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3 Juliana Topazio Daniel Kendi H. Andrew Camargos TURMA XIX – 2018 NASCIMENTO CRESCIEMENTO DESENVOLVIMENTO Sumário Atendimento em sala de parto .................................................................................................................... 3 Alterações fisiológicas da circulação pulmonar e cardíaca do RN ............................................................... 5 Apneia primária e secundária ...................................................................................................................... 7 Triagem neonatal ......................................................................................................................................... 7 Fisiopatologia da asfixia ............................................................................................................................... 9 Cólica do lactente ......................................................................................................................................... 9 Icterícia fisiológica neonatal ...................................................................................................................... 10 Dermatite de fralda .................................................................................................................................... 13 Lesões de pele mais comuns ao RN ........................................................................................................... 14 Curvas de crescimento: peso/altura/perímetro cefálico ........................................................................... 16 Aspectos imunológicos e maturacionais do trato digestivo ...................................................................... 17 Alojamento Conjunto ................................................................................................................................. 17 Leite Materno: Composição, Técnica de aleitamento, Fatores Interferentes ........................................... 19 Anatomia e Fisiologia da Mama ................................................................................................................. 23 Puericultura: princípios, recomendação do Ministério da Saúde .............................................................. 24 Reflexos primitivos ..................................................................................................................................... 29 Principais Marcos do Desenvolvimento Infantil ........................................................................................ 32 VISÃO ................................................................................................................................................. 33 INTERAÇÃO/COMPREENSÃO ............................................................................................................ 33 FALA ................................................................................................................................................... 33 Alimentação no primeiro ano de vida e suplementação vitamínica ......................................................... 34 Evolução neuropsicomotora normal da criança e adolescente ................................................................. 37 Teste de Denver ......................................................................................................................................... 41 Desenvolvimento afetivo na Infância/ Papel do brinquedo e o vínculo na Infância ................................. 41 Infecções de Vias aéreas Superiores (definição, agentes etiológicos principais, semiologia, diagnóstico) .................................................................................................................................................................... 42 Calendário Vacinal ..................................................................................................................................... 46 Desnutrição energético-proteica ............................................................................................................... 51 Reparo Ósseo ............................................................................................................................................. 54 Anemia carência ferropriva ........................................................................................................................ 54 Enteroparasitoses comuns da infância ...................................................................................................... 56 Diarreia Aguda ........................................................................................................................................... 60 Crescimento físico: Aumento do tecido muscular e adiposo, Incremento das funções fisiológicas dos órgãos e sistemas, Aumento da atividade osteoblástica ........................................................................... 66 Obesidade Infantil ...................................................................................................................................... 68 Desenvolvimento psicossocial do adolescente (independência psicológica) ............................................ 69 Distúrbios alimentares na adolescência .................................................................................................... 71 Crescimento e Desenvolvimento Puberal .................................................................................................. 72 Puberdade precoce .................................................................................................................................... 73 Atendimento em sala de parto Para uma recepção adequada ao recém-nascido na sala de parto é necessário, então, um amplo conhecimento dos dados de história materna, gestacionais e trabalho de parto, além de um profissional capacitado em reanimar o recém-nascido de maneira rápida e efetiva. Fatores interparto que podem trazer riscos ao neonato: • Uso de fórceps ou extração a vácuo • Apresentação não cefálica • Trabalho de parto prematuro • Parto taquitócico • Corioamnionite • Trabalho de parto >24 • Rutura de membranas >18 hs • Segundo estagio de parto Prolongado >2 hs • Padrão anormal de frequência cardíaca • Anestesia geral • Hipertonia uterina • Uso opioides nas ultimas 4 hs • Liquido amniótico meconial • Prolapso ou rutura de cordão • Nó verdadeiro de cordão • Descolamento prematuro de Placenta • Placenta prévia • Sangramento interparto significante Um índice Apgar menor de 3 no quinto minuto geralmente indica evidências de asfixia. Entretanto, índices baixos de Apgar podem não indicar asfixia em recém-nascidos prematuros por estes serem hipotônicos, apresentarem extremidades cianóticas e baixa resposta a estímulos. Um índice Apgar de 6 ou 7 pode ser o máximo para um recém-nascido prematuro, sendo então sua interpretação, neste grupo de recém-nascidos. Alterações fisiológicas da circulação pulmonar e cardíaca do RN O sistema circulatório fetal funciona como se fosse duas bombas interligadas funcionando em paralelo, e após o nascimento, o arranjo dos ventrículos faz com que a circulação neonatal funcione comouma conexão em série Durante o período de transição, a circulação fetal necessita sofrer modificações para se tornar uma circulação neonatal. Desde o início do desprendimento materno, com o pinçamento do cordão umbilical, as principais modificações são o desaparecimento da circulação placento-fetal, aumento do fluxo sanguíneo pulmonar e fechamento dos shunts Quando o cordão umbilical é clampeado e o neonato tem sua primeira respiração, a resistência vascular sistêmica aumenta e o fluxo de sangue através do ducto arterioso declina. A maior parte do débito ventricular direito flui através dos pulmões favorecendo o retorno venoso pulmonar para o átrio esquerdo. Em resposta a um volume sanguíneo aumentado no coração e nos pulmões, a pressão atrial esquerda se eleva. Combinada com a resistência sistêmica elevada, essa elevação de pressão resulta em fechamento funcional do forame oval. Dentro de vários meses, o forame oval sofre fechamento anatômico [...] A instalação do esforço respiratório e os efeitos do aumento da pressão parcial de oxigênio arterial causam uma constrição do ducto arterioso, que fecha funcionalmente 15 a 24 horas após o nascimento. Em torno da terceira a quarta semana, esse desvio sofre fechamento anatômico. O clampeamento do cordão umbilical para o fluxo sanguíneo através do ducto venoso, fechando funcionalmente essa estrutura. O ducto venoso se fecha anatomicamente em torno da primeira ou segunda semana. Após o nascimento, a veia e as artérias umbilicais não mais transportam o sangue e se obliteram. O fechamento funcional das estruturas cardíacas fetais (forame oval, canal arterial e ducto venoso), acontece progressivamente, e completa-se em torno de um a dois dias de vida, sendo que o fechamento anatômico pode durar semanas. Devido aos shunts fetais se fecharem funcionalmente antes de se fecharem anatomicamente, podem ocorrer aberturas intermitentes dessas estruturas, ocorrendo passagem de sangue não oxigenado do lado direito para o esquerdo do coração, levando o recém-nascido a apresentar uma cianose transitória e com o choro, aumenta a pressão da veia cava e átrio direito, que leva ao aparecimento de sopros. A simples presença de sopros não significa, necessariamente, a presença de um problema cardíaco, mas quando são acompanhados de cianose e sinais de dificuldade cardíaca e respiratória devem ser investigados. Durante a gravidez, o feto tem seu sangue oxigenado e gás carbônico eliminado através da placenta, uma vez que seus pulmões estão inativos. Logo após a expulsão, o recém-nascido deve estabelecer sua respiração através dos alvéolos, substituindo o líquido pulmonar por ar atmosférico de maneira apropriada no primeiro minuto de vida. No decorrer da 24ª e 30ª semana de gestação, é produzido surfactante pelas células alveolares, que diminui a tensão superficial, evitando o colabamento dos alvéolos ao término da expiração. Por esse processo, o surfactante faz com que as trocas gasosas sejam facilitadas, a pressão para a insuflação necessária para abertura das vias respiratórias diminuída, a complacência pulmonar melhorada e o esforço respiratório reduzido. Antes do evento do nascimento, o pulmão permanece repleto de líquido e recebe de 10 a 15% do débito cardíaco total. O início da função respiratória é estabelecida por estímulos químicos, térmicos, físicos e sensoriais, como dor e luminosidade, sendo que a primeira respiração deve ocorrer dentro de 20 segundos após o parto. Após os primeiros minutos de vida, com a expulsão e reabsorção do líquido presente nos pulmões, este enche-se de ar e o fluxo sanguíneo aumenta consideravelmente, cerca de oito a dez vezes. Com a compressão do tórax ao passar pelo canal vaginal, cerca de um terço do líquido pulmonar, é expelido pela boca e nariz, e os dois terços restantes são absorvidos pela circulação pulmonar e sistema linfático, dentro de 6 a 24 horas após o nascimento. Após o nascimento, com a compressão mecânica do tórax e expulsão do líquido pulmonar, ocorre uma descompressão do tórax, criando-se assim, uma pressão negativa que traz o ar para dentro dos pulmões. A completa expansão pulmonar e distribuição do ar pelos alvéolos ocorre quando o recém-nascido chora, porque o choro cria uma pressão intratorácica positiva, mantendo os alvéolos abertos e forçando o restante do líquido pulmonar para os capilares pulmonares e sistema linfático. Após as primeiras respirações, o recém-nascido assume sua atividade ventilatória e de oxigenação, com a substituição do espaço antes ocupado pelos fluidos pulmonares por ar atmosférico. Apneia primária e secundária A evolução da asfixia varia de acordo com o tempo e extensão da hipóxia. O início da asfixia é marcado por aumento da frequência respiratória, cardíaca e pressão arterial. Se o processo asfíxico persiste, ocorre parada dos movimentos respiratórios, com queda da frequência cardíaca e, ainda, manutenção da pressão arterial - é a fase de apnéia primária. Com a progressão da asfixia ocorrem movimentos respiratórios arrítmicos e irregulares ("gaspings"), com queda da frequência cardíaca e pressão arterial, atingindo a fase de apnéia secundária. Ressalta-se que tanto a apnéia primária quanto a secundária podem ocorrer intra-útero, sendo impossível distingui-las após o nascimento. As ocorrências antes e durante o parto irão determinar a condição do feto e o estado do recém-nascido ao nascimento. Triagem neonatal TESTE DO OLHINHO É a verificação da coloração naturalmente vermelha do fundo do olho do recém-nascido. É um teste rápido que pode ser realizado pelo pediatra na própria maternidade. Por vezes há necessidade que seja repetido por um especialista em caso de exame duvidoso. A criança não nasce sabendo enxergar, ela vai aprender assim como aprenderá a sorrir, falar, engatinhar e andar. Para isso, as estruturas do olho precisam estar normais, principalmente as que são transparentes. O “Teste do Olhinho” pode detectar qualquer alteração que cause obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas cuja identificação precoce possibilita o tratamento no tempo certo e o desenvolvimento normal da visão. Ele deve ser feito nas primeiras 24 horas de vida do bebê e se trata de uma luz direcionada ao olho da criança a uma distância de 20 centímetros, que deve refletir um tom vermelho semelhante ao observado em fotografias com flash. Caso a cor seja opaca, branca ou amarelada, significa que o recém-nascido possui alguma patologia e que deve ser tratada. TESTE DO PEZINHO 8 Inicialmente, foi implementado o Teste do Pezinho. Trata-se de ação preventiva que visa facilitar o diagnóstico precoce de certas doenças, reduzindo ou eliminando o risco de sequelas associadas ao atraso no reconhecimento e tratamento dessas condições. Toda criança nascida em território nacional tem o direito à triagem neonatal (Teste do Pezinho). Mas, para que este alcance o seu objetivo primordial de detectar algumas doenças que podem causar sequelas graves ao desenvolvimento e crescimento, o teste deve ser feito no momento e da forma adequados. O momento para a coleta, preferencialmente, não deve ser inferior a 48 horas de alimentação proteica (amamentação) e nunca superior a 30 dias, sendo o ideal entre o 3º e o 5º dia de vida. As gestantes devem ser orientadas, ao final de sua gestação, sobre a importância do teste do pezinho e procurar um posto de coleta ou um laboratório indicado pelo pediatra dentro deste prazo. Os diferentes estados brasileiros encontram-se em distintas fases de implantação. Quanto maior a fase, maior o número de doençastriadas. • Fase I:Hipotireoidismo congênito e fenilcetonúria; • Fase II:Hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria e hemoglobinopatias; • Fase III:Hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, hemoglobinopatias e fibrose cística. • Fase IV: Hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, hemoglobinopatias, fibrose cística e hiperplasia adrenal congênita Os laboratórios privados realizam testes para outras doenças, cabendo ao pediatra selecionar as que são de interesse. Nos casos com resultados de triagem alterados, o laboratório central deve acionar o posto de coleta para que entre em contato com a família e trazer a criança para a realização de exames confirmatórios. Esse processo precisa ser ágil e eficaz para que a terapêutica precoce adequada possa ser instituída. Importante: o Teste do Pezinho é apenas um teste de triagem. Um resultado alterado não implica em diagnóstico definitivo de qualquer uma das doenças, necessitando, de exames confirmatórios. TESTE DO CORAÇÃOZINHO Através de um equipamento especial, o oxímetro de pulso, de forma indolor é estimada a concentração de oxigênio no sangue, dessa forma sendo capaz de detectar problemas cardíacos congênitos complexos que desde o nascimento afetam a concentração sanguínea de oxigênio. Deve-se realizar a aferição da oximetria de pulso, em todo recém-nascido aparentemente saudável com idade gestacional > 34 semanas, antes da alta da Unidade Neonatal. Local de aferição: membro superior direito e em um dos membros inferiores. Para a adequada aferição, é necessário que o recém-nascido esteja com as extremidades aquecidas e o monitor evidencie uma onda de traçado homogêneo. Momento da aferição: Entre 24 e 48 horas de vida, antes da alta hospitalar. Resultado normal: Saturação periférica maior ou igual a 95% em ambas as medidas (membro superior direito e membro inferior) e diferença menor que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior. Resultado anormal: Caso qualquer medida da SpO2 seja menor que 95% ou houver uma diferença igual ou maior que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior, uma nova aferição deverá ser realizada após 1 hora. Caso o resultado se confirme, um ecocardiograma deverá ser realizado dentro das 24 horas seguintes. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Pediatria, cerca de 10 em cada mil nascidos podem apresentar alguma malformação congênita e, entre esses, dois podem ter cardiopatias graves e precisar de intervenção médica urgente. Cerca de 30% desses pacientes recebem alta sem diagnóstico. TESTE DA LINGUINHA É eficaz, rápido e não dói. Língua presa é uma alteração comum, mas muitas vezes ignorada. Ela está presente desde o nascimento, e ocorre quando uma pequena porção de tecido, que deveria ter 9 desaparecido durante o desenvolvimento do bebê na gravidez, permanece na parte de baixo da língua, limitando seus movimentos. O teste da linguinha é um exame padronizado que possibilita diagnosticar e indicar o tratamento precoce das limitações dos movimentos da língua causadas pela língua presa que podem comprometer as funções exercidas pela língua: sugar, engolir, mastigar e falar. O teste da linguinha deve ser realizado por um profissional da área da saúde qualificado, como por exemplo, o fonoaudiólogo. Ele deve elevar a língua do bebê para verificar se a língua está presa, e também observar o bebê chorando e sugando. O exame não tem contraindicações. Recomenda-se que a avaliação do frênulo da língua seja inicialmente realizada na maternidade. Fisiopatologia da asfixia O risco de asfixia durante o trabalho de parto, parto e primeiros minutos de vida é muito elevado, pois como já foi dito, o recém-nascido deve adaptar-se à vida extrauterina com alteração das vias circulatórias. Se nos instantes após o parto não ocorrer a expansão dos pulmões do recém-nascido e o início da respiração, a pO2 e o pH arteriais caem e a pCO2 sobe, determinando a constrição das arteríolas pulmonares, com a persistência da resistência vascular pulmonar e um grande shunt da direita para a esquerda, através do duto arterioso. As pressões do ventrículo e átrio direito permanecem elevadas e, devido ao reduzido fluxo sanguíneo pulmonar, a pressão atrial esquerda permanece baixa, determinando a manutenção do forame oval aberto, com circulação do sangue da direita para a esquerda. Nesta situação ocorre uma queda progressiva do pH sanguíneo, com deterioração das funções do miocárdio, inadequado fluxo de sangue aos órgãos vitais que, se não controlado, progride para uma forma de acidose grave e hipóxia, com a falência do miocárdio e lesão cerebral. A evolução da asfixia varia de acordo com o tempo e extensão da hipóxia. O início da asfixia é marcado por aumento da frequência respiratória, cardíaca e pressão arterial. Se o processo asfíxico persiste, ocorre parada dos movimentos respiratórios, com queda da frequência cardíaca e, ainda, manutenção da pressão arterial - é a fase de apneia primária. Com a progressão da asfixia ocorrem movimentos respiratórios arrítmicos e irregulares ("gasping"), com queda da frequência cardíaca e pressão arterial, atingindo a fase de apneia secundária. Ressalta-se que tanto a apneia primária quanto a secundária podem ocorrer intra-útero, sendo impossível distingui-las após o nascimento. As ocorrências antes e durante o parto irão determinar a condição do feto e o estado do recém-nascido ao nascimento. critérios que devem estar presentes para se caracterizar a asfixia perinatal: 1. Acidose metabólica profunda ou acidose mista (pH < 7) em sangue arterial de cordão umbilical; 2. Persistência de índice Apgar de 0 a 3 por mais de cinco minutos; 3. Alterações neurológicas no período neonatal imediato, incluindo convulsões, hipotonia, coma ou hemorragia intracraniana; 4. Evidência de disfunção de múltiplos órgãos no período neonatal imediato (alterações neurológicas, pulmonares, renais, cardiovasculares, metabólicas, gastrointestinais ou hematológicas). Cólica do lactente 10 A cólica consiste em uma dor abdominal aguda e espasmódica e nenhum fator isolado à explica sistematicamente. Principais fatores: • Hiperistaltismo crônico • Pressão retal aumentada • Genética • Aerofagia gerando excesso de gases • Formação/colonização da microbiota intestinal • Incoordenação do sistema nervoso autônomo • Fatores emocionais • Intolerância a proteína do leite Para o diagnóstico temos os critérios de Wessel, Regra do 3, que diz que a cólica fisiológica do RN se inicia na 3° semana de vida dura 3h, no mínimo 3 dias na semana, com pico na sexta semana e térmico com 3 meses. O choro costuma ser, agudo/ estridente, inconsolável, inexplicável e súbito. Fatores de melhora são: massagem, calor local e caseína hidrolisada. Icterícia fisiológica neonatal A icterícia neonatal é definida como coloração amarela da pele e das escleróticas. É uma das patologias mais frequentes do recém-nascido. Quase todos os RN apresentam valores de bilirrubina em circulação superior a 1 mg/dl (17 micromol/L). Quando este valor atinge 5 mg/dl torna-se visível nas escleróticas e pele. Na primeira semana de vida cerca de 60% dos RN de termo ficam ictéricos e nos pré- termo pode chegar aos 80%. A bilirrubina resulta do catabolismo das proteínas do heme. A fonte mais significativa (80-90%) é a hemoglobina dos eritrócitos senescentes e da eritropoiese ineficaz. A bilirrubina não conjugada, circula na sua maioria ligada à albumina até ser captada pelo hepatócito para ser conjugada e depois excretada. O RN devido à ausência de enzimas bacterianas no intestino que reduzem a bilirrubina conjugadapara estercobilinogéneos e permitem a sua excreção e presença da -glucoronidase que permite a desconjugação da bilirrubina conjugada, apresenta uma circulação entero-hepática. A bilirrubina em níveis baixos (in vitro) é um antioxidante que pode ser benéfico nos RN carentes neste período da vida de outros anti-oxidantes endogenos (vitamina E e outras enzimas anti-oxidantes). Níveis séricos de bilirrubina elevados podem provocar toxicidade no sistema nervoso central (in vivo). A bilirrubina não conjugada, não ionizada, é lipofílica e pode atravessar a barreira hemato-encefálica, provocando lesão das células do sistema nervoso central e morte celular. A neurotoxicidade não se correlaciona diretamente com o valor total da bilirrubina sérica. A maioria da bilirrubina em circulação está ligada à albumina e uma pequena fração circula não ligada à albumina (bilirrubina livre). Acredita-se que os efeitos neurotóxicos da bilirrubina são devidos à bilirrubina livre. A ligação bilirrubina/albumina depende da concentração de ambas e da afinidade da ligação. A fração da bilirrubina não ligada (bilirrubina livre) aumenta significativamente quando se aproxima da capacidade de ligação da bilirrubina à albumina. Esta capacidade de ligação da bilirrubina à albumina também é influenciada por alguns fatores, podendo estar diminuida: acidose, sepsis, hipoxia, hipoalbuminemia, prematuridade, idade pós-natal (< 3 dias) e algumas drogas (ex. cefalosporinas). Como não existe comercialmente disponível um método de doseamento da bilirrubina livre, alguns especialistas 11 recomendam o uso da relação bilirrubina/albumina, para estimatimativa da percentagem de bilirrubina livre. No RN de termo a razão molar da bilirrubina (mg/dl) / albumina (g/dl) é aproxidamente de 8:1. [Tabela 6] Relações superiores a 8 implicam maior percentagem de bilirrubina não conjugada livre. No RN de termo hiperbilirrubinemia superior a 25-30 mg/dl está associada a um risco aumentado de disfunção neurológica, devido à passagem da bilirrubina através da barreira hemato-encefálica e deposição nas células do cérebro, conduzindo à apoptose e necrose. Não estão descritos casos de Kernicterus para valores de bilirrubina < 20 mg/dl e são raros para valores entre 20 e 25 mg/dl. A hiperbilirrubinemia, na maioria das vezes não traduz patologia subjacente, definindo-se como icterícia fisiológica. As causas de hiperbilirrubinemia no RN de termo e pré-termo são as mesmas: a) Aumento da produção de bilirrubina (2-3X maior que no adulto): os RN têm maior número de glóbulos rubros (hematócrito 60-70%) e a sua semivida é menor (aproximadamente 85 dias). b) Diminuição da clearance da bilirrubina por imaturidade enzimática (ao 7º dia a actividade da glucoruniltransferase uridino difosfoglucorunato (UGT) é 1% da do adulto). c) Aumento da circulação entero-hepática. Estas alterações fisiológicas resultam no aumento ligeiro da bilirrubina não-conjugada em quase todos os RN. No RN de termo de raça caucasiana e afro-americana o pico de bilirrubina ocorre entre as 48 e 96 horas de idade. No RN de termo de raça asiática e no RN pré-termo este pico ocorre entre as 72 e 120 horas de idade. A diferença entre as raças deve-se a variações genéticas na capacidade de conjugação hepática. Entre a primeira e segunda semana habitualmente há resolução da hiperbilirrubinemia. A icterícia clínica é detectada quando a bilirrubina sérica se aproxima de 5 a 7 mg/dl sendo evidente na face (nariz) e pode haver progressão para o tronco e extremidades. As zonas de Kramer estabelecem as zonas dérmicas da progressão da icterícia com os valores de bilirrubina total (BT), porém é importante lembrar que a estimativa visual pode levar erros, principalmente, em crianças pardas ou negras. Sinais de alerta: • Icterícia além da 1ª semana de vida no recém-nascido de termo (RNT) e da 2ª semana de vida no recém- nascido pré-termo (RNPT) . • O aumento da bilirrubina direta (BD maior do que 1,5 a 2,0 mg/dl) sugere a colestase neonatal, cujas causas comuns são a atresia das vias biliares e a hepatite neonatal. 12 BT= BILIRRUBINA TOTAL METABOLISMO DA BILIRRUBINA Na degradação da hemoglobina, a componente proteica (globina) é degradada nos seus aminoácidos constituintes para reutilização, enquanto o heme (que é vermelho-escuro) é degradado em células fagocíticas, com maior proporção no baço, fígado e medula óssea. Captação: A bilirrubina é removida da albumina na superfície sinusoidal dos hepatócitos por um sistema de alta capacidade. Mesmo em condições patológicas, este não é um fator limitante. É um sistema de transporte facilitado que permite equilibrar a concentração de bilirrubina dentro e fora do hepatócito Conjugação: Ocorre no retículo endoplásmico liso do hepatócito. Catalizada pela enzima UDP-glicuronil- transferase, em 2 passos, formando primeiro monoglicuronato, depois diglicuronato, que é a forma predominante. A quantidade insuficiente desta enzima no recém-nascido causa a icterícia fisiológica do 2o ao 5o dia após o nascimento. Secreção: É um processo de transporte ativo com consumo energético O passo limitante de todo o processo. Ocorre a nível da membrana do hepatócito que constitui a parede dos canalículos biliares. Quando este processo está diminuido, a bilirrubina que continua sendo conjugada no citoplasma do hepatócito não pode 13 ser excretada na bile e termina por passar para o sangue, um processo chamado regurgitação. Normalmente, toda bilirrubina excretada na bile está na forma conjugada. Dermatite de fralda Incluem-se nas dermatites de áreas de fraldas: I) as erupções causadas pelo contato direto com a fralda, como a dermatite irritativa primária e a dermatite de contato alérgica ao material plástico da fralda, II) as dermatites exacerbadas devido ao uso da fralda e III) aquelas que ocorrem nessa localização, mas que não estão relacionadas com o uso da fralda. Quanto às fezes e urina, apesar da amônia liberada na degradação bacteriana da ureia urinária, não constituir a causa primária da dermatite da área das fraldas, pode atuar como fator agravante em pele previamente lesionada. A ureia é convertida por bactérias em amônia, que eleva o pH cutâneo. Estudos recentes sugerem que a elevação do pH local aumenta a atividade das proteases e lipases fecais, que são fatores importantes na etiopatogenia da dermatite. Sabe-se ainda que a exposição prolongada da pele à urina aumenta a permeabilidade a substâncias irritantes. As fezes das crianças contêm quantidades importantes dessas enzimas digestivas proteolíticas e lipolíticas que, quando em contato prolongado com a superfície cutânea coberta pela fralda, causam alterações consideráveis na barreira epidérmica. Uma das situações clínicas que evidencia esse fato é a diarreia, em que o contato com as fezes é prolongado. Já o aumento da temperatura local causado pela dificuldade que a fralda impõe de perspiração da pele subjacente, leva à vasodilatação e, consequentemente, à inflamação Clinicamente a dermatite de fralda é a afecção cutânea mais frequente na primeira infância e caracteriza- se por pápulas salientes e firmes, de coloração vermelho escura ou violácea, que sucedem uma fase vésico- erosivoulcerativa. As ulcerações são ovais ou redondas, com fundo raso e de configuração crateriforme. Esse tipo de dermatite pode regredir com atrofia e hiperpigmentação. Nos meninos, as úlceras podem 14 ocorrer na glande e meato urinário, levando a desconfortoe disúria, e o diagnóstico é eminentemente clínico. O tratamento médico da dermatite da área das fraldas irritativa primária consiste em medidas simples, aplicadas de acordo com a gravidade e o tipo de dermatite. A orientação médica principal na dermatite da fralda é a preventiva, que consiste na escolha adequada da fralda, frequência de trocas, limpeza e uso de produtos de barreira (vaselina, lanolina e óxido de zinco) a fim de reduzir o contato da pele com a urina e as fezes. A higienização deve ser frequente, mas não excessiva nem agressiva (fricção), e pode ser feita com sabão de coco ou sabonetes neutros. O mais importante consiste no aumento da frequência de trocas e na utilização de fraldas superabsorventes. Devem-se evitar, também, fraldas de pano que permitem maior contato da urina e fezes com a pele e exigem medidas de eliminação de micro-organismos (lavagem com sabão e fervura). É recomendável, na limpeza da área da fralda, lavar em água corrente para melhor remoção de resíduos e uma possibilidade é o uso até três vezes ao dia de compressas frias com solução de Burow 1:30, que confere efeito calmante, antisséptico e secativo Lesões de pele mais comuns ao RN – Fenômeno de Arlequim: presença de uma linha que delimita metade do corpo com eritema (vermelhidão) e outro com coloração normal, geralmente é benigno, tem causa desconhecida mas sugere algum grau de instabilidade na circulação vasomotora. – Milium sebáceo: é caracterizado por pequenos pontos brancos localizados na base do nariz, queixo e testa, devido a presença de glândulas sebáceas obstruídas em função de hormônios maternos, porém não tem importância clínica e desaparece em poucas semanas. – Manchas Mongólicas: são manchas azul-acinzentadas, que se localizam na região próxima aos glúteos e no dorso, devido a imaturidade da pele na migração das células com melanina (responsável pela coloração normal da pele), geralmente está associado a fatores raciais. 15 – Eritema tóxico: geralmente aparece nos primeiros dias de vida, tendo causa desconhecida e regridem espontaneamente, apresentam-se como lesões eritematosas multiformes. – Impetigo: é um tipo de infecção causada por um patógeno conhecido por Staphylococcus aureus, que inicia-se como lesões simples eritematosas, mas que em poucos dias transformam-se em vesículas que podem criar pus ou tornar-se bolhas, que quando se rompem formam crostas amarelo-amarronzadas e podem facilmente contaminar outras crianças. O tratamento pode ser realizado com cremes antibióticos. – Hemangiomas: são formas vasculares mais extensas e elevadas que podem ter algum significado patológico e por isso devem ser investigadas. – Máculas vasculares: são manchas com coloração salmão e que desaparecem à pressão, geralmente desaparecem em alguns meses e não tem importância clínica 16 Curvas de crescimento: peso/altura/perímetro cefálico É um padrão internacional, desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para acompanhar o crescimento e o estado nutricional das crianças. As curvas são obtidas a partir do cálculo entre a idade da criança e variáveis como o peso, a altura e o perímetro da cabeça. Os parâmetros padronizados possibilitam a avaliação de crianças de qualquer país, independente de etnia, condição socioeconômica e tipo de alimentação. A única variável é o sexo da criança. Como meninos e meninas têm padrões diferentes de crescimento, as curvas são distintas. O objetivo é que problemas como desnutrição, sobrepeso, obesidade e outras condições associadas ao crescimento e à nutrição da criança possam ser detectados e encaminhados precocemente. Serve para Comparar o Crescimento alcançado pelo indivíduo com o dos seus pares: sexo e idade e analisar a Tendência do seu crescimento em relação aos seus pares: mesmas dimensões corpóreas É o perímetro cefálico que permite detectar precocemente várias doenças neurológicas que interferem no crescimento craniano, como a microcefalia e a hidrocefalia. O aumento do perímetro cefálico no primeiro ano de vida é de 2 cm/mês no primeiro trimestre, 1 cm/mês no segundo trimestre e 0,5cm/mês no terceiro semestre. Escore Z Quantidade de Desvios Padrão que um indivíduo dista da média (de seu grupo de idade e sexo). A melhor forma de entender os percentis é exemplificar: imagine um grupo de cem meninos saudáveis de seis meses de idade de distintos locais do mundo. A OMS mapeou o mais leve e o mais pesado deles e colocou o peso desses bebês em um gráfico. A partir deles, foi estabelecendo réguas intermediárias, que são chamados percentis. São cinco no total (3, 15, 50, 85 e 97). O percentil 50 significa a conhecida “média”, e daí vem a expressão “está com o peso acima da média”. Mas, de fato, toda essa população está com o peso dentro da considerada “normalidade”. Se um bebê está no percentil 85 em relação ao peso e altura, isso significa que ele é maior e mais pesado que 85% dos bebês de sua idade. Isso não significa, no entanto, que ele seja mais saudável que um bebê no percentil 15. O mais importante é que o bebê tenha uma linha ascendente de crescimento, independente do percentil. O principal motivo de alerta é a queda de dois ou mais percentis na curva de crescimento. Cálculo da estatura alvo Menino: Alt. Pai + (Alt. Mãe + 13)/2 Menina: Alt. Mãe + (Alt. Pai – 13)/2 17 Aspectos imunológicos e maturacionais do trato digestivo Crianças apresentam maior morbidade e mortalidade relacionadas a vários patógenos, em especial, aos intracelulares. Isso ocorre em função da imaturidade imunofisiológica, que resulta de limitações nos mecanismos imunológicos inatos e adaptativos. Uma das maiores evidências de tal imaturidade se expressa pelo alto índice de resfriado, gripes e problemas respiratórios adquiridos (IVAS), uma característica anatômica que compõe o sistema imune é o timo, este encontra-se hipertrofiado durante a infância e regride lentamente com o desenvolvimento do indivíduo. O período de maior sensibilidade trata-se da fase que ocorre hipogamaglobulinemia (destruição dos anticorpos maternos – IgG), ou seja, consiste na fase de maior susceptibilidade a infecções e é chamada também de janela imunológica infantil. A imunidade das mucosas é um processo sistêmico e complexo, necessitando o conhecimento em que os locais que o Malt (tecido linfoide associado a mucosa) está presente, mas especificamente no trato urogenital, mama lactente, trato respiratório, trato digestório e neste último que será responsável pelo processo de tolerância oral. O sistema digestório abrange uma vasta área sendo nesse capaz da absorção de nutrientes em órgãos como estômago e intestino, além disso, irão combater patógenos provindos do bolo alimentar e também manter a microbiota simbiótica do local. Ao início devemos pensar no nosso lúmen intestinal; formado por celular M, placa de Payer(intestino), rede linfática e linfonodo mesentéricos. Tal processo de formação e maturação imunológica é essencial no amadurecimento do lactente e faz parte do processo de crescimento. O principal tecido linfoide do trato intestinal se constitui de um sistema caracterizado como MALT, justamente esse tecido no lactente apresenta-se pouco desenvolvido, o que propicia maior possibilidade do indivíduo desenvolver respostas imunes exageradas (Hipersensibilidades), ocasionando desde problemas respiratórios, cólicas, desregulação hormonal, problemas cutâneos e processos infecciosos. Alojamento Conjunto Trata-se de um modelo capaz de estreitar o vínculo afetivo, estimular a amamentação, envolver os pais nos cuidados com o recém-nascido são alguns benefícios do alojamento conjunto – modelo de atendimentopreconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). O modelo estimula o contato e a permanência conjunta da mãe e do bebê durante toda a internação. Vale ressaltar que o alojamento conjunto depende das condições de saúde (da criança e da mulher). Assim, deixamos claro que o modelo não é obrigatório, mas recomendado fortemente pelos benefícios proporcionados. Logo após o parto, caso o recém-nascido e a mãe apresentem boas condições de saúde, é iniciada a amamentação e só depois deste primeiro contato pele a pele o bebê é encaminhado ao Berçário, onde será avaliado e receberá cuidados de higiene. A seguir o bebê que se manteve bem é levado para o quarto da mãe, onde poderá permanecer por toda a internação - o que favorece a amamentação, fortalece o vínculo com os pais e propícia a detecção de dificuldades ainda no hospital. Há o suporte da enfermagem para apoiar os pais ou a possibilidade de o bebê retornar ao berçário caso seja necessário. 18 O alojamento conjunto também prevê assistência integral e atenção plena dos profissionais ao bebê e a mãe. Uma equipe com neonatologistas e enfermeiras especialistas atuam de forma ininterrupta: examinam e acompanham os bebês desde o nascimento, e orientam as mães sobre aleitamento materno, cuidados de higiene (banho, troca da fralda e limpeza do coto umbilical), preparando os pais para os cuidados após a alta. Trata-se de um sistema hospitalar em que o recém-nascido sadio, logo após o nascimento, permanece ao lado da mãe, 24 horas por dia, num mesmo ambiente, até a alta hospitalar. Tal sistema possibilita a prestação de todos os cuidados assistenciais, bem como a orientação à mãe sobre a saúde do binômio mãe e filho. A permanência do recém-nascido sadio com sua mãe, com a prática de ações que configuram o sistema conhecido como "Alojamento Conjunto", tem por vantagens: a) estimular e motivar o aleitamento materno, de acordo com as necessidades da criança, tornando a amamentação mais fisiológica e natural. A amamentação precoce provoca a contração do útero e de seus vasos, atuando como profilaxia das hemorragias pós-parto; b) favorecer a precocidade, intensidade, assiduidade do aleitamento materno, e sua manutenção por tempo mais prolongado; c) fortalecer os laços afetivos entre mãe e filho, através do relacionamento precoce; d) permitir a observação constante do recém-nato pela mãe, o que a faz conhecer melhor seu filho e possibilitar a comunicação imediata de qualquer anormalidade; e) oferecer condições à enfermagem de promover o treinamento materno, através de demonstrações práticas dos cuidados indispensáveis ao recém-nascido e à puérpera; f) manter intercâmbio biopsicossocial entre a mãe, a criança e os demais membros da família; g) diminuir o risco de infecção hospitalar; h) facilitar o encontro da mãe com o pediatra por ocasião das visitas médicas para o exame do recém-nascido, possibilitando troca de informações entre ambos; i) desativar o berçário para recém-nascidos normais, cuja área poderá ser utilizada de acordo com outras necessidades do hospital. Recomenda-se uma equipe multiprofissional treinada, constituída por: a) Enfermagem: ● 1 enfermeiro para 30 binômios; ● 1 auxiliar para 8 binômios; b) Médicos: ● 1 obstetra para 20 mães; ● 1 pediatra para 20 crianças. c) Outros Profissionais: ● assistente social; ● psicólogo; ● nutricionista. Recursos Físicos: Os quartos e/ou enfermarias devem obedecer a certo padrão, com tamanho adequado para acomodar a dupla mãe-filho, sendo a área convencionalmente estabelecida de 5m2 para cada conjunto leito materno/berço. De acordo com as disponibilidade de locais, poderá haver modificação dessa metragem no sentido de dar prioridade ao alojamento conjunto. O berço deve ficar com separação mínima de 2 m do outro berço. Objetivando melhor funcionamento, o número de duplas mãe-filho por enfermaria deverá ser de no máximo 6. As acomodações sanitárias serão estabelecidas de acordo com as normas de construção hospitalar do Ministério da Saúde. Critérios para remanejamento do RN para o alojamento conjunto: Boa vitalidade com liberação médica. Peso> 2000g Idade gestacional > 35 semanas ou liberação médica Sucção e deglutição funcionantes 19 Mãe com boa condição clínica e psicológica RN em antibioticoterapia Paciente encaminhados por laudo médico da UNCINCO e da UTIN Leite Materno: Composição, Técnica de aleitamento, Fatores Interferentes COMPOSIÇÃO A amamentação propicia vários benefícios para a mãe e o pai e o bebê leite materno é um fluido biológico com alto teor nutricional para o recém-nascido e deve ser o único alimento para este durante um certo período de tempo. O leite materno é um alimento exclusivo para o lactente. Assim sendo, contém todos os nutrientes, proteínas, açúcar, gordura e vitaminas que o pequeno necessita por 6 meses para crescer e se desenvolver com saúde. O leite contém equilíbrio dos nutrientes e ajuda o bebê a manter o peso adequado. O leite humano contém todos os nutrientes necessários para uma nutrição adequada do bebê, diminui as chances de alergias, reduz o risco de hipertensão, diabetes, obesidade, além de evitar diarreia e infecções respiratórias. O leite humano apresenta algumas composições químicas que irão possibilitar o fornecimento adequado das necessidades nutricionais do lactente. Este, na sua fase inicial, colostro, é rico em proteínas e anticorpos, que é seguida pela secreção de um leite intermediário, antes de se obter um leite maduro. O leite animal, especialmente o de vaca, deve sofrer alterações para se tornar mais adequado às necessidades do lactente. Em sua composição possui uma quantidade três vezes maior de proteínas e o dobro de caseína que faz com que após a sua ingestão se forme um coágulo de difícil digestão para o bebê. Um dos maiores benefícios que o leite materno oferece são os anticorpos, os quais fortalece o sistema imunológico. Deste modo, diminuem as possibilidades de que o bebê possa contrair algum tipo de infecção do ouvido, respiratória, urinária ou gastrointestinal (diarreia infantil). As possibilidades de morte subida também são reduzidas, assim como a possibilidade que o lactante desenvolva algum tipo de alergia, como a asma. Além disso, o leite materno é o alimento melhor assimilado pelo sistema corporal, o que acaba produzindo menos gases e reduzindo o mal-estar. Outra importante vantagem são os ácidos graxos que contém no leite materno, os quais ajudam no desenvolvimento do sistema nervoso. O leite sofre mudanças e adaptações de acordo com o crescimento do lactante, por exemplo, durante os primeiros dias, logo após o parto, o leite é amarelo, grosso e se chama colostro. Possui uma grande quantidade de proteínas e substâncias para o sistema de imunidade. O leite humano se trata de um fluido nutritivo que atende as necessidades energéticas básicas do recém- nascido. Este possui em sua composição proteínas, como a lactoferrina (importante na captação de ferro e inibição bacteriana), caseína, lisozimas (dissacaridases), mucina, seroalbumina, taurina e cistina, todos essenciais para o desenvolvimento corporal e imunológico, auxiliando na formação da microbiota natural do corpo humano. Os principais componentes lipídicos, consistem no ácido linoleico e palmítico, além do colesterol, esses são essenciais para a formação de reserva energética, composição celular (membrana plasmática) e bainha de mielina (mielinização). Os principais fatores imunológicos são a presença de anticorpos IgA, IgM e IgG (principal), sistema complemento, lipases, fagócitos (neutrófilos e macrófagos), linfócitos T e B, além de outros compostos como a Lactoperoxidase (oxidação bacteriana), fator bífidus ( importantepara colonização de lactobacillus bífidos), ferro, eletrólitos, cálcio, açucares, vitaminas C, D, K e complexo B. Dentre as vitaminas, a vitamina C apresenta maior biodisponibilidade se comparada com o leite bovino, sendo importante catalizador enzimático que auxilia no processo de digestão proteica. 20 O leite é dividido em 3 etapas: Colostro: leite produzido 1º - 5º dia pós-parto, possui uma cor translúcida e caracteriza pela maior concentração proteica e fatores imunológicos para o período inicial do RN, apresenta baixo teor energético. Transição: Em termos de concentração, ocorre um equilíbrio entre proteínas e lipídeos, já apresenta teor energético razoável, é secretado do 6º - 10º dia em média. Maduro: > 10º dias, apresenta maior concentração lipídica, consiste no período que o lactante recupera e começa a ganhar peso corporal, acumulando reservas energéticas. PEGA DA AMAMENTAÇÃO 21 FATORES INTERFERENTES Existem sete núcleos temáticos para serem discutidos a respeito dos fatores que interferem na amamentação exclusiva, são eles: • I: Contexto familiar • II: Experiências anteriores • III: Aspectos psicológico • IV: Trabalho materno • V: Problemas mamários relacionados a amamentação • Vl: Doenças contagiosas como: HIV, HTLV 1 e 2 • Vll: Bebê portador de galactosemia FATORES INTERFERENTES TEMPORARIAMENTE • Herpes ativa na mama • Varicela • Doença de Chagas • Abscesso mamário O desmame precoce está relacionado a fatores emocionais, familiares e principalmente sociais, como a inserção da mulher no mercado de trabalho e a falta de tempo para se dedicar a amamentação exclusiva. Amamentar demanda tempo, confiança e participação de todos. O vínculo mãe/bebê se fortalece no contato pele a pele e várias patologias são prevenidas. O contexto familiar no qual mãe e bebê estão inseridos, as experiências anteriores relacionadas à amamentação, os aspectos psicológicos, o trabalho materno e os problemas mamários relacionados à amamentação são fatores intervenientes da amamentação exclusiva. A depressão ou a tristeza pós-parto são fatores que interferem negativamente no processo de amamentação. O apoio familiar e dos profissionais capacitados pode romper essa fase e auxiliar no processo de aleitamento exclusivo até os 6 meses. O crescimento da participação feminina no mercado de 22 trabalho foi uma das transformações sociais ocorridas ao longo dos últimos anos, o que implica mudança do comportamento da mulher em relação à amamentação. O trabalho materno extradomiciliar é um fator agravante para a descontinuidade da amamentação, visto que o tempo de afastamento do bebê é maior e, com isso, novas maneiras de suprir essa ausência passam a ser pensadas pelas mães. Esses aspectos são potencializados quando a renda da mãe é a fonte de manutenção e sobrevivência da família, e, com isso, ela passa a não comprometer seu trabalho, ausentando-se das empresas, mesmo seguindo critérios vinculados a leis. Os problemas mamários, como dor e desconforto, estão entre os principais fatores que levam à ocorrência do desmame precoce. O tipo de mamilo também tem influência nessa prática, embora não as impeçam. A gestante mais bem preparada durante a gestação certamente vivenciara essa fase de forma tranquila e com menos problemas. O acompanhamento de profissionais preparados para lidar com essas intercorrências também favorece a manutenção, ou não, da amamentação. Normalmente as maiores dificuldades acontecem nos primeiros dias após o parto, e podem deixar marcas que acompanhem a mãe durante todo o período de amamentação. LEITES EM FÓRMULA Existem circunstâncias em que o aleitamento materno não é possível, nestes casos em específico, é recomendado o uso de fórmulas lácteas modificadas para lactentes, que embora ainda não tenham conseguido reproduzir as propriedades imunológicas e digestibilidade do leite materno, atendem as necessidades nutricionais estimadas, quando utilizados como fonte única de nutrientes durante os primeiros seis meses de vida. Há diversos motivos que se levam a substituição do aleitamento natural pelo artificial, tais como hipogalactia da puérpera, ingurgitamento mamário, interrupção da produção de leite por causas psicoemocionais, razões específicas que comprometem a saúde da mãe e da criança, como a contaminação da lactante pelo vírus HIV, ou até mesmo por desejo da mãe. Existem vários riscos à saúde da criança alimentada com fórmulas infantis, como alergias e alterações gastrintestinais, risco de contaminação na hora do preparo, alergias alimentares devido à proteína do leite de vaca ser considerada um potente alérgico. Alterações respiratórias, pois lactentes não amamentados têm 17 vezes mais chances de serem internados com pneumonia, indicando que o leite materno protege a criança contra pneumonia e impede a adesão e colonização de patógenos bacterianos respiratórios em orofaringe de lactentes aumentando a imunidade das mucosas contra infecções. As fórmulas infantis em pó têm sido associadas a casos de enfermidades graves e mortes, decorrentes de infecções por Enterobacter e Salmonella. Nesse sentido, as crianças não amamentadas, além de não contarem com a proteção conferida pelo leite materno, correriam um risco adicional pela possibilidade de consumirem um produto inseguro. Ambas as bactérias têm causado infecções em crianças, inclusive doenças graves que levam a sequelas e mortes. Os recém-nascidos são os que correm maior risco de infecção, em especial os pré-termos, os de baixo peso ao nascer e os imunologicamente comprometidos. 23 Anatomia e Fisiologia da Mama A mama é formada por tecido glandular, tecido fibroso de sustentação, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos integrados. Está localizada na tela subcutânea sobre os músculos peitorais maiores e menores. Seu desenvolvimento se dá principalmente durante o período da puberdade por volta dos 8-15 anos e caracteriza pelo aumento glandular, aureolar, papilar e deposição de gordura. Na puberdade o estrogênio irá estimular os ductos lactíferos, brotos terminais e estroma adiposo, enquanto a progesterona será responsável pelo processo apoptóticos de brotos terminais (lactíferos- conjunto de alvéolos) a sofrerem processo de apoptose, contribuindo assim para a renovação de brotos antigos por novos. A mama é formada histologicamente por 15-20 lóbulos mamários, cada lóbulo é constituído de alvéolos mamários que se conectam através de um ducto lactífero, estes se encontram formando os seios lactíferos onde é armazenado o leite inicial, até sua ejeção pela papila mamária. A papila mamária se consiste de um esfíncter com fibras musculares dispostas de forma circular, cada alvéolo por sua vez é circundado por células mioepiteliais que ajudaram na ejeção de leite. Durante a lactação o estimula da sucção na mama ou até mesmo o psicológico, como pensar em amamentar estimula a liberação de prolactina por nervos espinhais que vão até o hipotálamo, este estimula a liberação de TRH, Ocitocina e VIP, levando a liberação de PRL pela hipófise, sendo a ocitocina o principal estimulador na liberação de PRL. Já a dopamina atua diretamente inibindo a secreção de PRL, consequentemente de leite. 24 Puericultura: princípios, recomendação do Ministério da Saúde É a arte de promover e proteger a saúde das crianças, através de uma atenção integral, compreendendo a criança como um ser em desenvolvimento com suas particularidades. Apesar de ser uma especialidade iniciada em princípio na Pediatria, leva em conta a criança,sua família e o entorno, analisando o conjunto bio-psico-sócio-cultural, sendo também fundamental no acompanhamento das crianças as equipes da Estratégia da Saúde da Família. Tem como objetivo acolher a todas as crianças, dando assistência de forma integrada, realizando a vigilância do crescimento e desenvolvimento e monitorando os fatores de risco ao nascer e evolutivos; estimulando o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida e complementado com alimentação da família, até os dois anos de vida; garantindo a aplicação das vacinas do esquema básico de imunização e, garantindo assim um atendimento de qualidade. M= Médico E =Enfermagem A primeira avaliação desta criança é realizada pelo pediatra na própria sala de parto e até alta hospitalar. A partir daí preconiza-se que a criança seja avaliada na primeira de semana de vida e seja acompanhada na Atenção Básica nas UBS tradicionais ou ESF pela equipe com retornos, no 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês, além de duas consultas no 2º ano de vida (no 18º e no 24º mês) e, a partir do 2º ano de vida, com consultas anuais, próximas ao mês do aniversário. Nas consultas periódicas, a equipe de saúde observa a criança, indaga aos pais sobre as atividades do filho, reações frente a estímulos e realiza o exame clínico. Quanto mais nova a criança, mais frágil e vulnerável, daí a necessidade de consultas mais frequentes. Em cada consulta a equipe de saúde vai pedir informações sobre como a criança se alimenta, se as vacinas estão em dia, como ela brinca, condições de higiene, seu cotidiano. O acompanhamento do crescimento, através da aferição periódica do peso, da altura e do perímetro cefálico e sua análise em gráficos, são indicadores das condições de saúde das crianças. Sempre, a cada consulta, bebês e crianças de primeira infância devem ter seu crescimento e seu desenvolvimento avaliados. Os atendimentos para cuidado com a saúde dos grupos etários definidos deverão incluir nestas consultas, no mínimo, os seguintes componentes: É importante na consulta pós-parto a avaliação da ACS na visita domiciliar no aspecto biopsicossocial, tanto da criança quanto da mãe. Na consulta de retorno se faz importante a avaliação clinico-ginecológica, atualização de vacina do lactante e da mãe, identificação de risco e agendamento das consultas. 25 ATENDIMENTO MÉDICO PRIMEIRA CONSULTA Anamnese: • Queixas referidas pela mãe e intercorrências. • Condições gestacionais e perinatais. • Presença de risco ao nascer e risco evolutivo. • Verificar a realização eos resultados dos testes de triagem neonatal (olhinho, orelhinha, coraçãozinho e pezinho) para encaminhamentos necessários • Alimentação: dificuldades e necessidades de intervenção. • Diurese e hábito intestinal. • Higiene física: banho diário, coto umbilical, com os utensílios da criança. • Higiene mental: condições emocionais e ambientais. • Situação vacinal. Exame físico: Estado geral, ganho de peso, comprimento e perímetro cefálico, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura, pressão arterial (se necessário e a partir de 3 anos de idade de rotina, anualmente); exame da cabeça, palpação das fontanelas e suturas, olhos, implantação das orelhas, otoscopia, exame da orofaringe, pescoço, tórax, abdome, genitália, membros, gânglios, pulsos e perfusão periférica; desenvolvimento neuropsicomotor e realizar as manobras de Ortolani e Barlow nos primeiros 3 meses de vida (avaliar displasia do desenvolvimento do quadril). Depois dos 3 meses, a limitação da abdução dos quadris, assimetria de pregas na pele (nádegas ou região inguinal) e o encurtamento de um dos membros inferiores, indicam a possibilidade de luxação displásica do quadril. Manobra de Ortolani: objetiva reduzir o quadril luxado – com a criança despida, em decúbito dorsal horizontal estabiliza-se a pelve com uma das mãos, segura-se o membro inferior com a outra posicionando a ponta do dedo indicador sobre o grande trocanter. Realizam-se a flexão e abdução do quadril. Sente-se um estalido no local do indicador, significando a redução da cabeça do fêmur no acetábulo. Manobra de Barlow: teste provocativo, ou seja, tem a finalidade de luxar um quadril instável – com a criança despida, em decúbito dorsal horizontal, estabiliza-se a pelve com uma das mãos, fletindo e aduzindo o quadril oposto e aplicando uma força posterior. Após a liberação da força, geralmente o quadril volta à posição normal. • Varia de acordo com a idade – 1° Classificar o RN: Capurro É utilizado para determinar a IG quando as mães desconhecem a data da última menstruação (DUM) e não realizaram a ultrassonografia gestacional precoce (até 14 semanas). Os métodos citados acima (DUM e USG transvaginal precoce) possuem uma precisão maior Realizado após o nascimento da criança, o método ou escore de Capurro avalia o desenvolvimento de cinco fatores para determinar a idade gestacional do recém-nascido, são eles: textura da pele, pregas plantares, glândulas mamárias, formação do mamilo e formação da orelha. Cada um dos itens possui um nível de desenvolvimento de acordo com a IG. A pontuação (P) somada dos fatores deve ser acrescida de 204. O resultado desse cálculo será dividido por 7, obtendo assim o número de semanas da idade gestacional. IG = (P + 204)/7 26 New Ballard Para obter um resultado com maior precisão, o exame físico do bebê deve ser realizado entre 12 e 20 horas após o nascimento ele avalia seis parâmetros neurológicos e seis físicos. Nesse método, o resultado é obtido com a soma simples da pontuação correspondente a todos os parâmetros avaliados. Na tabela abaixo, nós correlacionamos a idade gestacional (semanas e dias) à somatória encontrada. Comparação entre Escore de Capurro e New Ballard Por avaliar um número maior de características neurológicas, o método de New Ballard é a alternativa mais indicada para avaliação de recém-nascidos prematuros. Isso acontece porque o escore de Capurro baseia- 27 se principalmente em fatores físicos e, em prematuros, a avaliação neurológica garante maior precisão da identificação da IG. De acordo com a idade gestacional (IG): RN Pré-termo: A OMS define como pré-termo toda criança nascida antes de 37 semanas. Sendo assim, inclui todo recém-nascido (RN) vivo com menos de 37 semanas completas de gestação (<259 dias), contadas a partir do primeiro dia do último período menstrual. RN A Termo: são todas as crianças nascidas vivas entre 37 a 41 semanas e 6 dias de gestação. RN Pós-termo: são todas as crianças nascidas vivas com 42 semanas ou mais de idade gestacional. De acordo com o peso de nascimento: RN baixo peso: RN com peso < 2.500g RN muito baixo peso: RN com < 1.500g RN de extremo baixo peso: RN com < 1.000g De acordo com o crescimento intra-uterino (A classificação do estado nutricional é feita associando-se idade gestacional (IG) com o peso de nascimento (PN) e utilizando-se a curva de Lubchenco (a mais usada), ainda a curva de Usher ou de Alexander, pode-se classificar os RNs em 3 categorias): GIG: Grande para a idade gestacional (peso acima do percentil 90) PIG: Pequeno para a idade gestacional (peso abaixo do percentil 10) AIG: Adequado para a idade gestacional (peso entre percentil 10 e percentil 90) A classificação do estado nutricional do RN é importante para identificar aqueles com risco para hipoglicemia e policitemia nos GIGs . Nos PIGs ocorre hipoglicemias, anomalias congênitas e infecções congênitas(e.g toxoplasmose, rubéola, sífilis). Recém nascidos prematuros - Usher, baseando-se no conceito de prematuridade da Academia Americana de Pediatria e com a finalidade de melhor identificação e manejo, divide os recém-nascidos pré-termo em três grupos distintos: · Grupo I ou Prematuros limítrofes - 37 e 38 semanas de gestação; · Grupo II ou Moderadamente prematuros - 31 e 36 semanas de gestação; · Grupo III ou Extremamente prematuros - 24 a 30 semanas de gestação. No grupo I, os bebes apresentam um peso normal, tem uma tendência a apresentar icterícia acentuada, lentidão ao se alimentar, e ocasionalmente desconforto respirat6rio. No grupo II, são recém-nascidos que necessitam de um suporte de atendimento diferenciado, são mais susceptíveis as infecções graves e as patologias pulmonares. No grupo III, estes bebes eram inviáveis até há alguns anos, por encontrarem-se na barreira biol6gica da sobrevivência, particularmente por apresentarem uma imaturidade estrutural e funcional da maioria dos sistemas. • Sinais vitais inicialmente (choro pode alterar) • Muitas vezes iniciamos no colo da mãe • Ouvido e garganta no final • Região genital e perineal o Meninos ▪ Fimose 28 ▪ Criptorquidia ▪ Hérnias inguinais o Meninas ▪ Sinéquia vulvar • Avaliar os reflexos (sucção, marcha. Moro, preensão palmar e plantar, cutâneo plantar, pontos cardeais...) • Avaliar Fontanelas • Avaliar articulações (Barlow e Ortolani) • Valores de referência para os sinais vitais mudam. Orientar: • A condição de saúde da criança, esclarecendo o diagnóstico à mãe ou responsável, em linguagem de fácil compreensão. • A importância do aleitamento materno exclusivo, imunização, cuidados com a higiene, sono e desenvolvimento normal da criança. • Sinais de alerta e se presentes procurar a Unidade de Saúde. • Importância do acompanhamento de puericultura no 1º ano de vida da criança. • Imunização com a vacina BCG. • Medidas preventivas e terapêuticas, quando necessário: • Referências e/ou especialidades, quando necessário. • Retorno semanal para controle de peso, quando necessário. • Estimulação adequada, quando necessária. • Cuidados na prevenção de acidentes. • Importância da construção do vínculo afetivo mãe/ cuidador(a) com a criança. Registrar • As informações obtidas na anamnese e exame físico, orientações e tratamento no prontuário da criança e na Carteira de Saúde da Criança, inclusive os gráficos de crescimento. CONSULTAS SUBSEQUENTES Avaliar: • Intercorrências • Alimentação • Diurese e hábito intestinal • Higiene física / mental • Situação vacinal • Exame físico • Aquisições neuropsicomotoras • Uso de vitamina e/ou outras medidas terapêuticas instituídas anteriormente • Presença de risco evolutivo Orientar: • Medidas terapêuticas necessárias • Conduta alimentar • Cuidados de higiene • Imunização • Estimulação para o desenvolvimento neuropsicomotor • Prevenção de acidentes Registrar: 29 • As informações obtidas na anamnese e exame físico, orientações e tratamento no prontuário da criança na Carteira de Saúde da Criança, inclusive os gráficos de crescimento. ATENDIMENTO DA ENFERMAGEM • Anotar a idade da criança em meses e dias. • Observar dados do período perinatal na Carteira de Saúde da Criança, com atenção aos resultados dos testes de triagem neonatal (olhinho, orelhinha, coraçãozinho e pezinho) para orientação adequada. • Pesquisar as intercorrências. • Pesquisar a queixa principal. • Pesquisar a imunização, alimentação, sono, evacuações, micção, desenvolvimento neuropsicomotor e higiene. • Realizar o exame físico da criança, com atenção ao estado geral, nível de atividade, cor da pele, hidratação e padrão respiratório. • Verificar e anotar o peso, comprimento, perímetro cefálico, temperatura, frequência cardíaca, freqüência respiratória e pressão arterial (se necessário). • Encaminhar à consulta médica, se necessário (presença de sinais de alerta). • Proceder às vacinas da criança conforme calendário vacinal preconizado, registrando as vacinas aplicadas. • Preencher o prontuário, registrando todos os dados coletados na anamnese e exame físico, gráficos de crescimento. • Preencher a Carteira de Saúde da Criança. • Orientar a mãe quanto aos cuidados necessários (vacinas, alimentação, higiene e prevenção de acidentes). • Agendar o próximo retorno, reforçando a importância do comparecimento. Reflexos primitivos Os reflexos primitivos são respostas automáticas e estereotipadas a um determinado estímulo externo. Estão presentes ao nascimento mas devem ser inibidos ao longo dos primeiros meses, quando surgem os reflexos posturais. Sua presença mostra integridade do sistema nervoso central; entretanto, sua persistência mostra disfunção neurológica. De modo geral, a sucção reflexa e a marcha reflexa desaparecem por volta dos dois meses de vida. Os outros reflexos arcaicos devem desaparecer até no máximo 6 meses de idade, exceto os dois reflexos dos pés. A preensão plantar desaparece aos 9 meses. Já o reflexo cutâneo-plantar é em extensão no primeiro semestre de vida. No segundo semestre pode ser em flexão, indiferente ou em extensão. A partir da aquisição da marcha independente, deve ser sempre em flexão. • Reflexo de Moro • Sucção reflexa • Reflexo de busca • Reflexo tônico-cervical assimétrico • Preensão palmar • Preensão plantar 30 • Apoio plantar • Marcha reflexa • Reflexo de Galant • Reflexo da escada ou de colocação (“Placing”) Reflexo de Moro É desencadeado por queda súbita da cabeça, amparada pela mão do examinador. Observa-se extensão e abdução dos membros superiores seguida por choro. Sucção Reflexa É desencadeado pela estimulação dos lábios. Observa-se sucção vigorosa. Sua ausência é sinal de disfunção neurológica grave. Reflexo de busca É desencadeado por estimulação da face ao redor da boca. Observa-se rotação da cabeça na tentativa de “buscar” o objeto, seguido de sucção reflexa do mesmo. Reflexo Tônico-Cervical Assimétrico (Reflexo tônico-cervical de Magnus e De Kleijn, ou reflexo do esgrimista). É desencadeado por rotação da cabeça enquanto a outra mão do examinador estabiliza o tronco do RN. Observa-se extensão do membro superior ipsilateral à rotação e flexão do membro superior contralateral. A resposta dos membros inferiores obedece ao mesmo padrão, mas é mais sutil. 31 Preensão Palmar É desencadeado pela pressão da palma da mão. Observa-se flexão dos dedos. Preensão Plantar É desencadeado pela pressão da base dos artelhos. Observa-se flexão dos dedos. Apoio Plantar É desencadeado pelo apoio do pé do RN sobre superfície dura, estando este seguro pelas axilas. Observa-se extensão das pernas. Marcha Reflexa É desencadeado por inclinação do tronco do RN após obtenção do apoio plantar. Observa-se cruzamento das pernas, uma à frente da outra. Reflexo de Galant (reflexo de encurvamento do tronco) É desencadeado por estímulo tátil na região dorso lateral. Observa-se encurvamento do tronco ipsilateral ao estímulo. 32 Reflexo de colocação (Placing)É desencadeado por estimulo tátil do dorso do pé estando o bebê seguro pelas axilas. Observa-se elevação do pé como se estivesse subindo um degrau de escada. É o único reflexo primitivo com integração cortical. Principais Marcos do Desenvolvimento Infantil Os marcos de desenvolvimento, que orientam a respeitodo “normal” em cada fase. No entanto, vale lembrar, cada criança é única e tem um tempo diferente de desenvolvimento. Prematuros, por exemplo, podem demorar muito mais para atingir esses marcos. O mais importante na hora de avaliar se há alguma coisa errada no desenvolvimento motor, é verificar se o bebê tenta se locomover. Caso contrário, se ele não tenta virar em nenhuma direção, e não demonstra interesse em se mover, é importante consultar um especialista para fazer uma avaliação mais precisa. 33 AUDIÇÃO A audição do bebê se desenvolve muito rápido e está completamente formada ao final do primeiro mês. Aos 3 meses, o lobo temporal – responsável pelo gerenciamento da memória - do pequeno fica mais receptivo e ativo, e com isso a audição, a linguagem e o olfato passam a se aprimorar ainda mais. Nessa fase, o bebê já segue os sons que ouve. Vale lembrar que a audição é uma importante etapa para o desenvolvimento da fala, por isso é essencial ficar de olho ao que é esperado e quando você deve se preocupar. O bebê até os 6 meses deve ser capaz de: - Reagir ao som com 1 mês; - Sorrir “socialmente” com 2 meses; - Virar a cabeça na direção dos barulhos com 3 meses; - Virar na direção de barulhos novos com 5 meses; - Virar na direção de sons e vozes com 6 meses. Caso o bebê não reaja aos sons, nessa fase, ou não se assuste, por exemplo, com barulhos altos ou repentinos, é importante conversar com um especialista. Se existirem casos de problema auditivo na família é necessário informar ao médico e ficar atento às alterações. Bebês prematuros podem ter mais problemas auditivos que os que nascem a termo. VISÃO Até os 6 meses, o bebê deve: - Olhar fixamente para os rostos com 1 mês (nessa fase ele só enxerga objetos muito próximos, entre 20 e 30 centímetros); - Seguir objetos com o olhar aos 2 meses; - Reconhecer o cheiro e voz das pessoas mais próximas aos 3 meses; - Perceber mais claramente a diferença de tonalidade das cores, entre 2 e 4 meses; - Saber quando algo está longe ou perto, aos 4 meses; - Enxergar objetos pequenos aos 5 meses. Quando se preocupar Caso o bebê não consiga fixar o olhar ou seguir um objeto com os dois olhos aos 3 ou 4 meses, vale uma consulta com um especialista. Aqueles que continuam estrábicos aos 5 meses também devem passar por uma avaliação. Assim como ocorre com a audição, bebês prematuros também podem apresentar mais facilmente problemas visuais, como miopia e estrabismo. INTERAÇÃO/COMPREENSÃO Recém-nascidos tendem a passar a maior parte do tempo dormindo, e isso é normal e essencial para eles, nesse inicio. No entanto, quando estão acordados eles estão sempre observando tudo o que acontece à sua volta. Conforme o sistema neurológico fica mais aperfeiçoado, os bebês vão captando ainda mais coisas. Nesse começo, eles entendem as coisas muito mais pelos sentidos, também por isso é importante receberem afeto, atenção e cuidado. Isso só ajuda ainda mais no pleno desenvolvimento deles. Espera-se que até os 6 meses, os bebês consigam: - Desenvolver choros diferentes para cada necessidade com 2 meses; - Agitar-se com brincadeiras e músicas aos 3 meses; - Darem o primeiro sorriso de verdade entre os 2 e 3 meses. FALA A fala, evidentemente, demora um pouco para se desenvolver, pois é extremamente complexa, e envolve, como mencionado, uma audição saudável, interação, entre outras coisas. No entanto, bebês se comunicam o tempo todo pelo choro. Essa é a forma de linguagem deles, e deve ser entendida como tal. Um bebê que chora está solicitando algo, e deve sempre ser ouvido. 34 Para o desenvolvimento da linguagem, a criança primeiro aprende as regras da linguagem e como funciona a comunicação, para depois começar a falar. Até os 6 meses, ela deve ser capaz de: - Fazer sons como “agu” e “arru” aos 2 meses; - Dar gargalhadas e gritos aos 3 meses; - Responder aos sons que ouve aos 4 meses; - Tentar imitar os sons que ouve aos 6 meses. Alimentação no primeiro ano de vida e suplementação vitamínica O período intra-uterino até os dois primeiros anos de vida de um indivíduo é considerado essencial para sua saúde, sendo classificado como os primeiros mil dias de vida. Este período constitui uma janela de oportunidade para construção de uma sociedade mais saudável, já que a alimentação balanceada nos primeiros mil dias de vida pode impactar profundamente no desenvolvimento neurocognitivo, crescimento e redução dos riscos de desenvolvimento de diversas doenças e comorbidades ao longo da vid. Os mil dias configuram 270 dias referentes à gestação e 730 dias que representam os primeiros dois anos de vida. A alimentação complementar adequada deve ser variada, a fim de favorecer hábitos alimentares saudáveis, e deve composta por alimentos ricos em energia e micronutrientes, baixos teores de açúcar, sal e condimentos, de fácil consumo e boa aceitação pela criança, em quantidade apropriada, fáceis de preparar a partir dos alimentos da família e com custo acessível 35 As crianças tendem a preferir os alimentos da maneira como eles foram apresentados inicialmente. Desta forma, recomenda-se que se ofereça inicialmente à criança alimentos com baixos teores de açúcar. A introdução deste nessa fase em que a criança está formando seus hábitos pode levar ao maior consumo desses alimentos e, por consequência, elevar o valor calórico total da dieta e o risco de sobrepeso e obesidade. Recomenda-se introduzir os novos alimentos gradualmente, um de cada vez, a cada 3 a 7 dias. É muito comum a criança rejeitar novos alimentos, não devendo ser interpretado como uma aversão permanente da criança ao alimento. Em média, a criança precisa ser exposta a um novo alimento de oito a dez vezes para que o aceite bem A pequena quantidade de alimentos inicialmente oferecida deve ser gradativamente aumentada com a idade da criança, assim como a consistência dos alimentos, do líquido ao sólido de forma crescente. Os 10 passos da alimentação de crianças de até 2 anos: Passo 1. Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos; · Passo 2. A partir dos seis meses introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais; · Passo 3. Após os seis meses dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas, legumes) três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada; · Passo 4. A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança; · Passo 5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas/ purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família; 36 · Passo 6. Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida; · Passo 7. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições; · Passo 8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação; · Passo 9. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequados; · Passo 10. Estimular a criança doente e convalescente a alimentar-se, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos e respeitando sua aceitação. Suplementação Vitamínica VITAMINA K : A vitamina K deve ser dada a todo recém-nascido, ao nascimento, na dose de 0,5 a 1 mg por via intramuscular, para prevenir a doença hemorrágica. VITAMINA D: Quanto à vitamina
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