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Planejamento e Controle da Produção Estratégias de Planejamento e Controle da Produção Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Antonio Marcos Crivelaro Revisão Textual: Prof. Ms. Selma Aparecida Cesarin 5 • Introdução • Processo de Planejamento da Produção • Just In Time (Jit) Para o melhor aprendizado, é muito importante que vocês leiam e estudem o material teórico das unidades e a bibliografia recomendada. Também é fundamental que participem das atividades propostas para a Unidade e Revisão. · Nesta Unidade, é fundamental o entendimento das estratégias de planejamento e controle da produção. · Inicialmente, deve-se ter atenção aos planos de trabalho nos diversos níveis de atuação administrativa. · Por fim, compreender o sistema de produção Just in Time. Estratégias de Planejamento e Controle da Produção 6 Unidade: Estratégias de Planejamento e Controle da Produção Contextualização Para o atendimento das demandas de vendas, é importante compreender a gestão de operações e os níveis de planejamento organizacional. Saber realizar os planos de trabalho nos diversos níveis de atuação administrativa é fundamental para manter a competitividade das empresas. Existem vários tipos e níveis de planos de trabalho e, particularmente, com a utilização de ferramentas especialistas, é possível aumentar a eficiência dos níveis de produção. Aspectos do dia a dia de nossa vida pessoal ocorrem também nas atividades profissionais. Exemplo disso é o nosso trabalho diário. Nele, realizamos planos de trabalho para quem nos contratou. Isso ocorre, também, nas indústrias de manufatura e empresas prestadoras de serviços. Em nossa vida pessoal e nas empresas é necessário realizar os planos de trabalho, para atender a demanda de produtos. Assim, com os planos de trabalho, são realizadas as compras de matérias primas e de insumos, com o objetivo de garantir os níveis de produção necessários, para manter as entregas de produtos comercializadas pelo setor de vendas da empresa. Exemplificando com fatos do cotidiano, como podemos avaliar as atividades e recursos que são essenciais para a realização de uma festa? Como será a utilização dos recursos? Tendo essas informações, é possível realizar ações para determinar os níveis de estoque necessários em nossa casa, bem como as quantidades a serem utilizadas. Podem surgir questões pontuais, como a quantidade de pessoas que estarão presentes, como no caso de comemorações. Todas essas preocupações são similares, quando se compara com as necessidades de uma empresa. Uma empresa pode passar por situações mais complexas como, por exemplo, a variação da demanda em função de aspectos da economia ou climáticas. Mas, similarmente ao nosso cotidiano, as empresas precisam estimar as eventualidades inerentes à atividade de produção. Para cada tipo de produto, existem questões estabelecidas e eventualidades que devem ser administradas na programação da produção. Os tipos de planejamento têm suas características associadas ao foco dos planos realizados. Assim, com esse exemplo simples de nosso cotidiano, lembro que as organizações podem ter situações muito mais complexas em seu dia a dia. Cabe ao engenheiro de produção identificar as características de cada nível de planejamento e realizar planos de trabalho, capaz de informar ações e as necessidades, para que possa atender os níveis de vendas futuras. 7 Introdução Frederick Taylor sempre é lembrado por ter criado uma abordagem mais sistemática sobre gestão de operações. Taylor analisou a execução tarefas, usando estudos de micromovimentos, no sentido de eliminar desperdícios de movimentos, durante o período em que o trabalhador estava de fato agregando valor ao produto. Essa análise deu origem ao estudo dos tempos e movimentos que aprofundou o conhecimento da administração da produção, ainda voltado a tornar a tarefa mais eficiente. O surgimento de novos conceitos e novas técnicas de administração da produção que combatam o desperdício de tempo produtivo, por causa de atividades dispensáveis, sempre foi recebido com muita euforia por indústriais e teóricos atuantes nas áreas correlatas. Quer exemplos? A proliferação das técnicas japonesas que empolgaram o mundo, tais como os conceitos de Kanban, Just-in-time, Círculos de Qualidade, Total Productive Maintenance, entre outras. Uma vez superada a fase inicial de utilização e avaliação, percebeu-se que a pulverização dos esforços não era a forma mais eficaz de desenvolver e manufaturar produtos. Detalhando o Just-in-time, percebe-se que o seu desenvolvimento ocorreu com uma lógica diferente da lógica tradicional Taylorista. A ênfase no melhoramen-to contínuo e do combate aos desperdícios, interessantemente, passou a se focali-zar nas atividades que não agregavam valor ao produto, ou seja, nos “intervalos” entre atividades de agregação de valor. Combateu-se fortemente o desperdício de transporte (entre atividades), de espera (entre atividades), entre outros, com ênfase muito maior numa melhor gestão das “redes de atividades” internas à empresa, mais que nas atividades em si. Mas o que os novos conceitos deveriam propor? Conceitos como Engenharia Simultânea e times multifuncionais passaram a ser utilizados dentro das organizações ocidentais e seus benefícios puderam ser sentidos: Shuler (1994) cita que o tempo médio para desenvolvimento de produtos foi reduzido em 30 a 45% e o custo de desenvolvimento em 25 a 30%, em poucos anos. A dimensão global da competição empresarial tem exigido que as empresas industriais passem a administrar a manufatura necessariamente sob uma perspecti-va estratégica e integrada às estratégias e aos objetivos gerais da organização em-presarial. Em um passado recente (anos 1970 e 80), ocorreu intensa difusão das técni-cas e abordagens Just in Time pelo mundo ocidental. Aumentos substanciais de eficiência foram obtidos pelas empresas, que reduziram drasticamente seus esto-ques e seus outros desperdícios. Já nos anos 1990, melhorias incrementais só poderiam ser obtidas com es-forço desproporcionalmente grande. Foi quando passou a ficar claro que valeria a pena para as empresas debruçarem-se sobre os relacionamentos entre empresas e sobre o desempenho das redes de empresa como um todo, e não apenas como de-sempenho isolado das empresas. 8 Unidade: Estratégias de Planejamento e Controle da Produção Neste esforço, surgiu a ideia que hoje é genericamente conhecida como ges-tão de cadeia de suprimento. O trabalho atual de um gestor é atingir alto desempenho relativamente aos objetivos organizacionais por meio da motivação e união dos colaboradores. Mas para onde a empresa deve ir? Como deve atuar? A estratégia de operações especi-fica o projeto e a utilização de recursos para apoiar a estratégia empresarial de modo que esta possa fazer o melhor uso de seus recursos. O gerente de operações procura criar estruturas e regras de decisão que permitam ao sistema desempenhar de acordo com o esperado. Isso é feito, por exemplo, por meio do desenvolvimento e implementação de políticas que propiciem o uso eficaz e eficiente dos recursos destinados à produção e entrega dos bens e serviços aos clientes. Em função da natureza dos objetos de decisão, as operações podem ser di-vididas em cinco áreas de decisão: • Qualidade (o que produzir – concepção e controle das características); • Processo (como produzir – instalações, equipamentos); • Capacidade (quanto produzir – planejamento e programação); • Estoques (com o que produzir e quando - necessidades de matérias e do mercado); • Força de Trabalho (com quem produzir – qualificação, desempenho, mo-tivação). Para Pensar “A Globalização Foi Longe Demais?” Imagine uma empresa XYZ que fabrica sapatos numa cidadezinhade Ohio, nos Estados Unidos. Por causa da redução da margem de lucro e da concor-rência com produtos importados, ela decide contratar um terceirizado em Honduras. Demite seus os operários e fecha a operação norte- americana. Para os acionistas, os negócios melhoram. Tempos depois, uma reportagem constata que crianças de 12 anos trabalham em péssimas condições, fazen-do os calçados da XYZ por uns trocados lá na América Central. Demonstra que a globalização coloca o Estado sob pressão para atender de-mandas da sociedade, ao mesmo tempo em que tolhe margens de ação e fi-nanciamento. Avalia que a abertura sem freios nos mercados provoca “golpe na coesão social”, exacerbando conflitos e enfraquecendo forças democráti-cas. Governos não devem “usar a ‘competitividade’ como desculpa para re-formas domésticas” e devem evitar “abusar dos apelos à ‘justiça’ no comér-cio”. Autor: Dani Rodrik. Globalização foi longe demais? Editora: Unesp. 9 Processo de Planejamento da Produção As atividades de planejamento e controle, inseridas no Subsistema de Plane-jamento, vão desde o planejamento de alto nível, como a introdução de novos pro-dutos e lucros por ação da empresa, até o exame e controle da fábrica. O processo de planejamento é apresentado na Figura 1. Figura 1. Processo de planejamento. Slack et al., 2008. Plano agregado de produção O planejamento agregado visa a compatibilizar os recursos produtivos da empresa com a demanda agregada no médio prazo (5 a 18 meses, aproximadamen-te), no qual a empresa deverá definir uma estratégia de operações, que poderá ser: • Adequar os recursos necessários para o atendimento da demanda; • Atuar na demanda, a fim de que os recursos disponíveis possam atendê-la; • Utilizar uma estratégia mista, ou seja, atuar tanto nos recursos quanto na demanda. 10 Unidade: Estratégias de Planejamento e Controle da Produção Figura 2. Planejamento agregado. Exemplo 1 Desenvolver um plano de produção de uma família de produtos (planejamen-to agregado), para os próximos dois anos com períodos trimestrais. Os dados de es-toques, previsão de demanda e custos são apresentados na Tabela 1A. Tabe-la 1A. Solução Na primeira alternativa a ser analisada, vamos supor que a estratégia adota-da seja de manter a capacidade produtiva constante de 250 unidades por trimestre (2000 unidades/8 trimestres = 250 unidades/trimestre) e utilizar os estoques para absorver as variações da demanda. 11 Nesta primeira alternativa de plano, vamos admitir atrasos e transferências de entregas para os períodos seguintes (Tabela 1B). Tabela 1B. Na segunda alternativa, vamos admitir a introdução de turnos extras de até 40 unidades por trimestre, um ritmo de produção normal de 230 unidades e a possi-bilidade de atrasar e entregar pedidos nos períodos seguintes (Tabela 1C). Tabela 1C. 12 Unidade: Estratégias de Planejamento e Controle da Produção Para uma terceira alternativa, vamos supor que o ritmo de produção normal seja de 200 unidades por trimestre, e que até 40 unidades por trimestre possam ser obtidas com turnos extras e o restante será subcontratado de terceiros em lotes de 25 unidades. Não se aceitam atrasos na entrega (Tabela 1D). Tabela 1D. Como forma de facilitar a comparação e a visualização das alternativas, po-de-se empregar gráficos com as principais variáveis, como demanda, estoques, pro-dução ou custos (Figura 1A). Figura 1A – Gráfico Comparativo das Opções de Planejamento Agregado. 13 Balancear os recursos produtivos de forma a atender a demanda com uma carga adequada para os recursos da empresa. Permitir à gerência tomar decisões que envolvam prazos maiores e que só se tornam efetivas quando planejadas e im-plantadas antecipadamente: • Mudanças nas instalações físicas; • Inclusão de novo turno de trabalho; • Admissão e treinamento de mão de obra; • Contratos de fornecimento e terceirização. Plano mestre de produção O Programa Mestre de Produção (PMP), Plano Mestre de Produção ou Pla-nejamento Mestre da Produção (do inglês Master Production Schedule – MPS) é um documento que diz quais itens serão produzidos e quando cada um será produzido, em determinado período. Geralmente, este período cobre algumas poucas semanas, podendo chegar de seis meses a um ano. O PMP faz o cálculo das necessidades de produtos finais, indicando a quantidade e o período de tempo em que deverão estar prontos. Para isso, são utilizados dados sobre a demanda os produtos em carteira e do nível de estoque dos produtos. Entretanto, esta etapa não detalha o planejamento da produção dos compo-nentes de cada produto. Assim, o resultado do Plano Mestre, alimenta uma próxima etapa que virá verificar essas necessidades. Chegar a um Plano Mestre de Produção que compatibilize as necessidades de produção com a capacidade disponível pode se revelar uma tarefa complexa, principalmente se os produtos envolvidos exigirem muitas operações, em regime intermitente, ou seja, com a utilização do mesmo equipamento para diversos produ-tos. O processo é conduzido por tentativas, testando-se cada PMP para verificar a capacidade produtiva que ela exige, além de servir para transladar o planejamento agregado e programações individualizadas. Portanto, o PMP serve também para avaliar as necessidades imediatas de capacidade produtiva; além disso, servirá para definir compras eventualmente necessárias, bem como estabelecer prioridades en-tre os produtos na programação. MRP (Material Requirements Plan) O Planejamento de Necessidades de Materiais (MRP) é um sistema lógico de cálculo que converte a previsão de demanda em programação da necessidade de seus componentes. A partir do conhecimento de todos os componentes de um de-terminado produto e dos tempos de obtenção de cada um deles, podemos, com ba-se na visão de futuro das necessidades, calcular o quanto e quando se deve obter de cada item, de forma que não haja falta e nem sobra no suprimento das necessi-dades da produção. 14 Unidade: Estratégias de Planejamento e Controle da Produção Atualmente, um conceito mais amplo do MRP e que leva a mesma lógica é o MRPII (Manufaturing Resources Planning), que além das quantidades e momentos de aquisição ou fabricação de cada item, são calculados e planejados os recursos a serem utilizados, como a capacidade de máquinas, os recursos humanos necessá-rios, os recursos financeiros etc. Esses sistemas são módulos de pacotes de software de sistemas de informa-ção que auxiliam na tomada de decisão gerencial, mais conhecidos como ERP (En-terprise Resources Planning). Os ERPs são pacotes padronizados e geralmente provenientes de empresas estrangeiras. Alguns nomes comerciais de sistemas de informações mais conheci-dos são SAP/R-3, BAAN4, Oracle Applications, BPCS, Peoplesoft, JDEdwards e MFG/Pro. Além do custo elevado de implementação e do próprio pacote em si, a forma como é padronizado muitas vezes não corresponde com a real necessidade da em-presa. O não atendimento das necessidades por estes pacotes faz com que as em-presas optem pela customização, o que encarece ainda mais o sistema, ou pelo próprio desenvolvimento de sistemas paralelos que descaracteriza o modelo de in-tegração dos sistemas. Fracassos do ERP Apesar de todos os avanços, os projetos de ERP, especialmente os maiores, podem fracassar. Para evitar fracassos e garantir o sucesso, é necessário que os parceiros envolvidos na implantação do ERP mantenham um diálogo aberto e honesto, desde o início de cada projeto. “Os chocolates em barra da Hershey e vários outros produtos de sua fabrica-ção não apresentavam bom desempenho em vendas no final de 99. A Hers-hey Foods Corporation registrou uma queda de 19% no faturamento líquido no terceiro trimestre, queda essa atribuída a problemas com a informatização.A questão arrastou-se por vários meses, levando a Hershey a perder fatias de mercado e, com elas, milhões de dólares. O maior problema, segundo a em-presa, estava no seu novo sistema de pedidos de distribuição que utilizava o software tanto de SAP de ERP quanto da Siebel Systems de CRM. Desde que o sistema integrado começou a ser utilizado, não se conseguia atender a todos os pedidos e colocar seus chocolates nas prateleiras a tempo. Foram necessários muitos meses para resolver o problema”. Fonte: Davenport, 2000. Outro complicador no processo de implementação de um sistema, principalmente no que se refere a planejamento, é que nem sempre o usuário está preparado, ou possui conhecimento da dinâmica e do conceito utilizado no software, fazendo com que uma poderosa ferramenta de planejamento e tomada de decisões, seja utilizada apenas como uma simples listagem de estoque. A estrutura do MRP é apresentada na Figura 3. 15 Figura 3. A estrutura do MRP. Como conceito básico, pode-se dizer que o MRP tem como objetivo definir as quantidades e momentos em que cada item deve ser produzido ou comprado, a fim de atender o planejamento da produção. Para isso, ressalta que as estruturas de produto devem estar perfeitamente definidas, assim como os tempos de obtenção ou fabricação, além das informações sobre inventários que devem ser as mais acuradas possíveis. Por exemplo, uma empresa que fabrica lapiseira; observando-se a Figura 4, percebe- se que é composta de vários componentes, desde componentes compra-dos, passando por semiacabados, até chegar ao produto final. No jargão do MRP, são chamados de itens “filhos”, os componentes diretos de outros itens, estes correspondentemente chamados de itens “pais”. Cada nível é composto de retângulos que representam os componentes devidamente identifica-dos. Acima dos retângulos coloca-se a quantidade do item filho necessário por unidade do item pai. Além desse tipo de representação, outra opção é a “lista de ma-teriais de níveis”. A vantagem é a maior rapidez para apresentar os níveis dos mate-riais sem se utilizar de elementos gráficos. Figura 4 – Estrutura de uma lapiseira. Fonte: ALVIM, 2009. 16 Unidade: Estratégias de Planejamento e Controle da Produção A sequência de itens pai e filhos é apresentada na Figura 5. Figura 5 – Estrutura de uma lapiseira – sequência itens pai e filhos. Fonte: ALVIM, 2009 A quantidade de itens que são comprados ou produzidos está apresentada na Figura 6. Figura 6 – Tabela Itens da lapiseira – itens comprados ou produzidos. Fonte: ALVIM, 2009 17 Planejamento Operacional (Shop Floor Schedule) É baseado nas saídas geradas pelo MRP, trabalhando com um horizonte re-duzido, normalmente sob a perspectiva de dias e semanas. Este nível de planeja-mento trata das ordens de produção, sequenciamento de operações e controle das atividades executadas no chão, sendo bastante influenciado pelo ambiente externo e necessitando de replanejamentos constantes. A Programação da Produção (PS – Production Schedule) estabelece, em curto prazo, quando e quanto comprar, produzir ou montar de cada item necessário à composição dos produtos finais. Lista de material (BOM): é a parte mais difícil e trabalhosa do projeto. Todos os produtos da linha de fabricação devem ser “explodidos” em todos os seus componentes, subcomponentes e peças. Um grande número de empresas, mesmo já atuando no mercado há anos, não dispõe de relação de materiais. Algumas outras dispõem de duas, um para o pessoal de custos e outra para a fabricação e compras. Outra dificuldade é manter atualizada a lista de material, o que normalmente é uma atribuição da engenharia. As constantes mudanças na tecnologia e nas exigências do mercado tornam constantes tais alterações. Em muitos softwares hoje disponíveis no mercado, essas alterações podem ser facilmente programadas, ficando por conta de o software efetuar as alterações nas datas previstas. Fonte: http://www.prodel.com.br/conceitoerpmrp.htm. Baseando-se na programação, são emitidas as ordens de compra (para itens comprados), ordens de fabricação (para itens produzidos internamente) e ordens de montagem (para submontagens intermediárias e montagem final) para os produtos definidos no plano mestre de produção. A programação da produção atua no sequenciamento das ordens emitidas com foco na minimização do lead time e dos estoques do sistema produzido. A realização do que foi previsto na programação da produção está diretamen-te condicionada a não ocorrência de imprevistos. Logo que o programa de produção é gerado, começa a receber a influência de eventos externos, que acontecem no dia a dia de qualquer organização. Como exemplo deste fato, pode- se citar a falta de operadores, restrições de ferramentas e de materiais, quebra de máquinas, taxas de produção diferente dos tempos-padrão. Para acompanhar o andamento da programação estabelecida, são utilizados Sistemas de Chão de Fábrica (SFS – Shop Floor System). Os SFS são responsá-veis por coletar as informações do andamento das operações no chão de fábrica e retornar estas informações a OS. As informações coletadas podem ser reorganizadas, comparadas estatistica-mente com os dados históricos e, em seguida, utilizadas para fornecer uma gestão com uma avaliação precisa do estado, quase em tempo real, de sua operação de fabricação. Esta informação pode ser utilizada para: • Prever a conclusão da tarefa e sobre o desempenho calendário; • Monitorar operador e/ou o desempenho da máquina; • Exibir as taxas de produção e eficiência projetados; 18 Unidade: Estratégias de Planejamento e Controle da Produção • Avaliar a adesão a processos de fabricação definidas; • Analisar o desempenho (Quality Control – QC) contra atribuições alvo; • Prever falhas; • Plano de manutenção e tempo de inatividade. Essa informação pode ser captada em muitas formas diferentes: • Scanners de códigos de barras; • Sensores fotoelétricos; • Medidores de temperatura e pressão; • Indicadores de nível; • Dispositivos de aquisição de emissões de dados; • Programas de aquisição de dados estatísticos; • Interruptores de limites de produção; • Interfaces de PCs com chão de fábrica; • Entrada do operador. Alguns dos benefícios que podem ser obtidos a partir da utilização de um Sis-tema de Gestão de Chão de Fábrica: • Melhoria da transferência; • Melhoria da eficiência do operado; • Operações de apoio melhorados, tais como movimentos de reabastecimen-to e transporte de materiais em processo e produtos acabados; • Redução de sucata; • Melhor controle de seu processo de fabricação; • Informação mais oportuna para auxiliar os supervisores de chão de fábrica na gestão de suas responsabilidades de produção atribuídas; • Redução do tempo de inatividade devido a uma melhor máquina e monito-ramento ferramenta; • Melhor controle do trabalho no inventário de processos (o que é e onde es-tá).; • Melhoria no desempenho calendário. O benefício essencial, a melhoria do controle sobre os custos de produção, é derivado da distribuição e apresentação eficientes das informações de desempenho em tempo real para as pessoas que estão em posições para efetuar o resultado do seu dia a dia. Eles tomam as decisões de efeito do dia a dia e, finalmente, o desem-penho, a sua linha de fundo. 19 Just In Time (Jit) O Sistema de Produção Toyota satisfaz a procura do cliente de forma eficien-te e imediata, ligando todas as atividades de produção à procura real do mercado. A produção Just-in-time confia num ajuste preciso dos processos nas se-quências de montagem, usando apenas as quantidades necessárias de cada item, apenas quando são necessárias. Imagine um processo concebido para produzir 6 tipos diferentes de produtos,no qual a procura total semanal para a gama de produtos varia para cima e para baixo em cerca de 25%, e o mix diário de tipos de produtos está continuamente mu-dando. O Just-in-time assegura fluxos de trabalho suaves, contínuos e otimizados, com tempos de ciclo de trabalho planejados e medidos cuidadosamente e movimen-tos de produtos de acordo com a procura reduzem custos com desperdícios de tem-po, materiais e capacidade. Os colaboradores podem concentrar-se nas suas tarefas sem interrupções, melhor qualidade, entregas antecipadas e tranquilidade para os clientes Toyota. O Just-in-time baseia-se em quatro princípios chave que em conjunto apoiam este conceito único: • Heijunka: consiste na eliminação da variação da carga de trabalho (mura). Isto é feito por meio do nivelamento dos volumes de produção de forma a conseguir um fluxo suave, contínuo e eficiente. Os processos são concebidos de forma a per-mitirem fácil mudança de produtos, produzindo o que é necessário quando é ne-cessário; • Eliminação do desperdício: desperdício é definido como qualquer coisa que não adiciona valor. Isto inclui áreas que normalmente não são consideradas desperdício, tais como produção, estoques, movimentos e processamentos em ex-cesso e tempo de espera desnecessário (Figura 7). Figura 7. Os sete desperdícios de Shingo. Fonte: Ohno, 1997. 20 Unidade: Estratégias de Planejamento e Controle da Produção • Takt time: é o ritmo cardíaco da produção. A gestão do tempo é um ponto essencial do Sistema de Produção Toyota. Takt é a taxa de procura dos clientes. O tempo Takt é o termo dado ao ciclo de trabalho que satisfaz a procura de cada clien-te. A chave consiste em ter um ciclo de trabalho que esteja sincronizado com a pro-cura, de forma a evitar tanto subprocesso como sobreprodução. O Takt time deter-mina a taxa do fluxo e permite o cálculo de quanto trabalho pode ser realizado. A otimização do tempo Takt reduz o desperdício e a ineficiência eliminando o risco de atrasos temporais ou excesso de produção. O tempo Takt e Heijunka permitem a flexibilidade para um ajuste à procura e asseguram que a produção é suave, contí-nua e proporcional; • Kanban: para ter flexibilidade, é necessário ter as coisas certas, no sítio certo e no tempo certo. O cartão Kanban é um meio simples e visível que o sistema de Produção Toyota usa para encomendar componentes à medida que eles são necessários, significando que um nível mínimo de componentes é mantido na área de montagem. Assim que os stocks necessitam reabastecimento, o operador, por meio de um cartão Kanban, assegura uma entrega Just-in-time (Figura 8). Figura 8 – Simbologia Kanban. Fonte: Reprodução qualidadeuniso.files.wordpress.com Fonte: Reprodução qualidadeuniso.files.wordpress.com 21 O quadro Kanban Fonte: Reprodução qualidadeuniso.files.wordpress.com Nas fábricas nas quais está implantado o just in time, o estoque de matérias primas é mínimo e suficiente para poucas horas de produção e, para que isso seja possível, os fornecedores devem ser treinados e capacitados para que possam fazer entregas de pequenos lotes na frequência desejada. A redução do número de fornecedores para o mínimo possível é um dos fato-res que mais contribui para alcançar os potenciais benefícios da política just in time. Links de vídeos: • https://www.youtube.com/watch?v=SH8IItbvH_0; • https://www.youtube.com/watch?v=VQaN8eCSwX0 • MRP – Materials Requirements Planning o Sistema inventado no fim da década de 60 que realiza a explosão de mate-riais. • MRP II – Manufacturing Resources Planning o Evolução do MRP com integração de informações para planejamento dos recursos necessários. • MRP III = MRP II + JIT Kanban 22 Unidade: Estratégias de Planejamento e Controle da Produção Material Complementar BINDEMANN, Felipe - Proposta de Planejamento Mestre de Produção para Empresa de Fundição de Grande Porte - Trabalho de Graduação apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro de Produção e Sistemas. Universidade do Estado de Santa Catarina Centro de Ciências Tecnológicas Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas. Disponível em: http://www.producao.joinville.udesc.br/tgeps/tgeps/2012-01/ TGEPS%20-%20Felipe%20Bindemann.pdf. ALVES, João Murta - O Sistema Just In Time Reduz os Custos do Processo Produtivo - Instituto de Fomento e Coordenação Industrial-IFI - Centro Técnico Aeroespacial-CTA. Disponível em: http://www.intercostos.org/documentos/TEXTO8-3.pdf. ROSSETTI, Eraida Kliper; BARROS, Mauricio Sebastião de; TÓDERO, Mirele; DENICOL JÚNIOR, Silvio; CAMARGO, Maria Emilia. Sistema Just In Time: Conceitos Imprescindíveis, Revista Qualit@s. ISSN -1677 4280. Vol. 7, No 2 (2008). Disponível em: http://revista.uepb.edu.br/index.php/qualitas/article/viewFile/268/232. 23 Referências ALVIM, A. C. Planejamento e Controle da Produção II. Itaúna (MG): 2009. ARNOLD, J. R. T. Administração de materiais. São Paulo: Atlas,1999. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. 4.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BANZATTO, E. WMS: Sistema de Gerenciamento de Armazéns. São Paulo: IMAM, 1998. CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégicas para a redução de custos e melhorias dos serviços. São Paulo: Pioneira, 2002. CORTÊS, P. L. Administração de Sistemas de Informação. São Paulo: Saraiva, 2007. DAVENPORT, T. H. Mission Critical: Realizing the Promise of Enterprise Systems. Cambridge, MA: Harvard Business School, 2000. FERNANDES, Flávio Cesar F.; GODINHO FILHO, Moacir. Planejamento e Controle da Produção – dos fundamentos ao essencial. São Paulo: Atlas, 2010. OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda, 1997. RITZMAN, Larry P.; KRAJEWSKI, Lee J. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Prentice Hall, 2004. ROCHA, D. R. da. Gestão da Produção e Operações. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2008. SLACK, N. CHAMBERS, S. JOHNSTON, R. Administração da Produção. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2008. 24 Unidade: Estratégias de Planejamento e Controle da Produção Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
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