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Direito de Família (evolução, constitucionalização, princípios e tipos)

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DIREITO DAS FAMÍLIAS 
ASPECTOS GERAIS: o direito das famílias é dinâmico. 
Não é apenas um núcleo constituído por pais e sua 
prole, assim como nos primórdios. Hoje em dia, família 
não tem mais finalidade de procriação - a afetividade é 
o pilar da estrutura familiar. 
Nos tempos atuais, temos outas formas de convivência 
familiar, fundadas pelo afeto, e nas quais se valoriza, 
de forma particular, a busca da felicidade, do bem-
estar, o respeito e o desenvolvimento pessoal de todos 
os seus integrantes. 
A família é uma construção cultural – todos possuem 
uma função, sem necessariamente estarem ligados 
biologicamente. 
É o ramo do Direito Privado que estuda: 
✓ Casamento 
✓ União estável 
✓ Relações de parentesco 
✓ Filiação 
✓ Alimentos 
✓ Bem de família 
✓ Tutela, curatela e guarda 
 
EIXOS TEMÁTICOS DO DIREITO DE FAMÍLIA: 
1) direito parental: relações de parentesco, 
filiação e adoção. 
2) direito matrimonial: casamento, sua 
celebração, efeitos, anulação, regime de bens 
e sua dissolução. 
3) direito protetivo ou assistencial: poder 
familiar, alimentos, tutela e curatela. 
 
ASPECTOS HISTÓRICOS DE FAMÍLIA: 
O estudo do direito de família se iniciou com o livro 
Direito Materno, de John J. Machofen, segundo 
Friedrich Engels. 
a) tempos primitivos: os homens viviam em 
total promiscuidade sexual, não sendo 
possível estabelecer-se com segurança a 
paternidade, de modo que a filiação somente 
podia ser contada pela linha feminina. 
b) antiguidade: houve a transição para a 
monogamia. Os agrupamentos familiares não 
eram formados com base na afetividade, e 
sim de acordo com as necessidades impostas 
pela instintiva luta pela sobrevivência. 
c) direito romano: trouxe significado jurídico 
para a expressão família. O parentesco não 
era determinado pela consanguinidade e sim 
a sujeição ao mesmo pater famílias. 
d) decadência do Império Romano: família pagã 
com multiplicidade funcional. 
e) crescimento do Cristianismo: família cristã, 
com modelo patriarcal, célula básica da igreja, 
que na época se confundia com o Estado. 
f) revolução industrial: com a maior demanda 
de mão de obra e aumento da carência 
econômica, as mulheres se viram obrigadas a 
adentrar o mercado de trabalho e o homem 
deixou de ser a única fonte de subsistência da 
família, havendo a migração do núcleo 
familiar para os centros urbanos em busca de 
novas oportunidades, diminuição do número 
de filhos e valorização da aproximação dos 
seus membros e seu vínculo afetivo. 
 
EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE FAMÍLIA: 
A família era patriarcal e hierarquizada, o pátrio poder 
era exercido pelo homem, exclusivamente. A mulher 
era considerada relativamente incapaz – saia da 
responsabilidade do pai para a responsabilidade do 
marido. 
→ CC de 16: família somente poderia ser 
constituída pelo casamento, que era 
indissolúvel, e tinha por fim a manutenção do 
patrimônio e, por isso, o casamento deveria 
ser heteroparental e apenas pertencia à 
família entes biológicos e legítimos. Buscava-
se a reprodução para aumento da família e 
maior aumento de produção, o que 
acarretava aumento de patrimônio. A 
infertilidade da mulher era motivo de 
anulação de casamento. As uniões diversas do 
casamento recebiam tratamento distinto, 
com menor amparo normativo, e os filhos 
eram discriminados entre legítimos e 
ilegítimos. 
→ Estatuto da Mulher Casada (Lei nº 
4.121/1962): restituiu à mulher sua plena 
capacidade jurídica e atribuiu a propriedade 
exclusiva dos bens obtidos em razão do seu 
trabalho. 
→ Lei nº 6.515/1977 e EC nº 09/1977: o 
casamento deixou de ser indissolúvel 
(divórcio), e retirada da família em sua visão 
sacralizada. 
→ CF de 88: proteção igualitária de todos os 
membros da família, retirando do 
ordenamento todas as distinções anteriores. 
Consagrou a família monoparental, em 
extensão da salvaguarda conferida ao 
casamento e à união estável àqueles núcleos 
familiares compostos por qualquer dos pais e 
seus descendentes. Trouxe a igualdade entre 
os filhos. 
Pontos essenciais da CF/88: 
- reconhecimento da união estável (art. 226, § 3º); 
- reconhecimento da família monoparental (art. 
226, §4º); 
- igualdade entre os cônjuges (art. 226, § 5º); 
- facilitação do divórcio (art. 226, § 6º); 
- Isonomia do tratamento jurídico dos filhos (art. 
227, § 6º) 
 
CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO DE FAMÍLIA 
Alterações ocorridas: 
COMO ERA COMO FICOU 
Qualificação da família 
como legítima 
Reconhecimento de 
outras formas de 
conjugabilidade, além da 
família legítima 
Diferença de estatutos 
entre homem e mulher 
Igualdade absoluta entre 
homem e mulher 
Categorização de filhos Paridade de direitos 
entre filhos de qualquer 
origem 
Indissolubilidade do 
vínculo matrimonial 
Dissolubilidade do 
vínculo matrimonial 
Proscrição do 
concubinado 
Reconhecimento de 
uniões estáveis 
Família composta por 
homem, mulher e seus 
filhos 
Acatamento da união 
homossexual 
 
EVOLUÇÃO COMPARATIVA DO DIREITO DE FAMÍLIA 
1. Direito de Família Clássico, a família é: 
a) Matrimonizada: a família nascia mediante e 
somente pelo casamento. 
b) Patriarcal: homem era o chefe da família. 
c) Hierarquizada: havia níveis de obediência 
entre pai, mãe e filhos. 
d) Heteroparental: os pais eram pessoas de 
sexos, obrigatoriamente, distintos. 
e) Biológica: eram considerados filhos as pessoas 
nascidas daquele casal (casados civilmente). 
f) Unidade de produção e reprodução: 
procriação como prioridade do casamento. 
g) Caráter institucional: a família é criada 
somente pelo casamento. 
 
2. Direito de Família Contemporânea: 
a) Pluralizada: existem várias formas de 
constituição de família 
b) Democrática: afasta-se a ideia de patriarcado 
e hierarquização. 
c) Substancialmente igualitária: 
d) Hetero, homo ou poliamorista: não se cogita o 
sexo das pessoas que fazem parte da família. 
e) Biológica ou socioafetiva: descendam uma das 
outras ou apenas unidas por laços afetivos. 
f) Caráter instrumental: um dos meios para que 
as pessoas alcancem a felicidade e realização 
entre si. 
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA 
1. Princípio do respeito à dignidade da pessoa 
humana – art. 1º, III, CF: princípio máximo que 
valoriza a pessoa humana e a trata como valor 
fundamental da República. 
2. Princípio da solidariedade familiar – arts. 3º, I, 
227, 229 e 230, CF: a solidariedade é fato e direito, 
realidade e norma. Mútua assistência entre os 
cônjuges (CC, art. 1.566, III e 1.694). Os integrantes 
da família são credores e devedores de alimentos 
entre si. 
2.1. Princípio da proteção ao idoso – Lei nº 
10.741/2003 – Estatuto do Idoso: Informada 
pelo princípio da solidariedade familiar, 
estabeleceu em favor do credor alimentando, 
que seja maior de 60 anos, uma solidariedade 
passiva entre os parentes obrigados ao 
pagamento da pensão alimentícia (arts. 11 e 
12). A prestação de alimentos pode vir de 
qualquer legitimado passivo, não existindo 
ordem de preferência entre eles. 
3. Princípio da igualdade entre filhos – art. 227, § 6º, 
CF e art. 1.596, CC: a filiação é alcançada pelo 
princípio constitucional da igualdade, observada a 
vedação de tratamento jurídico distinto entre os 
filhos, sejam estes naturais, adotivos, 
socioafetivos, gerados por inseminação artificial 
heteróloga e havidos no seio ou fora da unidade 
matrimonial. 
4. Princípio da igualdade entre cônjuges e 
companheiros – art. 226, § 5º, CF e art. 1.511, CC: 
consagra a igualdade entre cônjuges, 
independente do gênero (§ 3º do art. 226, CF e 
1.723 a 1.727, CC) 
Art. 1511: estabelece comunhão plena de vida, com 
base na igualdade de direitos e deveres dos 
cônjuges/companheiros. 
Art. 1565, § 1º: qualquer dos cônjuges pode pleitear 
alimentos ou utilizar o nome do outro livremente. 
Art. 53, I, CPC: mulher não tem mais foro privilegiado 
para ação de divórcio, separação, anulação de 
casamento e reconhecimento/dissolução de união 
estável. 
5. Princípioda igualdade na chefia familiar – art. 
226, §§ 5º e 7º, CF e arts. 156, III e IV, 1631, CC: a 
contribuição financeira para a manutenção da 
família é dividida para ambos, devendo ter um 
tratamento isonômico quando exerce atividade 
remunerada. A consequência imediata é a 
eliminação de todas as normas de tratamento 
diferenciado entre homens e mulheres. 
Art. 1566, III e IV, CC – regime de despatriarcalização 
do Direito de Família. 
Art. 1631, CC – o poder familiar é exercido por ambos 
os genitores (diarquia). 
6. Princípio da função social da família – art. 226, CF: 
família é a célula mater da sociedade. É onde a 
pessoa tem o seu “primeiro nascimento” como 
indivíduo físico. Tradicionalmente, exerce as 
funções educativa, de assistência e segurança. 
7. Princípio do melhor interesse da criança e do 
adolescente – art. 227, caput, CF e arts. 1583 e 
1584, CC: crianças e os adolescente, tem o direito 
de gozar no meio familiar, de plena proteção e 
prioridade absoluta em seu tratamento. Todos os 
membros do núcleo familiar, notadamente os 
genitores, devem propiciar o acesso das crianças e 
adolescentes aos meios de promoção moral, 
material e espiritual que estiverem em seu alcance 
(ex.: educação, saúde, lazer, alimentação, 
vestuário etc.). Serão responsabilizados civil (sob 
pena inclusive de destituição do poder familiar) e 
criminalmente. Ressalte-se que tal proteção 
refere-se não só aos filhos, mas a todas as crianças 
e adolescentes integrantes da família (netos, 
sobrinhos etc.). Ex.: arts. 1637, 1638, 1724 do CC. 
8. Princípio da afetividade: cuida de uma força 
elementar, propulsora de todas as nossas relações 
da vida. Por este princípio, é a afetividade que 
molda o liame socioafetivo que vincula os 
membros de uma família, respeitando as suas 
individualidades. Dessa forma, apontam Gagliano e 
Pamplona Filho que “... O Direito Constitucional de 
Família brasileiro, para além da tríade casamento 
– união estável – núcleo monoparental, 
reconhecer também outras formas de arranjos 
familiares, a exemplo da união entre pessoas do 
mesmo sexo.” A afeição seria o fundamento do 
casamento, da vida conjugal e do companheirismo 
e a necessidade de que perdure completa 
comunhão de vida. A dissolução do casamento e a 
ruptura da união seriam uma decorrência da 
extinção da affectio, quando a comunhão espiritual 
e material de vida entre marido e mulher ou entre 
os conviventes não puder ser mantida ou 
reconstruída, cf. Maria Helena Diniz. (art. 226, 
parágrafo 6º. da CF e arts. 1511 e 1571 a 1582, CC). 
9. Princípio da intervenção mínima do Estado no 
Direito de Família: a intervenção do Estado deve 
cingir-se a tutela da família e dar-lhe condições de 
livre manifestação da sua vontade, bem como para 
que vivam em condições adequadas e preservação 
do núcleo afetivo. A intervenção estatal seara 
familiar é de apoio e assistência e não de 
interferência agressiva; cite-se por exemplo as 
questões do planejamento familiar que é livre 
decisão do casal (parágrafo 2º. do art. 1565, CC) ou 
ainda da opção pelo regime matrimonial mais 
conveniente (art. 1639, CC) ou ainda na liberdade 
de escolha pelo modelo de formação educacional, 
cultural e religiosa dos filhos (art. 1624, CC). 
10. Princípio da convivência familiar – como situação 
ideal, pais e filhos devem permanecer juntos, não 
sendo a condição econômica fator determinante 
para a perda ou a suspensão do poder familiar 
(art. 23 do Estatuto da Criança e do Adolescente – 
ECA). Somente ocorrerá o afastamento dos filhos, 
em caráter definitivo, de sua família natural, nas 
situações justificadas por interesse superior, tais 
como adoção, reconhecimento de paternidade 
socioafetiva ou descumprimento do poder 
familiar por descumprimento de dever legal. 
Alguns autores defendem que tal convivência 
deve ser estendida também a outros integrantes 
da família com os quais a criança ou adolescente 
mantenha vínculos de afetividade (ex.: avós, tios e 
irmãos). 
 
PLURALISMO DAS ENTIDADES FAMILIARES 
− Família matrimonial: decorrente do 
casamento. 
− Família informal/fática: decorre de união 
estável. 
− Família uniparental: composta por uma 
pessoa. 
− Família homoafetiva: união de pessoas do 
mesmo sexo, inclusive casamento 
− Família monoparental: vínculo estabelecido 
entre um dos genitores com seus filhos. 
− Família paralelas ou simultâneas: casamento 
+ união estável, ou, ainda, duas ou mais uniões 
estáveis. 
− Família parental ou anaparental: família sem 
pais; decorre da convivência entre parentes ou 
não parentes, irmãos órfãos que moram com 
os tios ou criados pelos avós. 
− Família composta, pluriparental ou mosaico: 
composta por casais e respectivos filhos, onde 
um ou ambos são egressos de casamento ou 
uniões anteriores. 
− Família substituta: aquela que está cadastrada 
para o processo de adoção. 
− Família extensa ou ampliada: aquela que se 
estende para além da unidade de pais e filhos, 
formada por parentes próximos com os quais a 
criança ou o adolescente convive e mantém 
vínculos de afinidade e afetividade. 
− Família eudemonista (eudemonia = bem-
estar, felicidade): núcleo onde seus membros 
são ligados por envolvimento afetivo e buscam 
a felicidade individual, vivenciando, cada um 
deles, um processo de emancipação.

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