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Livro Bovinocultura de Corte Cap 01 ao 11

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ÍNDICES DE PRODUTIVIDADE DA PECUÁRIA DE CORTE * 
 
 
Aristeu Mendes Peixoto 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Bastaria um exame rápido nos dados estatísticos dos levantamentos e relatórios 
apresentados nos últimos dez anos pelas entidades internacionais preocupadas com a 
produção de alimentos no mundo, para se constatar que o aumento da produtividade 
constitui a grande prioridade nas recomendações sugeridas pelos estudiosos do assunto. 
 
De fato, a população do mundo continua a se expandir em ritmos assustadores, em 
particular nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. É geralmente aceito, 
também, que são poucas as esperanças de se reduzir substancialmente esses 
acréscimos populacionais neste final de século. Por outro lado, é pouco provável que a 
expansão da área agricultável do planeta possa atingir aumentos superiores a 1% ao ano. 
 
Por conseguinte, parece fora de dúvida que aumentar a produtividade agropecuária 
representa a chave para solucionar o problema da desnutrição e inanição das futuras 
gerações nas próximas décadas. 
 
A experiência universal do homem moderno tem mostrado que, ao se aumentar o 
poder aquisitivo das populações, a preferência do consumidor se altera, movendo-se em 
direção de maior proporção de produtos animais em sua dieta diária. É o que mostram, 
com muita evidência, os resultados apresentados na Tabela 1, sobre o consumo de 
proteínas em países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Embora os dados se refiram a 
1968, e o Brasil esteja classificado como país subdesenvolvido, as comparações são 
ainda a grande atualidade. Estimativas recentes obtidas em países em desenvolvimento 
revelam que os produtos animais contribuem com 12 a 35% da proteína dietética (12). 
Estas cifras podem ser consideradas razoavelmente precisas para as grandes camadas 
da população da zona rural, mas superestimam o consumo dos habitantes das zonas 
urbana e suburbana. 
 
O aumento demográfico nos grandes centros urbanos, segundo estatísticas 
publicadas pela FAO, desde 1972, vem se verificando numa taxa média que é cerca de 4 
a 5 vezes maior do que na população dos países como um todo (10). Como decorrência 
está se observando uma nova tendência para mudança nos hábitos de aquisição e 
consumo de alimentos pelo povo, tanto em países desenvolvidos como em 
desenvolvimento, com expressivo incremento de produtos não amiláceos, especialmente 
o leite, as hortaliças e as chamadas carnes vermelhas. 
 
*
 Trabalho publicado nos Anais do 3º Simpósio sobre Manejo de Bovinos no Trópico, 1978, sob patrocínio 
da Fundação Cargill. 
 2
 
Tabela 1. Consumo de proteínas em países desenvolvidos e sub-desenvolvidos 
(gramas/pessoa/dia). 
 
 Proteína Proteína 
Países animal vegetal Total 
 
Argentina 48 43 91 
Canadá 65 31 96 
Estados Unidos 65 27 92 
França 52 46 98 
Nova Zelândia 75 35 110 
 
Média 61 (63%) 36 (37%) 97 
 
Brasil 19 48 67 
China Nacionalista 14 42 56 
Filipinas 15 34 49 
México 20 68 88 
Rodésia 16 65 81 
 
Média 17 (25%) 51 (75%) 68 
 
Fonte: World Conference on Animal Production, 1968. 
 
 
Os numerosos estudos sobre o problema levam à inevitável conclusão de que o 
nível nutricional atual pode ser considerado francamente baixo em muitos países. Calcula-
se que, no mínimo, 40% da população mundial sofre de desnutrição, cuja causa principal 
reside na carência de proteínas de qualidade superior, como são as de origem animal. Já 
em 1963, a FAO estima que, em relação ao ano 2000, a produção total de alimentos 
deveria aumentar em cerca de 174%, ao passo que a de origem animal deveria fazê-lo 
aproximadamente 208%, a fim de garantir suprimento alimentar adequado (6). Nos países 
em desenvolvimento, onde as necessidades são mais urgentes e prioritárias, e a 
população cresce mais rapidamente, a cifra correspondente ao acréscimo da produção 
animal deveria ser da ordem de 483%, tendo em vista alcançar dietas ao nível de 2.450 
calorias e 21 gramas de proteína animal por pessoa e por dia. 
 
O problema básico reside, pois, em produzir mais alimentos para nutrir uma 
população sempre crescente, utilizando áreas físicas cujas produções são limitadas e 
condicionadas por uma série de fatores, não apenas de ordem tecnológica, mas também 
cultural, social, e inclusive política. 
 
 
 
 
 
 3
CONCEITO DE PRODUTIVIDADE ANIMAL 
 
O sentido da palavra produtividade evoluiu muito ao longo do tempo. Ao que 
parece, o vocábulo foi empregado pela primeira vez por volta de 1500, mas somente a 
partir do século 18 a noção de produtividade começou a se tornar mais precisa. No século 
passado, a produtividade era simplesmente definida como a faculdade de produzir (20). 
 
O conceito hoje em voga se deve aos economistas franceses, que estabeleceram 
ser a produtividade uma relação mensurável entre o produto e os fatores de produção. A 
produtividade é, pois, o resultado da divisão da produção física, obtida num determinado 
período de tempo, por um dos fatores empregados na atividade produtiva. 
 
A produtividade agrícola apresenta uma característica peculiar, pois a produção 
pressupõe a existência de um transformador dotado de vida, a planta ou o animal, que 
transforma a energia em produto. Assim, a produtividade a ser alcançada depende em 
grande parte das condições ambientes, nas quais vive o transformador e que incluem não 
apenas os fatores físicos, mas ainda os fatores econômicos e sócio-culturais. No caso 
particular dos animais, as interações entre essas três categorias de fatores assumem, às 
vezes, aspectos inusitados, especialmente devido às produções que dependem do 
desempenho dos indivíduos em atributos repetíveis, no tempo como é o caso da 
produção de leite, ovos, lã etc. 
 
É fato conhecido que a produtividade animal é sempre menos eficiente que a das 
plantas. As observações comparativas a respeito mostram que os vegetais cultivados são 
capazes de produzir mais proteína e energia por unidade de área do que qualquer forma 
de produção animal. Os dados de VOHRA, ROBINSON & CARTER (19), resumidos na 
Tabela 2, revelam que até as batatas podem produzir, aproximadamente, de 2 a 10 vezes 
mais proteínas e 2 a 30 vezes mais energia por hectare do que os animais. Além disso, a 
eficiência alimentar em diferentes tipos de produção animal pode sofrer grandes 
variações, segundo a espécie ou classe considerada, conforme os dados de HOLMES em 
1970, incluídos na Tabela 3, citados por MAESO (6). 
 
Como se pode comprovar nos dados de ambas as Tabelas 2 e 3, os animais não 
são muito eficientes para transformar os alimentos recebidos em proteínas ou energia. As 
proteínas animais são ainda de produção mais cara, como revelam os dados da Tabela 4, 
extraída do trabalho de JASIOROWSKY (5). Estes fatos e mais a alegação de que os 
animais domésticos estariam cada vez mais competindo com o homem na utilização dos 
alimentos disponíveis levaram alguns estudiosos a preconizar uma solução extremada de 
eliminação completa do gado, e à utilização de todos os grãos produzidos no mundo para 
consumo humano. Esta paradoxal proposta se alicerceia ainda na espetacular diferença 
verificada quanto aos rendimentos obtidos nas produções animal e vegetal no mundo. 
Segundo dados da FAO de 1974 (21), no período de 1950-1971, os rendimentos médios 
na produção de carne bovina, leite e produtos avícolas acusaram incrementos da ordem 
de 13, 42 e 117%, os quais devem ser considerados medíocres quando comparados ao 
acréscimo médio de 168% experimentado pelos cereais de consumo humano. 
 
 4Tabela 2. Produção anual de animais e plantas nos Estados Unidos. 
 
 Calorias Proteínas 
Produtos Mcal/ha x 103 kg/ha x 103 
 
Trigo 69,5 2,5 
Milho 185,9 4,6 
Batatas 227,3 3,8 
Soja 68,1 6,4 
Laticínios 37,2 1,9 
Carne bovina 7,3 0,5 
Carne ovina 8,0 0,4 
Suínos 31,5 0,8 
Aves 16,0 1,2 
Ovos 19,2 1,5 
 
Fonte: Feedstuffs, 47: 19-25, 1975. 
 
 
Tabela 3 Eficiência alimentar em distintos tipos de produção animal (segundo HOLMES, 
1970). 
 
Espécies 1 (%) 2 (%) 3 (%) 4 (g) 5(9) 
e classes 
 
Vacas leiteiras 21 12 23 10 5,4 
Gado de leite e corte 20 11 20 9 4,7 
Gado de corte 7 4,5 6 2,6 1,5 
Ovinos 3 1,7 3 1,3 0,8 
Suínos 23 17 12 6 4,0 
Frangos de corte 13 10 20 11 7,7 
Galinhas poedeiras 15 11 18 11 8,0 
 
(1) Energia líquida x 100/Energia metabolizável consumida. 
(2) Energia líquida x 100/Energia bruta consumida. 
(3) Proteína fixada x 100/Proteína bruta consumida. 
(4) proteína fixada x 100/Energia metabolizável consumida (Mcal). 
(5) Proteína fixada x 100/Energia bruta consumida (Mcal). 
 
 
Os defensores de Uma agricultura somente de plantas e grãos, todavia, parecem 
ignorar que, mesmo nos países desenvolvidos, cerca de 65% das unidades alimentares 
consumidas pelo gado (18) são derivados de forragens volumosas de pastagens 
artificiais, campos naturais e subprodutos do processamento industrial de alimentos, que 
são considerados impróprios ou não desejados para o consumo humano. Em verdade 
existe uma gama muito ampla de resíduos agrícolas e industriais, inaceitáveis ou 
indigestíveis para o homem, que podem ser incorporados às rações animais, com 
repercussão mínima sobre a disponibilidade de recursos alimentares para a humanidade. 
 5
 
Tabela 4. Custo comparativo de 1kg de proteína líquida utilizável de diferentes fontes, 
animais e vegetais, em 1974. 
 
Proteína US 
 
Carne bovina 7,17 
Carne de frango 5,43 
Arroz 3,76 
Farelo de algodão 3,45 
Leite desnatado em pó 1,74 
Feijões 1,43 
Trigo 0,90 
Farinha de soja 0,68 
 
Fonte: JASIOROWSKY (1975). The developing world as a source of beef for world markets. FAO, Rome. 
 
 
Além disso, esses pesquisadores de soluções simplistas desconhecem o imenso 
potencial de recursos ainda inexplorados pela produção animal que se encontra nos 
países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Segundo JASIOROWSKY (5), os países 
em desenvolvimento contam com 70% da população de bovinos e búfalos do mundo, mas 
produzem somente 34% da carne bovina e 21% do leite consumidos pelos povos 
civilizados. Portanto, mais uma vez, a solução para o problema de maior disponibilidade 
de alimentos para o homem deve consistir muito mais no aumento da produtividade de 
plantas e animais e nunca na eliminação desses últimos, deixando de aproveitar o rico 
potencial que representam. 
 
Segundo BYERLY (1), seria possível estimar o potencial de subprodutos e 
forragens volumosos de várias regiões no mundo utilizáveis na produção de proteína 
animal na forma de leite, carne ou ovos. A Tabela 5 demonstra que, se um pleno uso 
fosse realizado desses subprodutos e forragens disponíveis, eles suportariam a produção 
de uma enorme quantidade de proteína animal para o consumo animal, sem determinar 
qualquer competição entre o homem e os animais quanto ao suprimento alimentar. 
 
Cabe ainda lembrar que as plantas, embora de eficiência de transformação mais 
alta e barata, apresentam limitações de ordem climática que restringem seu 
aproveitamento às áreas em que hoje se desenvolvem. Com os animais tal não sucede, 
pois, em sua grande maioria, as espécies domésticas são adaptáveis a todas as zonas 
climáticas, fazendo uso de vastas áreas onde as plantas de elevada produção jamais 
poderiam ser exploradas economicamente. 
 
 6
 
Tabela 5. Estimativas da produção de subproduto e forragens volumosas para 
alimentação animal em várias regiões. 
 
 Unidades alimenta- Unidades animais Proteína alimentar diária 
 res em subprodutos possíveis de por cabeça a ser 
Regiões e forragens alimentar à base obtida através de: 
 de 2,45t cada 
 (milhões de toneladas) (milhões) Leite Carne ou ovos 
 (g) (g) 
 
Estados Unidos 198 81 75 40 
Canadá 30 12 33 15 
Europa 201 82 103 60 
URSS 273 111 105 57 
América Latina 189 76 54 30 
Ásia Comunista 314 128 22 12 
África 320 130 78 43 
Oceania 157 64 600 330 
 
Fonte: BYERLY, C.T. J. Animal Science, 25: 552, 1976. 
 
 
Ao discutir os conceitos de produtividade, não se deve esquecer que existe sempre 
um claro limite fisiológico ou econômico para melhoria da produção. De fato, estando na 
dependência do transformador, a produtividade animal fica condicionada à sua 
capacidade genética de aproveitar os alimentos, adaptar-se ao meio em que vive, e 
apresentar os desempenhos compatíveis. Por outro lado, toda produtividade agrícola 
deve passar por um teste econômico, para verificar se a tecnologia ou o sistema de 
manejo empregados estariam levando a custos compensadores de produção. 
 
Por esses motivos, não parece justa a análise comparativa pura e simples de 
índices de produtividade obtidos em diferentes regiões ou países, sem levar em conta os 
fatores determinantes ou condicionantes do tipo de produção em estudo. Um exemplo 
claro, lembrado por MAESO (7), é o da produção de leite. No momento atual, em vários 
países desenvolvidos se obtêm quantidades elevadíssimas de leite por animal, ou por 
hectare, graças à administração maciça de concentrados, sistema este que, para muitas 
áreas do mundo, está se tornando cada vez mais oneroso. Do ponto de vista 
exclusivamente econômico, pode ser preferível produzir menos leite por animal ou por 
hectare, isto é, alcançar uma produtividade menor, porém a custos mais baixos. 
 
 
ÍNDICES DE PRODUTIVIDADE DA PECUÁRIA DE CORTE 
 
A importância relativa da carne bovina pode ser avaliada pelo fato de ser esta a 
mais consumida de todas as carnes com uma larga vantagem sobre as demais, exceto no 
Extremo Oriente e no Oriente Médio. 
 7
 
Na Tabela 6, extraída de JASIOROWSKY (5), observa-se que o consumo de 
proteína animal apresenta valor médio de 24 gramas/pessoa/dia, todavia com variação 
muito ampla entre as vária regiões do globo, desde 9,1 a 69,0 gramas. Quando se 
considera o consumo de proteína de carne, a variabilidade é maior ainda, com amplitude 
de mas de 10 vezes e com contribuição da ordem de 42% para carne de vaca. 
 
 
Tabela 6. Importância relativa das quatro classes de carnes vermelhas no suprimento de 
proteína animal para o consumo humano (segundo JASIOROWSKY, 1975). 
 
 Gramas por pessoa/dia % da proteína de carne de 
Região 
 Proteína Proteína Vaca Carneiro Porco Frango Outras 
 animal de carne 
 
Extremo Oriente 9,1 3,3 22 7 45 15 11 
África 10,8 5,5 50 16 3 7 24 
Oriente Médio 13,4 5,7 36 42 0 4 18 
América Latina 23,4 12,9 64 4 13 6 13 
Europa 41,6 18,3 39 6 34 9 12 
América do Norte 69,0 36,9 50 2 22 20 6 
Mundo 24,0 9,4 42 5 29 13 11 
 
Fonte: Committeeon Agriculture, COAG, 1974. 
 
 
O consumo de carne bovina, ainda segundo o autor citado, cresceu cerca de 3,1% 
ao ano, na última década, porém, as estimativas de consumo futuro, até 1980, são 
pessimistas, uma vez que se espera o acréscimo anual de apenas 1,1%, e ainda mais o 
decréscimo da ordem de 1,0% nos países em desenvolvimento. 
 
A Tabela 7, elaborada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (23), 
permite analisar a população mundial de bovinos, zebuínos e bubalinos, bem como a 
produção de carne de vaca e de vitela em várias regiões do mundo, em 1972. A produção 
mundial, excluída a China Comunista e a Índia, sobre as quais não existem dados sobre 
abate, é da ordem de 33,5 milhões de toneladas métricas e que correspondem aos 
seguintes índices de produtividade média: 50kg de carcaça/animal do rebanho e 13,0% 
de desfrute. 
 
 8
 
Tabela 7. População de bovinos, zebuínos e bubalinos, e produção de carne de vaca e de 
vitela em várias regiões, em 1972. 
 
 Milhões de cabeças Produção de carne 
 
Região Total Excluindo Chi- Mil tons Excluindo kg car- Des- 
 na Comunista métricas China Com. caça p/ frute* 
 e Índia (%) e Índia (%) animal* (%) 
 
América do Norte 
e Central 156,6 23,5 11.864 35,4 76 35,0 
América do Sul 180,7 27,2 5.289 15,6 29 13,5 
Europa 121,7 18,2 7.835 23,3 64 32,0 
URSS 102,4 15,4 5.363 16,0 52 25,0 
África 38,4 5,7 946 2,6 22 3,4 
Ásia 360,2 4,6 594 1,9 19 0,7 
Oceania 36,2 5,4 1.742 5,2 48 21,5 
 
TOTAL 996,2 100.0 33.533 100,0 50 13,0 
 
Fonte: Foreign Agriculture Circular, Livestok and Meat, USDA-FAS, 1975. 
*Estimados excluindo-se os dados da China Comunista e Índia. 
 
 
Até 1972, considerados os últimos 20 anos (5), as taxas de crescimento da 
produção nos países em desenvolvimento, cerca de 2,3%, foram sempre mais baixas do 
que nos países desenvolvidos. O pequeno crescimento verificado se deu mais em função 
do aumento do número de cabeças, pois a produção por animal permaneceu mais ou 
menos constante durante aquele período, ao redor de 14kg de carcaça por cabeça e por 
ano. 
 
Dentre os países classificados como em desenvolvimento, 86% localizam-se 
inteiramente ou quase que inteiramente dentro das latitudes de 30% ao norte e ao sul do 
Equador, na faixa tropical do globo. Esses países, segundo McDOWELL (9), possuem, 
em efetivos animais, aproximadamente 55% da população bovina do mundo, 80% da de 
búfalos, 67% da de caprinos e 34% da de suínos, porém produzem menos de 20% do 
total de produção de carne atribuível àquelas espécies. Este fato, associado aos baixos 
índices de produtividade, tem levado muitos observadores a apoiar a hipótese de que 
esforços devem ser feitos para intensificar a produção de carne bovina nos trópicos. Duas 
áreas mundiais têm chamado a atenção dos estudiosos: a América Latina e África, onde 
significativamente são encontrados, segundo HODGSON (4),60% da população de 
ruminantes do mundo, vastas áreas de pastagens naturais, e grandes agrupamentos 
humanos crescendo a taxas muito altas e enfrentando sérios déficits alimentares. 
 
Na América Latina, a situação da pecuária de corte e leite foi descrita por 
MIRANDA (11) em trabalho apresentado no Seminário sobre o potencial da produção de 
gado de corte na América Tropical, na Colômbia, em 1974. Dele extraímos os dados 
constantes da Tabela 8, por onde se pode observar que os índices de produtividade, além 
de baixos, se caracterizam ainda por grande amplitude de variação. Somente as grandes 
 9
extensões de terras exploradas pelos produtores podem explicar a manutenção da 
pecuária em níveis tão fracos, por animal e por hectare. 
 
 
Tabela 8 Índices de produtividade do gado e sua variação na América Latina. 
 
 Amplitude 
Índices de variação 
 
Taxa de abate (%) 7,2 -26,5 
Peso médio da carcaça. (kg) 164 - 220 
Carcaça por animal em pé (kg) 13 - 50 
Carcaça por hectare de pasto (kg) 14 - 52 
Idade de abate (anos) 4 - 5 
Mortalidade de adultos (%) 5 - 6 
Natalidade (%) 40 - 60 
Leite por vaca de lactação (1kg) 720 - 1920 
 
Fonte: MIRANDA, R.M. Seminário sobre Potencial de Produção do Gado de Corte na América Tropical, 
CIAT, Colômbia, 1974. 
 
 
Segundo estimativas do CONDEPE, apresentadas por MATOSO & FRANCO (8), o 
Brasil possuía, em 1975, rebanho bovino de 90.011.037 cabeças, correspondendo, 
portanto, a praticamente 50% dos efetivos bovinos encontrados na América do Sul (ver 
Tabela 7). A taxa de crescimento do rebanho, observada entre 1950 e 1970, da ordem de 
2,78% ao ano, aumentos ligeiramente para 3,0% no período de 1970-1976. Todavia, este 
aumento de efetivos não foi acompanhado por melhoria dos índices de produtividade, 
como se pode verificar pelo exame da Tabela 9. Este fato vem comprovar a observação já 
mencionada para os países em desenvolvimento, de que o aumento da produção de 
carne bovina vem sendo obtido à custa de crescimento vegetativo do rebanho. 
 
 
Tabela 9. Evolução da pecuária bovina de corte no Brasil (1970-1976). 
 
 Rebanho Abates Taxa de Peso médio Produção Nº de bo- kg de car- 
 (1000 (1000 abate da car- carcaças vinos do caça/ca- 
Anos cabeças) cabeças) (%) caça (kg) (1000 rebanho/t beça do 
 ton.) carcaça rebanho 
 
1970 78.528 9.576 12,2 198 1.896 41,6 24 
1971 80.397 9.366 11,6 193 1.817 45,5 22 
1972 83.770 10.410 12,4 194 2.020 41,6 24 
1973 86.702 10.870 12,5 194 2.110 41,6 24 
1974 89.736 11.340 12,6 194 2.200 41,6 24 
1975 90.011 10.817 12,0 195 2.119 43,5 23 
1976 95.520 11.118 12,0 195 2.172 43,5 23 
 
Fonte: Censo - Fundação IBGE (1970) 
Estimativas do Ministério da Agricultura e CONDEPE (1971.76). 
 
 10
 
Num confronto com outros países produtores de carne bovina, o Brasil se revela 
em flagrante inferioridade, quanto aos índices de desempenho dos animais, como se 
pode facilmente constatar numa comparação dos resultados da Tabela 10, que incluem 
os maiores abatedores do mundo. As taxas de abate (12,0%) e de desfrute (15,0%) são 
as mais baixas entre os 10 países selecionados, e isto significa que o Brasil precisa 
manter 43 cabeças no rebanho para produzir urna tonelada de carcaça, ao passo que a 
Alemanha Ocidental, os Estados Unidos e o Canadá alcançam a mesma produção com 
11, 12 e 14 animais, respectivamente. É significativa a situação da Nova Zelândia e da 
Austrália, países de pecuária de corte extensiva, como no Brasil, que apresentam valores 
médios para o peso da carcaça inferiores ao do nosso País, porém com taxas de abate e 
desfrute bem mais elevadas. 
 
 
Tabela 10. Produtividade do rebanho bovino de alguns países produtores de carne bovina 
(média do período 1972-1974). 
 
 Rebanho Abate Taxa de Taxa de Peso mé- Nº de kg de car- 
Países 1000 1000 abate desfrute dio da bovinos caça/cab. 
 cabeças cabeças (%) (%) carcaça do reb/t do re- 
 (kg) carcaça banho 
 
1º Alemanha Ocid. 13.965 3.048 36,1 36,9 246 11,2 89,3 
2º Est. Unidos 122.355 38.723 31,6 35,3 266 11,9 84,03º Canadá 12.703 4.059 32,0 35,3 225 13,9 72,0 
4º Reino Unido 14.377 3.893 27,1 33,0 244 15,1 66,2 
5º Nova Zelândia 9.092 2.997 33,0 35,4 141 21,5 46,5 
6º Austrália 29.10,4 7.229 24,8 33,0 180 22,3 44,8 
7º Polônia 12.223 4.203 34,4 40,0 124 23,4 42,7 
8º Argentina 54.524 9.983 18,3 22,6 220 24,9 40,2 
9º Uruguai 9,974 1.303 13.1 20.5 229 33,6 29,8 
10º Brasil* 90,011 10.817 12,0 15,0 195 42,6 23,5 
 
Fonte: FAO - Production Yearbook (1973, 74, 75). 
* Estimativa do CONDEPE (1976). 
 
 
A disponibilidade de carne por habitante constitui um parâmetro geralmente 
utilizado para se avaliar a produtividade de maneira indireta. Ele mede a eficiência com 
que a produção poderia atender às necessidades da população no mercado interno. No 
Brasil, a disponibilidade por habitante e por ano, em termos de carcaças produzidas, tem 
se mantido mais ou menos constante, ao redor da média de 20,1kg, ou seja, 
aproximadamente 55 gramas/pessoa/dia, conforme se deduz dos resultados obtidos no 
período 1970-76 e resumidos na Tabela 11. Esta cifra parece refletir a conclusão dos 
observadores do problema (5) de que o consumo de carne bovina deverá crescer muito 
pouco até 1980, nos países em desenvolvimento, sendo a principal razão disso a baixa 
renda da população. Segundo dados fornecidos pelo CONDEPE (2) há fortes evidências 
de que, se o rebanho bovino brasileiro continuar crescendo com os baixos índices atuais 
 11
de produtividade, haverá um "déficit" crescente de carne no mercado interno, que em 
1985 estará próximo de 1 milhão de toneladas. 
 
 
Tabela 11. Disponibilidade de carne bovina no Brasil e relação bovino/habitante no 
período 1970-76. 
 
 População Rebanho Relação Produção kg 
Ano (1000 (1000 bovino/ de carcaças carcaça/ 
 hab.) cab.) hab. (1000 t) ano 
 
1970 94.508 78.528 0,83 1.896 20,1 
1971 95.993 80.937 0,84 1.817 18,9 
1972 98.690 83.770 0,85 2.020 20,5 
1973 101.432 86.702 0,85 2.110 20,8 
1974 104.243 89.736 0,86 2.200 21,1 
1975 107.145 90.011 0,84 2.109 19,7 
1976 110.123 95.520 0,87 2.172 19,7 
 
Fonte: Censo - Fundação INGE Fundação IBGE (1970.76). 
Estimativas do Ministério da Agricultura e CONDEPE (1971-76). 
 
 
No período de 1970 a 1976, o rebanho bovino brasileiro expandiu-se de 78,5 para 
92,5 milhões de cabeças o que permitiu elevar a relação bovino/habitante até 0,87: 1 
(Tabela 11). Esta situação está ainda muito longe de nos assegurar auto-suficiência na 
produção de carne bovina, e permitir a condição de regular exportador do produto, tal 
como acontece com a Austrália (2,31:1), a Argentina (2,31:1) e o Uruguai (3,51:1). 
 
No entender dos estudiosos do assunto (4), a melhoria da produtividade dos 
ruminantes explorados nos países em desenvolvimento poderia ser facilmente alcançada, 
desde que se adotassem medidas destinadas a obter os seguintes objetivos: 1) - aumento 
das taxas de reprodução e de desmama; 2) - aumento das taxas de crescimento; 3) 
aumento da produção de leite. De fato, atingir o primeiro objetivo mencionado significa, 
em última análise, a elevação do número de bezerros nascidos, criados e recriados e, em 
decorrência da redução na taxa de mortalidade dos animais nos três primeiros anos de 
vida, deve-se esperar maiores índices de desfrute dos rebanhos. Por outro lado, a 
melhoria nas taxas de crescimento deverá propiciar redução nas idades de abate dos 
novilhos e da 1ª parição das fêmeas, trazendo ainda como consequência a reforma anual 
mais baixa de matrizes, e disponibilidade mais cedo de novilhas excedentes para venda. 
 
Tendo em vista estas vantagens, os técnicos de setores governamentais ligados à 
produção agropecuária têm apresentado, para urna série de índices zootécnicos, a 
situação atual e as metas que se poderiam atingir mediante adoção de nível mais elevado 
de tecnologia. Os dados da Tabela 12, extraídos do trabalho de NIATOSO & FRANCO 
(8), ilustram as possibilidades de aumento dos índices de produtividade da pecuária de 
corte no Brasil, considerando a taxa de crescimento do rebanho de 2,78% ao ano. 
Segundo aqueles autores, as metas propostas são perfeitamente viáveis, sendo que, em 
 12
algumas fazendas assistidas técnica e financeiramente pelo CONDEPE, elas já foram 
ultrapassadas e em casos excepcionais se conseguiu índice de natalidade superior a 
90%, associado a reduzida taxa de mortalidade. 
 
 
Tabela 12. Índices zootécnicos atuais do rebanho e metas a atingir mediante nível mais 
elevado de tecnologia. 
 
Índices Unidade Situação atual Meta 
 
Natalidade % 58,23* 75,00 
Mortalidade: 
 a) Reprodutores % 2,00 2,00 
 b) Matrizes % 4,00 3,00 
 c) Crias do nascimento a 1 ano % 7,00 5,00 
 d) Crias do nascimento a 2 anos % 10,00 8,00 
 e) Crias do nascimento a 3 anos % 13,00 10,00 
 f) Crias do nascimento a 4 anos % 15,00 - 
Idade das fêmeas à 1ª parição ano 4,00 3,00 
Idade de abate de novilho ano 4,00 3,00 
Reforma anual de matrizes % 20,00 16,70 
Reforma anual de reprodutores % 25,00 2,5,00 
Relação touro/vaca - 1:25 1:25 
Idade de venda de fêmeas excedentes ano 3,00 2,00 
 
Fonte: MATOSO, J. e H.H. FRANCO. Rebanho bovino nacional. 
Diagnóstico e Programa de Desenvolvimento, 1976. 
* Calculado em função da taxa de crescimento. de 2,7% ao ano. 
 
 
Os índices de desempenho da pecuária de corte de São Paulo servem para ilustrar 
as possibilidades de melhoria da produtividade mediante tecnificação mais avançada. As 
Tabelas 13 e 14, com dados do Instituto de Economia Agrícola do Estado (17), permitem 
análise comparativa muito útil, muito embora se deva reconhecer que a pecuária de corte 
de São Paulo esteja necessitando de maior eficiência produtiva, uma vez que sua 
expansão horizontal se encontra hoje seriamente limitada. 
 
Outro aspecto importante da produtividade, em geral esquecido ou relegado a 
posição secundária nas estatísticas, é o da produção de carcaça por área física 
explorada. Trata-se de indicador cuja estimativa é, geralmente, mais fácil de se obter, com 
razoável precisão, em nível de propriedade, ou de rebanho, do que no caso de zona, 
região, Estado ou país. Por outro lado, a atividade pecuária disseminada numa área nem 
sempre se apresenta bem definida quanto à produção de carne ou leite, de tal sorte que 
as informações disponíveis não permitem estimativas corretas da situação. Além disso, 
cabe lembrar que, conforme a estação do ano dentro da região fisiográfica, e a natureza 
das pastagens naturais ou artificiais, a capacidade de suporte tende a sofrer grandes 
oscilações, distorcendo as estimativas toda vez que se ampliam demasiado as áreas de 
levantamento dos dados. 
 
 13
Tabela 13 Rebanho, abate, taxa de abate, peso médio das carcaças e rendimento do 
rebanho do Estado de São Paulo (1960:1973). 
 
 Rebanho Abate Peso médio kg de 
Ano (1000 da carcaça carcaça/ 
 cab) 1000 cab % (kg) cabeça 
 
1960 7.131 2.321 32,6 177 68,3 
1962 8.048 2.183 27,1 183 59,1 
1964 8.867 2.283 25,8 180 55,4 
1966 8.557 1.886 22,0 188 48,8 
1968 10.282 2.138 22,5 187 50,4 
1970 9.356 2.563 27,4 190 60,0 
1972 10.3822.295 22,1 230 50,9 
1973 9.861 2.429 24,6 - - 
 
Fonte: Instituto de Economia Agrícola, SP. 
 
 
Tabela 14. Indicadores tecnológicos da pecuária de corte no Brasil e no Estado de São 
Paulo. 
 
Indicador Unidade Brasil São Paulo 
 (%) 
 
Taxa de natalidade % 50,0 60,0 
Taxa de mortalidade: 
 a) Bezerros % 10,0 6,5 
 b) Geral % 4,0 2,3 
Taxa de desfrute % 12,0 16,5 
Idade de abate mês 48-60 45 
Peso da carcaça kg 199 220 
Relação touro/vaca - 1:17 1:30 
 
Fonte: Instituto de Economia Agrícola, SP, 1973 e EAPA/SUPLAN/MA, 1972. 
 
 
A Tabela 15 apresenta a área das pastagens do Brasil e sua eficiência para 
produção de carne em 1960 e 1971, incluindo estimativas para 1976. Como se conclui, a 
produção de carne por hectare depende de 3 variáveis: a taxa de abate, o peso médio da 
carcaça e a capacidade de suporte da pastagem. Admitindo-se que o abate e o peso da 
carcaça se mantenham constantes por determinado período de tempo, a produtividade 
passa a depender da lotação dos pastos, isto é, do aumento da carga animal por hectare. 
Por este motivo, algumas regiões, que começaram a explorar mais intensivamente o 
potencial de produção de forragens nos pastos naturais e artificiais, estão conseguindo 
aumentos muito significativos na produtividade de carne, como é o caso da Austrália, 
Nova Zelândia, Hawaii, Porto Rico, Colômbia, Venezuela e outros países na faixa tropical 
(13). 
 14
 
Tabela 15. Área de pastagens e sua eficiência para produção de carne no Brasil (1960 e 
1971). 
 
 Área de pastagem (1000 ha) Rebanho Densidade kg de 
Ano (1000 carcaça/ 
 Natural Artificial Total cab.) Cab./UA UA/ha ha 
 
1960* 102.272 20.063 122.335 55.695 0,45 0,33 10,9 
 (83,6%) (16,4%) (100%) 
 
1971* 106.722 40.278 147.000 84.283 0,57 0,42 12,9 
 (72,6%) (27,4%) (100%) 
 
1976* 106.722 40.728 147.000 92.520 0,62 0,46 14,3 
 (72,6%) (27,4%) (100%) 
 
Fonte: * Fundação IBGE (1960) e CEPEN (1971). 
 ** Estimativas deste trabalho. 
 
 
No Estado de São Paulo, a produção de carne e de leite acha-se regionalizada, 
segundo áreas tradicionais de exploração. Utilizando-se os dados apresentados por 
FREITAS et al. (3), em 1977, calculamos alguns índices ponderados de produção de 
carne por hectare, reunidos na Tabela 16, que mostram a produtividade média do Estado, 
mais de 4 vezes superior à do País como um todo, para a área de pastagem da ordem de 
11 milhões de hectares, dos quais 68,50% em pastos artificiais (17), com capacidade de 
suporte média variando de 0,7 a 1,0 cabeça/hectare. 
 
 
Tabela 16. Produtividade de carne e leite no Estado de São Paulo (dados de FREITAS et 
al., 1977). 
 
 Carcaça Leite Pastagens kg de 
Regiões t/ano % 1000 l/ano % carcaça/ 
 1000 ha % ha 
 
Tradicionalmente 
produtoras de 317,518 65,5 461.301 31,0 4.461 39,8 71,2 
de carne 
 
Tradicionalmente 
produtoras de 77.238 15,9 768.570 51,6 3.529 31,5 21,9 
de leite 
 
Rebanho 90.311 18,6 260.034 17,4 3.213 28,7 28,1 
indefinido 
 
Total 485.067 100,0 1.489.905 100,0 11.202 100,0 55,4 
 
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (previsão em junho de 1975). 
 
 15
 
Embora mais elevado, o índice de produção de carne por hectare em São Paulo 
está muito longe de ser considerado satisfatório, quando comparado a alguns resultados 
obtidos em outros países (14, 15), com sistema de exploração semelhante e valores 
médios acima de 400kg de carne/hectare/ano. 
 
 
CONCLUSÕES 
 
As considerações expostas procuraram demonstrar que a produtividade da 
pecuária de corte brasileira, em face dos níveis até agora alcançados, deve constituir 
motivo de sérias reflexões para todos aqueles que, direta ou indiretamente, se preocupam 
com a problemática da agropecuária em nosso País. 
 
O crescimento demográfico brasileiro nas próximas décadas, segundo os estudos 
realizados pelo IBGE, poderá levar o País a uma população da ordem de 222 milhões de 
habitantes. Isto significa que um aumento substancial na produção de carne deve ser 
conseguido para cobrir a crescente demanda interna do produto. Mantidos os índices 
atuais de produtividade e admitindo-se a mesma disponibilidade de 20kg de carne por 
pessoa, os efetivos bovinos simplesmente deverão dobrar no ano 2.000, para atender 
apenas ao consumo interno. Esta meta dificilmente será alcançada se o rebanho 
continuar crescendo à base de 2,8% ao ano. 
 
A chave do problema reside, pois, no aumento dos índices de produtividade. Para 
equacioná-lo, o País já conta com os recursos necessários, quais sejam: 1) as vastas 
extensões de terras que não podem ser exploradas para culturas; 2) uma imensa 
população de bovinos e zebuínos, que nos coloca na posição de 4º país criador do 
mundo; 3) uma quantidade considerável de espécies forrageiras, gramíneas e 
leguminosas, cujo potencial ainda não foi devidamente aproveitado; 4) um material 
genético altamente diversificado, constituído pelo grande número de raças introduzidas no 
País, ao lado dos grupos étnicos nativos ainda existentes. 
 
Por essas e outras razões, só nos resta concordar com a assertiva (3) de que, "por 
mais que se procure, é difícil encontrar outras regiões do globo que reúnam melhores 
condições para a expansão, tanto vertical quanto horizontal, da produção pecuária, como 
o Brasil, mais especificamente o Brasil Central". 
 
 
CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
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 16
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tropico americano - Seminário sobre “El potencial para la produción de carne en 
AmericaTropical”. CIAT, Série CS-10, 307pp. 
 
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the XI Intemational GrassIand Congress, University of Queensland Press, Australia. 
 
15. RICHARDS, J.A., 1970. Productivity of Tropical pastures in the Caribbean. 
Proceedings of lhe XI International GrassIand Congress, University of Queensland 
Press, Australia. 
 
16. STONAKER, H.H., 1975. Beef Production Systems in the Tropics. I. Extensive 
production systems on infertile soils. J. Animal Science, 41: 1218. 
 
 17
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Estado de São Paulo. Agricultura em São Paulo, IEA, Ano XXII: 1. 
 
18. VAN DEMAM N.L. el al., 1976. Increased productivity from animal agriculture. Report 
to National Science Foundation. Comell University, Ithaca, N. York, 102 pp. 
 
19. VOHRA, P.; D.W. ROBINSON; H.O. CARTER, 1975. World Food Balances. 
Feedstuffs, 47:19. 
 
20. ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL - 1976, 17:9322. 
 
21. FAO - Production Yearbooks, 1973-1976. 
 
22. Fundação IBGE – Anuários Estatísticos, 1970-1976. 
 
23. USDA – Foreign Agricultural Services, 1975. 
 
 18
 
PRODUÇÃO DE BOVINOS NOS TRÓPICOS * 
 
 
Vidal Pedroso de Faria 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Na história da civilização moderna, somente alguns países fizeram grandes 
descobertas relativas aos processos fundamentais da natureza e conseguiram aplicar o 
conhecimento adquirido para o desenvolvimento da agricultura. Utilizando a tecnologia 
gerada através de um volume imenso de trabalhos experimentais, foram capazes de criar 
prosperidade, produção de alimentos suficiente para seus cidadãos e condições básicas 
para o desenvolvimento de outras variedades econômicas. Por outro lado, é fato bastante 
conhecido que a produção agrícola é pequena e bastante ineficiente nas regiões em 
desenvolvimento. As nações localizadas na América Latina, Ásia e África apresentam 
sérios problemas para a produção de gêneros alimentícios, como conseqüência de 
dificuldades climáticas, econômicas, sociais e, sobretudo, investimentos pequenos em 
trabalhos de pesquisa biológica (35). 
 
A complexidade do problema de produção de alimentos no mundo e suas 
implicações sociais e políticas, têm sido analisadas detalhadamente nos últimos anos 
(16). Entretanto, somente a partir da década de 60, com os trabalhos de BROWN (4), a 
situação foi estudada de maneira global e as preocupações levantadas. A problemática 
gerou, então, estudos mais aprofundados, culminando com o trabalho intitulado “The 
World Food Problem” (35), no qual cerca de 120 cientistas prepararam para o governo 
dos Estados Unidos um relatório completo e profundo das dificuldades da época e das 
previsões futuras. Na realidade, o mundo passou a tomar conhecimento das dificuldades 
para a produção de alimentos somente depois da segunda guerra mundial, quando os 
países pouco desenvolvidos passaram de exportadores a importadores de quantidades 
crescentes de gêneros alimentícios, para atender ao desenvolvimento econômico e social 
e ao crescimento vertiginoso da população (46). 
 
É fato notório que a eficiência da produção animal é muito baixa .tos países em 
desenvolvimento, apesar dos imensos rebanhos existentes em grande número deles. 
Admite-se que os fatores limitantes da eficiência sejam as taxas pequenas de reprodução, 
as doenças, os parasitas, o baixo potencial genético do gado e a nutrição inadequada, 
agravada por disponibilidades estacionais de alimentos (6). Como a grande maioria das 
nações pouco desenvolvidas está localizada na faixa tropical e subtropical, normalmente 
associa-se a baixa eficiência da produção animal com as condições reinantes naquelas 
regiões. Assim sendo, o clima tropical passa a ser considerado como impróprio para a 
 
*
 Trabalho publicado nos Anais do Simpósio sobre Manejo de Bovinos no Trópico, 1976, sob patrocínio da 
Fundação Cargill. 
 19
produção de bovinos e a ele têm sido atribuídas as dificuldades encontradas pelo homem 
para produzir leite e carne numa vasta região do globo terrestre. De acordo com 
DOMINGUES (14), “o clima, para a pecuária brasileira, cresce muito de importância, 
porque 4/5 do Brasil, onde a criação pode desenvolver-se, estão dentro da zona tropical”. 
 
A aceitação passiva de que o clima é o principal entrave para a produção de 
bovinos pode retardar ou mesmo impedir o desenvolvimento tecnológico da pecuária. O 
técnico, ansioso para promover mudanças nos conceitos relativos à criação de bovinos 
nos trópicos, deve procurar responder a algumas perguntas que têm sido levantadas por 
pesquisadores, pecuaristas e pelos homens preocupados com a alimentação da 
humanidade no dia de amanhã. 
 
1º) Até que ponto os climas tropicais e subtropicais são limitantes para a produção 
de bovinos? 
 
2º) Dos agentes climáticos considerados limitantes, quais os mais importantes e 
com que intensidade atuam nos processos produtivos? 
 
3º) Haveria meios disponíveis para o homem vencer as dificuldades impostas pelo 
meio? 
 
 
PRODUÇÃO DE BOVINOS EM AMBIENTES DESFAVORÁVEIS 
 
Reconhecidamente, os trópicos apresentam alguns problemas para a produção 
animal. Calor, umidade, radiação solar, solos pobres, regiões semi-áridas, estacionalidade 
de produção de alimentos, doenças e parasitas têm sido apontados como fatores 
desfavoráveis ao crescimento da pecuária nos países em desenvolvimento (35). 
Entretanto, deve-se atentar para o fato de que dificuldades para a produção de leite e 
carne, impostas pelo meio ambiente, não se constituem em característica exclusiva das 
áreas tropicais e subtropicais. 
 
Alguns países desenvolvidos, localizados nas regiões mais frias do globo, 
apresentam condições extremamente limitantes para a criação de bovinos. A situação 
reinante nos países escandinavos pode fornecer uma idéia da adversidade do clima 
reinante na região. De acordo com FRANDSEN (18), a região escandinava está situada 
entre as latitudes 54º e 70ºN, com temperaturas médias de verão localizadas na isoterma 
de 12ºC e temperaturas de inverno entre zero e -14ºC. O período de crescimento das 
plantas forrageiras pode ser tão curto como 120 dias, ou seja, somente 33% do tempo 
estarão disponíveis para a produção de alimentos. Outro exemplo significativo das 
dificuldades impostas por um clima úmido e frio poderia ser obtido na Grã-Bretanha. 
HUGHES (22) deu ênfase ao fato de que naquela região o completo desenvolvimento das 
plantas forrageiras no início da primavera pode sofrer atrasos de cerca de 30 dias e que a 
produção de forragem no verão oscila bastante, como conseqüência das variações nas 
taxas de radiação solar. O autor relatou também que no Sudeste das Ilhas Britânicas, 
durante a primavera e o outono, o excesso de umidade no solo pode impedir o uso do 
pasto e que a incidência de doenças é grande, como conseqüência do clima úmido. 
 20
 
Além do frio e da umidade, outros fatores desfavoráveis podem ser detectados em 
países que apresentam pecuária evoluída. O sul dos Estados Unidos é caracterizado por 
climas quentes e úmidos, nas imediações do Golfo do México, e árido e quente no 
interior, sendo, então, de acordo com KNOLLE (27), considerado região não muito 
propícia à produção animal. O mesmo autor relatou que as doenças e os parasitas são 
problemas sérios para os bovinos criados na área e que mudanças rápidas e drásticas 
ocorrem no clima, como conseqüência de nevadas e fortes ventos. Israel talvez seja uma 
das nações menos favorecidas pelo complexo climático, no que diz respeito a condições 
para a criação de bovinos. O país é árido, com poucas terras férteis, as temperaturas são 
bastante elevadas, atingindo em algumas localidades valores de 35 a 40ºC durante a 
maiorparte do dia (44). No início da colonização, a região era infestada por grande 
número de doenças infecto-contagiosa e parasitárias, que causavam pesadas perdas 
para a indústria animal, e por zoonoses de grande significância (13). 
 
Desnecessário seria continuar enumerando áreas de pecuária desenvolvida que 
apresentam ambientes bastante desfavoráveis. Problemas relacionados com 
disponibilidade de alimentos, frio, calor, radiação solar, solos inférteis, sanidade etc, 
podem ser encontrados juntos ou separados, tanto nas regiões desenvolvidas como nos 
trópicos. RAUN (38), analisando a criação nas duas regiões geo-econômicas, relatou que 
os países mais evoluídos foram capazes de utilizar com grande eficiência os recursos 
existentes e de criar tecnologia para a solução dos problemas relativos à produção 
animal. De acordo com o mesmo autor, a situação observada nos trópicos é inversa, 
havendo desperdício de recursos e incapacidade de aplicação de técnicas, ou mesmo 
desconhecimento delas, para a solução dos problemas. 
 
A diferença fundamental entre as dificuldades climáticas encontradas nos trópicos 
e nas regiões desenvolvidas talvez seja somente a seguinte: no primeiro caso, são 
consideradas fatores limitantes e, no segundo, problemas a serem vencidos através da 
tecnologia existente ou a ser criada. Torna-se lógico, então, que o meio-ambiente receba 
um destaque todo especial nas considerações relativas à produção e produtividade dos 
bovinos nos trópicos e que passe despercebido, na maioria das vezes, nas outras áreas 
do globo terrestre. 
 
 
SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE BOVINOS 
 
Na grande maioria dos países em desenvolvimento, os bovinos são criados em 
condições naturais, ou seja, ficam expostos ao meio ambiente. Assim sendo, os agentes 
climáticos atuam sobre eles com a máxima intensidade e recebem também os eleitos 
indiretos do clima. Comumente, a alimentação é baseada somente em pastos mantidos 
em terrenos inférteis, que apresentam acentuada estacionalidade de produção de 
forragem. Dependendo do microclima, os problemas do meio ambiente podem ser mais 
ou menos intensos, mas sempre existem e raramente são solucionados de maneira 
global. Geralmente, as medidas corretivas são impostas quando a morte ameaça o 
rebanho e, na maioria das vezes, são medidas parciais. DOMINGUES (14) relatou que 
"nas condições naturais em que devem viver e produzir, os animais não sofrem apenas o 
 21
efeito da temperatura elevada quando nos trópicos. A soma de efeitos dos fatores 
ambientais tropicais é que determina a incapacidade desses animais europeus 
conservarem o seu alto nível de produção". 
 
Como conseqüência dos sistemas de criação estabelecidos, os bovinos a serem 
criados nos países em desenvolvimento devem apresentar o que se convencionou 
chamar de tolerância ao ambiente tropical que, de acordo com DOMINGUES (14), "é 
encontrada naturalmente nas raças nativas nos trópicos, no gado comum de certas 
regiões tropicais, e que resultou nesse gado numa adaptação durante a qual os animais 
perderam suas qualidades produtivas". 
 
A elevada produção e a eficiente capacidade produtiva dos bovinos nas regiões 
desenvolvidas foram conseguidas com animais altamente especializados, através de 
sistemas de criação nos quais os rebanhos passaram a ser mantidos em ambientes 
artificiais. Condições artificiais são, de acordo com DOMINGUES (14), “aquelas 
estabelecidas pelo homem não só para modificar as condições naturais no que elas 
possam prejudicar os animais, como para tornar mais eficiente a criação e exploração”. O 
estabelecimento de condições artificiais talvez tenha surgido como conseqüência do clima 
inclemente encontrado na maioria dos países desenvolvidos pois, se os bovinos fossem 
expostos às condições naturais, certamente não existiriam rebanhos numa vasta área do 
globo terrestre. 
 
A intensidade ou a complexidade de correção do meio-ambiente depende do tipo 
de exploração a ser estabelecida. Para o caso de altas produções individuais de leite ou 
carne em algumas áreas dos Estados Unidos, foi necessário criar um ambiente bastante 
artificial através do confinamento e da mudança no hábito alimentar dos bovinos (3, 28). 
Alguns países, como a Nova Zelândia (23) e a Austrália (26), fazem, por outro lado, uso 
quase que exclusivo do pasto, de maneira a conseguirem índices menores de produção 
individual com custos mais baixos. Na Holanda, o sistema de produção de leite poderia 
ser considerado intermediário entre os observados nos Estados Unidos e na Nova 
Zelândia, já que os bovinos utilizam, com grande intensidade, as pastagens na estação de 
crescimento das plantas, e são confinados durante o inverno (5). Analisando sistemas de 
produção de leite, BUXTON & FRICK (5) relataram que diferenças existem entre os 
países, mas que os sistemas são econômicos e válidos, sendo adaptados às condições 
econômicas e sociais de cada região. 
 
Sistemas de produção de leite em regiões de clima quente têm sido adotados por 
alguns países evoluídos, apesar de ser o calor geralmente considerado como o fator mais 
importante no que diz respeito à criação de bovinos (33), chegando mesmo, na opinião de 
DOMINGUES (14), a ser o principal responsável pela distribuição geográfica dos animais. 
Nestes últimos anos, um volume muito grande de trabalhos experimentais tem sido 
conduzido para a determinação do efeito do calor sobre a produção de leite e a 
reprodução, e para o desenvolvimento de métodos para aliviar os seus efeitos (41). As 
pesquisas não têm se limitado à simples mensuração dos efeitos, mas englobam também 
os distúrbios fisiológicos provocados pelas altas temperaturas (1, 45, 40). Pesquisadores 
da Universidade da Flórida (20) deram ênfase ao fato de que a interpretação do efeito 
específico do calor pode não ser fácil de ser efetuado porque os agentes climáticos agem 
em conjunto com os outros fatores do ambiente. Os autores argumentaram que 
 22
diferenças entre meses e estações refletem, na realidade, grande número de fatores 
climáticos associados a alterações em práticas de manejo e de nutrição. 
 
Apesar de todos os problemas que, reconhecidamente, o calor traz para as vacas 
leiteiras, a observação de produções de leite em regiões de clima tropical pode revelar 
resultados surpreendentes. Recentemente, McDOWELL et al. (32), analisando a 
performance de filhas de touros provados americanos e canadenses em regiões tropicais, 
relataram que os conceitos tradicionais, relativos à produção de leite nos trópicos, 
deverão ser revistos num futuro próximo. No Brasil, em 1975, cerca de 1.600 fêmeas da 
raça Holandesa, controladas pelos serviços oficiais, produziram entre 3.000 e 13.000 kg 
de leite por lactação (9). Observações realizadas na Flórida (41), uma região considerada 
não muito adequada para a produção de leite, revelaram que, em 1971, a média do 
estado era de 4.280kg de leite/vaca, valor esse cerca de 8% mais baixo que a média do 
país. 
 
Tentativas têm sido realizadas no sentido de qualificar o efeito do calor sobre a 
performance de vacas leiteiras; a Tabela 1 mostra o resultado de estimativas sobre perda 
de produção de leite como conseqüência do calor durante o verão nos Estados Unidos 
(21). 
 
 
Tabela 1. 
 
 Perda em Perda por 
Latitude ºN 122 dias dia 
 (kg) (kg) 
 
Produção média de 13,5kg 
40-45 23 a 46 0,18 a 0,37 
35-40 23 a 46 0,18 a 0,37 
30-35 46 a 136 0,75 a 1,11(8%) 
25-30 92 a 136 0,75 a 1,11 
Hawaii 25 0,20 
 
Produção média de 23,0kg 
40-45 23 a 46 0,18 a 0,37 
35-40 46 a 182 0,37 a 1,49 
30-35 136 a 318 1,11 a 2,61 
25-30 273 a 340 2,24 a 2,79(12%) 
Hawaii 110 0,90 
 
 
O uso de ar condicionado para rebanhosaltamente produtivos tem sido empregado 
nos Estados Unidos para verificar o efeito do calor sobre a produção de leite e os 
resultados obtidos têm mostrado que os aumentos são da ordem de 10%, onde as 
temperaturas diurnas permanecem constantemente acima de 30ºC (42, 21, 25). Os dados 
a seguir dão idéia de um dos experimentos realizados para a qualificação do efeito do 
calor pelo uso de ambientes controlados (42). 
 23
 
1970 - TEMPERATURA MÁXIMA 32,5ºC; MÍNIMA 20,2ºC 
1971 - TEMPERATURA MÁXIMA 31,5ºC; MÍNIMA 19,1ºC 
 
TRATAMENTOS 
1. CURRAL SEM SOMBRA: 24 HORAS 
2. CURRAL DAS 5,30 ÀS 19,30 horas 
AR CONDICIONADO DAS 19,30 ÀS 5,30 horas 
 
3. CURRAL DAS 19,30 ÀS 5,30 horas 
AR CONDICIONADO DAS 5,30 ÀS 19,30 horas 
 
4. AR CONDICIONADO: 24 horas 
PRODUÇÃO MÉDIA: 20,9 kg/dia 
AUMENTO DE PRODUÇAO: 1,34 kg/dia - 9,6% 
 
 
Análise de trabalhos experimentais publicados permite sugerir que, sob condições 
adequadas de nutrição e saúde, o calor pode não afetar significativamente a produção de 
leite. Observou-se que tratamentos efetuados sobre os telhados de construções 
destinadas a estabulação livre de vacas leiteiras, capazes de reduzir de 3 ou 4ºC a 
temperatura e o ritmo respiratório, não mostraram resultados benéficos sobre a produção 
(47). Quando vacas leiteiras foram alimentadas com 125% das exigências nutricionais e 
receberam dieta contendo 35 ou 65% de concentrados, não foram observadas diferenças 
em produção de leite, consumo de energia e eficiência da utilização da energia, sendo os 
animais expostos ao sol de verão ou protegidos por sombra (29, 19). Vacas da raça 
Jersey, recebendo 115% das exigências através de concentrados e de volumosos de boa 
qualidade, não diminuíram a produção de leite quando expostas durante todo o dia ao sol 
de verão, apesar de apresentarem um ritmo respiratório mais acentuado e temperaturas 
corporais mais elevadas que os animais mantidos à sombra. Nesse trabalho, foi verificado 
que, à noite, as vacas conseguiam livrar-se do calor corporal e compensar o consumo de 
alimento, já que a ingestão noturna chegou algumas vezes a ser equivalente a 60% do 
total (24). o gráfico, a seguir, fornece um resumo do trabalho experimental. 
 
 24
 
 
 
Vacas de raça Holandesa Malhada de Preto foram expostas ao sol ou protegidas 
por sombra em um regime alimentar onde recebiam 125% das necessidades diárias, 
através de rações contendo 35 ou 65% de concentrados. Foi observado que as 
temperaturas retais e as velocidades respiratórias foram mais altas nas vacas mantidas 
ao sol, mas não foram observadas diferenças na produção. Os autores do trabalho (18, 
37) chegaram à conclusão de que o regime alimentar afetou muito mais a produção de 
leite do que a exposição das vacas ao calor. 
 
A observação do desenvolvimento da pecuária em Israel pode fornecer uma 
indicação da importância da correção do ambiente para o estabelecimento de um sistema 
de produção em ambiente desfavorável. De acordo com VOLCANI (44), a média da raça 
Holandesa Malhada de Preto em Israel é da ordem de 6.600 kg/lactação, obtida através 
de confinamento, uso liberal de concentrados e mecanização. O rebanho é 100% 
inseminado com touros provados e os índices reprodutivos elevados, atingindo cifras de 
105 bezerros por 100 vacas no ano. Entretanto, no início da colonização, a vaca leiteira, 
mantida em condições naturais, era pequena, tardia, e produzia de 100 a 800kg de leite 
em 4 ou 5 meses de lactação. Na época, admitia-se que as condições locais não 
ofereciam meios para a manutenção de rebanhos especializados e as tentativas de 
introdução de gado europeu resultaram em fracasso. Foi, então, iniciado um programa de 
cruzamentos com bovinos provenientes da Síria e da Europa, capazes de responder 
melhor às práticas de manejo, mas os resultados não foram satisfatórios. Argumentava-se 
que os cruzamentos para elevar a capacidade de produção das vacas fatalmente levaria à 
 25
perda de rusticidade e foram recomendadas práticas de voltar o sangue sírio após 
algumas gerações. Graças aos trabalhos desenvolvidos pela Universidade de Jerusalém, 
ficou mais tarde evidente que a inaptabilidade do gado era devida principalmente à 
ocorrência de doenças, com ênfase nas parasitárias do sangue, transmitidas pelo 
carrapato. Foi, também, verificado que o gado nativo não apresentava resistência mas 
era, na realidade, exposto muito cedo ao problema e adquiria imunidade. Foram 
desenvolvidas vacinas eficientes contra os parasitas do sangue e, através de um 
programa sério, erradicadas ou eficientemente controladas as doenças infecto-
contagiosas e parasitárias (13). A partir deste ponto, com o desenvolvimento de abrigos e 
de técnicas de alimentação, foi possível estabelecer um dos mais sofisticados sistemas 
de produção leiteira, em uma área quente, árida e considerada totalmente imprópria para 
a criação de bovinos especializados. 
 
 
POTENCIAL DOS TRÓPICOS PARA A PRODUÇÃO DE CARNE E LEITE 
 
As regiões localizadas nas áreas mais quentes do globo apresentam 
potencialidade muito grande para a produção animal, que não tem sido explorada de 
maneira conveniente. A inexistência de invernos rigorosos permite a manutenção do gado 
o ano todo nas pastagens, o que pode contribuir para diminuir o custo de produção, como 
conseqüência da economia em construções (24, 5). Além desses aspectos, é possível o 
estabelecimento nos trópicos de sistemas de produção baseados no uso intensivo do 
pasto, com grande economia de concentrados (5,7, 31, 34). 
 
A principal característica dos trópicos para a produção de bovinos talvez esteja 
relacionada com a elevada capacidade de produção das plantas forrageiras cultivadas em 
climas quentes. As espécies tropicais e subtropicais apresentam evidente superioridade 
de produção sobre as de clima temperado, devido à maior eficiência fotossintética e 
disponibilidade de radiação solar. Por esse motivo, a produção de matéria seca das 
espécies tropicais e subtropicais é duas ou mais vezes superior (10). Analisando o 
potencial de produção de gramíneas tropicais adubadas, CORSI (12) propôs, para as 
áreas mais quentes, uma filosofia de produção diferente daquela existente nos climas 
temperados. De acordo com o autor, a produção animal baseada em pastos tropicais 
adubados mostra possibilidade de explorar o potencial das espécies através de elevada 
carga animal, enquanto em zonas temperadas, devido à menor capacidade de produção 
das plantas, a ênfase é dada à qualidade. 
 
Como conseqüência da elevada capacidade de produção das plantas forrageiras, a 
produção animal em pastagens tropicais é também significativa, como mostram os 
resultados conseguidos em diferentes regiões. Os dados da Tabela 2, relatados por 
PLUCKNETT (34), indicam os resultados médios de 12 anos de exploração de bovinos 
leiteiros no Hawaii, numa área tropical onde as principais limitações são deficiências 
hídricas em certas épocas do ano, baixas temperaturas de inverno e solos pobres em 
elementos minerais. 
 
VICENTE-CHANDLER (43) relatou que pastos de capins Colonião, Napier e 
Estrela, quando manejados intensivamente, revelaram grande potencial para a produção 
 26
de leite em Porto Rico. Trabalhos conduzidos com vacas de raça Holandesa Malhada de 
Preto, recebendo somente pasto, sombra, sal e farinha de ossos, permitiram a obtenção 
dos resultados constantes da Tabela 3. 
 
 
Tabela 2. 
 
 Índices de 
Características Produtividade 
 
Carga animal 6,1 vacas/ha 
Produção leite/ha/ano 9.770kg 
Produção mais elevada/vaca 4.899kg 
Produção média/dia 12,5kg 
Produção anual/"ca 4.562kg 
Produção carne/ha/ano 400kg 
 
 
 
Tabela 3. 
 
 Índices de Produtividade 
Característica 
 1968 1969 19701971 1972 
 
Lotação média 2,2 vacas por hectares 
 
Produção/lactação - kg 2,744 2.895 2.169 3,485 3.968 
Produção/dia - kg 10,2 10,7 8,0 12,6 14,4 
Produção/ha/ano - kg 8,190 8.592 6.424 10.117 11.563 
 
 
Outras observações, levadas a efeito em Porto Rico (8), mostraram que pastos 
tropicais intensivamente manejados são capazes de proporcionar altas produções de leite 
com vacas da raça Holandesa Malhada de Preto, permitindo a redução de concentrados 
até a relação 1kg de concentrado para 6kg de leite, como mostram os dados da Tabela 4. 
 
O Departamento de Zootecnia da E.S.A. “Luiz de Queiroz”, em Piracicaba, vem 
trabalhando há cerca de 6 anos com manejo intensivo de pastagens de capim Napier, 
obtendo lotações equivalentes a 8,5 unidades animais por hectare durante o verão (11). 
Dados não publicados do mesmo local indicaram produções médias de cerca de 3.500kg 
de leite por hectare por ano, quando pastos convencionais e intensificados foram 
considerados em conjunto. Trabalhos conduzidos em Nova Odessa (31) com vacas 
mestiças revelaram que pastos dos capins Napier e Fino, bem manejados, foram capazes 
de manter durante o verão 3,6 vacas por hectares, produzindo cerca de 8 a 10kg de leite 
sem o oferecimento de concentrados. No Estado do Rio de Janeiro (2) observações 
experimentais revelaram que pastos de capim pangola permitiram manter durante o verão 
 27
2 cabeças por hectare e forneceram nutrientes para a produção de 10kg de leite por dia, 
por cabeça. 
 
 
Tabela 4. 
 
kg leite/ Período de Produção/ Produção/ Gordura 
1 kg con- lactação dia-kg lactação % 
centrado dias kg 
 
 2 268 16,5 4.422 3,0 
 
 4 280 17,5 4.900 3,0 
 
 6 288 17,2 4.948 3,5 
 
 8 241 14,0 3.385 3,3 
 
 
Os índices que têm sido conseguidos, relativos à produção de carne em pastagens 
tropicais, sugerem que as médias usualmente obtidas podem ser multiplicadas muitas 
vezes. Os dados da Tabela 5 mostram um sumário de informações referentes à 
exploração de bovinos de corte, mantidos em pastos bem manejados, em diferentes 
regiões da área tropical. 
 
Tabela 5. 
 
Região Forragem kg PV/ha/ano Fonte 
 
Porto Rico Estrela 1.514 (43) 
Porto Rico Pangola 1.362 (43) 
Porto Pico Napier 1.345 (43) 
Hawaii Napier 1.300 (34) 
Jamaica Colonião e Napier 1.300 (39) 
Austrália Pangola 1.200 (15) 
 
 
No Brasil, trabalhos de experimentação têm mostrado que a potencialidade para a 
produção de carne também é elevada. Em Pernambuco (17), os capins Sempre-Verde e 
Napier, adubados e submetidos a pastejo rotativo, produziram, como média de 4 anos, 
824kg de peso por hectare por ano, com lotações de 4,2 cabeças por hectare e ganhos 
diários de 0,566kg. Trabalhos realizados em São Paulo (30) mostraram que ganhos de 
peso entre 450 e 550kg/ha podem ser obtidos por ano com garrotes de 10 meses, 
mantidos em lotações de 3,4 e 3,8 cabeças por hectare sobre os capins Colonião, 
Pangola, Napier e Bermuda. Trabalhando com o capim Colonião adubado, QUINN et al. 
(36) obtiveram, em Matão, São Paulo, entre 300 e 700kg de ganho de peso por hectare 
com novilhos zebus. 
 
 28
 
CONCLUSÕES 
 
O potencial de produção de leite e carne no Brasil Central, e especialmente no 
Estado de São Paulo, pode ser revelado em tempo relativamente curto, se medidas 
corretivas totais forem aplicadas sobre os fatores desfavoráveis do meio. Para tanto, 
seriam necessárias as seguintes providências: 
 
1º) Ao pecuarista caberá o importante papel de aceitar mudanças no conceito 
tradicional de criação de bovinos em condições naturais, principalmente aquelas 
referentes à alimentação e sanidade; 
 
2º) Ao zootecnista deverá ser atribuída a função de levantar os problemas 
limitantes para a produção e propor soluções para tornar o meio mais favorável aos 
bovinos; 
 
3º) Ao médico veterinário ficará a importante missão de erradicar ou controlar 
eficientemente as doenças infecto-contagiosas e parasitárias, de maneira a que o 
potencial produtivo possa ser revelado no ambiente modificado; 
 
4º) Ao pesquisador restará a tarefa de quantificar e revelar o potencial, trabalhando 
sempre à frente do pecuarista, de maneira a que novas perspectivas e rumos possam ser 
traçados; 
 
5º) Aos pecuaristas, zootecnistas, médicos veterinários e pesquisadores, ficará 
entregue a difícil tarefa de mostrar que as dificuldades impostas pelos trópicos para a 
produção animal podem ser vencidas. 
 
 
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 33
 
MANEJO DA REPRODUÇÃO EM BOVINOCULTURA DE CORTE* 
 
 
Lício Velloso 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
É sabido que problemas reprodutivos de toda ordem constituem a principal causa 
de perdas na bovinocultura dos países de clima tropical. A fertilidade normal de um 
rebanho pode ser definida pela produção regular de crias viáveis. Assim, a exploração 
econômica de bovinos de corte ou de leite, em qualquer parte do mundo, depende em 
larga escala da fertilidade do rebanho, segundo Brenton ("In" PAYNE, 1970). 
 
Sob as condições de manejo reprodutivo adotado nos países de clima tropical, há, 
em média, produção de apenas dois bezerros, quando a vaca atinge os seis anos de 
idade (MAULE, 1962; DE ALBA, 1963). É comum as vacas parirem em anos alternados 
nesses países, quando o desejável seria uma cria a intervalos regulares de doze meses. 
 
O desempenho reprodutivo de um rebanho bovino é, em última instância, função 
dos atributos apresentados pelos machos e pelas fêmeas. Vários fatores contribuem para 
o maior ou menor sucesso de um indivíduo como reprodutor, sendo que alguns deles 
influem sobre um sexo em particular e outros sobre os dois sexos, como mostrou REIS 
(1983) na Figura 1. 
 
Para as condições de clima tropical, as informações científicas sobre o 
comportamento reprodutivo dos bovinos são ainda muito escassas. No Brasil, em 
particular, há um grande vazio de dados que possam servir para orientar o melhor manejo 
nesta importante área da criação de bovinos. 
 
 
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 Trabalho publicado nos Anais do 3º Simpósio sobre Pecuária de Corte, 1983, sob patrocínio da Fundação 
Cargill. 
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Figura 1. Esquema de fatores que podem interferir na reprodução de bovinos. 
 Fonte: REIS, 1983. 
 
MÉTODOS USADOS PARA MEDIR A FERTILIDADE 
 
São inúmeros os métodos usados para medir a fertilidade dos bovinos; dentre eles 
podem ser citados os seguintes: 
 
1. Produção percentual de bezerros nascidos vivos; 
2. Produção percentual de bezerros desmamados; 
3. Intervalo entre partos; 
4. Período de serviço; 
5. Número de serviços por concepção. 
 
 
 
 
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1. Produção percentual de bezerros nascidos vivos 
 
É o método mais adotado em todo o mundo tropical. No Brasil é seguramente o de 
maior uso entre os criadores pela facilidades de sua aplicação, pois além de não exigir 
escrituração zootécnica, pode ser determinada pela simples contagem das vacas e 
novilhas em idade de procriarem e também dos bezerros nascidos naquele ano, 
estabelecendo-se daí o valor percentual. 
 
As falhas neste método são bem evidentes; assim, as fêmeas adultas que deixam 
de apresentar estro regularmente

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