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Tradução: Uma Abordagem Focada na Compaixão para Transtornos de Ansiedade (Welford, 2010)

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Este documento trata-se de uma tradução não-profissional do artigo “A Compassion Focused Approach to 
Anxiety Disorders”, de Mary Welford. A tradução foi realizada por Carlos Alberto Dorneles 
Nonnenmacher, estudante de Psicologia da Universidade Feevale. A tradução visa apenas a divulgação do 
conhecimento científico e da TCC. Qualquer consideração: carlosdornelesn@gmail.com. 
International Journal of Cognitive Therapy, 3(2), p. 124-140, 2010 
UMA ABORDAGEM FOCADA NA COMPAIXÃO PARA 
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE 
Mary Welford 
Greater Manchester West Mental Health NHS Foundation Trust 
 
Todos os animais precisam de sistemas de p rocessamento que permitem a detecção de perigos e 
então a tomada rápida de ações defensivas para enfrentar e/ou evitá-los. A ansiedade é um 
mecanismo evoluído que facilita tais estratégias protetivas e defensivas e, assim, é parte de um 
sistema normal, altamente evoluído para a detecção de ameaça e defesa. Formas problemáticas 
de ansiedade podem ocorrer quando mecanismos evoluídos são ativados inapropriadamente, com 
muita intensidade e pervasividade. As razões para a ansiedade se tornar “problemática” têm sido 
atribuídas a uma interação complexa entre genética, fatores ambientais e avaliações pessoais. Este 
artigo explorará as dificuldades de ansiedade de uma posição teórica focada na compaixão, na 
qual se argumenta que a regulação da ansiedade ocorre tanto dentro quanto fora do sistema de 
ameaça. Em particular, o sistema que evoluiu para processos de apego pode ser um grande 
regulador do processamento da ameaça. Assim, os transtornos de ansiedade podem representar 
problemas em diferentes sistemas, além do sistema de ameaça (e.g., sistema de soothing), e uma 
atenção a estes é necessária para a recuperação. Este artigo sublinha a base racional e os 
componentes-chave da abordagem da Terapia Focada na Compaixão (TFC) para a compreensão 
e melhora das condições da ansiedade. Um exemplo de caso, salientando seus principais pontos, 
é fornecido. 
 
O DSM-IV (APA, 1994) assinala a existência de 12 diferentes transtornos de ansiedade, 
variando de simples fobias a transtornos obsessivo-compulsivos e de ansiedade 
generalizada. Com prevalências ao longo da vida de 30% e aproximadamente 18% ao 
longo de doze meses (Kessler, Chiu, Demler, Walters, 2005), os transtornos de ansiedade 
são umas das condições psiquiátricas mais prevalentes na população geral. 
 A visão da TCC sobre os transtornos de ansiedade foi primeiro descrita em 1985 
por Beck, Emery e Greenberg. Eles propuseram que as experiências de vida e o 
desenvolvimento de crenças nucleares e esquemas sensibilizam a atenção do indivíduo e 
as competências interpretativas para certos tipos de ameaças, ativando sistemas de 
ameaça inatos e evoluídos (por exemplo, luta, fuga, congelamento e desmaio). As 
experiências de ansiedade e medo podem sensibilizar os sistemas atencionais, criar 
crenças nucleares (e.g., “Eu sou vulnerável”, “Os outros são rejeitadores”) e levar ao 
desenvolvimento de uma gama de comportamentos de segurança para lidar e evitar as 
ameaças. Esses comportamentos de segurança tipicamente aumentam a percepção de 
ameaça ou previnem o aprendizado de enfrentamento adaptativo ou engajamento e 
dessensibilização (Thwaites & Freeston, 2005). 
 Nas últimas três décadas, contudo, muito mudou e avançou em nossa 
compreensão dos mecanismos que subjazem e regulam a ansiedade (LeDoux, 1998; 
Panksepp, 1998). Um menu de protocolos com modelos específicos que buscam a 
reavaliação de pensamentos específicos e/ou interpretações catastróficas, via reatribuição 
verbal e experimentos comportamentais, têm se saído muito bem para uma série de 
grupos, como aqueles que sofrem com ansiedade social (Fedoroff & Taylor, 2001), 
transtorno de estresse pós-traumático (Ehlers et al., 2003, Ehlers, Clark, Hackmann, 
McManus, & Fennel, 2005) e transtorno de pânico com ou sem agorafobia (Clark et al., 
1994, 1999). As terapias cognitivo-comportamentais (TCC) para transtornos de ansiedade 
têm demonstrado boa performance, mas com o reconhecimento da necessidade de 
maiores pesquisas e melhorias (NICE, 2004). Mais recentemente, modelos clássicos de 
TCC têm sido incrementados com intervenções que, em vez de focar no conteúdo dos 
pensamentos, direcionam-se à relação do indivíduo com os seus pensamentos e 
sentimentos. A Redução de Estresse Baseada em Mindfulness (Kabat-Zinn, 1990), a 
Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (Segal, Williams, & Teasdale, 2002), a 
Terapia de Aceitação e Compromisso (Hayes, Strosahl e Wilson, 1999) e a Terapia Meta-
cognitiva (Wells, 1995) também demonstraram resultados positivos com esse grupo de 
clientes (veja Baer, 2006; Cullen, 2008; Wells, 2008 para revisões). 
 A pesquisa e a prática clínica indicam que uma área à qual talvez devemos prestar 
atenção para a melhoria das abordagens focadas em ansiedade é a que envolve indivíduos 
que são altamente autocríticos e experienciam vergonha. Tais fenômenos psicológicos 
têm sido considerados altamente associados entre si (Andrews, 1998; Gilbert, 1998; 
Gilbert & Miles, 2000; Tangney & Dearing, 2002), altamente prevalentes naqueles que 
sofrem com dificuldades como ansiedade social (Cox et al, 2000) e transtorno de estresse 
pós-traumático (Brewin, 2003; Lee, 2005). Há evidências de que indivíduos com altos 
níveis de autocriticismo e vergonha podem se beneficiar menos com terapias padrão 
(Rector, Bagby, Segal, Joffe, & Levitt, 2000). Sendo assim, pode haver uma necessidade 
de focar no desenvolvimento das terapias tradicionais e focadas para resolver essas 
dificuldades. 
 Um segundo grupo de indivíduos que parecem se beneficiar menos com as 
abordagens tradicionais de TCC são aqueles que concordam, em princípio, com uma 
maneira alternativa de pensar sobre as situações, mas alegam não se sentir nada diferentes. 
Nas sessões, eles podem dizer coisas como “Eu sei que é altamente improvável que algo 
vá acontecer com meu filho, mas eu não sinto isso, não me sinto amparado pela 
evidência”, “Eu sei que não vou perder o controle, mas ainda sinto como se fosse” ou “Eu 
sei que não sou mau, mas eu ainda sinto isso”. 
 Beck, Rush, Shaw e Emery (1979, p. 302) sugerem que “o terapeuta pode dizer 
ao paciente que uma pessoa não acredita em nada ‘emocionalmente’. (...) Quando o 
paciente diz que acredita ou não emocionalmente, ele está falando sobre o grau da 
crença”. Gilbert (1989, 1993) argumentou que as crenças podem ser motivadas e 
texturizadas por sistemas inatos e nucleares que regulam as avaliações de ameaça e 
segurança, e que o processamento cognitivo e o processamento emocional interagem, mas 
não deveriam ser confundidos. Evidências neurofisiológicas demonstram também que os 
mecanismos subjacentes à emoção e aqueles subjacentes às cognições são separados e 
possuem interações complexas (Panksepp, 2007). Para complementar o problema, os 
terapeutas cognitivos às vezes utilizam o conceito de processamento da informação e 
cognição intercambiavelmente, como se fossem equivalentes, quando na verdade não são. 
“Cognição” não é apenas processamento de informação. Um computador e o DNA são 
processadores de informação, mas não possuem cognições (Gilbert, 2009a). De fato, 
dentro das tradições cognitivas, a complexidade da interação entre o processamento 
emocional e cognitivo tem sido abordada. Por exemplo, Teasdale e Barnard (1993) 
propuseram dois níveis de significado, que contam como crença intelectual e emocional 
ou “saber na cabeça” versus “saber no coração”. Como Teasdale (1997, p. 146) aponta, 
no nível proposicional, pensamentos como “Eu não valho nada” são simplesmente 
constatações de crença – proposições sobre as propriedades do self como um objeto.No 
nível implicacional, contudo, essa constatação representa uma rica ativação de afeto e 
memórias associadas com experiências de estar assustado, ser rejeitado ou envergonhado. 
Stott (2007) também aborda essa questão, a qual chama “dissociação entre emoção e 
cognição”, de maneiras importantes e úteis. Comportamentalistas, utilizando modelos de 
condicionamento clássico, sempre argumentaram a favor da importância de novas 
aprendizagens em contextos afetivos. O que a Terapia Focada na Compaixão (TFC) 
acrescenta é que esse afeto às vezes precisa ser positivo, especialmente associado com 
afiliação e reasseguramento. Além disso, a TFC argumenta que alguns indivíduos têm 
medo de certos tipos de afeto positivo, especialmente aqueles ligados a compaixão, ajuda, 
encorajamento e perdão. A inabilidade de experienciar certos tipos de afetos positivos 
mantém o sistema de ameaça pobremente regulado. 
 A TFC de Gilbert (2000, 2005, 2009b) e o Treino em Mente Compassiva (TMC) 
têm suas raízes científicas e teóricas em modelos neurocientíficos das emoções e nos 
modelos da psicologia evolucionista sobre a motivação humana – especialmente a 
pesquisa sobre apego (Gilbert, 1989, 2009b) e pertencimento (Baumeister e Leary, 1995). 
A proposição básica desse modelo, com detalhes sobre três sistemas de regulação do afeto 
que são importantes para a TFC, são descritos por Gilbert (este volume). 
 As especificidades da terapia foram originalmente desenvolvidas como um 
antídoto para a vergonha e o autoataque. A teoria não apenas atribui níveis problemáticos 
de ansiedade a um sistema de ameaça hiperativo ou hipersensível e avaliações 
subsequentes, mas, em muitos casos, ao subdesenvolvimento da regulação deste por 
outros sistemas, especialmente aquele de apaziguamento (soothing) ligado a endorfinas 
e oxitocina. Ela propõe que, se o sistema de soothing não está funcionando 
particularmente bem ou não está acessível, então métodos como exposição e intervenções 
cognitivas podem ser difíceis, pois a pessoa não possui o sistema emocional necessário 
para experienciar alternativas, especialmente aquelas de natureza verbal, como a calma, 
apaziguamento e reasseguramento. 
 Em termos de formulação, o terapeuta primeiro desenvolve uma compreensão 
compartilhada das origens das dificuldades e sofrimento da pessoa, como esforços 
compreensíveis para a regulação da ansiedade, utilizando psicoeducação sobre como 
nossos sistemas de ameaça funcionam. Para indivíduos experieciando altos níveis de 
vergonha, em particular, isso é realizado como uma normalização, despatologização, 
desestigmatização e desenvergonhamento. Em segundo lugar, o terapeuta fornece uma 
clara racionalização e método direcionados para “calibrar” o sistema de regulação de 
afeto de soothing e afiliação, para que este possa ser recrutado na regulação dos sistemas 
de ameaça e drive. Esse componente é claramente distinto de muitas outras formas de 
terapia para a ansiedade, nas quais a ênfase recai em apenas “descalibrar” as emoções 
problemáticas associadas com a ativação do sistema de ameaça, como a ansiedade, raiva, 
medo e tristeza, através de desafios verbais e comportamentais de pensamentos, crenças, 
etc. 
 
PLANO DE FUNDO DA ABORDAGEM DA TFC PARA ANSIEDADE 
 
A TFC localiza muitas de nossas dificuldades emocionais na maneira como nossos 
cérebros evoluíram e agora interagem com ambientes muito diferentes daqueles nos quais 
evoluíram. Mais do que pensar em patologias, a TFC encara muitas condições como 
falhas e dificuldades compreensíveis associadas com nosso cérebro complicado (tricky 
brain). Ela pontua que todos nós simplesmente nos encontramos no mundo com um 
cérebro que não projetamos e experiências de vida que nos moldaram e que também não 
escolhemos. Essa é a base filosófica para a instância terapêutica, que não apenas impacta 
o bem-estar psicológico do cliente, mas também o do terapeuta. Essa instância diferencia 
culpa (fault), remorso (guilt) e vergonha (shame) (nós não escolhemos nossos cérebros 
ou nossas experiências primárias que dão origem a comportamentos de segurança e 
dificuldades emocionais) e responsabilidade (apenas através de nossos próprias ações e 
esforços a mudança ocorrerá), é aceitadora, validante e encorajadora. 
 Mais especificamente, a terminologia que enfatiza a “humanidade comum” e uma 
perspectiva evolucionista compartilhada serve para unir, mais do que diferenciar, o 
terapeuta e o cliente, e pode ter um efeito significativo e profundo na mensagem veiculada 
na terapia em muitos níveis. Declarações como “nós temos um cérebro complexo, não é 
um defeito nosso que nós...” ou “é compreensível/faz sentido sentir... nessa situação” são 
comumente ouvidas e oferecidas repetidamente pelo terapeuta. Isso é feito de uma 
maneira acalentadora (soothing manner) por toda a jornada compartilhada. Ajudar o 
indivíduo a conectar-se emocionalmente com essa mensagem é parte do trabalho 
terapêutico. 
 Para engajar emocionalmente, o terapeuta ensina o indivíduo a se envolver com 
uma “mente compassiva” através da prática de vários exercícios comportamentais e de 
imagens mentais. Da mesma forma que podemos ativar a ansiedade, o terapeuta também 
pode ajudar o indivíduo a ativar uma compaixão sábia – como o envolvimento com ritmos 
respiratórios de soothing (soothing breathing rhythm) e imaginar a si mesmo como uma 
pessoa compassiva, imaginar-se como sua melhor versão e como alguém que realmente 
gostaríamos de ser. Essa, então, se torna a postura a lentamente refletir-se no processo de 
terapia. O terapeuta tenta criar um estado cerebral com capacidades conscientes de 
empatia e reflexão (veja Tirch, este volume) antes de começar trabalhos mais complexos. 
A criação destes estados cerebrais pode primeiro facilitar o funcionamento da terapia. 
 A TFC também se foca na relação terapêutica e nas micro-habilidades dessa 
relação – como ritmo, tom de voz, sensibilidade emocional, irreverência, apoio, 
encorajamento, estabelecimento de limites e assim por diante. 
 
O SISTEMA DE AMEAÇA 
 
A ansiedade, é claro, tem a ver com o processamento de ameaças. Os tipos de transtornos 
de ansiedade que a TFC está especialmente interessada são aquelas associadas com 
vergonha, autocriticismo e medo de envolvimento. Tais indivíduos podem ter 
dificuldades com a TCC tradicional. Na TFC, a grande ênfase é localizada no 
esclarecimento fornecido ao indivíduo sobre o papel incrivelmente importante do sistema 
de ameaça. A compreensão das respostas emocionais, cognitivas, comportamentais e 
fisiológicas do sistema de ameaça é fundamental. Mais especificamente, ele evoluiu como 
um sistema de autoproteção, não é nosso inimigo, tampouco algo a ser eliminado, mas 
sim algo a ser trabalhado e equilibrado com nossos outros sistemas. 
 Então, o terapeuta explica que o sistema de ameaça existe porque sem ele os seres 
vivos (incluindo nós) não sobreviveríamos. Seu papel é detectar e alertar sobre ameaças 
potenciais e nos capacitar para responder rapidamente. Nós experienciamos reações 
fisiológicas automáticas, uma rápida ativação de emoções (por exemplo, ansiedade, 
raiva), comportamentos (por exemplo, congelar, lutar, fugir, submeter-se) e processos 
cognitivos (por exemplo, atenção seletiva, raciocínio em preto e braço, conclusões 
precipitadas). Essas reações são chamadas de processamento de “melhor prevenir do que 
remediar” (better safe than sorry) (Gilbert, 1998). 
 O terapeuta normaliza as tendências a essas reações. Por exemplo, se um animal 
comendo calmamente em um campo ouve um som às suas costas, ele ficará alerta e 
possivelmente fugirá. Em nove de dez vezes, não havia necessidade de correr e acabar 
perdendo momentos agradáveisde alimentação. No entanto, ele ficou salvo. Na décima 
vez pode realmente haver um predador. Então, a sua hipervigilância, o pensamento de 
“melhor prevenir do que remediar” esteve incorreto em nove de dez vezes, mas ele 
sobreviveu. O animal que decidiu ter uma abordagem mais relaxada com a vida e ignora 
o som poderia ficar OK em nove de dez vezes, mas na décima estaria morto. Discutir com 
os indivíduos de que esse sistema é programado para catastrofizar e aprender a identificar 
“pensamentos de melhor prevenir do que remediar” ajuda a normalizar suas experiências. 
Além disso, o terapeuta pontua, por exemplo, que as emoções de ameaça são programadas 
para desativar emoções positivas, possibilitando o foco na ameaça. Isso pode ser útil para 
pessoas que têm dificuldades com uma comorbidade depressiva. 
 Para muitos indivíduos, o sistema de ameaça pode ser extremamente sensível. 
Podemos detectar essa sensibilidade utilizando várias medidas fisiológicas (por exemplo, 
fMRI) e podemos detectar mudanças (por exemplo) na atividade da amígdala (LeDoux, 
1998). Isso pode ser atribuído a fatores independentes ou inter-relacionados. Primeiro, o 
indivíduo pode ter crescido e experienciado um ambiente no qual ameaças físicas, sociais 
e/ou psicológicas eram comuns. Assim, a necessidade de detectar e reagir à ameaça é 
elevada. Alternativamente, ele pode ter crescido em um ambiente ansioso, onde figuras 
significativas modelaram e reforçaram altos níveis de processamento de ameaça, 
transmitindo isso à criança via aprendizagem e genética. Pais ansiosos, por exemplo, 
podem tentar impedir que suas crianças se sintam ansiosas encorajando comportamento 
evitativo. Isso pode ser parcialmente devido ao fato de que uma criança ansiosa e 
estressada é aversiva a muitos pais e eles podem, por exemplo, acreditar que o ato de 
impedir suas crianças de experienciar ansiedade é uma coisa gentil de se fazer. Então, se 
a criança fica ansiosa sobre ir a uma festa, por exemplo, e os pais dizem “tudo bem, você 
pode ficar comigo”, a criança nunca aprende como tolerar a ansiedade, tampouco as 
habilidades sociais de conhecer pessoas novas nesse tipo de situação. Assim, o pai modela 
e ensina à criança o “melhor prevenir do que remediar” e uma gama de comportamentos 
de segurança que possuem consequências involuntárias – falta de aprendizagem sobre 
como tolerar e enfrentar a ansiedade, falta de oportunidades para aprender que festas 
podem ser divertidas e não apenas ameaçadoras, falta de oportunidades para desenvolver 
habilidades de relacionamento social, fazer amigos e de compartilhamento nesses 
contextos. Claramente, é importante que os terapeutas diferenciem entre sensibilidades 
advindas de um ambiente traumático ou assustador (relacionados a traumas) e aquelas 
advindas de faltas de oportunidades para aprender a tolerar e lidar com a ansiedade. 
 Então, a TFC dedica muito tempo a ajudar as pessoas a reconhecerem que seus 
cérebros estão programados para serem capazes de gerar altos níveis de ansiedade e, por 
vezes, cometer erros – o que, é claro, não é sua culpa. 
 
COMPREENDENDO ESTRATÉGIAS DE SEGURANÇA 
 
A TFC localiza o desenvolvimento de estratégias de segurança, em uma ampla gama de 
contextos, como uma chave para a compreensão das origens daquilo que pode ser 
tradicionalmente descrito como “psicopatologia”. Por exemplo, as crianças que temem 
seus pais hostis podem desenvolver estratégias de segurança ligadas ao monitoramento 
de seu próprio comportamento, tentativas de garantir que não vão ativar a raiva de seus 
pais e de culpabilização de si caso isso aconteça. Assim, o automonitoramento, o 
comportamento submisso e a autoculpabilização no contexto de outros poderosos e 
ameaçadores pode ser visto como estratégias de segurança muito compreensíveis 
(Gilbert, 2007, 2009b). Apesar de esses pensamentos e comportamentos, quando levados 
para a vida adulta, poderem ser encarados como uma distorção, na TFC a ênfase está 
localizada na compreensão da sua função de “melhor prevenir do que remediar” e no seu 
valor protetivo, mais do que em qual medida são um reflexo da realidade. É claro, como 
todos comportamentos de segurança, podem existir consequências imprevistas e 
involuntárias, que, por si só, tornam-se fonte de dificuldades. Dessa forma, indivíduos 
ansiosos e autoculpabilizadores podem não aprender a serem assertivos ou resolverem 
conflitos com outras pessoas. 
 
REGULAÇÃO DO SISTEMA DE AMEAÇA VIA SISTEMA DE SOOTHING 
 
Com a evolução dos mamíferos, o sistema de apego permitiu que os pais e indivíduos 
significativos agissem como reguladores da ameaça e apaziguadores (soothers) frente a 
excitação e sofrimento de sua prole (Bowlby, 1969). Isso significa que o cérebro evoluiu 
mecanismos especiais para ser sensitivo ao cuidado e gentileza de outros e responder 
através da calma e da redução na sensitividade à ameaça (Gilbert, 2009b). Um pai que 
está regularmente capaz de apaziguar uma criança em sofrimento está estimulando 
circuitos no cérebro da criança que estão disponíveis para serem ativados por auto-
apaziguamento (self-soothing) posteriormente na sua vida. Mais especificamente, as 
conexões entre o sistema límbico (lar do processamento rápido, automático e inconsciente 
da ameaça) e o córtex pré-frontal são fortalecidas. Uma criança de um contexto seguro e 
afetivo ainda se tornará sensível a certas ameaças e rápida para perceber e reagir, mas isso 
também será acompanhado pelo recrutamento do córtex pré-frontal, bem como outras 
áreas do cérebro, para avaliar e regular essa reação sob a luz de uma gama mais ampla de 
informação. Até na ausência de outros, um indivíduo que foi beneficiado por um bom 
apego primário pode se auto-apaziguar e autorregular – e isso está ligado a resiliência. 
Indivíduos que tiveram menos oportunidades para o desenvolvimento de um sistema de 
soothing/segurança social (soothing/safeness system) podem não ter aprendido e não 
serem capazes de regular ou “acalmar” a tendência natural para reações a grandes 
ameaças. 
 Então, uma mensagem-chave é que os seres humanos evoluíram um cérebro muito 
complexo, e é importante reconhecer quão complicado ele é. Isso é especialmente 
verdadeiro sobre o sistema de ameaça (Gilbert, 2009b). As pessoas que trabalham com 
transtornos de ansiedade mais complexos devem estar familiarizadas com essas 
complexidades. Por exemplo, no sistema de ameaça, as emoções podem conflitar (por 
exemplo, as pessoas podem ficar ansiosas por estarem com raiva ou com raiva por estarem 
ansiosas), há diferentes sistemas de memórias que codificam o trauma (por exemplo, 
memória amigdaliana corporal e memória episódica), a ansiedade pode advir de conflitos 
de aproximação-evitação (por exemplo, querer deixar um casamento abusivo, mas sentir-
se assustado e incerto sobre isso – ou assustado de reconhecer a raiva direcionada a um 
dos pais). A TFC pontua que diferentes estados cerebrais (por exemplo, o estado da 
depressão) alteram os padrões de processamento da informação, tornando o 
processamento da ameaça muito mais proeminente. A TFC enfatiza o desenvolvimento 
de estratégias de segurança como formas de autoproteção cuja função deve ser claramente 
compreendida e delineada em toda sua complexidade – não como patologias. 
 Primeiramente descrita em 1892 por Santiago Ramón y Cajal, mas amplamente 
esquecida no século seguinte, a teoria da neuroplasticidade descreve a habilidade de todas 
áreas do cérebro, não apenas áreas como o hipocampo e o giro denteado, constantemente 
evoluir e mudar. Apesar de certamente ser verdade que esse desenvolvimento é mais 
eficiente durante a infância e a puberdade, há um crescente e claro campo de evidências 
de queo cérebro pode se desenvolver em qualquer parte de nossas vidas, até mesmo em 
idade avançada. Dessa forma, a questão é onde desejamos concentrar nossos esforços e 
desenvolver novos potenciais. Certamente, com muitos indivíduos nós proporíamos que 
o trabalho de desenvolvimento do sistema de soothing é altamente importante. Analogias 
com a psicoterapia são úteis aqui – o modelo dos sistemas oferece uma fundamentação 
racional do porquê precisamos nos concentrar na “calibração” do sistema de soothing, 
enquanto o conceito de neuroplasticidade nos permite demonstrar que esse foco para os 
nossos esforços vale a pena, que os cérebros mudam (Begley, 2007). 
 
COMPAIXÃO E ANSIEDADE 
 
A compaixão significa coisas diferentes para pessoas diferentes, individualmente e 
culturalmente, logo é importante que tanto o terapeuta quanto o cliente desenvolvam uma 
compreensão compartilhada do termo. Esse artigo não pode discutir diferentes definições 
de compaixão, mas um bom ponto de partida é a visão do Dalai Lama, que diz que a 
compaixão está associada a uma sensibilidade ao sofrimento em si e outros junto a uma 
motivação de aliviá-lo – então, a sensibilidade e motivação são chave. Gilbert (1989, 
2000, 2005a, 2009b) reconhece o crédito do budismo, mas argumenta que a compaixão 
evoluiu do comportamento de cuidado e, para seu funcionamento pleno, requer a 
integração de um número de diferentes componentes da mente. Estes são descritos 
claramente no artigo de Gilbert neste volume. 
 Um ponto importante para discutir com os clientes é que a compaixão não é 
absolutamente sobre “corações e flores”, “recompensar a si mesmo”, “abdicar da 
responsabilidade” e “fazer o que bem entender”. Pelo contrário, a TFC gasta uma boa 
parcela de tempo explorando a habilidade da pessoa de ser gentil, apoiadora e cuidadora 
para consigo, em contraste de ser autocrítico, subsequentemente se comportando de 
formas que melhoram seu bem-estar. Trata-se de gerar a força e a coragem, por exemplo, 
para encarar o mundo depois de ficar em casa por 10 anos, defender seus direitos frente 
um relacionamento difícil ou reconhecer e validar sentimentos de raiva e tristeza através 
da gentileza e compreensão, mais do que o auto-bullying, autocriticismo e hostilidade. 
 
CULPABILIZAÇÃO VERSUS TOMADA DE RESPONSABILIDADE 
 
A TFC faz uma clara distinção entre vergonha (shame) e remorso (guilt). A vergonha está 
focada em um self negativo (inferior, inadequado, mau) com autocriticismo. As emoções 
são ameaçadoras, com raiva, ansiedade ou nojo, e o comportamento está focado na 
reparação/evitação de (mais) danos ao self. Em contraste, o remorso/guilt se foca em ser 
aberto e tomar a responsabilidade pelo comportamento, e, se o indivíduo cometeu um mal 
para si ou outros, ter sentimentos de tristeza com esforços de reparação apropriada. Na 
vergonha, a atenção é autofocada, no remorso/guilt ela é focada no outro. A vergonha não 
requer muita empatia, enquanto o remorso/guilt sim (Gilbert, 1998, 2009b). 
 
EXEMPLO DE CASO: UTILIZANDO O MODELO DE TRÊS SISTEMAS PARA 
FORMULAR E IDENTIFICAR O FOCO TERAPÊUTICO 
 
A TFC monitora cuidadosamente os tons emocionais dos esforços pessoais no trabalho 
com sua ansiedade. Isso é feito em um número de maneiras, como na prática de 
vocalização compassiva, pensamento compassivo, uso de imagens compassivas e geração 
de comportamentos compassivos. Para indicar como a TFC está integrada às abordagens 
cognitivo-comportamentais, esse artigo agora destacará algumas características-chave de 
um caso. Para evitar identificação, o caso é uma síntese de um número de indivíduos. 
 Stephen veio à terapia com níveis altos de ansiedade. Ele estava claramente 
frustrado por “não ter conseguido nada, mesmo sendo bastante inteligente” e porque, a 
despeito de seus esforços, ele não conseguia dominar sua ansiedade. Stephen teve uma 
infância difícil. Sua mãe esteve dentro e fora do hospital por conta de um câncer de mama 
desde que ele nasceu. Ela eventualmente morreu “do nada” quando ele tinha 8 anos, 
deixando seu pai e seus dois irmãos mais novos. 
 Após a explicação do modelo básico dos três círculos e sobre o poder de nossos 
pensamentos e imagens mentais para estimular diferentes sistemas do cérebro, nós 
formulamos as circunstâncias de Stephen usando esse modelo em vez do diagrama de 
quatro colunas costumeiramente utilizado na TFC. Isso aconteceu porque Stephen achou 
os três círculos extremamente empoderadores e normalizadores de suas dificuldades e 
suas necessidades (veja Figura 1). 
 Começando pelo sistema de soothing, discutimos e documentamos que Stephen 
teve oportunidades limitadas para desenvolver esse sistema extremamente importante por 
conta da ausência de sua mãe do lar familiar, o impacto de sua doença enquanto ela estava 
em casa e o papel familiar de seu pai, mais funcional do que emocional. 
 Em contraste a esse sistema subdesenvolvido, o sistema de ameaça de Stephen foi 
discutido e formulado como extremamente bem desenvolvido, dadas as circunstâncias de 
sua infância. Ainda, achamos benéfico diferenciar entre ameaças históricas (H) e atuais 
(A) (veja Figura 1). 
Historicamente, a doença de sua mãe gerou um grande foco na doença dentro da 
família. Essa ansiedade compreensivamente levou a um foco mais persistente sobre 
ameaças em uma alta gama de coisas. A família de Stephen se mudou três vezes enquanto 
ele crescia, inicialmente para estar mais próxima do hospital especializado onde sua mãe 
estava sendo tratada. Após a morte de sua mãe, eles se mudaram para estarem próximos 
de outras formas de apoio social e novamente quando o pai de Stephen mudou de 
emprego. Stephen reportou “dificuldades” com amizades e trabalhos escolares, sendo 
correspondido com o criticismo de outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Drive 
 
Devo lutar para ser como 
outros/atingir objetivos 
 
Devo ser uma pessoa 
melhor/ atingir meu 
potencial 
Ameaça 
 
Externas: 
Doença da mãe (H) 
Mãe muito focada em ameaça (H) 
Muitas mudanças (H) 
Professores e pares críticos (H) 
Internas: 
Ser diferente dos outros (H e A) 
Diferenças de pensamento (H e A) 
Devo me proteger – às vezes se isolando, 
defendendo, atacando (verbalmente). 
Frequentemente submisso, sempre “em 
guarda”. 
Soothing/ 
segurança 
social 
Oportunidades 
limitadas 
Consequências involuntárias 
 
Ansiedade e preocupação 
Exaustão 
Nunca atinge metas irrealistas 
Vergonha 
Não conhece pessoas 
Se bate o tempo todo 
Tristeza profunda 
Depressão 
Raiva 
Sentimento interno de nada 
MAS 
Conclusão: Preciso ser compassivo para com a história do porquê estou sentado aqui e agora. 
 Preciso construir segurança porque todo ser-humano precisa disso. 
Figura 1. Formulação utilizando o modelo de três círculos. 
Stephen experienciou um mundo interno ameaçador no qual ele se percebia como 
“diferente”, não como os outros. Ele acreditava que pensava diferente dos outros, tinha 
pensamentos e emoções de raiva, levando-o algumas vezes ao isolamento e a uma postura 
defensiva, outras vezes ao ataque ou submissão, mas sempre “em guarda” ou vigilante 
por ameaças potenciais de outros ou ameaças potenciais de seu próprio mundo interno. 
Ele era também muito ansioso quanto a sua própria saúde mental. 
 O sistema de drive de Stephen não funcionava para buscar prazer, mas sim para 
evitar consequências negativas e ameaças. Por exemplo, conquistar objetivos para evitar 
a rejeição. Ele reportou estar em constante monitoramento, tanto seus pensamentos, 
fantasias e emoçõesinternas e o mundo externo de outras pessoas. Ele lutou para ser como 
outros ou o que ele percebeu que deveria ser e tentou conquistar todos objetivos em tudo. 
Stephen reportou que se guiava para fazer tudo que o fizesse se sentir uma pessoa melhor 
e atingisse seu “verdadeiro potencial”, além de pensar que o seu autocrítico seria a melhor 
pessoa para ajudá-lo nisso. 
 Assim, Stephen reportou sentir uma grande quantidade de ansiedade e 
preocupação. Ele se sentia exausto pelo esforço necessário para atingir seus objetivos e 
pela vergonha associada à maneira como ele sentia e lidava com as coisas. Stephen se 
sentia deslocado dos outros e hostil consigo mesmo. Tristeza profunda, depressão, 
ansiedade e uma sensação de “nada por dentro” eram todas experienciadas e 
conceitualizadas como consequências involuntárias de sua situação e de seus melhores 
esforços para lidar com a vida. 
 O terapeuta discutiu com Stephen como muito do que estava acontecendo com ele 
era perfeitamente compreensível e uma difícil consequência da vida que teve, as 
dificuldades que teve que enfrentar (o câncer e a morte de sua mãe) e o que essas 
dificuldades causaram em seu mundo interno. Por exemplo, suas experiências 
estimularam medo e raiva – pois ele queria e amava sua mãe, mas também estava com 
raiva por ter uma mãe com câncer. Então, havia desapontamento com seu pai, que não 
era realmente um agente apaziguador e estava perdido em suas próprias preocupações e 
sofrimento. Quando ele encontrou a ansiedade e o bullying, quando tentou se encaixar 
nas novas escolas, não houve ninguém para ajuda-lo e ele se sentiu muito sozinho. Na 
medida em que Stephen compreendeu o que aconteceu com ele, gradualmente se tornou 
mais compassivo e cuidador com a criança que teve que passar por tudo isso – ele se 
tornou capaz de reconhecer os medos naturais e os comportamentos de segurança que ele 
desenvolveu automaticamente e como eles criaram consequências involuntárias e 
problemas emocionais atuais. Isso não era evidência de uma pessoa má “ficando louca”, 
sendo inadequada ou precisando provar algo a si mesmo. 
 Na TFC, um componente nuclear é a análise funcional da natureza protetiva das 
estratégias de segurança – e o desenvolvimento de profunda compaixão para a parte do 
self que teve que desenvolvê-las. Vale ressaltar, a TFC não é demasiadamente focada na 
identificação de crenças nucleares ou esquemas – apesar de que, se surgirem e parecerem 
úteis, podem ser um foco de trabalho. 
 Essa conceitualização foi experienciada como enormemente validante para 
Stephen. Ele também foi capaz de olhar para suas dificuldades presentes no contexto de 
eventos anteriores em sua vida. Foi capaz de reconhecer que algumas das coisas que agora 
fazia para se proteger também tinham consequências involuntárias. A curto prazo, elas 
eram apropriadas ou úteis, mas a longo prazo elas levavam a dificuldades posteriores. 
Experienciar a formulação como uma visão compassiva da história de Stephen também 
estabeleceu uma fundamentação racional, crível e científica aos motivos para desenvolver 
autocompaixão e foi importante para ajudar a regular seus sistemas bem desenvolvidos 
de drive e ameaça. 
 
OS MAIORES MEDOS ASSOCIADOS AO DESENVOLVIMENTO DA 
COMPAIXÃO 
 
Tempo de discussão foi gasto na exploração sobre o valor em desenvolver o círculo de 
soothing via compaixão e sobre o seu fortalecimento como uma meta terapêutica. Então, 
depois de Stephen desenvolver uma fundamentação racional para “calibrar” o sistema de 
soothing, o primeiro “exercício” no qual embarcou foi a discussão sobre seus maiores 
medos associados ao desenvolvimento de diferentes componentes da compaixão. Essas 
áreas destacadas poderiam ser bloqueios à terapia. Por exemplo, essa discussão ativou 
medos de que Stephen começaria a enlutar e sentir uma tristeza insuportável se começasse 
a desenvolver compaixão. Na medida em que essa preocupação foi normalizada como 
compreensível, o processo de luto foi discutido e ele foi reassegurado de que onde quer a 
jornada nos levasse, nós trilharíamos esse caminho juntos. Além disso, nós exploramos 
isso em termos de “um passo por vez”, com ele no controle – entrar em contato com o 
luto não precisa ser “tudo ou nada”. 
 Apesar de dolorosas, emoções como essa e afetos e memórias não-processados 
precisam ser endereçados – e, nesse sentido, a TFC é similar às abordagens de TCC 
direcionadas ao trabalho com trauma. A habilidade de tolerar as emoções associadas com 
memórias é extremamente importante. A maior parte do trabalho com trauma se foca no 
medo, mas Gilbert destacou a importância de se focar no luto e no medo da dor do luto. 
No caso do luto, é um processo que pode levar algum tempo. Na TFC, o trabalho com 
trauma e memórias de perda pode ter um papel-chave na melhora (Gilbert & Irons, 2005). 
 
DESENVOLVENDO UM “RITMO RESPIRATÓRIO DE SOOTHING” 
 
Um aspecto-chave da TFC é a awareness dos processos corporais e, em particular, o valor 
de diminui-los antes de se envolver com materiais difíceis. Um elemento útil, que está 
ligado, mas é diferente de mindfulness, é o ritmo respiratório de soothing, no qual o 
indivíduo aprende como respirar levemente mais devagar e levemente mais 
profundamente e focar na experiência de “desaceleração do corpo”. 
 Como uma preparação para alguns exercícios de imagens mentais, nós gastamos 
tempo construindo um ritmo respiratório de soothing. Como ocorre com muitos 
exercícios, há um número de maneiras que isso pode ser feito. Enquanto alguns indivíduos 
conseguem imediatamente, outros acham útil tentar métodos diferentes até que um seja 
considerado útil. Assim, é sempre benéfico tentar ser exploratório. Todo exercício é 
construído como uma oportunidade para aprendizagem e diferenciação do que é útil e do 
que não é. O terapeuta toma parte dos exercícios, mais do que apenas facilitá-los. 
 Apesar de Stephen inicialmente tentar se concentrar e focar a mente no septo 
nasal, entre as narinas, ele descobriu que simplesmente se concentrar na respiração era 
um método mais útil. Ele estava inicialmente desconfortável para fechar os olhos, então 
nós começamos simplesmente olhando para o chão durante o tempo do exercício. Sem 
induções, ele começou a fechar os olhos com aproximadamente 3 semanas de prática. As 
instruções eram similares àquelas utilizadas em mindfulness, normalizando digressões da 
mente, mas, quando estava ciente delas, trazendo a atenção de volta à respiração. Stephen 
praticou esse exercício fora da sessão, auxiliado por uma gravação em áudio da parte 
específica que foi praticada durante a sessão da semana. 
 
IMAGENS COMPASSIVAS 
 
A TFC desenvolveu um vasto repertório de exercícios de imagens mentais a partir de uma 
gama de fontes, como meditações budistas e feedback clínico (veja Gilbert, 2009b, 2010 
e www.compassionatemid.co.uk). Como no exercício anterior, Stephen praticou uma 
série de exercícios, concluindo que seu “self compassivo ideal” (Gilbert, 2000) era o mais 
produtivo para lhe fornecer um sentimento de calor e compaixão. Esse foi o foco de 
compaixão que nos concentramos e utilizamos através do trabalho. Esses exercícios 
buscam criar um estado cerebral (por exemplo, estimulando a insula, veja Tirch, este 
volume) que facilita o processamento de material baseado em ameaça. 
 
REGISTROS DE REAVALIAÇÕES COMPASSIVAS (RRC) 
 
Como uma adaptação dos registros de pensamentos da TCC, RRCs foram utilizados para 
trazer a awareness de Stephen para uma empatia com seu próprio sofrimento, atenção 
compassiva, pensamentos compassivos, aceitação compassiva e sentimento compassivo 
(veja a Tabela 1 para uma amostra do RRC preenchido durante uma sessão de terapia).Apesar de Stephen reportar benefícios do exercício de reestruturação, os 
sentimentos compassivos foram fortalecidos utilizando a imagem do self compassivo 
antes de reler o RRC. Isso ajudou Stephen a evocar sentimentos compassivos e uma 
perspectiva para revisar seus pensamentos alternativos. O exercício envolveu ele 
permanecer com cada coisa escrita até reportar que verdadeiramente se sentia 
reassegurado, aceitando-os e sentindo um maior significado emocional. 
 
PLANILHA DE MUDANÇA COMPORTAMENTAL COMPASSIVA 
 
Tendo prosseguido a partir do exercício anterior, Stephen relatou um aumento em sua 
motivação para enfrentar aquilo que frequentemente evitava. Esse era um padrão mais 
evidente no início da terapia, no preenchimento de RRCs antes de abordar o 
comportamento. Contudo, com o progresso da terapia, a mudança comportamental 
compassiva tornou-se um dos focos principais. Por exemplo, depois de uma situação 
difícil no trabalho, Stephen decidiu falar com seu chefe em vez de submeter-se e evitar. 
Para facilitar isso, ele completou uma planilha de mudança comportamental (Planilha 2). 
 Em planilhas futuras, diferenciações foram frequentemente realizadas entre os 
comportamentos visando a ativação do sistema de drive e aqueles visando a ativação do 
sistema afiliativo. Assim, uma ênfase foi colocada em adquirir um “equilíbrio” que 
contrapusesse o impulso, frequentemente experienciado, mas menos benéfico, de centrar 
boa parte da terapia no sistema de afetos positivos relacionados ao drive/realizações.
 
ESCRITA DE CARTA COMPASSIVA 
 
Por toda a terapia, Stephen foi convidado a se envolver na escrita de cartas compassivas 
e trazer seu trabalho para as sessões. Essas cartas podem variar. Há boas evidências de 
que a escrita reflexiva sobre si e suas experiências (Pennebaker, 1997) e a escrita de carta 
focada em compaixão (Leary et al, 2007) podem ser bastante úteis para a assimilação de 
eventos dolorosos e a facilitação de seu enfrentamento. As cartas de Stephen eram sobre 
si e para sua mãe. Isso permitiu que aprendesse a articular sentimentos e aceitá-los e 
tolerá-los. A escrita permitiu que ele trabalhasse e processasse memórias. Por vezes, 
Stephen lia a carta para o terapeuta e, em outras vezes, o terapeuta lia a carta para ele, da 
maneira mais compassiva e compreensiva possível. Essas sessões de “compartilhamento 
de cartas” foram comoventes e forneceram oportunidades para reflexão e criação de novas 
perspectivas fora de sessão. Isso o ajudou a praticar autocompaixão e aceitação, além de 
permitir a detecção de sinais de autocriticismo e hostilidade. As orientações gerais para a 
escrita dessas cartas podem ser encontradas no site da Compassionate Mind 
(www.compassionatemind.co.uk). 
Tabela 2. Planilha 2: Mudança Comportamental Compassiva 
O que eu poderia fazer hoje para me ajudar com minhas dificuldades? 
Pedir ao chefe um minuto de seu tempo, para falar com ele sobre o que aconteceu no outro dia. 
O que eu geralmente faço? 
Evito ele, evito até mesmo olhar para ele. 
Mas as consequências involuntárias são: 
Me sinto mal, provavelmente pareço estranho e digo a mim mesmo que sou impotente, uma piada, um 
capacho. 
O que me ajudaria a fazer a mudança? 
Pensar/planejar o que quero dizer, por exemplo: sinto muito que não cumpri o prazo no outro dia e sei 
que isso lhe afetou. Em retrospecto, era uma tarefa difícil de ser feita no prazo, mas eu vou garantir que 
isso não aconteça de novo – mas vou dizer de uma maneira confiante em vez de fraca, submissa. 
Vê-lo quando estiver bem e não parecer estressado. 
Praticar minha respiração e imagem compassiva com gentileza e encorajamento antes de ir. 
Manter a cabeça alta e pedir desculpas apropriadamente. 
O que pode acontecer de errado? 
a) Ele pode não ter tempo. 
b) Ele pode não querer ouvir. 
c) Eu posso não ter coragem. 
O que eu poderia fazer ou como poderia pensar sobre isso, caso acontecesse? 
a) Eu poderia arranjar outra oportunidade ou abordá-lo em minha próxima reunião individual com ele. 
b) Eu poderia aceitar e me orgulhar de não ter evitado a situação, ir para o meu carro e reler meu RRC. 
c) Eu preciso pensar um pouco mais sobre isso e reconhecer que mudar a maneira como eu tendo a 
fazer as coisas é difícil, então eu poderia retomar isso no próximo atendimento. 
Se você conseguiu fazer isso, o que aconteceu? 
Eu não escolhi o melhor momento para falar com ele, mas ele estava OK e não pareceu aborrecido com 
isso. Ele apenas disse para que isso não se repetisse. Então, eu demonstrei um comportamento 
compassivo e coragem para abordar a questão, responsavelmente. 
O que eu posso dizer para mim agora? 
Não foi tão ruim, eu posso fazer algo em vez de evitar as coisas. 
 
AUTOCRITICISMO 
 
O autocriticismo é considerado um grande problema para muitas pessoas que preenchem 
critérios para “transtornos de ansiedade”. Isso pode ser trabalhado colocando o sujeito no 
lugar de seu “self compassivo” e, então, observar seu autocriticismo com compaixão até 
a mudança iniciar – o que para algumas pessoas pode levar tempo. Ao lidar com o 
autocriticismo “compassivamente”, as pessoas começam a reconhecer quando ele surge 
e, gradualmente, vê-lo como uma deixa para refocalizar no pensamento compassivo. A 
ideia não é desafiar ou lutar diretamente com o self autocrítico, porque isso apenas 
mantém o sistema de ameaça funcionando, mas sim: “notar o autocriticismo, respirar e 
refocalizar”, “notar o autocriticismo, respirar e refocalizar”, “notar o autocriticismo, 
respirar e refocalizar”. (Essa questão é levemente diferente se as vozes críticas são 
identificadas como as de um abusador do passado – veja Gilbert, 2010). Indivíduos, 
incluindo Stephen, tipicamente ficam surpresos com o quanto são autocríticos 
cotidianamente, mas isso também fornece a oportunidade de uma prática regular de 
autocompaixão. 
 
CONCLUSÃO 
 
Este artigo delineou algumas das ideias básicas que ilustram uma abordagem da terapia 
focada na compaixão para a ansiedade. Um princípio importante é o reconhecimento de 
que às vezes a tentativa de simplesmente mudar o processamento do sistema de ameaça 
é insuficiente. A razão para isso é porque um dos maiores reguladores do processamento 
da ameaça vem do “sistema de soothing” e, se ele não está funcionado apropriadamente, 
os indivíduos podem ter uma compreensão intelectual, mas não uma conexão emocional. 
A tentativa de preencher essa lacuna resultou no desenvolvimento da TFC. 
 A compaixão permeia toda a terapia, incluindo a relação terapêutica e a 
formulação de caso. Quando os indivíduos desenvolvem uma formulação apropriada, eles 
ficam muito mais propensos a serem compassivos com seus problemas, em vez de 
envergonhados. Tais formulações são parte do desenvolvimento de sabedoria – a qual é 
usada durante o desenvolvimento do self compassivo. Em outras palavras, a sabedoria 
surge porque o sujeito tem melhor insight sobre as origens e funções de seus 
comportamentos de segurança, reconhece os elementos evolucionistas (que todos nós 
apenas nos encontramos aqui, nós não escolhemos nossos cérebros) e alterna para a 
tomada responsabilidade compassiva. Isso permite que as pessoas comecem a realizar o 
trabalho emocional necessário e se envolvam com materiais ou ações assustadoras (por 
exemplo, exposição). 
 A TFC se baseia em e utiliza outras terapias, pois essa é a prática da ciência – nós 
não deveríamos continuar reinventando a roda. A TFC sempre envolve a colaboração com 
o indivíduo, compartilhamento de descobertas científicas e exploração sobre como usar 
esses modelos para trazer um melhor equilíbrio para nossas mentes. Assim, a esperança 
é de aprender com a ciência e uns com os outrospara promover o bem-estar. 
 
A CONCLUSÃO DE UMA CLIENTE SOBRE A TFC 
 
As palavras a seguir são uma reflexão pessoal de um indivíduo envolvido em TFC para 
ansiedade por mais de oito meses com a autora. Apesar de desejar contribuir ao artigo, 
por razões pessoais ela pediu para permanecer anônima. 
 Eu costumava ser dura comigo mesmo e fiquei deprimida por ficar tão ansiosa 
sobre as coisas. Eu não conseguia aguentar, eu costumava tremer o tempo todo e evitar 
coisas. Eu pensava que havia algo de errado comigo, de alguma forma eu era diferente, 
estraga-prazeres, incapaz. Minha família ficava muito frustrada comigo e diziam que eu 
tinha que melhorar, me recompor e lidar com as coisas. Meu (antigo) terapeuta me disse 
que eu tinha que trabalhar com meus pensamentos porque eram disfuncionais e 
“deturpados”. Às vezes, falar com as pessoas ajudava, eles me reasseguravam de que as 
coisas ficariam bem... se eu apenas me esforçasse mais. Os diários de pensamentos 
ajudaram quando começamos a fazê-los, mas o efeito não durou. Eu sentia como se eu 
fosse inútil com eles. Eu costumava pensar que, se eu apenas conseguisse “entender”, as 
coisas poderiam ser melhores, mas eu nunca “entendia” adequadamente. Eu me sentia 
sozinha, diferente e peculiar. 
 Agora (na TFC) eu sei que tinha razões para estar ansiosa e ter medo de algumas 
coisas. Agora, eu sei que o que eu fiz para me proteger teve consequências indesejáveis. 
Agora, eu tenho coragem para enfrentar as coisas, eu posso dizer “e daí se eu ficar 
ansiosa... Isso sou eu... Você também faria isso se tivesse experienciado o que eu 
experienciei”. Eu sei que eu vou ter que continuar a trabalhar, não há uma cura rápida, 
vai ser algo para a vida toda, porque eu não posso apenas me livrar de certas partes do 
meu cérebro, eu tenho que fortalecer novas partes dia após dia, semana após semana. 
Mas as coisas continuarão a melhorar. 
 Os exercícios me fazem me “sentir” diferente. Às vezes, eles me põem em uma 
mentalidade melhor para considerar coisas positivas que as pessoas disseram, coisas 
que eu escrevi, mais do que desconsiderá-las. Em outros momentos, eles apenas me 
ajudam a pôr as coisas em perspectiva... Sentir calor, apesar de tudo... como se alguém 
dissesse coisas para mim. Eu não preciso me preocupar, eu sou uma pessoa OK. 
 Ajuda saber que a Mary [terapeuta focada na compaixão] tem que praticar e eu 
também. Não há vergonha nisso... De fato, é realmente empolgante pensar que a jornada 
não acabou... Eu vou continuar a crescer e florescer. 
 
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