Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Artrose Estudo de caso Identificação: C.S.D., 65 anos, cor branca, sexo feminino, 1º grau incompleto, divorciada, natural de Selbach – RS, residente em Areias, São José – SC. Aposentada, com renda mensal de um salário mínimo mais 2 aluguéis, mora com seu filho, em casa própria, de alvenaria, presença de saneamento básico e energia elétrica. Realiza-se a visita domiciliar. Queixa principal: Paciente relata muita dor em suas articulações. História Clínica: Paciente é portadora de artrite, artrose e osteopenia. Relata que encontra –se com uma lesão sub – epitelial do esôfago distal e por isso está investigando um possível tumor no esôfago. Além disso, possui refluxo e gastrite. Em sua família já houve episódios de câncer e tem 1 irmão cadeirante devido ao problema nas articulações. Medicações em uso: Em uso contínuo de Paracetamol 500mg +Fosfato de Codeína 30mg, Calcimec, Promazepam, Omeprazol 20mg, Cymbi 60mg, Hidroclorotiazida, Torcilax, meloxicam 15mg, nimesulida 100mg, condroflex 500mg+400mg. Hábitos e costumes: Paciente conta que diariamente cuida de sua casa e de seu filho, vai ao mercado e visita sua irmã. Não realiza exercícios físicos. Realiza por dia 3 refeições, gosta de comer frutas, verduras, pão integral, bife e arroz. Evita enlatados, café, leite e molhos. Quase não bebe água durante o dia. No último ano teve ganho de peso, em torno de 12 kg. Seus hábitos intestinais são alterados: passa dias sem evacuar ficando constipada. Ou suas evacuações são muito frequentes durante o dia. Como sente muita dor, relata que sente dificuldades para dormir. Por noite dorme em torno de 3 a 4 horas. Seu relacionamento familiar é de muita preocupação, pois seus irmãos são muito doentes e é ela que fica encarregada de cuidar deles. Assim ela fica desanimada, e depois que começou a investigação no esôfago relata ter ficado depressiva. Exame físico: Consciente, orientada, apresenta comunicação e audição normal. Couro cabeludo com boa higiene. Apresenta dificuldade para enxergar de longe e de perto. Pupilas isocóricas, negras, esféricas e reagentes a luz. Higiene oral satisfatória e possui prótese dentária. Pele limpa, íntegra, normocorada e hidratada. Pulso cheio e regular. Dedo polegar da mão esquerda e direita não apresenta força muscular. Ausculta pulmonar com presença de sons pulmonares normais. Abdome globoso. Pele da parede do abdome normal, coloração homegênea, sem cicatrizes. Presença de ruídos hidroaéreos normativos.Predominância de sons timpânicos. MMII edemaciados, principalmente joelhos. Deambula sem dificuldade. PA: 110X80mmhg. T: 36 °C FC: 76bcpm FC: 24mrpm Altura: 1,56cm Peso: 71kg IMC: 29,2 Fisiopatologia A artrite é uma patologia que acomete as articulações causando processo inflamatório nas mesmas. Sendo a artrose o tipo mais comum de artrite. A artrose ocasiona a progressiva degradação da cartilagem articular. Onde irá provocar aumento da fricção entre os ossos e levando a inflamação, dor e incapacidade funcional. A cartilagem articular é um tecido avascular constituído basicamente de condrócitos, colágeno e proteoglicanos. Os condrócitos são as células responsáveis pela síntese dos proteoglicanos, colágeno e metaloproteases. A função dos proteoglicanos é reter água, conferindo à cartilagem a habilidade de sofrer deformação reversível quando comprimida, funcionando como uma mola biológica. Os principais constituintes que afetam as propriedades mecânicas da cartilagem são o índice de água e a integridade do colágeno. O colágeno, principalmente o tipo II, é o principal elemento que confere resistência à cartilagem. As metaloproteases (colagenase, gelatinase e estromelisina) são enzimas proteolíticas envolvidas na degradação da cartilagem. Quando em situações de desequilíbrio há um aumento das enzimas degradativas, levando a um desbalanço que vai resultar em perda e desarranjo do colágeno e dos proteoglicanos da matriz. O sintoma mais importante é a presença de dor localizada no sítio anatômico. Além disso, ocorrem rigidez articular, deformidade e progressiva perda de função. No início da doença a dor costuma ocorrer com o uso da articulação, é uma dor mecânica. Já com a evolução da artrose a dor vai ocorrendo mesmo em repouso – dor inflamatória. Os principais fatores para o aparecimento da artrose são: ● Idade. ● Sexo feminino. ● Obesidade. ● Não ter osteoporose (ossos fortes na velhice aumentam o risco de artrose). ● Ocupação (trabalhos que forcem as articulações cronicamente). ● Atividades desportivas de alto impacto. ● Traumas nas articulações. ● Doenças musculares. ● Predisposição genética. ● Deformidades ósseas. ● Diabetes Mellitus. Manifestações Clínicas Frequentes ● Dor articular profunda crônica; ● Enrijecimento, especialmente pela manhã e após exercícios físicos; ● Crepitação da articulação durante o movimento; ● Nódulos de Heberden (aumentos ósseos das articulações interfalangianas distais); ● Alteração da marcha; ● Diminuição da amplitude de movimentos. Achados Físicos ● Contraturas; ● Edema articular; ● Atrofia muscular; ● Deformidade das áreas envolvidas; ● Anormalidades do andar; ● Nódulos rígidos que podem estar vermelhos, edemaciados e sensíveis sobre articulações interfalangianas distais e proximais; ● Perda da destreza dos dedos da mão; ● Espasmos musculares, limitação de movimentos e instabilidade articular. Tratamento Farmacológico ANALGÉSICOS E ANTIINFLAMATÓRIOS Paracetamol: em doses efetivas, isto é, até 4g/dia, para se obter analgesia, principalmente em pacientes com manifestação leve ou moderada, é indicado como medicação de primeira escolha, ressaltando-se contudo não utilizá-lo em pacientes com história de hepatopatias. Inibidores específicos da COX-2 ou os antiinflamatórios não seletivos, esses últimos associados a inibidor de bomba de prótons ou famotidina, podem ser indicados nos casos que apresentam quadro inflamatório evidente. Nos casos de má resposta terapêutica aos medicamentos anteriores, ou ainda, quando houver contra-indicação ao uso de inibidores específicos da COX-2 ou aos antiinflamatórios não seletivos, pode-se associar os opióides naturais ou sintéticos. AGENTES TÓPICOS Capsaicina é um bom agente terapêutico para sintomatologia dolorosa, porém, os efeitos colaterais decorrentes do uso tópico, como a irritabilidade ocular ou epidérmica, limitam seu uso. Antiinflamatório não-hormonal tópico, como cetoprofeno, ibuprofeno, felbinaco e piroxicam, tem um efeito significativo no tratamento sintomático da dor aguda ou crônica. DROGAS SINTOMÁTICAS DE AÇÃO DURADOURA São consideradas drogas de ação duradoura aquelas que têm ação prolongada na melhora da dor e cujo efeito terapêutico persiste mesmo após a sua suspensão. Estas drogas vêm se firmando na literatura como boas no tratamento sintomático da osteoartrite. As drogas disponíveis no mercado brasileiro são: sulfato de glucosamina, diacereína e extratos não saponificáveis de soja e abacate. Anti-inflamatórios não esteróides podem reduzir a inflamação e aliviar a dor. No entanto,eles podem causar efeitos colaterais como dores de estômago, zumbido nos ouvidos, problemas cardiovasculares, lesões no fígado e nos rins. As pessoas mais velhas têm o maior risco de complicações Narcóticos geralmente contêm ingredientes similares à codeína, e podem proporcionar alívio da dor na artrose mais grave. Estes medicamentos mais fortes carregam um risco de dependência, apesar de ser considerado pequeno. Os efeitos colaterais podem incluir náusea, constipação e sonolência. TERAPIA INTRA-ARTICULAR O uso intra-articular do ácido hialurônico pode oferecer alívio da dor, fornecendo algum amortecimento em sua articulação. O acido hialurônico é produzido naturalmente por células da membrana sinovial e, junto a outras moléculas, compõe o “liquido sinovial”, responsável pela lubrificação e nutrição do tecido cartilaginoso. Os efeitos do tratamento incluem redução da ativação de células inflamatórias, analgesia prolongada e estabilização da degradação da matriz cartilaginosa. Os medicamentos mais usados para o tratamento de artrose são: ● Artoglico ● Artrolive ● Artrosil ● Bioflac ● Ceftriaxona Dissódica ● Ceftriaxona Sódica ● Cetoprofeno ● Condroflex ● Dexalgen ● Diclofenaco Colestiramina ● Dolamin ● Feldene ● Meloxicam ● Meticorten ● Nimesulida TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO (PROGRAMAS EDUCATIVOS) Esclarecimento sobre a doença: salientar que a doença não é sinônimo de envelhecimento e está relacionada com a capacidade funcional, sendo que a intervenção terapêutica trará considerável melhora de qualidade de vida. Motivar e envolver o paciente no seu tratamento, pois o paciente é um agente ativo no seu programa de reabilitação. A prática de atividades esportivas deve ser estimulada, porém, sob orientação de um profissional habilitado. Orientação para cuidados com relação ao uso de rampas e escadas. Orientação com relação à ergonomia do trabalho doméstico e/ou profissional. Exames diagnósticos Durante o exame físico, o médico irá examinar de perto a sua articulação afetada, verificando sensibilidade, inchaço ou vermelhidão, e por fim verificar os reflexos do paciente, incluindo a força muscular. O médico também pode recomendar exames de imagem e de laboratório. Exames de imagem Imagens da articulação afetada podem ser obtidas por meio dos seguintes exames: ● Raio-X: embora a cartilagem não aparece no raio-x, a perda é revelada por um estreitamento do espaço entre os ossos em seu conjunto. Um raio-X também pode mostrar osteófitos em torno de uma articulação. ● Ressonância magnética: o exame utiliza ondas de rádio e um forte campo magnético para produzir imagens detalhadas dos ossos e tecidos moles, incluindo cartilagem. Isso pode ser útil para determinar exatamente o que está causando sua dor. Exames de laboratório Testes de sangue ou do líquido sinovial pode ajudar a identificar o diagnóstico: ● Exames de sangue: eles podem ajudar a excluir outras causas de dor nas articulações, como a artrite reumatoide. ● Análise do líquido articular: é usada uma agulha para extrair o líquido para fora da articulação afetada. O fluído então é examinado e pode determinar se há inflamação e se a dor é causada por gota ou uma infecção. Diagnóstico de enfermagem (NANDA) Domínio: Eliminação e troca Constipação Caracterizada por redução na freqüência de fezes. Fatores relacionados: ingestão insuficiente de líquidos, depressão. 00011 NOC: Melhora no funcionamento intestinal em 4 dias. NIC: Orientar paciente e familiar para anotar data do último funcionamento intestinal. Acionar membro de equipe multidisciplinar (nutricionista) para prescrição de dieta. Estimular práticas de exercícios físicos leves (caminhadas, alongamentos). Estimular aumento de ingestão de fibras nas refeições diariamente. Estimular aumento de ingestão hídrica, em torno de 2,5l por dia . Orientar paciente na verificação da cor, consistência e freqüência das fezes. Domínio: Atividade/Repouso Insônia Caracterizada por dificuldade para iniciar sono, dificuldade para manter sono, estado de saúde comprometido. 00095 NOC: Planejamento em melhora no quadro de insônia em 10 dias. NIC: Evitar alimentos gordurosos e carboidratos, principalmente nas refeições noturna. Realizar início de repouso até as 21hs. Encaminhar para uso de psicoterapia. Estimular práticas de exercícios físicos leves, 3 vezes por semana. Domínio: Promoção da saúde Estilo de vida sedentário Fator relacionado: motivação insuficiente para a atividade física. 00168 NOC: Motivar paciente a prática de atividade física leve 3 vezes por semana, salientando melhora em seu quadro físico e clinico. NIC: Encaminhar paciente para membros multidisciplinares (fisioterapeuta). Encaminhar paciente a grupos comunitários e palestras ministradas de assuntos relacionado a promoção de saúde. Domínio: Conforto Síndrome da dor crônica Caracterizada por sobrecarga de estresse, padrão de sono prejudicado,constipação. 00255 NOC: Alívio da dor diariamente. NIC: Controlar a dor, com verificação de escala de dor. Determinar limite nas atividades diárias. Orientar paciente no uso correto de suas medicações. Orientar paciente a realizar tarefas que lhe proporcione sensação de bem estar, buscar tempo para práticas que melhore sua autoestima física e psicológica.
Compartilhar