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Direito Penal Econômico e Tributário2

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Direito Penal Econômico e Tributário
Prof. Ramon Olímpio de Oliveira
Bem Jurídico e interesses protegidos pelo Direito Penal Econômico
O bem jurídico tutelado pelo Direito Penal Econômico é todo aquele que se relaciona com a manutenção da ordem econômica, ou seja, a economia popular, o sistema financeiro, o sistema tributário, o sistema previdenciário, as relações de consumo.
Legislação Específica e seus respectivos bens tutelados
- Lei 8.137, de 1990: Delitos contra a ordem econômica (arts. 4º a 6º): BEM JURÍDICO: livre concorrência e livre iniciativa, fundamentos basilares da ordem econômica.
- Lei 8.137, de 1990: Delitos contra as relações de consumo (art. 7º): BEM JURIDICO: nos incisos I a IX, os interesses econômicos ou sociais do consumidor (indiretamente, a vida, a saúde, o patrimônio e o mercado); 
- Lei 8.137, de 1990: Delitos contra a ordem tributária (arts. 1º a 3º): BEM JURIDICO: erário público, como bem supraindividual, de cunho institucional; proteção da política socioeconômica do Estado.
Legislação Específica e seus respectivos bens tutelados
Lei 8.176, de 1991: Trata de delitos contra a ordem econômica. BEM JURÍDICO: fontes energéticas.
Lei 8.078, de 1990: Trata dos crimes contra as relações de consumo – Código de Defesa do Consumidor; BEM JURÍDICO: relações de consumo, relação jurídica de consumo.
Legislação Específica e seus respectivos bens tutelados
Lei 7.492, de 1986: Trata dos crimes contra o sistema financeiro nacional; BEM JURÍDICO: proteção pública aos valores mobiliários (públicos e das empresas privadas que atuam nesse setor) e o patrimônio de terceiros (investidores); a higidez da gestão das instituições financeiras; a fé pública; fé pública de documentos; veracidade dos demonstrativos contábeis das instituições; regular funcionamento do sistema financeiro; reservas cambiais; 
Legislação Específica e seus respectivos bens tutelados
Código Penal Brasileiro, de 1940: nos artigos 359-A a 359-H, trata dos crimes contra as finanças públicas; BEM JURIDICO: finanças públicas;
Código Penal Brasileiro, de 1940: nos artigos 168-A e 337-A, trata dos crimes contra o sistema previdenciário; BEM JURÍDICO: interesse patrimonial da previdência social;
Legislação Específica e seus respectivos bens tutelados
Código Penal Brasileiro, de 1940: artigo 334; BEM JURÍDICO: prestígio da administração pública e o interesse econômico do Estado;
- Lei 9.613, de 1998: Lavagem ou ocultação de bens. BEM JURÍDICO: administração da justiça e a ordem socioeconômica (ordem econômico-financeira);
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
- CF
- Lei 4595/64 - Aspectos administrativos
- Lei 7492/86 – “Lei dos crimes de colarinho branco”
- Lei 6385/76 – “Lei do mercado de capitais”
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Bem jurídico: Sistema financeiro nacional: artigo 192, CF. Bem jurídico que possui um papel relevantíssimo na implementação da política econômica.
Aspectos do sistema financeiro:
Confiança: a base de um sistema financeiro é a confiança. Ex. as pessoas entregarão o dinheiro a um banco, na medida em que confiem nessas instituições. A queda da bolsa ocorreu devido a uma quebra de confiança na economia.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
- Transparência: para que exista confiança deve haver transparência, não há espaço para a dúvida, para obscuridade no sistema financeiro. Ex. os bancos devem divulgar seus balanços em jornais. Ex. artigo 3º, artigo 10, artigo 11, todos da Lei 7492/86. No sistema financeiro “caixa dois” é crime. Uma instituição financeira não pode ter uma contabilidade paralela, ou seja, o balanço não pode ser parcial.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
- Regulação: o sistema financeiro precisa estar regulado. Há riscos por excelência no sistema financeiro. Para que se mantenha a confiança e a transparência é necessário regulamentar o sistema para manter o risco em margens aceitáveis. Ex. quando um gerente vai emprestar um recurso deve observar os requisitos exigidos pela instituição (renda, aval).
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Sistemática de proteção: dada a sua importância merece proteção penal. É um bem jurídico de natureza transindividual. Um tipo penal só se justifica pela medida da sua ofensividade. Grande parte dos crimes cometidos contra o sistema financeiro são crimes de perigo, não se espera que o banco quebre, que as pessoas percam dinheiro, antecipa-se à consumação. Evita-se o dano, criminalizando o risco.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Autoria (gerência, condições subjetivas): artigo 25, Lei 7492/86
- controlador, gerente, diretor, gestor, interventor, liquidante... 
Embora a lei defina os responsáveis, a responsabilidade não é objetiva, deve haver uma participação culposa ou dolosa. As regras de autoria do artigo 29, CP continuam valendo. Muitas vezes os crimes são cometidos pela pessoa jurídica, por isso deve-se analisar se essas pessoas arroladas cometeram o crime. Para tanto, utiliza-se a teoria do domínio do fato.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Teoria do domínio do fato: quem conhece o fato, sabe que a conduta está ocorrendo, tem pela sua condição o poder de cessar a conduta, mas não o faz e acaba aderindo à conduta. Assemelha-se à figura do garante. O gerente quando tem o domínio sobre a situação e se omite, irá responder pelo crime. O gerente ou equiparado deve evitar o risco.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Há muitos crimes próprios na Lei 7492/86, entretanto é possível o particular concorrer para o crime, se o particular conhece essa circunstância. Ex. gerente simula contemplações para o dono de uma empresa de veículos, ambos responderão por gestão fraudulenta. Essa condição subjetiva é um elemento do tipo.
Equivalente aos casos de babá e infanticídio.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Conceito de Instituição Financeira para fins penais: a Lei 7492/86, no seu artigo 1º tem um conceito próprio. Não é o mesmo conceito administrativo. “Considera-se instituição financeira para efeitos desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, captação, intermediação ou aplicação.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Captar: ocorre quando a instituição financeira busca recursos no mercado
Intermediar: ocorre quando a instituição financeira transfere recursos de uma pessoa à outra.
Aplicar: ocorre quando a instituição concede um financiamento, um crédito consignado, faz um empréstimo.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Recursos de terceiro: a interferência deve ser com recursos de terceiros. Não comporta a expressão recursos próprios que foi vetada. Em moeda nacional ou estrangeira ou a custódia de valores mobiliários (artigo 2º, Lei 6385/76).
Pessoa física: A lei expande o conceito quando inclui a pessoa física que exerça quaisquer das atividades referidas, ainda que de forma eventual.
Irrelevância da habitualidade: basta um ato para que se caracterize o crime. Há muitos crimes habituais impróprios.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Atividade equiparada:
- factoring em sentido estrito não é atividade típica de instituição financeira.
- administração de cartão de crédito, a jurisprudência também entende que não é atividade típica de instituição financeira, assim não se submetem à limitação de juros, porque na verdade é uma atividade de facilitação de pagamento.
- estados-membros também não são instituições financeiras, essa dúvida surgiu em razão de escândalos de precatórios, na verdade é uma operação de finanças públicas.
- previdências privadas possuem atividades típicas de instituição financeira.
- previdência pública não é atividade típica de instituição financeira.
- consórcio é atividade típica de instituição financeira
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Principais crimes:
a) Crime de gestão fraudulenta e gestão temerária: artigo 4º, Lei 7492/86 Praticar atos de gestão com fraude. Ardil, simulação, mesmo a omissão, pode caracterizar o crime. O ato de gestão é o ato que implica a realizaçãode atos típicos. A lei não exige habitualidade, por isso, um ato de gestão fraudulento consuma o crime. A doutrina tem classificado como crime habitual impróprio. Mesmo havendo habitualidade, a repetição não configura concurso de crimes. Há quem critique esse tipo penal, afirmando que é muito amplo, sendo o risco excessivo. Risco é um conceito normativo, não é uma norma penal em branco.
É um crime de perigo, não há necessidade de haver prejuízo ou dano, o crime se consuma independentemente do resultado.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
b) Crime de Apropriação: artigo 4º, Lei 7492/86
É um crime próprio, crime material, diferentemente da maioria dos outros crimes da Lei 7492/86, na medida que exige a inversão da posse, ou seja, a saída do recurso financeiro. O bem jurídico é o sistema financeiro subsidiariamente. A competência é da Justiça Federal.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
c) Crime de Operação de Instituição Financeira sem autorização ou com autorização mediante fraude: artigo 16, Lei 7492/86
Ocorre em relação a qualquer atividade do artigo 1º, Lei, então a pessoa física pode incorrer nesse crime. Crime formal, de perigo, ou seja, basta a conduta, não interessa se houve prejuízo. A jurisprudência afirma que é um crime habitual impróprio.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
d) Crime de obter financiamento em instituição mediante fraude: artigo 19, Lei 7492/86
A dúvida que surgiu refere-se ao elemento normativo “financiamento”. A doutrina bancária, financeira afirma que financiamento e mútuo não são sinônimos. Mútuo é o conceito genérico de concessão de créditos, o empréstimo é o mútuo sem vinculação, isto é,empresta-se o dinheiro para a pessoa fazer o que quiser com o dinheiro. Já o financiamento tem um fim específico. Ex. financiamento de veículo, financiamento de capital de giro de pessoa jurídica, financiamento agrícola.
A discussão está na abrangência do conceito de financiamento. Princípio da tipicidade, da legalidade estrita. O que está e proteção não é o patrimônio da instituição financeira, mas o sistema financeiro, o papel que a sistema financeiro exerce.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Conflito de competência 37187, STF. Financiamento não é empréstimo. Sendo financiamento a competência é da Justiça Federal, não sendo, será competência da Justiça Estadual.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Crimes cambiais:
Protege-se o sistema de câmbio. A proteção é quanto ao controle do câmbio. É possível mandar dinheiro para fora do Brasil se for observado os requisitos da lei. A pessoa deve informar para haver controle de câmbio, há também o interesse tributário para saber a origem do dinheiro. São crimes formais.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
e) Crime de Falso em operação de câmbio: artigo 21, Lei 7492/86
Recomenda-se que as pessoas guardem as notas de compras feitas no exterior por cinco anos. Prestar uma informação falsa nessas operações caracteriza o crime. É um crime de perigo, formal, comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticá-lo.
f) Crime de Evasão de divisas: artigo 22, Lei 7492/86
Conceito de divisas: são as moedas ou aquilo que permite a imediata conversão em moeda, ex. ouro, cheques de viagem, títulos ao portador que possam ser convertidos em moda estrangeira. Segundo a jurisprudência “mercadoria” não é divisa. Há um elemento subjetivo específico: “para o fim de evadir divisas”. É um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
§ único, artigo 22, Lei 7492/86: a qualquer título promover a saída da divisa sem autorização. Entende-se que é uma progressão do caput. A outra conduta é “manter no estrangeiro um depósito sem autorização”. Se o objetivo é o controle, deve-se comunicar à autoridade federal competente. Para o Banco Central o valor mínimo é cem mil dólares. Para Receita Federal é qualquer valor na declaração de imposto de renda de pessoa física e pessoa jurídica. No que se refere à saída física da divisa, o valor é de dez mil reais, não é em dólar. Em relação a depósitos acima de cem mil dólares, deve-se informar ao Banco Central em 31 de dezembro. É necessária a dupla comunicação para que não caracterize o crime. 
1º conduta: material e comum: deve haver um resultado, a fronteira deve ser evadida
2º conduta: formal e permanente: basta não comunicar
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Peculiaridades
Prisão preventiva: em razão da magnitude da lesão que causa ao sistema financeiro. Deve-se analisar juntamente com o artigo 312 do CPP.
Multa: artigo 23, Lei. Pode ser até dez vezes superior à multa do Código Penal, porque se trata de uma criminalidade econômica.
Ação penal pública incondicionada: promovida pelo Ministério público perante a Justiça Federal. Não há necessidade de exaurimento da via administrativa.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Competência: Justiça Federal, artigo 26, Lei. A rigor a competência da Justiça Federal é de natureza constitucional. Por exclusão o que não for da competência da Justiça Federal, será da Justiça Estadual. O fundamento da competência nos crimes contra o sistema financeiro está no artigo 109, VI, CF. O STJ tem um entendimento de que alguns crimes para ser da competência da Justiça Federal deve ser expressa, o que não reflete as regras de competência previstas na Constituição Federal.
Lavagem de dinheiro. HC 86860, Informativo 506, STF. Criação de varas especializada é constitucional.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO
No que tange aos aspectos históricos é um crime recente. Começou a ser identificado nos EUA, a partir dos anos 30. É um aspecto crucial para o combate ao crime organizado. Normas processuais de investigação diferenciadas são necessárias como: infiltração de testemunhas, delação premiada, proteção de testemunhas... 
A lavagem de dinheiro é o momento em que o crime organizado se expõe. Ex. máfia italiana utilizou lavanderias para ter uma aparência de licitude.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
A partir dos anos 70, com o crescimento do tráfico de drogas, potencializado nos anos 90 com a queda do Muro de Berlim, a lavagem de dinheiro tornou-se um fenômeno pernicioso na economia mundial. Por isso foram variados vários organismos internacionais de informação para combater o crime de organizado e proteger a economia mundial. GAFI é uma força tarefa criada pelo G-8 para esse fim. Há 40 recomendações do GAFI que podem ser acessado em sites da internet
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Nossa lei é considerada uma lei de segunda geração. As primeiras leis vinculavam a lavagem de dinheiro ao tráfico de drogas. Depois vieram as legislações de segunda geração, ou seja, em relação a um rol específico de crimes. A Lei 9613 de 1998 tem um rol de crimes antecedentes. Já há leis de terceira geração, isto é, não vinculam a nenhum crime específico, basta dar aparência de licitude por meio de qualquer crime, caracteriza-se a lavagem de dinheiro. No Brasil, há um projeto de lei nesse sentido
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Etapas do processo de lavagem de direito (processo fenomenológico)
Colocação: cria-se um distância entre a origem ilícita. Afastar o dinheiro da sua origem. Ex. comprar um quadro famoso
Ocultação: cria embaraços, anteparos, cria-se uma proteção que não permita identificar a origem. Ex. utilização de “laranjas”. Ex. 2 “smurf”, dividir o dinheiro em quantidades que não sejam rastreáveis.
Integração: trazer o recurso para a economia formal. Ex. ganhar em bingo, ganhar na loteria. Há controle sobre sorteios para controlar a lavagem de dinheiro, além de haver a questão tributária. Até mesmo rifas devem ser autorizadas pela Receita Federal. Operação Uruguai, quando uma pessoa simula um empréstimo. Atividade rural se presta muito à lavagem de dinheiro, até porque é tributada em 15%. Comércio de obras de arte também se presta à lavagem.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Lei 9613/98
É uma lei de segunda geração. Dependem de ter havido um crime anterior que tenha gerado proveito econômico. Oscrimes de lavagem de dinheiro têm um caráter acessório. A jurisprudência e doutrina entendem que acessoriedade é limitada. São crimes diferidos, mas tem autonomia de processo e julgamento. Não é necessário haver condenação transitada em julgado do crime antecedente.
Crimes antecedentes: artigo 1º, Lei 9613/98
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
a) tráfico de drogas: apenas o tráfico “stricto senso”, então não entra o crime de associação para o tráfico, o financiamento do tráfico (artigo 33, Lei 11343/06) também não está tipificado no inciso I.
b) terrorismo: não há esse crime no Brasil. Há na lei de segurança nacional “atos de terrorismo”. A doutrina entende que não existe esse crime antecedente.
c) contrabando ou tráfico de armas, munições: é o comércio internacional ou interno de armas e munições, que são os crimes da Lei 10826 (Lei do Desarmamento)
d) extorsão mediante seqüestro: artigo 159, CP. É um crime típico do crime organizado. A lei dos crimes hediondos (lei 8072/90) nasceu após o seqüestro de um empresário que criou o “Rock in Rio”, chamado Roberto Medina.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
e) crimes contra a administração pública: é tecnicamente mal redigido. Nossa legislação é inspirada na legislação internacional e nos modelos do GAFI
f) crimes contra o sistema financeiro: Lei 7492/86 – “Lei dos crimes de colarinho branco” e Lei 6385/76 – “Lei do mercado de capitais”.
g) Crimes praticados por particular contra a administração pública estrangeira: são os crimes dos artigos 337-B, 337-C, 337-D, do Código Penal. Ex. brasileiro que pratica crime em uma licitação no estrangeiro, o lucro obtido pode ser objeto de lavagem.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Cláusula de abertura
Há uma cláusula de abertura na Lei quando fala que é possível haver lavagem de dinheiro a partir de crimes praticados por organização criminosa. Alguns autores afirmam que é um reflexo da terceira geração. A lei 9034/95 que trata dos mecanismos para combate ao crime organizado. Entretanto a lei não define o que é crime organizado. Utiliza-se o conceito da Convenção de Palermo que foi internalizada pelo Decreto 5015/2004.
Crime organizado: abrange a quadrilha ou bando, as associações criminosas existentes e as que vierem a ser criadas e todos os crimes por ela praticados. As Cortes Superiores já decidiram que deve ficar excluída do conceito de crime organizado a quadrilha bagatelar, assim entendida a que pratica delitos de baixa lesividade.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Bem jurídico
Foi um tema polêmico na doutrina. Inicialmente entendeu-se que seria o mesmo bem jurídico do crime antecedente, então o crime acessório seria mero exaurimento do crime antecedente. Depois se entendeu que o bem jurídico tutelado é a ordem econômico-social, mas hoje prevalece que o bem jurídico tutelado é a ordem econômico-financeira.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Tipos
Crime de ocultar ou dissimular bens, direitos ou valores: artigo 1º, Lei 9613/98. O conceito de bens, direitos ou valores encontra-se na Convenção de Viena. Não há lavagem de dinheiro em relação aos instrumentos do crime. É um tipo misto alternativo. Não é necessário praticar todas as condutas, basta uma para sua configuração.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Crime de acessoriedade limitada. Tem autonomia de processo e julgamento. É um crime de mera conduta, crime comum, pode ser praticado até mesmo pelo autor do crime antecedente. É possível concurso de pessoas.
A tentativa é possível, mesmo sendo um crime de mera conduta, porque o “iter criminis” pode ser fracionado. 
Homicídio mediante paga pode ser objeto de lavagem de dinheiro. 
A ocultação de simulação pode ser de pequena monta.
A jurisprudência admite o dolo eventual, pois basta que a pessoa assuma o risco.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
O artigo 2º contempla hipóteses específicas do crime de lavagem. Há um elemento subjetivo do injusto no artigo 2º, inciso I, “para ocultar ou dissimular a origem dos bens ilícitos”. No inciso III “importar bens”, simular que o ingresso foi maior, assim o lucro é irreal.
Dolo direto: § 2º, do artigo 2º, contempla hipótese de dolo direto.
Causa especial de aumento: § 4º, artigo 2º, Lei 9613.
Delação Premiada: § 5º, artigo Lei 9613.
Aspectos processuais: rito comum ordinário, independência de processamento e julgamento.
Competência: quando o crime antecedente for da Justiça Federal, o crime de lavagem também será. Se for crime de evasão de divisas, mesmo que o antecedente não seja competência da Justiça Federal, esse crime será.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Sequestro ou apreensão de bens: medida assecuratória, artigo 4º, Lei 9613. Prazo dessas medidas: 120 dias. Se o MP não oferecer a denúncia, os bens devem ser liberados.
A Lei 9613, no artigo 6º, afirma que não se aplica o artigo 366, CPP, entretanto a doutrina tem entendido que essa regra é inconstitucional, porque a regra do CPP é processual, ademais a prescrição fica suspensa e a própria lei de lavagem refere o artigo 366, CPP.
Efeitos da condenação: artigo 7º (perda de bens, de cargo público, interdições) 
Sistema de controle das atividades financeiras: artigos 9 a 11 regulam o sistema de controle das atividades financeiras, a fim de detectar indícios de lavagem de dinheiro.
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
A Lei 9.613/1998, que criminalizou a conduta de lavagem de capitais e dispôs sobre as obrigações ligadas à prevenção de lavagem, tinha, como principais características, aquelas típicas das legislações de segunda geração. Trazia uma lista fechada de crimes antecedentes, que não incluía, por exemplo, os crimes de evasão fiscal ou crimes econômicos (em sentido estrito), ou os tradicionais crimes contra o patrimônio. A pena para quem ocultasse ou dissimulasse natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores oriundos da prática daqueles precisos crimes antecedentes era de três a dez anos, e multa. 
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Lei 12.683/2012 
O relatório da última avaliação do Brasil pelo GAFI foi apresentado em junho de 2011. Entre outras críticas, foram citadas: 
- poucas condenações finais por lavagem de dinheiro; 
- problemas sistêmicos no sistema judiciário dificultam seriamente a capacidade de se obter condenações finais e penas; 
- pequena variedade de crimes antecedentes; 
- falta de responsabilização civil ou administrativa direta às pessoas jurídicas por crimes de lavagem de dinheiro; 
- o número de confiscos é muito baixo, dado o tamanho da economia e o risco da lavagem de dinheiro 
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
- os sistemas de gerenciamento de ativos são deficientes, o que deprecia os bens apreendidos; 
- a não colocação de advogados, tabeliães, outras profissões jurídicas independentes, contadores, prestadores de serviços de assessoria e consultoria de empresas e corretores de imóveis pessoas físicas como “pessoas obrigadas”;(2) 
- as instituições financeiras não são expressamente proibidas de estabelecer ou manter relações de correspondência bancária com bancos “de fachada”; e 
- estatísticas insuficientes sobre investigações, denúncias e condenações por lavagem de dinheiro, bem como sobre o número de casos e os valores dos bens confiscados. 
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
A aprovação pelo Congresso Nacional do texto que altera a Lei 9.613/1998 sana algumas dessas críticas apontadas pelo GAFI. Merecem destaque nesse novo texto: 
1. Término do rol de crimes antecedentes 
Alinhando-se às legislações mais modernas, e aos padrões recomendados pelo GAFI, o Brasil excluiu o rol de crimes antecedentes à lavagem de dinheiro. Segundo o novo art. 1.º da Lei 9.613/198, com redação dada pela Lei 12.683/2012, a lavagem de dinheiro será caracterizada por: 
“Art. 1.º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal”. 
Importante destacar que o legisladorescolheu usar a expressão infração penal de forma que as contravenções penais também podem ser antecedentes ao crime de lavagem de dinheiro. 
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
2. Previsão da alienação antecipada 
Nos termos do § 1.º do art. 4.º do novo Diploma Legal, “§ 1.º Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção”. 
Sem sombra de dúvida, essa é uma medida de extrema utilidade prática. A alienação antecipada é a medida de precaução mais adequada a ser realizada, pois é a que representa menor risco de depreciação do valor do bem, possibilitando uma melhor preservação do seu valor real até o final da prestação jurisdicional. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, em julho de 2011, esse Conselho “aferiu, por meio do SNBA, que, desde a implantação do sistema, houve o cadastramento de R$ 2.337.581.497,51 em bens. ‘Deste valor, 0,23% foi objeto de alienação antecipada, representando R$ 5.330.351,89, e 1,85%, correspondendo a R$ 43.334.075,60, houve perdimento em favor da União e dos Estados.’ 
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Além disso, em 4,43% desses valores, importando R$ 103.452.804,44, ocorreu a restituição dos bens, e em 0,15%, ou seja, R$ 3.404.456,34, restou a destruição. A conclusão que se extrai com esses dados é que o alto percentual de 93,35% dos bens apreendidos ainda permanece aguardando destinação, com situação ‘a definir’, representando o expressivo valor de R$ 2.182.059.809,24 sob a responsabilidade do Poder Judiciário” (Manual de bens apreendidos, CNJ, 2011, p. 4). 
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
3. Utilização dos bens após o perdimento 
De acordo com o § 1.º do art. 7.º, a União e os Estados, no âmbito de suas competências, regulamentarão a forma de destinação dos bens, direitos e valores cuja perda houver sido declarada, assegurada, quanto aos processos de competência da Justiça Federal, a sua utilização pelos órgãos federais encarregados da prevenção, do combate, da ação penal e do julgamento dos crimes previstos nesta Lei, e, quanto aos processos de competência da Justiça Estadual, a preferência dos órgãos locais com idêntica função. 
Tal determinação vem ao encontro das diretrizes internacionais no sentido de que os bens retirados dos criminosos devem ser utilizados pelo Estado para aparelhar as instituições responsáveis pelo combate ao crime organizado. A melhor forma de estimular e fortalecer as instituições de Estado é dando-lhes efetivas condições de trabalho. 
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
4. Aumento do rol de “pessoas obrigadas” 
A Lei 9.613/1998 procura coibir a lavagem de dinheiro no Brasil. Para isso, além de criar os tipos penais, a lei traz um regime administrativo de combate à lavagem de dinheiro, de forma que tal combate é feito de forma compartilhada entre o Estado e os setores da economia mais frequentemente utilizados na prática deste crime. 
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
As chamadas pessoas obrigadas estão previstas no art. 9.º da Lei 9.613/1998. Com a aprovação das alterações na lei, passam, entre outras, também a ter as obrigações mencionadas: 
- as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação do mercado de balcão organizado; 
- as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis; 
- as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, intermedeiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie; 
- as juntas comerciais e os registros públicos; 
- as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações: 
I. de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações societárias de qualquer natureza; 
II. de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos; 
III. de abertura ou gestão de contas bancárias de poupança, investimento ou de valores mobiliários; 
IV. de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades desportivas ou artísticas profissionais; 
- pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, exposições ou eventos similares. 
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
5. Aumento da multa pecuniária para as “pessoas obrigadas” 
Conforme supraexposto, as “pessoas obrigadas”, listadas no art. 9.º, devem manter cadastro atualizado dos clientes, comunicar a realização ou proposta de realização de operações suspeitas e atender as requisições formuladas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), entre outras obrigações. 
Aquelas pessoas que deixarem de cumprir seus deveres, são passíveis de algumas sanções, quais sejam: advertência, multa pecuniária, inabilitação temporária e cassação da autorização para operação ou funcionamento. 
A lei vigente estabelece um limite de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), sendo que o novo texto aumentará esse valor para R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais), trazendo a possibilidade de punição equivalente ao porte da pessoa física ou jurídica que deixar de cumprir suas obrigações. O valor anterior, dependendo da situação, era muito baixo e, para determinadas empresas, valia a pena o risco 
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
6. Acesso da autoridade policial e do Ministério Público a dados cadastrais 
O novo texto legal cria o art. 17-B a seguir transcrito: “Art. 17-B. A autoridade policial e o Ministério Público terão acesso, exclusivamente, aos dados cadastrais do investigado que informam qualificação pessoal, filiação e endereço, independentemente de autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas empresas telefônicas, pelas instituições financeiras, pelos provedores de internet e pelas administradoras de cartão de crédito”. 
A criação deste artigo teve por objetivo esclarecer a determinadas empresas que os dados cadastrais dos investigados devem ser disponibilizados para a autoridade policial ou para o Ministério Público, independentemente de autorização judicial. O que vem ocorrendo nos dias atuais é que empresas de um mesmo ramo de atuação se comportam de forma diferente quando recebem solicitações de tais dados. Algumas os disponibilizam e outras alegam a violação ao direito da intimidade para negá-los. 
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
Tal fato gera uma situação surreal. Como é possível diversas empresas de concessão de crédito ou mesmo pessoas jurídicas que assinam determinados serviços a elas disponibilizados terem acesso aos dados cadastrais de clientes ou potenciais clientes e as autoridades públicas necessitarem de autorização judicial? Por que haveria violação ao direito da intimidade ao disponibilizar os dados cadastrais para a autoridade policial ou para o Ministério Público e não haveria essa violação ao disponibilizar os mesmos dados para empresas comerciais? 
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária SUPRIMIR OU REDUZIR tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)         
 Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
SONEGAÇÃO FISCAL EM SENTIDO PRÓPRIO
Trata-se de CRIME MATERIAL E DE DANO, que exige a produção do resultado naturalístico para sua consumação: efetiva supressão ou redução de tributo, que deve ser produto de um comportamento fraudulento anterior.
BEM JURÍDICO TUTELADO: é a veracidade da ordem tributária em seu aspecto material; é a regularidade da ordem tributária, que somente funciona se houver a veracidade das declarações, dos documentos e dos lançamentos por homologação.SUJEITO ATIVO: é qualquer pessoa.
SUJEITO PASSIVO: é o Estado/Fazenda Pública.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
A revogada lei 4502/1964 conceituava sonegação:
Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o CONHECIMENTO por parte da autoridade fazendária: 
I - da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; 
II - das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. 
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
informativo nº 570/stf - plenário
Súmula Vinculante nº 24:
“Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.” 
Plenário, 02.12.2009.  
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
HC 81611/DF. Relator(a):  Min. SEPÚLVEDA PERTENCE. Julgamento:  10/12/2003. Órgão Julgador:  Tribunal Pleno. 
EMENTA: I. Crime material contra a ordem tributária (L. 8137/90, art. 1º): lançamento do tributo pendente de decisão definitiva do processo administrativo: falta de justa causa para a ação penal, suspenso, porém, o curso da prescrição enquanto obstada a sua propositura pela falta do lançamento definitivo. 
1. Embora não condicionada a denúncia à representação da autoridade fiscal (ADInMC 1571), falta justa causa para a ação penal pela prática do crime tipificado no art. 1º da L. 8137/90que é material ou de resultado - enquanto não haja decisão definitiva do processo administrativo de lançamento, QUER SE CONSIDERE O LANÇAMENTO DEFINITIVO UMA CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE OU UM ELEMENTO NORMATIVO DE TIPO. 
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
2. Por outro lado, admitida por lei a extinção da punibilidade do crime pela satisfação do tributo devido, antes do recebimento da denúncia (L. 9249/95, art. 34), princípios e garantias constitucionais eminentes não permitem que, pela antecipada propositura da ação penal, se subtraia do cidadão os meios que a lei mesma lhe propicia para questionar, perante o Fisco, a exatidão do lançamento provisório, ao qual se devesse submeter para fugir ao estigma e às agruras de toda sorte do processo criminal
3. No entanto, enquanto dure, por iniciativa do contribuinte, o processo administrativo suspende o curso da prescrição da ação penal por crime contra a ordem tributária que dependa do lançamento definitivo.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Os crimes contra ordem tributária, previstos no art. 1.º, incisos I a IV, da Lei n.º 8.137/90, não se tipificam antes do lançamento definitivo do tributo, nos termos da Súmula Vinculante n.º 24. Todavia, constatada a materialidade delitiva no decorrer do processo administrativo, com a consequente constituição do crédito tributário, mostra-se prescindível a realização de ulterior perícia contábil, mormente no caso em que o Juízo sentenciante consigna que a sonegação fiscal se encontrava devidamente comprovada mediante outros elementos de convicção constantes dos autos.
(RHC 28.568/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, DJe 23/11/2012)
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
A constituição definitiva do tributo sonegado é condição de procedibilidade nas ações penais em que se apura os crimes contra a ordem tributária. (...) 3. A pendência de procedimento administrativo em que se discuta eventual direito de compensação de débitos tributários com eventuais créditos perante o Fisco não tem o condão, por si só, de suspender o curso da ação penal, eis que devidamente constituído o crédito tributário sobre o qual recai a persecução penal.(AgRg no REsp 1233411/DF, Rel. Min. JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,DJe 14/09/2012)
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Informativo nº 0502/STJ 
Quinta Turma
Não há nulidade na decretação de medidas investigatórias para apurar crimes autônomos conexos ao crime de sonegação fiscal quando o crédito tributário ainda pende de lançamento definitivo. 
Conforme a jurisprudência do STF, à qual esta Corte vem aderindo, não há justa causa para a persecução penal do crime de sonegação fiscal antes do lançamento do crédito tributário, sendo este condição objetiva de punibilidade. 
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
No caso, foram decretadas medidas investigatórias (interceptação telefônica, busca e apreensão e quebra de sigilo bancário e fiscal) antes do lançamento do crédito tributário.
Porém, buscava-se apurar não apenas crimes contra a ordem tributária, mas também os de formação de quadrilha e falsidade ideológica. Portanto, não há ilegalidade na autorização das medidas investigatórias, visto que foram decretadas para apurar outros crimes nos quais não há necessidade de instauração de processo administrativo-tributário
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Nesse caso, incumbe ao juízo criminal investigar o esquema criminoso, cabendo à autoridade administrativo-fiscal averiguar o montante de tributo que não foi pago. 
Assim, a Turma entendeu que não são nulas as medidas decretadas, pois atenderam os pressupostos e fundamentos de cautelaridade, sobretudo porque, quando do oferecimento da denúncia, os créditos tributários já tinham sido definitivamente lançados. Precedentes do STF: HC 81.611-DF, DJ 13/5/2005, e do STJ: RHC 24.049-SP, DJe 7/2/2011. HC 148.829-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/8/2012.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
MEIOS E MODOS DE EXECUÇÃO 
 A sonegação é crime de ação múltipla, que pode ser realizada mediante as condutas fraudulentas indicadas no art. 1º, incisos I a V e p. único).
Deve-se buscar o inciso que melhor se enquadre na situação fática, não havendo que se falar em concurso de crimes se várias condutas fraudulentas são empregadas numa única sonegação.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
I – omitir (ocultar, não mencionar) informação, ou prestar (transmitir, comunicar) declaração falsa às autoridades fazendárias;
Ex1: o sujeito declara que o estabelecimento é microempresa, mas tem faturamento superior;
Ex2: exportações e importações: o sujeito declara falsamente a origem do produto ou usa empresa fictícia e recebe incentivos fiscais, resultando redução de tributo. 
Ex3: declaração de imposto de renda: o sujeito declara falsamente ou omite os valores tributáveis, dependentes, rendimentos etc, resultando redução ou supressão de tributo. 
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Caso
1. Na apuração do Imposto de Renda da Pessoa Física, o sujeito passivo da obrigação tributária presta ao Fisco todas as informações relativas às hipóteses de incidência do referido tributo no prazo previsto na legislação aplicável, para que seja conhecida a base de cálculo sobre a qual irá incidir a alíquota respectiva.
2. Sem olvidar o entendimento consolidado no enunciado n. 24 da Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, eventual omissão ou declaração com a intenção de reduzir ou suprimir tributo se verifica no momento em que a legislação tributária atribui ao próprio contribuinte o dever de fornecer ao Fisco as informações necessárias à apuração e definição da exação.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
3. A declaração falsa inserida na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física nada mais é do que a representação da informação contida no documento ideologicamente falsificado, do qual se utiliza o agente para obter a redução ou supressão do referido tributo, circunstância que impede a incidência dos tipos penais previstos no artigo 299 e 304 do Código Penal, para que não ocorra o vedado bis in idem.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
4. O fato do sujeito passivo da obrigação tributária apresentar o documento ideologicamente falsificado à autoridade fazendária, quando chamado a comprovar as declarações prestadas em momento anterior, se trata demero exaurimento da conduta necessária para a configuração do delito de sonegação fiscal, já que desprovido, neste momento, de qualquer outra potencialidade lesiva que exija a aplicação autônoma do delito descrito no artigo 304 do Estatuto Repressor.
(RHC 26.891/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, DJe 01/08/2012)
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Informativo nº 0502/STJ - Quinta Turma
Constitui mero exaurimento do delito de sonegação fiscal a apresentação de recibo ideologicamente falso à autoridade fazendária, no bojo de ação fiscal, como forma de comprovar a dedução de despesas para a redução da base de cálculo do imposto de renda de pessoa física (IRPF), (Lei n. 8.137/1990). 
Segundo se afirmou, o falso teria sido cometido única e exclusivamente com o objetivo de reduzir ou suprimir o pagamento do imposto de renda. 
Assim, em consonância com o enunciado da Súm. n. 17 desta Corte, exaurida a potencialidade lesiva do documento para a prática de outros crimes, a conduta do falso ficaria absorvida pelo crime de sonegação fiscal.
HC 131.787-PE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/8/2012.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Obs.: sonegação de rendas auferidas através de atividades ilícitas (ex. IR de traficante de drogas). A tributação não recai sobre o exercício da atividade criminosa em si, mas sobre o benefício obtido (STF HC 77530/RS)
Art. 118, CTN. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:
I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;
A jurisprudência da Corte, à luz do art. 118 do Código Tributário Nacional, assentou entendimento de ser possível a tributação de renda obtida em razão de atividade ilícita, visto que a definição legal do fato gerador é interpretada com abstração da validade jurídica do ato efetivamente praticado, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Princípio do non olet. Vide o HC nº 77.530/RS, Primeira Turma, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 18/9/98. 
(HC 94240, Relator(a):  Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, PUBLIC 13-10-2011)
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
II - fraudar (enganar) a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza (falsidade ideológica), em documento ou livro (credibilidade) exigido pela lei fiscal;
Ex1: ICMS – Lançamento de notas fiscais no livro de registro de saída de mercadorias com valores inferiores aos constantes nas notas fiscais;
Ex2: lançamento de várias notas fiscais ao mesmo tempo com valores lançados inferiores ao valor da soma total delas, na expectativa de que o fiscal não confira nota por nota.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
III - falsificar ou alterar (falsidade material) nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável (operações isentas não são alcançadas);
Trata-se de falsidade material que recai sobre documento relativo à operação tributável (nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda etc).
Ex: utilização de notas fiscais paralelas. A simples impressão é ato preparatório. O ato de execução é o uso da nota falsa, dando ensejo á redução ou supressão de tributo.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
IV – ELABORAR (preparar, confeccionar, organizar), DISTRIBUIR (repartir, espalhar), FORNECER (abastecer, guarnecer), EMITIR (exprimir, publicar, expedir, por em circulação) ou UTILIZAR (fazer uso, empregar com vantagem) documento que SAIBA (dolo direto) ou DEVA SABER (dolo eventual) falso ou inexato;
A figura típica visa combater o comércio ilegal de documentos para a sonegação, sendo direcionada a coibir as quadrilhas especializadas em lesar o fisco.
Ex: venda de créditos frios através de notas fiscais de empresas fantasmas (inexistentes ou baixadas de ofício).
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
V - NEGAR (conduta comissiva - recusa expressa em fornecer) ou DEIXAR DE FORNECER (conduta omissiva – não emitir - obrigação tributária acessória), quando obrigatório, NOTA FISCAL OU DOCUMENTO EQUIVALENTE (ex.: recibo de pagamento de honorários pela prestação de serviço), relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou FORNECÊ-LA EM DESACORDO (conduta comissiva) com a legislação (lei em sentido formal).
A rigor, o inciso V já estaria abrangido pelo inciso II.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.
É modalidade especial de desobediência que cria obstáculo à ação fiscal. 
Sanciona-se o descumprimento de ordem legal de autoridade no sentido de colaborar com a fiscalização, apresentando documentos, livros etc.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
informativo nº 417/stj – 6ª turma
O STJ já firmou o entendimento de que o delito de supressão ou redução de tributo é material (art. 1º da Lei n. 8.137/1990), consumando-se, portanto, no momento da efetiva supressão ou redução consubstanciadas na vantagem auferida ou no prejuízo causado com a evasão tributária. 
Por sua vez, o delito previsto no parágrafo único do referido dispositivo (de descumprir exigência da autoridade fazendária) também tem essa natureza. 
Portanto, para sua configuração, é necessário que haja a redução ou supressão de tributo tal qual definido no caput daquele artigo, o que não ocorreu na hipótese. REsp 1.113.460-SP, Rel. Min. Celso Limongi, julgado em 24/11/2009.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
SONEGAÇÃO FISCAL IMPRÓPRIA
Trata-se de condutas ilícitas antecedentes à efetiva supressão ou redução do tributo.
São crimes formais, cuja consumação ocorre com a prática das condutas descritas, independentemente do efetivo resultado de supressão ou redução de tributo.  
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
I - FAZER DECLARAÇÃO FALSA ou OMITIR DECLARAÇÃO sobre rendas, bens ou fatos, ou EMPREGAR OUTRA FRAUDE, para eximir-se (especial fim de agir), total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
BEM JURÍDICO: veracidade das declarações sobre rendas, bens ou fatos.
A fraude é empregada não para afastar o fato gerador, mas para eximir-se (especial fim de agir) total ou parcialmente do pagamento do tributo (não há menção a acessórios).
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
II - DEIXAR DE RECOLHER (não depositar), no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, DESCONTADO (ex.: IR na fonte) ou COBRADO (ex.: IOF em empréstimo), na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;
Basta a omissão do recolhimento, não se exigindo o animus rem sibi habendi.
Trata-se de conduta omissiva (deixar de recolher), em que o sujeito passivo da obrigação tributária deixa de proceder ao recolhimento do tributo (IR, IOF, IPI) ou contribuição social (CIDE).
Não há crime se o sujeito DEIXAR DE DESCONTAR ou COBRAR O TRIBUTO. É mero ilícito tributário pelo descumprimento da obrigação
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
III – EXIGIR (cobrar, reclamar, impor como obrigação), PAGAR OU RECEBER, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer PERCENTAGEM sobre a parcela dedutível ou deduzida de IMPOSTO OU DE CONTRIBUIÇÃO como incentivo fiscal;
O sujeito ativo é o particular.
Incentivo fiscal é o subsídio outorgado pelo Estado na forma de renúncia de parte de receita tributária, visando investimento em atividades, empreendimentos ou operações de seu interesse (cultura, meio ambiente, esporte).
Ex.: IPI reduzidopara veículos movidos a GNV.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
IV - DEIXAR DE APLICAR (desvio de finalidade), ou APLICAR EM DESACORDO com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
Há desvio de finalidade do incentivo fiscal, vinculado a políticas de desenvolvimento de determinadas regiões.
As parcelas liberadas e os incentivos fiscais ligam-se a um projeto de viabilidade técnico-financeira, assumindo seu beneficiário o compromisso formal de aplicá-los nos investimentos e custos específicos.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
O crime é formal e subsidiário: pune-se a mera utilização e divulgação de programa que permita dois controles contábeis. 
Se a utilização do programa gerar supressão ou redução de tributos, aplica-se o art. 1º. 
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Art. 3° Constitui CRIME FUNCIONAL CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
Incisos I e II - Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Inciso III - Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
I – EXTRAVIAR (desencaminhar – crime permanente) livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função (deve haver nexo causal); SONEGÁ-LO (omissão - deixar de apresentar, ocultar), ou INUTILIZÁ-LO (tornar inútil), total ou parcialmente, ACARRETANDO PAGAMENTO INDEVIDO OU INEXATO DE TRIBUTO OU CONTRIBUIÇÃO SOCIAL (é necessário o resultado naturalístico);
O sujeito ativo é funcionário da fazenda pública. 
O elemento subjetivo é o dolo.
Figura especial em relação ao delito do artigo 314, CP.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
II - EXIGIR, SOLICITAR OU RECEBER, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas EM RAZÃO DELA (deve haver nexo funcional), VANTAGEM INDEVIDA; ou ACEITAR PROMESSA de tal vantagem, PARA DEIXAR DE LANÇAR OU COBRAR TRIBUTO OU CONTRIBUIÇÃO SOCIAL, OU COBRÁ-LOS PARCIALMENTE (especial fim de agir). 
O sujeito ativo é funcionário da fazenda pública. 
Figura especial em relação aos delitos dos artigo 316 (concussão) e 317 (corrupção passiva), do CP, agregando-se o especial fim de agir “para deixar de lançar ou cobrar cobrá-los parcialmente” ao elemento subjetivo.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
III – patrocinar (advogar, proteger, facilitar), direta ou indiretamente, interesse privado (mesmo que legítimo) perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público.
Figura especial em relação à advocacia administrativa (art. 321, CP).
O sujeito ativo pode ser qualquer funcionário público, desde que o patrocínio se desenvolva perante a administração fazendária. 
Não se exige que a atuação seja motivada pelo interesse de obter vantagem.
A pena é mais grave do que no Código Penal, não havendo diferença se o interesse é legítimo ou ilegítimo. 
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e 4° a 7°:
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
I - ocasionar grave dano à coletividade;
II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções;
III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
AÇÃO PENAL
Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação penal pública, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
SÚMULA Nº 609/STF: 
É PÚBLICA INCONDICIONADA A AÇÃO PENAL POR CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL.
Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público nos crimes descritos nesta lei, fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Informativo nº 0527/STJ- Terceira Seção
Compete à Justiça Estadual – e não à Justiça Federal – o julgamento de ação penal em que se apure a possível prática de sonegação de ISSQN pelos representantes de pessoa jurídica privada, ainda que esta mantenha vínculo com entidade da administração indireta federal. 
Isso porque, nos termos do art. 109, IV, da CF, para que se configure hipótese de competência da Justiça Federal, é necessário que a infração penal viole bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, o que não ocorre nas hipóteses como a em análise, em que resulta prejuízo apenas para o ente tributante, pessoa jurídica diversa da União – no caso de ISSQN, Municípios ou DF. 
CC 114.274-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/6/2013.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
DELAÇÃO PREMIADA
Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. 
(Parágrafo incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995)
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Lei 9249/95
Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia.
CONTROVÉRSIA:
1) STJ (3ª SEÇÃO) e maioria da doutrina: com o parcelamento extingue-se a punibilidade, pois parcelar corresponde a promover o pagamento.
2) STF e STJ (5ª Turma): Somente o pagamento integral do débito antes do recebimento da denúncia extingue a punibilidade.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
À luz da pacífica jurisprudência do STJ e do STF, acerca da aplicação do artigo 34 da Lei 9.249/95, não há falar em extinção da punibilidade do crime se a adesão ao regime de parcelamento deu-se na vigência das Leis nºs 9.964/00 e 10.684/03, como ocorre in casu.
(AgRg no REsp 1274719/PR, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU, QUINTA TURMA, DJe 26/03/2012)
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Lei 9964 de 10/04/2000 – REFIS I
Art. 15. É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e no art. 95 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no Refis, desde que a INCLUSÃO NO REFERIDO PROGRAMA TENHA OCORRIDO ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA CRIMINAL.
§ 1o A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se, também:
I – a programas de recuperação fiscal instituídos pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, que adotem, no que couber, normas estabelecidas nesta Lei;
II – aos parcelamentos referidos nos arts. 12 e 13.
 § 3o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento antes do recebimento da denúncia criminal.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Lei 10684/2003 PAES/REFIS II
Art. 9º É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27de dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento.
§ 1º A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
§ 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios.
“É entendimento jurisprudencial desta Corte Superior que com o advento da Lei n.º 10.684/03 o pagamento do tributo a qualquer tempo extingue a punibilidade quanto aos crimes contra a ordem tributária. Habeas corpus concedido para sobrestar a execução do feito até que se julgue a Revisão Criminal”.
(HC 232.376/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, DJe 15/06/2012)
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
1. Com o advento da Lei n. 10.684/03, no exercício da sua função constitucional e de acordo com a política criminal adotada, o legislador ordinário optou por retirar do ordenamento jurídico o marco temporal previsto para o adimplemento do débito tributário redundar na extinção da punibilidade do agente sonegador, nos termos do seu artigo 9º, § 2º, sendo vedado ao Poder Judiciário estabelecer tal limite. 
2. Não há como se interpretar o referido dispositivo legal de outro modo, senão considerando que o pagamento do tributo, a qualquer tempoaté mesmo após o advento do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, é causa de extinção da punibilidade do acusado.
3. Como o édito condenatório foi alcançado pelo trânsito em julgado sem qualquer mácula, os efeitos do reconhecimento da extinção da punibilidade por causa que é superveniente ao aludido marco devem ser equiparados aos da prescrição da pretensão executória. (HC 180.993/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, DJe 19/12/2011)
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Lei no 11.941, de 27/05/2009 – “REFIS DA CRISE”
Art. 67.  Na hipótese de parcelamento do crédito tributário ANTES DO OFERECIMENTO da denúncia, essa somente poderá ser aceita na superveniência de inadimplemento da obrigação objeto da denúncia. 
Art. 68.  É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, limitada a suspensão aos débitos que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento, enquanto não forem rescindidos os parcelamentos de que tratam os arts. 1o a 3o desta Lei, observado o disposto no art. 69 desta Lei. 
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Parágrafo único.  A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva. 
Art. 69.  Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no art. 68 quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento. 
Parágrafo único.  Na hipótese de pagamento efetuado pela pessoa física prevista no § 15 do art. 1o desta Lei, a extinção da punibilidade ocorrerá com o pagamento integral dos valores correspondentes à ação penal. 
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996 
(ALTERADA PELA LEI Nº 12.382, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2011)
Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes contra a Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), será encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010)
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
§ 1o Na hipótese de concessão de parcelamento do crédito tributário, a representação fiscal para fins penais somente será encaminhada ao Ministério Público após a exclusão da pessoa física ou jurídica do parcelamento.
§ 2o É suspensa a pretensão punitiva do Estado referente aos crimes previstos no caput, durante o período em que a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no parcelamento, desde que o pedido de parcelamento tenha sido formalizado antes do recebimento da denúncia criminal.
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (Lei 8.137)
§ 3o A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva.
§ 4o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no caput quando a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento.
§ 5o O disposto nos §§ 1o a 4o não se aplica nas hipóteses de vedação legal de parcelamento.
§ 6o As disposições contidas no caput do art. 34 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, aplicam-se aos processos administrativos e aos inquéritos e processos em curso, desde que não recebida a denúncia pelo juiz."

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