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46228926 DIREITO DAS COISAS AULA 7A

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AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE
Usucapião
Requisitos gerais e específicos 
A) Pessoais: referem-se às características pessoais, bem como atitudes do adquirente e do proprietário. Assim, para usucapir, é necessário que o adquirente tenha capacidade jurídica, na forma da lei civil. Por outro lado, também não corre o prazo da usucapião contra os absolutamente incapazes. Além disso, considerando ser a USUCAPIÃO uma espécie de prescrição aquisitiva, há que serem observadas as causas obstativas, suspensivas e interruptivas da prescrição elencadas nos arts. 197 a 202, CC/2002.
B) Reais: referem-se ao objeto da usucapião, é dizer, aos bens e direitos suscetíveis de usucapião. Assim é que podem ser usucapidos os bens apropriáveis, estando, pois, excluídos os bens fora do comércio, os bens públicos (Ver Súmula 340 do STF) e bens que, pela natureza da relação jurídica que autoriza a posse do possuidor, não podem ser usucapidos, como, p.ex., o condômino usucapir área condominial.
C) Formais: os requisitos formais referem-se à posse (que deve ser exercida com animus domini), ao prazo e à sentença judicial (declaratória). A posse deve ser justa, não sendo condição essencial a boa-fé. Dessa forma, a posse há de ser: mansa, pacífica, pública, contínua e duradoura.
Sobre a continuidade, cabe ressaltar a possibilidade de soma de posses para efeito de usucapião.
Em se tratando de usucapião de imóveis, da sentença deve ser extraída carta que será registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Ademais, em conformidade com as súmulas 263 e 391, ambas do STF, tanto o possuidor quanto os confinantes devem ser citados pessoalmente para a ação de usucapião.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE
 Espécies e respectivos prazos          
 Usucapião de imóveis : ordinária, extraordinária ou especial
 A especial  pode ser: urbana (pro misero)(art.1240); rural (pro labore)(Art. 1239); coletiva (estatuto da cidade); matrimonial (art.1240-A)
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Muitas questões polêmicas estão sendo levantadas a respeito do novel instituto, inclusive quanto à própria constitucionalidade. Na V Jornada de Direito Civil, realizada pelo STJ e pelo CJF, alguns enunciados foram aprovados a respeito da usucapião matrimonial:
498. A fluência do prazo de 2 anos previsto pelo art. 1.240-A para a nova modalidade de usucapião nele contemplada tem início com a entrada em vigor da Lei n. 12.424/2011.
499. A aquisição da propriedade na modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-A do Codigo Civil só pode ocorrer em virtude de implemento de seus pressupostos anteriormente ao divórcio. O requisito "abandono de lar" deve ser interpretado de maneira cautelosa, mediante a verificação de que o afastamento do lar conjugal representa descumprimento simultâneo de outros deveres conjugais, tais como assistência material e sustento do lar.
500. A modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-A do Código Civil pressupõe a propriedade comum do casal e compreende todas as formas de família ou entidaes familiares, inclusive homoafetivas.
501. As expressões "ex-cônjuge"  e "ex-companheiro", contidas no art. 1.240-A do Código Civil, correspondem à situação fática da separação, independentemente de divórcio.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE
Usucapião
Conceito e natureza jurídica
Etimologia da palavra: usus (do latim, uso) + capionem (do latim, aquisição), que significa aquisição pelo uso.
A usucapião é a aquisição de direito real por meio do exercício da posse mansa, pacífica, continuada e duradoura. Outros direitos reais são adquiridos pela usucapião, tais como a servidão e o uso. Assim, a usucapião transforma um estado de fato (posse) em um estado de direito. A usucapião é forma originária de aquisição da propriedade. 
Fundamentos
Corrente subjetivista: fundamento - presunção de que o proprietário abandonou o bem, renunciando-o tacitamente.
Corrente objetivista: fundamento - consolidação da propriedade, dando jurisdicidade a uma situação de fato: a posse e tempo. A posse é o fato objetivo, e o tempo, a força que opera a transformação do fato em direito.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE
USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL
Em 2015, a Lei 13.105 (novo CPC) no artigo Art. 1.071 introduziu outra modalidade de usucapião de bens imóveis, que se chama usucapião extrajudicial ou administrativa.
Este artigo inseriu na Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73), no Capítulo III do Título V da Lei n o 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos), que passa a vigorar acrescida do seguinte art. 216-A: “Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, representado por advogado, instruído com: (ver incisos I a IV e parágrafos 1 a 10)
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE
Prazos
Os prazos variam conforme a espécie de usucapião:
- usucapião extraordinária - art. 1.238, caput: 15 anos
- art. 1.238, parágrafo único: 10 anos.
- usucapião ordinária    - art. 1.242, caput: 10 anos
- art. 1.242, parágrafo único: 5 anos.
- usucapião especial     - rural (art. 1.239, CC c/c art. 191, CR/88): 5 anos.
- urbana (art. 1.240, CC c/c art. 183, CR/88): 5 anos.
- usucapião coletiva(Lei 10257/01, art. 10): 5 anos.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE
Alegação em defesa e seus efeitos
A regra da proibição de exceção de domínio é suavizada quando a matéria de defesa for a usucapião, consoante entendimento sumulado pelo STF:
Súmula 237, STF: o usucapião pode ser argüido em defesa.
Quando a usucapião for alegada como matéria de defesa, a decisão somente poderá ser usada para fins de registro se formulado pedido contraposto.
AVALIAÇÃO
Caso Concreto
Gustavo e Rodolfo dissolveram em 2012 sua união homoafetiva em que conviveram desde 2000. Gustavo voltou para a casa dos seus pais e Rodolfo permaneceu no apartamento em que viviam e que adquiriam de forma onerosa durante a união, porque não era proprietário de outro imóvel. Como a dissolução da união foi litigiosa, Gustavo decidiu deixar todas as contas relativas ao imóvel para Rodolfo pagar, tais como, o IPTU e as taxas condominiais, já que não mais iria morar no bem. Após 4 anos morando com os seus pais, Gustavo decide contratar você como advogado(a), para postular o seu direito à metade do apartamento, eis que comprou o bem em copropriedade com Rodolfo e até o momento não tinham partilhado o referido imóvel. Pergunta-se: Gustavo conseguirá obter em Juízo o seu direito à metade (meação) do apartamento? Fundamente sua resposta. 
AVALIAÇÃO
Questão objetiva 
Por 10 anos, sem interrupção nem oposição, Fábio possuiu, como seu, bem imóvel no qual estabeleceu sua moradia habitual, podendo:
A. depois de mais cinco anos requerer ao juiz que declare adquirida a propriedade do bem, independentemente de justo título e boa-fé.
B. requerer ao juiz que constitua desde logo, em seu favor, a propriedade do bem, somente se possuir justo título e boa-fé.
C. depois de mais cinco anos requerer ao juiz que constitua, em seu favor, a propriedade do bem, desde que possua justo título e boa-fé.
D. requerer ao juiz que declare desde logo adquirida a propriedade do bem, independentemente de justo título e boa-fé.
E. requerer ao juiz que constitua em seu favor, a partir do trânsito em julgado da sentença, a propriedade do bem, independentemente de justo título e boa-fé.

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