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Receptores Farmacológicos e Transdução de Sinais Profª Liliam Fernandes Farmacologia I –2018 Receptores Celulares -1907: Langley Introdução do conceito de “substâncias receptivas nas células” -1913: Erlich Detecção do alto grau de especificidade entre moléculas, definindo o termo receptor -Década de 40 Primeiras caracterizações de receptores de ação enzimática -Final da década de 70 Reconhecimento de receptores na superfície celular -Década de 80 Identificação genética, sequência de aminoácidos, clonagem Receptores Celulares Existem 4 modelos estruturais propostos de proteínas receptoras: 1 – Receptores acoplados à Proteína G 2 – Receptores com Atividade Enzimática 3 – Receptores do tipo Canal Iônico 4 – Receptores Intracelulares 1 – Receptores acoplados à Proteína G 2 – Receptores com Atividade Enzimática 3 – Receptores do tipo Canal Iônico 4 – Receptores Intracelulares 1 O receptor ativa uma proteína localizada na membrana (proteína G) para retransmitir os sinais ao interior da célula e gerar efeitos biológicos G núcleo 1 – Receptores acoplados à Proteína G 2 – Receptores com Atividade Enzimática 3 – Receptores do tipo Canal Iônico 4 – Receptores Intracelulares 1 2 O receptor sofre autofosforilação e/ou fosforila um substrato, dando início à sinalização P S S P núcleo 1 – Receptores acoplados à Proteína G 2 – Receptores com Atividade Enzimática 3 – Receptores do tipo Canal Iônico 4 – Receptores Intracelulares 1 2 3 O receptor permite a passagem de determinados íons, alterando o potencial de membrana e gerando efeitos biológicos + núcleo + ++ + + + 1 – Receptores acoplados à Proteína G 2 – Receptores com Atividade Enzimática 3 – Receptores do tipo Canal Iônico 4 – Receptores Intracelulares 1 2 3 O receptor localiza-se no citoplasma; o complexo droga-receptor migra para o núcleo e regula a transcrição gênica 4 1) Receptores acoplados à proteína G: - proteínas integrais que se inserem na membrana citoplasmática através de um feixe de 7 hélices; - a formação do complexo com o ligante se dá numa fenda extracelular; - a proteína G liga-se à face citoplasmática do receptor - utilizam vias de transdução dependentes de AMPc, GMPc, PLC, PLA2, Ca ++, e outras moléculas sinalizadoras. Proteína G = GTP-binding protein intracelular extracelular a b g GDP Proteína G Estado de repouso: Proteína G ligada ao GDP Heterotrímero abg está inativo intracelular extracelular a b g GDP ligante GTP A ativação do receptor pelo ligante promove mudança conformacional na unidade a: ocorre a troca do GDP por GTP intracelular extracelular a b g ligante GTP propagação da mensagem efeitos biológicos A subunidade a se dissocia do complexo bg e ativa uma unidade efetora, iniciando cascatas de reações que resultam em efeitos biológicos Unidade efetora (2º mensageiro) intracelular extracelular a b g ligante GTP GDP hidrólise A hidrólise de GTP em GDP desfaz o complexo subunidade a / unidade efetora Unidade efetora intracelular extracelular a b g GDP A proteína G se liga novamente ao GDP, até a próxima ativação pelo ligante Subtipos de Proteínas G Estímulo Tipo celular Proteína G Efetor Efeito adrenalina hepatócitos Gs Adenilato Ciclase degradação de glicogênio adrenalina adipócitos Gs Adenilato Ciclase degradação de gordura angiotensina músculo liso vascular Gq Fosfolipase C contração opióides neurônios Gi / Go Canais iônicos alteração de atividade elétrica A expressão de subtipos de Proteína G varia de acordo com o tecido, a espécie animal e as funções celulares. Exemplos: Exemplo de Receptor Acoplados à Proteína G Receptor b adrenérgico no nódulo sino-atrial (geração de impulso elétrico – regulação de FC) a b g Noradrenalina / adrenalina GTP Adenilato-Ciclase ATP AC AMPc Proteínas quinases Ativação de canais iônicos Alteração de potencial de membrana Geração de impulso Aumento de FC 2) Receptores com atividade enzimática: - receptores que possuem atividade enzimática intrínseca, também chamados receptores do tipo proteína-quinases - sofrem auto-fosforilação ou promovem fosforilação de proteínas efetoras na superfície interna da membrana citoplasmática -alvo mais comum: tirosina > serina > treonina -são considerados receptores e efetores, pois já iniciam a sinalização diretamente a partir de sua ativação pelo ligante efeitos biológicos substrato (proteína efetora) intracelular extracelular proteína efetora ligante P P P P Exemplo de Receptor com Atividade Enzimática Receptor de Insulina (captação de glicose ) cascata de fosforilações enzima enzima insulina P P tirosina Translocação do carreador GLUT-4 para a membrana GLUT-4 glicose 3) Receptores do tipo Canal Iônico: - constituídos por várias subunidades transmembrânicas que delimitam um canal iônico específico. - o influxo ou efluxo iônico altera o potencial de membrana, gerando efeitos biológicos (não há disparo de via sinalizadora). extracelular intracelular + + + + - - - - - - - - - - - + + + + + + + + + + Exemplo de Receptores de Canais Iônicos Receptor Nicotínico de Acetilcolina (Junção Neuromuscular) A despolarização gerada pela ativação do receptor é propagada na placa motora e dá início ao processo contrátil 4) Receptores de Ação Nuclear: - receptores que formam complexos com o ligante no interior da célula - o complexo liga-se a sequências específicas do DNA e regula a transcrição gênica (não há disparo de via sinalizadora no citoplasma). Ligante (lipossolúvel) Complexo droga-receptor núcleo Regulação de transcrição gênica expressão protéica Exemplo de Receptores de Ação Nuclear Receptores de Cortisol regulam a expressão de várias proteínas envolvidas no controle metabólico: -catabolismo protéico -metabolismo de carbohidratos -metabolismo lipídico REGULAÇÃO DOS RECEPTORES 1. Dessensibilização de receptores: é a perda parcial ou total de responsividade, causada pela continuada exposição do receptor ao agonista: presença permanente do agonista ou dissociação lenta. Exemplo: receptor AT1 de angiotensina, Receptor B2 de bradicinina co n tr ac ti o n ( g ) Fernandes et al, 2005 Peptides 26(12):2458-63. 2. Supersensibilização de receptores: alguns receptores tornam-se hiperreativos ao agonista após o bloqueio crônico com antagonista. Nestes casos, o disparo de vias intracelulares ocorre com estímulos reduzidos, e o efeito final é amplificado. Exemplo: Receptor b-adrenérgico. a b g Noradrenalina / adrenalina GTP Adenilato-Ciclase ATP AC AMPc Aumento de FC Nodo sino-atrial REGULAÇÃO DOS RECEPTORES Principais Vias de Transdução de sinais • Sistema Adenilato-Ciclase – AMPc • Sistema Guanilato-Ciclase - GMPc • Sistema Fosfolipase C – IP3 e DAG • Sistema Fosofolipase A2 – Ácido Aracdônico • Cálcio Sistema Adenilato-ciclase: segundo mensageiro = AMPc ligante receptor Adenilato- ciclase ativação de proteínas-quinases ATP AMPc fosforilação de proteínas adenosina-3’5’-monofosfato cíclico efeitos biológicos AC Sistema Adenilato-ciclase: segundo mensageiro = AMPc -AMPc é o protótipo dos segundos mensageiros -A Adenilatociclase converte ATP em AMPc, o qual ativa proteínas chamadas AMPc-dependentes, as quais fosforilam proteínas da célula-alvo. -O AMPc é inativado rapidamente por fosfodiesterases, as quais hidrolisam o AMPc em AMP. -Várias substâncias são capazes de inibir as fosfodiesterases, resultando em aumento de AMPc disponível. Exemplo: xantinas (cafeína, teofilina). Sistema Guanilato-ciclase: segundo mensageiro = GMPc ligante receptor Guanilato- ciclase ativação de proteínas-quinases GTP GMPc fosforilação de proteínas guanosina-3’5’-monofosfato cíclico efeito biológico NO GC GC -Os mecanismos de transdução via GMPc são muito semelhantes àqueles observados para AMPc, porém, a GMPc encontra-se em menor concentração. - A guanilato ciclase encontra-se ancorada à membrana e também no citoplasma. Assim, a síntese de GMPc pode ocorrer por locais diferentes. -O óxido nítrico e muitos fármacos lipofílicos interagem com a enzima no citoplasma. - O GMPc é inativado rapidamente por fosfodiesterases, as quais hidrolisam o GMPc em GMP. -Alguns fármacos inibem as fosfodiesterases que inativam o GMPc. Exemplo: Sildenafil, empregado no tratamento da disfunção erétil. Sistema Guanilato-ciclase: segundo mensageiro = GMPc Sistema fosfolipase C: segundos mensageiros = IP3 e DAG ligante receptor fosfolípedes efeitos biológicos Fosfolipase C Proteína quinase-C IP3 Ca++ Ca++ /CAM DAG PLC retículo endoplasmático Sistema Fosfolipase A2: segundos mensageiros = metabólitos do ácido aracdônico ligante receptor efeitos biológicos Fosfolipase A2 Ácido aracdônico PLA2 fosfolípides eicosanóides -Vasodilatação -Vasoconstrição -Hiperalgesia -Recrutamento de leucócitos -Etc.. Cálcio O Ca++ está envolvido direta ou indiretamente em quase todos os processos celulares. O Ca++ pode ser recrutado de estoques intracelulares e/ou captado do meio extracelular, de acordo com cada via sinalizadora. O Ca++ pode agir como segundo mensageiro isoladamente ou conjugado com sua proteína reguladora – calmodulina, de acordo com o processo em questão. Ca++ Ca++ Ca++ Eventos celulares resultantes do aumento na concentração de Ca++: -despolarização de membrana -contração / relaxamento celular -regulação de proteínas -etc Receptores Farmacológicos e Transdução de Sinais Bibliografia 1. Farmacologia integrada. DeLucia, Roberto (Coord.) et al. 3.ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2007. 2. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilmann. Brunton, Laurence et al. 11.ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2007.
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