como indicado na tendência adulta a buscar proximidade e apoio quando ameaçados ou em sofrimento (Hazan & Zeifman, 1999; Mikulincer & Shaver, 2009). Além disso, pessoas de todas as idades são capazes de se tornar emocionalmente apegadas a uma variedade de parceiros de relacionamentos próximos (por exemplo, irmãos, amigos, parceiros românticos, técnicos e líderes), utilizando tais pessoas como figuras de apego “mais fortes e mais sábias” (Bowlby, 1982) – ou seja, como portos seguros em tempos de necessidade e bases seguras a partir das quais se pode explorar e desenvolver habilidades – e sofrendo frente à separação prolongada ou permanente dessas pessoas (Bowlby, 1980; Shaver & Fraley, 2008). Bowlby (1973) dedicou bastante atenção às diferenças individuais no funcionamento do sistema de apego, que surgem como o resultado da disponibilidade, responsividade e apoio fornecido pelas principais figuras de apego da pessoa, especialmente em momentos de necessidade. As interações com figuras de apego que estão disponíveis e responsivas facilita o funcionamento ótimo do sistema de apego e promove um sentimento duradouro e persistente de segurança de apego – um sentimento de que o mundo é interessante e seguro, que as figuras de apego ajudam quando são chamadas e que é possível explorar o ambiente de maneira curiosa e se envolver efetivamente com outras pessoas. Durante essas interações, uma pessoa aprende que o reconhecimento e a expressão do sofrimento evocam respostas de apoio dos outros, e que busca-los quando ameaçados é uma maneira efetiva de lidar com os problemas e ameaças. Essas experiências geram representações mentais positivas do self e de outros (modelos operacionais de apego) que aumentam tanto a autoconfiança quanto a confiança na disposição das figuras de apego para fornecer apoio. Bowlby (1988) viu o sentimento de segurança de apego como crucial para manter a estabilidade emocional, desenvolver atitudes positivas para com o self e outros, e formar relacionamentos próximos maduros e mutualmente satisfatórios. Quando as figuras de apego não são confiavelmente disponíveis e apoiadoras, um sentimento de segurança não é obtido, modelos operacionais negativos de self e de outros são formados, e estratégias secundárias de regulação do afeto entram em ação. Essas estratégias secundárias são de dois tipos: hiperativação e desativação do sistema de apego (Cassidy & Kobak, 1988; Mikulincer & Shaver, 2003). A hiperativação é caracterizada por tentativas energéticas e insistentes de induzir um parceiro, visto como insuficientemente disponível ou responsivo, a prestar mais atenção e fornecer melhor cuidado e apoio. As estratégias de hiperativação incluem agarramento, controle e respostas coercivas, esforços cognitivos e comportamentais para estabelecer proximidade e superdependência de parceiros como uma fonte de proteção (Shaver & Mikulincer, 2002). A desativação se refere à supressão ou inibição de inclinações e ações de busca por proximidade, desconsideração de ameaças que possam ativar o sistema de apego e a determinação de lidar sozinho com estresse inegável. Essas estratégias envolvem o mantimento da distância física e emocional dos outros, desconforto com a intimidade e a interdependência, menosprezo de estímulos relacionados à ameaça e relacionados ao apego, e a supressão de pensamentos de ameaça e relacionados ao apego (Shaver & Hazan, 1993). Ao examinar as diferenças individuais nofuncionamento do sistema de apego na adolescência e adultez, os pesquisadores se focaram no estilo de apego da pessoa – o padrão crônico das expectativas, emoções e comportamentos relacionais que resultam de uma história particular de experiências de apego (Fraley & Shaver, 2000). Começando com os estudos de Ainsworth et al (1978) sobre o apego infantil, continuando pela conceitualização de Hazan e Shaver (1987) sobre o apego romântico e seguindo pelos muitos estudos conduzidos por psicólogos sociais e da personalidade (revisados por Mikulincer & Shaver, 2007a), os pesquisadores descobriram que as diferenças individuais no estilo de apego podem ser mensuradas por duas dimensões, evitação e ansiedade relacionada ao apego (Brennan, Clark & Shaver, 1998). A posição de uma pessoa na dimensão de apego evitativo indica a extensão na qual ela desconfia da boa-vontade dos outros e depende de estratégias de desativação para lidar com as inseguranças de apego. A posição de uma pessoa na dimensão de apego ansioso indica o grau em que ela se preocupa que o parceiro de relacionamento estará indisponível ou não será útil em tempos de necessidade, e utiliza estratégias de hiperativação. As pessoas que pontuam baixo em ambas as dimensões possuem um sentimento crônico de segurança e são consideradas seguras ou possuindo um estilo de apego seguro. As duas dimensões podem ser mensuradas com escalas confiáveis e validadas de autorrelato (por exemplo, Brennan et al, 1998) e estão associadas de maneiras teoricamente previsíveis com a qualidade, ajustamento e saúde mental do relacionamento (veja Mikulincer & Shaver, 2003, 2007a; Shaver & Hazan, 1993, para revisões). Nesse capítulo, nós nos referimos a pessoas com estilos de apego seguro, ansioso e evitativo, ou pessoas que são relativamente ansiosas ou evitativas. Apesar desse atalho conveniente de categorização (seguro, ansioso e evitativo) poder equivocadamente levar ao pensamento tipológico, nós sempre iremos nos referir a regiões imprecisas em um espaço bidimensional, um espaço no qual os participantes das pesquisas são distribuídos em continuum em vez de categorias. DIFERENÇAS DE ESTILO DE APEGO NO COMPORTAMENTO INTERPESSOAL As diferenças individuais no apego ansioso e evitativo são importantes para a compreensão de diferenças características em uma ampla variedade de reações e comportamentos interpessoais. Por exemplo, as inseguranças de apego encorajam construções negativas e disfuncionais de interações sociais. Em estudos investigando a qualidade das interações cotidianas no curso de uma ou duas semanas, por exemplo, pessoas mais evitativas reportaram baixos níveis de satisfação, intimidade, autorrevelação, comportamento de apoio e emoções positivas quando comparadas com pessoas menos evitativas (isto é, mais seguras), bem como maiores níveis de emoções negativas, como tédio e tensão (por exemplo, Kafetsios & Nezlek, 2002; Tidwell, Reis, & Shaver, 1996). Esses estudos também revelaram que, quando comparadas a pessoas menos ansiosas, aqueles que pontuaram mais em apego ansioso reportaram mais experiências emocionalmente negativas e sentimentos mais frequentes de rejeição durante interações cotidianas. Há também evidências de que o apego inseguro (tanto as variedades ansiosas quanto evitativas) está associado com padrões menos construtivos e menos sensíveis de comunicação diádica (por exemplo, Guerero, 1996) e tentativas menos efetivas de resolver conflitos relacionais (por exemplo, Scharfe & Bartholomew, 1995). Inseguranças de apego também estão relacionadas a reações mais negativas a transgressões e ofensas interpessoais. Enquanto pessoas relativamente seguras tendem a reagir com expressões de raiva funcionais e construtivas (protestos não-hostis), pessoas inseguras (ansiosas ou evitativas) exibem formas de raiva mais destrutivas, como animosidade, hostilidade, criticismo vingativo ou retaliação (por exemplo, Simpson, Rholes, & Phillips, 1996). Ademais, pessoas mais evitativas tendem a ser menos inclinadas a perdoar um parceiro que as magoou e mais inclinadas a se afastar ou buscar vingança (Mikulincer, Shaver, & Slav, 2006). Mikulincer et al. (2006) também descobriram que pessoas mais evitativas se sentem menos gratas do que pessoas menos evitativas durante interações nas quais alguém se comportou positivamente para com elas. Inseguranças de apego também interferem com atitudes e comportamentos pró- sociais durante interações com pessoas que estão em sofrimento ou necessidade. Do lado negativo, o apego ansioso e evitativo estão associados com menores escores em escalas de autorrelato mensurando a sensibilidade e responsividade às necessidades do parceiro (por exemplo, Kunce & Shaver, 1994) e menos comportamentos de apoio para com parceiros em sofrimento (por exemplo, apoiadoras (por exemplo, Simpson, Rholes, & Nelligan, 1992). Do lado positivo, tanto a segurança de apego aumentada por disposição ou experimentalmente estão associadas com empatia e compaixão aumentada para com uma pessoa sofrendo ou tendo dificuldades (por exemplo, Mikulincer, Shaver, Gillath, & Nitzberg, 2005). Nesse capítulo, propomos um modelo geral das maneiras nas quais as diferenças individuais no funcionamento do sistema de apego (operacionalizadas em termos de ansiedade e evitação de apego) afetam o comportamento nas interações sociais. Especificamente, propomos um modelo de dupla-mediação (veja a Figura 2.1) que envolve (a) predisposições cognitivo-motivacionais (metas interpessoais, crenças sobre o self e outros e scripts mentais) que influenciam o comportamento durante os encontros interpessoais e (b) padrões de processamento da informação durante tais encontros. De acordo com esse modelo, as diferenças individuais no funcionamento do sistema de apego moldam as predisposições cognitivo-motivacionais (primeira mediação), que então enviesam a maneira como as pessoas atentam, interpretam e respondem às informações advindas das interações sociais (segunda mediação). Esses padrões de processamento da informação, relacionados ao apego, são os antecedentes próximos do comportamento interpessoal. Figura 2.1. Um Perspectiva Geral de Apego para o Estudo do Comportamento em Trocas Interpessoais. Experiências Primárias de Apego Experiências específicas do relacionamento Fatores Genéticos Estilo de Apego Metas Interpessoais Crenças sobre os outros Crenças sobre si (self) Scripts Mentais X X Predisposições Cognitivo-motivacionais Atenção e Percepção Avaliação e Interpretação Seleção de Metas Geração de Respostas Processamento online da Informação Comportamento Interpessoal PREDISPOSIÇÕES COGNITIVO-MOTIVACIONAIS RELACIONADAS AO APEGO As pessoas entram em interações sociais com conhecimento e atitudes adquiridas durante interações passadas com o mesmo parceiro ou transferem e aplicam o conhecimento e atitudes baseadas em relações prévias (Brumbaugh & Fraley, 2006). Essas predisposições pessoais são manifestadas na estrutura de metas pessoais (metas que ela frequentemente almeja durante as interações sociais), em termos de conhecimento declarativo sobre o self e os outros (crenças sobre o próprio valor, habilidade e eficácia; crenças sobre as motivações e ações prováveis de seu parceiro) e conhecimento procedural sobre as trocas interpessoais (scripts mentais representando as maneiras nas quais as trocas interpessoais tipicamente se desdobram). Essas predisposições podem enviesar a aquisição e uso da informaçãosocial durante uma interação via top-down, através de processos esquemáticos que favorecem a atenção e decodificação da informação reforçadora das expectativas e encorajam a desconsideração ou ignorância da informação que invalida as expectativas. Mais importante, como será explicado depois, essas predisposições são partes ou implicações do estilo de apego de uma pessoa, e elas tendem a ser os principais veículos pelos quais as diferenças individuais no funcionamento do sistema de apego são transferidas às novas relações e interações sociais. Metas Interpessoais De acordo com a teoria do apego, cada um dos dois principais tipos de insegurança de apego (ansiedade e evitação) envolve desejos e medos particulares sobre a segurança, proximidade, dependência e autonomia (por exemplo, Cassidy & Kobak, 1988; Mikulincer & Shaver, 2007a), os quais podem influenciar a busca por determinadas metas durante as interações sociais. Pessoas com apego ansioso tendem a selecionar metas interpessoais compatíveis com sua necessidade intensa por proximidade e temem fortemente a rejeição e separação. Em contraste, as pessoas evitativas tendem a organizar suas interações em torno de desejos por distância e independência e perceber a interdependência e a intimidade como ameaçadoras ou aversivas. Por exemplo, Collins, Guichard, Ford e Feeney (2004) descobriram que o apego ansioso estava associado com ênfase excessiva na importância do amor e apoio de um parceiro romântico, e o apego evitativo estava associado com a minimização de metas relacionadas à proximidade. As pesquisas têm demonstrado que o apego evitativo está associado com a relação intimidade-aversão (por exemplo, Doi & Thelen, 1993), concebendo os parceiros como mais distantes de seu “self nuclear” (Rowe & Carnelley, 2005), e expressando desconforto quando outra pessoa se move para seu espaço pessoal (por exemplo, Kaitz, Bar-Haim, Lehrer, & Grossman, 2004). Além disso, o apego ansioso está associado à sensibilidade à rejeição (por exemplo, Downey & Feldman, 1996) e o rápido reconhecimento de palavras de rejeição em uma tarefa de decisão léxica (por exemplo, Baldwin & Kay, 2003). Representações Mentais do Self Bowlby (1973) argumentou que as crianças constroem representações mentais de si mesmas ao interagir com figuras de apego em momentos de necessidade. Enquanto episódios de disposição da figura de apego podem promover percepções do self como de valor, amável e especial, porque realmente é valioso, amado e considerado especial para a figura de apego cuidadora, interações frustrantes com figuras não-apoiadoras podem destruir essas autorrepresentações positivas. De fato, a pesquisa em apego consistentemente demonstra que as inseguranças de pego estão associadas com autorrepresentações negativas (veja Mikulincer & Shaver, 2007a, para uma revisão). Por exemplo, indivíduos com maior ansiedade de apego tendem a reportar menor autoestima (por exemplo, Mickelson, Kessler, & Shaver, 1997), ver a si mesmos como menos competentes e eficazes (por exemplo, Cooper, Shaver, & Collins, 1998) e possuir menos expectativas positivas sobre sua habilidade de lidar com estresse (por exemplo, Berant, Mikulincer, & Florian, 2001). Além disso, tanto o apego ansioso quanto o evitativo estão associados com modelos menos coerentes de self (Mikulincer, 1995). Em uma série de experimentos laboratoriais, Mikulincer (1998a) demonstrou que ambas estratégias secundárias de apego (hiperativação ansiosa e desativação evitativa) distorcem as autorrepresentações, mas de maneiras diferentes. Enquanto a hiperativação enviesa negativamente as autorrepresentações de pessoas ansiosas, as estratégias desativadoras favorecem processos defensivos de autoengrandecimento e inflação do self. Por um lado, as estratégias ansiosas direcionam a atenção a fontes de sofrimento relevantes ao self (por exemplo, expectativas de rejeição interpessoal) e exacerbam tendências autorrepresentacionais derrotistas, o que envolve a ênfase no desamparo e na vulnerabilidade como uma maneira de evocar a compaixão e apoio de outros. Por outro, estratégias evitativas desviam a atenção de fontes de sofrimento relevantes ao self e encorajam a adoção de uma atitude autoconfiante/autônoma, o que requer o exagero das forças e competências. Representações Mentais dos Outros De acordo com a teoria do apego, pessoas com diferentes estilos de apego também diferem em suas percepções das outras pessoas (Bowlby, 1973). Enquanto as interações de fortalecimento da segurança com figuras de apego disponíveis e responsivas promovem uma visão positiva dos outros, interações emocionalmente dolorosas e frustrantes com figuras indisponíveis ou rejeitadoras contribuem para visões negativas dos outros (Shaver & Hazan, 1993). De fato, o apego evitativo está correlacionado com perspectivas negativas sobre a natureza humana (por exemplo, Collins & Read, 1990), falta de estima por outros (por exemplo, Luke, Maio & Carnelley, 2004), dúvidas sobre a confiabilidade das outras pessoas (por exemplo, Cozzarelli, Hoekstra, & Bylsma, 2000) e expectativas negativas sobre o comportamento dos outros (por exemplo, Baldwin, Fehr, Keedian, Seidel, & Thompson, 1993). Por exemplo, Baldwin et al (1993) examinou a acessibilidade cognitiva das expectativas relacionadas ao comportamento do parceiro, utilizando uma tarefa de decisão léxica, e descobriu que pessoas evitativas possuíam acesso mental mais pronto a representações negativas dos comportamentos dos parceiros (por exemplo, o parceiro ser desagradável) do que as pessoas seguras. Mikulincer e Shaver (2007a) concluíram que o apego ansioso está associado a visões mais ambivalentes sobre os outros. Apesar das pessoas com altos escores em apego ansioso terem uma história de interações frustrantes com figuras de apego, elas ainda assim tendem a acreditar que, se intensificarem seus esforços de busca por apego, podem fazer com que os parceiros prestem atenção e forneçam apoio adequado (Cassidy & Berlin, 1994). Como resultado, elas não formam uma visão fortemente negativa dos outros, pois tal visão implicaria que a busca por proximidade não traz nenhuma esperança. Em vez disso, mesmo que fiquem tanto com raiva quanto com medo, elas tendem a assumir um pouco da culpa da atenção e cuidado não-confiável do parceiro (Mikulincer & Shaver, 2003). Essa rotação pode levar a avaliações simultâneas do valor potencial dos outros e sua provável indisponibilidade ou falta de apoio. Scripts Mentais Análises teóricas recentes propõem que os modelos operacionais de self e outros – o coração dos estilos de apego – também incluem conhecimento procedural sobre como as interações sociais acontecem e como alguém pode lidar bem com o estresse e o sofrimento (por exemplo, Mikulincer & Shaver, 2007b; Waters, Rodrigues, & Ridgeway, 1998; H. S. Waters & Waters, 2006). De acordo com Mikulincer e Shaver (2007b), interações com figuras de apego calorosas, amáveis e apoiadoras são incorporadas em um script relacional de se-então, o qual Waters et al (1998) chamaram de um script de base segura. Se pensa que esse script inclui algo como as seguintes proposições de se-então: “Se eu encontro um obstáculo e/ou fico estressado, eu posso me aproximar de um outro significativo para me ajudar; ele ou ela provavelmente estará disponível e será apoiador(a); eu vou experienciar alívio e conforto como resultado da proximidade a essa pessoa; eu posso então retornar a outras atividades”. Uma vez ativado, esse script serve como um guia para a interação com outros e pode, por si, mitigar o estresse, promover otimismo e esperança, e ajudarindivíduos seguros a lidar bem com os problemas da vida. Já existem evidências para a realidade psicológica do script de base segura. Mikulincer, Shaver, Sapir-Lavid e Avihou-Kanza (2009) apresentaram a participantes de um estudo uma imagem de uma pessoa em necessidade (uma pessoa machucada em um leito de hospital, com uma expressão facial triste) e pediram que escrevessem uma história sobre o que aconteceria em seguida. Participantes mais seguros tendiam a escrever histórias que incluíam elementos-chave do script de base segura (busca de apoio, fornecimento de apoio e alívio do sofrimento). Utilizando uma metodologia de análise de palavras prontas, H. S. Waters e Waters (2006) também demonstraram que participantes com apego seguro produziam mais inferências com relação às informações do script de base segura que receberam e faziam julgamentos mais rápidos e mais confiantes sobre isso. Seguindo essa linha de pesquisa, Ein-Dor, Mikulincer e Shaver (2009) argumentaram que pessoas com apego inseguro também possuíam scripts mentais sobre o manejo do sofrimento. Eles alegaram que indivíduos com apego ansioso dependem de um script de sentinela – um que inclui alta sensibilidade aos estímulos referentes ao perigo iminente e uma tendência a avisar outros sobre o perigo, enquanto ficam próximos a eles na situação perigosa. Ein-Dor et al (2009) também hipotetizaram que as respostas das pessoas evitativas são organizadas em torno do que chamaram de um script de luta- fuga rápida – um que inclui respostas rápidas de autoproteção ao perigo, sem consultar outras pessoas ou buscar receber ajuda delas. Em uma série de cinco estudos, Ein-Dor et al. (2009) descobriram que quanto maior o apego ansioso dos participantes, mais automático era o acesso mental aos componentes nucleares ao script sentinela ao escreverem uma história sobre eventos ameaçadores, e eles processavam a informação desse script mais rapidamente e mais profundamente. Participantes mais evitativos tinham acesso mental mais rápido aos componentes nucleares do script de luta-fuga rápida e melhor decodificação e processamento mais aprofundado das informações desse script. Resumo As crescentes evidências mostram que as diferenças individuais no funcionamento do sistema de apego estão envolvidas na construção das metas interpessoais, crenças sobre o self e outros, e scripts mentais representando trocas interpessoais. Contudo, mais pesquisas são necessárias para determinar como as predisposições cognitivo- motivacionais que uma pessoa leva à interação social influenciam seu comportamento durante a interação, e determinar se e como essas predisposições mediam a conexão entre as inseguranças de apego e o comportamento interpessoal. DIFERENÇAS NO PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO SOCIAL RELACIONADAS AO APEGO Nessa sessão, revisamos as evidências relacionadas à influência do estilo de apego sobre o processamento da informação das interações sociais enquanto ocorrem no tempo. Contudo, antes da revisão, nós explicamos como compreendemos o processamento de informação durante as transações interpessoais, seus antecedentes próximos e suas consequências comportamentais imediatas. Processamento da Informação Social Ao analisar os vieses relacionados ao apego no processamento da informação durante trocas interpessoais, consideramos os passos cognitivos que levam ao comportamento de acordo com modelos sequenciais do processamento da informação (por exemplo, Andersen & Glassman, 1996; Dodge, 2003, no prelo; Vogel, Wester, Larson, & Wade, 2006). Nesses modelos, os passos iniciais do processamento envolvem a atenção, percepção e interpretação da informação e os passos seguintes envolvem os julgamentos e decisões sobre alternativas comportamentais em uma dada situação (veja a Figura 2.1). O primeiro passo é atentar e perceber os estímulos da informação. Uma vez que múltiplos estímulos aparecem simultaneamente e sua gama é tão grande, a atenção seletiva a alguns sobre outros é inevitável. Quando um parceiro em um encontro sorri para uma outra pessoa atraente do sexo oposto em uma festa, por exemplo, seu par poderia atentar ao sorriso e à dor que ele causa, ao rival em potencial e sua atratividade ou às reações de outros ao evento. A atenção a certos estímulos pode obviamente influenciar o subsequente processamento da informação e o comportamento baseado nele, como quando a atenção à expressão de desculpas ou culpa do parceiro mitiga a humilhação ou ciúme do outro e o encoraja a perdoar ou a uma resposta conciliatória. Seguida de perto da percepção de estímulos sociais está a reunião de representações mentais da situação atual, as reações das outras pessoas e o self em relação a essa pessoa. Esse processo mais complexo e reflexivo geralmente inicia uma série de atribuições causais sobre o comportamento dos outros (por exemplo, por que meu parceiro de encontro está sorrindo para essa pessoa atraente do sexo oposto?), interpretações das motivações e intenções dos outros, expectativas sobre o que ele ou ela fará em seguida, avaliação da situação como uma ameaça, uma perda, um desafio ou um benefício (a qual Lazarus & Folkman, 1984, chamaram de avaliação primária) e a avaliação da própria capacidade de enfrentamento e respostas alternativas (a qual Lazarus & Folkman, 1984, chamaram de avaliação secundária). Tais representações mentais são disponíveis (online) em microssegundos e podem ser atualizadas no curso de uma interação social. A formação de tais representações geralmente não é um processo consciente, apesar de que pode se tornar, se instigadas (Dodge, 2003). É claro, há numerosas variações desse processo. Por exemplo, uma reclamação de um parceiro romântico sobre o comportamento da pessoa pode ser interpretada como um reflexo da hostilidade do parceiro e da intenção de terminar o relacionamento ou uma tentativa construtiva de melhorar a qualidade e confiança no relacionamento. Além disso, a pessoa pode interpretar a resposta do parceiro como uma ameaça a si ou ao relacionamento, ou como uma oportunidade desafiadora. Similarmente, a pessoa pode se avaliar como capaz de mudar e se tornar mais atenciosa com as necessidades do parceiro ou sua liberdade, ou como incapaz de fazer essa mudança. Em qualquer caso, a maneira que uma pessoa avalia a situação, o comportamento do parceiro e as próprias reações emocionais a esse comportamento tendem a influenciar o relacionamento – por exemplo, quando a pessoa atribui intenções hostis aos comentários do parceiro, avalia os comentários como uma provocação deliberada e avalia a si mesmo como poderoso na situação e no relacionamento, ela pode muito bem agir agressivamente, talvez até mesmo violentamente, em direção ao parceiro que insultou (por exemplo, Dodge, 2003). O terceiro passo no processo é a seleção de metas. Como na formulação de representação mental, as pessoas geralmente não estão cientes desse passo, mas elas podem refletir posteriormente sobre as metas e impulsos que se tornaram mais salientes. No exemplo discutido acima, a avaliação do comentário insultante do parceiro pode levar à seleção de metas pró-relacionamento ou reparadoras, ou metas de aprovação ou pacificação, metas de evitação ou defesa, ou metas agressivas e retaliativas. Tal seleção de metas é acompanhada por reações emocionais discretas que são engatilhadas por padrões específicos de avaliações cognitivas (por exemplo, Frijda, 1986; Lazarus, 1991). Por exemplo, enquanto sentimentos de amor ou gratidão podem predispor uma pessoa a se comportar de maneiras que promovam o relacionamento, o medo pode predispor uma pessoa a se afastar,e a raiva pode predispor uma pessoa a retaliar agressivamente. A fase de decisão subsequente do processamento inclui a geração de respostas, avaliação da resposta e a ação. As representações mentais engatilham uma ou mais respostas comportamentais possíveis, tais como respostas pró-relação, afastamento ou agressão. De acordo com Dodge (2003), as ligações entre certas representações mentais e as respostas que são geradas são associações neurais que podem ser inatas, e assim “prontas” ao nascimento, ou condicionadas através de observação de outros e experiências pessoais. Contudo, a geração de uma resposta não leva inevitavelmente à sua ação. Fontaine e Dodge (2006) propõem uma sequência de avaliação e decisão de resposta (RED), durante a qual uma pessoa pode rapidamente (e frequentemente de forma inconsciente) decidir se age a partir da resposta gerada sem nenhuma consideração das consequências ou considera e avalia as consequências. As considerações incluem a estimativa de quão provável é que será bem-sucedido ao realizar a resposta, a atribuição de valor pessoal à resposta, a estimativa da probabilidade de várias consequências e a atribuição de valor a essas consequências. Fontaine e Dodge (2006) hipotetizaram que diferentes respostas possíveis são comparadas (comparação de respostas) antes que a resposta mais apropriada seja selecionada (seleção de resposta). Todos esses passos podem ser influenciados por fatores contextuais, incluindo o setting interpessoal, o comportamento verbal e não-verbal da outra pessoa e suas respostas ao comportamento do indivíduo. Contudo, eles podem também ser influenciados por fatores que as pessoas já trazem consigo para a situação, como o conhecimento que acumularam sobre os traços e motivações da outra pessoa durante interações prévias, bem como predisposições cognitivo-motivacionais mais gerais. Nós supomos que o processamento da informação social é moldado por interações complexas entre pessoa- situação, nas quais os fatores contextuais exacerbam ou mitigam as influências das predisposições cognitivo-motivacionais, através de processos bottom-up, enquanto as predisposições alimentam ou reduzem os efeitos dos fatores contextuais por processos top-down. Nós encaramos as diferenças individuais no funcionamento do sistema de apego como importantes antecedentes das influências top-down no processamento da informação social, porque, como mencionado anteriormente, elas moldam tanto as predisposições específicas ao parceiro quanto aquelas cognitivo-motivacionais mais gerais. Inseguranças de Apego e Padrões de Processamento da Informação Social Estágios primários do processamento da informação. Há evidências consideráveis ligando as inseguranças de apego a vieses na percepção de mensagens não-verbais de outros. Por exemplo, Noller e Feeney (1994) pediram a um membro de um casal recente que enviasse uma série de mensagens não-verbais expressando determinadas emoções (por exemplo, tristeza, raiva) ao outro membro e descobriram que os cônjuges mais ansiosos ou evitativos eram menos precisos na decodificação de mensagens não-verbais de seu parceiro. Similarmente, utilizando o sistema de codificação facial de Ekman e Friesen (1975), Magai, Distel e Liker (1995) descobriram que pessoas menos seguras eram menos precisas na decodificação facial de emoções. Em outro estudo de decodificação facial do afeto, Fraley, Niedenthal, Marks, Brumbaugh e Vicary (2006) utilizaram um paradigma de filmes “mórficos”, nos quais eram mostrados aos participantes filmes computadorizados de faces nas quais uma expressão facial neutra gradualmente mudava para uma emoção em particular. Os participantes eram instruídos a parar a mostra de filmes quando percebiam que a expressão emocional estava em evidência, e então julgar qual emoção a face estava expressando (raiva, felicidade ou tristeza). Indivíduos mais ansiosamente apegados tendiam a perceber a mudança emocional de expressões faciais mais cedo e cometiam mais erros no julgamento de qual expressão a face estava expressando. Esses resultados sugerem que as dificuldades das pessoas ansiosas (em relação ao apego) na decodificação de emoções podem ser resultado da vigilância aumentada a sinais emocionais e uma tendência a realizar julgamentos prematuros. Estudos examinando a defensividade de pessoas evitativas também fornecem evidências sobre os estágios primários do processamento de informação social. Por exemplo, Fraley, Garner e Shaver (2000) examinaram a hipótese de que pessoas evitativas direcionariam a atenção para longe de, ou codificariam de maneira superficial, informações estressantes relacionadas ao apego. Os participantes ouviram a uma entrevista sobre a perda de um parceiro próximo e depois foram requisitados a lembrar detalhes da entrevista, seja logo após ouvi-la ou após intervalos que iam entre meia hora a 21 dias. Uma análise das curvas de esquecimento revelou que (a) pessoas evitativas inicialmente codificavam menos informações da entrevista e que (b) as pessoas com estilos de apego diferentes esqueciam informações codificadas na mesma proporção. Assim, as defesas evitativas parecem bloquear o material interpessoal ameaçador da consciência antes de ser codificado. Seguindo esses achados, Maier et al (2005) examinaram a hipótese de que pessoas evitativas seriam vigilantes à informação relacionada ao apego para bloqueá-la e impedi- la de ser processada posteriormente. De fato, o apego evitativo foi associado com menor limiar de identificação (menor tempo de exposição necessário para identificar uma imagem) para imagens representando faces humanas com afeto e interações sociais. Essa associação não foi significativa para imagens de faces neutras, cenas da natureza ou objetos inanimados. Assim, as defesas evitativas parecem envolver uma vigilância perceptual a estímulos emocionais e sociais. Avaliações de eventos interpessoais. Diversos estudos demonstraram que inseguranças de apego contribuem para avaliações mais pessimistas e catastróficas de eventos interpessoais ameaçadores, como divórcio (por exemplo, Brinbaum, Orr, Mikulincer & Florian, 1997), o nascimento de uma criança doente (por exemplo, Berant et al, 2001) e aborto (por exemplo, Cozzarelli, Sumer & Major, 1998). Em um estudo sobre sentimentos feridos em relacionamentos de casais, J. Feeney (2004) descobriu que pessoas menos seguras tendiam mais a avaliar um evento doloroso como tendo efeitos negativos a longo prazo na autoestima e no relacionamento. Avaliações sobre os outros. Estudos demonstraram que pessoas que diferem no estilo de apego também diferem na forma como interpretam e explicam os comportamentos aversivos dos outros (por exemplo, Collins, Ford, Guichard & Allard, 2006; Gallo & Smith, 2001). Por exemplo, Collins (1996) apresentou aos participantes de um estudo seis vinhetas hipotéticas sobre o comportamento problemático de um parceiro romântico (por exemplo, “Seu parceiro não lhe confortou quando você estava pra baixo”) e pediu que escrevessem uma explicação aberta para cada evento e completassem um questionário de atribuição, que avaliava a extensão na qual o comportamento era atribuído a causas internas, estáveis, controláveis e intencionais. As explicações dos indivíduos inseguros enfatizavam as más intenções e traços negativos do parceiro. Especificamente, pessoas mais inseguras tendiam mais a acreditar que o comportamento negativo do parceiro era causado pela falta de amor dele, a atribuir esses comportamentos a causas globais e estáveis e enxergá-los como fruto de motivações más. Um viés atributivo similar foi notado por Mikulincer (1998b), que descobriu quepessoas inseguras tendiam a atribuir hostilidade a outra pessoa, mesmo quando essa pessoa não tinha mostrado sinais de possuir intenções hostis. Os vieses também têm sido registrados na avaliação de indivíduos inseguros sobre o apoio ou falta de apoio de outras pessoas. Por exemplo, Collins e Feeney (2004, Estudo 1) manipularam experimentalmente o apoio de um parceiro e avaliaram as diferenças dos estilos de apego nas percepções desse apoio. Casais de namorados eram trazidos ao laboratório; um membro do casal era informado que iria realizar uma tarefa estressante (conceder um discurso enquanto é gravado); e o casal era então observado por cinco minutos. Em seguida, os membros do casal eram separados e o apoio era manipulado, através do ato do parceiro sem discurso copiar dois comentários claramente apoiadores ou dois comentários ambíguos e manda-los para o parceiro que daria o discurso. Aquele que daria o discurso então leria os comentários e avaliaria seu apoio e o comportamento do parceiro durante a interação anterior. Os participantes inseguros avaliaram os comentários ambíguos como menos apoiadores e mais chateadores e inferiram mais intenções negativas do que os participantes seguros. Mais importante, após receber os comentários ambíguos, os participantes inseguros avaliaram suas interações anteriores como menos apoiadoras do que seria esperado por base nas avaliações de juízes das interações. Esses resultados foram replicados em um segundo estudo (Collins & Feeney, 2004, Estudo 2) no qual os parceiros sem discurso eram permitidos a escrever seus próprios comentários. O estudo de Zhang e Hazan (2002) sobre o estudo da percepção pessoal fornece outro exemplo de como inseguranças no apego podem enviesar a interpretação do comportamento de outros. Os participantes receberam uma lista de traços positivos e negativos e foram requisitados a estimar o número de instâncias comportamentais que precisariam confirmar ou desconfirmar a posse de cada traço por um parceiro romântico hipotético. Participantes ansiosos necessitaram de menos evidências para confirmar a presença de traços positivos e negativos e desconfirmar a posse de traços negativos. Ou seja, indivíduos ansiosos tendiam a fazer julgamentos positivos e negativos sobre os outros de maneira relativamente rápida e sem muita evidência comportamental. Participantes mais evitativos necessitaram de mais evidências comportamentais antes de concluir que os outros possuíam traços positivos ou para que sua posse de traços negativos fosse desconfirmada. Esses resultados sugerem que a evitação nutre avaliações negativas inflexíveis sobre os traços dos outros. Além disso, isso implica que as visões negativas sobre os outros das pessoas evitativas podem ser mais estáveis e persistentes do que aquelas das pessoas com apego ansioso, que tendem a ser mais receptivas aos comportamentos positivos de outros. O estilo de apego interage com o contexto para influenciar as avaliações sobre os outros. Os estudos sobre o apego adulto têm se tornado sobre interações pessoa x situação, ou interações apego x contexto, que afetam o relacionamento dos parceiros. Por exemplo, Rholes, Simpson, Campbell e Grich (2001) reportaram que tanto os vieses cognitivos relacionados ao apego quanto seus comportamentos factuais influenciam as percepções de mulheres inseguras sobre apoio durante a transição à parentalidade. Esposas mais ansiosas perceberam seus cônjuges como menos apoiadores do que seus maridos alegaram ser antes e depois do parto. Além disso, homens casados com mulheres mais ansiosamente apegadas reportaram ser menos apoiadores do que os homens casados a mulheres menos ansiosas. Considerando tudo, os resultados sugerem que, apesar da possibilidade de as mulheres ansiosas estarem enviesadas na avaliação sobre o apoio de seus parceiros, há também um grau de precisão em suas reclamações sobre a falta de apoio do parceiro. Se a falta de apoio era parcialmente uma reação a avaliações enviesadas anteriores é ainda algo desconhecido. Interessantemente, mulheres ansiosamente apegadas não tendiam mais a depressão pós-parto do que mulheres menos ansiosas, quando percebiam que seus maridos eram apoiadores. Esse é um exemplo de como tais percepções podem ser importantes para a saúde mental e funcionamento familiar. Estudos orientados ao apego sobre relacionamentos maritais fornecem mais informações sobre o papel das características reais do parceiro e sua influência nas avaliações de seu apoio (por exemplo, Gallo & Smith, 2001; Volling, Notaro & Larsen, 1998). Por exemplo, casais seguros (isto é, nos quais ambos parceiros possuem apegos seguros) são mais confiantes sobre o apoio do cônjuge do que casais inseguros (aqueles nos quais ambos cônjuges são apegados inseguramente). Nenhuma diferença foi encontrada entre casais seguros e mistos (aqueles nos quais apenas um parceiro era seguro), implicando que as percepções negativas do parceiro inseguro podem às vezes ser mitigadas pela segurança de apego do outro parceiro. Além disso, uma vez que cônjuges seguros tendem a realmente ser mais sensíveis, responsivos e apoiadores do que cônjuges inseguros (veja Mikulincer & Shaver, 2007a, para uma revisão) esses achados sugerem que as percepções de apoio das pessoas inseguras sobre seus cônjuges podem ser positivamente afetadas pelos comportamentos verdadeiramente apoiadores destes. Apesar da tendência de pessoas inseguras a oferecer explicações pessimistas sobre o comportamento dos outros, dois estudos demonstram que essa tendência pode ser moderada por forças contextuais. Pereg e Mikulincer (2004) sujeitaram participantes de um estudo a induções de humor negativo e humor neutro, e descobriram que as atribuições pessimistas de pessoas ansiosas eram fortalecidas pela indução ao humor negativo. Collins et al (2006) descobriram que a tendência das pessoas ansiosas a oferecer atribuições negativas foi atenuada para aqueles que estavam em um relacionamento satisfatório. Em ambos estudos, as explicações pessimistas das pessoas evitativas permaneceram as mesmas, independentemente de variações no humor ou satisfação com o relacionamento. Ou seja, enquanto os vieses cognitivos negativos de pessoas ansiosas pareceram ser responsivos às flutuações no humor e fatores específicos ao relacionamento, os vieses das pessoas evitativas eram estáveis e prováveis de produzir inferências pessimistas, mesmo quando um relacionamento satisfatório encorajava mais atribuições benignas. Autoavaliações durante interações sociais. Inseguranças de apego também enviesam as autoavaliações das pessoas durante interações sociais. Por exemplo, Pietromonaco e Barrett (1997) examinaram as diferenças no estilo de apego em um diário de autoavaliações durante uma semana. Estudantes ansiosamente apegados fizeram mais autoavaliações negativas após interações cotidianas, e as avaliações de estudantes evitativos ficaram entre as dos estudantes ansiosos e as dos seguros. Pesquisadores do apego descobriram também que a ansiedade de apego está associada a interpretações autoderrotistas e desesperançosas de experiências negativas em relacionamentos – um padrão de atribuição que inclui a tomada de responsabilidade por uma interação decepcionante e atribuição a uma falta temporalmente estável de habilidade ou valor pessoal (por exemplo, Gamble & Roberts, 2005; Sumer & Cozzarelli, 2004). Estudos investigando as crenças sobre o controle pessoal também demonstraram que os indivíduos com apego ansioso frequentemente se sentem relativamente desesperançosos sobre o prospecto de suas relações (por exemplo, Fass & Tubman, 2002; Mickelson, Kessler & Shaver,1997). Eles também tendem a acreditar que outros poderosos possuem muito controle sobre suas vidas. Diversos estudos descobriram que indivíduos menos seguros dependem mais de fontes externas de validação para seu senso de valor, enquanto indivíduos relativamente seguros utilizam de um senso de valor interno e relativamente estável. Por exemplo, Srivastava e Beer (2005) requisitaram que pessoas participassem de discussões semanais em pequenos grupos durante quatro semanas e, após cada sessão em grupo, avaliassem sua própria desejabilidade e o quanto gostavam de cada uma das outras pessoas no grupo. Participantes que eram mais gostados por outros depois de uma sessão tiveram mais autoavaliações positivas na sessão seguinte. Contudo, uma dependência na desejabilidade por outros foi encontrada principalmente entre participantes com altos escores de apego ansioso. Para os membros do grupo mais seguros, as autoavaliações eram relativamente altas, independentemente do que outros membros pensavam. Em um contexto laboratorial, Carvallo e Gabriel (2006) descobriram que as avaliações de indivíduos evitativos também recaíam em fontes externas de validação. Especificamente, eles reportaram mais autoavaliações positivas após receberem informações de que eram aceitos por outros ou que seus prospectos de sucessos futuros em âmbitos interpessoais eram bons, quando comparado com quando não recebiam nenhuma informação. Mas, novamente, as autoavaliações dos participantes menos evitativos não eram significativamente afetadas pelo feedback experimental. Maier, Bernier, Pekrun, Zimmermann e Grossmann (2004) obtiveram um padrão parecido de descobertas ao investigar respostas implícitas à exposição subliminar de uma frase de rejeição. Os participantes do estudo eram expostos subliminarmente a “Minha mãe me rejeita” ou a uma mensagem neutra, e então seus tempos de reação para frases positivas sobre seu autovalor ou autoeficácia eram avaliados. Indivíduos evitativos e ansiosos tiveram tempos de reação mais longos após serem expostos à mensagem de rejeição, implicando que exposições relacionadas a rejeição interferiram no reestabelecimento de autorrepresentações positivas. Geração de Resposta. Pesquisadores do apego adulto começaram a estudar as dificuldades de pessoas inseguras na avaliação de respostas possíveis e na decisão entre elas. Por exemplo, Tangney, Baumeister e Boone (2004) reportaram que pessoas mais ansiosas e mais evitativas obtiveram escores mais baixos em uma medida de autocontrole, e Learner e Kruger (1997) descobriram que adolescentes que obtiveram escores mais baixos em uma medida de apego seguro para com os pais reportavam menos planejamento e organização mais pobre de suas atividades diárias. Mikulincer e Shaver (2007a) reportaram achados correlacionais mostrando que universitários mais ansiosos e evitativos obtiveram menores escores em análise de problema, ensaio de planos, concentração na tarefa, persistência na tarefa e reorganização comportamental, e obtiveram escores mais altos em procrastinação. Além disso, a ansiedade de apego foi associada com deliberações relativamente infrutíferas e dificuldades na concentração, na priorização de metas e na tomada de decisão, talvez refletindo uma tendência à ruminação sobre possibilidades negativas. Descobertas de nossos laboratórios também demonstraram que pessoas com apego inseguro possuem problemas de coordenação interpessoal quando tentam aumentar a proximidade e a cooperação (Mikulincer & Shaver, 2007a). Em um estudo, os participantes eram convidados a se envolverem em uma interação de resolução de problemas (uma tarefa de “sobrevivência no deserto”) com outro participante que não conheciam. Participantes eram explicitamente instruídos a encorajar a proximidade e a cooperação durante a interação, mas seus parceiros não estavam cientes dessa instrução. A interação foi filmada, e cinco juízes independentes depois avaliaram os comportamentos dos participantes e dos parceiros. Participantes com apego ansioso e com apego evitativo eram avaliados por juízes como demonstrando menos comportamentos efetivos e orientados a metas, parecendo se sentir menos relaxados e calmos durante a interação, reagindo de maneiras menos apropriadas às respostas dos parceiros, e sendo menos capazes de promover proximidade e cooperação. Ademais, os parceiros de participantes mais apegados ansiosos ou evitativos eram avaliados pelos juízes como parecendo menos calmos e relaxados durante a interação. ANTECEDENTES DAS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS NO ESTILO DE APEGO Devido aos problemas persistentes associados aos estilos de apego inseguro, é importante aprender mais sobre os determinantes desses estilos. De acordo com Bowlby (1973) e Ainsworth et al (1978), as orientações de apego são moldadas pelas interações com figuras de apego por todo o ciclo vital, começando bem cedo na infância. Na visão deles, o cuidado parental é o antecedente mais importante do padrão de apego de uma criança, sendo que pais mais sensíveis e responsivos encorajam um padrão mais seguro de apego infantil. Nos primeiros estudos sobre apego infantil, Ainsworth et al (1978) conduziram observações caseiras das interações mãe-criança e descobriram preditores das reações emocionais e comportamentos subsequentes da criança em um laboratório de Situação Estranha. Os comportamentos maternos relevantes incluíam, por exemplo, ser responsivo ao choro da criança, ser sensível aos sinais e necessidades da criança e ser psicologicamente acessível quando a criança estiver em sofrimento, cooperando com seus esforços e aceitando suas necessidades e comportamentos. Juntos, esses comportamentos viriam a ser chamados de cuidado parental “sensível e responsivo” (por exemplo, De Wolff & van IJzendoorn, 1997). Desde os estudos pioneiros relatados por Ainsworth et al (1978), dúzias de outros estudos têm sido conduzidos sobre a ligação entre a sensibilidade materna e a segurança de apego da criança, e seus achados têm sido sumarizados em três estudos meta-analíticos que descobriram correlações médias claramente significativas, mas apenas de tamanho moderado (Atkinson et al, 2000; De Wolff & van IJzendoorn, 1997; Goldsmith & Alansky, 1987). Estudos de intervenções experimentais voltados à melhoria da sensibilidade parental durante a infância têm fornecido mais evidências para uma ligação entre o cuidado parental e o apego infantil. Por exemplo, em uma revisão meta-analítica de 23 estudos com intervenções experimentais (incluindo 1225 díades mãe-criança), Bakermans-Kranenburg, van IJzendoorn e Juffer (2003) reportaram um efeito médio moderado, mas estatisticamente significativo (.20), ligando intervenções voltadas à melhoria da sensibilidade materna (quando comparadas a grupos-controle) com uma probabilidade mais alta de apego infantil seguro. Recentemente, H. Steele e Steele (2008) compilaram exemplos de numerosos estudos de intervenções que demonstraram bons resultados com díades mãe-criança/mãe adotiva-criança adotiva em risco e baixo status socioeconômico. Estudos longitudinais examinando a associação entre cuidado parental durante a infância, o apego infantil da prole e os padrões de apego da prole durante a adolescência ou adultez são escassos, mas os achados obtidos até agora fornecem evidências a favor da influência formativa das experiências primárias no apego adulto posterior. Por exemplo, Beckwith, Cohen e Hamilton (1999) descobriram que a sensibilidade materna durante as interações mãe-criança quando a criança tinha 1, 8 e 24 meses de idade está associada com mais apego seguro à mãe quando aquela completava 18 anos. Utilizandoos dados do Bielfeld Project, na Alemanha, Grossmann et al (2005) descobriram que o apego seguro aos 22 anos estava associado positivamente com (a) a sensibilidade paterna durante os 3 primeiros anos da vida do participante e (b) as experiências de apoio com a mãe ou pai durante o resto da infância. Os padrões de apego dos próprios pais podem também afetar o apego infantil. Altas taxas de concordância (entre 60% e 85%) têm sido encontradas entre a segurança de apego da mãe e o grau de segurança ou insegurança da criança na sua presença (por exemplo, Benoit & Parker, 1994; Fonagy, H. Steele & Steele, 1991). De acordo com Main, Kaplan e Cassidy (1985), a qualidade das interações pai-criança media essa transmissão intergeracional de apego. Contudo, a meta-análise de van IJzendoorn (1995) de 10 estudos revelou o que ele chamou de “lacuna de transmissão” (transmission gap). Apesar de haver um efeito de tamanho considerável ligando o apego seguro da mãe e as respostas sensíveis às necessidades da criança, muito da associação entre o status do apego do pai e da criança parece ocorrer através de processos que vão além da qualidade das interações pai-criança, ao menos no quanto essa associação já foi mensurada. A “lacuna de transmissão” abriu a porta para explicações genéticas possíveis sobre a transmissão intergeracional de padrões de apego, o que desafiava a ênfase quase exclusiva de Bowlby (1982) sobre a importância de experiências sociais primárias. Estudos de genética comportamental que investigaram a concordância de padrões de apego em gêmeos monozigóticos e dizigóticos têm indicado que fatores genéticos podem explicar entre 14% e 40% da variância no padrão de apego em várias fases do ciclo vital (por exemplo, Brussoni, Jang, Livesley & Macbeth, 2000; Crawford et al, 2007; O’Connor & Croft, 2001). Estudos explorando possíveis marcadores genéticos moleculares associados com padrões de apego adulto têm produzido evidências preliminares para tais associações (por exemplo, Donnellan, Burt, Levendosky & Klump, 2008; Gillath, Shaver, Baek & Chun, 2008). Contudo, estudos envolvendo crianças até agora falharam em encontrar uma contribuição genética forte e direta nos padrões de apego, apesar de terem encontrado evidência para interações entre influências genéticas e cuidado parental (Bakermans-Kranenburg & van IJzendoorn, 2004). Recentemente, Belsky e Pluess (2009) reportaram outro tipo de interação genes-cuidado parental, na qual crianças com temperamentos difíceis quando pequenas eram mais suscetíveis aos efeitos prejudiciais do cuidado materno empobrecido (isto é, exibiam mais problemas comportamentais no jardim de infância) em comparação a crianças com temperamentos fáceis. Em resumo, um modelo compreensivo do desenvolvimento do estilo de apego deve levar em conta os efeitos ambientais, genéticos e da interação gene-ambiente. Além disso, quando se considera os efeitos ambientais, se deve distinguir entre fatores de experiências primárias (por exemplo, cuidado parental) que são prováveis de influenciar estilos de apego em diversas relações e condições de relacionamentos, e fatores ambientais mais locais, como as características de um parceiro, que são prováveis de influenciar os comportamentos de apego dentro de uma determinada relação. Atualmente, ademais, está se tornando mais importante considerar como influências ambientais produzem efeitos a partir da regulação da expressão genética (Meaney & Szyf, 2005). CONSIDERAÇÕES FINAIS O modelo aqui proposto se baseia em outros publicados previamente por Fraley e Shaver (2000) e Mikulincer e Shaver (2003, 2007a), mas é único ao defender que tanto predisposições cognitivo-motivacionais relacionadas ao apego e padrões situacionais de processamento da informação mediam os efeitos genéticos, do histórico de interações de apego e da combinação desses fatores no comportamento interpessoal. O modelo (Figura 2.1) estabelece que genes específicos (mesmo que ainda não identificados em sua maioria) e experiências primárias com figuras de apego insensíveis, não-apoiadoras, não- confiáveis, rejeitadoras ou abusivas trazem riscos ao desenvolvimento a longo prazo de estilos de apego inseguro e padrões desadaptativos de predisposições cognitivo- motivacionais que as pessoas trazem com elas para novas interações sociais e relacionamentos próximos. Esses fatores remotos operam como influências importantes e em interação entre si. No decorrer do desenvolvimento, as experiências em tipos particulares de relacionamentos também levam ao desenvolvimento de estilos de apego específicos ao relacionamento, que influenciam padrões de predisposições cognitivo- motivacionais específicos dentro daquelas relações. Em particular, nas trocas interpessoais, essas predisposições cognitivo-motivacionais moldam a maneira como as pessoas processam a informação e geram e escolhem entre comportamentos possíveis. Todos estágios desse processo começaram a receber a atenção de pesquisadores, mas a história completa é ainda um trabalho em andamento. Referências Ainsworth, M. D. S., Blehar, M. C., Waters, E., & Wall, S. (1978). Patterns of attachment: Assessed in the Strange Situation and at home. Hillsdale, NJ: Erlbaum. Andersen, S. M., & Glassman, N. S. (1996). Responding to significant others when they are not there: Effects on interpersonal inference, motivation, and affect. In R. M. Sorrentino & E. T. Higgins (Eds.), Handbook of motivation and cognition (Vol. 3, pp. 262–321). New York: Guilford Press. Atkinson, L., Niccols, A., Paglia, A., Coolbear, J., Parker, K. C. H., Poulton, L., Guger, S., & Sitarenios, G. (2000). 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