Buscar

INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

Prévia do material em texto

Pontes de Miranda
Escada ponteana:
				TERMO
				ENCARGO
PLANO DA EFICÁCIA	CONDIÇÃO
(consequências do negócio jurídico, efeitos práticos, elementos acidentais)
PLANO DA VALIDADE = Nulidade absoluta
PARTES CAPAZES			artigos 166 e 167 CC	
OBJETO LÍCITO 
FORMA PRESCRITA OU NÃO DEFESA EM LEI
		 Nulidade relativa
			artigo 171 CC
PLANO DA EXISTÊNCIA
 AGENTE
 OBJETO
 FORMA
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO:
abrange a nulidade e a anulabilidade, sendo:
a) nulidade absoluta = ato nulo
b) nulidade relativa = ato anulável
Artigos 166 até 168 C. Civil
Conceito de nulidade:
 Os professores PABLO STOLZE GAGLIANO e RODOLFO PAMPLONA FILHO citam CARVALHO SANTOS, para quem a nulidade é um “vício que retira todo ou parte de seu valor a um ato jurídico, ou o torna ineficaz apenas para certa pessoas” e
MARIA HELENA DINIZ que ensina que a nulidade “vem a ser a sanção, imposta pela norma jurídica, que determina a privação dos efeitos jurídicos do negócio praticado em desobediência ao que se prescreve” .
São considerados nulos os negócios, que por vício grave, não tenham eficácia jurídica. Não permitem ratificação.
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
 I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito 
(diz respeito a motivação típica do ato);
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
(trata-se de manobra engendrada pelo fraudador para violar dispositivo expresso em lei, objetivando-se esquivar-se da obrigação legal ou para obter proveito ilícito)
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Os professores PABLO STOLZE GAGLIANO e RODOLFO PAMPLONA FILHO ensinam:
 “Em decorrência do descumprimento de determinado requisito imposto pela norma jurídica – pressuposto de validade do negócio jurídico –, o direito admite, e em determinados casos impõe, o reconhecimento da declaração de nulidade, no intuito de restaurar a normalidade e a segurança das relações jurídicas.
Esta nulidade, contudo, apresenta efeitos distintos, de acordo com o tipo de elemento violado, podendo ser absoluta ou relativa.”
Plano da existência e validade dos negócios jurídicos:
Manifestação ou declaração de vontade (escrita, verbal ou tácita)
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Classificação das nulidades:
Originária: nasce com o próprio ato, contemporaneamente à sua formação;
Sucessiva: decorre de causa superveniente:
Total: atinge todo o ato, contaminando-o por inteiro;
Parcial: contamina apenas parte do negócio, mantendo-se as demais disposições, que à luz do princípio da conservação, podem ser preservadas.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
 § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
 I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
 II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
 III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
Conceito de Simulação:
 Consiste na celebração de um negócio jurídico que tem aparência normal, mas que não objetiva o resultado que dele juridicamente se espera, pois há manifestação enganosa de vontade. 
 Na simulação há um conluio entre as partes com o objetivo de fraudar a lei ou prejudicar terceiros, no CC/02 , a consequência desse vício é a nulidade do negócio jurídico, artigo 167.
Acordo Simulatório:
É a combinação (conluio) de vontades das partes para estabelecer o negócio jurídico simulado.
As partes convencionam a criação de uma relação jurídica aparente a terceiros (negócio jurídico simulado) e regulam seus reais interesses mediante uma relação jurídica efetiva a produzir efeitos entre sí (negócio dissimulado). 
Ex. o marido que simula compra e venda de imóvel a sua amante. Perante a esposa o negócio foi simulado, mas entre os amantes houve uma dissimulação, ou seja, uma doação.
Espécies de simulação :
Simulação absoluta : aparentar o negócio jurídico que não existe – negócio aparente.
Simulação relativa: que tem conteúdo diverso do que aparenta (aparenta conferir ou transferir direitos a pessoa diversa daquela a que realmente se confere ou transfere) .
Simulação inocente:com a finalidade de enganar inocuamente, não visa prejudicar terceiros ou violar disposição legal;
Simulação maliciosa, fraudulenta ou ilícita: em prejuízo da lei ou de terceiros;
É a finalidade do agente que determinará se a consideração do negócio como malicioso ou inocente...
Ex.: Se um marido que disfarça sob a forma de compra e venda um donativo a um parente, para que a sua esposa não o aborreça com falatórios, faz uma simulação inocente, mas o mesmo processo será simulação maliciosa se o propósito é desfalcar o patrimônio conjugal e prejudicar a esposa.
Elementos da simulação:
a) Intencionalidade da divergência entre a vontade interna e a declarada;
b) Intuito de enganar;
c) Conluio entre os contratantes (acordo simulatório);
Direitos de terceiros
 Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
 § 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
Simulação relativa e inocente não é nula, pode subsistir no N.J.
Os efeitos do negócio jurídico simulado variam conforme o tipo de simulação.
Pelo CC, não se considera a relação jurídica aparente (aquela que as partes quiseram transparecer à coletividade), mas subsistira a relação jurídica dissimulada desde que esta seja relativa e inocente, ou seja, “válida na substância e na forma”.
Efeitos da simulação:
Torna o negócio jurídico nulo se a simulação for absoluta;
Subsistirá o negócio se a simulação for relativa e inocente;
Independe de ação judicial para ser reconhecida;
Pode ser alegada como objeção de direito material (defesa) e deve ser reconhecida de ofício pelo juiz (CC, 168, parágrafo único), a qualquer tempo e em qualquer grau ordinário de jurisdição;
É insuscetível de confirmação pelas partes (art. 172 CC) ou convalidação pelo decurso de tempo (art. 169 CC).
Reconhecida a simulação, os efeitos desse reconhecimento são retroativos à data da realização do negócio jurídico simulado (ex tunc).
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
Conseqüências da nulidade absoluta:
O negócio jurídico não gera efeitos no mundo jurídico, ou seja, não gera nem obrigações, nem tampouco direitos entre as partes.
O ato nulo existiu, mas, por ser absolutamente nulo, teve os seus efeitos completamente desconstituídos, retornando as partes ao status quo ante.
Legitimados para argüir nulidades:
 Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
 
 Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, nãolhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.
 O CC expressamente proíbe a confirmação de negócio jurídico nulo, motivo pelo qual, constatando-se o vício, o ato necessita ser repetido, elidindo assim o seu defeito.
 A nulidade absoluta pode ser argüida a qualquer tempo, são insuscetíveis de preclusão.
 
 Ex.: citação com inobservância das prescrições legais (CPC, art. 247) e será nula a sentença que vier a ser proferida no processo, se correr sem citação (CPC, art. 741, I). O ato nulo não pode ser sanado, mas substituído por outro, no caso da citação, pode ser suprida pelo comparecimento do réu, que faz as vezes da citação válida. 
Ato anulável:
O ato anulável padece de vício menos grave e reside no interesse do particular. A anulabilidade tem em vista a prática do negócio ou do ato em desrespeito a normas que protegem certas pessoas.
 SÍLVIO DE SALVO VENOSA ensina que “o negócio jurídico realiza-se com todos os elementos necessários a sua validade, mas condições em que foi realizado justificam a anulação, que por incapacidade relativa do agente, quer pela existência de vícios de consentimento ou vícios sociais. A anulação é concedida a pedido do interessado”.
Continua o autor lecionando que “o ato anulável é imperfeito, mas seu vício não é tão grave para que haja interesse público em sua declaração” . 
Possibilidade de conversão:
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
 Exemplos: nota promissória nula por inobservância dos requisitos legais de validade é aproveitada como confissão de dívida; contrato de compra e venda de imóvel valioso, firmado em instrumento particular, nulo de pleno direito por vício de forma, converte-se me promessa irretratável de compra e venda.
NULIDADE RELATIVA (ANULABILIDADE) é a sanção mais branda do negócio jurídico. 
 Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
 I - por incapacidade relativa do agente;
 
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Possibilidade de confirmação do ato anulável:
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo.
Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava. (diz respeito a confirmação tácita)
Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor.
Possibilidade de ratificação:
 Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente.
 Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
 O negócio jurídico anulável produz seus efeitos até que seja anulado. Os efeitos da anulação passam a ocorrer a partir do decreto anulatório, portanto, efeito ex nunc.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
 Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
 
 O negócio jurídico anulável pode se concretizar tornando-se válido pelo decurso do tempo, uma vez que os atos anuláveis têm prazo de prescrição ou decadência ou por meio da ratificação, que implica uma atitude positiva daquele que possuía qualidade para contestar o negócio e atribuir-lhe efeitos.
 Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
 Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.
 Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
 Art. 183. A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio.
 
 Ex: a invalidade de um instrumento (contrato), não acarreta a consequente e imediata nulidade do próprio negócio jurídico contratual, se for possível prová-lo por outra forma.
Princípio da conservação:
 Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
Exemplo da hipótese do artigo:
A nulidade do contrato de penhor (acessório) não prejudica a validade da compra e venda que estava garantindo (principal).
Se anulado o contrato de compra e venda (principal) fica igualmente anulado o contrato acessório (penhor), pois não são separáveis.
Diferença entre ato nulo e ato anulável:
Nulidade absoluta
O ato nulo atinge interesse público superior.
 Opera-se de pleno direito.
 Não admite confirmação.
 Pode ser arguida pelas partes, por terceiro interessado, pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir, ou, até mesmo, pronunciada de ofício pelo juiz.
 A ação declaratória de nulidade é decidida por sentença de natureza declaratória de efeito ex tunc.
 Pode ser reconhecida, segundo o Novo Código Civil, a qualquer tempo, não se sujeitando a prazo prescricional ou decadencial.
Diferença entre ato nulo e ato anulável:
Nulidade Relativa = anulabilidade
O ato anulável atinge interesses particulares, legalmente tutelados.
 Não se opera de pleno direito.
Admite confirmação expressa ou tácita.
Somente pode ser arguida pelos legítimos interessados.
A ação anulatória é decidida por sentença de natureza desconstitutiva de efeitos ex nunc.
A anulabidade somente pode ser arguida, pela via judicial, em prazos decadenciais de quatro (regra geral) ou dois (regra supletiva) anos, salvo norma específica em sentido contrário.

Continue navegando