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Pneumonias bacterianas na infância Conceito: são infecções, geralmente agudas, que acometem os alvéolos, os bronquíolos e o espaço intersticial. Corresponde a 1% das doenças respiratórias pediátricas, sendo a maior incidência durante outono e inverno. Fatores de risco: Estado imunitário Baixo padrão sócio-econômico Prévio contato interpessoal Identificar contato com contactante, como avós, babás, colegas de classe. Condição do ar respirado É mais frequente a pneumonia nas grandes cidades do que no campo e nas regiões litorâneas. Exposição ao fumo PrematuridadeProva Aleitamento artificial Residência urbana Hospitalização prévia Clássico predisponente em caso de pneumonia por estafilococos. A hospitalização até 6 meses antes do aparecimento da doença tem grande suspeição de etiologia estafilocócica, porque durante a hospitalização houver colonização por essa bactéria. Uso de imunossupressor ou doença imunossupressora Defeito anatômico congênito Anel vascular – fecha os brônquios, causando acumulo de secreção Bronquiectasia Cisto pulmonar Aspiração de corpo estranho Fibrose cística ou mucovicidose A secreção espessa dos pacientes com mucovicidose, causa sua retenção nos brônquios, facilitando a colonização. As principais bactérias presentes na fibrose cística é o estafilococs e a pseudomonas. Por vezes, esses pacientes tem que fazer nebulização com antibióticos para pseudomonas e antibióticos a longo prazo. Doenças crônicas Asma Bronquite. Fisiopatologia Fatores ambientais associadas a falhas na imunidade da pessoa propiciam a instalação da doença. Mecanismos de defesa da via aérea: Filtração de partículas nas narinas; Prevenção de aspiração pelo reflexo da epiglote; Expulsão de material aspirado pela tosse; Adesão e expulsão de bactérias pelo muco secretado e pelas cels. Ciliadas; Fagocitose de bactérias pelos macrófagos e neutrófilos alveolares. Neutralização de bactérias por substâncias locais imunes (lizozima, complemento, antiproteases e fibronecitina); Presença de IgA e IgG; Transporte de partículas do pulmão por drenagem linfática. Fagocitose de bactérias pelos macrófagos e pelos neutrófilos alveolares; Neutralização de bactérias por substâncias locais imunes (complemento. antiproteases, lisozima e fibronecitina); Presença de imunoglobulina A e G que facilitam a opsonização e a fagocitose por meio do sistema imune (principalmente de Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae); Transporte de partículas do pulmão por drenagem Vias de penetração das bactérias Aérea – 90% dos casos Hematogênica Infecções de pele e subcutâneos - principalmente por estafilococos. Abscesso Celulite Contiguidade Brônquio Traqueia Laringe Etiologia – na maior parte dos casos, não é feita hemocultura, sendo o tratamento empírico. Streptococcus pneumoniae Haemophilus influenzae S. aureus e enterobactérias Recém-nascidos Crianças com imunodeficiência sistêmica ou pulmonar Obs.: A causa mais comum de pneumonia são os vírus, sendo que o tratamento da pneumonia viral depende da confiança que se consegue com o paciente e da certeza do diagnóstico. Idade Bactéria Tratamento Recém-nascido Estrepto grupo B Penicilina cristalina S. aureus Oxacilina Enterobactérias (E. coli) Aminoglicosídeo 1 a 5 anos s. pneumoniae Penicilina cristalina H. influenzae Amplicilina om cloranfenicol S. aureus Oxacilinna 5 a 10 anos S. pneumoniae Penicilina cristralina >10 anos S. pneumoniae Penicilina cristalina Mycoplasma Chlamydia pneumoniae Legionella Eritromicina *** Crianças portadoras do vírus HIV tem a pneumonia pelos mesmos germes causadores dessa afecção em indivíduos saudáveis, porém, as terão com uma intensidade maior. Quadro clínico Os sinais ou sintomas variam de acordo com: Faixa etária Estado imunológico Microrganismo causador Gravidade da infecção De todos os sintomas, o mais preditivo de pneumonia é a frequência respiratória. - 0-2 meses: maior que 60 irpm - 2 meses -1 ano: maior que 50 irpm - 1 ano – 5 anos: maior que 40 irpm - Acima de 5 anos: até 30 irpm. Para verificar a FR, não pode haver febre nem broncoespasmo no momento em que estiver sendo aferido. Sinais e sintomas inespecíficos: Febre Calafrios Cefaleia Irritabilidade ou letargia Queixas gastrointestinais: Vômitos: a criança engole muita secreção, por isso, seu estômago fica repleto de muco que é mal absorvido. Quando essa criança tosse, há compressão do diafragma sob o estômago cheio de muco, causando o reflexo do vômito. Diarreia Distensão Dor abdominal: comuns na infância porque as pneumonias de base pulmonar irritam a pleura, e consequentemente irritam o diafragma, que tem a mesma inervação do abdômen, causando a dor abdominal. Estado geral – se for mantido é indicação de pneumonia viral, porém se houver sua queda, o pirógeno endógeno sugere ser infecção bacteriana. Sinais pulmonares Eventualmente podem não estar presentes na fase inicial, mas a frequência respiratória indica que é uma pneumonia. Tosse Taquipneia Dispneia Apneia Tiragem intercostal, diafragmática e da fúrcula esternal. Batimento de asa de nariz Expansibilidade diminuída Frêmito toraco-vocal aumentado ou diminuído Submaciçez ou maciçez MV diminuído ou abolido Broncofonia Egofonia – levar o som de um lado a outro. Estertores crepitantes Sinais pleurais Dor torácica no local da inflamação ou irradiada para o pescoço ou abdome. Quando irradia para o pescoço, pode ter como consequência a rigidez de nuca, se caracterizando como meningismo, mas não tem infecção de SNC. Limitação dos movimentos torácicos durante a inspiração Respiração entrecortada nos casos de derrame pleural Variam de intensidade de acordo com a gravidade do derrame. Sinais específicos de acordo com a etiologia Pneumococo e H. influenzae Otite média Sinusite Conjuntivite S. aureus Infecções extrapulmonares Abscessos de pele ou outros tecidos. H. influenzae Epiglotite Meningite C. trachomatis Rinofaringite Conjuntivite Em lactentes afebris Mycoplasma pneumoniae Exantema Hemólise Distúrbios neurológicos Neisseria meningitidis Exantema petequial Artrite Estreptococos pyogenes Petéquias no palato. Gram negativos Gastroenterites em lactentes de baixa idade. Classificação de acordo com critério clínico: Broncopneumonia – quadro difuso, com infiltrado ou várias condensações. RN Lactentes pequenos Pneumatopatas Portadores de doenças hematológicas Pneumonias lobares ou segmentares A partir dos 6 meses Mais frequente em escolares e adolescentes. Condensação localizada. Obs.: Os lactentes tendem a ficar na posição deitada na maior parte do tempo, onde o ar tende a ir mais para o lado direito e para os lobos médio e inferiores. Por isso, lactentes tendem a ter mais infecções em lobos inferior e médio do pulmão direito. Diagnóstico radiológico – RX de tórax Os objetivos de se fazer o Raio X são: Avaliar extensão do acometimento Etiologia do processo Estafilococos costumam causar pequenas atelectasias Outras doenças Complicações Derrame pleural Empiema Pneumotórax Incidências em PA e perfil Diagnóstico laboratorial Hemograma completo Contagem de plaquetas – a plaquetopenia sugere infecção viral, abaixo de 100.000; mas entre 100.000 e 200.000 há um consumo de plaquetas, geralmente bacteriano. VHS PCR – não ajuda em nada Hemocultura Positividade baixa É feita fora da febre, porque durante a febre a bactéria está praticamente morta. Detecção de antígenos bacterianos Lavado bronco-alveolar Punção pulmonar Biópsia pulmonar Diagnóstico diferencial Asma Bronquite Traqueíte Quadros de tosse e febre Asma + IVAS Doenças pulmonares crônicas com febre Ex.: mucovicidose com febre Gastrenteriteaguda, apendicite aguda, abscesso subfrênico e hepático Cursa com dor abdominal Meningismo, crises convulsivas e prostração Pneumonias de acordo com etiologia Para identificar o agente etiológico da pneumonia, alguns fatores devem ser considerados, sendo eles: Idade Cada idade representa um grupo de microrganismos dominante. Tempo de infecção Sinal e sintoma predominante Época do ano Vírus – final de verão/início de outono Bactéria – junho/julho /agosto Estado geral do paciente Uso de medicação prévia Estado vacinal Principalmente para pneumococo e haemophilos. Contato interpessoal Babás Avós Colegas de classe Internação prévia Até 6 meses após internação sugere infecção estafilocócica. Doenças de base Exames para diagnóstico: Raio X de tórax Vírus – infiltrado intersticial Teste de PPD Hemocultura 15-20% é feita em rotina de hospital de ensino TC Cuidado com irradiações em crianças. RM Melhor para diagnóstico em pulmão, por ser ideal para partes moles Cultura de líquido pleural Lavado bronco-alveolar Escovado Aspirado Leucograma PCR – reação de cadeia de polimerase Cultura de escarro. Em caso de derrame pleural, deve ser feita a punção e o líquido enviado para laboratório, que passa a ser diagnóstico. Deverão ser avaliados os aspectos do líquido, como pH, glicose e LDH. Quando o pH é normal, a glicose é baixa e o LDH é maior que 1000, o tórax deve ser drenado para evitar evolução para empiema. Pneumonia por Streptococcos agalactiae e enterobactérias (E. coli). A bactéria causadora pode ter sido adquirida através do cérvice uterino, quando parto for vaginal, ou infecções hospitalares, quando parto cesariana. Para identificar a pneumonia, deve ser colhida uma boa história, contendo história do parto, se houve aspiração de mecônio, se houve reanimação, se houve ruptura precoce de membrana, ou se a mãe apresentava alguma vulvovaginite. Para RN, toda pneumonia já é considerada sepse. Idade: recém-nascidos Obs.: até 48 horas depois do nascimento, as insuficiências respiratórias se dão, principalmente, por doenças próprias da prematuridade, baixo peso ou tipo de parto, como aspiração de mecônio, taquipneia transitória e membrana hialina. E após 48 horas do nascimento, o diagnóstico mais provável de uma insuficiência respiratória é a pneumonia. Tratamento: Ampicilina com gentamicina Cefotaxima associada a gentamicina Aminoglicosídeo com oxacilina Pneumonia atípica do lactente Agentes etiológicos VRS Diagnóstico diferencial com bronquiolite (hemograma e história da progressão da doença ajudam a diferenciar). Chlamydia trachomatis Citomegalovírus Pneumocistos jeruvenci Idade: 1- 3 meses Sinais e sintomas prevalentes: Tosse prolongada Taquipneia Fecha o diagnóstico de pneumonia. Pode ou não ter febre Geralmente baixa Se alimenta Mantém bom estado geral Cansaço aparente Conjuntivite prévia Em casos de infecção por Chlamydia, porque ela causa um tracoma. Vômitos Pela tosse Diminuição da velocidade de crescimento Tratamento VRS e citomegalovírus tem tratamento sintomático e assistencial. Macrolídeos Infecções de chlamydia e pneumocisto Diagnostico diferencial Coqueluche Possui uma eosinofilia intensa no hemograma. Uso de macrolídeo vale para ambos. Pneumonia viral Idade: 6 meses a 5 anos Etiologia: Vírus Sinais e sintomas Febre mais branda Evolução mais lenta Dificuldade respiratória Tosse intensa mas sem secreção Crepitação Sibilos em lactentes Sintomas gerais Mialgia Faringite Exantema Rouquidão Conjuntivite Diarreia Tratamento De suporte e assistencial. Duração de 2-3 dias Pneumonia por pneumococo Agente etiológico: Streptococos pneumoniae Tempo de evolução: 24-24 horas Paciente gripado em 1/2 dias, com remissão dos sintomas em 2/3 dias. Retorno da febre, com dispneia e dor torácica 1 dia após o aparecimento da febre. Tratamento: Ambulatorial: Amoxicilina Hospitalar: Penicilina G cristalina 100.000 UI – 200.000 UI/kg/dia 4/4 horas Obs.: Indicações clássicas de internação: derrame pleural, pneumotórax ou pneumonia de grande extensão. 3 meses a 1 ano Sintomas Anorexia Vômito Diarreia Distensão abdominal Resfriado prévio Gemência – fechamento da glote para aumentar o volume residual. MV rude Derrame pleural 1 ano a 6 anos Sintomas Febre mais alta Prostração Dispneia Rigidez em nuca, quando a pneumonia for em ápice. Pneumonia por H. influenzae Idade: 3 meses a 5 anos Evolução: Lenta Arrastada Sintomas IVAS prévia Febre alta Intensa toxemia Derrame pleural rápido Pode ter otite, rinossinusite ou epiglotite prévia. Tratamento: Produz beta-lactamase, por isso a indicação de tratamento é: Amoxicilina com clavulanato Cefalosporina de 3ª geração Obs.: em aproximadamente, 24 horas após o início do tratamento, a febre já não está mais presente, nos casos de infecção cor H. influenzae. Pneumonia estafilocócica Agente etiológico Stafilococcos Evolução Rápida Início agudo Agressivo Pode estar relacionado a IVAS anteriormente ou internações Sintomas clínicos Febre alta Vômitos e diarreias intensas Toxemia Progressão rápida: Em menos de um dia a taquipneia passa a ser acompanhada de condensação, que evolui rapidamente para um derrame pleural, se disseminando pelo pulmão. Grande chance de complicar para derrame pleural ou pneumotórax. Tratamento: Oxacilina Cefalosporina de 1ª geração Vancomicina – em caso de resistência Obs.: A febre demora mais um tempo para diminuir (cerca de 7 dias). **Pneumonia por estafilococos exige tratamento hospitalar. Pneumonia atípica dos escolares Agente etiológico Mycoplasma pneumoniae Chlamydophila pneumoniae Idade: Maiores de 5 anos Escolares e adolescentes Evolução: Lenta Melhora é gradativa Sintomas: Mantém o quadro Tosse prolongada Por mais de 15 dias Paroxística Produtiva Pode ou não cursar com febre Cefaleia Meningite bolhosa – o tímpano íntegro, mas repleto de bolhas. Característico de Mycoplasma. Dor de garganta Estertores crepitantes Sibilância Tratamento Macrolídeo – claritromicina Pneumonia tuberculósica Idade: Todas Agente etiológico Mycobaterium tuberculosis Sintomas Febre matutina ou vespertina Tosse prolongada Perda de peso Déficit de crescimento História de pneumonia que se repete no mesmo local (lobo médio) História epidemiológica Tratamento: Esquema RIP Obs.: Não é usado etambutol em crianças abaixo de 10 anos de idade pelo risco de efeitos colaterais medulares.
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