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Leishmaniose Corrigida2

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE 
GOIÁS- IFG 
EDUARDO DE SOUZA MARTINS, MIGUEL AUGUSTO TARARA, JOÃO 
MARCELO PÓVOA CIRINEU 
 
 
 
 
 
 
LEISHMANIOSE 
 
 
 
 
 
 
Campus: Aparecida de Goiânia 
 
 
 
Aparecida de Goiânia 
2017 
 
 Introdução 
A doença considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das seis 
mais importantes doenças infecciosas, pelo seu alto coeficiente de detecção e 
capacidade de produzir deformidades, foi protagonista de um episódio preocupante em 
Uruaçu nesse último mês de 2017, a leishmaniose. Isso definitivamente torna o estudo 
da patologia algo de importante realização, já que não se trata de uma doença quase em 
esquecimento, mas sim de uma infecção que assombra os cidadãos por não ser 
usualmente comentada e que está em constante ascensão, uma vez que a população não 
é devidamente informada das causas, dos perigos e das possíveis prevenções que podem 
ser aplicadas facilmente se compararmos com os danos originados por tal parasita nas 
pessoas e seus animais domésticos. 
Primeiramente, é importante esclarecer o que é definitivamente protozoário: Um ser 
vivo que compõe o reino protista e que só possui uma célula eucarionte em sua 
formação, ou seja, unicelular. Os protozoários são heterótrofos e muitas vezes 
apresentam-se como parasitas de outros seres vivos, como o próprio homem, causando 
várias doenças bastante conhecidas, como a doença-de-Chagas, a amebíase, a malária e 
é claro, a leishmaniose. Ademais, eles são classificados pelo tipo de locomoção, 
podendo ser flagelados, ciliados, rizópodes (utilizam pseudópodes) ou não terem 
estrutura de locomoção. 
Dessa forma, no atual trabalho, será abordada sobre a parasitose denominada 
leishmaniose, doença que possui como causadores os protozoários do gênero 
Leishmania, que se apresenta diferentemente conforme a espécie do parasita e cujos 
cuidados devem ser propagados e instigados pelo Ministério da Saúde ou pela própria 
população, pois o problema já perpassa o norte do estado de Goiás e se encaminha para 
a capital brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 A Patologia 
A doença Leishmaniose se origina pela infecção de protozoários do gênero Leishmania, 
podendo afetar a pele, vísceras ou mucosas de acordo com a espécie do parasita. Em 
outras palavras, a espécie do agente heteroxênico e o mecanismo defensor do 
hospedeiro, determina como a doença se manifesta. Esses protozoários vivem 
alternativamente em um hospedeiro vertebrado e no inseto vetor do gênero 
flebotomínio, que é um mosquito hematófago onde apenas as fêmeas são infectadas. 
Sendo assim, a doença é transmitida de modo vetorial, ou seja, o mosquito flebotomínio 
é o hospedeiro intermediário que movimenta a doença através da picada. Somado a isso, 
essa enfermidade pode se manifestar em quatro tipos clínicos principais a partir da 
espécie do protozoário. 
 
Enfermidade Espécie do parasita 
 
 
 
 
 
 Novo mundo 
 Velho mundo 
 
 
Vale dizer que os parasitas se diferenciam pelo subgénero, sendo um Leishmania e o 
outro Viannia. Além disso, na leishmaniose visceral, o cão, por exemplo, se torna um 
reservatório desse protozoário quando contaminado, podendo dar possibilidade para que 
um mosquito o pique e esse introduza o parasita no homem. 
 
 
Leishmaniose cutânea 
 Leishmaniose difusa 
Leishmaniose mucosa 
Leishmaniose visceral 
L.V.braziliensis 
L.L.amazonensis 
L.V.guyanensis 
L.L.major 
L.L.amazonensis 
L.V.braziliensis 
L.L.chagasi 
L.L.donovani 
 Morfologia 
Os protozoários do gênero Leishmania, são parasitas que só completam o seu ciclo com 
mais de um hospedeiro, assim eles se apresentam em formas promastigotas e 
amastigotas. 
No flebotomínio, a forma reprodutiva é a promastigota (14-20um), onde os agentes 
ecológicos são flagelados e vivem no meio extracelular (Figura 2 – item B). Já o 
amastigota (2-6um) é a forma evolutiva nos mamíferos, onde os parasitas se 
multiplicam no interior da célula, sendo aflagelados e com dimensão arredondada 
(Figura 2 – item A). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Leishmanias nas formas amastigotas e promatigotas 
 
 
 Vetores 
O mosquito do gênero flebotomínio é conhecido popularmente como mosquito de palha 
ou birigui. Na América do sul, esse inseto tem uma característica exclusiva, que é o 
flebotomínio do gênero Lutzomyia. Com dimensões 2-3mm, ele possui o corpo e asas 
peludas, com uma cor característica marrom. A fêmea hematófona morde não só o 
homem, mas também os animais. Ela precisa de sangue para o desenvolvimento de seus 
ovos, vale dizer que eles se protegem da luz do dia e do vento e tornam-se ativos 
durante a noite. Os mosquitos que propagam as doenças vivem em locais repletos de 
resíduos orgânicos e que sejam úmidos e escuros. 
 Situação epidemiológica 
A leishmaniose ocorre nas áreas tropical e subtropical de 98 países, incluindo 72 países 
em desenvolvimento com 350 milhões de pessoas. As áreas endêmicas são o sul da 
Europa e muitos países do leste da África, do sul da Ásia e da América do Sul. A 
prevalência global é estimada em 12 milhões de casos. A incidência de leishmaniose 
está aumentando em todo o mundo. 
O Brasil é um país onde mais se tem localidades onde esse parasita está presente, sendo 
que os espécimes mais abundantes são: as espécies braziliensis, amazonensis e 
guyanensis (causadoras da leishmaniose tegumentar americana) e a espécie chagasi 
(causadora da leishmaniose visceral ou calazar). No território nacional, a bacia 
amazonense tem predominância da espécie amazonensis, os estados do Amapá, 
Roraima, Pará e Amazonas a espécie guyanensis e o país inteiro, com exceção o Sul, 
possui casos com a espécie braziliensis, já sobre o espécime que causa o calazar, esse 
predomina o Nordeste e chega a Minas Gerais. 
A Leishmaniose Tegumentar America, já foi registrada em praticamente todos os países 
americanos, exceto no Uruguai e Chile. No Brasil, a comparação entre os valores do 
coeficiente de detecção e os números de casos de LTA registrados entre 1985 e 2003, 
aponta a incidência da doença no território brasileiro. (Figura 1) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 - Número de casos e coeficientes anuais de detecção de casos autóctones de LTA Brasil – 
1985 a 2003. Fonte: Ministério da Saúde 
Nos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana, podemos observar que há sempre 
um alto número de casos anualmente, quase nunca indo abaixo dos 20.000 por ano, 
apenas recentemente, em 2015 e 2016, conseguindo diminuir o número para 19.395 e 
1985 1988 1991 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 
Nºde casos 13639 25153 28449 35103 35748 30030 31303 21801 32439 34639 37712 34156 31343 
Coef.Detecção 10,45 17,99 19,36 22,83 22,94 19,12 19,6 13,47 19,78 20,85 22,41 19,55 17,7 
0 
5 
10 
15 
20 
25 
0 
5000 
10000 
15000 
20000 
25000 
30000 
35000 
40000 
Nºde casos Coef.Detecção 
12.690, respectivamente. É importante salientar que, as duas regiões com o maior 
número de casos são as do Norte e do Nordeste, possivelmente graças a sua falta de 
urbanização, que faz o trabalho do mosquito-palha como vetor muito mais fácil. Apesar 
do grande número de casos, a mortalidade é pequena; em 2015, apenas 13 pessoas 
morreram pela doença. 
Entre 1980 e 2005, o Brasil registrou 59.129 casos de leishmaniose visceral, sendo 
82,5% na Região Nordeste. Gradativamente, a leishmaniose visceral expandiu-se para 
asregiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste, passando de 15% dos casos em 1998 para 
44% em 2000, tendo em vista que entre os anos de 1985 e 2002, a média anual de casos 
foi de cerca 2.907 casos. (Figura 2) 
 
Figura 2 - Número de casos e o coeficiente de incidência de Leishmaniose Visceral, Brasil, 1985 -
2002. Fonte: Ministério da Saúde 
Leishmaniose Visceral causa entre 1,5 e 2 milhões de novos casos a cada ano em todo o 
mundo e cerca de 40 000 mortes. Seis países representam 90% dos casos dessa 
leishmaniose: Índia, Bangladesh, Nepal, Sudão, Sudão do Sul e Brasil. No Brasil, 
diferente da tegumentar, apresenta uma quantidade menor de casos, com uma média de 
3.190 casos por ano. Assim como nos casos da Leishmaniose Tegumentar, há um 
número maior de casos em uma região, nesse caso, o Nordeste, que costuma apresentar 
a maioria dos casos do Brasil. Dos 3.200 casos de 2016, 1.523 foram na região 
Nordeste. A possível causa disso é a mesma que a de seu parente; a falta de urbanização 
ajuda a propagação da doença, já que seu vetor gosta de viver na mata. 
1985 1988 1991 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 
Nº de casos 2224 816 1510 3426 3885 3246 2570 1977 3624 4858 3646 3102 
Incidência 1,89 1,32 1,03 2,23 2,49 2,09 1,61 1,33 2,29 2,23 1,72 1,95 
0,00 
0,50 
1,00 
1,50 
2,00 
2,50 
3,00 
0 
1000 
2000 
3000 
4000 
5000 
6000 
Nº de casos Incidência 
 
 Ciclo da Leishmaniose 
O ciclo de vida da leishmaniose tem um começo quando o mosquito (seja ele o 
Lutzomyia longipalpis, o Lutzomyia pessoai, o Lutzomyia intermedia, ou outra espécie), 
pela picada, contrai amastigotas (não flagelados) de certos mamíferos, como ratos, cães, 
gatos, raposas e o homem. Dessa forma, os macrófagos que carregam os protozoários se 
reúnem no trato digestório do determinado flebótomo e formam ninhos de amastigotas 
que ficam retidos no interior da matriz peritrófica. É nesse ambiente que se inicia o 
processo de transformação da forma amastigota para a sua forma promastigota 
procíclica que dura, em média, oito dias para se completar e só assim eles se migram 
para o epitélio do trato digestório, aproveitando o rompimento da matriz peritrófica. 
Desse modo, os promastigotas lá propagados se multiplicam por mitose, num grande 
processo de divisão binária. Tendo se multiplicado, eles passam pelo intestino e chegam 
à válvula estomodeal ou faríngica do flebótomo e se agrupam. Dessa maneira, os 
promastigotas sofrem uma diferenciação chamada metaciclogênese que diminui o 
tamanho de seu corpo e aumenta o tamanho de seu flagelo e por consequência sua 
velocidade, sendo denominado então promastigota metacíclico. Essa nova forma do 
protozoário danifica a válvula estomodeal e adentra a probóscide do inseto, onde é 
transmitida aos mamíferos novamente. No mamífero, os promastigotas metacíclicos da 
saliva dos flebótomos infiltram-se no tecido epitelial do novo hospedeiro, podendo 
invadir células como as dendríticas (glóbulos brancos que protegem o indivíduo contra 
microrganismos), os fibroblastos (executam a síntese de componentes como colágeno, 
elastina, glicoproteínas e proteoglicanas), os neutrófilos (células que também têm 
caráter imunológico) e entre outras, todavia o protozoário tende-se a encaminhar 
principalmente para os macrófagos, onde é fagocitado. Estes parasitas são imunes aos 
ácidos e enzimas dos lisossomos com que os macrófagos tentam digeri-los, e 
transformam-se nas formas amastigotas após cerca de 12 horas. A forma amastigota 
então começa a multiplicar-se por divisão binária, até que a membrana do macrófago se 
rompa e dando liberdade para que aqueles protozoários invadam mais macrófagos e/ou 
que sejam transferidos para outro flebótomo por outra picada, completando o ciclo. 
 
 Sintomas 
Aqui devemos separar tanto as doenças quanto os espécimes, pois os sintomas se 
diferenciam se abordarmos cada um separadamente, assim: 
 
 Leishmaniose Tegumentar Americana 
No caso da espécie causadora L.L.amazonensis, é normalmente encontrado lesões 
nodulares (lesões sólidas do epitélio) e essas se mostram fechadas, os ferimentos são 
repletos de macrófagos e do próprio parasita. Já na L.V.braziliensis, ocorre a formação 
de lesões tumorais (metástase) na mucosa nasal e na boca onde são localizados 
parasitas, de preferência no septo nasal. A obstrução do nariz é um sintoma bem 
marcante nessa espécie que se classifica com leishmaniose mucocutânea. Por fim, a 
L.V.guyanensis é marcada por uma grande quantidade de úlceras pequenas que ocasiona 
na saída de exsudato (líquido orgânico que sai das membranas celulares), as lesões 
possuem pouca quantia do parasita, mas grande taxa de linfócitos (células de defesa). 
Todas as espécies causadoras da doença proporcionam febres, mal-estar e calafrios ao 
hospedeiro mamífero que pode vir a óbito pelas inflamações e fraqueza. 
 
 Leishmaniose Visceral 
A L.L.chagasi, no primeiro momento, é disseminada nos linfonodos que atuam na 
defesa corpórea, assim, chega a vísceras (baço, fígado e outros) onde há macrófagos. Lá 
os macrófagos são destruídos pela patologia, que causa um recrutamento de leucócitos 
para deter os protozoários, mas ao contrário de eliminar o problema, ocorrem alterações 
como: hiperplasia, hepatomegalia (o fígado pode sofrer uma hipertensão portal) e 
poliadenia que fazem as vísceras incharem, ocasionar ascite e a levarem a uma 
insuficiência hepática. A medula óssea sofre hipoplasia e as células relacionadas ao 
sangue são enfraquecidas, causando ao indivíduo anemia, plaquetopenia e leucopenia. 
Dessa maneira o indivíduo sofre com febres, tosses, diarreias agudas, também é imposto 
a um emagrecimento, processos de edema e graves hemorragias. É importante dizer que 
tanto a leishmaniose cutânea quanto a visceral deixa o hospedeiro imunologicamente 
frágil, abrindo alas para que infecções oportunistas ajam no corpo do hospedeiro. 
 
 Sintomas em animais 
Animais domésticos com cães terão um emagrecimento progressivo, problemas de pele, 
tais como lesões cutâneas e ulcerativas (formando "crateras" na pele) especialmente no 
nariz e orelhas, o animal enfermo também pode perder cabelo e apresentar processos de 
hemorragia mais ou menos frequentes e, muitas vezes, espontâneos. Suas unhas ficam 
anormalmente longas, bem como seu fígado e baço. Outros sintomas são: febre (nem 
sempre presente), dano ocular (pode causar inflamação das estruturas oculares) que 
ocasiona um avermelhamento do olho do animal que é bem doloroso e dano renal, que 
pode ser muito grave e irreversível. O cão, nesse processo, também tende a beber muita 
água e por consequência urinar mais que o normal. 
 
 
 
 Diagnóstico 
O diagnóstico da leishmaniose é dado da seguinte maneira para as diferentes patologias: 
 Leishmaniose Tegumentar Americana 
A instância mais simples é executar uma raspagem das bordas da ferida, conhecido 
como diagnóstico direto, procurando por amastigotas que sofreram o ataque do 
protozoário. Já reação de Montenegro é mais complexa, sendo um teste intradérmico 
que utiliza uma injeção contendo solução salina metiolada com antígenos. Desse modo, 
se o paciente estiver realmente infectado, haverá a criação de nódulos no local onde fora 
aplicado a solução. 
 Leishmaniose Visceral 
mO tipo de diagnóstico mais simplório, entretanto essencial, é o clínico que se baseia 
em verificar existência de animais reservatórios no domicílio do paciente. Outro tipo de 
diagnóstico é o da punção da medula óssea para procurar possíveis parasitas que 
invadiram as células do sangue. Por fim, há a Imunofluorescência a qual consegue 
localizar os invasores pela ação de certos anticorpos marcados com agentesfluorescentes, que os tornam visíveis ao uso do microscópico de fluorescência. 
 
 Conclusão 
Diante de tudo que fora o exposto, é cabível considerar que a Leishmaniose é uma 
doença perigosa e em certos casos pode levar à morte. Como o transmissor da 
Leishmaniose é um mosquito que se prolifera em todas as áreas verdes, a ideia de 
combate é descartada, portanto é aconselhado como melhor maneira de precaução, a 
aplicação de medidas preventivas comuns, como o uso de repelentes, mosqueteiros e 
malhas finas nas janelas, além do cuidado ambiental com quintais ou terrenos através da 
limpeza e do bom manejo. 
Em caso do diagnóstico positivo, o tratamento existente para os seres humanos, ainda é 
à base de opções terapêuticas limitadas, mas nos últimos tempos esse quadro vem se 
ampliando. 
Com a ocorrência dos diferentes sintomas já citados anteriormente, é recomendado 
pensar em Leishmaniose para efetuar um diagnóstico precoce. Na circunstância do 
diagnóstico positivo a partir do teste rápido de Leishmaniose Visceral, o tratamento 
pode ser feito através de anfotericina B ou de outros medicamentos à base de antimônio 
pentavalente indicados de acordo com o quadro específico. Do mesmo modo, as 
medidas de controle da Leishmaniose Tegumentar, são variáveis conforme os casos 
especiais, mas também é recomendado o uso de anfotericina B e em destaque nos 
últimos tempos a utilização de Azitromicina,com um resultado de cura agradável. 
Além disso, durante muito tempo o tratamento de Leishmaniose Visceral em 
reservatórios silvestres ou em animais domésticos era proibido pela justiça federal, 
porém, atualmente, o tratamento da doença é uma opção para cães portadores em casos 
específicos, mas ainda sim a principal orientação do Ministério da Saúde sobre os 
animais contaminados é a eutanásia. 
 
 
 
 
 
 
https://www.slideshare.net/labimuno/i-m-u-n-o-f-l-u-o-r-e-s-c-e-
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