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TCC DJANE BARROS

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Organização Sete de Setembro de Cultura e Ensino – LTDA
Faculdade Sete de Setembro – FASETE
Curso de Bacharelado em Biomedicina
Djane de Carvalho Barros
Intolerância à lactose: complicações decorrentes da má absorção de nutrientes
 
Paulo Afonso 
2017
Djane de Carvalho Barros
Intolerância à lactose: complicações decorrentes da má absorção de nutrientes
 
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Biomedicina da Faculdade Sete de Setembro (FASETE), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina.
Área de concentração: Bioquímica clínica.
Disciplina TG-II: Prof.ª Mônica Maria Vieira Lima Barbosa.
Orientador: Prof. Dr.ª Kátia Cilene da Silva Felix.
Coorientador: Prof. José Guedes da Silva Junior.
Paulo Afonso 
2017�
Djane de Carvalho Barros
Intolerância à lactose: complicações decorrentes da má absorção de nutrientes
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Biomedicina da Faculdade Sete de Setembro (FASETE), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina.
Área de concentração: Bioquímica Clínica
Aprovada em: 22/Novembro/2017
Banca examinadora:
Prof.ª Kátia Cilene da Silva Félix Orientadora
Prof.​​​​​​​​​​​​​​​​​​ ª Camila Brandão Lopes do Nascimento Avaliadora
Prof.ª Mônica Maria Vieira Lima Barbosa Avaliadora
Paulo Afonso
2017�
 	Dedico este trabalho a Deus, aos meus pais Francisco e Dena, ao meu irmão Vinícius, ao meu namorado Micael e a toda minha família que, com muito carinho e apoio sempre estiveram comigo.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que sempre esteve presente em todos os meus momentos, a Ele rendo graças pela minha vida e pelo seu amor que me fez superar todas as minhas dificuldades ao longo dessa caminhada, colocando e capacitando sempre pessoas no meu caminho. Deus, tu és fiel, imutável, infalível e eterno criador. Obrigada por nunca desistir de mim!
Ao meu pai amado, Francisco Cruz Barros, que sempre trabalhou dignamente e nunca mediu esforços para realizar os meus sonhos e me ver feliz, sempre se fazendo presente na minha vida, me dando proteção, amor e carinho. O senhor é o meu alicerce, grande exemplo de homem, tenho muito orgulho de poder te chamar de pai, te amo. 
Ao melhor exemplo de mulher, minha mãe, Adenira Barros, não tenho palavras para agradecer por todo seu esforço, dedicação e amor que somente um ser com um coração puro de amor e nobre pode sentir. Minha guerreira, serva de Deus, meu espelho, a tua paz acalma o meu coração e teu colo meu porto seguro nas horas de dificuldade e angustia. Meu amor por ti é incondicional, te amo!
Ao meu irmão, Francisco Vinícius, presente de Deus na minha vida, meu incentivador, que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos da minha vida. Obrigada por tudo. Amo você!
A toda minha família, que com muito carinho e apoio sempre estiveram comigo.
Ao meu namorado, Micael Araújo, pelo amor, companheirismo, cuidado, por estar sempre ao meu lado me incentivando a dar o melhor de mim e por sempre acreditar no meu potencial. Te amo!
Um agradecimento especial para as minhas amigas que vivenciaram de perto parte da minha vida acadêmica, Raylana Benzota, Mariany Freire, Aline Carla, Priscila Araújo, Ana Carolina e Ana Carla. Obrigada a todas pelo carinho, oração, companheirismo, amizade e por fazerem parte da minha vida. 
Agradeço também a Aline Carla, Camila Braz e Bruna Ferreira, por todo carinho e amizade no decorrer desses quatro anos de vida acadêmica e por terem compartilhado comigo durante esse trajeto seus conhecimentos e bons momentos, que serão por mim sempre lembrados. 
 Agradeço a meu primeiro orientador Prof. José Guedes, por toda a dedicação e empenho no desenvolvimento do meu TG1. A minha orientadora Kátia Félix, por toda paciência, carinho, dedicação e conhecimentos compartilhados que foram essenciais para o desenvolvimento deste trabalho.
Aos professores, em especial Amanda Rocha e Camila Brandão, pelo conhecimento compartilhado e incentivo que foram essenciais na minha formação profissional e pessoal. Em geral, agradeço a FASETE, a coordenação de biomedicina e aos colegas e amigos de faculdade que contribuíram para a minha formação acadêmica ao longo desses quatro anos. Obrigada!
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Por isso não temas, porque estou contigo; não te assustes, porque sou o teu Deus; eu te fortaleço, ajudo e sustento com minha destra vitoriosa.
(Isaías41:10)�
BARROS, Djane de Carvalho. Intolerância à lactose: as causas e complicações decorrentes da má absorção de nutrientes. 2017. 39f. Monografia (Bacharelado em Biomedicina) – Faculdade Sete de Setembro, FASETE. Paulo Afonso, BA.
RESUMO
A intolerância à lactose atinge mais de 50% da população mundial e se da pela incapacidade do organismo digerir a lactose, devido à deficiência da enzima lactase, que é responsável pela hidrólise da lactose em glicose e galactose. Ela se manifesta através dos sintomas: dor abdominal, diarreia, flatulência ou distensão abdominal após a ingestão desse carboidrato, seja através do leite ou derivados. A intolerância à lactose pode ser classificada como deficiência de lactase congênita, primária ou secundária. O diagnóstico é feito através dos exames de teste de tolerância à lactose, teste do hidrogênio expirado, teste da atividade da lactase intestinal e o teste genético (Análise molecular da HPTA: SNPs C/T-13910 e G/A-22018). Diante dos sintomas manifestados após a ingestão de produtos lácteos e da exclusão do leite da dieta, formulou-se a seguinte questão norteadora para este trabalho: Quais as complicações decorrentes da má absorção de nutrientes? O objetivo desse trabalho foi investigar o comprometimento dessa doença na absorção de nutrientes, bem com, analisar quais os principais nutrientes tem sua absorção prejudicada e os reflexos disso no metabolismo e no crescimento e diferenciar as causas responsáveis pelo desenvolvimento da intolerância à lactose, estudar sua epidemiologia de modo geral, analisar quais os exames mais utilizados para o seu diagnóstico e por fim, apresentar alternativas alimentares para intolerantes ao carboidrato principal do leite. Esta monografia foi fundamentada por meio de revisão bibliográfica narrativa de abordagem qualitativa de característica exploratória, através de pesquisas em sites de artigos nacionais e internacionais, como o SciELO (ScientificElectronic Library Online), a MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), PubMed (National Center for Biotechnologyinformation) e Google acadêmico que disponibilizaram artigos sobre intolerância à lactose. Trata-se de uma deficiência de lactase que pode gerar a destruição de vilosidades intestinais, que poderá acarretar no processo de má absorção de vários tipos de nutrientes, onde poderá refletir em diversas desordens metabólicas, podendo comprometer o crescimento, o metabolismo ósseo decorrente da deficiência de cálcio e vitamina D, metabolismo hormonal, além de poder prejudicar na absorção de medicamentos. Interferindo assim, na qualidade de vida do portador, uma vez que apresentam sua sintomatologia. Estudos ainda afirmam que a ingestão adequada de cálcio e de outros nutrientes presentes no leite durante a infância é a principal forma de prevenção de perda de massa óssea, evitando assim o desenvolvimento da osteoporose.
Palavras-chave: Intolerância à lactose. Lactase. Má absorção. Cálcio. Diagnóstico. Tratamento 
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BARROS, Djane de Carvalho. Intolerância à lactose: as causas e complicações decorrentesda má absorção de nutrientes. 2017. 39f. Monografia (Bacharelado em Biomedicina) – Faculdade Sete de Setembro, FASETE. Paulo Afonso, BA.
ABSTRACT
Lactose intolerance affects more than 50% of the world population and is due to the inability of the body to digest lactose due to the deficiency of the enzyme lactase, which is responsible for the hydrolysis of lactose into glucose and galactose. It manifests itself through the symptoms: abdominal pain, diarrhea, flatulence or abdominal distension after the ingestion of this carbohydrate, either through milk or derivatives. Lactose intolerance may be classified as congenital, primary or secondary lactase deficiency. The diagnosis is made through lactose tolerance test, expired hydrogen test, intestinal lactase activity test and the genetic test (Molecular analysis of ATH: SNPs C / T-13910 and G / A-22018). In view of the symptoms manifested after the ingestion of dairy products and the exclusion of milk from the diet, In view of the symptoms manifested after the ingestion of dairy products and the exclusion of milk from the diet, the following guiding question was formulated for this work: What are the complications due to malabsorption of nutrients? The objective of this study was to investigate the disease's involvement in nutrient uptake, as well as to analyze the main nutrients and their impaired absorption and metabolic and growth reflexes, and to differentiate the causes responsible for the development of lactose intolerance, to study its epidemiology in general, to analyze which tests are most used for their diagnosis and finally, to present dietary alternatives for intolerants to the main carbohydrate of milk. This monograph was based on a narrative bibliographic review of a qualitative exploratory approach, through research on national and international articles, such as SciELO (Scientific Electronic Library Online), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), PubMed (National Center for Biotechnologyinformation) and Google scholar who provided articles on lactose intolerance. It is a lactase deficiency that can lead to the destruction of intestinal villi, which may lead to malabsorption of various types of nutrients, where it may reflect in various metabolic disorders, and may compromise growth, bone metabolism due to deficiency of calcium and vitamin D, hormonal metabolism, besides being able to harm in the absorption of medicines. Interfering in this way, in the quality of life of the bearer, once they present their symptomatology. Studies also state that adequate intake of calcium and other nutrients present in milk during childhood is the main way to prevent bone loss, thus preventing the development of osteoporosis.
Key words: Lactose intolerance. Lactase. Malabsorption. Calcium. Diagnosis. Treatment.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
25Quadro 1 – Causas secundarias de hipolactasia	�5
26Figura 1 – Esquema do processo de fisiopatologia da IL	�6
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LISTA DE TABELAS
21Tabela 1- Composição do leite bovino	�
Tabela 2 - Polimorfismo genótipo do gene lactase com a respectiva atividade 
 enzimática	24�
28Tabela 3 - Prevalência de hipolactasia primária adulta no mundo.	�
32Tabela 4 - Métodos de diagnóstico para intolerância à lactose.	�
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
IL Intolerância à lactose
pH Potencial hidrogeniônico
PPM Partes por milhão
�
Sumário
141 INTRODUÇÃO	�
172 METODOLOGIA	�
183 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL	�
204 COMPOSIÇÃO DO LEITE	�
224.1 Intolerância à lactose	�
234.1.1 Etiologias	�
254.2 Fisiopatologia	�
274.3 Epidemiologia	�
5 DEFICIÊNCIA NUTRICIONAL E COMPLICAÇÕES EM PACIENTES COM 
 INTOLERÂNCIA À LACTOSE	29�
315.1 Diagnóstico	�
345.2 Tratamento	�
366 CONSIDERAÇÕES FINAIS	�
 37REFERÊNCIAS	�
�
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1 INTRODUÇÃO
O leite e seus derivados fazem parte da alimentação humana desde a infância, sendo um alimento amplamente consumido no mundo, sendo uma fonte rica de cálcio e outros nutrientes que exercem funções importantes no organismo, atuando principalmente na formação estrutural dos ossos, dentes, media contrações musculares, impulsos nervosos e atua também no controle hormonal. A lactose (beta-galactosil-1-4-glicose) é um dissacarídeo, conhecido como açúcar do leite, produzido pelas glândulas mamárias e é degradado em glicose e galactose pela enzima lactase. 
A intolerância à lactose se da pela incapacidade do organismo de hidrolisar a lactose e pode ser obtida por meio da deficiência congênita, deficiência primária e secundária. A deficiência congênita de lactase é um problema genético onde o recém-nascido já nasce sem a produção de lactase. A deficiência primária de lactase ocorre de forma mais comum, e tem a produção dessa enzima diminuída progressivamente de maneira natural. Já a deficiência secundária de lactase acontece devido a fatores externos, quando doenças intestinais comprometem a produção desta enzima. 
Quando a lactose não é absorvida, eleva o aumento de água e eletrólitos, além de sofrer a fermentação feita pela microbiota bacteriana no cólon, que vai promover a produção de ácidos e gases, ocasionando os sintomas de diarreia, flatulências e dor abdominal, podendo gerar complicações na absorção de nutrientes essenciais. Diante disso, quais as possíveis complicações geradas pela má absorção de nutrientes decorrentes da intolerância à lactose?
À medida que uma pessoa desenvolve intolerância à lactose, ocorre um processo infeccioso, como a destruição de vilosidades intestinais, que irá acarretar no processo de má absorção de vários tipos de nutrientes, onde poderá refletir em diversas desordens metabólicas, podendo comprometer o crescimento, o metabolismo ósseo decorrente da deficiência de cálcio e vitamina D, o metabolismo hormonal, além de poder prejudicar na absorção de medicamentos.
A principal causa pelo desenvolvimento do estudo sobre a intolerância à lactose foi à prevalência da mesma, que afeta aproximadamente 50% da população de modo geral, principalmente a etnia negra. E por se tornar tão comum é importante obter informações que possam esclarecer as possíveis complicações que o intolerante pode desenvolver, principalmente por saber que a lactose é o principal carboidrato do leite, que por sua vez é um alimento amplamente consumido no mundo. E que a privação desse alimento ou de um dos seus derivados, poderá ocasionar em uma dieta pobre em nutrientes essenciais, não somente pela privação, mas também, pelos sintomas provocados pela intolerância, como no caso da diarreia, que vai intensificar ainda mais essa carência. Por isso, a importância da suplementação ou substituições alimentares equilibradas que possam suprir as necessidades do corpo de ingerir nutrientes para manter um bom funcionamento do organismo. E todo o conhecimento desta revisão de literatura vai proporcionar a identificação das causas, os sintomas, os métodos de diagnósticos mais utilizados, as possíveis alterações alimentares e as complicações causadas pela má absorção de nutrientes.
O diagnóstico é feito por meio do teste de tolerância à lactose, conhecido também como curva glicêmica, teste do hidrogênio expirado, teste da atividade da lactase intestinal e teste genético (Análise molecular da HPTA: SNPs C/T-13910 e G/A-22018). Não existe cura para esse tipo de intolerância, porém, pode ser controlado através de uma alimentação regulada com teor mínimo de lactose e suplementação. De início é aconselhável não ingerir nenhum produto lácteo para diminuir os sintomas que causa incômodo e a suplementação é importante para que se possa manter o consumo de nutriente que são essenciais para manter o funcionamento normal do organismo. Já que além da má absorção de lactose que gera falha no mecanismo de digestão e absorção de nutrientes, a diarreia intensifica ainda mais esses efeitos, ocasionando complicações de outros sistemas devido essa deficiência nutricional.Os objetivos desse trabalho é investigar o comprometimento dessa doença na absorção de nutrientes, bem com, analisar quais os principais nutrientes tem sua absorção prejudicada e os reflexos disso no metabolismo e no crescimento e diferenciar as causas responsáveis pelo desenvolvimento da intolerância à lactose, estudar sua epidemiologia de modo geral, analisar quais os exames mais utilizados para o seu diagnóstico e por fim, apresentar alternativas alimentares para intolerantes ao carboidrato principal do leite.
 2 METODOLOGIA
A presente monografia trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa, de abordagem qualitativa, com característica exploratória, que visa a maximização de conhecimentos, técnicas, métodos e critérios, para a construção de uma pesquisa a fim de oferecer informações necessárias sobre o objeto de estudo, direcionando a formulação de hipóteses (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2006).
Constituída por base de levantamentos bibliográficos em fontes como artigos científicos, revistas, monografias, dissertações, livros. Foram buscadas na literatura publicações que fundamentaram o tema proposto sobre intolerância à lactose e suas complicações decorrentes da má absorção de nutrientes, enfatizando as mais variadas publicações sobre o tema abordado em desenvolvimento.
A pesquisa dos artigos foi realizada por meio de levantamentos bibliogáficos utilizando as bases de dados acadêmicos PubMed (National Center for Biotechnologyinformation), SciELO (ScientificElectronic Library Online), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) e Google Acadêmico, que forneceram informações necessárias sobre o referente estudo. Fazendo a utilização das seguintes palavras-chaves: intolerância a lactose, cálcio, deficiência de Lactase, diagnóstico, epidemiologia e consequências da má absorção de nutrientes. Sendo esses artigos selecionados conforme o tema, a qualidade e relevância com o tema proposto.
3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL
O sistema gastrointestinal é formado por um longo tubo musculoso, composto pela cavidade oral (boca), faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e as glândulas anexas, que ajudam na digestão do alimento como o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas. Cada uma desenvolvendo uma função importante no processo digestivo (SGARBIERI, 2004).
A boca é a porta de entrada do alimento, que através da mastigação, os dentes e a língua preparam o alimento, quebrando-os em tamanhos menores para auxiliar na absorção gastrointestinal com o auxílio da enzima: amilase salivar, que está presente nas glândulas salivares, dando o início ao processo de deglutição (SAWAYA; LEANDRO; WAITZBERG, 2013). Passando pelo esôfago após a deglutição, o bolo alimentar é transportado até o estômago e devido às contrações da musculatura estomacal, o bolo é misturado com o suco gástrico, formado por ácido clorídrico e a enzima peptase, para facilitar a digestão química, principalmente à decomposição das proteínas em pequenos peptídeos (GUEDES, 2015). 
O pâncreas é uma glândula de grande importância para o sistema digestório. E por ser uma glândula com função anfícrina, ou seja, tanto desenvolve função endócrina na produção e excreção de insulina e glucagon, como tem função exócrina, na produção e excreção do suco pancreático constituído das enzimas: amilase, tripsina, quimiotripsina, lipase e outros que auxiliam na digestão química. O sistema de solução tampão natural do nosso corpo, que controla o pH do quimo, deixando-o mais alcalino, é constituído pelo bicarbonato, que prepara o quimo para ser digerido pelo intestino delgado (COSTANZO, 2014).
No intestino delgado, o suco biliar, que por sua vez é um fluido com pH alcalino, tem a função de fazer a emulsão dos lipídeos, para facilitar sua absorção pelos enterócitos e captar os nutrientes ao passar pelo intestino, auxiliando a digestão. A absorção dos principais nutrientes importantes para o organismo é resultante das reações enzimáticas que ocorre no intestino através das microvilosidades que aumentam a superfície de contato para os nutrientes serem absorvidos (GUEDES, 2015).
O intestino grosso é onde ocorre a finalização do processo digestivo. Nesse órgão acontece a eliminação de restos alimentares que não foram aproveitadas pelo organismo, sendo esta eliminação por meio da evacuação de fezes pelo ânus, que é auxiliada pela microbiota entérica (Escherichia coli, Lactobacillus sp e Bifidobacterium sp.), que por sua vez é responsável pela fermentação dos compostos químicos que não foram absorvidos. Além da eliminação dos restos alimentares, o intestino grosso faz a absorção da água e de vitaminas, que após passar pela fermentação, torna-se biodisponíveis a serem absorvidas (GUYTON, 2011) 
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4 COMPOSIÇÃO DO LEITE 
O leite é um alimento abundante com coloração geralmente branca, produzido pelas glândulas mamárias e amplamente consumido no mundo e sua composição diversifica de acordo com a raça, espécie, alimentação, período da gestação e entre outros fatores (VALSECHI, 2001). O leite de modo geral dispõe de nutrientes que são fundamentais para a saúde e também para ajudar no desenvolvimento do recém-nascido, ele pode ser classificado em macronutrientes e micronutrientes. Os macronutrientes dividem-se em sódio, potássio, cálcio, magnésio, fosfato e outros. Enquanto nos micronutrientes encontra-se cobalto, cobre, iodo, flúor, molibdênio, silênio, cromo, ferro e zinco (MORGANO et al., 2005). O leite bovino é composto por 873 g/kg de água, gordura com teor de aproximadamente 39 g/kg, o carboidrato do leite, a lactose, com teor de 46 g/kg, as proteínas com 32,5 g/kg, substâncias minerais 6,5 g/kg, ácidos orgânicos 1,8 g/kg e outros com 1,4 g/kg (SILVA, 1997).
O primeiro contato com o leite acontece durante a amamentação através do leite materno suprindo as necessidades do lactente, contendo energia e nutrientes em quantidades ideais para o recém-nascido ter um bom desenvolvimento. Durante o desenvolvimento e crescimento da criança, o leite materno é substituído por outros tipos de leite, sendo estes indispensáveis na sua dieta (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005). Por ser considerado um alimento completo que possui proteínas, vitaminas, minerais (principalmente cálcio), gorduras e carboidratos, que também são encontrados nos seus derivados: a menteiga, o chocolate, o iogurte, requeijão, no queijo, coalhada, entre outros. (MATHIÚS et al., 2016). 
A gordura também conhecida por lipídeos serve como fonte de energia e é um dos componentes mais ricos do leite, além de auxiliar no desenvolvimento e no crescimento, principalmente de crianças. A matéria gorda é composta por 99,5% de compostos lipídicos, que se dividem em lipídeos simples, complexos e ácidos graxos livres e também 0,5% de compostos lipossolúveis que são constituídos por colesterol, hidrocarbonetos e alguns álcoois (SOARES et al 2016). A Tabela 1 mostra a composição do leite bovino.
 
 Tabela 1- Composição do leite bovino
	Componentes
	Percentual no leite
	Água
	86,0 a 88,0%
	Gordura
	3,5 a 4,5%
	Proteínas
	3,2 a 3,5%
	Lactose
	4,6 a 5,2%
	Sais minerais
	0,7 a 0,8%
 Fonte: Soares et al (2013).
O leite possui vários tipos de proteínas, sendo a mais importante e abundante a caseína, que consistem quatros tipos de moléculas a alfa, beta, gamma e a k-caseína que desenvolvem uma função biológica importante na glândula mamária, que é o transporte de cálcio, fosfato e proteínas para o recém-nascido (BRASIL, 2013).
Os carboidratos ou glicídios do leite são constituídos pela lactose, que é produzida através das células epiteliais das glândulas mamárias, devido à atuação das proteínas: alfa-lactoalbumina e a enzima N-acetil-galactosil-transferase (BULHÕES, 2006). E ela é facilmente digerível pelo fato da hidrólise da lactose em monoses (glicose e galactose), além de proporcionar energia para o organismo (SOARESet al., 2016). Eles possuem uma importante fonte de energia, sendo constituinte dos cerebrosídios, presentes na massa cerebral e mielina nervosa, ele também atua na retenção de cálcio e magnésio no organismo, além de prolongar a ação da vitamina D e inibir o desenvolvimento de bactérias putrefativas e patogênicas através da produção de ácido lático e diminuição do pH pela microflora intestinal (ZYCHAR; OLIVEIRA, 2017).
A lactose também é destaque nas indústrias alimentícias, já que são usados na fabricação de queijos, iogurtes, sopas, bebidas e produtos cáneos, devido o teor baixo de glicose (Lácteos com baixo teor de lactose). Os sais minerais encontrados no leite são fósforo e cálcio, que estão relacionados com a estrutura das micelas de caseína, o magnésio (Mg) que também intervém na estabilidade da micela, o ácido cítrico que é um antioxidante, o potássio(K), o sódio (Na) e o cloro (Cl) que junto com a lactose permite um equilíbrio de pressão osmótica do leite e suas concentrações variam de acordo com as condições da espécie (VALSECHI, 2001).
4.1 Intolerância à lactose
Problemas associados à digestão do leite são conhecidos e documentado há milênios. Porém, apenas no século 17 foi descrito a presença do dissacarídeo lactose no leite, a partir de então as associações com o problema de digestão foram realizadas. Porém, a IL só foi definida no século 19 (CAMPBELL; WAUD; MATTHEWS, 2005). A IL ocorre pela perda considerada na quantidade da enzima lactase, que tem a função de hidrolisar a lactose (CUNHA et al., 2008). 
Na fase de lactância, a enzima lactase é bastante alta em lactentes que tem o funcionamento normal desta enzima e após a ablactação o mesmo passa por um processo de declínio progressivo com o passar dos anos, até manter seus níveis baixos, o que consequentemente aumenta as chances do indivíduo desenvolver a intolerância á lactose, sendo desenvolvida nesses casos a deficiência primária de intolerância à lactose, que ocorre com mais frequência na fase adulta (BARBOSA; ANDREAZZI, 2010).
A enzima lactase (β-D-galactosidase galactohidrolase) é codificada pelo gene LCT que está situado no cromossomo 2q21, possuindo 74.325 pares de base, que compreende 17 éxons em 49 kb9. Ela é responsável por estimular a hidrólise de lactose (em galactose e glicose) e de outros sacarídeos, estando presente nas microvilosidades dos enterócitos, podendo existir algumas variações nas suas concentrações, ocasionando maior concentração no intestino delgado (SILVA; LOPES, 2015) 
O desencadeamento dos sintomas da intolerância inicia-se após o consumo do leite ou de um dos seus derivados quando a lactose não é hidrolisada, devido à hipolactasia (quantidade insuficiente da enzima lactase), gerando um estímulo para o aumento do transito intestinal, ocasionando os sintomas de desconforto abdominal, distensão abdominal, cólicas, flatulência, diarreia e borborigmos (som produzido pela contração dos músculos intestinais) (CUNHA et al., 2008). E a intensidade desses sintomas vai depender da forma que esse alimento foi consumido, da dose ingerida desse carboidrato e do grau de deficiência de lactase que o intolerante apresente (BARBOSA; ANDREAZZI, 2010).
4.1.1 Etiologias
O desenvolvimento da IL é causado por vários fatores e estão classificadas como: deficiência congênita à lactose, deficiência primária e deficiência secundária (BAUERMANN; SANTOS, 2013). A deficiência congênita à lactase é um distúrbio genético de herança autossômica recessiva que ocorre pela ausência total ou parcial da atividade da enzima lactase (MATHIÚS et al., 2016), sendo um tipo raro e manifestado logo após o primeiro contato do recém-nascido com o leite materno (MATTAR; MAZO, 2010). Quando a intolerância de lactose congênita não é precocemente diagnosticada, pode levar o neonato a óbito. Pois os sintomas intensos de diarreia líquida podem levar a sua desidratação e a desnutrição. Um estudo genético feito com 24 famílias finlandesas apresentou que o desencadeamento dessa intolerância deve-se a mutações no gene LCT que é responsável por codificar essa enzima (SILVA; LOPES, 2015). 
No entanto, o controle correto na alimentação, isenta de lactose, proporcionará o desaparecimento dos sintomas, consequentemente o desenvolvimento e crescimento normal do recém-nascido ou da criança com intolerância. É importante ressaltar que o que difere a intolerância congênita da intolerância primária é a ausência e a presença das moléculas de lactase. Sendo na deficiência congênita, a lactase está ausente ou insuficiente e na deficiência primária a quantidade de enzimas lactase é normal, porém regride com o passar dos anos (MATTAR; MAZO, 2010) geralmente se manifesta na fase adulta, sendo essa a ocorrência mais comum (WORTMANN; SIMON; SILVEIRA, 2013). Esse processo de declínio da enzima lactase acontece comumente entre a infância e adolescência, onde há uma diminuição do nível para 5 a 10%, com relação à quantidade encontrada em lactentes (BULHÕES, 2006). 
Um estudo sobre a intolerância à lactose primária, realizado por Mattar e Mazo (2010), na Finlândia verificou que esse tipo de intolerância possui um traço recessivo. Sabendo que o gene LTC é responsável por codificar a lactose, os estudos mostraram que existem dois polimorfismos LTC-13910C>T e LTC-22018G>A acima do lóculo LTC, sendo que a variante polimórfica LTC-13910C>T apresentou a hipolactasia em 236 pessoas de 4 populações distintas (França, América do Norte, Coréia e Alemanha) e foi observado que as pessoas com genótipos CC e GG (homozigoto) desenvolveram sintomas de IL. Já as pessoas que apresentaram genótipos CT e GA (heterozigoto) e TT e AA (homozigoto) eram tolerantes à lactose. Confirmando que a IL primária possui traço recessivo (MATTAR; MAZO, 2010). Abaixo a Tabela 2 mostra melhor os Polimorfismos do gene da lactase, genótipos e implicações quanto à atividade da lactase.
 Tabela 2 - Polimorfismo genótipo do gene lactase com a respectiva atividade 
 enzimática
	Polimorfismo / Genótipo
	Atividade da lactase
	C/T-13910
	
	CC
	Lactase não persistente (HIPOLACTASIA)
	CT
	Lactase persistente
	TT
	Lactase persistente
	G/A-22018
	
	GG
	Lactase não persistente (HIPOLACTASIA)
	GA
	Lactase persistente
	AA 
	Lactase persistente 
Fonte: WORTMANN; SIMON; SILVEIRA (2013).
A persistência da enzima lactase na fase adulta é definida geneticamente. Logo a persistência desta enzima tem transmissão autossômica dominante, enquanto que a hipolactasia tem herança autossômica recessiva. Assim, os indivíduos homo ou heterozigotos para o alelo dominante hidrolisam facilmente a lactose, enquanto os homozigotos para o alelo recessivo não conseguem hidrolisar e absorver a lactose (WORTMANN; SIMON; SILVEIRA, 2013).
A Deficiência secundária de lactase é provocada por fatores externos, como consequências de doenças intestinais (SÁ; DELANI; FERREIRA, 2014). As quais ocasionam alterações na estrutura histológica do intestino, podendo desenvolver uma atrofia da mucosa intestinal, que vai consequentemente diminuir a função enzimática. Porém, quando o dano da mucosa é reparado, ela se regenera e volta a produzir novamente a enzima lactase (LIMA, 2012). O Quadro 1 apresenta as possíveis causas da deficiência da hipolactasia secundária:
Figura 1 
 Quadro 1 - Causas da hipolactasia secundária.
	Causas de deficiência secundária de lactase
	Gastroenterite aguda e síndrome pós-enterite
	Alergia à proteína do leite de vaca
	Doença celíaca
	Giardíase
	Desnutrição protéico-calórica
	Síndromes de imunodeficiência
	Ressecção extensa do intestino delgado
	Fibrose cística
	Doença inflamatória intestinal
	Enteropatia associada à infecção pelo HIV 
Fonte: BULHÕES, 2006.
4.2 Fisiopatologia
A enzima responsável por quebrar a lactose, é chamada de lactase (Lactase-florizina hidrolase), encontrada nas microvilosidades dos enterócitos, tem a função de fazer a quebra do dissacarídeo em glicose e galactose (WORTMANN;SIMON; SILVEIRA, 2013). Após sofrer a hidrólise, os monossacarídeos: glicose e galactose são absorvidas. A glicose é absorvida direto através do pool de glicose, enquanto a galactose ainda passa pelo fígado a fim de ser metabolizada e convertida em glicose para entrar no pool de glicose do intestino. Nos casos onde a galactose não é metabolizada e convertida no fígado, ela é eliminada através da urina (MATTAR; MAZO, 2010). Porém, devido a uma hipolactasia, o carboidrato do leite não é hidrolisado e consequentemente não consegue ser absorvido, passando direto para o cólon (WORTMANN; SIMON; SILVEIRA, 2013). 
No entanto, quando a lactose não é hidrolisada e a sua concentração ultrapassa o limite normal, exerce a pressão osmótica intestinal, ocasionando um fluxo de água extracelular para o duodeno e jejuno, diminuindo a consistência das fazes, aumentando o peristaltismo (contrações dos músculos do instestino) e acelerando o trânsito intestinal. Além disso, a quantidade anormal de lactose não degradada sofrerá um processo chamado fermentação, pela microbiota bacteriana intestinal, ocorrendo à produção dos ácidos: ácido acético, ácido lático e ácido graxo de cadeia curta, que vão tornar o meio ácido (LIMA, 2012). Até serem absorvidos e metabolizados pelo cólon (BULHÕES, 2006). 
Nesse processo de fermentação, também ocorre à produção dos gases hidrogênio, dióxido de carbono, nitrogênio e metano. E a eliminação desses gases ocorre por meio de flatulências e pelo pulmão. O cólon é capaz de reabsorver água, gases e eletrólitos. E quando o meio se torna ácido, há um aumento de carga osmolar e das contrações musculares do intestino grosso, isso acontece devido à capacidade exercida do cólon. E a grande quantidade de gases concentrados dilata as alças intestinais, ocasionando em cólicas, flatulências, inchaço, aumento no transito intestinal e fezes espumantes (diarreia fermentativa) (LIMA, 2012). A Figura 1 demonstra como ocorre o processo de fisiopatologia da intolerância à lactose:
gura 2 
 Figura 1- Esquema do processo de fisiotopatologia da Intolerância à lactose.
 Fonte: Johnson (1994)
4.3 Epidemiologia
A atividade da lactase regride naturalmente ao longo dos anos, conhecido também como hipolactasia, que é um processo normal na fase adulta. E cerca de 50% dos adultos da população mundial são intolerantes à lactose, sendo essa intolerância mais frequente em negros do que em brancos. E essa predominância pode estar relacionada com a tradição e os aspectos culturais de cada região, pois nas regiões que não costuma ter o hábito de consumir leite e derivados, manifestam maior número de intolerantes (MATHIÚS et al., 2016).
Já segundo os estudos de Hartwig (2014) a persistência da IL é cerca de 75% da população mundial, já que há uma redução na quantidade da enzima lactase após a ablactação, podendo desenvolver IL primária, que é a mais comum. Evidenciando uma correlação da hipolactasia com a idade, sendo mais corriqueiro na fase adulta do que a infância. Onde mostrou a prevalência de 46% da intolerância em pessoas com 50 anos de idade ou mais, enquanto que na infância a prevalência foi de 26%. No entanto, essa diminuição da lactase vai depender da quantidade de leite e derivados ingeridos e quanto a atividade dessa enzima se encontra reduzida.
Observa-se, que a prevalência da IL possui uma variação em diferentes etnias, sendo cerca de 5% no norte europeu: Dinamarca, Grã-Bretanha e Suécia, atingindo de 70% a 80% no sul do mesmo continente e superior a 90% no sudeste asiático. Apesar do Brasil ter mestiçagem com africanos, o DNA mitocondrial são de africanos no Brasil vindos da África, onde o alelo LCT-13910T é predominante. Nesse estudo, o alelo LCT-13910T esteve presente em 20% dos negros, opinando que ele tenha sido obtido através da mestiçagem com Europeus (MATTAR; MAZO, 2010). É possível observar na Tabela 3 a prevalência intolerância à lactose em diferentes etnias:
Tabela 3 - Prevalência de hipolactasia primária adulta no mundo.
	LOCAL
	PREVALÊNCIA (%)
	MÉTODO
	Alemanha
	14,8
	Hidrogênio Expirado
	Áustria
	20,1
	Hidrogênio Expirado
	Brasil (brancos)
	57
	genético
	Brasil (Crianças índias Terenas
	89,3 após 4 anos
	Hidrogênio Expirado
	Brasil (japoneses)
	100
	genético
	Brasil (mulatos)
	57
	genético
	Brasil (negros)
	80
	genético
	China (norte)
	87,3
	genético
	Estônia (ligados aos filandenses)
	24,8
	genético
	França
	23,4
	Hidrogênio Expirado
	Hungria
	37
	genético
	Índia (Norte)
	67,5
	genético
	Índia (Sul)
	86,8
	genético
	Itália
	51(Norte) 71(Sicilia)
	Hidrogênio Expirado
	Japão (adultos)
	89
	Hidrogênio Expirado
	Jordânia (beduínos)
	24
	Hidrogênio Expirado
	Jordânia (Oeste) e Palestina 
	75
	Hidrogênio Expirado
	Rússia (Nordeste)
	35,6
	genético
	Sibéria (Oeste, nativos Khants)
	94
	Tolerância/ glicemia
	Somalis
	76
	Hidrogênio Expirado
	Sudão (tribo Béja, pecuaristas
	16,8
	Hidrogênio Expirado
	Sudão (tribo Nilotes, agricultores)
	74,5
	Hidrogênio Expirado
	Suécia (Crianças caucasianas)
	10
	genético
	Suécia (crianças não-caucasianas)
	66
	genético
	Suécia (idoso caucasiano)
	5
	genético
	Tuaregues
	12,7
	Hidrogênio Expirado
	Turquia
	71,3
	Hidrogênio Expirado
Fonte: MATTAR; MAZO (2010)
5 DEFICIÊNCIA NUTRICIONAL E COMPLICAÇÕES EM PACIENTES COM 
 INTOLERÂNCIA À LACTOSE
O leite é um alimento muito consumido e possui uma fonte rica de proteína e de alto valor nutricional, carboidratos, sais minerais, especialmente, cálcio, fósforo, ácido linoléico conjugado (ALC), gorduras, carboidratos, vitaminas B2 e B12 e no leite integral vitaminas A e D. O leite é um alimento de grande importância para os seres humanos por possuir um alto valor nutricional (MATTANNA, 2011).
Quando o indivíduo é diagnosticado com IL, a exclusão do leite de imediato deve ser bem analisada, visto que, a sua ausência pode acarretar um prejuízo nutricional devido à ingestão insuficiente de nutrientes que são essenciais para manter um bom funcionamento do organismo (SOARES et al., 2016). Como no caso da deficiência em cálcio, fósforo e vitaminas, que podem estar associado com a perda de massa óssea (MATTAR; MAZO, 2010). Aumentando as chances de desenvolver osteopenia, osteoporose e raquitismo (MEDEIROS et al., 2004). Pois o cálcio além de ajudar a prevenir a perda de massa óssea, ainda ajuda no crescimento dos ossos, na manutenção da estrutura e rigidez do esqueleto (SOARES et al., 2016).
O raquitismo em pacientes com IL pode estar relacionado às concentrações diminuídas de vitamina D, de cálcio e de fósforo, devido à exclusão do leite e também as por alterações genéticas ou por metabolismo anormal desses minerais. O raquitismo é uma doença óssea que se caracteriza pela diminuição da mineralização da placa epifisária de crescimento. O raquitismo que ocorre entre lactentes e crianças pode ser atribuído à baixa ingestão dietética de cálcio, quando possui pouco acesso a produtos lácteos e são mais expostos a dietas baseadas em cereais, com variedade limitada. Nessas situações, o uso de suplementos dietéticos pode garantir a cura da doença óssea (OLIVEIRA, 2013).
Como o leite bovino é importante fonte de nutrientes, a sua eliminação da dieta sem adequada substituição pode retardar o crescimento e a qualidade nutricional da dieta. Dessa forma, tão importante quanto à orientação aos pais é a avaliação da ingestão alimentar e do estado nutricional das crianças durante a dieta de exclusão. Esta necessidade é reforçada através dos resultados da pesquisa sobre: a Ingestão de nutrientes e estado nutricional de crianças em dieta isenta de leite de vaca e derivados que demonstraram ingestão de energia insuficiente, podendo levar à desnutrição energético-proteica e deficiência de nutrientes, principalmente o cálcio, em crianças com alergia às proteínas do leite bovino, quandocomparadas a crianças sem alergia (MEDEIROS et al., 2004). 
O leite contém uma quantidade de cálcio suficiente para o crescimento e formação óssea do ser humano, e por ser o mineral mais abundante e comum do organismo, devem ser utilizados tanto para tratamento terapêutico quanto para prevenção contra a perda da massa óssea. O consumo adequado de cálcio desde a infância até a adolescência contribui significamente para a redução na perda de cálcio do osso para o sangue, diminuindo assim, os riscos de desenvolver osteoporose na idade adulta. E a deficiência do mesmo, contribui para o aumento das chances de fraturas (SALOMÃO, 2012).
O cálcio é um mineral que possui uma alta biodisponibilidade nos produtos lácteos, e essa biodisponibilidade está associada com a presença de vitamina D junto com a lactose, que ajudam a aumentar sua absorção no intestino. Outros fatores que também contribuem para uma boa absorção, é o pH alcalino do leite e a suspensão de cálcio por meio da produção de caseinato de cálcio, citrato de cálcio e de um complexo com a lactose. Assim, eles se fazem presentes nos alimentados lácteos podendo explicar a razão do cálcio tem uma boa e rápida absorção (BUENO; CZEPIELWSKI, 2008).
E uma das possíveis complicações da deficiência em cálcio, pode ser também devido à quantidade de vitamina D insuficiente que causa interferência na absorção do cálcio, podendo levar a perda de massa óssea por consequência da má absorção causada pela intolerância à lactose (GRUDTNER; WEINGRILL; FERNANDES, 1997). Por isso não é recomendado fazer restrição total e definitiva do leite, a fim de evitar prejuízos ao organismo do intolerante (BARBOSA; ANDREAZZI, 2010). 
De acordo com o envelhecimento, a absorção de cálcio diminui, e isso ocorre devido à deficiência de vitamina D na alimentação e também pela redução na produção de vitamina D endógena, que são características da idade avançada. E isso ocorre também pela diminuição de exposição dos idosos ao sol, ocasionando também, prejuízos na função renal e em mulheres na pós-menopausa a redução de estrógenos, onde esses mecanismos contribuem para a diminuição da produção de calcitriol renal. As doses de vitamina D são recomendadas de acordo a idade, o ambiente que vive e se for gestante, de acordo com o período gestacional. Os principais alimentos ricos em vitamina D são: o salmão, óleos de bacalhau, arenque, atum, lambari e óleos de espécies de cação (SALOMÃO, 2012).
Outro problema que leva a má absorção dos nutrientes é um dos sintomas da IL, a diarreia, quando o ácido lático produzido leva a água para dentro do intestino, gerando fezes líquidas. Que além de gerar a deficiência em nutrientes, pode se agravar e levar a acidose metabólica, hipocalemia, a desnutrição e a desitração devido a diarréia intensa não tratada, podendo causar choque e a morte do intolerante (MATHIÚS et al., 2016).
Pesquisa realizada por Medeiros et al. (2004) sobre: a Ingestão de nutrientes e estado nutricional de crianças em dieta isenta de leite de vaca e derivados, apresentou que o grupo que não consumiam produtos lácteos, teve consumo insuficiente de energia, proteínas e lipídeos, comparados ao grupo controle. E foi observado que essa exclusão do leite, seria para evitar os sintomas provocados pela má absorção, originando os sintomas de diarreia, constipação, vômitos, que explicaria o déficit de crescimento. O estudo aponta ainda que a exclusão do leite pode comprometer os índices de estatura/idade e peso/estatura em crianças com a má absorção, pois o déficit nutricional influencia no desenvolvimento e no crescimento. Por isso a importância de monitorar a ingestão alimentar e o estado nutricional de crianças submetidas à dieta isenta de leite bovino e derivados a fim de evitar o déficit de nutrientes durante a dieta de exclusão.
 
5.1 Diagnóstico
A primeira etapa para iniciar um diagnóstico é feito através da observação dos sinais e sintomas que o corpo apresenta logo após a ingestão do leite, como dor abdominal, diarreia, inchaço, náuseas, flatulências e mal-estar (MATHIÚS et al, 2016). Contudo, existe uma variedade de métodos disponíveis para o diagnóstico da IL (CUNHA et al, 2008). Como descrito na Tabela 4:
 Tabela 4 - Métodos de diagnóstico para intolerância à lactose.
	Método diagnóstico
	Significado do resultado alterado
	Teste de tolerância à lactose (Curva glicêmica)
	Má absorção de lactose
	Teste do hidrogênio expirado
	Má absorção de lactose
	Teste da atividade da lactase intestinal
	Hipolactasia
	Teste genético (Análise molecular da HPTA: SNPs C/T-13910 e G/A-22018)
	HPTA
Fonte: Wortmann, Simon e Silveira (2013)
O teste de tolerância à lactose ou curva glicêmica é um teste simples, porém pode causar sintomas desconfortáveis ao paciente devido à ingestão de lactose (em pacientes intolerantes) que é administrado para realizar a dosagem de glicose no sangue (MATTAR; MAZO, 2010). É preciso levar em considerações alguns fatores e um deles é que o teste pode ser mascarado em pessoas que possuem alterações nas taxas glicêmicas. Após o consumo de lactose, caso ela não for hidrolisada e absorvida, pode-se observar que pico de glicemia não excede em 20 a 25 mg/dl a glicemia de jejum, sendo chamada curva plana. A dose utilizada para a realização do exame é no máximo de 50 g, sendo também utilizada uma dosagem menor de 25 g de lactose, visando amenizar os sintomas da intolerância (WORTMANN; SIMON; SILVEIRA, 2013). 
Outro teste considerado padrão-ouro, é o teste de hidrogênio expirado, um teste sensível e específico no diagnóstico da IL, é um exame não invasivo e muito utilizado para pesquisa (PRETTO et al., 2002). Este teste consiste em detectar os gases produzidos durante a fermentação da lactose não absorvida pela ação de bactérias, resultando no aparecimento de ácidos orgânicos e gases através da respiração, como o hidrogênio. Portanto quando há a elevação do hidrogênio no ar expirado é indicativo de IL, que penetra na corrente sanguínea e é expirada pelos pulmões (ZYCHAR; OLIVEIRA, 2017). O paciente precisa seguir algumas orientações antes de realizar os exames, como: ingerir uma dieta sem lactose, evitar uso de antibióticos por 30 dias, não fumar, não realizar exercícios físicos e estar em jejum de 10 a 12 horas para realizar o exame, podendo ingerir somente água. (MATTAR; MAZO, 2010).
A análise do resultado é feita por meio de um analisador eletroquímico portátil de hidrogênio, onde paciente sopra o basal antes de tomar o carboidrato e depois de ingerir assopra novamente após 60, 90, 120, 150 e 180 minutos. Se ocorrer no valor um aumento em 20 ppm, já é considerado positivo para IL (CUNHA et al., 2008). Antes da realização do exame o paciente deve seguir algumas orientações, como fazer uma dieta com restrição total de lactose, jejum de 10 a 12 horas, não fumar, não ter feito o uso de antibiótico durante um mês e não realizar atividades físicas, pois tende aumentar o hidrogênio expirado (MATHIÚS et al., 2016). 
Um novo método diagnóstico não invasivo, recém--apresentado por pesquisadores espanhóis, apresentou ótimos resultados em um estudo multicêntrico, que incluiu mais de 200 pacientes. Trata-se do teste da atividade da lactase intestinal ou teste da galactosylxylose (ou gaxilose), consiste em um método novo de diagnóstico não invasivo, que tem apresentado resultados positivos. A galactosylxylose é um análogo sintético da lactose e essa molécula é clivada pela lactase intestinal, resultando em galactose e D-xylose, sendo essa absorvida através da mucosa intestinal, podendo ter sua concentração sérica ou urinária determinada através dos métodos colorimétricos. Esse método apresenta sensibilidade e especificidade excelente, quando comparados com os testes genéticos para hipolactasia e foram bem tolerados (ARAGÓN et al., 2014).
Com os avanços tecnológicos e melhor conhecimento sobre a IL, possibilitou o desenvolvimento de teste genético para diagnóstico da IL, pela genotipagem dos polimorfismosC/T-13910 e G/A-22018, que permitem a identificação da hipolactasia primária do tipo adulto (HPTA), a partir de amostra de sangue (WORTMANN; SIMON; SILVEIRA, 2013). Os testes genéticos estão sendo utilizados por meio de técnicas de biologia molecular, e apesar do alto custo eles possuem uma alta especificidade e sensibilidade, que permite principalmente fazer descobertas de polimorfismos relacionados à IL como LCT-13910C>T e G/A-22018 sendo estes utilizados no diagnóstico de hipolactasia (ZYCHAR; OLIVEIRA, 2017). 
Pohl e colaboradores desenvolveram um estudo com a participação de cerca de 200 pacientes, onde obtiveram eficácia superior a 95% de sensibilidade e especificidade do teste genético, reforçando de que a análise molecular da HPTA tem condições para substituir o teste do hidrogênio expirado no diagnóstico da IL. Apesar desse estudo, ainda assim alguns pesquisadores discordam, abordando que o teste genético identifica indivíduos apenas com as alterações genéticas com predisposição à má absorção de lactose, e que isso, na ausência de manifestações clínicas, não permite classificar esses indivíduos como intolerantes (POHL et al., 2010).
E outro teste sensível e muito utilizado para triagem, é o teste de pH fecal, que detecta a presença de excesso de substâncias redutoras (a partir de 0,5%) é o caminho mais rápido para o diagnóstico da intolerância. Esse exame é mais verídico para crianças, já que em adultos pode resultar em falso-nativo, caso o carboidrato for consumido pela microbiota intestinal. As amostras fecais devem ser analisadas frescas ou armazenadas de forma correta. Para um resultado normal, o valor do pH fica em torno de 7, já quando o pH esta ácido, menor ou igualar a 5, resulta um diagnóstico indireto de IL (BULHÕES, 2006).
5.2 Tratamento
Já que para essa patologia não existe cura, a princípio é recomendado fazer uma alteração alimentar restrita temporariamente de alimentos lácteos a fim de obter a redução dos sintomas (MATHIÚS et al., 2016). A monitoração é muito importante nesses casos, já que a exclusão do leite da dieta pode gerar um impacto nutricional prejudicial ao paciente, devido a privação dos nutrientes presentes em alimentos lácteos, como cálcio, vitaminas e outros minerais, que são indispensáveis na dieta principalmente de neonatos, crianças e mulheres. Em casos de neonatos e crianças, o processo deve ter um acompanhamento do médico ou nutricionista que vão avaliar a melhor substituição desses nutrientes através de outras fontes, sem, prejudicar a qualidade nutricional, o desenvolvimento e o crescimento normal desses pacientes (CORTEZ et al., 2007). 
Outra alternativa para pacientes com dieta isenta de leite ou derivado, é utilizar uma medida farmacológica, podendo ser feita aplicações com reposição da enzima lactase exógena (conseguida através de fungos e leveduras), sendo encontradas na forma de cápsulas e forma líquida, porém elas não hidrolisam a lactose por total, podendo eventualmente surgir algum sintoma. Outra alternativa para pacientes intolerantes, é fazer a substituição do leite para produtos à base de soja, isento de lactose rico em proteínas, porém pobre em micronutrientes, principalmente vitaminas e cálcio biodisponível, sendo preciso a complementação de vitaminas e minerais na alimentação (MATHIÚS et al., 2016). 
Existem também no mercado produtos lácteos com quantidades baixas de lactose, que foram produzidas principalmente para as pessoas com intolerância a esse carboidrato, e já pode ser encontrado na forma comercial como: doce de leite com lactase, queijos duros, coalhadas, leites com lactose diminuída, iogurtes (possuindo uma boa tolerabilidade devido à alta atividade da enzima lactase que está presente nos micro-organismos utilizados na fabricação do iogurte, sendo normalmente utilizado o Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus e Streptococcus salivarius subsp. Thermophilus) (PEREIRA et al., 2012). 
E por fim, os leites que tiveram até 90% de lactose diminuída, possuindo assim uma alta digestibilidade, facilitando a quebra da lactose em glicose e galactose e possibilitando a diminuição dos sintomas sem deixar de consumir os nutrientes importantes (HOSHINO et al., 2009) E essa diminuição do aparecimento dos sintomas de intolerância à lactose acontece devido o baixo teor de lactose nos produtos lácteos, já que os sintomas geralmente se manifestam quando há um ingestão de mais de 50g de lactose, o que vem desafiando a indústria de lactínios a criar novos alimentos com a quantidade de lactose reduzida, com a finalidade de atender a grande massa de pessoas com má digestão a esse carboidrato (PEREIRA et al., 2012).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de tais aspectos que foram abordados, acreditam que a intolerância à lactose tem forte influência na vida das pessoas que apresentam sua sintomatologia, uma vez que esta pode prejudicar não só a saúde, como a qualidade de vida do indivíduo portador. 
Trata-se de uma deficiência de lactase que pode gerar a destruição de vilosidades intestinais, que poderá acarretar no processo de má absorção de vários tipos de nutrientes, a qual poderá refletir em diversas desordens metabólicas, podendo comprometer o crescimento, o metabolismo ósseo decorrente da deficiência de cálcio e vitamina D, metabolismo hormonal, além de poder prejudicar na absorção de medicamentos. Além disso, o intolerante precisa de um tratamento dietético, que deve concentrar-se no controle da dieta, para que a mesma supra as necessidades recomendadas para a faixa etária do paciente. Os alimentos deverão suprir o aporte de proteínas, cálcio e vitamina D, já que fonte alimentar principal para as crianças é o leite bovino. 
Estudos ainda afirmam que a ingestão adequada de cálcio e de outros nutrientes presentes no leite durante a infância é a principal forma de prevenção de perda de massa óssea, evitando assim, o desenvolvimento da osteoporose. A restrição dietética de alimentos lácteos podem provocar alterações que poderão perdurar e se manifestar na vida adulta, se não houver uma indicação bem estabelecida, seguida de uma avaliação e orientação individual, adequada para as necessidades de cada paciente. 
Sendo assim, ainda é preciso mais estudos e pesquisas afim de aprofundar mais sobre as complicações causadas pela intolerância à lactose, que expressem com mais clareza quais as principais e reais complicações, oferecendo com mais detalhes os principais nutrientes impactados devido à exclusão do leite e a perda de nutrientes por meio da diarreia provocada pela má absorção de lactose.
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