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Universidade Estácio de Sá - Graduação em Direito Professora: Maria Maria Martins Silva Stancati Direito Civil V – Família ProfMariaMariaRegistrosPublicos Direito Civil V – Aula 2 Página 1 de 3 Aula 2 – Direito de Família (continuação) e Relação de Parentesco 1) Estrutura e Objeto do Direito de Família: objetiva regular as relações entre pessoas ligadas pelos laços de sangue e afetividade, contendo caráter patrimonial ou extrapatrimonial, podendo ser divido/estruturado em: a) Normas que regulam relações pessoais entre os cônjuges, ascendentes, descendentes e parentes em linha reta (arts. 1.511 a 1.638, CC) - Direito Matrimonial e Parental. b) Normas que disciplinam relações patrimoniais decorrentes de relações familiares (arts. 1.639 a 1.722, CC) – Direito patrimonial. c) Normas que disciplinam a união estável (arts. 1.723 a 1.727, CC) - Direito Convivencial. d) Normas que assumem a tutela de relações assistenciais – tutela e curatela (arts. 1.728 a 1.783, CC) -Direito Assistencial. 2) Natureza Jurídica: é ramo do Direito Privado, apesar de conter grande número de normas imperativas e de ordem pública, mantém considerável autonomia da vontade nas relações. São interesses particulares protegidos pelo Estado. 3) Características do Direito de Família: natureza personalíssima, intransmissível, intransferível, inusucapível, inalienável e irrenunciável, sendo várias de suas instituições transformadas em poderes-deveres. 4) Fontes do Direito de Família: nasce no Direito Romano, depois é exercido pelo Direito Canônico, com a mistura do Estado e religião, trazendo fortes influências que se podem identificar na formação do Direito de Família brasileiro como: natureza contratual do casamento; necessidade de manifestação de vontade de ambos os nubentes; formalização do ato do casamento por autoridade competente; debitum conjugale; impedimentos matrimonias; sponsalia (noivado); indissolubilidade do vínculo conjugal (até 1977). O Direito Português também influenciou o direito de família brasileiro nos seguintes aspectos: inflexibilidade das relações familiares; forma patriarcal e hierarquizada da família; regime legal de bens (até 1977 prevaleceu a comunhão universal de bens); outorga uxória; dote; poder marital; tutela e curatela. O Código Civil de 1916, ainda sob a influência do Direito Português manteve a forma patriarcal e hierarquizada de família; a desigualdade entre cônjuges; o caráter matrimonializado e institucional da família; a desigualdade entre os filhos e a indissolubilidade do vínculo conjugal. A família era uma unidade de produção e de reprodução cujos elementos foram ao Universidade Estácio de Sá - Graduação em Direito Direito Civil V – Aula 2 Página 2 de 3 longo do tempo flexibilizados por meio da legislação ordinária e com a promulgação da Constituição Federal de 1988. A Constituição Federal de 1988 reconheceu a pluralidade das formas de constituição de família, elevando o afeto como característica principal do vínculo familiar. Impõe um vínculo mais democrático, igualando substancialmente os cônjuges e os filhos. A família passa a ser uma unidade socioafetiva de caráter instrumental. Sob a influência dos princípios constitucionais de Direito de Família, o Código Civil de 2002, tomado por conceitos indeterminados, abertos e flexíveis, trouxe como principais mudanças o reconhecimento de outras formas de constituição da família (além do casamento); a igualdade absoluta entre cônjuges e entre filhos (independente da origem); a dissolubilidade do vínculo conjugal; o reconhecimento da união estável como figura diferente do concubinato. 5) Relações de Parentesco - arts. 1.591 a 1.595, CC. 5.1) Conceito: o vínculo de parentesco é a relação que une duas ou mais pessoas, seja pelo sangue (mesmo tronco comum – estirpe), afinidade ou afetividade, podendo ser classificado em: a) Consaguinidade ou natural: é a relação de parentesco que vincula umas pessoas a outras que descendem do mesmo tronco ancestral. É também denominado parentesco típico. São os filhos biológicos. Não confundir parentesco natural como paternidade presente. b) Afinidade: é a relação que aproxima um cônjuge ou companheiro aos parentes do outro. Art. 1.595, CC. A afinidade, em si, não constitui parentesco, estabelece, sim, laços vinculatórios entre cônjuge ou companheiro e os parentes do outro consorte ou companheiro. Ele limita-se aos descendentes, ascendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. A afinidade não gera afinidade (ex.: concunhados). Na linha reta, a afinidade, para fins de impedimentos matrimoniais, não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. Pode casar com o cunhado. c) Civil ou socioafetivo: é o parentesco constituído por sentença ou por ato voluntário das partes e resultante da afetividade, como é o caso da adoção, da posse do estado de filhos ou dos filhos gerados por técnicas de reprodução humana medicamente assistida na modalidade heteróloga. A criança pode ter pai/mãe biológico e afetivo na certidão de nascimento. 5.2) Formas de Parentesco: a) Em linha reta ou direta: quando as pessoas descendem uma da outra (art. 1.591, CC). Será descendente quando se parte em direção aos parentes da pessoa considerada. Será ascendente (materna ou paterna) quando se parte na direção do genitor ou progenitor. A linha reta é infinita, não havendo qualquer limitação para o parentesco. Após a sentença de adoção, o menor é tratado como se filho biológico fosse. Universidade Estácio de Sá - Graduação em Direito Direito Civil V – Aula 2 Página 3 de 3 b) Em linha colateral, transversal ou oblíqua: quando as pessoas são ligadas a um tronco comum, sem descenderem um do outro (art. 1.592, CC). Para fins jurídicos, a linha colateral vai até o quarto grau. A linha colateral pode ser duplicada quando duas pessoas que estabelecem parentesco transversal com outra simultaneamente. Exemplo: duas irmãs que se casam com dois irmãos, seus filhos serão parentes em quarto grau duplicado. 5.3) Graus de parentesco: é a distância em gerações que separam os parentes. Os graus de parentesco no Direito brasileiro contam-se conforme o sistema romano: a) Linha reta: enumeram-se o número das gerações (art. 1.594, CC). Ex.: a partir do neto, seu avô é parente em qual grau? Avô (2º grau) Filho (1º grau) Neto b) Linha colateral: mede-se o parentesco subindo-se por uma das linhas até se encontrar o ascendente comum e, em seguida, desce-se pela outra linha até se encontrar o parente cujo grau se pretende encontrar (art. 1.594, CC). Avô (2º grau) Filho (1º grau) tio (3º grau) Neto primo (4º grau) c) Afinidade: contam-se os graus por analogia com o parentesco consanguíneo. Enunciado 103, JDC: Art. 1.593: O Código Civil reconhece, no art. 1.593, outras espécies de parentesco civil além daquele decorrente da adoção, acolhendo, assim, a noção de que há também parentesco civil no vínculo parental proveniente quer das técnicas de reprodução assistida heteróloga relativamente ao pai (ou mãe) que não contribuiu com seu material fecundante, quer da paternidade socioafetiva, fundada na posse do estado de filho. Enunciado 256,JDC: Art. 1.593: A posse do estado de filho (parentalidade socioafetiva) constitui modalidade de parentesco civil. Enunciado 519, JDC: Art. 1.593: O reconhecimento judicial do vínculo de parentesco em virtude de socioafetividade deve ocorrer a partir da relação entre pai(s) e filho(s), com base na posse do estado de filho, para que produza efeitos pessoais e patrimoniais.
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