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NEUROPSICOPEDAGOGIA

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
unidade I
unidade II
unidade III
NEUROPSICOPEDAGOGIA:
ESTRUTURA NEUROLÓGICA
E APRENDIZAGEM
Prof. Me. Weslei Jacob
o cérebro e a
aprendizagem
aprendizagem: dimensão
interna do desenvolvimento
humano neurológico
cérebro: o poder de se
reprogramar e formar memórias
O CÉREBRO E A
APRENDIZAGEM
DESENVOLVIMENTO
DA MENTE E DO
COMPORTAMENTO
FORMAÇÃO
DE MEMÓRIAS
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca por 
tecnologia, informação, conhecimento de qualida-
de, novas habilidades para liderança e solução de 
problemas com eficiência tornou-se uma questão 
de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsa-
bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos 
nossos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário 
Cesumar – assume o compromisso de democra-
tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia 
e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promo-
ver a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cida-
dãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro 
Universitário Cesumar busca a integração do 
ensino-pesquisa-extensão com as demandas 
Reitor 
Wilson de Matos Silva
palavra do reitor
Direção UniceSUMar
reitor Wilson de Matos Silva, Vice-reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-reitor de administração Wilson 
de Matos Silva Filho, Pró-reitor de eaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora 
Cláudio Ferdinandi.
neaD - núcleo De eDUcação a DiStância
Direção de operações Chrystiano Mincoff, coordenação de Sistemas Fabrício Ricardo Lazilha, coordenação 
de Polos Reginaldo Carneiro, coordenação de Pós-Graduação, extensão e Produção de Materiais Renato 
Dutra, coordenação de Graduação Kátia Coelho, coordenação administrativa/Serviços compartilhados 
Evandro Bolsoni, Gerência de inteligência de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerência de Marketing Harrisson 
Brait, Supervisão do núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Design educacional 
Nalva Moura, Diagramação José Jhonny Coelho, revisão textual Yasminn Zagonel, Fotos Shutterstock.
neaD - núcleo de educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
institucionais e sociais; a realização de uma 
prática acadêmica que contribua para o desen-
volvimento da consciência social e política e, por 
fim, a democratização do conhecimento aca-
dêmico com a articulação e a integração com 
a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar 
almeja ser reconhecido como uma instituição univer-
sitária de referência regional e nacional pela qualidade 
e compromisso do corpo docente; aquisição de com-
petências institucionais para o desenvolvimento de 
linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer-
sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e 
a distância; bem-estar e satisfação da comunidade 
interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis-
trativa; compromisso social de inclusão; processos 
de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relacionamento 
permanente com os egressos, incentivando a edu-
cação continuada.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância:
 
 Neuropsicopedagogia: estrutura neurológica e aprendizagem. 
Weslei Jacob. 
 Publicação revista e atualizada, Maringá - PR, 2014.
 100 p.
“Pós-graduação Núcleo Comum - EaD”.
 1. Neuropsicopedagogia. 2. Neurológica. . 3. EaD. I. Título.
CDD-22 ed. 370
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do 
Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido 
conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. 
Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais 
daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um 
conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de-
mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos 
aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu-
cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em 
diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa-
ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso 
horário e atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje 
em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das 
desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co-
nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está 
disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda 
uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer-
ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura 
e transformando a todos nós.
Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos 
em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao 
mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como 
já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso 
que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer. 
Pró-Reitor de EaD
Willian Victor Kendrick 
de Matos Silva
boas-vindas
sobre pós-graduação
a importância da pós-graduação
O Brasil está passando por grandes transformações, em especial 
nas últimas décadas, motivadas pela estabilização e crescimento 
da economia, tendo como consequência o aumento da sua impor-
tância e popularidade no cenário global. Esta importância tem se 
refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais 
nas empresas e na infraestrutura do país, fato que só não é maior 
devido a uma grande carência de mão de obra especializada.
Nesse sentindo, as exigências do mercado de trabalho são cada 
vez maiores. A graduação, que no passado era um diferenciador 
da mão de obra, não é mais suficiente para garantir sua emprega-
bilidade. É preciso o constante aperfeiçoamento e a continuidade 
dos estudos para quem quer crescer profissionalmente. 
A pós-graduação Lato Sensu a distância da UNICESUMAR 
conta hoje com 21 cursos de especialização e MBA nas áreas de 
Gestão, Educação e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados 
pensando em você, aliando conteúdo teórico e aplicação prática, 
trazendo informações atualizadas e alinhadas com as necessida-
des deste novo Brasil. 
 Escolhendo um curso de pós-graduação lato sensu na 
UNICESUMAR, você terá a oportunidade de conhecer um conjun-
to de disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida, 
fortalecendo seu arcabouço teórico, oportunizando sua aplicação 
no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformação pessoal 
e profissional.
Professor Dr. Renato Dutra
Coordenador de Pós-Graduação , Extensão e Produção de Materiais 
NEAD - UNICESUMAR
“Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária”
Missão
apresentação do material 
Prezado(a) acadêmico(a), é com enorme sa-
tisfação que apresento a você nosso material 
de estudo, para que sirva de apoio peda-
gógico para o componente curricular de 
Neuropsicopedagogia: Estrutura Neurológica 
e Aprendizagem, referente ao curso de pós-
graduação em Psicopedagogia Institucional, 
oferecido pela Unicesumar.
Permita-meuma breve apresentação. 
Sou graduado em Educação Física pela 
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 
mestre em Atividade Motora e Educação 
pela Universidade de Barcelona - Espanha e 
Doutorando em Atividade Física, Educação 
Física e Esporte, com a linha de pesquisa: 
Treinamento Esportivo, pela Universidade de 
Barcelona-Espanha. Atualmente, sou Professor 
na União de Faculdades Metropolitanas de 
Maringá - FAMMA, Professor convidado em 
módulos de Pós Graduação pelo Instituto 
Dimensão e pela Troposphera Soluções 
Empresariais e Educacionais e Professor de 
capacitações voltadas à Educação Infantil.
Professor Mestre 
Weslei Jacob
O desafio aqui é levar a você de forma 
simples, conhecimentos relacionados ao 
cérebro da maneira mais usual possível, para 
que você tenha a possibilidade de desfrutar 
ao máximo as informações abordadas por 
expertos da área, sem que perca o interes-
se por essa disciplina e, consequentemente, 
pela especialização em desenvolvimento. 
Buscaremos apresentar os conteúdos atuais 
de forma que você compreenda importância 
deles, sua aplicabilidade e possibilidade de 
intervenção dentro ou fora da escola, permi-
tindo assim, que o docente tenha condições 
de aplicar os conteúdos diários de modo que 
os alunos tenham maior probabilidade de 
alcançar o objetivo inicialmente traçado, elu-
cidando todos os aspectos envolvidos no 
processo de ensino-aprendizagem.
Comumente, situações adversas e com-
plicadas surgem em nosso cotidiano de 
trabalho, fazendo com que professores, 
pedagogos, psicólogos e tantos outros pro-
fissionais que contribuem para educação em 
nosso país fiquem de mãos atadas, sem com-
preender ou, muitas vezes, encontrar uma 
saída para solucionar todos os problemas 
que emergem de uma realidade social bem 
maior que apenas a escola. Será proposto um 
conhecimento biológico, científico e com 
caráter social para que seja possível encon-
trar novas estratégias as quais possibilitem 
que o cérebro reaja bem aos novos estímu-
los proposto por você, consequentemente, 
alcançando a mudança acadêmica que tanto 
esperamos em nossos alunos.
Ao longo das três unidades propostas 
neste livro, discutiremos as bases cerebrais 
que interferem de modo positivo ou nega-
tivo na aprendizagem humana, uma vez que 
tudo que sabemos ou conhecemos está ar-
mazenado dentro de sofisticadas estruturas 
plásticas dentro de nosso cérebro. Tais com-
ponentes neurológicos permitem uma vasta 
comunicação e integração entre todo nosso 
encéfalo e organismo por meio de estímu-
los neurais.
Na unidade I, serão abordados diferentes 
aspectos sobre o cérebro e discutiremos de 
qual forma é maior a possibilidade de se apren-
der. Diante das diferenças entre os indivíduos, 
faz-se necessário compreender minimamente 
que uma atividade bem elaborada e direcio-
nada, quando pautada em e preocupada com 
a maneira que o cérebro aprende, apresenta 
uma possibilidade de êxito, dentro do proces-
so pedagógico, muito maior. Assim, sugere-se 
um alicerce para o aprendizado, tentando 
elucidar as principais preocupações que se 
deve ter ao elaborar um planejamento, para 
se ensinar de forma mais propícia a se chegar 
ao sucesso docente e discente.
Ao longo de toda a unidade II, serão dis-
cutidos os aspectos cognitivos relacionados 
ao nosso intelecto, nossos pensamentos, e 
uma breve entrada à memória. Aqui será 
relacionada a maneira pela qual ocorre 
aprendizagem do ponto de vista das bases 
neurológicas e todas as dimensões internas 
que promovem o desenvolvimento. Nesse 
momento, serão explanados aspectos desen-
volvimentistas, principalmente ao longo das 
duas primeiras décadas de vida e os quais 
se prolongam, de modo mais simplista, até 
a terceira idade, apontando e esclarecendo 
aspectos relacionados ao cérebro e sistema 
nervoso, desenvolvimento da mente e do 
comportamento. Nessa segunda etapa, será 
bastante discutida a integração entre am-
biente interno do ser humano, relacionado 
ao cérebro e sua ligação com o ambiente 
externo, diante do meio em que estamos 
inseridos e como essas influências ambien-
tais podem produzir respostas satisfatórias 
para difundir, modificar e variar a aquisição 
de novos conhecimentos.
Por fim, na unidade III, serão abordados, 
brevemente, os estudos sobre a evolução 
cerebral até os dias atuais, a capacidade de 
organização ou reorganização do cérebro, 
conseguida por um evento denominado 
neuroplasticidade. A explanação sobre a for-
mação de memórias fecha nossa discussão, 
abordando suas fragmentações e como elas 
interagem entre si para realizar associações 
referentes aos conhecimentos repassados ou 
experimentados. Aqui, também, é direciona-
do um pequeno fragmento de informações 
referentes à aquisição dos conhecimentos 
coordenativos relacionados à aprendizagem 
motora por meio de feedbacks.
Esperamos que não se torne aqui 
um experto em Bases Neurológicas e 
Aprendizagem, mas que a utilização desse 
material, permita-lhe, de forma autônoma, 
alcançar o êxito em sua intervenção profis-
sional. Espero que você desfrute e obtenha 
sucesso nessa longa caminhada em busca 
de novos e palpáveis conhecimentos.
su
m
ár
io 01
14 cérebro e aprendizagem
25 alicerce para o aprendizado
30 potenciais de membrana e ação
39 considerações finais
O cérebrO e a 
aprendizagem
02 03
46 neurociência cognitiva
50 bases neurológicas e aprendizagem
53 dimensão interna do desenvolvimento
61 o cérebro e o sistema nervoso
66 desenvolvimento da mente e do comportamento
70 considerações finais
78 evolução do estudo do cérebro
81 neurônios em Rede
82 neuroplasticidade cerebral
86 formação de memórias
89 função e duração das memórias
90 feedback e aprendizagem
94 considerações finais
aprendizagem: dimensãO 
interna dO desenvOlvimen-
tO HumanO neurOlógicO
cérebrO: O pOder de se
reprOgramar e fOrmar
memórias
1 O cérebrO e a aprendizagem
Professor Mestre Weslei Jacob
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu-
dará nesta unidade:
•	 O cérebro e a aprendizagem
•	 Alicerce para o aprendizado
•	 Potenciais de membrana e potenciais de açãoobjetivos de aprendizagem
•	 Elucidar o processo de aprendizagem.
•	 Conhecer os alicerces do aprendizado.
•	 Conhecer o funcionamento do cérebro.
Iniciamos, nesse momento, uma viagem pelo nosso cérebro, ou 
pelo menos buscaremos entender algumas situações que nele 
acontecem. Você já se perguntou como nos transformamos de 
um bebê frágil, indefeso, sem nenhum controle corporal ou in-
telectual em um adulto, um médico, um engenheiro, professor e 
tantas outas profissões? O que você mais gosta de fazer? Prefere 
café ou achocolatado? Hoje, já é possível entender de qual forma 
o cérebro aprende, como ele se motiva e se modifica. É eviden-
te que não precisamos ser neurocientistas para vivermos de uma 
forma satisfatória, sermos felizes ou aproveitarmos a vida, contudo, 
quanto mais conhecemos esse magnífico campo, mais compreen-
demos os processos de amadurecimento e evolução da espécie 
humana.
Quando falamos em cérebro, no contexto educacional, podemos 
sugeri-lo como sinônimo de aprendizagem, ou, pelo menos, um co-
nhecimento adquirido que possibilitará desenvolvermos estratégias 
mais eficazes para o transcorrer do processo de ensino-aprendiza-
gem. Para tanto, existem inúmeras estruturas especializadas que 
podem ser moldadas e remoldadas por nossa estimulação diária, 
por exemplo, os neurônios, dentro das suas características individu-
ais podem aprender ou se adaptar a qualquersituação, desde que 
o mediador das atividades leve em consideração os caminhos para 
melhorar a atenção, a motivação e a prática, utilizando métodos 
diferentes e oportunizando a todos o acesso ao conhecimento.
O aprendizado, o movimento motor, o controle dos olhos para ler, 
das mãos para escrever, estão não apenas armazenados em nosso 
cérebro, são dependentes das células nervosas que produzem 
energia dentro do nosso organismo, perfazendo, assim, a melhoria 
das nossas funções cognitivas e também motoras. A discussão nesse 
momento aponta a estreita relação do funcionamento físico-quí-
mico cerebral e a estimulação para levar um aluno ao aprendizado.
Neuropsicopedagogia: estrutura neurológica e aprendizagem
14
Atualmente, existe uma nova ciência, a qual 
abarca todas as demais linhas de estudo 
que envolvem o Sistema Nervoso. Tendo 
sua base dentro da biologia e comumente 
chamada de neurociência, essa ciência se for-
taleceu na década de 90, conhecida como 
“a década do cérebro”, principalmente nos 
Estados Unidos (EUA), onde o governo de-
cretou um período de estudo, investindo e 
contribuindo para a formação de laboratórios 
e, consequentemente, no desenvolvimento 
de pesquisas relacionadas com o funciona-
mento do cérebro. Desse modo, falar nessa 
nova ciência é falar de bases neurológicas e 
aprendizagem, ou seja, de qual forma nosso 
cérebro aprende mesmo? Responda mental-
mente. Isso mesmo, todos que disseram pela 
prática acertaram, porém, logo esclarecere-
mos mais essa condição de aprendizagem.
Aprendizagem nada mais é do que a 
mudança do cérebro pela experiência, é a 
maneira na qual ele se adapta e responde 
melhor, faz diferente na próxima vez. Na apren-
dizagem, simplesmente é aprimorada uma 
determinada resposta cerebral a um problema.
Ainda parece um pouco nebulosa essa 
informação, não é? Bem, façamos um teste: 
saia da sua casa, escritório ou qualquer lugar 
que esteja agora e vá até a avenida mais 
movimentada próxima de você. Ao chegar 
nesse local, vá até o meio da rua, deite-se 
no chão e espere um carro, caminhão ou 
ônibus passar... Esperou tempo suficiente? 
Alguns devem estar pasmos agora e dizendo 
que estou louco, estou errado? Bem, vamos 
tentar de novo, não precisa mais sair do local 
em que está, apenas vá até uma cozinha, 
acenda o fogão e espere por volta de três 
Cérebro
e AprendizAgem
Pós-Graduação | Unicesumar
15
minutos. Ao passar esse tempo, desligue a 
boca do fogão e coloque sua mão por sobre 
a “boca” desse eletrodoméstico, colocou? Já 
está feita a experiência? Novamente, muitos 
devem estar se perguntando, o que esse pro-
fessor maluco está querendo? Simples, tenho 
absoluta certeza que hoje, com a maturida-
de de cada um, as duas sugestões parecem 
absurdas, pois, na primeira, você poderia ser 
atropelado e até mesmo vir a óbito e, na 
segunda, você certamente iria se queimar. 
Estou certo? Pois bem meu(inha) amigo(a), 
isso é aprendizagem. Um dia você aprendeu 
que, para atravessar a rua, deve olhar para 
os dois lados e jamais, parar, sentar ou deitar 
em uma avenida, onde o risco é grande. 
Aprendeu também que, quando uma su-
perfície está muito quente, você pode se 
queimar em níveis diferentes, mas qualquer 
tipo de queimadura agride muito nosso or-
ganismo, sendo muito lesiva e gerando um 
desconforto muito grande.
Assim, com essas duas experiências, 
exemplos, você já descobriu ou compre-
endeu o que é aprendizagem. Em algum 
momento da sua vida você aprendeu o que 
essas situações supracitadas podem ocasio-
nar. Resumindo, você aprendeu pela vivência, 
como experimentando, sentindo o que gera 
prazer ou dor, incômodo ou satisfação, nada 
mais nada menos do que seu cérebro res-
pondendo a mesma situação diferentemente 
e quanto mais o tempo passa, quanto mais 
amadurecemos, mais se especializa essa fasci-
nante estrutura que aprende a todo instante, 
do princípio da vida até a morte.
Então como a neurociência pode ajudar na 
compreensão do aprendizado? Essa ciência 
pode nos ensinar muitas coisas atualmente, 
iniciando com o que é aprendizado, identifi-
cando inúmeros fatores que podem interferir 
nesse processo, dentre outras possibilidades. 
Usar o cérebro muda o cérebro, a experiên-
cia reorganiza algumas estruturas internas do 
nosso Sistema Nervoso Central, permitindo, 
assim, que o cérebro faça diferente.
Em nosso corpo, acontecem inúme-
ras “tempestades elétricas” (será explicada 
como elas ocorrem ainda nesse capítulo) 
que levam e trazem as diferentes informa-
ções do nosso corpo, por exemplo, a dor 
devido a um beliscão, ou uma mordida, gera 
uma perturbação em receptores específi-
cos para a dor localizados internamente, 
logo abaixo da nossa pele. Tais receptores 
são sensíveis somente para isso, não perce-
bendo outras variações, como a de úmido, 
áspero ou gelado, para essas situações 
existem outros receptores.
Pois bem, suponhamos que você, sem 
perceber, bateu o dedinho do seu pé na 
cadeira, e isso gerou uma dor bastante 
Uma criança superprotegida, que não 
tem a vivência de brincar, correr, pular 
e experimentar o mundo, aprenderá 
tanto ou tão bem como outra criança 
que passa por uma boa estimulação 
motora?
Fonte: Autor.
Neuropsicopedagogia: estrutura neurológica e aprendizagem
16
forte, que fez com que até desse pulinhos. 
De forma simplificada, os receptores de dor 
situados nos dedos de seu pé perceberão a 
situação e devem obrigatoriamente informar 
o cérebro. Como isso não é possível por tele-
patia, a informação deve ir por uma estrada 
que é constituída por inúmeros neurônios 
que ligam os dois locais, os dedos dos pés e 
cérebro. Por essa estrada, passam potenciais 
de ação (eletricidade), fazendo com que as 
informações cheguem ao cérebro, conheci-
das como informações aferentes, e depois 
de decodificadas, saiam do Sistema Nervoso 
como resposta, conhecidas como informa-
ção eferente.
O problema é que temos aproximada-
mente 100 bilhões de neurônios em nosso 
corpo, os quais se comunicam entre si. Essa 
comunicação também acontece por meio 
de potenciais de ação, isso mesmo, por ele-
tricidade. Antes que alguém me pergunte 
se é como um fio de energia que temos em 
nossa casa, que liga o interruptor da tomada à 
lâmpada presa ao teto, sim! É quase a mesma 
coisa, depois de um comando, a eletricidade 
é liberada, permitindo que a lâmpada acenda. 
A diferença é que dentro de nossa cabeça 
tudo é um pouco mais complexo e depende 
de muitas outras coisas.
Se abrirmos nosso crânio e olharmos 
nosso encéfalo, nada, simplesmente nada 
irá acontecer; se colocarmos a mão por 
sobre nossa cabeça agora. Você também não 
tomará nenhum choque, nem sentirá nada, 
mas isso não quer dizer que nosso cérebro 
está desligado ou descansando, apenas não 
podemos ver. Para isso, foram criadas má-
quinas que analisam a atividade cerebral, ou 
simplesmente a atividade elétrica em nossa 
cabeça.
O problema é que temos diferentes tipos 
de neurônios, alguns mais finos e longos, 
outros menores e mais calibrosos, alguns re-
vestidos com uma estrutura denominada 
bainha de mielina que faz com que o es-
tímulo elétrico viaje por nosso corpo mais 
rapidamente, devido a uma condução de-
nominada saltatória. Isso mesmo, o estímulo 
salta por partes desses neurônios, diminuin-
do o trabalho e o tempo de transmissão da 
informação. Por essas estruturas que formam 
essa “estrada” serem diferentes, elas jamais se 
tocam, jamais encostam umas nas outras. 
Diante disso, pergunto: como faz para essa 
informação passar deum neurônio a outro? 
Como ele é levado à outra estrutura? Apenas 
lembrando que não vale condução saltató-
ria, pois o estímulo não pode pular de um 
neurônio para outro. Claro que sempre pode 
ficar mais difícil...
Vamos por partes, se essas estruturas 
não se tocam, teríamos em nossa “estrada” 
uma falha de construção, como uma ponte 
que passa sobre um rio que não foi constru-
ída, certo? Então como eu chego até meu 
destino se não tem ponte, a estrada acaba? 
Para aqueles que disseram vai de barco, 
nadando, quase acertaram... A resposta é 
sinapse, isso mesmo, esse nome difícil, mas 
elegante. Já pensaram em nomear um filho 
assim? ...Brincadeira pessoal, mas, seguin-
do com nossa ideia, sinapse é o nome do 
Pós-Graduação | Unicesumar
17
processo que leva a informação para o outro 
lado do rio, que transmite a informação de 
um neurônio para o outro. Como é mesmo 
que isso ocorre? Eletricidade, não é? Não! 
Agora, por mediadores químicos conhecidos 
como neurotransmissores (podem ser exci-
tatórios ou inibitórios). Aí alguém já pensou, 
mas professor, eu tenho que decorar tudo 
isso? Eu respondo sim, você não precisa saber 
de todos os detalhes, mas tem de saber dife-
renciar o que é potencial de ação e sinapse. 
Ambos estão intimamente ligados e, em 
consequência, ligados ao conhecimento ad-
quirido pelo ser humano ao longo da vida.
Vamos lá, quem nunca brincou de tele-
fone sem fio na infância? Aquela brincadeira 
que cochichávamos no ouvido do colegui-
nha e ele no do outro amiguinho, até chegar 
ao final de uma fila, de um círculo etc. O en-
graçado é que nunca a informação chegava 
ao final perfeitamente, não é verdade?! 
Voltamos ao corpo humano, um potencial 
de ação é propagado por uma fibra nervosa 
(neurônio) e tem que levar a informação de 
jogar uma pedra no lado. Essa informação sai 
do sistema nervoso em direção aos braços, 
mãos e dedos do indivíduo, mas ao longo do 
caminho que a leva até o seu destino, o qual 
fará a pedra ser lançada, muitas vezes, essa in-
formaçãoestará incompleta, quebrada, com 
um rio passando entre dois neurônios. Então, 
uma sinapse ocorrerá até o movimento ser 
executado (existem estruturas que contro-
lam e corrigem o movimento para que ele 
seja executado perfeitamente). Mas o que 
tem a ver a brincadeirinha citada no início 
do parágrafo? Pense que os neurotransmis-
sores que são liberados em uma sinapse são 
os “fofoqueiros”, são mediadores químicos 
que retransmitem a informa-
ção que a eles chegam 
adiante.
Neuropsicopedagogia: estrutura neurológica e aprendizagem
18
Um resumo de como ocorre a sinapse, de forma mais científica, poderia ser explicado assim: (1) Chega o 
potencial de ação; (2) Abertura dos canais vol-
tagem-dependentes de cálcio; (3) Ativação 
das vesículas secretórias que contêm neuro-
transmissores (exemplo. ACH - acetilcolina) 
em direção a membrana pré-sináptica; (4) 
Exocitose, liberação do neurotransmissor na 
fenda sináptica; (5) Neurotrasmissor se liga às 
proteínas situadas no botão pós-sináptico; (6) 
Enzima acetilcolinesterase atua sobre a ACH 
(se for esse neurotransmissor), quebrando-a 
em acetil e colina; (7) Abrem-se os canais de 
NA+; (8) Início de um novo potencial de ação; 
(9) Acetil e colina voltam para o botão pré-si-
náptico para serem reaproveitadas; (10) Fim.
Uma criança já nasce com muitas cone-
xões sinápticas (conexão entre neurônios, 
atividade elétrica entre eles). Aos 12 meses de 
vida ela tem praticamente o dobro de sinap-
ses que um cérebro adulto, com isso tem-se 
um maior gasto de energia. Acreditava-se 
que, com passar dos anos, iríamos aumentan-
do cada vez mais o número dessas sinapses, 
no entanto, isso acontece basicamente nos 
primeiros anos de vida. Depois nosso cérebro 
se adapta, estabiliza e reorganiza essas si-
napses, fazendo com que elas aconteçam 
de maneira direta e utilizando o menor 
caminho possível, economizando energia 
e trabalhando de maneira objetiva, ou seja, 
se as conexões servem para algum objetivo 
elas são fortalecidas, caso contrário elas são 
eliminadas. Esse é um processo natural no 
desenvolvimento humano.
Diante dessa informação, podemos pressupor 
que um recém-nascido seja mais inteligente 
que um adulto, bem como sua capacidade 
de controlar o copo como um todo, desde 
o intelecto até o recurso motor mais com-
plexo? E podemos afirmar, como muito se 
diz, que uma criança é um adulto em mi-
niatura, estou certo? O que você acha? Para 
a primeira pergunta, aqueles que concorda-
ram estão errados, pois façamos a seguinte 
analogia, quando você compra um copo, 
uma roupa, uma obra de arte ou até mesmo 
um carro, todos esses produtos para o seu 
gosto serão maravilhosos, lindos, bem aca-
bados etc., mas eles sempre foram perfeitos 
assim? Boa parte de tudo o que consumimos 
passa por uma produção, onde a matéria-pri-
ma bruta será lapidada até ficar exuberante 
como se deve, mesmo que para isso tenha 
de ser queimada, engraxada, banhada quimi-
camente, destruída e remoldada. Pois bem, 
para uma criança, esse excesso de sinapses 
nada mais é do que matéria prima para o 
aprendizado, é a matéria bruta que deve ser 
lapidada, construída, moldada, e tudo isso 
só é conquistado pela experiência. Quem 
nunca escutou algumas histórias ou viven-
ciou dentro da própria casa uma criança 
Por que um recém-nascido tudo que 
segura leva até a boca?
Fonte: Elaborado pelo Autor.
Pós-Graduação | Unicesumar
19
que estava em cima do sofá, olhando pela 
janela, ou mexendo na gaveta de facas, ou 
ainda quietinha, aprontando algo? Impossível 
nunca termos escutado ou visto essas situ-
ações, mas porque crianças novinhas fazem 
isso mesmo? Responda essa indagação. Já 
chegou a resposta? Perfeito! Pela experiên-
cia! Basicamente o que ela estava fazendo 
quando estava sobre o sofá, explorando o 
ambiente, nem que para isso ela tenha de se 
cortar na gaveta de facas, e não, não adianta 
falar que ela vai cair ou se cortar. Esse pequeno 
humano ainda não sabe pela sua própria vi-
vência o que é a dor, a queda, o corte etc, 
ele tem de conhecer isso por conta própria. 
Então, se não quer que ele mexa na gaveta 
de facas, troque ela de lugar, se não quer que 
ele faça algo, esconda, pois certamente esse 
bebê irá, assim que possível, mexer, fuçar, co-
nhecer e aprender pela experiência. 
Lembre-se, para a maioria, no início da vida, a 
boca é o lugar onde se conhece e se explora 
esse magnífico meio onde vivemos. Voltamos 
lá para o início do texto, você colocou a mão 
na chapa quente do fogão? Deitou na rua? 
Não, é claro que não, você sabe o que é cair, 
bater e se machucar, você sabe o que signi-
fica e como dói o queimar do fogão, então 
se antecipa para que isso não aconteça. A 
criança deve e tem que aprender por conta 
própria, não estou aqui dizendo que tem que 
deixar ela se queimar ou cair de algum lugar 
muito alto, mas ela deve aprender também 
pela experiência, pela exploração do ambien-
te. Não estamos aqui entrando em teorias 
Vygotskianas ou Piagetianas, apenas estou 
dizendo que a criança é curiosa por nature-
za e buscará conhecer o mundo pelas suas 
próprias mãos ou pela própria boca.
Quanto à segunda informação apontada 
lá atrás, uma criança é um adulto em minia-
tura? Não! Uma criança é uma criança, bem 
diferente de um adulto, ela ainda está bus-
cando, por tentativa e erro, a adaptação, o 
amadurecimento das conexões sinápticas, 
aprendendo um pouco sobre tudo que a 
cerca. Não se esqueça, você sabe que o fogão 
pode queimar e o que é queimar.A criança 
ainda tem de aprender isso, então nunca mais 
comparem uma criança com um adulto, no 
que se refere a esse aspecto, criança é uma 
criança.
Em termos gerais e bastante abrangen-
tes, toda essa tempestade elétrica que se 
tem na cabeça de uma criança é a matéria 
bruta que deve ser lapidada para se chegar 
ao conhecimento, ao aprendizado. É evidente 
que, para isso, podemos percorrer caminhos 
diferentes, errar, voltar e recomeçar até alcan-
çarmos o êxito. Pense que essas conexões 
devem chegar a um objetivo final. Acredito 
que todos já tenham jogado ou praticado um 
labirinto, seja em uma folha de papel ou um 
labirinto dentro de um jardim ou parque de 
diversões. Muitas vezes, temos várias possi-
bilidades de sair (objetivo) desse labirinto e 
sempre buscamos fazer isso de forma mais 
rápida. Isso não quer dizer que aquele in-
divíduo que encontrou outro caminho, 
um pouco mais longo, não tenha aprendi-
do. Sim, ele aprendeu, apenas encontrou 
outra forma de chegar ao aprendizado. À 
Neuropsicopedagogia: estrutura neurológica e aprendizagem
20
medida que nosso cérebro, pela experiência, 
encontra uma resposta satisfatória a uma de-
terminada situação ou problema. Por meio 
da ligação entre dois pontos, é identifica-
do esse caminho sináptico como a principal 
via de acesso àquela informação requerida, 
passando assim a ser utilizada mais vezes, 
pouco a pouco, reforçando essa estrada 
de ligação para um significado ou objeti-
vo específico. Em suma, quanto mais se usa 
o mesmo caminho, mais fácil será para en-
contrar essa estrada em um momento futuro. 
Em nosso cérebro, isso sempre acontecerá, 
ou pelo menos deverá acontecer, na busca 
pelo caminho mais curto.
Por esses motivos, é extremamente im-
portante esse excesso de sinapses no início 
da vida, pois permite ao cérebro não só uma 
riqueza de conexões, mas sim uma riqueza 
de possibilidades que irão ser explora-
das por uma criança em desenvolvimento. 
Evidentemente que o cérebro adulto pode 
tomar várias formas, dependendo do que se 
aprendeu, do que foi vivenciado na infância, 
ou seja, depende dessa remodelagem do 
cérebro que é ocasionada pelas experiên-
cias de vida que cada um de nós passamos.
Diante de tudo o que foi abordado até 
agora, você deve estar se perguntando: como 
faço para aumentar o número de sinapses, 
não é? Na verdade, você não quer muitas 
sinapses, mas sim as sinapses corretas, elas 
podem ser poucas, desde que façam sentido. 
Então, certamente, seu cérebro irá esculpir 
todo aquele emaranhado de conexões 
perdidas e sem lógica transformando-as em 
algo coerente, lógica e que tenha alguma 
finalidade real. Para isso, ocorrerá um 
enfraquecimento daquelas conexões que 
não fazem o menor sentido ou são pouco 
usuais e ocorrerá um fortalecimento daquelas 
que realmente servem para alguma coisa, 
para algum objetivo que seja importante para 
você, que, por exemplo, permita realizar um 
movimento certo, processar a informação de 
maneira significativa, encontrar uma respos-
ta matemática eficaz, dentre outras tantas 
“esculturas” alcançadas pelo nosso cérebro.
Diante do exposto até aqui, o ato de 
aprender trabalha simultaneamente em 
duas bases, fortalecer aquilo que é utiliza-
do e enfraquecer ou até eliminar aquilo que 
não usamos.
Caso ocorra alguma anomalia na forma-
ção gênica do indivíduo, pode-se ocorrer 
um “congelamento” nessa readaptação ce-
rebral, fazendo com que o cérebro desse 
indivíduo permaneça sempre em um estado 
infantil, com muitas possibilidades, mas sem 
nenhuma concretização das sinapses, sem 
nenhuma significação, o que, certamente, 
dificultará o aprendizado.
Acredita-se que existe, nas crianças de 
modo geral, uma janela de aprendizado, um 
momento no qual devemos aproveitar ao 
máximo e ensinar o máximo possível a uma 
criança. Isso não quer dizer que devemos 
entupir uma criança de conteúdo ou afa-
zeres, mas sim, embasar nossas práticas 
pedagógicas tanto dentro da escola, como 
professor, pedagogo, psicólogo, quanto 
simplesmente como pais, tias e irmãos, 
Pós-Graduação | Unicesumar
21
aproveitando esse momento no desenvol-
vimento infantil que ocorre por volta dos 10 
anos de idade, permitindo que uma criança, 
quando bem estimulada, aprenda mais facil-
mente gramática, por exemplo. Daí surge à 
ideia de que quanto mais jovem, mais fácil 
se aprende um segundo idioma. Antes que 
você questione algo relacionado ao aprendi-
zado de outra língua, pense comigo, alguém 
já viu o nascer de um bebê? O médico, a 
mãe ou alguém muda um botão na nuca da 
criança, para que ela aprenda o português, 
inglês, árabe, dentre tantos outros idiomas. 
Resumindo, podemos aprender qualquer 
tipo de gramática, fonética, escrita ou fala, 
tudo dependerá de qual lugar do mundo se 
irá nascer ou crescer. Talvez por esse motivo 
um adolescente que muda de país tenha 
mais dificuldade de aprender o novo idioma, 
devido à mudança de localidade ter ocorri-
do após a primeira década de vida.
Posto isso, é extremamente interessante a 
mudança no currículo escolar, a qual permita 
que o ensino de um segundo idioma ocorra 
ainda nas séries iniciais e não mais após os 
11 anos, lá na fase final do ensino fundamen-
tal, leva a perder, em partes, essa janela de 
aprendizagem.
João, aluno do terceiro ano do ensino Fun-
damental I com 8/9 anos. Ele é um aluno 
mediano, com aprendizado satisfatório para 
sua idade, comportamento normal, com 
relacionamento interpessoal bom com os 
colegas e professores, durante todo o ano 
de 2013 e início de 2014. A partir do fim do 
primeiro bimestre, o aluno começou a faltar, 
tornou-se agressivo, fechado para os ami-
gos e perdeu o interesse para os estudos. A 
escola buscou a família para saber se estava 
acontecendo algo em casa e descobriu que 
o irmão mais velho é um usuário de drogas 
e contrabandista, e que a mãe é submissa 
a ele. Há desconfiança de que esse aluno 
também está usando drogas. 
Diante de tal situação, a professora tenta 
conquistar a confiança de João, para trazê
-lo de volta à escola e proporcionar suporte 
emocional. Haverá uma tentativa de encami-
nhá-lo a um psicólogo, a fim de solucionar ou 
amenizar o problema, uma vez que também 
cabe ao docente encontrar soluções inteli-
gentes para proporcionar o melhor processo 
de ensino-aprendizagem possível. 
Fonte: Elaborado pelo Autor. O nome é fictício, mas 
o conteúdo do caso é real, com adaptações.
Neuropsicopedagogia: estrutura neurológica e aprendizagem
22
Na adolescência, diferentemente do que se 
acreditava, ocorre uma nova fase de formação 
de muitas conexões sinápticas. Essa fase de 
exuberância sináptica proporciona ao adoles-
cente um mundo de possibilidades que pode 
ser desenhado ou firmado em aprendizado.
Agora, isso não quer dizer que perder essas 
janelas de aprendizagem, ou não ser influen-
ciado a aprender outro idioma na primeira 
década de vida, torne impossível a aquisição 
desses conhecimentos na idade adulta. É pos-
sível sim aprender tudo ou tão bem como uma 
criança, porém, fica claro, por nossa vivência e 
observação em nosso cotidiano, que com o 
avançar da idade algumas coisas ficam mais 
difíceis de serem adquiridas, armazenadas em 
nossa cabeça como novo conhecimento. Você 
já se deu conta de que nossos anciões, avós, 
pais, amigos ou qualquer pessoa que tenha 
uma idade mais avançada, em grande parte, 
têm uma dificuldade significativamente maior 
para compreender e aprender algo que gira 
em torno da tecnologia?
Vamos lá, suponhamos que comprásse-
mos um computador, lindo e novo.Quando 
tentássemos abrir um arquivo, página ou 
qualquer coisa, normalmente ele de modo 
rápido, dar-nos-ia as respostas que desejásse-
mos por meio de um clique, correto? Agora, 
após dois anos de uso, esse computador já 
não é tão novo e, provavelmente, levará mais 
tempo para responder aos mesmos coman-
dos. Comparar uma criança a um adulto ou 
a um ancião é a mesma coisa que fazer essa 
analogia com um computador ou até mesmo 
com um carro. Não quer dizer que é impossível 
se aprender depois de certa idade, mas com 
toda a certeza esse aprendizado demandará 
mais tempo. Talvez por isso torna-se compli-
cado ensinar gramática, um segundo idioma 
ou a mexer em um computador, smartpho-
ne, tablets etc.
Dislexia em iDaDe De pré-alfabetização
A criança com dislexia possui características que podem ser percebidas desde a Educação Infantil, 
tais como: atraso na linguagem, dificuldade de nomear objetos, cores etc., utilizar palavras incon-
clusas (“tipo”, “coisa”...) ou alguns vícios de linguagem presentes na sociedade atual ou dependentes 
da localidade em que vive. Possui vocabulário pobre, dificuldade de aprender rimas, memorizar 
músicas ou não consegue expressar uma história dentro de uma sequência lógica. Existem ainda, 
as características motoras, como tropeçar com frequência, apresentar dificuldades para abotoar 
uma calça ou uma camisa, amarrar os cadarços em outras palavras, acabam por ser desastrados.
As características apresentadas acima antecedem o período de alfabetização e se as intervenções 
pedagógicas forem efetivadas nessa fase (Educação Infantil) a dislexia poderá ser amenizada ou 
até superada logo. As intervenções envolvem a assimilação de fonemas (na alfabetização e letra-
mento desde a Educação Infantil), trava-línguas, rimas, desenvolvimento do vocabulário, melhoria 
da compreensão e fluência da leitura. Outra maneira para ensinar as crianças disléxicas poderia 
ser pela utilização das vias táteis, identificando o traçado das letras, bem como a escrita em caixas 
de areia e tatearem letras escritas em lixas (folha de lixa).
Fonte: Elaborado pelo autor.
Pós-Graduação | Unicesumar
23
alguém poderia indagar o seguin-te: mas e uma pessoa com dislexia, por exemplo, ela não aprende como 
todas as outras pessoas, não é verdade? Exato, 
mas junto da pergunta já temos a resposta, 
é uma situação diferente, uma pessoa que 
tem algum distúrbio que interfere no pro-
cessamento de informações, podendo ser 
hereditário, como é o caso da dislexia, mas 
isso não quer dizer que seu portador é incapaz 
de aprender. Esse indivíduo apenas tem di-
ficuldade e sempre irá requerer ainda mais 
atenção de todos aqueles que trabalham 
com ele. Posto isso, nunca devemos dizer a 
uma criança, ou qualquer aprendiz, que ela 
não consegue aprender, que é “burra” ou algo 
do gênero, pelo contrário, devemos sempre 
trabalhar com incentivo, por exemplo, você 
consegue, continue tentando etc.
Ante essa informação, devemos sempre 
incentivar, mas, se possível, evitar o incentivo 
utilizando a palavra inteligente, por exemplo, 
seu aluno acertou um cálculo matemático, 
e você o elogia, “nossa muito bem, como 
você é inteligente”, na verdade, deve incen-
tivá-lo com “parabéns esse é o caminho, ficou 
muito bom, mas você pode melhorar”. São 
apenas sugestões, mas a base para a refle-
xão gira em torno do seguinte: um aluno que 
se percebe pela fala do professor como uma 
pessoa inteligente, perfeita e que acertou, 
não arriscará perder essa imagem aos olhos 
do docente. Já aquele aluno que foi incen-
tivado pela tentativa, pelo esforço, sempre 
tentará melhorar em uma busca incessan-
te pelos elogios advindos do professor, pois 
isso massageia o ego, melhora a autoestima 
e a confiança, além, obviamente, de incluir 
em sua conduta a motivação extrema, com 
o intuito de se alcançar o aprendizado.
É comum escutar, em nosso cotidiano, 
que meninas aprendem mais que meninos 
ou, ao menos, mais rápido. Você concorda 
com isso? Falamos em termos gerais, até 
agora, de processos superiores que possi-
bilitaram o aprendizado, no entanto, não foi 
mencionado, em nenhum momento, sobre 
diferenças de aprendizado em cérebro mas-
culino ou feminino, isso é mito. Os cérebros 
aprendem da mesma maneira, independen-
temente se estão na cabeça de um homem 
ou uma mulher. O que muda é a motivação 
de cada um para aprender uma coisa ou 
outra, podendo obviamente estar relacio-
nada diretamente por uma pré-disposição 
individual, por exemplo, ter maior facilida-
de em matemática, quando comparada à 
gramática, sendo a primeira aquela que se 
aprende facilmente e normalmente é mais 
agradável.
Neuropsicopedagogia: estrutura neurológica e aprendizagem
24
Diferenças no tamanho Do 
cérebro masculino e feminino
Atualmente, sabe-se que um homem tem 
um cérebro 10% maior quando compara-
dos ao do sexo feminino, no entanto, isso 
não representa que os homens sejam mais 
inteligentes ou apresentem um maior de-
sempenho. O cérebro feminino atinge a ma-
turidade por volta dos 11 anos e o masculino 
somente aos 14 anos, aproximadamente. 
Por outro lado, algumas regiões cerebrais 
envolvidas em raciocínio mecânico, concen-
tração visual e raciocínio espacial amadure-
cem até oito anos antes nos meninos. Talvez 
seja essa a explicação para que homens se-
jam muito mais aptos para áreas de exatas, 
apresentam habilidades esportivas em dife-
rentes modalidades, por exemplo, corridas 
automobilísticas. Mulheres, por outro lado, 
amadurecem mais rapidamente áreas que 
controlam a fluência verbal, escrita e reco-
nhecimento fácil dos familiares.
Estudos que utilizaram imagens de ressonân-
cia magnética concluíram volumes diferentes 
do cérebro entre homens e mulheres, apre-
sentando resultados que colaboram muito 
para a área da educação, uma vez que com-
provam a diferença cerebral entre meninos 
e meninas, na escola ou no ensino superior. 
As imagens coletadas mostram que mulhe-
res tem um volume 23% maior na área de 
Broca, no córtex pré-frontal dorsolateral e 
13% maior na área de Wernicke, no córtex 
temporal superior, quando comparado aos 
homens. Assim, os estudos demonstram que 
mulheres tem maior habilidade na leitura e 
na fala.
Fonte: Texto baseado no livro Relvas, M. P. Neuro-
ciência e Educação: potencialidades dos gêneros 
humanos na sala de aula. 2 ed. Rio de Janeiro: Wak 
Ed. 2010. 160 p.
o intelecto entre 
homens e mulheres
Existem diferenças intelectuais entre ho-
mens e mulheres? As mulheres, imagino, 
sorriram e disseram que sim, que são mais 
inteligentes que os homens. O desempenho 
masculino é maior em raciocínios matemáti-
cos, testes de manipulação de objetos diver-
sos, testes de habilidades motoras com alvo 
e até de navegação de rotas. Já mulheres 
tem a capacidade de lembrar-se de palavras 
específicas, são melhores em tarefas manu-
ais ou em um simples jogo de memória com 
cartas viradas, onde devemos lembrar-nos 
da localização dos pares. Estudos nessa li-
nha de discussão comprovam que homens 
aprendem um caminho para chegar a algum 
local mais rapidamente que o sexo oposto, 
por outro lado, as mulheres têm a habilida-
de de demarcar pontos estratégicos para a 
orientação espacial.
Apesar das diferenças entre gêneros se-
rem pequenas, podemos encontrar uma 
variação cognitiva bastante grande entre 
homens e mulheres e, ao contrário do que 
sempre se imaginou, tais diferenças iniciam-
se por volta de 3 anos de idade, muito antes 
da puberdade.
Fonte: Texto baseado no livro Relvas, M. P. Neuro-
ciência e Educação: potencialidades dos gêneros 
humanos na sala de aula. 2 ed. Rio de Janeiro: Wak 
Ed. 2010. 160 p.
Pós-Graduação | Unicesumar
25
Diante do exposto até o presente momento,conseguimos traçar parâmetros e 
adquirir informações que nos propiciassem um alicerce para começarmos a en-
tender ou compreender o aprendizado.
Tome um papel e uma caneta, escreva a palavra APRENDIZADO no centro 
da folha, a partir daí iniciaremos nossa discussão da seguinte maneira, pense no 
que é importante para o aprendizado. Alguns provavelmente levantaram a repe-
tição, isso está inteiramente correto, mas, dando um pequeno espaço, vá a folha 
de papel e escreva acima da palavra aprendizado um novo tópico denominado 
PRÁTICA. Posto isso, você, quando está em seu tempo livre, gosta de fazer o que? 
Sei que pensará em milhões de coisa, então permita que eu refaça a indagação, 
para realizar algo que goste, o que é necessário? Isso mesmo, prazer, então volte a 
folha e abaixo da palavra aprendizado escreva MOTIVAçãO. Para se ensinar qual-
quer coisa, o que é necessário obter em sua conduta como docente, para facilitar 
o aprendizado de seu aluno? Quem disse estratégia também acertou. Volte a folha 
e escreva MÉTODOS ao lado esquerdo do aprendizado. Por fim, para fecharmos 
alicerce para 
o aprendizado
Neuropsicopedagogia: estrutura neurológica e aprendizagem
26
nossa estrutura que auxiliará na promoção do aprendizado, pense: adianta obter 
as melhores estratégias, os métodos mais atuais para ensinar se o aluno não quer 
aprender? Não, é claro que não. Então, fica evidente que esse alicerce se completa 
pela ATENçãO. Vá à folha e escreva essa palavra ao lado direito da palavra apren-
dizado. Pronto, temos em nosso guia a palavra aprendizado ao centro, rodeada 
pelos nossos alicerces que propiciaram o ato de aprender. Abaixo a palavra mo-
tivação, acima prática, à esquerda métodos e a direita atenção.
Seguindo com nossa ideia, trace uma flecha da palavra prática até motivação 
e outra no sentido inverso, cruzando a palavra aprendizado. Todos devem con-
cordar que aprendemos quando praticamos, devemos repetir e repetir quantas 
vezes forem necessárias até firmar aquilo que pretendemos em nossa memória 
e, para isso, devemos estar motivados, não existe prática sem motivação, ou você 
vai a academia de ginástica sem um objetivo? Você estuda sem que tenha que 
realizar uma prova? Pois bem, para aprender, devemos estar motivados, com 
vontade de praticar tal ação até que ela fique retida em nosso cérebro. Só recor-
dando, temos em nosso cotidiano um tempo significativamente curto. Sendo 
assim, não podemos praticar muitas coisas ao longo de um dia. Sendo assim, 
devemos voltar nossos esforços a algumas coisas específicas, tornando-nos es-
pecialistas em algo, por isso, também, é impossível ser ótimo em tudo.
A motivação é fundamental por uma série de fatores, como encorajamento, a 
sinalização positiva que gera a perspectiva de que estamos no caminho correto, 
de que estamos fazendo certo e devemos continuar praticando, é ela quem nos 
proporciona um feedback sobre nossos atos, permitindo o querer melhorar in-
dividual. A motivação também depende do nível de dificuldade, fácil demais é 
ruim e difícil de mais também é ruim. Inicia-se a partir daí um ciclo vicioso, quanto 
mais motivado, mais horas de prática, maior a motivação e assim por diante.
É bem verdade que sem essa tal motivação não conseguimos aprender e o 
grande responsável por isso é o nosso cérebro. Todos nós temos estruturas intrín-
secas localizadas no cérebro que são afetadas positivamente, sendo que centros 
específicos de prazer produzem uma substância chamada de dopamina, um neu-
rotransmissor relacionado ao prazer. Sempre que temos essa substância liberada, 
uma situação de bem-estar será estimulada em nosso organismo, melhorando 
nossa atenção e reforçando todo o comportamento corporal para o objetivo em 
questão. Por outro lado, tarefas demasiadamente fáceis ou difíceis demais, frus-
tram o cérebro e levam a desmotivação.
Pós-Graduação | Unicesumar
27
Para os métodos, também acredito que não haverá discussão, mas vamos 
em frente. Posso afirmar que um professor deve ter na manga vários métodos de 
ensino, correto? Evidente que sim, pois a forma de ensino nem sempre deve ser 
a mesma, ela pode variar em função da necessidade. Alguns aprendem de um 
jeito, mas não quer dizer que todos os demais aprendam da mesma maneira ou 
na mesma velocidade, e é sua responsabilidade criar estratégias e oportunizar 
situações para que todos aprendam. Não confunda essas palavras com a im-
plicação em obter 40 métodos diferentes para a mesma aula, mas você deverá 
estar atento as mais diversas possibilidades, proporcionando aos discentes as 
mais variadas condições de ensino, pois se um aluno não aprendeu não quer 
dizer que nunca poderá aprender. Apenas esteja antenado para alterar o método, 
quem sabe assim isso facilite o aprendizado dessa criança, jovem ou adulto. 
Para fecharmos essa terceira ideia referente aos métodos, os quais são diver-
sos, pense em uma multiplicação de cabeça, em um cálculo mental, e outra em 
uma folha de papel. As formas de realizar as operações matemáticas são iguais? 
Neuropsicopedagogia: estrutura neurológica e aprendizagem
28
Não. As operações convencionais, colocando um número abaixo do outro e reali-
zando o cálculo por etapas e depois somando-o, são grandes demais para nossa 
memória de trabalho, que consegue guardar e armazenar de 6 a 8 informações 
a cada instante. Então, quando você tenta realizar o mesmo cálculo que seria re-
alizado no papel de cabeça, normalmente, você se perde no meio. Talvez isso 
não ocorra para contas menores como de dois algarismos. Vamos lá, pense em 
uma multiplicação de cabeça, faça o seguinte cálculo matemático, multiplique 
2 x 2; agora 5 x 4; 12 x 3; todos muito fáceis não é? Agora para que você entenda 
melhor o que eu estava tentando explicar, continue com operações matemáti-
cas e, rapidamente, calcule para mim, 2 x2 x 4 ÷ 5 x 2 – 8 +16 +13, o resultado 
é? Confuso, eu sei, mas veja como seu cérebro foi sobrecarregado, mesmo com 
contas relativamente simples, pois ele deve lembrar qual é o problema, realizar o 
cálculo, multiplicar 2 com 2, igual a 4 e multiplicar com mais 4, 16 e assim suces-
sivamente até o final das operações. Quando concluir, o cérebro deve se lembrar 
de qual era o problema inicial para gerar a resposta, ou seja, ele teria de realizar 
muitas contas lembrando da pergunta, sem esquecer de nada. Infelizmente, nossa 
memória de trabalho não consegue controlar e lembrar de tanta coisa, assim você 
se perde no meio do cálculo. Sobretudo, mesmo que esse fosse um método per-
feito, nem todas as pessoas teriam facilidade de realizar operações matemáticas 
dessa maneira. Somos diferentes, e encontramos caminhos para realizar tarefas, 
até chegar ao aprendizado diferentemente, jamais se esqueça disso.
Já ao falar em atenção, podemos apontar que o aprendizado está sugerido como 
algo que só é adquirido mediante o foco, a atenção sobre algo específico. Você só 
entende um trecho de um livro ou o livro todo se estiver focado nas palavras que está 
lendo, caso contrário, cairá em esquecimento e, ao final da leitura, não compreende-
rá nada e deverá recomeçar a ler. Quantos já não passaram por isso em seus anos de 
estudo? Alguns (principalmente as mulheres), vão falar que é mentira, que mulher 
consegue realizar inúmeras coisas ao mesmo tempo, por exemplo, cuidar das crian-
ças, falar no telefone, cuidar da comida, navegar na internet e ainda fazer contas. Pois 
bem, meu(inha) amigo(a), a mulher tem o dom sim de alternar o foco muito rapi-
damente, mas do ponto de vista biológico isso é impossível, tanto homens quanto 
mulheres podem manter o foco apenas em uma coisa de cada vez.
Pós-Graduação | Unicesumar
29
Leandro era um menino aparentementesem nenhum tipo de problema, sen-
tava sempre no fundo da sala, realizava sempre as atividades propostas e não 
apresentava problemas de comportamento. Foi assim até o 1º ano. Ao iniciar 
o 2º ano, de imediato, a professora percebeu uma mudança, Leandro passara 
sempre a se posicionar de frente para qualquer pessoa que viesse a falar com 
ele, fosse coleguinha ou quando a professora solicitava alguma atividade. Foi 
ficando cada vez mais evidente que, se conversasse de costas para ele, Leandro 
acabava por não realizar a tarefa solicitada. Com essa observação, aliada ao 
diagnóstico clinico, constatou-se que Leandro estava com dificuldade auditiva. 
A partir de então, além de profissionais específicos que passaram a trabalhar 
com Leandro, a professora começou a buscar novas estratégias ou métodos 
para continuar ensinado de forma satisfatória, por exemplo, falar de forma 
mais lenta e espaçada, utilizar em seus lábios, batons com cores mais “vivas”, 
para facilitar a leitura labial, mantê-lo a frente dos demais alunos, sempre que 
possível apresentando as atividades de forma escrita e integrá-lo em brinca-
deiras. Devido ao esforço e boa vontade da professora, para a alegria de todos, 
Leandro, em seis meses, já obtinha resultados muito satisfatórios.
Fonte: Elaborado pelo autor. O nome é fictício, mas o conteúdo do caso é real, 
com adaptações.
Posto isso, fechamos nossa ideia inicial de aprendizado, a qual expõe que, para que ele aconteça, devemos nos alicerçar em quatro pilares, motiva-ção, prática, métodos e atenção, sem eles, sozinhos e ao mesmo tempo 
interligados diretamente não é possível aprender nada.
Também devemos considerar a oportunidade como ponto mais globalizado. 
Como se aprende a tocar piano? A chutar a bola? A andar de bicicleta? Somente 
tendo a oportunidade de conhecer e manusear um piano, uma bola ou uma 
bicicleta.
Neuropsicopedagogia: estrutura neurológica e aprendizagem
30
poTenCiAiS 
de membrAnA e AÇÃo
Potenciais de membrana são causados pela difusão de íons que passam de 
um lado para o outro da membrana celular.
Fibras nervosas normais, como neurônios, são até 100 vezes mais permeáveis 
ao potássio que ao sódio.
A Bomba de Sódio-Potássio transporta 3 moléculas de sódio para fora da 
célula e 2 moléculas de potássio para dentro da célula. Essa perda continua-
da de cargas positivas pelo interior gera um grau adicional de negatividade.
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potencial de ação neural
Segundo Guyton e Hall (2006), os sinais neurais são transmitidos por meio de po-
tenciais de ação, que são variações muito rápidas do potencial de membrana. Cada 
potencial de ação começa com uma modificação abrupta do potencial de repouso 
negativo normal, para um potencial positivo, e em seguida, termina com a modi-
ficação quase tão rápida para o potencial negativo. Para conduzir o sinal neural, o 
potencial de ação se desloca ao longo de toda a fibra nervosa até atingir seu término.
As fases sucessivas do potencial de ação são as seguintes:
Fase de Repouso: É o momento em que o potencial de membrana está, 
como sugerido pelo processo, em repouso. Antes de iniciar um potencial de 
ação. Nessa fase, diz-se que a membrana está “polarizada”.
Fase de Despolarização: É o momento em que a membrana fica muito per-
meável a íons de sódio, o que permite sua entrada para o interior do axônio 
em grande quantidade. O estado “polarizado” normal é de -90mV, quando for 
perdida essa tensão em repouso, com o potencial variando rapidamente na 
direção da positividade.
Fase de Repolarização: Devido a poucos décimos de segundo após a mem-
brana ter ficado permeável a íons de sódio, os canais de sódio começam a se 
fechar, enquanto os canais de potássio se abrem mais que o normal. Dessa 
forma, a rápida difusão do potássio para o exterior da célula restaura o po-
tencial de membrana negativo normal do repouso.
Permita-me tentar explicar rapidamente, de forma simplificada e com uma lin-
guagem o mais informal possível, essa base de processos pelos quais é gerado 
o potencial de ação, como surge essa eletricidade dentro do nosso corpo.
Somos seres vivos, e com isso obtemos várias estruturas celulares. Não caro(a) 
aluno(a), não quero que você aprenda biologia novamente, mas apenas que 
compreenda melhor alguns desses aspectos inerentes ao fenômeno denomi-
nado potencial de ação. Pois bem, pense em uma célula, melhor, desenhe uma 
linha em um papel, uma linha espessa, feito isso, escolha um dos lados da linha 
e escreva a palavra INTRACELULAR e, do outro lado, a palavra ExTRACELULAR. 
Pense que isso é um círculo, uma célula, um lado é dentro (intra) da célula e outro 
fora (extra) da célula. Após isso, coloque várias letras K+ (íons de potássio) do lado 
Neuropsicopedagogia: estrutura neurológica e aprendizagem
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intracelular, e vários Na++ (íons de sódio) do lado extracelular. Posto isso, come-
ça-se complicar um pouco mais, toda célula, em seu interior, é muito negativa 
e em seu exterior muito positiva. Pergunta, se os dois íons que coloquei a vocês 
são positivos, como isso é possível? Exatamente, existem outras cargas negativas 
dentro da célula e em grandes quantidades por sinal. Esses demais íons ficam 
próximos à membrana do lado interno da célula e as cargas positivas próximas 
às membranas do lado externo.
No interior do axônio, existem muitos íons com carga negativa que não podem 
passar pelos canais. Eles incluem moléculas de proteína, muitos compostos orgâ-
nicos de fosfato, compostos sulfatados e muitos outros. Devido a não poderem 
sair da fibra, qualquer déficit de íons positivos no interior da membrana leva a 
excesso de íons negativos impermeantes.
Não entrarei em aspectos moleculares da membrana celular, saiba apenas 
que ela é formada por duas camadas de lipídios e nela teremos as cargas negati-
vas e positivas que atraíram os íons opostos para próximo dela, tanto no interior 
quanto no exterior da célula, isso mesmo, uma reação similar a de um imã, onde 
os opostos se atraem.
Seguindo com o funcionamento de um potencial de ação, volte à folha e 
coloque muitos Na++ do lado de fora da célula, mas muitos mesmo. Feito isso, temos 
estruturas na membrana celular que permitem a entrada de íons específicos, pode 
ocorrer difusão simples, facilidade ou mediada por carreadores. Simplificando, 
existem estruturas que permitem a passagem de íons pela membrana da célula, 
tanto para dentro quanto para fora, mas não aprofundaremos esses conhecimentos 
para o momento. Temos uma quantidade absurda de íons de Na++ do lado extrace-
lular, correto? Mas faça a seguinte analogia, se você embarcar em um ônibus que 
está muito lotado na parte da frente, e você visualiza que, do outro lado, ao final 
do ônibus, está um pouco mais vazio, o que você faria? Certamente, como lei de 
sobrevivência humana, buscará o ambiente mais folgado, que não esteja muito 
lotado, correto? Com os íons acontece da mesma maneira, tem muito Na++ do 
lado de fora da célula, portanto, eles buscarão um lugar um pouco mais vazio. E 
onde tem pouco Na++ em nosso exemplo? Isso mesmo, dentro da célula, e mesmo 
com aquelas estruturas que transportam esses íons pela membrana boqueando 
a livre passagem, alguns felizardos conseguiram ir ao lado de dentro da célula, 
lado mais tranquilo e vazio. Assim, com a entrada de cargas positivas no meio in-
tracelular, o que acontece? Dentro da célula era muito negativo correto? Com a 
entrada íons positivos, teremos uma curva crescente em direção a zero. Assim, a 
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célula, aos poucos, deixa de ser tão negativa e começa a ficar lentamente positi-
va. À medida que muitos íons de Na++ começam a passar de fora para dentro da 
célula, um evento ocorrerá na membrana e as portas seletivasaos íons positivos 
de Na++ se abrirão e como consequência, a célula terá seu interior inundado de 
cargas positivas. Nesse sentido, a célula que era negativa passa a ficar positiva e 
evento conhecido como despolarização da célula.
A ativação dos canais de sódio acontece quando o potencial de membra-
na fica menos negativo que durante o período de repouso, passando de -90 mV 
para zero. Esse potencial passa por uma voltagem, em geral, entre -70 e -50 mV, 
que provoca alteração conformacional da comporta de ativação, fazendo com 
que ela se abra. Isso é chamado de estado ativado; durante ele, os íons de sódio 
podem literalmente jorrar por esses canais, aumentando a permeabilidade ao 
sódio da membrana de 500 a 5.000 vezes (GUYTON, HALL, 2006).
Para a inativação desses canais de sódio, o mesmo aumento da voltagem que 
abre a comporta de ativação também fecha a comporta de inativação. Contudo, o 
fechamento da comporta de inativação só ocorre após alguns décimos de milési-
mos de segundo de sua abertura. Isto é, a alteração conformacional que modifica 
o canal de inativação para a posição fechada é um processo mais lento, enquan-
to a alteração conformacional que abre a comporta de ativação é muito rápida. 
Como resultado, após o canal de sódio ter ficado aberto por alguns décimos mi-
lésimos de segundo, ele se fecha e os íons de sódio não mais podem jorrar para 
o interior da membrana. A partir desse momento, o potencial de membrana 
começa a variar em direção ao valor vigente no estado de repouso da membra-
na, o que constitui o processo de repolarização (GUYTON, HALL, 2006).
Característica muito importante do processo de inativação do canal de sódio 
é a de que a comporta de inativação não voltará a se abrir até que o potencial de 
membrana retorne ao (ou bastante próximo) valor do potencial de membrana 
de repouso inicial. Como consequência, não é possível nova abertura dos canais 
de sódio até que a fibra nervosa se tenha repolarizado (GUYTON, HALL, 2006).
Em seu estado de repouso, a célula é negativa em seu interior e positiva em 
seu exterior, se a célula tem cargas positivas em excesso no meio intracelular o 
que deve acontecer? Lembra-se do outro íon positivo que você escreveu na folha, 
que fica dentro da célula? Isso mesmo, estamos falando do K+, este não suporta 
ficar em lugar apertado, ainda mais misturado a excessivas quantidades de sódio. 
Assim, ele começa a se retirar da célula, migrando para o meio extracelular. Mas 
pense comigo, cargas positivas saindo de dentro da célula fará com que a curva 
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decresça em direção a zero e, consequentemente, a negatividade, correto? Isso 
mesmo, com o inchaço de íons de Na++dentro da célula, ocorre uma mudança na 
membrana que fecha as comportas seletivas a esse íon, e conforme inicia a saída 
de potássio, mais portas se abrem seletivamente para esse íon, permitindo que a 
célula volte a ficar negativa. Esse momento é conhecido como repolarização.
O canal de potássio voltagem-dependente atua em dois estados distintos: 
durante o estado de repouso e próximo ao término do potencial de ação. Durante 
o estado de repouso, o canal de potássio fica fechado, e os íons de potássio são im-
pedidos de passar por esse canal para o exterior. Quando o potencial de membrana 
começa a aumentar, a partir de -90 mV, em direção ao zero, essa variação de vol-
tagem provoca alteração conformacional, abrindo o canal e permitindo aumento 
da difusão do potássio por ele. Contudo, esses canais de K+ são mais lentos tanto 
para abrir quanto para fechar, dessa forma, a célula não só fica negativa, mas devido 
à lentidão no fechamento dos canais, muito potássio sai da célula, fazendo com 
que seu interior fique muito negativo, mais do que seu normal em repouso, evento 
conhecido como hiperpolarização, a qual pode ser subdividida em hiperpolariza-
ção absoluta ou refratária. Na absoluta, não é possível iniciar um novo potencial de 
ação nunca, já na refratária se um novo estímulo perturbar a membrana celular em 
uma magnitude muito grande é possível iniciar um novo evento elétrico.
A causa do pós-potencial positivo é, em grande parte, que muitos canais de 
potássio permanecem abertos após o processo de repolarização da membrana 
ter se completado. Isso permite que excesso de íons de potássio se difunda para 
fora da fibra nervosa, deixando déficit extra de íons positivos no interior, o que 
implica negatividade. Enquanto esse estado de hiperpolarização persistir, não 
ocorrerá reexcitação, mas, gradativamente, a condutância excessiva do potássio 
(e o estado de hiperpolarização) diminui até desaparecer, o que permite que o 
potencial de membrana aumente até atingir o limiar para excitação, então, subi-
tamente, aparece novo potencial de ação (GUYTON, HALL, 2006).
Temos apenas um pequeno problema, volte a seu papel. No interior da célula, 
devem estar os íons de K+ e do lado de fora íons de Na++, portanto, algo não está 
correto. Depois de todo o evento, a célula que ficou positiva, voltou a ser negativa, 
até ai perfeito, mas a ordem dos íons está incorreta, está invertida, o que fazer? Como 
corrigir esse erro? E lá surge outro mocinho na história, conhecido como bomba de 
Na++/ K+, localizada na membrana celular, a qual é responsável pela reorganização 
iônica, enviando três íons de Na++ de dentro para fora da célula e simultaneamen-
te, colocando dois íons de K+ que estavam fora para dentro da célula.
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bomba de sódio-potássio
É o processo de transporte que bombeia íons de sódio para “fora” por meio da 
membrana celular, enquanto, ao mesmo tempo, bombeia íons de potássio de 
“fora” para “dentro”. Essa bomba está presente em todas as células do corpo, é 
responsável pela manutenção das diferenças de concentração de sódio potássio 
mediante a membrana celular, além de estabelecer um potencial elétrico negativo 
no interior da célula (GUYTON, HALL, 2006).
A proteína carreadora tem três características:
1. Contém três sítios de fixação para os íons de sódio (voltados para a face 
interna da célula).
2. Contém dois sítios de fixação para os íons de potássio (voltados para a 
face externa da célula).
3. Próxima aos íons de fixação de sódio, existe atividade ATPase.
Simplificando: A bomba de sódio-potássio impede que a célula inche até es-
tourar, por isso transfere o sódio do interior para o exterior da célula, que levará 
juntamente com ele uma quantidade de água. Consequentemente criará um 
potencial negativo no interior celular e positivo em seu exterior.
acomodação da membrana: 
falta de atividade apesar da 
elevação da voltagem
Se o potencial da membrana se elevar de forma muito lenta durante vários milisse-
gundos, em vez de em fração de milissegundo, as comportas lentas de inativação 
dos canais de sódio terão tempo suficiente para se fecharem ao mesmo tempo 
em que as comportas de ativação estiverem se abrindo. Como resultado, a aber-
tura das comportas de ativação não será tão eficaz para promover o aumento do 
fluxo de íons de sódio, como ocorre normalmente. Portanto, o aumento lento do 
potencial interno de uma fibra nervosa vai exigir voltagem limiar mais elevada ou 
impede, completamente, a geração de potencial de ação; por vezes, até mesmo 
com elevações da voltagem até zero ou com voltagem positiva. Esse fenômeno 
é chamado de acomodação da membrana ao estímulo.
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propagação do 
potencial de ação
Nos parágrafos precedentes, discutimos o potencial de ação como se ele ocor-
resse em ponto único da membrana celular. Contudo, um potencial de ação 
gerado em qualquer ponto de uma membrana excitávelexcita, geralmente, as 
regiões adjacentes da membrana, resultando na propagação desse potencial 
de ação.
Quando uma fibra nervosa é excitada, a permeabilidade aumenta para o sódio, 
forma um “circuito local” do fluxo de corrente entre as regiões despolarizadas da 
membrana e as áreas adjacentes da membrana em repouso; cargas elétricas po-
sitivas, carreadas pelos íons de sódio que se difundem para o interior, fluem para 
o interior da fibra, por meio da região despolarizada e, em seguida, por vários mi-
límetros, ao longo da parte central do axônio. Essas cargas positivas aumentam 
a voltagem, por distância de 1 a 3 mm nas fibras calibrosas, até valor acima do 
valor limiar da voltagem para geração do potencial de ação. Por conseguinte, os 
canais de sódio nessas novas áreas ficam imediatamente ativados enquanto o 
potencial de ação se propaga. Em seguida, essas novas áreas despolarizadas pro-
duzem novos circuitos locais de fluxo de corrente com pontos mais distantes da 
membrana, causando mais e mais despolarizações. Dessa forma, o processo da 
despolarização trafega ao longo de toda a extensão da fibra. A transmissão do 
processo de despolarização ao longo de fibra nervosa ou muscular é chamada 
de impulso nervoso ou muscular (GUYTON, HALL, 2006).
fibras nervosas 
mielínicas e amielínicas
Fibras mais calibrosas são fibras mielínicas, enquanto as mais delgadas são 
amielínicas. Um tronco nervoso típico contém cerca de duas vezes mais fibras 
amielínicas que mielínicas. A parte central dessa fibra é o axônio, e sua membra-
na representa a verdadeira membrana condutora formando aquela “estrada” que 
comentamos anteriormente, que tem a função de levar e trazer as informações. 
O interior do axônio é ocupado pelo axoplasma, que é um líquido intracelular 
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bastante viscoso. Circundando o axônio, existe a bainha de mielina a qual, muitas 
vezes, é bem maior que o próprio axônio e que, a intervalos de cerca de 1 a 3 
mm, ao longo de toda a extensão do axônio, é interrompida pelos nodos de 
Ranvier. A bainha de mielina é formada, em torno do axônio, pelas células de 
Schwann do seguinte modo: a membrana de uma célula de Schwann, inicial-
mente, circunda o axônio. Em seguida, essa célula gira em torno do axônio por 
muitas voltas, depositando múltiplas camadas de sua membrana celular, que 
contém a substância lipídica esfingomielina. Essa substância é excelente isolan-
te, capaz de diminuir o fluxo iônico por meio da membrana por cerca de 5.000 
vezes, ao mesmo tempo em que reduz a capacidade da membrana por 50 
vezes. Contudo, no ponto de junção entre duas células de Schwann sucessivas, 
ao longo do axônio, persiste pequena região não isolada, com apenas cerca de 
2 a 3 µm de extensão, por onde os íons podem fluir, com facilidade, do líquido 
extracelular para o interior do axônio. Essa região é o nodo de Ranvier e é nesse 
ponto que ocorrerá mais facilmente, aqueles processos do potencial de ação 
citados anteriormente, a despolarização e repolarização da fibra que estava em 
repouso, permitindo assim que apenas partes do axônio sejam despolarizadas. 
Antes que perguntem, isso mesmo, o estímulo praticamente ganha asas e salta 
por sobre a camada isolantes de lipídios (bainha de mielina), pulando de nodo 
em nodo de Ranvier (GUYTON, HALL, 2006).
condução “saltatória” 
nas fibras mielínicas
Muito embora os íons não possam fluir com intensidade significativa através 
das espessas bainhas de mielina dos nervos mielinizados, eles podem fluir com 
grande facilidade pelos nodos de Ranvier. Por conseguinte, os potenciais de ação 
só podem ocorrer nos nodos. Assim, os potenciais de ação são conduzidos de 
nodo para nodo, processo chamado de condução saltatória. Isto é, a corrente elé-
trica flui pelos líquidos extracelulares que circundam a fibra, mas também pelo 
axoplasma, de nodo a nodo, excitando sequencialmente os sucessivos nodos. 
Assim, o impulso nervoso salta ao longo da fibra, o que deu origem à designa-
ção de “saltatória”.
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a condução saltatória é importante por duas razões. Primeira, por fazer com que a despolarização salte por sobre longos trechos, ao longo do eixo da fibra nervosa. Esse mecanismo aumenta muito a velocidade da 
transmissão neural nas fibras mielinizadas, de 5 a 50 vezes. Segunda, a condução 
saltatória conserva energia para o axônio, pois apenas os nodos despolarizam, 
permitindo perda de íons cerca de 100 vezes menor do que a que seria neces-
sária, caso não ocorresse condução saltatória e, como resultado, exigindo pouca 
atividade metabólica para o restabelecimento das diferenças de concentração 
de sódio e potássio, através da membrana celular, após uma série de impulsos 
nervosos (GUYTON, HALL, 2006).
Outra característica da condução saltatória nas grandes fibras mielínicas é a 
seguinte: o excelente isolamento criado pela membrana de mielina e a redução 
de 50 vezes da capacidade da membrana permitem que o processo de repola-
rização ocorra com transferência muito reduzida de íons. Assim, ao término do 
potencial de ação, quando os canais de sódio começam a fechar, a repolariza-
ção ocorre de modo tão rápido que, em geral, os canais de potássio ainda não 
estão abertos em número significativo. Como resultado, a condução do impulso 
nervoso por fibra nervosa mielínica é efetuada, quase que inteiramente, pelas 
variações sequenciais dos canais de sódio voltagem-dependentes, com contri-
buição muito pequena dos canais de potássio.
velocidade de condução 
nas fibras nervosas
A velocidade de condução nas fibras nervosas varia desde o mínimo de 0,5 m/s, 
nas fibras amielínicas mais delgadas, até cerca de 100 m/s (o comprimento de 
um campo de futebol em um segundo), nas fibras mielínicas mais calibrosas. 
Em termos aproximados, essa velocidade de condução aumenta em proporção 
direta com o diâmetro nas fibras mielínicas e com a raiz quadrada do diâmetro 
da fibra nas amielínicas (GUYTON, HALL, 2006).
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considerações finais
Nesta unidade, conseguimos compreender alguns fundamentos importantes 
para a elucidação do aprendizado e de qual forma ele acontece e se prende em 
nosso cérebro. Vimos que ao se tratar de aprendizagem, devem-se observar inú-
meros processos intrínsecos que estão simultaneamente acontecendo dentro 
de nosso organismo.
Em verdade, nós, seres humanos, mesmo que presos a uma redoma de vidro 
desde o nascimento, aprenderíamos muito e com toda a certeza iríamos nos 
desenvolver do ponto de vista biológico. Por outro lado, foi possível também iden-
tificar que a estimulação ambiental, quando bem ofertada aos aprendizes, pode 
possibilitar caminhos mais fáceis para se alcançar um determinado estágio de 
conhecimento. Evidenciamos a necessidade de se preocupar globalmente com 
os processos e estratégias oferecidas dentro do contexto escolar. Sendo assim, 
poderíamos desenvolver um melhor alicerce para que não apenas se aprenda, 
mas se aprenda de maneira satisfatória.
Fica lançado em nossa discussão inicial que não estamos totalmente prepara-
dos para trabalhar com o aprendizado, uma vez que nem todos os métodos irão 
funcionar igualmente para todos. Podemos afirmar, então, que nossas capacita-
ções realizadas até hoje, provavelmente, também não consideravam o cérebro 
e seu funcionamento, ou sua possibilidade de adaptação. Capacitações ou for-
mação continuada vai muito além de um curso de pós-graduação ou de uma 
palestra municipal, é ir a campo, identificar falhas no sistema e proporcionar ao 
acadêmico um aprendizado alicerçado em bases científicas, com um trabalho 
cirúrgico, bem estruturado e direcionado também ao prazer.

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