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Anotações de Psicopatologia

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• CONDIÇÃO MÉDICA GERAL: etiologia orgânica (estudo das causas das doenças orgânicas).
• TRANSTORNO MENTAL: etiologia psíquica (estudo das causas das doenças psíquicas).
- ETIOLOGIA MISTA: orgânica + psíquica; tratada com MEDICAÇÃO (orgânica) e PSICOTERAPIA (psíquica). 
• SINTOMAS: aquilo que o paciente fala/relata; elementos coletados pelo profissional de saúde a partir da escuta clínica sobre o discurso do paciente.
• SINAL: é percebido pelo terapeuta sem que paciente relate; está no paciente, mas ele não é capaz de dizer.
• HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS: resultado da análise de sinais e sintomas coletados (é a hipótese de um diagnóstico; não é um diagnóstico fechado, é aquilo que PODE ser diagnosticado).
 • PROGNÓSTICO: expectativa que se tem a partir de uma decisão terapêutica (como o terapeuta vai atuar, quais recursos serão utilizados por ele, como irá conduzir o tratamento e os resultados obtidos a partir disso)
PSICOSE
• DELÍRIO: crenças falsas sobre a realidade; construção cognitiva caracterizada pela presença de ideias únicas, próprias, não compartilháveis e irrefutáveis que têm caráter de VERDADE para o sujeito; esses pensamentos não são removíveis por argumentação lógica pois não passam pelo PRINCÍPIO DA REALIDADE (o delírio faz o PSICÓTICO ser alguém no mundo, é estruturante para ele, que é desestruturado até que o delírio o faça ser alguém).
• ALUCINAÇÃO: alteração perceptiva caracterizada pela sensação/percepção que inexistem na realidade. A diferença da alucinação para o delírio, é que esta primeira pode ser alterada e passa pelo PRINCÍPIO DA REALIDADE, enquanto o delírio para o psicótico tem caráter de realidade irrefutável; o sujeito que sofre de alucinação sabe que não é real.
• SONHO: ideias inconscientes vão para o consciente disfarçadas através da condensação e do deslocamento.
• FANTASIA: é aquilo que permite ao NEURÓTICO suportar a existência.
	Ex: se eu não fantasiasse que vou me formar, não viria todos os dias para a faculdade durante 5 anos.
TIPOS DE DELÍRIO:
Delírios Persecutórios: se caracterizam por uma crença do sujeito de estar sendo vítima de perseguição, conspiração. O sujeito acredita e possui explicações coerentes para o fato de que há alguém conspirando para seu mal.
Delírios de Referência: vê a si próprio como o centro de tudo. O que dizem na televisão ou o que acontece no mundo tem a ver com ele, com os seus pensamentos e as suas ações. Considera que tudo tem um sentido especificamente feito para ele.
Delírios Somáticos: é caracterizado pela existência de delírios relacionados a funções ou sensações corporais. Dentre os tipos mais comuns de delírios somáticos, destacam-se os seguintes: a convicção de estar emitindo odor fétido através da pele, boca, reto ou vagina; a crença de estar infestado com insetos sobre ou sob a pele; a certeza de que certas partes do corpo são malformadas ou feias.
Delírios Religiosos ou Místicos: pessoa pode considerar que a maioria das ações realizadas pelas pessoas à sua volta são pecaminosas e procura a perfeição nas suas ações. Considera que é um mensageiro de Deus que tem que cumprir uma missão divina ou que a virgem lhe encomendou uma missão e que os vários fatos da vida são sinais enviados para confirmar a sua missão.
Delírios de Grandeza: consideram-se superiores aos outros em diversos aspectos. Acham que são pessoas especiais, e que a sua existência tem uma grande importância para a humanidade.
Delírios Erotomaníacos: a pessoa está convencida de que outra pessoa (que normalmente pertence a uma classe social superior) está perdidamente apaixonada por ela. Considera que tudo o que acontece não são mais que sinais que confirmam o amor da outra pessoa por ela.
• SINTOMAS POSITIVOS: são aqueles que amplificam algo que o sujeito já possui. Ex: neuróticos também possuem alucinações, mas no PSICÓTICO isto é amplificado.
• SINTOMAS NEGATIVOS: quando diminui uma característica que o ser humano normalmente apresenta. Ex: na depressão, quando o sujeito perde a vontade de realizar as tarefas do dia a dia, que é comum para os demais.
TRANSTORNO DE ANSIEDADE
- A ansiedade é o correlato psíquico do estresse (aspecto biológico).
• ANSIOGÊNICO: situações, ideias, pensamentos, etc, que provocam o quadro de ansiedade. Ex: dia de prova.
• GATILHO ESTRESSOR: acontecimento específico que faz a ansiedade surgir (pode variar de pessoa para pessoa em uma mesma situação ansiogênica). Ex: pegar a prova para fazer, ou ver o professor chegando em sala de aula em dia de prova.
• ANSIOLÍTICO: drogas para diminuir os picos de ansiedade e estresse (age somente no sintoma).
- TOLERÂNCIA: ocorre quando uma mesma dose não surte mais o efeito esperado e é necessário aumenta-la.
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA
Não há a presença de objeto fóbico; caracteriza-se pela ocorrência de picos de ansiedade sem que seja possível localizar a situação ansiogênica nem o gatilho estressor.
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
Reativação do trauma; ocorre após um evento que faz o sujeito “reviver” determinado trauma/situação traumática.
TRANSTORNO DE PÂNICO
Há a presença de objeto fóbico que não oferece risco real ao sujeito acometido pelo transtorno; quadro de ansiedade onde também está presente o pânico.
TRANST. PÂN. C/ AGORAFOBIA
Tem lugares públicos e com multidões como objeto fóbico; surto de pânico no meio da multidão (medo de morrer/se acidentar no meio de pessoas desconhecidas sem que possa ser identificado). 
TRANST. PÂN. C/ CLAUSTROFOBIA
Tem lugares fechados como objeto fóbico; medo de morrer/se acidentar em um local fechado e sem acesso que dificulte ou impossibilite seu resgate.
TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO
• OBSESSÃO: é uma ideia ou conjunto de ideias intensivas, recorrentes, a respeito de DOR, MEDO, SOFRIMENTO, DOENÇA, CONTAMINAÇÃO ou MORTE acometendo a si próprio ou a outrem que lhe seja caro.
• COMPULSÃO: comportamento ritualizado, repetitivo, que está diretamente vinculado à obsessão, cujo objetivo é eliminar esta última.
OU SEJA, o sujeito emite o comportamento compulsivo na tentativa de eliminar/lidar com a obsessão.
BIPOLARIDADE (TRANSTORNO BIPOLAR)
• BIPOLARIDADE I: depressão e mania; um estado emocional excessivamente feliz ou excitado é chamado de episódio maníaco e está associado a um aumento de energia e atividade, podendo acarretar em diversos tipos de comportamentos compulsivos que trazem risco à vida do sujeito acometido com esse transtorno. Os sintomas podem incluir uma exagerada autoestima e profusão de ideias, diminuída necessidade de sono, conversar excessivamente e tendência para comportamentos impulsivos e destemidos. Os episódios maníacos podem alternar com prolongados episódios de depressão, durante os quais se verifica uma diminuição do humor e menor energia e atividade. Também podem ocorrer episódios mistos, onde tanto a mania como a depressão acontecem no mesmo dia, levando a pessoa a oscilar rapidamente entre os dois estados
• BIPOLARIDADE II: depressão e hipomania; caracterizado como um tipo menos grave de transtorno bipolar caracterizado por episódios depressivos e hipomaníacos (mania apresentada de forma mais branda). Neste tipo de transtorno bipolar, durante um episódio maníaco o sujeito sente a necessidade de realizar atividades devido ao seu alto nível de euforia, mas estas atividades, diferente do caso anterior, não trazem a ele nenhum tipo de risco. Ex: decidir lavar o banheiro no meio da madrugada.
• DISTIMIA: transtorno que apresenta sintomas semelhantes aos do Transtorno Depressivo Maior (depressão), porém de forma mais branda e duradoura. Ou seja, os mesmos sintomas se apresentam durante mais tempo, porém de forma sutil, não tão acentuados quanto no TDM. 
• CICLOTIMIA: é considerada uma versão mais branda do Transtorno de Personalidade Bipolar, apresentam sintomas de hipomania e depressão assim como a TPB, porém durante um período de tempo mais curto e com menor gravidade.
Obs: nos dois casos supracitados, o sujeito não é capaz de definir a motivação para seus episódios maníacosou depressivos, acontecem espontaneamente. 
Cinco Eixos (Avaliação Multiaxial)
Eixo I:
Transtornos clínicos
Outras condições que podem ser foco de atenção clínica (diagnóstico psiquiátrico)
Eixo II:
Transtornos de personalidade
Retardo mental
Eixo III:
Condição médica geral (doenças orgânicas)
Eixo IV:
Problemas psicossociais e ambientais
Eixo V: 
Avaliação Global do Funcionamento
TRANSTORNOS ALIMENTARES
		• ANOREXIA
		• BULIMIA
		• VIGOREXIA
VIGOREXIA (distorção da imagem que leva seu portador a buscar cada vez mais intensamente a definição muscular).
- Recusa alimentar-se na busca de alcançar padrões corporais que nem mesmo a própria pessoa sabe quais são; ausência de objetivos: não se sente satisfeita com seu corpo e vai em busca de outro, mas não é capaz de definir como é este “outro”, não sabe sua meta; TROCA DE TREINADOR/NUTRICIONISTA (ou qualquer outro profissional que a acompanhe) COM FREQUÊNCIA; alega que eles não compreendem o que ela quer, quando na verdade ela mesma não sabe definir isto; BUSCA ATINGIR A PERFEIÇÃO INALCANÇÁVEL.
	* O maior problema da VIGOREXIA encontra-se na naturalização do cuidado corporal, que ao tornar-se excessivo, configura-se como um sintoma.
ANOREXIA (transtorno alimentar caracterizado por uma rígida e insuficiente dieta alimentar).
- Diferente do que pensam, o anoréxico sente muita fome (em excesso, uma vez que passa bastante tempo sem comer), a diferença é que ele se priva de sua alimentação.
- Possui relações com o Transtorno Obsessivo Compulsivo.
	• OBSESSÃO: “não posso comer”.
	• COMPULSÃO: evitação dos alimentos.
	* DIFERENÇA: nos transtornos alimentares, existe a presença da DISMORFIA.[1: O sujeito não reconhece o próprio corpo como sendo agradável para si, mas não sabe definir o que lhe deixaria satisfeito; não sabe onde quer chegar; é caracterizada por uma insatisfação com a imagem corporal.]
3) BULIMIA (apetite insaciável, com vômito auto induzido após as refeições).
	- Também sente fome tanto quanto o sujeito acometido pela anorexia.
• FARRA ALIMENTAR: é definido como um episódio em que a pessoa come uma quantidade exagerada de alimentos em um curto intervalo de tempo, perdendo o controle sobre o ato de comer. Depois deste episódio a pessoa tende a sentir-se triste e arrependida, ocasionando episódios de purgação alimentar, caracterizada por indução ao vômito, laxantes, etc, na tentativa de livrar-se do alimento ingerido e por conta do sentimento de culpa gerado pela hiperfagia.
	- OBESIDADE MÓRBIDA: não está ligada à hiperfagia. Existem casos em que, por condições biológicas, o indivíduo não é capaz de perder peso mesmo fazendo dieta. Esta é a obesidade mórbida.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE
	A personalidade é uma estrutura e é construída através da interação social. NÃO EXISTE PERSONALIDADE SEM INTERAÇÃO. Ela é estruturada até os 5 anos e, após este período, não é mutável.
	• Grupo A → PSICÓTICOS (paranoide, esquizoide e esquizotípico)
	• Grupo B → PERVERSOS (antissocial, borderline, histriônica e narcisista)
	• Grupo C → NEURÓTICOS (esquiva, dependente, obsessivo-compulsivo, passivo-agressivo e depressivo)
GRUPO A (psicótico)
	• Paranoide: uma espécie de “psicótico organizado”, podendo desorganizar OU NÃO. Este é caracterizado por pensamentos caracterizados pela paranoia e desconfiança em relação às intenções de outras pessoas, como se todos fossem maus. Eles suspeitam, com base em poucas ou nenhuma evidência, que os outros estão conspirando contra eles e que poderão atacá-los subitamente, a qualquer momento e sem qualquer razão (delírios persecutórios).
	• Esquizoide: apresenta tendência ao isolamento social e falta de interesse pelas relações sociais (incluindo a família). Este tipo de psicótico sempre apresentou estas características de reclusão social, porém pode demorar para desorganizar. No geral, este tende a dirigir sua atenção para o mundo interior, fechando-se para o exterior.
	• Esquizotípico: diferente do anterior, o esquizotípico busca contato social, porém o outro o evita uma vez que este acaba por se tornar emocionalmente dependente e sensível de forma exagerada. Relativamente à forma como pensa, acredita que tem poderes especiais como a capacidade de ler a mente dos outros e de prever situações futuras. Acredita que tudo é um sinal, tem um motivo, ou seja, acredita que o que acontece no mundo real tem alguma relação consigo (delírios de referência).
GRUPO B (perverso)
	• Antissocial: transforma o outro (ser humano) em objeto de uso (ex: nazistas). O antissocial não apresenta empatia, por esta razão vê as demais pessoas não como seres humanos, mas como objetos. Desta forma, este não sente culpa, vergonha ou remorso, uma vez que para ele, são somente objetos. No senso comum são conhecidos como “psicopatas”.
	• Borderline: apresentam tendência à automutilação, porém têm vergonha de mostrá-las. Apresentam grande carência emocional, desta forma acaba afastando as pessoas à sua volta, pois uma pessoa mesmo que lhes dê atenção durante 24h, se falhar por 1 segundo será condenado pelo border como a pior pessoa do mundo, pois teme o abandono e todo carinho e atenção recebidos nunca são o suficiente. Geram desta forma, relações intensas, porém instáveis. Alto índice de suicídio.
	• Histriônica: são espalhafatosos, gostam de ser o centro das atenções, adoram fazer barulho e coisas que chamam atenção. Não aceitam que outros tenham o que ele não tem, faz de tudo para ser melhor que os outros e não admite que outros sejam melhores que eles. Seus amigos não podem ter outros amigos te tendem a apaixonar-se por pessoas casadas. 
	• Narcisista: o narcisista tende a se tornar exatamente o que o outro espera dele, o objeto de desejo do próximo, uma espécie de espelho do indivíduo com quem se relaciona intimamente. Ele diz ser tudo o que o outro gosta e quer, e realmente acredita ser, até que aos poucos vai sendo desmascarado. 
GRUPO C (neurótico)
	• Esquiva: está sempre em cima do muro pois evita se comprometer para não gerar conflitos. Estes tendem ao isolamento e evitam ser o centro das atenções por medo de receber críticas e serem desaprovados e rejeitados por aqueles que os cercam (seja em ambiente familiar, profissional ou acadêmico), uma vez que se sentem incapazes (possuem medo de serem humilhadas, ridicularizadas e desprezadas). Os esquivos têm muito interesse em interações sociais, mas sua falta de confiança age como um bloqueio em elas. 
	• Dependente: depende do outro para tudo, não tem vida própria e não é capaz de tomar as próprias decisões, sempre precisa da opinião de outras pessoas. Apresenta dificuldades em ser autônomo, sente-se vulnerável e necessita ser cuidado e protegido. 
	• Obsessivo-compulsivo: apresenta traços obsessivos-compulsivos, mas não possui o transtorno em si, porém pode desenvolvê-lo com o tempo. 
	• Passivo-agressivo: faz sempre sua própria vontade, sem considerar as opiniões alheias, pois somente a sua importa. Não aceita que o contradigam e discordem dele. Tenta culpar o outro por suas falhas. Quando algo dá errado, a culpa é do outro, quando dá certo, o mérito é todo seu.
	• Depressivo: são caracterizados por pensamentos extremamente negativos e pessimistas, e aparentam sempre tristes e desanimados, inclusive para atividades que costumavam apresentar excitação e entusiasmo.

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