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DOS EMBARGOS TERCEIRO

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DOS EMBARGOS DE TERCEIRO
 Os embargos de terceiro são ação atribuídas aquele que não é parte, para fazer cessar a constrição judicial que indevidamente recaiu sobre bens do qual é proprietário ou possuidor.
 Distinguem –se das ações possessórias em dois aspectos: podem ser ajuizadas não só pelo possuidor, mas também pelo proprietário; e tem por finalidade afastar não esbulho, turbação ou ameaça, mas apreensão judicial, indevida porque recai sobre bem de quem não é parte.
 Os embargos de terceiro estão sempre associados a uma outra ação, na qual foi determinada a apreensão indevida. 
 A parte não pode valer-se dos embargos de terceiro,pois, figurando no processo, deve usar outros mecanismos processuais para afastar a constrição. Pode recorrer da decisão que a determinou ou, nas execuções civis, valer-se dos embargos ou da impugnação.
 O terceiro, por sua vez, por sua vez , terá de valer-se dos embargos. Que tem natureza de ação autônoma, se quiser afastar a constrição. 
REQUESITOS ESPECÍFICOS DE ADMISSIBILIDADE
 
 Os embargos de terceiro têm natureza de ação e implicam a formação de um novo processo. Por isso, devem preencher os pressupostos processuais e condições da ação, comuns a todos os processos e ações em geral. Além disso, possuem requisitos específicos. São Eles: 
Que Haja um ato de apreensão judicial 
 
 Só cabem embargos de terceiro com a finalidade de desconstituir um ato de apreensão judicial ou afastar ameaça de que ele ocorra (CPC, art. 674). Se a perda da posse decorre de outro tipo de causa, proveniente de ato de particular ou da Fazenda Pública, a ação adequada será a possessória. São atos de apreensão, entre outros a penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário e partilha.
 Não é necessário que a apreensão já esteja consumada, pois admitem-se embargos de terceiro provenientes, quando haja ameaça de que o ato de apreensão judicial se consume. Por exemplo: basta que o exeqüente indique à penhora bens de terceiro para que os embargos possam ser opostos , mesmo que ela não tenha sido efetivada. 
 Por essa razão, eles estarão sempre relacionados a outro processo, no qual foi feita ou determinada a apreensão do bem. Pode tratar-se de qualquer tipo de processo , de conhecimento, execução ou tutela provisória, antecedente ou incidente , desde que haja a apreensão.
 
Que sejam interpostos por quem invoque a condição de proprietário ou possuidor.
 
 Só tem legitimidade para opor embargos de terceiro aquele que não configura como parte no processo em que a apreensão ocorreu ou foi determinada. E que alegue ser proprietário ou possuidor do bem. 
 De acordo com o art. 674. }1º, do CPC, os embargos poder ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou apenas de terceiro possuidor. 
 O compromissário comprador também poderá opor os embargos de terceiro. De início, exigia-se que o compromisso de compra e venda estivesse registrado. Nesse sentido, a súmula 621 do STF: “Não enseja embargos de terceiro à penhora a promessa de compra e venda não inscrita no registro de imóveis”.
 Posteriormente, essa súmula deixou de ser aplicada. A jurisprudência passou a prestigiar o compromisso, ainda que não registrado, e o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 84: “É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido de registro”.
 Não se justificava que os embargos ficassem restritos à hipótese de compromisso registrado porque eles podem ser opostos tanto pelo proprietário como pelo possuidor. Ora, o compromissário sem registro pode não ser titular de direito real sobre a coisa mas sendo possuidor, pode valer-se dos embargos.
 A reação do § 1° do art. 674 afasta qualquer dúvida sobre a possibilidade como garantia de uma divida, em alienação fiduciária em garantia, possa valer-se também dos embargos.
Que o embargante seja terceiro
 Aqueles que figuram como partes no processo em que houve a apreensão do bem não podem se valer dos embargos. Só quem é terceiro pode fazê-lo. Mas o art. 674, § 2°, contem hipóteses que ampliam o conceito de terceiro. Ele estabelece: “Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos: I- o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843; II- o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução; III- quem sofre constrição judicial de seus bens por forca de desconsideração da personalidade jurídica, de cuja incidente não fez parte; IV- o credor com garantia real para obter a expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos”.
Embargos de terceiro de penhora de bens dos sócios
 Nas execuções contra as pessoas jurídicas, a penhora só pode recair sobre os bens dela, e não dos sócios, que não figuram como parte. Mas, desde que verificadas as hipóteses do artigo 50 do CC. O juiz pode considera a personalidade jurídica da empresa e estender a responsabilidade patrimonial aos bens pessoais dos sócios, que poderão ser atingidos. Para que isso ocorra, é preciso que o credor se valha do procedimento estabelecido nos arts 133 e ss. Se o fizer, o juiz resolver o incidente , decretando a desconsideração, a responsabilidade patrimonial aos sócios se estenderá. Se na fase executiva não forem encontrados bens suficientes , o juiz autorizará a constrição de bens dos sócios que, tendo sendo incluídos por força o incidente , não poderão se valer dos embargos de terceiros, mas dos meios de defesa próprios da execução(embargos cumprimento de sentença). Mas, se o juiz estender a responsabilidade patrimonial ao sócio e determinar a constrição de bens dele, sem que tenha havido o prévio incidente de desconsideração da personalidade jurídica, o sócio poderá valer-se de embargos de terceiro. O mesmo vale em relação aos bens da empresa, na execução promovida contra o sócio, quando há a desconsideração inversa. 
Embargos de terceiro do Adquirente em fraude à execução
 A fraude à execução, se reconhecida, implica ineficácia da alienação, o que permite ao credor requerer a penhora do bem em mãos do adquirente, embora a execução não seja dirigida contra ele, mas contra o alienante.
Se o adquirente quiser negar a fraude e, com isso , afastar a constrição, deverá valer-se de embargos de terceiro, já que ele não é parte na execução.
 Para configurar fraude à execução, é preciso que a alienação tenha ocorrido depois da citação do devedor. Além disso, é preciso que se observe o determinado na Súmula 375 do STJ, que condiciona o reconhecimento da fraude a que tenha havido o registro da penhora , ou prova da má fé do adquirente. 
 Na execução, o juiz verificará, em cognição não exauriente, se estão preenchidos os requesitos da Fraude. Em caso afirmativo, determinará a penhora do bem alienado, o que é feito sem a ouvida do adquirente, que não é parte na execução. Se ele quiser, no entanto, afastar a constrição, reputando-a indevida e questionar o reconhecimento da fraude, poderá fazê-lo em embargos de terceiro.
 Mas tão somente a fraude à execução poderá ser discutida. A fraude contra credores não, como evidencia a Súmula 195 do STJ: “ Embargos de terceiros não se anula o ato jurídico, por fraude contra credores.”
Os Embargos de terceiro do credor com garantia real não intimado
 Nas execuções, os credores com garantia real são intimados tanto da penhora quanto da expropriação dos bens agravados (CPC, art. 799,I e art. 889), para que possam exercer direito de preferência , pois o crédito com garantia real é preferencial. Eles terãoprioridade para levantar o valor da arrematação de bens. Quando caberão, então os embargos de terceiro a que alude o art.674, IV do CPC?
 Quando não tiver sido intimado da alienação judicial, com pelo menos cinco dias de antecedência (art. 889). Nesse caso, a alienação não será realizada, mas o credor não poderá opor-se a que outra seja designada, desde que, desta feita, seja intimado com a antecedência necessária. 
Prazo
 Prazo de embargos de terceiro vem estabelecido no art. 675 do CPC: “Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até cinco dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta”. 
 Se a apreensão ocorrer em razão de tutela provisória antecedente será sempre preciso que haja a formação do pedido principal definitivo, que pode ser de conhecimento ou execução. E o prazo para os embargos de terceiro será determinado pelo disposto no art.675: se a tutela antecedente o pedido principal cognitivo, até o trânsito julgado da sentença que aprecia; se um pedido de execução, até cinco dias depois da adjudicação, alienação particular ou arrematação, desde que não assinada a respectiva carta. 
Procedimento
Competência
 Os embargos de terceiro são distribuídos por dependência ao juízo em que ocorre o processo no qual foi determinada a apreensão do bem. Trata-se de regra de competência funcional (absoluta). 
 Mesmo que o processo já esteja em grau de recuso, haverá distribuição por dependência, para o juízo de primeiro grau onde o processo correu, e onde foi proferida sentença. 
 Mas e se apreensão tiver sido feita por carta precatória? A competência para processar e julgar os embargos será do juízo deprecante ou do juízo deprecado? Depende. Se a precatória já determinava a a preensão de um bem determinado, e o juízo deprecado se limitou a executar a solicitação, ou então se ela já tiver sido devolvida no momento da interposição dos embargos, a competência será do juízo deprecante; mas se a precatória era para que o juízo deprecado penhorasse os bens do réu que fazem localizados na Comarca, sem indicação de quais seriam tais bens, e a carta não tiver sido determinada em processo que ocorre perante a Justiça Estadual, a competência será deslocada para a justiça Federal. 
São os embargos de terceiro apensados ao processo onde houve a apreensão?
 Não. O artigo 676 do CPC esclarece que “ Os embargos serão atingidos por dependência ao juízo que ordenou a constrição e autuados em apartados”. Não há razão para o apensamento, pois os embargos de terceiro serão aforados em primeira instância mesmo que o processo já esteja em fase de recurso. 
Legitimidade 
 O pólo dos embargos será ocupado pelo terceiro que se arrogue na condição de proprietário ou possuidor do bem constrito. Já o pólo passivo será, em regra, ocupado apenas pelo sujeito a quem constrição aproveita , geralmente o autor do processo em que ocorreu a apreensão do bem. Mas haverá litisconsórcio no pólo passivo entre o autor e o réu da ação em que houve a apreensão do bem, quando for o réu a indicação do bem para constrição judicial (art. 676,§ 4º, DO CPC). 
 Por exemplo, nas execuções em que o devedor indica a penhora de determinado bem, que se verifica pertencer ao terceiro. Nesse caso, figurão no pólo passivo tanto o exeqüente quanto o executado. 
Petição Inicial
 Vem tratada no artr. 677, caput, do CPC: “ Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas”. 
 A única particularidade é o rol de testemunhas, caso haja, requerimento de audiência preliminar. Tal como nas ações possessórias, o autor deve fazer uma comprovação, ainda que sumária, de sua condição de proprietário ou possuidor. A de proprietário, quando o bem for imóvel, é mais fácil, bastando, em regra, a juntada de documentos. Mas a de possuidor pode requerer prova testemunhal, para o que será designada audiência prévia de justificação. 
 O rol que alude a inicial não é relacionado à audiência de instrução e julgamento, para a qual ambas as partes poderão arrolar testemunhas , na forma e no prazo estabelecido para o procedimento comum, mas à de justificação. 
 O autor deve ainda instruir a inicial com todos as provas que tiver de sua posse ou propriedade e da sua qualidade de terceiro. 
 Elas servirão apenas para obtenção da liminar,que poderá ser requerida pelo autor, na forma do art. 678 do CPC. Mesmo que, nessa fase inicial, não fique provada a posse do autor, o juiz receberá a inicial, mas negará a liminar.
A liminar
 O autor, na inicial, pode pedir ao juiz a sua manutenção ou reintegração provisória na posse do bem. Com a apreensão judicial, o embargante terá perdido a posse do bem, ou sofrido turbação. Para que o juiz conceda a liminar, basta que, com cognição sumária, fique demonstrada a posse ou propriedade do embargante e a sua qualidade de terceiro. Por isso, é preciso que ele instrua a inicial com todos os elementos que possam convencer o juiz de sua posse. A liminar pode ser deferida de plano, se o juiz ficar convencido, pelos elementos trazidos com a inicial. Mas ele pode , não se sentindo ainda suficientemente esclarecido, designar audiência preliminar , na forma do art. 677, §1º , CPC. 
 Ela presta-se dar oportunidade do autor de produzir as provas necessárias para a liminar, assemelhado-se em tudo à audiência de justificação nas ações possessórias. O réu será citado, e poderá participar , formulando perguntas ou contraditando as testemunhas do autor. Mas não poderá requerer provas, já que essa audiência não tem essa finalidade. 
 Se necessário, o juiz poderá condicionar a liminar à prestação de caução pelo requerente, para assegurar o embargo de eventuais prejuízos, caso os embargos sejam julgados improcedentes. Mas o juiz dispensará se o requerente for hipossuficiente. 
A Suspensão das medidas constritivas
 O juiz, se reconhecer provado o domínio ou a posse do embargante, determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos. Se versarem sobre todos os bem, as medidas de constrição ficarão todas suspensas. Se apenas sobre alguns deles, apenas as que eles se referirem se suspenderão. Trata-se de preceito cogente, a ser observado pelo juiz. Mas , se os embargos forem indeferidos liminarmente, não chega a haver a suspensão. Esta, se deferida, perdura até o julgamento, embora possa ser revogada se no curso dos embargos surgiram fatos novos, que justifiquem a modificação do convencimento do juiz. 
 Caso o processo principal esteja no tribunal, o juiz terá poderes para suspender a constrição, cabendo-lhe apenas comunicar ao relator a interposição dos embargos, para que ele o faça.
Citação
 Conquanto os embargos de terceiro estejam sempre atrelados a outro processo e sejam, em regra, dirigidos contra o autor da ação principal, será necessário citar o embargado, porque eles tem a natureza jurídica da nova ação. A citação poderá ser feita por qualquer dos meios previstos no CPC. No entanto, por força do §3º do art. 677 do CPC, se o embargado tiver advogado no processo principal , ao haverá citação, mas intermédio de seu advogado. Não bastará a mera intimação do advogado pela imprensa, sendo necessária a citação. No entanto, ela será dirigida ao advogado, em situação idêntica à que ocorre na oposição, conforme art. 683, parágrafo único , do CPC. 
Resposta do Réu
 O prazo de contestação é de quinze dias (CPC, art.679). Havendo litisconsortes com advogados diferentes, de escritórios distintos, e não sendo o processo digital, o prazo dobra. 
 Não se admite reconvenção, jáque a finalidade dos embargos é tão somente determinar o fim da constrição judicial no processo principal.
 A falta de contestação implicará na aplicação, aos embargados, dos efeitos da revelia. 
Após a resposta
 O procedimento será o comum. O juiz verificará se há ou não necessidade de provas. Se não houver, promoverá o julgamento antecipado; se houver, determinará as necessárias, e depois julgará. 
 Com a procedência dos embargos, o juiz determinará que cesse a constrição judicial determinada no processo principal. 
Bibliografia
Direito Processual Civil Esquematizado 7º edição- Marcus Vinicius Rios Gonçalves/Atualizado pela Lei n. 13.256,de 04-02-2016

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