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Apelação em Execução de Título Extrajudicial

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE NOVO HAMBURGO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.
PROCESSO Nº: XXXXXXXXX
EMPRESA “A	“ LTDA, pessoa jurídica de direito (público ou privado) com sede na Rua XXXX, nº XXXX, Bairro XXXX, na cidade de XXXX/XX, inscrita sob o CNPJ XXXXXX, neste ato representada por seu (sócio ou diretor) XXXXXX, (estado civil), inscrito no CPF XXXXX, domiciliado na Rua XXXX, nº XXXX, Bairro XXXX, na cidade de XXXX/XX, conforme contrato social anexo, vem, por seu advogado, nos autos da ação que move em face de EMPRESA “B“ LTDA, pessoa jurídica de direito (público ou privado) com sede na Rua XXXX, nº XXXX, Bairro XXXX, na cidade de XXXX/XX, inscrita sob o CNPJ XXXXXX, neste ato representada por seu (sócio ou diretor) XXXXXX, (estado civil), inscrito no CPF XXXXX, domiciliado na Rua XXXX, nº XXXX, Bairro XXXX, na cidade de XXXX/XX, conforme contrato social anexo, vem perante Vossa Excelência interpor APELAÇÃO em face da sentença de folhas XXXX, com cabimento no artigo 994, I e fundamento no artigo 1.009, ambos do Código de Processo Civil vigente.
	DOS FATOS:
	A Empresa “A” LTDA. ingressou com Execução de Título Extrajudicial (Duplicatas) em face da empresa “B” LTDA. “B” foi Citada validamente, não pagou o débito e não impugnou a Execução.
Com isso, a Empresa “A” LTDA requereu a penhora “on line” de valores e ativos financeiros nas contas bancárias da Executada, indicando o CNPJ da mesma.
O Juízo deferiu a penhora “on line” que restou ineficaz, posto que não haviam valores ou ativos em nome da Empresa Executada.
Na data de 15/07/2016 foi disponibilizada no Diário de Justiça Eletrônico a Nota de Expediente 401/2016, informando a ineficácia da penhora “on line” nas contas da empresa Executada e intimando o Exequente (Empresa “A”) a dizer sobre seu “interesse no prosseguimento do feito”.
Passados 10 dias úteis da disponibilização da Nota de Expediente no Diário de Justiça Eletrônico, o Juízo de primeiro grau Extinguiu a Execução sem Resolução do Mérito, por inércia do Exequente, com o seguinte texto: “não se manifestou sobre o prosseguimento do feito, nos termos da Nota de Expediente 401/2016”.
	DOS FUNDAMENTOS:
	Conforme relatado acima, o magistrado extinguiu o feito em questão, sem resolução de mérito sob a justificativa de que a parte autora foi inerte por não se manifestar sobre o prosseguimento do feito.
	Ocorre que a decisão do nobre magistrado não atendeu a duas exigências legais prévias e indispensáveis, quais sejam:
	- O autor abandonar a causa por mais de 30 dias. 
	- Caso haja abandono da causa por mais de 30 dias, o autor deverá ser intimado pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 dias. 
	Estas duas exigências estão previstas no artigo 485, inciso III e parágrafo 1º, conforme veremos abaixo:
			Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
			(...)
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
(...)
§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
Com a devida vênia ao julgador “a quo”, em sua decisão de folha XXX, não merece prevalecer, tendo em vista que o autor da causa não se pronunciou apenas por 10 dias e assim sendo, um dos requisitos do artigo 485, inciso III para extinção do feito sem resolução de mérito não foi preenchido.
Além disso, cumpre referir que, nos casos de extinção do processo decorrente do abandono da causa por prazo superior a trinta dias, existe a necessidade de intimação da parte (art. 485, inciso III e § 1º, do CPC vigente), e este é o segundo requisito que não foi preenchido para extinção do processo. 
Tal entendimento resta pacificado, conforme recentes julgados, cuja ementa segue:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE EXECUÇÃO. ABANDONO DE CAUSA. A extinção do processo por abandono exige a intimação pessoal ao autor (art. 485, § 1º, do CPC/2015) e o requerimento do réu (Súmula n. 240 do STJ). Contudo, antes da intimação pessoal do autor, exige-se a prévia e regular intimação do próprio procurador por ele constituído, o qual detém capacidade postulatória, considerando-se inadmissível a inversão dessa ordem processual. No caso concreto, porém, após a intimação do procurador cadastrado, houve requerimento de dilação de prazo para juntada dos documentos requisitados pelo perito, o que não foi analisado pelo magistrado de origem, motivo pelo qual não há falar em abandono. Sentença desconstituída. APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70075959999, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Antonio Angelo, Julgado em 12/04/2018)(grifo meu)
APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. EXECUÇÃO. EXTINÇÃO. ABANDONO DE CAUSA. AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO DO EXECUTADO. A extinção do processo por abandono exige a intimação pessoal do autor (art. 267, §1º, do CPC/1973) e o requerimento do réu (Súmula n. 240 do STJ), o que não ocorreu no caso concreto. Sentença desconstituída. APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70075438887, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Antonio Angelo, Julgado em 12/04/2018) (grifo meu)
APELAÇÃO CÍVEL. ARRENDAMENTO MERCANTIL. EXECUÇÃO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ABANDONO. CASO CONCRETO. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO AUTOR E DE INTIMAÇÃO DO PROCURADOR PARA PROMOVER ATOS PROCESSUAIS COM ALERTA DE EXTINÇÃO. SENTENÇA DESCONSTITUÍDA. Nos termos do art. 485, inciso III, do CPC, extingue-se o processo, sem resolução do mérito, quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 dias, devendo a parte interessada ser intimada pessoalmente para suprir a falta em 48 horas, nos termos do §1º do art. 485 do CPC. Caso concreto. Ausência de intimação pessoal do autor, bem como do procurador para promover atos processuais com alerta de extinção do processo, em caso de inércia. Abandono da causa não caracterizado. Jurisprudência dominante. Sentença desconstituída. APELO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70076397058, Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Angela Terezinha de Oliveira Brito, Julgado em 29/03/2018) (grifo meu)
	Conforme julgados colacionados acima, além de o autor ter abandonado a causa por mais de 30 dias (o que não se aplica ao caso em tela, eis que o autor ficou inerte por apenas 10 dias, prazo tempestivo) existe a necessidade de intimação pessoal do autor para que dê prosseguimento a demanda no prazo de 5 dias, uma vez que o regular andamento processual compete a este, sob pena de a extinção se mostrar prematura e tendo como consequência a desconstituição da sentença com a determinação de prosseguimento da demanda.
	Ao discorrer acerca do assunto, posso citar o professor Fredie Didier Jr que disserta:
“Pode o magistrado determinar a extinção do processo sem análise de mérito, quando o autor, por não promover os atos ou diligências que lhe cabem, abandonar a causa por mais de 30 dias (art. 485, III, CPC). À semelhança do que ocorre na situação em que ambas as partes abandonam o processo, deve o magistrado, antes de extingui-lo, e sob pena de nulidade da sentença, determinar a intimação pessoal do autor para que, em 5 dias, diligencie o cumprimento da providência que lhe cabe (art. 485, §1º, CPC)”.[1: Curso de direito processual civil: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. 19ª edição. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 803/804.]
	Diante das considerações supra, os requisitos para a extinção do feito sem resolução de mérito são evidentes e não foram cumpridos. O seu deferimento tem sido prejudicial para o autor, haja vista que se encontra impossibilitado de exercer seus direitos de forma plena.
	
	DAS RAZÕES DO PEDIDO:
Dessa forma, conclui-se que, para que o magistrado proceda à extinção do feito por abandono da causa pelo autor, com fulcro no art. 485, III,do CPC vigente, faz-se necessário que aguarde o prazo de 30 dias com o autor da ação inerte (o autor ficou inerte por 10 dias, portanto o prazo é tempestivo) e ainda que após os 30 dias, proceda à intimação pessoal da parte autora para que dê prosseguimento na demanda no prazo de 5 dias. Apenas cumpridos estes dois requisitos é que o processo pode ser, devidamente, extinto sem resolução do mérito. Nestes termos pedimos a desconstituição da decisão apelada, visto que a decisão proferida pelo magistrado não cumpriu os requisitos acima explanados.
	DOS PEDIDOS:
	Ante o exposto, requer:
Que o presente feito seja totalmente PROVIDO para anular a sentença recorrida;
Intimar o apelado para juntada do comprovante de pagamento da guia de custas (preparo recursal);
Intimação do apelado, na pessoa do seu advogado(a) para, querendo, contrarrazoar;
A remessa dos autos ao Tribunal De Justiça do Estado do Rio Grande do Sul;
Nestes termos, pede deferimento.
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OAB/RS nº XXXXXXX
Novo Hamburgo, 25 de Abril de 2018.