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Aula 06 - Direito Processual Civil

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS (TJDFT) 
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL TÉCNICO JUDICIÁRIO 
(TEORIA E EXERCÍCIOS) 
BIZU 
PROF: RICARDO GOMES 
 
Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 
 
“O homem não é outra coisa senão seu projeto, e só existe à medida que se realiza”. - Jean Paul Sartre 
 
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS (TJDFT) 
 
 
Prezados Alunos! 
Esses são nossos BIZUS (Dicas) de Noções de Processo Civil 
TÉCNICO do TJDFT! 
Rumo à aprovação neste maravilhoso concurso do TJDFT-2013! 
Desejo a todos sucesso em seus estudos! 
Agora vamos lá! 
Bons estudos... 
Ricardo Gomes 
 
BIZUS 
 
Destacam-se abaixo as formas mais conhecidas para composição dos 
litígios: 
1. AUTOTUTELA – a solução do conflito é realizada por simples 
imposição de uma vontade sobre a outra. Esta forma de resolução 
das contendas sociais remonta aos tempos antigos, quando o 
Estado não se mostrava presente, obrigando ao lesado a defender-
se pessoalmente contra eventual ofensor. Nos tempos atuais ainda 
temos resquícios dessa espécie primária de composição dos litígios, 
como por exemplo: Legítima Defesa Penal (art. 23 do Código 
Penal); Desforço imediato nas ações possessórias (arts. 1.210 
e 1.467-1471); Estado de Necessidade Penal, entre outros 
tantos casos. 
2. AUTOCOMPOSIÇÃO – é a busca amigável entre as partes 
inicialmente conflitantes, sem a imposição de vontades de um 
parte sobre a outra, para por fim ao combate de interesses. É uma 
forma de solução do conflito pelo consentimento dos litigantes em 
sacrificar suas intenções parciais em prol de uma solução final para 
o embate. São 3 Formas de Autocomposição: 
a. Transação – na transação ambas as partes renunciam a 
parcela de suas pretensões (autor renuncia de parte de seus 
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“O homem não é outra coisa senão seu projeto, e só existe à medida que se realiza”. - Jean Paul Sartre 
 
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pedidos e réu reconhece parcialmente a procedência das 
alegações do autor). Resumo: concessões mútuas na 
busca de uma solução comum para ambas as partes. 
b. Submissão – é o reconhecimento jurídico do pedido do 
autor pelo réu, isto é, o réu reconhece de forma livre as 
alegações do autor, entregando sem resistência o quanto por 
ele solicitado. 
c. Renúncia – é a desistência do autor, lesado em seu direito, 
de continuar na busca da efetivação de sua pretensão. Neste 
caso o autor é que abre mão de seu direito. 
3. ARBITRAGEM – é uma técnica de solução dos litígios por meio da 
participação de um TERCEIRO não interessado na causa 
(imparcial), que decidirá, a pedido das partes, o conflito entre elas 
estabelecido. A Arbitragem é regulada pela Lei nº 9.307/1996, 
sendo por natureza voluntária (escolha das partes, nunca por 
imposição) e somente poderá ser contratada por pessoas 
capazes para solução de direitos patrimoniais disponíveis. 
� Cláusula Compromissória – prévia e abstrata 
definição de arbitragem futura. 
� Compromisso Arbitral – posterior e concreta 
definição de arbitragem atual. 
4. JURISDIÇÃO – etimologicamente, significa “dizer o direito”, pois 
vem de “juris” (direito) e “dictio” (dizer). Em linguagem simples, a 
jurisdição é a forma do ESTADO, por meio da autoridade judicial, 
de dizer o direito ao caso posto. 
O conceito de jurisdição guarda 3 (três) vertentes diversas, que vale 
detalhar para melhor entendimento: 
o Jurisdição como Poder – a jurisdição é exercido de forma 
monopolista, ou seja, o Estado chama para si a 
responsabilidade de solucionar os conflitos sociais que a ele são 
reclamados, transformando-se em Poder Estatal de decidir os 
conflitos a ele apresentados. A jurisdição como poder é 
manifestação da capacidade do Estado de impor suas decisões 
jurisdicionais sobre o caso concreto das partes. Aqui é o Estado 
com sua “mão de ferro”. 
o Jurisdição como Função Estatal – a jurisdição é uma das 
funções ou finalidades do Estado, a de pacificação social e 
realização da justiça no caso concreto. 
o Jurisdição como Atividade – a jurisdição também pode ser 
conceituada como os atos materiais e visíveis (atos do processo 
judicial no plano prático) desenvolvidos pelos Juízes, investidos 
pelo Estado no poder de julgar. 
 
A jurisdição tem 3 (três) grandes objetivos: 
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1. Objetivo Jurídico – aplicar o direito previsto na Lei (nas normas 
jurídicas) ao caso concreto. 
2. Objetivo Social – pacificar a sociedade, promovendo o bem 
comum e eliminando os conflitos existentes. 
3. Objetivo Político – realizar a justiça, afirmar o poder jurisdicional 
e preservar os direitos fundamentais do homem. 
 
A Jurisdição pode ser classificada em 2 (duas) principais espécies, que 
passamos a detalhar: 
o Jurisdição Contenciosa – é a jurisdição propriamente dita, 
sendo a atividade estatal exercida pelo Poder Judiciário, 
consistente no poder de dizer o direito no caso concreto, 
solucionando as lides em substituição aos interesses das partes. 
o Jurisdição Voluntária – consiste na integração e 
fiscalização de negócios firmados entre particulares. Há muita 
discussão na doutrina acerca da natureza da Jurisdição 
Voluntária, se também seria ou não propriamente uma 
Jurisdição (se não seria uma mera Administração Pública de 
interesses privados). 
Resumo do entendimento acerca da Natureza Jurídica da Jurisdição 
Voluntária: 
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 
DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA 
É atividade ADMINISTRATIVA É atividade JURISDICIONAL 
NÃO há Jurisdição Há Jurisdição 
NÃO há Processo, mas mero 
Procedimento 
Há Processo 
NÃO há Partes, mas Interessados Há Partes 
Não há Coisa Julgada Há Coisa Julgada 
NÃO há LIDE Pode haver LIDE 
Juiz é Administrador Público Juiz é Juiz 
 
Peculiaridades do Processo de Jurisdição Voluntária: 
o São legitimados para dar início ao Processo de Jurisdição 
Voluntária o INTERESSADO e o Ministério Público; 
o O CPC determina a INTERVENÇÃO obrigatória do Ministério 
Público em TODOS os procedimentos de Jurisdição Voluntária. 
o Há uma relativização do princípio da legalidade estrita no 
âmbito dos procedimentos de Jurisdição Voluntária. O art. 1109 
do CPC que o Juiz não é obrigado a observar o critério da 
legalidade estrita, podendo pautar seus atos na equidade e na 
solução mais conveniente e oportuna ao caso. 
Após a definição das Teorias do Conceito do direito de Ação, vale 
frisar suas principais características, para fins de memorização: 
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• Direito Público Subjetivo – direito de agir, provocando a 
atuação da tutela jurisdicional (relação entre Autor e Estado-
Juiz – relação processual); 
• Direito Autônomo – a natureza do direito de Ação (relação 
processual) é distinta da natureza do direito material (relação 
material: Autor e Réu) afirmado em juízo pela parte; 
• Direito Abstrato – a existência do direito de Ação independeda efetiva existência do direito material. O sujeito de 
direito poderá interpor Ação, mesmo na hipótese de não restar 
resguardado o seu direito pleiteado na Justiça. 
São 3 (três) os ELEMENTOS básicos das Ações (sigla PCP): 
1. PARTES – Autor e Réu. São os que efetivamente participam 
da relação jurídica processual, triangularizada com a figura 
do Juiz, mediante o contraditório. 
2. CAUSA DE PEDIR – constitui-se dos fatos e dos 
fundamentos jurídicos do pedido do autor ao Juiz. Nada 
mais é do que a descrição dos fatos envolvidos, bem como 
dos respectivos efeitos jurídicos deles decorrentes. A Causa 
de Pedir é dividida pela doutrina em duas (aplicação da 
Teoria da Substanciação): 
i. Causa de Pedir Remota (Fática) – relaciona-se com o fato, sendo 
apenas a descrição fática da lide, com indicação da efetiva e concreta 
lesão ou ameaça de lesão ao direito do autor. O fato terá repercussões 
jurídicas, por isso precisa ser delimitado e descrito. 
ii. Causa de Pedir Próxima (Jurídica) – é a descrição das 
consequências jurídicas decorrentes do fato alegado. Não é necessária 
a descrição do fundamento legal preciso que dê sustentáculo ao pedido, 
basta a enunciação das próprias consequências jurídicas (isto é, não 
precisa mencionar em que lei, artigo, dispositivo de norma, etc, 
encontra-se o direito requerido). Não há esta necessidade porque o Juiz 
conhece o direito (Princípio do iura novit cúria). O que importa é o 
autor mencionar qual a consequência jurídica do fato. 
3. PEDIDO (OBJETO) – é a parte final da Ação, consistente na 
solicitação ao Estado-Juiz da prestação da tutela 
jurisdicional, obrigando ao réu o respeito à pretensão do 
autor. 
Para a doutrina, o pedido divide-se em 2: 
• Pedido Imediato – é exigência formulada contra o 
Estado-Juiz de prestação da tutela jurisdicional; ou seja, 
é a providência jurisdicional ou espécie tutela jurisdicional 
solicitada pelo autor. 
• Pedido Mediato – é o pedido do autor para que o réu 
submeta-se à pretensão de direito material do autor, isto 
é, trata-se do bem jurídico pretendido. 
Condições da Ação: 
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1. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO – o pedido do 
autor não pode ser vedado pelo ordenamento jurídico 
brasileiro. Qualquer pedido do autor que seja contrário à lei, 
será reputado como juridicamente impossível de sequer ser 
apreciado pelo Poder Judiciário. É preciso que o pedido possa 
ser atendido, ou seja, que o pedido seja juridicamente 
viável. 
2. INTERESSE DE AGIR – o interesse de agir depende de dois 
aspectos relevantes: 
a. Necessidade/Utilidade da Ação – o processo deve ser 
o meio necessário, além de qualquer outro, para que o 
autor possa ter por satisfeita a sua pretensão. Isto é, o 
órgão judiciário não pode ser utilizado como mais uma 
forma do autor “resolver seu problema”, devendo ser o 
único caminho existente para solução do conflito. O 
Judiciário não é órgão de simples consulta pelo autor, 
devendo atuar apenas e tão somente quando não houver 
outra forma de dirimir a lide. O processo deve ser o meio 
necessário e útil para a parte ter o seu conflito resolvido. 
b. Adequação da Ação – a ação proposta pelo autor deve 
ser a adequada para o caso apresentado (o procedimento 
iniciado pela Ação deve ser o correto, adequado e 
previsto na norma processual). Não há como o cidadão 
interpor uma Ação Popular quando for caso de Mandado 
de Segurança. 
3. LEGITIMIDADE PARA A CAUSA (AD CAUSAM) – é a 
relação que o titular do direito material tem com o direito 
processual, que só poderá ser aferida no caso concreto do 
processo, nunca em abstrato (é a pertinência subjetiva do 
autor com o direito material controvertido). O autor deve ser 
o titular da pretensão proposta em juízo, bem como, o réu 
deve ser aquele que efetivamente se sujeitará à eventual 
sentença de procedência da ação (Legitimidade do Autor e 
do Réu – Legitimação Ativa e Passiva). 
A Legitimidade Ad Causam poderá ser: 
a) Legitimidade Ordinária – quando os próprios 
titulares do direito pleiteado são os autores da 
demanda. Na legitimação ordinária há coincidência 
entre o legitimado e o sujeito da relação jurídica 
discutida em juízo. Significa que se alguém vai a juízo 
e é titular do interesse próprio, então ele é o 
legitimado ordinário. Essa é a regra. 
b) Legitimidade Extraordinária (Substituição 
Processual) – quando a lei autoriza terceiros a atuarem 
em juízo em nome próprio, mas na defesa de interesse 
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alheio (interesse do titular do direito), em substituição do 
legitimado ordinário. 
Registro três peculiaridades da Relação Jurídica Triangular entre o Juiz 
e as Partes: 
� O Juiz fica entre as Partes, como autoridade pública 
competente para dirimir o conflito, demonstrando o 
distanciamento e como a figura independente que separa os 
dois polos da relação processual. 
� O Juiz fica equidistante do Autor e do Réu, demonstrando a 
Imparcialidade do Magistrado (Princípio Processual 
Constitucional da Imparcialidade), sem o vínculo direto com as 
partes, em igualdade de distanciamento. 
� Muitos também conceituam esta relação como ANGULAR, pois 
no Triângulo há um ângulo exatamente na figura do JUIZ. 
O processo agrega os seguintes sujeitos: 
� Sujeitos PARCIAIS: as PARTES do Processo (Autor e Réu) 
� Sujeito IMPARCIAL: o JUIZ 
Para o sujeito ser autor e réu em um Processo Judicial (ser sujeito 
processual) é necessário o preenchimento dos requisitos processuais mínimos a 
seguir listados: 
1. Capacidade de Ser PARTE – terá capacidade de ser 
parte no processo todo aquele que for um Sujeito de 
Direito. O conceito de Sujeito de Direito confunde-se, em 
regra, com a definição de personalidade civil (ser sujeito 
de direitos e obrigações na órbita do Direito). Assim, todo 
Sujeito de Direito em sentido amplo tem capacidade de 
ser parte em algum processo. Mas quem são, de fato, os 
Sujeitos de Direito? Resposta: toda pessoa natural 
(física/humana) ou jurídica, bem como os entes 
despersonalizados (espólio, herança jacente e vacante, 
massa falida, condomínio, sociedades sem personalidade 
jurídica, órgãos públicos, etc) e o nascituro (embrião 
pendente de nascimento). Todos esses têm, em tese, 
capacidade de ser Parte no Processo Judicial, têm aptidão 
para adquirir direitos e contrair obrigações na vida civil. 
2. Capacidade de Estar em Juízo (Capacidade 
Processual ou Legitimidade ad processum) – é a 
capacidade de exercitar os direitos em juízo, isto é, a 
capacidade de fato de estar em juízo. Só pensar que, 
apesar de todos os sujeitos de direito ostentarem status 
suficiente para adquirem direitos, nem todos podem 
pleitear por conta própria seus direitos na esfera judicial. 
Exemplo: uma criança de 5 ANOS não pode interpor uma 
Ação Judicial sem a representação de seus genitores ou 
responsáveis (representantes legais). A criança possui 
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capacidade ser parte (é sujeito de direito e possui 
direitos), mas não tem capacidade de estar em juízo por 
conta própria. 
O Ministério Público deveria permear todos os espaços estatais, em 
todos os Entes Federados (União, Estados, DF e Municípios) e todas as Justiças 
Especializadas (Justiça Federal/Eleitoral, do Trabalho, Militar). Desse modo, 
seguindo a metodologia de alguns países estrangeiros, o Ministério Público 
brasileiro foi organizado do seguinte modo: 
a) O Ministério Público da UNIÃO (MPU), que por sua vez 
compreende os seguintes ramos: 
1. Ministério Público Federal (MPF); 
2. Ministério Público do Trabalho (MPT); 
3. Ministério Público Militar (MPM); 
4. Ministério Público do Distrito Federal e Territórios 
(MPDFT). 
b) Os Ministérios Públicos dos ESTADOS (MPE). 
O MP atua como parte de 2 formas diversas: 
• quando figura como representante do Estado (órgão de 
representação do Estado, na defesa do interesse público), será 
considerado a Parte Titular do direito. Exemplo: quando 
interpõe Ação rescisória, Ação de Nulidade de casamento, 
requerimento de Jurisdição Voluntária. 
• quando atua com legitimidade extraordinária (substituto 
processual) para ajuizar as respectivas ações de sua 
competência previstas em lei (Ex: Ação Civil Pública, Mandado 
de Segurança, Ação Civil ex delicto, pedido de interdição, ação 
de investigação de paternidade, etc), defendendo em nome 
próprio interesse alheio. 
Entre outras hipóteses legais, cabe ao MP intervir como Fiscal da Lei 
nos seguintes processos: 
• causas em que há interesses de INCAPAZES – o MP deve 
intervir diante da hipossuficiência das partes incapazes 
(absoluta ou relativamente incapazes, na forma do art. 3 e 4 do 
Código Civil); 
• causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, 
tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de 
ausência e disposições de última vontade – estes são 
interesses especialmente tutelados pelo Estado (questões 
envolvendo o Estado, capacidade das pessoas e direitos 
hereditários); 
• nas ações que envolvam: 
o litígios coletivos pela posse da terra rural; 
o demais causas em que há interesse público 
evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. 
O MP na sua atividade como Fiscal da Lei (custus legis) 
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ostentará prerrogativas semelhantes às das partes, entre elas: 
a. terá vista dos autos depois das Partes, sendo intimado 
de todos os atos do processo – direito de vista dos autos 
do processo e de ser intimado; 
b. poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em 
audiência e requerer medidas ou diligências necessárias 
ao descobrimento da verdade – poderes instrutórios 
similares aos das partes. 
 
 
Cabe ao Juiz na condução dos processos a ele incumbidos os 
seguintes DEVERES: 
1. assegurar às partes igualdade de tratamento – isonomia no 
tratamento das partes (dever de imparcialidade); 
2. velar pela rápida solução do litígio – celeridade no 
julgamento e deslinde da demanda; 
3. prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da 
Justiça; 
4. tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. 
Características do Impedimento e da Suspeição: 
IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO 
Fato mais gravoso Fato menos gravoso 
Pode ser arguido a qualquer tempo do 
processo, inclusive após a coisa 
julgada, por meio de Ação Rescisória 
(art. 485, II, do CPC). É questão de 
ordem pública que não preclui. 
Somente poderá ser arguido até o 
início do julgamento. Se não arguido, 
precluirá o direito, sendo abarcado pela 
coisa julgada. 
Hipóteses legais objetivas, 
comprovadas de plano. 
Hipóteses legais subjetivas que 
dependem de provas. 
Presunção absoluta (juris et de jure) 
de parcialidade do Juiz. 
Presunção relativa (juris tantum) de 
parcialidade do Juiz. 
 
Sentença Terminativa, SEM resolução do mérito do Processo 
(Art. 267 do CPC): 
a. quando o Juiz indeferir a petição inicial; 
b. quando ficar parado durante mais de 1 ANO por 
negligência das partes; 
c. quando, por não promover os atos e diligências que lhe 
competir, o AUTOR abandonar a causa por mais de 30 
DIAS; 
d. quando se verificar a ausência de pressupostos de 
constituição e de desenvolvimento válido e regular do 
processo; 
e. quando o Juiz acolher a alegação de perempção, 
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litispendência ou de coisa julgada; 
f. quando não concorrer qualquer das condições da ação, 
como a possibilidade jurídica, a legitimidade das 
partes e o interesse processual; 
g. pela convenção de arbitragem; 
h. quando o AUTOR desistir da ação; 
i. quando a ação for considerada intransmissível por 
disposição legal; 
j. quando ocorrer confusão entre AUTOR e RÉU; 
 
Sentença Definitiva, COM resolução do mérito do Processo 
(Art. 269 do CPC): 
a. quando o Juiz ACOLHER ou REJEITAR o pedido do 
autor; 
b. quando o Réu reconhecer a procedência do pedido; 
c. quando as Partes transigirem (transação); 
d. quando o Juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; 
e. quando o AUTOR renunciar ao direito sobre que se 
funda a ação.** 
Recebe a denominação “Acórdão” o julgamento proferido pelo órgão 
colegiado do Tribunal, que resume a decisão (“voto”) dos Membros da Corte. 
As Sentenças e os Acórdãos deverão ser redigidos com observância 
de 3 (três) requisitos essenciais: 
1) RELATÓRIO – é o histórico dos fatos que ocorreram no 
processo, contendo resumo da Petição Inicial, da Defesa, dos 
principais incidentes do processo e das provas produzidas. É 
uma parte descritiva da decisão judicial, que consiste numa 
exposição circunstanciada de toda a marcha do procedimento, 
de forma sucinta e objetiva. 
2) FUNDAMENTAÇÃO – o Juiz expõe as razões do convencimento 
(motivação), os motivos pelos quais vai decidir em determinado 
sentido (acolhimento ou não do pedido do autor). 
3) DISPOSITIVO ou CONCLUSÃO – parte que contém a efetiva 
Decisão. É nesta parte que o Juiz resolve as questões que lhe 
foram submetidas, com o acolhimento ou rejeição do pedido do 
autor, ou mesmo extinguindo o processo sem julgamento de 
mérito (Sentença Terminativa). 
 
Resumo: 
SENTENÇAS: 
o Põem fim à Fase de Conhecimento, decidindo ou não o mérito 
do Processo (questão principal); 
o Terminativa – SEM resolução de mérito - Art. 267 – faz 
coisa julgada formal; 
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o Definitiva – COM resolução de mérito – Art. 269 - faz coisa 
julgada formal e material; 
o Cabe o Recurso de Apelação. 
DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS: 
o Decidem questões incidentes (acessórias) sem por fim à 
Fase de Conhecimento; 
o Cabe o Recurso de Agravo. 
Determina o art. 189 do CPC que o Juiz deve praticar seus atos dentro 
de um limite temporal, assim resumido:o Decisões (Decisões Interlocutórias e Sentenças) – 10 DIAS 
o Despachos de Expediente – 2 DIAS 
As Cartas expedidas entre Magistrados são de 3 Espécies diversas: 
o Carta PRECATÓRIA – expedida entre Juízes ou Tribunais de 
mesma hierarquia ou mesmo grau jurisdicional (Exemplo: de 
um Juiz de uma Comarca para o Juiz de outra Comarca, do 
mesmo ou de outro Estado; de um Tribunal para outro 
Tribunal); 
o Carta de ORDEM – expedida de um Tribunal para um Juiz a 
ele vinculado. A Carta é de Ordem, pois existe uma relação de 
hierarquia entre o Tribunal e o Juiz (ordem “de cima para 
baixo”). 
o Carta ROGATÓRIA – expedida para autoridade judiciária 
estrangeira (ato a ser realizado no exterior). 
Deprecante X Deprecado... 
a) Juízo Deprecante, Ordenante, Rogante - quem expede a Carta 
Precatória, de Ordem ou Rogatória. 
b) Juízo Deprecado, Ordenado, Rogado – quem recebe a Carta 
Precatória, de Ordem ou Rogatória para cumprimento. 
Os Atos Processuais estão sujeitos a vícios com três ordens diversas, 
que resumo brevemente: 
1. Inexistência – atos processuais inexistentes são aqueles 
impossíveis sequer de ocorrer e de gerar qualquer efeito jurídico 
prático. Exemplo: Sentença prolatada por um Delegado ou por 
um Promotor. 
2. Nulidade Absoluta - os atos que não respeitam os requisitos 
essenciais previstos em lei em razão do interesse público são 
nulos de pleno direito. Exemplo: desrespeito ao contraditório e 
à ampla defesa; ausência de citação do réu; parcialidade do 
Juiz, etc. 
3. Nulidade Relativa – decorre da não observância da forma 
prevista em lei para o ato processual, mas que não é impeditiva 
para a produção dos efeitos jurídicos do ato, salvo se a parte 
alegar prejuízo. A nulidade relativa visa proteger o interesse 
privado. Se a parte entende que não foi violado, o vício será 
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convalidado, precluindo o direito de alegá-lo posteriormente. 
Exemplo: incompetência relativa do Juiz; recolhimento a menor 
das custas processuais; publicação de ato processual com 
equívoco na nomenclatura da parte, etc.

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