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AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I FISIOPATOLOGIA DA NUTRIÇÃO E DIETOTERAPIA I Aula 10: Doenças do esôfago AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Trato digestório (STANFIELD, 2013) Visão Geral dos Processos Digestórios Básicos Principais Estruturas AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Anatomia e fisiologia (MARTINI et al., 2014) Boca • O processo digestório é iniciado ao colocar o alimento na boca; • Boca - secreção e motilidade; • O bolo alimentar é simultaneamente umedecido e lubrificado pela saliva*; • Três pares de glândulas salivares (sublingual, submandibular e parótida) - 1,0 a 1,5L de saliva diariamente. *A saliva contém anticorpos que ajudam a controlar a população de bactérias orais. AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Anatomia e fisiologia (MARTINI et al., 2014) Faringe • Cavidade revestida por membrana mucosa posterior ao nariz e à boca; • Passagem comum para alimentos sólidos, líquidos e ar; • O alimento passa pela orofaringe e pela laringofaringe em direção ao esôfago. AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Anatomia e fisiologia (DELLEGE, 2016) Esôfago • Estrutura tubular muscular; • 30cm de comprimento; • Esôfago proximal, médio e distal; • Função: propulsão do bolo alimentar em direção ao estômago; • Desde a origem até a terminação, o esôfago atravessa necessariamente a parte inferior do pescoço, a cavidade torácica, o diafragma e a parte superior da cavidade abdominal. AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Anatomia e fisiologia (DELLEGE, 2016) Esfíncter Esofagiano Superior • Limite proximal do esôfago; • Age como barreira entre a faringe e o esôfago, prevenindo a entrada de ar no trato digestório; • Previne o refluxo do material do esôfago para a faringe durante a deglutição. Esfíncter Esofagiano Inferior • Localiza-se no hiato diafragmático; • Barreira antirrefluxo; • Em contração tônica 15-30mmHg; • Refluxo pode ocorrer caso esta pressão seja inferior a 5mmHg. Fonte: Shills AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Peristaltismo do esôfago (STANFIELD, 2013) • O alimento deglutido é empurrado da extremidade proximal à distal do esôfago e a seguir ao intestino por uma contração muscular onduliforme PERISTALTISMO; • O PERISTALTISMO é produzido por uma série de reflexos localizados em resposta à distensão das paredes do sistema digestório provocada pelo bolo alimentar. AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Eventos do reflexo de deglutição (STANFIELD, 2013) AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Fases da deglutição (MARTINI et al., 2014) Fase Oral • A língua pressiona a comida contra o palato duro, forçando-a para a faringe. Fonte: Anatomia e Fisiologia Humana, 2014 AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Fases da deglutição (MARTINI et al., 2014) Fase Faríngea • As ondas peristálticas forçam o bolo alimentar entre os pilares tonsilares; • O palato mole se eleva para fechar a nasofaringe, e a respiração cessa momentaneamente; • A faringe sequencialmente se contrai enquanto o esfíncter esofágico superior relaxa permitindo que o alimento passe para o esôfago; • A respiração retorna no final da fase faríngea. Fonte: Anatomia e Fisiologia Humana, 2014 AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Fases da deglutição (MARTINI et al., 2014) Fase Esofágica • O bolo alimentar continua através do esôfago até o estômago, e é completamente involuntária. Fonte: Anatomia e Fisiologia Humana, 2014 AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Manifestações clínicas (STENSON, 2003; BEYER, 2011) • Pirose (azia) - sensação de queimação retroesternal que geralmente ocorre dentro de 30 minutos a 2 horas após as refeições; • Disfagia - dificuldade de deglutição; • Odinofagia - deglutição dolorosa; • Regurgitação Ácida - retorno de conteúdo ácido ou alimentos para a cavidade oral. AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Diagnóstico (MORAES-FILHO et al., 2010) • Endoscopia Digestiva Alta (EDA) com Biópsia Esofágica; • Manometria Esofágica; • Exame Radiológico Contrastado do Esôfago; • Cintilografia Esofágica; • pHmetria 24h. EDA com Biópsia Esofágica • Método de escolha para avaliar a mucosa do esôfago e detectar anomalias estruturais; • Inspeção visual: fissuras, úlceras, estenoses, lesões da mucosa (esôfago de Barrett e hérnia hiatal). Fonte: Clínica Médica, 2009 AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Doenças do esôfago (DELLEGE, 2016) Etiologia: condição que geralmente envolve um processo que afeta o revestimento esofagiano (mucosa) ou o componente muscular do esôfago. • Disfagia Orofaríngea; • Disfagia Esofágica (Acalasia); • Hérnia Hiatal; • Doença do Refluxo Gastresofágico e Esofagite; • Câncer de Esôfago. Fonte: www.cancer.org.br AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Disfagia orofaríngea (MORAES-FILHO et al., 2010) Decorrente de anormalidades que afetam o mecanismo neuromuscular de controle do movimento do palato, faringe e esfíncter esofágico superior. Comum ocorrência de engasgos de forma silenciosa (diagnosticada com avaliação do fonoaudiólogo). Etiologia • Problemas no SNC (acidente vascular encefálico, doença de Parkinson, esclerose múltipla, neoplasias); • Distúrbios neuromusculares (miastenia grave, poliomielite bulbar). AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I 1Grau de Disfagia e Dieta Sugerida/ 2Assistência Fonoaudiológica e Nutricional (CARVALHO & SALES, 2014) Fonte: Nestlé, 2014 Fonte: Nestlé, 2014 AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Sugestão para adaptação da consistência conforme o grau de disfagia (CARVALHO & SALES, 2014) AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Disfagia esofágica (acalasia) (CARUSO, 2014) Também chamada de dissinergia esofágica, é um distúrbio de motilidade do esôfago inferior. O número diminuído de células ganglionares no plexo de Auerbach falência do EEI para relaxar e abrir durante a deglutição disfagia ou dificuldade de deglutição. Etiologia • Idiopática; • Infecção pelo Tripanosoma cruzi (Doença de Chagas). Sintomas • Disfagia, regurgitação, dor, pirose, sialorreia, perda ponderal. Recomendação Nutricional • Dieta hipercalórica, hiperproteica, normoglicídica e normolipídica. Fonte: A.D.A.M AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Hérnia de hiato (CHEMIN, 2007) Protusão de parte do estômago sobre o músculo diafragmático. A hérnia de hiato favorece o aparecimento do refluxo gastroesofágico. Etiologia • Incompetência do hiato diafragmático (velhice - frouxidão do tecido); • Aumento da pressão intra-abdominal (obesidade, constipação, vômitos persistentes...). Sintomas • Semelhantes aos do RGE e esofagite, podendo apresentar ainda soluço; hematêmese e melena;dispneia, tosse, vertigem, taquicardia e palpitação. Fonte: Centro de Clínica Cirúrgica AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Doença do refluxo gastroesofágico (MORAES-FILHO et al., 2010) Afecção crônica, decorrente do fluxo retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago ou órgãos adajcentes ao mesmo, acarretando variável espectro de sintomas e/ou sinais esofágicos e/ou extraesofágicos, associados ou não a lesões teciduais. Sintomas • Refluxo de secreção ácida; • Episódios de azia com dor subesternal; • Eructações; • Espasmos esofagianos. AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Doença do refluxo gastroesofágico (MORAES-FILHO et al., 2010) Etiologia • Hérnia hiatal (funcionamento inadequado da barreira antirrefluxo); • Distensão gástrica; • Aumento da pressão intra-abdominal (obesidade, inspiração profunda, tosse, exercício físico, manobra de Vasalva, constipação); • Postura (predominante em decúbito supino ou lateral direito). Complicação - Esôfago de Barrett* (condição onde o epitélio colunar associado à metaplasia intestinal substitui o epitélio escamoso normal que recobre o esôfago distal). *Chance 30 a 40 vezes maior de ter câncer de esôfago do que a população normal AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Esofagite (CARUSO, 2014) Inflamação da mucosa esofágica, decorrente do refluxo do conteúdo acido péptico gástrico diminuição da pressão do EEI, que não se contrai adequadamente após a passagem dos alimentos para o estômago, permitindo o retorno do conteúdo gástrico. Esofagite aguda • Ingestão de agente corrosivo; • Radiação; • Inflamação viral; • Intubação. Etiologia Esofagite Crônica • Hérnia hiatal; tabagismo; • Pressão reduzida do EEI; • Pressão abdominal aumentada; • Esvaziamento gástrico retardado; • Vômitos recorrentes; • Úlcera péptica com presença de H pylori. Fonte: Anatomia e Fisiologia Humana, 2015 AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Doenças do esôfago (MORAES-FILHO et al., 2010) Medidas Comportamentais no Tratamento da Doença do Refluxo Gastroesofágico Fármacos de excelência: Inibidores da Bomba de Prótons Fonte: Folha de São Paulo AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Doença do refluxo gastroesofágico e esofagite (CARUSO, 2014) Características Recomendação Nutricional Valor Energético Total Suficiente para manter o peso ideal. Se necessário promover a perda de peso. Lipídios Hipolipídica (< 20% das calorias totais). Evitar preparações gordurosas. Colecistoquinina e secretina diminui a pressão do EEI. Proteínas Hiperproteica, em decorrência da liberação de gastrina, que aumenta a pressão do EEI. Hidrato de Carbono Normo tendendo à hipoglicídica, para evitar a fermentação e o desconforto abdominal. Consistência Fase aguda: líquida ou semilíquida com evolução até a dieta geral ( com melhora da disfagia). Fracionamento 6 a 8 refeições de pequenos volumes para evitar o refluxo. Excluir Alimentos que diminuem a pressão EEI: café, mate, chá preto, bebidas alcoólicas, chocolate. Alimentos que irritam a mucosa inflamada: sucos e frutas cítricas, tomate, refrigerantes, condimentos (pimenta vermelha e do reino), alimentos ásperos (batatas fritas, bolachas crocantes e cascas secas). EEI-esfíncter esofagiano inferior AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Câncer de esôfago Epidemiologia • 6º mais frequente entre os homens e 13º entre as mulheres. Tipos Histológicos • Carcinoma epidermoide escamoso (96% dos casos) - terços médio e inferior do esôfago; • Adenocarcinoma - parte distal do esôfago. Etiologia • Alcoolismo, tabagismo, acalasia, esôfago de Barret, chá quente, alimentos defumados. Sintomas • Disfagia, odinofagia, dor retroesternal, náuseas, vômitos e perda do apetite. www.inca.gov.br Fonte: Saúde plena AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Câncer de esôfago Diagnóstico • Esofagoscopia com biópsia e citologia. Tratamento Clínico-Cirúrgico • Cirurgia, radioterapia e quimioterapia, de forma isolada ou combinada; • Cirurgia - esofagectomia total ou distal + remoção do nervo vago + gastrectomia proximal; • Complicações mais comuns - deiscência de sutura e vazamento pela anastomose; estenose da anastomose; fístula esofágica; • Cuidados paliativos - dilatações com endoscopia, colocação de próteses autoexpansivas e braquiterapia*; GTT ou JTT para hidratação e alimentação. www.inca.gov.br *radioterapia com sementes radioativas; GTT- gastrostomia; JTT- jejunostomia AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I Câncer de esôfago Tratamento Nutricional • Pós-operatório: repouso da região da anastomose por 5 a 12 dias. Esofagectomia • 1º ao 8º DPO - nutrição enteral via JTT ou SNE; • 8º ao 10º DPO - esofagografia. Iniciar via oral líquida; • 10º DPO em diante (sem complicações) - evoluir dieta para semilíquida, pastosa, branda. • Suspensão da dieta enteral - 75% das necessidades por via oral (VO); • Atentar para o restabelecimento da VO - problemas adaptativos cirúrgicos, ansiedade. (WAITZBERG, 2009) DPO- dia de pós-operatório; JTT- Jejunostomia; SNE-sonda nasoentérica Dieta hipercalórica, hiperproteica, normoglicídica e normolipídica Fonte: Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da UNIFESP AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I • Pacientes submetidos a cirurgias grandes do aparelho digestório podem necessitar de terapia nutricional por meses ou anos e, para esse sucesso, a família e o paciente devem ser orientados a um acompanhamento periódico com o nutricionista; • Cabe ao profissional nutricionista avaliar as condições clínicas, nutricionais e socioeconômicas para traçar o melhor plano terapêutico; • A intervenção ambulatorial tem relação direta com o aumento da sobrevida e a melhor reabilitação do paciente ao convívio social. Considerações finais AULA 10: DOENÇAS DO ESÔFAGO Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia I CUPPARI, L. Nutrição Clínica no Adulto. 3. ed. São Paulo: Editora Manole, 2009. Cap.: 12 (págs.: 297-302). Diretriz Brasileira Obesidade, 2016. MAHAN, L. Kathleen; ESCOTT-STUMP, Sylvia. Krause - Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. Cap.: 26 (págs.: 654-658). MARTINI, F. H.; OBER, W. C.; BARTHOLOMEW, E. F.; NATH, J. L. Anatomia e Fisiologia Humana: uma abordagem visual. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. Cap.: 15 (págs.: 520-532) Projeto Diretrizes Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, 2008. STANFIELD, C. L. Fisiologia Humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. Cap.: 20 (págs.: 658-720). WAITZBERG, D. L. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clínica. Rio de Janeiro: Editora Atheneu, 2009. Bibliografia complementar AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO. Assuntos da PRÓXIMA AULA Motilidade Gástrica; Gastrite; Úlcera Gástrica x Duodenal; Câncer de Estômago.
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