Buscar

SEÇÃO 3 PENAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE – ESTADO DO CEARÁ
JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, conhecido como “Zé da Farmácia”, brasileiro, estado civil, Presidente da Câmara dos Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, portador do RG n°: XXX, naturalidade, nascido em XXX, residente na XXX, através de seu procurador ao final subscrito, vem respeitosamente e tempestivamente, perante esse juízo, com fulcro no artigo 581, inciso I, do Código de Processo Penal Brasileiro, oferecer:
CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Não se conformando com o recurso interposto pelo órgão do Ministério Público do Estado do Ceará, contra a respeitável decisão proferida em favor do recorrido, onde rejeitou o pleito da denúncia em relação ao delito tipificado no artigo 288 do Código Penal (associação criminosa), considerando-a sem justa causa e, aguardando, ao final, se dignem Vossas Excelências em mantê-la, pelas razões a seguir aduzidas.
Termos que,
Aguarda deferimento.
Conceição do Agreste/CE, 07 de junho de 2018.
Adv/oab
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ
Autos N°: xxxxxxxxxxxx
Recorrente: JOSÉ PERCIVAL DA SILVA
Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ
COLENDA TURMA
DOUTO JULGADORES
NOBRES PROCURADORES
1. RELATÓRIO
O nobre representante do Ministério Público Estadual do Ceará, não satisfeito com a rejeição da denúncia pelo MM. Juiz da Vara Criminal de Conceição do Agreste/CE, apresentou Recurso em Sentido Estrito, com o escopo de reformar a decisão proferida pelo juízo de piso, que não vislumbrou motivos para aceitação da mesma em relação ao delito tipificado no artigo 288 do Código Penal (associação criminosa), já que não havia nos autos elementos para levar adiante, considerando-a sem justa causa.
Segundo o Douto julgador monocrático, os argumentos trazidos pelo recorrente, em relação ao delito tipificado no art. 288 do CP, foram plausíveis. O Exmo. Sr. Juiz entendeu ausentes os indícios de materialidade em relação ao delito de associação criminosa, uma vez que a acusação narra apenas um único fato e, portanto, um crime único, o que afasta por completo a tipicidade do artigo 288 do CP, por não existir o caráter de estabilidade e durabilidade indispensável para a caracterização da referida associação.
Absolutamente respeitáveis e procedentes as considerações judiciosas perfilhadas pelo MM. Julgador, que esperamos sejam aquinhoadas por este nobre juízo, pelas razões que passaremos a expor.
2. PRELIMINARES
O recorrente vem, PRELIMINARMENTE, arguir que, no caso em epígrafe, o recurso cabível seria APELAÇÃO, contrariando o recurso suscitado pelo nobre representante do Ministério Público Estadual, segundo preceitua o Art. 581, do Código de Processo Penal, o recurso cabível contra decisões interlocutórias seria o Recurso em sentido Estrito, que, no caso em tela, não poderia ser aplicado, pois se trata de decisão com força definitiva proferida pelo juiz de piso, devendo ser atacada pelo Art. 593, II, do Código de Processo Penal. Logo o ora requerente vem pedir que NÃO CONHEÇA O PRESENTE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO APRESENTADO PELO MINISTÉRIO PUBLICO ESTADUAL.
Sobre a matéria já decidiu o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, verbis:
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. REJEIÇÃO DA QUEIXA-CRIME. CONHECIMENTO COMO APELAÇÃO. O recurso cabível para desafio de decisão que rejeita queixa-crime é o de apelação, porquanto se está diante de decisão com força de definitiva e não descrita no rol taxativo do artigo 581 do Código de Processo Penal. QUEIXA-CRIME. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS QUE COMPROVEM A MATERIALIDADE E FORNEÇAM INDÍCIOS DE AUTORIA. REJEIÇÃO. Não havendo nos autos elementos mínimos a sustentar a acusação lançada, é de rigor a rejeição da queixa-crime por falta de justa causa. À unanimidade, conheceram da inconformidade como apelação. Por maioria, negaram provimento ao recurso. (Recurso em Sentido Estrito Nº 70011960754). (grifo nosso)
No processo penal, ao contrário do processo civil, além de não haver prazos em dias úteis (mas em dias corridos), a contagem do prazo se inicia com o ato em si (seja ele de citação, intimação ou publicação) e não com a juntada aos autos do respectivo mandado, nos termos do art. 798, §5º “a” do CPP.
Além disso, de acordo com a jurisprudência pátria, no processo penal, o Ministério Público não possui prazo em dobro para recorrer e/ou contrarrazoar, vejamos:
AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PENAL E PROCESSUAL PENAL. INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO INTERNO APÓS O PRAZO DE 5 (CINCO) DIAS PREVISTO NO ART. 258 DO REGIMENTO INTERNO DO STJ. PRAZO EM DOBRO PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO EM MATÉRIA PENAL. INEXISTÊNCIA. PRAZO SIMPLES CONTADO DA ENTREGA DO ARQUIVO ELETRÔNICO. PRECEDENTES. I – O entendimento pacífico desta Corte Superior é no sentido de que o Ministério Público, em matéria penal, não goza da prerrogativa da contagem dos prazos recursais em dobro. II – No caso dos autos, a intimação ocorreu com a entrega do arquivo digital contendo cópia do processo eletrônico em 17⁄08⁄2012 e o Agravo Interno foi protocolado somente em 27⁄08⁄2012, extrapolando o quinquênio legal, previsto no art. 258 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. III – Agravo Regimental não conhecido. (STJ – AgRg nos Embargos de Divergência em Resp. n.º 1.187.916-SP – Relatora Ministra Regina Helena Costa – dj. 27/11/2013, grifo nosso)
Portanto, de acordo com a legislação pátria e com entendimento jurisprudencial, o órgão ministerial não possui prerrogativas na contagem dos prazos recursais em dobro, na esfera penal. Destarte, como observa-se nos autos, o Ilustre Representante Ministerial foi intimado da decisão no dia 24/05/2018, apresentando recurso em 30/05/2018, seis dias após sua intimação.
De acordo com o artigo 586, caput, do Código de Processo Penal, o recurso em sentido estrito deverá ser interposto no prazo de 05 (cinco) dias, contados a partir da decisão interlocutória do magistrado. Resta comprovado, portanto, que o Ministério Público apresentou o RESE INTEMPESTIVAMENTE, deixando transcorrer seis dias após a decisão (30/05/2018).
Assim, impende ressaltar que a tempestividade é um dos pressupostos objetivos de admissibilidade do recurso e este deve ser interposto dentro do prazo legal. Se tal prazo tiver decorrido, como no caso vertente, ocorre a preclusão absoluta do direito de recorrer.
3. DO MÉRITO
Em perfeita consonância com a decisão proferida pelo MM. Juiz de piso, não resta evidenciada a prática do delito de associação criminosa que o representante Ministerial insiste em denunciá-lo, atropelando as normas do direito, pois resta claro que não houve a conduta atribuída ao ora recorrente, pois não foram demonstrados na denúncia elementos que embasem o pleito do ora recorrido.
Sabe-se que, nos termos do artigo 288 do Código Penal, para a caracterização do delito de associação criminosa, é indispensável a associação (reunir-se em sociedade, agregar-se ou unir-se) de três ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes.
A lei 12.850/2013 deu nova redação ao art. 288 do Código Penal, abolindo o antigo título do delito (quadrilha ou bando) para adotar a nova denominação de associação criminosa. Inseriu-se a expressão “fim específico” apenas para sinalizar o caráter de estabilidade e durabilidade da referida associação, distinguindo-a do mero concurso de pessoas para o cometimento de um só delito. Quem se associa (pelo menos três agentes) para o fim específico de praticar crimes (no plural, o que demonstra a ideia de durabilidade), assim o faz de maneira permanente e indefinida, vale dizer, enquanto durar o intuito associativo dos integrantes.[1: NUCCI, Guilherme Souza. Manual de direito penal. 13. ed. São Paulo: Forense/Grupo GEN, 2017, p. 971.]
Deste modo, havendo a prática de um único fato e, portanto, de um único crime, não estará caracterizada a tipicidade específica do artigo288 do CP. Esse é, inclusive, o entendimento da jurisprudência pátria:
STF: DIREITO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE QUADRILHA. CONFIGURAÇÃO TÍPICA. REQUISITOS. Para a configuração do crime de associação criminosa do art. 288 do Código Penal brasileiro, exige-se a associação de mais de três pessoas “para a prática de crimes”, não sendo suficiente o vínculo para a prática de um único ato criminoso. É o que distingue, principalmente, o tipo de associação criminosa da figura delitiva assemelhada do crime de conspiracy do Direito anglo-saxão que se satisfaz com o planejamento da prática de um único crime. Se, dos fatos tidos como provados pelas instâncias ordinárias, não se depreende elemento que autorize conclusão de que os acusados pretenderam formar ou se vincular a uma associação criminosa para a prática de mais de um crime, é possível o emprego do habeas corpus para invalidar a condenação por esse delito, sem prejuízo dos demais. Habeas corpus concedido e estendido de ofício aos coacusados em idêntica situação. (HC 103.412/SP – Rel. Min. Rosa Weber – dj. 19/06/2012). (grifo nosso)
Portanto, conforme restou comprovado nos autos em análise, não há no que se falar em associação criminosa, pois, no tocante ao artigo 288 do Código Penal, é imprescindível o vínculo associativo, revestido de estabilidade e permanência, entre seus integrantes, o que não foi corroborado até o momento.
4. DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer a esta Colenda Câmara:
1. Em sede de preliminar, que a Colenda Turma não conheça o presente recurso em sentido estrito apresentado pelo Ministério Público Estadual, haja vista a sua intempestividade, conforme comprovado.
2. Caso adentrem no mérito, que seja mantida a respeitável decisão impugnada, que, aliás, sustenta-se por seus próprios fundamentos, aqui tão somente expandidos, negando-se provimento ao recurso do Ministério Público, com o que se preservará a Justiça.
Termo que,
Pede e aguarda provimento.
Conceição do Agreste/CE, 07 de junho de 2018.
Adv/oab.

Outros materiais