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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” Administração Financeira no Controle de Estoque em Vendas. Orientador Professor Nilson Aluno Mauro da Silva Bernardino Rio de Janeiro 2008 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Administração Financeira no Controle de Estoque em Vendas. OBJETIVO: Trata-se do processo de tomada de decisões da administração financeira nas informações de gestão de estoque que subsidiam informações úteis nos processos decisórios de curto e longo prazo, que possibilitam a identificação dos produtos mais significativos em vendas. Curso: Finanças e Gestão Corporativa Aluno: Mauro da Silva Bernardino Matrícula: K205474 Turma: K084 Campus: Centro (K) Rio de Janeiro 2008 3 AGRADECIMENTOS A Deus. Ao corpo docente do Instituto “A Vez do Mestre” e amiga Ana Cristina Moura, direta e indiretamente, contribuíram para a confecção desse trabalho acadêmico de conclusão de curso. 4 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a minha família que muito auxiliou e estimulou-me em meus estudos e na minha profissão. 5 RESUMO O controle de estoque é uma das partes do Planejamento e Controle da Produção mais negligenciadas nas pequenas e médias empresas. Essa monografia visa apresentar o resultado do trabalho de criação de um modelo de gerenciamento de estoques para uma empresa voltada para vendas externas. O desafio apresentado é criar um modelo fácil de manter e que deixe nas mãos dos responsáveis pela manutenção algum poder de decisão, pois um grande problema que assola diversas empresas dos mais variados tamanhos é a má avaliação dos níveis de estocagem, que por fim, resulta em perda de eficiência com agravantes em redução da competitividade e possíveis problemas financeiros. A decisão dos níveis de estocagem deve ser estratégica e não depender de apenas um fator casual. Os dois extremos são ruins para organização, ou seja, com níveis de estocagem acima dos considerados normais, a organização possui um custo de estocagem maior, e com níveis menores podem ocorrer faltas de produtos para entrega aos clientes, resultando assim em perda na participação de mercado. É fundamental buscar desenhar alguns cenários para auxiliar na avaliação, e este processo realmente não é fácil, pois depende da análise de muitas variáveis. 6 METODOLOGIA A metodologia utilizada destina-se a apoiar administradores, a estabelecerem, os níveis de estoque e sua localização sendo, ou não, apenas uma parte do problema de controle de estoque, mas concomitantemente deve ser verificado, o índice de giro de estoque, para ser exeqüível angariar possíveis benefícios com fornecedores, ou solicitando descontos para pagamentos a vista, se houver disponibilidade financeira. Então tendo a questão: como saber quais produtos possuem maior giro no meu estoque?. Sendo esta, uma questão crítica em balancear os custos de manter e de pedir estoque, porque esses custos têm comportamento conflitante. Através de um planejamento teórico, utilizando, através de pesquisas bibliográficas, apoio, conhecimentos e referências para a solução do problema através de documentos, livros, revistas, etc. Esclarecendo, como absorver informações do cotidiano empresarial na área de estoque, para um estudo científico, aprofundamento acadêmico, motivar e trilhar melhor o aperfeiçoamento profissional. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I – ADMINISTRAÇÃO 11 CAPÍTULO II – ESTOQUE 20 CAPÍTULO III - CAUSAS DA ACUMULAÇÃO DE ESTOQUES 32 CONCLUSÃO 46 BIBLIOGRAFIA 48 ANEXOS 50 ÍNDICE 51 8 INTRODUÇÃO Estoque é definido como sendo a quantificação de qualquer item ou recurso usado em uma organização. Um sistema de estoque é o conjunto de políticas e controles que monitora os níveis de produtos armazenados e determina quais níveis deveriam ser mantidos, quando o estoque deveria ser reposto e o tamanho dos pedidos (DAVIS, 2002). A gestão de estoques no varejo brasileiro foi, durante muito tempo, relegada a um segundo plano nas preocupações dos gestores das empresas varejistas. Antes da época inflacionária, em virtude da quase inexistência de grandes redes varejistas e, portanto, pouquíssima competição, a maioria das lojas era gerenciada por seus proprietários e estes executavam a gestão de seus negócios utilizando sua experiência prática. Faziam reposição de mercadorias ou compra dos itens “da moda” quando visitados por representantes dos fornecedores, definindo quantidades a comprar de maneira empírica (SUCUPIRA, 2003). Quando a economia brasileira era governada por inflações altíssimas, a gestão eficiente de estoques era substituída pela máxima “quanto mais melhor”, pois a manutenção do item armazenado era certeza de que o dinheiro investido seria valorizado. Hoje, essa realidade está muito diferente, e manter níveis de estoques desnecessários significa empatar capital que poderia, e deveria, estar sendo investido em melhorias na empresa ou em atividades que agregassem valor ao produto comercializado. Atualmente poucas empresas de médio e pequeno porte possuem uma política de planejamento e controle de armazenamento. Muitas ainda funcionam empiricamente ou baseadas em experiências de empresas que possuem outra realidade. Esta monografia baseia-se em um modelo de gerenciamento de estoques para vendas externas diretamente ao cliente consumidor. Trata-se 9 de uma variação do modelo de Ponto de Pedido adequado a realidade do consumidor. Os estoques costumam manter uma participação significativa no total dos investimentos ativos da maior parte das empresas industriais e comerciais. Na realidade, por demandarem vultuosos volumes de recursos (imobilizados) aplicados em itens de baixa liquidez, devem as empresas promover uma rápida rotação em seus estoques como forma de elevar a sua rentabilidade e contribuir para a manutenção de sua liquidez. No entanto, este objetivo requer atenções mais amplas, principalmente ao se procurar evitar que se estabeleçam volumes insuficientes para o atendimento das vendas. Não se deve nunca desprezar a necessidade de manter volumes adicionais em estoque (estoques de segurança), como forma de atender a certos imprevistos, geralmente não controláveis, na curva da demanda. Neste posicionamento da administração dos estoques, grande ênfase deve ser atribuída à fixação de políticasde compras e critérios de controles, e também a análise desses ativos como reflexo de uma decisão financeira de investimento. Evidentemente, não vamos esmiuçar todos esses aspectos de administração de estoque. Mas vamos deixá-los mais claros para que se possa identificá-los e perceber que como administrar todos os controles exigidos de forma muito mais simples. Como demonstraremos, nos capítulos a seguir, a estratégia da empresa para planos futuros baseados na administração financeira com o objetivos de curto prazo e como dispor dos recursos monetários de forma suficiente em ciclo único, proporcionando lucros em situações de escassez de oferta no mercado, presentes no Capítulo I e no Capítulo II, encontraremos a avaliação decorrente de uma administração de estoque em projeção equilibrada na relação entre percentual, estoques existentes, escassez e excessivos itens, para compreendermos uma composição de viabilidade de venda, balanço, produção e manutenção de preços frente aos investimentos e alterações monetárias da empresa. Por seguinte, enfocaremos no Capítulo III, uma política de estoques deliberadamente formulada, pela administração da empresa, em suas exigências superiores as demandas imediatas, constantes, em relação as 10 manutenções de custos de mão-de-obra, redução da produção, admissão de novos elementos e nas oscilações do método de produção, para se obter níveis de produção mensal constante e adequado aos atendimentos das necessidades da empresa pelo resto do ano. 11 CAPÍTULO I ADMINISTRAÇÃO 1.1 Administração Financeira A administração financeira compreende a função dupla de planejamento e controle. Constitui importante instrumento do processo de formulação das políticas operacionais da empresa. Na execução de suas tarefas, o administrador financeiro utiliza como ponto de partida os demonstrativos elaborados pelo contador ou contadores da firma. O diagnóstico resultante da análise desses demonstrativos deverá procurar revelar as razões, favoráveis ou não, do desempenho passado da empresa. Enquanto o balanço fornece uma visão dos recursos (ativos) e compromissos (passivos) da firma, os demonstrativos de lucros e perdas indicam a rentabilidade das operações de exercícios passados. Á análise do desempenho passado da firma segue-se a interpretação de sua situação atual. A principal questão, neste caso, é a seguinte: qual a situação atual da companhia e como se compara com as demais empresas de tamanho equivalente, na mesma indústria e operando no mesmo mercado? Esta interpretação é, simultaneamente, absoluta e relativa. É absoluta no sentido de procurar determinar a solidez, ou não, da atual posição financeira da firma. A interpretação destina-se também a mostrar sob que aspectos a firma pode ser comparada, em termos favoráveis ou desfavoráveis, a suas concorrentes, bem como em que medida isto ocorre. O principal aspecto da administração financeira é a formulação da estratégia da empresa, determinando-se o uso mais adequado dos fundos à disposição da empresa no momento e procedendo-se à escolha da fonte mais apropriada de recursos adicionais de que o empreendimento 12 necessitará no futuro. A análise e a interpretação dos demonstrativos financeiros constituem as bases da formulação dos planos futuros da empresa. Ao preparar a estimativa das necessidades financeiras da firma para os meses ou anos seguintes, o administrador financeiro deverá trabalhar em contato direto com os diferentes chefes de departamentos, tanto em termos individuais como coletivos. Este processo deverá compreender um “feedback” administrativo. Em primeiro lugar, é necessário colocar em termos monetários o volume de atividade previsto para cada departamento. Pela comparação das entradas mensais de caixa projetadas com as previstas para cada mês — valendo-se da projeção do movimento de caixa — o administrador poderá estimar o provável excesso ou escassez de fundos em qualquer mês em que se considere. Em seguida, deverá avaliar as várias alternativas para eliminar a defasagem entre entradas e saídas de fundos. Um conjunto de alternativas poderá ser apresentado, graças a uma combinação de qualquer dos seguintes elementos: volume de estoques, prazos de créditos concedidos por fornecedores e dos concedidos a clientes ou o volume do saldo mínimo de caixa da firma. Outra alternativa consiste em obter empréstimo de uma instituição financeira. Ocasionalmente, uma firma poderá considerar a necessidade de aumentar suas instalações físicas de operação, ou seja, edifícios, máquinas e equipamentos. No caso de máquinas e equipamentos, o administrador financeiro trabalhará com projetos de investimento cuja vida útil estimada é de três a dez ou mais anos. São investimentos que envolvem financiamento a médio prazo. Os edifícios apresentam perspectivas de vida útil bem mais prolongada, até mesmo de várias décadas. Tais investimentos são financiados por títulos a longo prazo: ações, “bonds” ou debêntures. Esses instrumentos de crédito são algumas vezes utilizados também no processo de obtenção de fundos a médio prazo. A aprovação final, modificação ou rejeição definitiva do plano ou dos planos apresentados pelo administrador financeiro cabem ao 13 presidente da empresa. É da competência dêste a decisão final, que é tomada com ou sem a aprovação da diretoria. A tomada de decisões com ou sem a aprovação da diretoria depende do alcance das propostas e da autoridade atribuída pela própria diretoria ao presidente. Em qualquer caso, para que sua ação seja eficaz, a alta administração deve ser competente em assuntos financeiros. A análise efetuada pelo administrador financeiro serve ainda como valiosíssimo meio de comunicação entre os vários departamentos. Proporciona um denominador comum (moeda) e um padrão uniforme de medida (custo dos fundos e rendimento). Além disso, a análise financeira fornece à alta administração um instrumento de avaliação de desempenhos passados e dos planos futuros. 1.2. Objetivos do Administrador Financeiro O objetivo da empresa é a maximização da riqueza nela aplicada pelos seus proprietários. Na maioria dos casos, esta meta pode ser alcançada pela adoção de uma política de maximização de lucros. Entretanto, as decisões alternativas referentes à produção, volume e preços desta, podem envolver resultados potenciais com riscos variáveis. A alternativa que prometer lucros máximos poderá não conduzir à maximização da riqueza, se os resultados não corresponderem às expectativas. Como uma das funções do administrador financeiro compreende o planejamento da alocação de fundos, cabe-lhe avaliar não apenas a taxa de lucro previsto, correspondente aos usos alternativos de recursos nas diferentes divisões operacionais da firma, mas, também, estimar as probabilidades 14 relativas de detenção do lucro previsto. Este problema será analisado mais detalhadamente em capítulos posteriores. Outro objetivo básico, particularmente relacionado às operações a curto prazo da firma, diz respeito à manutenção de adequado grau de liquidez. A empresa precisa dispor de recursos monetários suficientes para pagar salários e honorários, cumprir suas obrigações para com, fornecedores de bens e serviços, de conformidade com os termos da compra, e pagar, nas épocas determinadas, os impostos devidos. A firma pode possuir ativos devalor bastante superior a esses passivos. Mas, se os ativos consistirem em prédios, máquinas e equipamentos, a firma será “solvente”, ou seja, disporá de ativos que excedem, em valor, o total de seus compromissos em relação aos credores — mas “não liquida”, visto não ter possibilidades de pagar suas dívidas a curto prazo na ocasião apropriada. 1.2.1. Maximização do Lucro Um dos enfoques fundamentais baseia-se no conceito de ciclo único. Segundo esta abordagem, a política da firma referente a lucros e preços é analisada apenas em relação ao ciclo de vendas mais imediato, ou seja, estudam-se as condições da empresa no ciclo ou período presente de vendas. Neste caso, a alta administração procura obter um lucro máximo, em função das condições correntes de mercado, sendo mínima, senão nula, a preocupação com o período subseqüente. Tal situação predomina, por exemplo, no caso dos produtores de artigos baratos de vestuário, como roupas de baixo e no dos atacadistas de frutas e legumes frescos. 15 A segunda abordagem poderia ser denominada política de lucros e preços decrescentes. O produto analisado é inicialmente vendido a um preço máximo em mercado limitado. A seguir, o preço vai sendo reduzido, com o objetivo de englobar progressivamente um segmento maior do mercado. Um exemplo evidente desta técnica é a indústria cinematográfica. Um filme que espera conseguir sucesso será apresentado inicialmente em pequeno número de casas de espetáculo, cobrando-se entrada relativamente alta. Após essa exibição especial por vários meses, o filme será liberado para os cinemas de primeira classe a preços ainda elevados. Finalmente, um ou dois anos depois de sua estréia, estará sendo apresentado a preços normais em todos os cinemas. A publicação de obras de escritores renomados é inicialmente feita em edições encadernadas, sendo em seguida apresentada em brochuras a preços bastante inferiores ao original. A terceira abordagem exige penetração máxima no mercado a preços que proporcionem uma taxa uniforme e prefixada de lucro, 10% por exemplo. Ao fixar essa taxa de lucro, a alta administração deseja conseguir para a firma uma participação no mercado que se estenda por toda uma série de ciclos de vendas e não apenas para o período analisado. A firma é constituída para proporcionar lucros aos seus acionistas — mais exatamente aos portadores de suas: ações ordinárias. Assim sendo, o melhor objetivo de rentabilidade que pode ser escolhido pela direção da empresa é a maximização, a longo prazo, dos lucros dos portadores de suas ações ordinárias. A política de maximização dos lucros a curto prazo pode provocar nos clientes uma reação capaz de prejudicar a existência da empresa a longo prazo. A busca de preços em situações de escassez de oferta, por exemplo, deverá ser mais indicada para conseguir mantos clientes até que esse período termine. Uma política visando o máximo preço possível no mercado poderá proporcionar lucros vultosos a curto prazo, mas provocar, ao final, uma redução do volume de vendas. 16 1.2.2. Custo Explícito e Implícito de Fundos Sendo um recurso escasso, o capital empregado na empresa possui um valor econômico. No mercado, esse valor é expresso pelo pagamento de juros. No caso de fundos obtidos por empréstimo, a taxa de juros estabelecida representa o custo explícito do capital. A prática contábil leva em conta tal custo, reconhecido pela legislação fiscal como despesa passível de dedução no cálculo do rendimento (lucro) tributável da empresa. Mas, que dizer do custo do capital investido pelos proprietários da firma ou acionistas? As autoridades fiscais não permitem a dedução desse montante do rendimento total da firma. Portanto, segundo as normas fixadas pelo “Internal Revenue Service”, o contador não deduz o custo do capital dos proprietários da empresa (capital próprio). Do ponto de vista da firma, como contribuinte, esse procedimento é lógico. Suponhamos, por exemplo, que a empresa obtenha uma receita total de $500.000, sendo suas despesas totais, com exclusão do custo do capital próprio, de $350.000. Seu lucro é, portanto, de $150.000. Admitamos ainda que os proprietários tenham investido $500.000, que poderiam ter rendido 6% num investimento de risco relativamente pequeno. Se o contador lançasse os 6% ou $30. 000 como despesa, o lucro total da empresa seria tão-somente de $120.000. Entretanto, o rendimento tributável da firma seria de $120.000 (lucro) + $30.000 = $150.000. As autoridades fiscais não fazem distinção alguma entre “lucro” e “juros”, para efeito de pagamento de imposto, pois êste é tributo lançado sobre rendimentos e não sobre o lucro econômico. O administrador financeiro interessa-se pelo lucro da firma. Além dos custos explícitos, leva em conta todos os custos implícitos em que a firma incorre ao aplicar os fatores de produção. Os custos implícitos incluem, por exemplo, o valor de mercado dos serviços prestados pelo proprietário de uma firma individual ou pelos sócios, no 17 caso de uma sociedade de pessoas, o valor correspondente ao aluguel dos prédios ou equipamentos pertencentes aos proprietários ou sócios da empresa e os juros que poderiam ser obtidos sobre os recursos monetários aplicados na empresa por seus proprietários. A importância dos custos implícitos evidencia-se imediatamente ao se considerar a venda de uma empresa. Suponhamos que duas firmas do mesmo ramo apresentem cada uma, no encerramento do exercício, um volume de vendas igual a $1.000.000. O lucro da firma A antes do pagamento de impostos é de $60.000, ao passo que o da firma B é de $90.000. A firma A é uma sociedade anônima, aluga suas instalações por $20.000 anuais e o seu presidente recebe honorários no total de $15.000 por ano. Os dois itens mencionados, aluguel e honorários, são despesas dedutíveis para efeito de imposto lançadas pelo contador, portanto, como custos explícitos. A nossa hipótese seguinte é a de que a empresa B é uma firma individual. Seu proprietário retira $15.000 como remuneração; pertence-lhe o imóvel em que a firma opera e as respectivas instalações têm um valor locativo de $20.000. Neste caso, o contador lançará somente a depreciação da propriedade, os impostos municipais, custos de manutenção, seguros, e se a propriedade estiver hipotecada, as prestações de juros. Suponhamos que todos esses itens totalizem $10.000. Nesta hipótese, o lucro de $90.000 da firma B omite custos implícitos de $15.000, retirados por seu proprietário a titulo de remuneração e $20.000, valor locativo líquido da propriedade. Se esses dois itens forem subtrai dos do lucro contábil de $90.000, ficará comprovado que a firma B obteve lucros inferiores aos da firma A, sendo a diferença de $5.000. Afora a circunstância especial de venda ou fusão, a determinação do lucro da empresa como elemento distinto de seu rendimento, desempenha importante papel em questões administrativas relacionadas com: a rentabilidade da empresa comparada com a de concorrentes de proporção aproximadamente iguais, a rentabilidade relativa dos vários produtos fabricados ou distribuídos, a conveniência 18 ou não do acréscimo de um novo produto ou da descontinuidade da fabricação de produtos já existentes. 1.2.3 Liquidez versus Rentabilidade O administrador financeiro deve estar sempre preparado para assegurar a liquidez da firma. Literalmente falando, qualquer empresa é um devedor constante. Compra a prazo de seus fornecedores.Obtém empréstimos de instituições financeiras. Suas instalações operacionais podem ser alugadas e parte de seu equipamento arrendado de outras empresas. Na medida em que uma firma vai operando, cria-se uma obrigação fiscal para com as autoridades federais, estaduais e municipais. Se fábrica ou distribui produtos sob licença ou concessão, incorre em débito representado por royalties. Qualquer que seja a natureza de tais débitos, devem ser pagos nas datas predeterminadas. Se o pagamento correspondente não for feito na data estabelecida de vencimento, a firma passa a ser “inadimplente”. Na melhor das hipóteses, a reputação da firma fica comprometida e, na pior, o credor poderá levar a firma a encerrar suas atividades. Em essência, a liquidez é representada pelos fundos não utilizados nas operações da firma. Na realidade, o administrador financeiro “troca” rentabilidade por liquidez. Se dá ênfase excessiva à liquidez, a empresa deixa de aproveitar oportunidades que poderiam elevar sua rentabilidade. Dando destaque demasiado à obtenção de lucro, o administrador financeiro põe em perigo a capacidade da firma para pagar suas contas e títulos dentro dos prazos de vencimento. A relação entre moeda, quase-moeda e o exigível a curto prazo reflete a capacidade do administrador financeiro para manter um equilíbrio efetivo entre liquidez e rentabilidade. 19 A “administração” dos assuntos financeiros da firma deve ser efetuada de forma a proporcionar uma disponibilidade de fundos não apenas para atendimento de necessidade interna — salários, honorários e comissões — mas, também, para saldar compromissos externos. Se o administrador financeiro for bem sucedido nessa tarefa, a firma poderá ser considerada em posição favorável de liquidez. É capaz de satisfazer seus compromissos para com terceiros. O não-pagamento de contas dentro do prazo tem efeitos desfavoráveis sobre a posição de crédito da firma. A reincidência na impontualidade pode levar a procedimentos visando a decretação da falência da empresa. 20 CAPÍTULO II ESTOQUE 2.1 Definição de Estoque Os estoques de maneira geral são classificados em quatro tipos: Mercadorias e Produtos Acabados; Produtos em Elaboração; Matérias-primas e Embalagens; e Materiais de Consumo. O estoque de Mercadorias e Produtos Acabados refere-se a todos os itens adquiridos de terceiros (mercadorias) ou fabricados pela própria empresa (produtos acabados) em condições de serem, respectivamente, revendidos e vendidos. O montante de estoques é influenciado, principalmente, pelo comportamento e volume previsto da atividade da empresa (vendas) e pelo nível de investimentos exigidos. Por exemplo, se as necessidades por determinado produto forem altas, espera-se normalmente que o volume estocado seja também elevado. Na realidade, o nível dos estoques devem acompanhar a projeção das necessidades para atendimento das vendas realizadas. É interessante sempre evitar quantidades excessivas de estoques, as quais, em função de imprimirem maior lentidão ao giro dos ativos, reduzem a rentabilidade da empresa. De forma idêntica, baixos níveis de estoques podem trazer sérios riscos de prejuízo à empresa, como o de não poder atender a demanda das vendas e perder participação de mercado para os concorrentes. Em geral, as empresas costumam manter determinado volume estocado, acima de suas necessidades normais, denominado de estoque de segurança, como forma de atender a certos imprevistos, tais como aumentos 21 inesperados de demanda, surgimento de problemas técnicos mais prolongados no processo produtivo, etc. Em suma, podem ser numerados três fatores que influenciam mais diretamente os investimentos em estoque de mercadorias e produtos acabados: Demanda, Natureza e Investimento necessário. 2.2. Administração Financeira de Estoques Dentre os ativos correntes, os estoques situam-se acima ou logo abaixo dos valores a receber, em termos de magnitude. Apenas esse fato bastaria para justificar a necessidade de dedicar maior atenção aos aspectos financeiros do volume dos estoques e da concorrência. Existem, no entanto, características próprias deste item do ativo, que aumentam a complexidade do problema e elevam o risco financeiro de falhas em seu planejamento, sua administração e seu controle. Os prejuízos potenciais de uma firma, em decorrência de uma administração deficiente dos estoques, freqüentemente superam os prejuízos que podem resultar de dívidas incobráveis. Por exemplo, em um período de expansão, uma firma pode sofrer prejuízos provocados por dívidas incobráveis de, no máximo, um ou dois por cento de seus valores a receber. Este índice poderá dobrar, ou mesmo triplicar, em um período de recessão. Por outro lado, não é raro uma firma sofrer prejuízos de dez por cento ou mais do valor de seus estoques, mesmo em épocas favoráveis, e uma percentagem ainda mais elevada em uma recessão, em virtude de mau planejamento e deficiente administração, de estoques. 22 2.3. Avaliação e Avaliação dos Estoques O volume dos estoques mantidos por uma firma é função de seu volume de vendas projetado. Esta projeção poderá alcançar um mês, um trimestre, ou mesmo um período de tempo mais longo, dependendo da imediata disponibilidade dos itens componentes dos estoques, da duração do ciclo de produção e dos hábitos de compra dos clientes da firma. Os fabricantes de cigarros deverão comprar sua matéria-prima por ocasião da safra de fumo. As destilarias poderão manter estoques por vários anos, até que o produto atinja sua “idade” mais adequada. Por outro lado, uma grande panificadora poderá precisar de um estoque de farinha e de vários ingredientes, necessários à produção de apenas uma semana. O departamento de alimentos, em uma loja de departamentos, poderá operar eficientemente com um estoque equivalente ao volume de vendas de uma semana, enquanto a seção de joalheria da mesma loja talvez requeira um estoque igual ao volume de vendas de um semestre. Os estoques, sejam de matérias-primas ou bens finais, representam imobilização de fundos até o momento em que os produtos são vendidos e transformam-se em valores a receber. Além de seu custo (preço de compra), os estoques poderão exigir um certo processamento, o que implica despesas adicionais correspondentes a salários, materiais auxiliares etc. Também existem alguns custos de armazenagem, despesas de seguros e possíveis perdas resultantes de deterioração. Estes custos tomam-se cada vez mais elevados, quanto mais longo for o período entre o momento da compra de matérias-primas e a venda do produto final. A Tab. 6.1 (em anexo), apresenta a relação percentual entre os estoques e o total dos ativos de uma série de indústrias selecionadas. Essas percentagens variam de um mínimo de 11,33%, para os fabricantes de cerveja, até um máximo de 57,74% (drogarias). 23 A firma espera poder vender seus estoques e conseguir um preço que cubra todos seus custos e ainda lhe proporcione lucro. Esta expectativa envolve, entretanto, um elemento de incerteza ou risco. O administrador financeiro é responsável pela determinação da magnitude financeira deste risco, bem como pela escolha da linha de ação capaz de minimizar os custos daí decorrentes. O desempenho dessas duas funções, o administrador financeiro deverá, primeiramente, analisar os estoques mantidos pela firma. Este processode análise destina-se a responder questões tais como as seguintes: Quanto e quando a firma espera gerar entradas de caixa, pela venda de seus estoques? É provável que essa venda proporcione lucros? Possui a firma estoques excessivos de alguns itens, em relação às suas necessidades imediatas, ou seja, para um ou dois ciclos de vendas? Deverá a companhia vender parte de seus estoques a preço de compra ou mesmo com prejuízo, ao invés de conservar os itens estocados até a temporada seguinte, cujo início pode estar distante vários meses? Quais os custos reais diretos do processo de estocagem, e quais os custos de oportunidade dos fundos imobilizados em estoques durante esse mesmo período? Além de seu interesse pelos estoques existentes, o administrador financeiro deverá calcular o custo do financiamento de um estoque programado, isto é, o custo de compras planejadas para o futuro. Do ponto de vista financeiro, será mais desejável comprar pequenas quantidades mensalmente, pagando um preço unitário mais alto, ou fazer encomendas maiores para atender às necessidades previstas para os próximos três meses, conseguindo apreciável desconto sobre o preço da lista? O problema de análise do estoque disponível da firma será discutido nesta seção. Trataremos, posteriormente, dos aspectos financeiros do planejamento de estoques. 24 2.3.1. Heterogeneidade na Composição dos Estoques O balanço de uma firma manufatureira comumente apresenta um único item para “estoques”, não indicando, porém, a sua composição. Em tais empresas, esse ativo normalmente compreende três categorias distintas: 1) matérias-primas, 2) bens em processamento; e 3) bens finais. Essas distinções desempenham papel importantíssimo no caso de a firma repentinamente julgar necessário dispor de parte de seus estoques. Os bens finais acham-se prontos para venda. Se preciso, a firma poderá desfazer-se desses bens, reduzindo moderadamente o preço. As matérias-primas, antes de mais nada, devem ser processadas envolvendo gastos com mão-de-obra e outros itens, além do tempo dispendido. E perfeitamente concebível que a firma decida ser o volume de vendas previsto, para os meses seguintes, muito pequeno em relação ao fornecimento de matérias-primas programado para fins de transformação em bens finais. Neste caso, surge o problema da viabilidade da venda do excedente de matérias-primas. A solução deste problema depende, em grande parte, da adequação dessas matérias-primas, ou componentes, às atividades de outros fabricantes. Por exemplo, peças e componentes de tamanho padronizado normalmente poderão ser vendidos a outros fabricantes, com pequena redução de preço. Por outro lado, componentes de tamanho especial, ou já com marca da firma, não apresentam utilidade alguma para outros produtores e, se não forem mais necessários à empresa, deverão ser literalmente “jogados no lixo”. Os estoques de comerciantes atacadistas ou varejistas encontram-se freqüentemente nessa situação. Embora um distribuidor não processe as mercadorias mantidas em estoque, estas podem ser representadas por produtos de consumo corrente, artigos de primeira necessidade, enquanto outras podem estar sujeitas a variações da moda, influências sazonais, ou serem perecíveis. Os estoques ainda 25 podem incluir itens de consumo comum, de tamanho ou formato especial, cuja procura seja esporádica, e não permanente. Seja qual for a composição dos estoques, o administrador financeiro deverá preocupar-se com o seu grau de liquidez. Qual é o índice de rotação dos estoques e quanto poderão proporcionar em termos de receita? 2.3.2. Avaliação de Estoques Os processos contábeis tradicionais exigem a avaliação dos estoques de acordo com o seu preço de compra (custo) ou com o preço (corrente) do mercado, qualquer que seja o mais baixo. Suponhamos que uma empresa tenha comprado, em janeiro, uma certa quantidade de tecido ao preço de $3 a jarda, e que ainda o possua em estoque no fim do exercício fiscal. Admitamos que, nesse momento, o preço de lista do fornecedor seja $2,50. O contador avaliaria o tecido em $2,50 a jarda. Por outro lado, se o preço corrente de lista for superior a $3 a jarda, o contador usará o preço de compra de $3 como valor-base. Este método de avaliação de estoques baseia-se, claramente, na idéia de que é preferível uma cautela excessiva a ser otimista. Se o preço de mercado estiver acima do custo, a hipótese é a de que o preço de venda da firma baseou-se no custo real dos estoques. Por outro lado, se o preço de mercado for inferior ao custo, espera-se que a concorrência force a firma a reduzir seu preço de venda, considerando a diminuição do preço dos estoques, a serem adquiridos. Ambas as hipóteses são arbitrárias e, como já afirmamos, refletem uma avaliação de estoque muito conservadora. Do ponto de vista da firma, êste método de avaliação de estoques não é consentâneo com a realidade, em períodos de contínuas elevações de preços de custo e de venda — ou seja, em “espiral 26 inflacionária” — bem como em um período de sucessivas reduções de preço. Não há dúvida de que a tendência geral do nível de preço, nas três últimas décadas, tem sido ascendente. Em pequeno número de indústrias, verificou-se o inverso, em conseqüência de melhoramentos tecnológicos que permitiram redução dos custos totais. Por exemplo os preços de aparelhos de televisão e de diversas utilidades domésticas, (whit goods) têm apresentado tendência a se reduzir, nos últimos anos. 2.3.3. Enfoque do Administrador Financeiro A avaliação de estoques realizada pelo contador refere-se a uma data particular, ou seja, a data de encerramento do exercício fiscal. Por outro lado, o administrador financeiro parte do ponto em que o contador concluir sua tarefa. Em outras palavras, a principal preocupação do administrador financeiro diz respeito ao efeito dos estoques sobre a posição de caixa da firma, durante um período futuro. Para o administrador financeiro, os problemas fundamentais são: quanto custará para a firma a manutenção de um dado volume de estoques, no próximo ciclo de produção e vendas? Quais os riscos decorrentes desses estoques? Será possível reduzir o nível de estoques sem afetar desfavoravelmente a continuidade das atividades de produção e venda? Estas questões referem-se aos estoques existentes. Em certo sentido, envolvem o mesmo ativo avaliado pelo contador, ao elaborar o balanço e o demonstrativo de lucros e perdas. Ao administrador financeiro caberá, também, analisar a futura política de estoques de sua empresa. Tal acarreta, dentre outras, as seguintes questões: quais as economias proporcionadas por estoques relativamente vultosos, em termos de preço unitário mais baixo, descontos especiais e atendimento rápido dos clientes? Por outro lado, poderíamos mencionar as “deseconomias” decorrentes de um estoque relativamente grande. Quanto custará para a firma a manutenção do nível de estoques 27 proposto em termos de juros sobre os recursos obtidos por empréstimos, custos de armazenagem e prêmios de seguro? Além disso, quais serão os custos de oportunidade resultantes da aplicação em estoques de uma certa soma de recursos financeiros, ao invés de utilizá-los em propaganda ou pesquisa de mercado, ou mesmo em outras alternativas desejadas pela companhia, mas impossíveis de serem realizados por terem sido os recursos canalizados para a manutenção do estoque previsto. 2.3.4. Desequilíbrio FuncionalPara um fabricante, a situação ideal relativa a matérias-primas e materiais auxiliares é aquela em que os níveis de estoques de todos os itens são proporcionais às quantidades consumidas no processo de produção do bem final. Se o produto final exigir, por exemplo, 10 unidades de A, 15 de B, 40 de C etc., a firma deverá, teoricamente, fazer encomendas dos diversos itens utilizados nas proporções exigidas. Tal situação, porém, dificilmente poderá ser encontrada na prática. Para o administrador financeiro, um estoque desequilibrado constitui sério problema, quando a tendência do volume de venda do produto final fôr de queda, abaixo do nível previsto. Enquanto as vendas permanecerem acima ou ao nível fixado como meta a atingir, a firma não precisará se preocupar com o fato de possuir um estoque de C, D e F, por exemplo, superior ao necessário para a produção de um dado mês. O excedente será transferido para o mês posterior, reduzindo-se à medida em que novas encomendas forem recebidas. Via de regra estes estoques em “desequilíbrio” temporário, podem ser previstos, visto o programa de compras basear-se nó volume de vendas projetado para uma série de meses, e os pedidos relacionarem-se com as necessidades mensais da firma. 28 Entretanto, quando as vendas alcançam níveis inferiores aos esperados durante vários meses consecutivos, um desequilíbrio de estoques constitui sério problema financeiro. Itens que possuam estoques superiores às exigências do processo de produção transformam-se, pelo menos durante esse período, em investimento “congelado”. Recursos financeiros serão imobilizados durante período mais longo do que o previsto. Ao mesmo tempo, o menor volume de vendas diminui a taxa prevista de rotação dos estoques dos itens que pareciam estar em equilíbrio. Em conseqüência, será pressionada a capacidade da firma de pagar suas dívidas correntes. O fluxo de caixa se retardará, visto as receitas serem inferiores às saídas de caixa previstas. Parte dos fundos da empresa perderam as características de ativos considerados de elevada rotação e liquidez, transformando-se em itens de baixa rotação e liquidez. Coloca-se, pois, a seguinte questão: Devem os estoques ser mantidos por mais tempo, ou liquidados? Se quantidades excessivas forem mantidas em estoque, não poderão gerar o fluxo de caixa previsto, no momento desejado. Se forem imediatamente vendidas a qualquer preço no mercado, a companhia receberá um volume de caixa inferior ao previsto. O administrador financeiro deverá, nesse momento, avaliar a posição do caixa da firma, bem como o sacrifício representado por uma entrada maior de caixa, em decorrência da liquidação de estoques excessivos. Estoques superiores aos níveis necessários imobilizam recursos monetários que poderiam ser utilizados, com proveito, em outras divisões da firma. Neste caso, os estoques darão origem a “custos de oportunidade”, que deverão ser acrescentados aos seus custos monetários. Se a firma não dispuzer de imediato emprego alternativo para esses recursos, poderá reduzir seu custo de levantamento de fundos — se os estoques tiverem sido financiados por empréstimo a curto prazo — ou, não conseguindo financiamento externo, poderá auferir os juros de investimento a curto prazo (fazendo depósitos a prazo fixo, aplicações em títulos comerciais etc.). Além 29 desses custos de oportunidade, um estoque excessivo provoca diversas despesas de armazenagem, seguros e deterioração. Assim sendo, o administrador financeiro precisa avaliar: 1) a posição corrente de caixa da firma e suas necessidades de recursos monetários, 2) os custos de oportunidade resultantes da manutenção de estoques até que possam ser vendidos pelo preço inicialmente previsto, 3) outras despesas diretas. Supondo-se que a firma possa financiar o estoque excedente até sua venda ao preço previsto, recorrendo a fontes internas ou externas, poderemos quantificar o problema da seguinte maneira: A diferença entre a venda futura ao preço de lista (PL) e o preço corrente de liquidação forçada (PLF) será superior ou inferior aos custos de oportunidade (CO) somados a outras despesas diretas (DD), tais como juros de empréstimos, por exemplo. Se PL — PLF ≥ CO + DD, será vantajosa para a firma a manutenção dos estoques. Será melhor liquidá-los quando PL — PLF = CO DD. Entretanto, se a firma encontrar dificuldade no financiamento dos estoques — ou seja, se estiver sofrendo pressões de seus fornecedores e/ou instituições financeiras no sentido de saldar imediatamente suas contas e/ou promissórias — o problema da decisão entre “manter e liquidar” os estoques será automaticamente solucionado. A empresa não conta com outra alternativa além da venda dos estoques excedentes, ao preço que puder conseguir no mercado. A decisão entre a manutenção e a liquidação de estoques assume especial relevância no comércio varejista; apesar disso, o princípio básico aqui enunciado aplica-se também a um fabricante cuja linha de produtos está sujeito a variações estacionais (por exemplo, artigos de vestuário, sapatos, móveis, material esportivo etc.). À medida em que se aproxima o término do período sazonal, o problema que se coloca é o de liquidar os estoques com substancial redução de preços, ou conservar essa linha de produtos até o ano 30 seguinte, quando poderão ser vendidos pelo preço “normal” admitida a hipótese de não ter havido obsoletismo decorrente de alterações de moda ou estilo. Na prática, a administração não hesitará em vender os estoques sazonais a um preço bastante inferior ao de lista, por não se considerar vantajosa a sua estocagem até o ano seguinte. Mas, qual poderá ser essa redução de preço? Qual será o preço mínimo, ou de “equilíbrio”, isto é, o ponto em que o custo de oportunidade mais os gastos de armazenagem e seguros serão iguais à redução de preço necessária à liquidação total do estoque de mercadorias? De imediato, ocorrerão ao leitor diversos casos em que firmas varejistas poderão efetuar drásticas reduções de preço de gêneros de consumo corrente, embora sazonal, no final da temporada; seria, por exemplo, o caso de bicicletas, patins, raquetas de tênis, piscinas no final do verão e equipamentos para esportes de inverno em fevereiro ou março. Outros itens tradicionalmente vendidos em liquidações de fim de estação são: móveis e artigos de vestuário. 2.3.5. Alterações Iminentes de Modelos Se o fabricante ou distribuidor de um produto tiver programado a exibição e oferta do modelo do ano seguinte, antes de ter tido a oportunidade de vender todo o estoque do modelo atual, pelo seu preço corrente, surgirá o seguinte problema: Qual a redução de preço que deverá ser feita, e quando? A resposta inicial será dada pelo gerente de vendas. Envolve, fundamentalmente, uma estimativa da elasticidade de preço da procura em um dado período, ou seja, até que o novo modelo seja colocado à venda. Por exemplo, o gerente de vendas poderá recomendar, no presente, uma redução de 10%, um mês antes da venda do novo modelo, estimando um aumento de 25% do número de 31 unidades vendidas; duas semanas mais tarde, porém, poderá ser necessária nova redução de 25% para estimular um aumento de 15% das vendas. Em ambos os casos, a elevação do número de unidades vendidas será medida a partir do nível previsto, baseado no preço corrente. Algumas empresas adotam uma política de modesta redução de preço — por exemplo, de 10 ou 15% — 2 ou 3 meses antes do final do período para o qual foi lançadoo modelo. Outras preferem esperar até o último mês antes do lançamento do novo modelo, realizando nessa época ofertas a preços bem mais reduzidos. 32 CAPÍTULO III CAUSAS DA ACUMULAÇÃO DE ESTOQUES Os valores a receber resultam de vendas da empresa. Os estoques representam o volume previsto de vendas. Portanto, os fundos imobilizados em estoques apresentam duas espécies de riscos: Em primeiro lugar, o nível previsto de vendas pode não ser atingido. E, em segundo lugar, essas vendas podem não se realizar ao preço unitário fixado para o volume de unidades projetado. Os riscos de menor volume de vendas e/ou de preços inferiores ao previsto são inerentes a todas as projeções das futuras condições da procura, em qualquer mercado. Todo estoque excedente resultante de redução das vendas é por definição, inesperado e, portanto, não planejado. As alternativas para a solução desses problemas foram analisadas na seção anterior. Trataremos agora de casos em que uma política de estoques deliberadamente formulada pela administração da empresa, resultando em volume superior às suas exigências imediatas. As causas de uma política deliberada de estoques “excessivos” classificam- se em cinco categorias: 1) internas-tecnológicas; 2) internas-financeiras; 3) externas-fornecedoras; 4) externas-cíclicas; e 5) outras causas. 3.1. Causas Internas: Tecnológicas 3.1.1. Produção em Nível Constante. De acordo com este método, a produção mensal é fixada em 75.000 unidades, não importando o volume real de vendas e o envio de 33 mercadorias efetuado em um mês qualquer. A força de trabalho exigida é utilizada integral e regularmente. Como, por definição, a força de trabalho disponível é suficiente para produzir 75.000 unidades por mês, não haverá custos de trabalho extra compreendendo o pagamento do equivalente a uma hora e meia de trabalho normal, para cada hora extraordinária. Além disso, como a força de trabalho é mantida em um mesmo nível, não haverá despesas relativas a períodos de inatividade — no caso de redução da produção e conservação de todos os empregados na folha de pagamento — ou admissão de novos elementos, sempre que a produção elevar-se subitamente e for necessário ampliar a força de trabalho. Esta preocupação do gerente de produção com um nível constante de emprego é reforçada pela recente evolução das negociações com os sindicatos, em que são reivindicados a garantia de um salário anual, o pagamento de indenizações baseada no tempo de serviço, e, também, a manutenção da tradicional regra de antiguidade tanto para promoções, quanto demissões. Entretanto, embora os custos de mão-de-obra sejam mantidos em um nível constante e os estoques de matérias-primas em níveis muito próximos ao seu mínimo, admitida a hipótese de que as compras também sejam programadas a níveis mensais constantes, o estoque de bens finais oscilará bastante. Toda vez que as vendas sazonais caírem abaixo de 75.000 unidades por mês, o estoque de bens finais começará a se acumular, até que as vendas e as entregas ultrapassem novamente 75.000 unidades. Este excesso de estoques imobiliza recursos financeiros que poderiam ser gastos com mão-de-obra e matérias- primas. Além disso, a firma incorre em custos mais elevados de armazenagem e seguros. Evidencia-se, pois, a necessidade de compensar as reduções de custos de mão-de-obra com os acréscimos de despesas, incluindo o custo de financiamento do estoque excedente. 34 3.1.2. Produção ao Nível da Projeção de Vendas. No outro extremo, temos a política de programação mensal da produção em função das vendas projetadas para o período. Se, por exemplo, as vendas de um certo mês forem inferiores ao volume previsto, a quota de produção para o mês seguinte deverá ser ajustada para incluir o transporte do saldo anterior. Inversamente, se as vendas superarem o volume projetado, a produção será intensificada ou a entrega das mercadorias será suspensa temporariamente. A alternativa escolhida dependerá da reação dos clientes; interessa indagar se exigem entrega imediata dos produtos ou não se importam em esperar mais uma ou duas semanas. Entretanto, ao mesmo tempo em que os custos de estoques são mantidos em um valor mínimo, o custo de mão-de-obra tende a oscilar violentamente. Se a firma adotar a política de manutenção de uma força de trabalho mínima, será obrigada a pagar horas extras no caso de a produção ser intensificada, ou incorrer em despesas relativas à admissão de novos operários. Tomando-se o exercício fiscal como um todo, o custo unitário de mão-de-obra será mais elevado, segundo este último método de produção. A política de quotas mensais variáveis freqüentemente também acarreta substanciais acréscimos de investimento de capital nas instalações de fabricação, em épocas de maior volume de vendas. Por outro lado, como afirmamos acima, os custos relacionados com a manutenção de estoques tendem a se reduzir. Tendo em vista a redução e, se possível, a eliminação de custos desnecessários para manutenção de estoques excessivos, deve- se coordenar as decisões de produção e compra. Este procedimento permitirá minimizar o custo de vendas. Na prática, a decisão de ajustar a produção e as compras freqüentemente envolve a combinação de dois objetivos conflitantes: preço unitário de compra mais baixo e custo de financiamento. Por exemplo, o gerente de compras está ansioso por 35 conseguir o mais baixo preço unitário dos fornecedores. Desejará aproveitar a oferta de preços especiais fora de estação ou, durante a mesma, procurará conseguir descontos apreciáveis sobre quantidades. Do ponto de vista desse individuo, uma transação dessa natureza será vantajosa para a firma e reflete-se favoravelmente em sua habilidade em conseguir preços de compra mais baixos do que o normal. Entretanto, as quantidades poderão exceder às necessidades programadas pelo gerente de produção para os meses seguintes. Em conseqüência, o excesso resultante provocará automaticamente imobilização dos recursos financeiros da firma ou gerará despesas de juros, armazenagem e seguros. A tarefa da alta administração da empresa consiste em comparar tais custos com as economias conseguidas graças a um preço de compra mais baixo. 3.1.3. Programação por Ciclos de Produção. Este método é uma variante da programação da produção a um nível mensal constante. Suas linhas gerais são as seguintes: Suponhamos que a linha de produtos da firma compreenda seis itens diferentes. Segundo o sistema de um nível constante de atividade, o gerente de produção iria programar, para cada mês, a fabricação de uma décima-segunda parte da quota anual relativa a cada um dos produtos. Se, ao contrário, utilizar o sistema de ciclos, programará, por exemplo, o item 6 para a última semana de janeiro, quando não mais necessitar mão-de-obra e equipamentos para a fabricação dos outros itens, tendo em vista o atendimento das exigências de entregas aos clientes em fevereiro. Assim sendo, a produção do item 6 poderá alcançar um nível adequado ao atendimento das necessidades da firma pelo resto do ano. Em fevereiro, outro item poderá ser escalado para produção por duas semanas completas, obtendo-se um estoque suficiente para atender os requisitos estabelecidos para vários meses; e assim por diante. O 36 princípio inerente ao processo de programação por ciclos é o da minimizaçãoda substituição dos equipamentos utilizados para a fabricação de um dado produto, por outros necessários à produção de outro item, do tempo de ajustamento das máquinas para a fabricação de um novo produto, e da perda de horas de trabalho em conseqüência da reaplicação da força de trabalho em outros serviços. Mormente, a programação por ciclos apresenta como vantagem a possibilidade de utilização integral da força de trabalho e do conjunto de equipamentos. A produção, segundo esse método, também pode ser realizada quando as vendas de um certo produto caem abaixo do nível previsto. Ao invés de se reduzir a produção, o gerente da fábrica eleva a quota de outros produtos, que se espera alcançarem o volume de vendas projetado. Suponhamos que em março, a produção do item 4 seja igual às vendas previstas para o período de abril a maio, e que as vendas desse produto, nesse período, fiquem muito aquém dos níveis esperados estando as vendas do item 5 acima de suas quotas. Caberia ao gerente da fábrica remover o item 4 para o mês de maio substituindo-o pelo item 5. Em essência, portanto, a programação da produção por ciclos objetiva proporcionar maior economia do emprego de mão-de-obra do que a obtida pelo método do nível mensal constante de produção. O presente método provocará, entretanto, uma elevação do estoque médio de bens finais, especialmente se a sua aplicação fôr feita em caso de ampla diversificação de produtos. 3.1.4. Lucro ou Liquidez? Ao preparar a programação da produção e escolher o método a ser empregado, o gerente de produção tem como objetivo minimizar os itens de custo sob seu controle imediato. Neste caso, trata-se de gastos em mão-de-obra, matérias-primas utilizadas no processo de fabricação, instalações, materiais auxiliares e possível emprego de 37 subprodutos. O gerente de produção considerará sua tarefa como bem desempenhada se conseguir reduzir os custos sobre os quais tem direto controle e autoridade. Até certo ponto, o administrador financeiro também participa da sua preocupação com a minimização do custo unitário de produção. Deixa de acompanhar o gerente de produção quando a política de minimização do custo de produção começa a ameaçar a liquidez da empresa. Em outras palavras, mesmo que a despesa de manutenção de um estoque excessivamente grande seja inferior às economias proporcionadas, por exemplo, pelo método de programação da produção em ciclos, poderá o administrador financeiro apresentar motivos válidos ao fazer objeções a essa política de produção. É perfeitamente concebível que o levantamento dos fundos necessários possa agir de forma adversa sobre o acesso da firma às fontes externas. Poderá ser forçado a ir até o limite máximo de sua capacidade de obtenção de empréstimos para conseguir o volume de recursos necessário. Neste caso, a empresa correrá o risco de um comportamento desfavorável imprevisto das vendas criar-lhe encargos muito pesados em relação à manutenção de um nível razoável de liquidez. 3.2. Causas Externas: Fornecedores Ao programar as necessidades de matérias-primas, peças e materiais auxiliares do departamento de produção, seu gerente poderá encontrar-se diante de um dilema. Poderá necessitar de X unidades de um certo item (por exemplo, rodas dentadas, engrenagens, prensas, armários etc.) de tamanho não padronizado, e portanto não mantido em estoque pelos fornecedores. Será, pois, necessário que sejam produzidos especificamente para atender às exigências da firma. Entretanto, o volume do produto X poderá ser muito pequeno para que um fornecedor o inclua em seu processo regular de produção. O preço 38 de lista do fornecedor baseia-se em uma encomenda equivalente, por exemplo, ao dobro das necessidades da empresa para os seis meses seguintes. Se a firma solicitar apenas X unidades, será obrigada a pagar um preço unitário de, digamos, 50 cents, comparados com 35 cents se a encomenda fosse duas vezes maior. Isto se deve ao fato de, em grande parte; os custos de fabricação desse item pelo fornecedor dependerem mais do tempo gasto para ajustamento das máquinas e dos equipamentos às especificações dos clientes, e do tempo necessário para posteriormente desfazer esta ajustagem especial, do que do número total de horas de uso efetivo das máquinas neste serviço particular. Em casos desta natureza é normalmente mais rentável fazer- se uma encomenda maior, por um preço unitário substancialmente inferior. Em conseqüência, verifica-se um significativo aumento dos estoques do item em questão. Em termos de recursos totais imobilizados em estoques, esta encomenda poderá ou não assumir alguma importância. Antes de mais nada, dependerá muito do número de itens sujeitos das diferenciais muito grandes de preço, em face das exigências mensais relativamente pequenas da empresa; em segundo lugar, dependerá também do valor monetário dessas compras em comparação com o volume total de compras do departamento de produção. 3.3. Causas Externas: Cíclicas A situação dos estoques de uma firma está sujeita à fortes influências do ciclo econômico. Isto é válido tanto para a fase de expansão, quanto a do declínio das atividades econômicas. Entretanto, essas duas fases envolvem comportamentos e efeitos distintos. 39 3.3.1. Expansão. Nas fases de recuperação e prosperidade do ciclo econômico, os estoques tendem a crescer mais rapidamente do que o volume de vendas. Este fato é denominado princípio de aceleração. Seu funcionamento será exemplificado, a seguir, para o caso de uma firma varejista. Esta firma havia adotado uma política de manutenção de estoques em níveis equivalentes às vendas de dois meses. Sua previsão de vendas mensais para março, abril e maio foi de $75.000. No fim de março, observou-se que as vendas haviam alcançado $80.000, refletindo um movimento cíclico ascensional. Para simplificar nossa análise, admitamos a inexistência de qualquer influência sazonal. O volume de vendas do mês de março reduziu os estoques de abril para $70.000 (estoque de $150.000, no início de março, menos as vendas de $80.000). No começo de abril, a firma deveria encomendar, portanto, $10.000 de mercadorias adicionais, para elevar os estoques de abril a $80.000, além de igual montante de mercadorias para o mês de maio visto esperar-se que as vendas desse mês também alcancem o volume do mês de março. Assim, o total de encomendas, no início de abril, seria de $90.000, em lugar de $75.000, quantidade a ser solicitada nesse mês, se não tivesse havido uma expansão em março. Assim sendo, o efeito líquido dessa expansão consiste, em aumentar 20% as compras para a constituição de estoques em abril — $90.000 ao invés de $75.000 — enquanto se espera que as vendas desse mês sejam 6 e 3/4% superiores à estimativa de $75.000, originalmente feita. Se as vendas do mês de abril também ultrapassarem a nova estimativa de $80.000, as encomendas feitas no início de maio deverão englobar: a) o volume mais alto de vendas de abril, mais b) o excedente das vendas de abril em relação à estimativa (modificada) para o período. À medida, em que, as vendas crescerem, as novas encomendas tenderão a aumentar ainda mais rapidamente. 40 A expansão das vendas também apresenta efeitos secundários. Em resposta às perspectivas mais favoráveis do mercado, o varejista tenderá a ampliar sua linha de mercadorias em uma ou mais das seguintes direções. Poderá lançar produtos, estabelecendo nova linha de preços. Em outraspalavras, substituirá sua atual linha de produtos na expectativa de aumentar a procura de produtos mais caros. Poderá, além disso, expandir os estoques dos produtos das diversas linhas de preço, objetivando oferecer aos seus clientes maior variedade de modelos, materiais, cores, ou quaisquer outras características especiais de suas mercadorias. Os comerciantes atacadistas e os fabricantes tendem a apresentar uma política de estoques semelhante à do comerciante varejista deste exemplo. Também nesses casos o volume de estoques tende a crescer mais rapidamente do que as vendas. 3.3.2. Contração. Uma política oposta é a adotada pelas empresas em período de redução das vendas, em decorrência de declínios cíclicos. Os estoques se reduzem, não apenas porque seu nível ao fim de um mês ou trimestre é superior ao originalmente planejado, mas, também porque a firma prevê uma redução adicional nas vendas. Além disso a empresa tende a diminuir o sortimento de produtos oferecidos e a variedade de linhas de preços. O efeito conseguido apresenta, portanto, dois aspectos. As reduções de encomendas para estoque são feitas mais rapidamente que o decréscimo das vendas. Além disso, a firma tende a reduzir seus estoques pela fixação de preços mais baixos. Na economia, como um todo, esta tendência reflete-se em uma liquidação generalizada de estoques. Trata-se de uma recessão induzida por estoques. Em 41 outras palavras, a acumulação acelerada de estoques na fase de prosperidade, passou a ser demasiada ao voltarem às vendas ao nível normal. Nesse momento, novas encomendas foram rapidamente diminuídas pelos varejistas, que procuravam liquidar seus estoques mediante reduções de preço. A queda do volume de novas encomendas pelos varejistas provocou uma reação em cadeia, que afetou os atacadistas, os produtores de bens finais e materiais auxiliares e ainda os de matérias-primas. 3.4. Outras Causas Como os estoques são acumulados e novamente encomendados na previsão de vendas futuras, seu volume é significativamente influenciado pelo período entre compras e vendas, denominado “lead time”. Em alguns casos pouco comuns, a firma consegue solicitar as mercadorias de que necessita e recebê-las em um ou dois dias. Nestas circunstâncias, não é necessário manter mais do que um estoque mínimo para atender às exigências imediatas de venda. 3.4.1. “Lead Time”. Normalmente, porém, a firma não consegue repor diariamente os estoques vendidos no dia anterior. Em primeiro lugar, porque não dispõe dos registros das operações ao fim de cada dia. Em segundo lugar, o próprio processo de preenchimento de formulários para encomendas consome algum tempo. Em terceiro lugar, a compra de quantidades relativamente pequenas, ditadas pelas necessidades diárias de produção, normalmente implicam um preço unitário mais elevado e custos de entrega desproporcionalmente altos. Por fim, o fornecedor pode insistir em: a) encomendas de tamanho mínimo e b) uma antecedência de alguns dias para poder atender o pedido de seu cliente. 42 A combinação desses diversos fatores dá origem ao que se chama “lead time” no processo de reposição de estoques. Esse período é determinado por: 1) o prazo mínimo exigido pelo fornecedor e 2) a política de renovação de pedidos da empresa compradora. Em certas ocasiões, os fornecedores podem ter um volume tão grande de encomendas, que se tornam impossibilitados de aceitar novos pedidos para entrega dentro do prazo habitual. A firma que deseja dispor de um certo volume de mercadorias em dado momento deve, portanto, fazer seu pedido antes da época normal. Ao mesmo tempo, também é provável que a firma deseje aumentar o volume de suas encomendas. Desta maneira, espera evitar o risco de os novos pedidos serem satisfeitos com atraso, em virtude do acúmulo de encomendas a serem atendidas pelos fornecedores. Por exemplo, um fabricante normalmente pode manter matérias-primas em quantidade suficiente para a produção de um mês. Se tiver razões para supor que seus fornecedores não consigam a continuidade desse fluxo, pelo motivo acima citado, deverá fazer uma encomenda proporcional ao volume de produção de dois ou três meses. Normalmente, um varejista pode fazer encomendas para atender metade de suas necessidades estacionais previstas. Suponhamos que julgue estar o fabricante totalmente ocupado até o início da temporada. É provável, então, que faça uma encomenda superior ao nível correspondente à metade da sua previsão de vendas. 3.4.2. Iminência de Greves O temor de uma greve na fábrica de um fornecedor poderá conduzir uma firma a acumular estoques superiores ao normal. O efeito imediato desta medida é a constituição de um estoque que, para uma pessoa estranha à empresa, poderá parecer exageradamente grande em relação ao volume de vendas. Mesmo que este aumento de estoques envolva grande drenagem de recursos financeiros da firma, além de despesas apreciáveis com armazenagem temporária, esses custos 43 especiais representam, basicamente, uma forma de prêmio de seguros. É o preço que a firma deverá pagar para garantir um satisfatório fornecimento de matérias-primas. 3.4.3. Aumentos de Preço A acumulação de estoques além do nível normal é um recurso comum de uma firma que prevê substancial elevação dos preços de lista de seu fornecedor, em um futuro próximo. Neste caso, o efeito sobre os lucros difere bastante do resultante de ameaça de greve. No caso anterior, o preço de venda da empresa pode não se alterar, mesmo que a fábrica de seu fornecedor deixe de funcionar em virtude de uma greve. Os custos adicionais decorrentes da acumulação excessiva de estoques acabarão reduzindo os lucros obtidos pelas vendas. Por outro lado, a acumulação de estoques decorrente da previsão de um aumento dos preços cobrados pelos fornecedores visa proporcionar maior lucro. A empresa espera fixar preços mais altos no futuro, baseada na elevação dos preços das matérias-primas e dos custos de mão-de-obra. Entretanto, como seus estoques foram adquiridos aos preços correntes, que são inferiores, seus lucros futuros serão ainda maiores, visto serem acrescidos da diferença entre o preço das matérias-primas e o custo de manutenção dos estoques durante esse período de tempo. 3.4.4. Um Modelo de Custo-Rendimento. Ao estimar as economias e os custos prováveis, respectivamente, resultantes de diferentes políticas alternativas de estoques, o administrador financeiro estabelece, em primeiro lugar, os custos do estoque mínimo exigido pela firma (EM = estoque mínimo). 44 Suponhamos que uma firma industrial necessite de um estoque de matérias-primas e produtos finais correspondentes a, pelo menos, um mês de vendas, para garantir o processo de produção e as entregas aos clientes. Todo estoque acima desse nível mínimo poderá, pois, ser considerado como estoque excedente (EE). O EE gera custos adicionais de financiamento, armazenagem, controle, seguros e impostos. Por outro lado, poderá criar oportunidades para a obtenção de um preço unitário de compra mais reduzido, produção mais eficiente, proteção contra ameaça de greve na fábrica de um fornecedor, aumentos de preços dos fornecedores, e assim por diante. Cada um desses motivos para a manutenção de estoque excedente envolve um elemento de custo e, também, de rendimento acima do EM. A Tab. 6.2 apresenta uma escala hipotética de custos e rendimentos parciais, relativa a três políticas alternativasde manutenção de estoques de matérias-primas. Estas alternativas, representando três possíveis escalas de compras, baseiam-se nas seguintes hipóteses: 1. Estoques necessários para os próximos seis meses: 300.000 unidades; de acordo com a escala do EM, na primeira coluna. 2. Preço corrente de lista do fornecedor: $1 por unidade. 3. Desconto por quantidade comprada, oferecido pelos fornecedores: Menos de 50.000 unidades: 0% De 50.000 a 74.999 unidades: 2% De 75.000 a 99.999 unidades: 3% Acima de 100.000 unidades: 4% 4. Despesas (armazenagem, seguros, juros de empréstimos): 3% ao mês. 5. Está programado para o quarto mês um aumento de 5% sobre o preço fixado pelo fornecedor; as encomendas recebidas para entrega no início do terceiro mês ainda serão cotadas ao preço corrente. 45 Como se observa na Tab. 6.2, uma programação de compras em um nível mensal constante de 50.000 unidades deverá elevar os custos dos estoques de $150 (rendimento líquido = $150), montante este superior ao obtido na programação baseada na previsão do volume de vendas. Este valor negativo de $150 poderá ou não ser mais do que contrabalançado pelo aumento da produtividade da mão-de-obra e/ou das máquinas, em decorrência do método de programação da produção a um nível mensal constante. Do mesmo modo, uma política de compras de 200.000 unidades no terceiro mês, tendo como objetivo evitar os problemas provocados pelo aumento iminente de preço no quarto mês, proporcionará poupanças no valor de $5.750 (ou seja, o desconto sobre o preço de lista), mais $7.750 (correspondentes ao diferencial do preço de compra). Estas poupanças totais de $13.500 serão, em parte, anuladas pelos custos de manutenção dos estoques, ou seja, $9.450, o que nos deixa um saldo líquido de $4.050. A este valor deverá ser acrescentado o ganho líquido resultante dos descontos obtidos nos dois primeiros meses, deduzindo-se os custos dos estoques, quer dizer, $650. Portanto, o ganho total líquido será de $4.700. 46 CONCLUSÃO Verificamos no presente trabalho que administrador financeiro deve esforçar-se no sentido de manter um equilíbrio entre a procura de bens vendidos a crédito e os recursos financeiros da empresa em um nível de vendas capaz de possibilitar a maximização dos lucros e minimização dos riscos assumidos em seus estoques. O administrador financeiro deverá, em primeiro lugar, analisar a procura de bens vendidos a prazo, de maior procura. E o nível de atividade financeira deverá ser examinado não deixando de lado possíveis variações estacionais. As condições de crédito dos concorrentes também deverão ser analisadas, por constituírem elementos importantes da procura dos produtos da empresa. Assim, os estoques e os valores a receber representam um ativo de enorme importância para o administrador financeiro. Os riscos financeiros de inadequados planejamento, administração e controle de estoques podem levar a prejuízos financeiros ainda maiores do que os resultantes de dívidas incobráveis. Um planejamento deficiente de estoques poderá, facilmente, acarretar prejuízos de 10% ou mais, em parte de seus estoques, mesmo em épocas favoráveis. O volume de estoques é função das vendas previstas. Assim sendo, o estabelecimento de adequados níveis de estoques baseia-se, freqüentemente, na precisão das previsões de vendas. Outros fatores, inclusive o dilema entre liquidez e rentabilidade, exercem influências sobre os níveis de estoques. Para que se proceda a uma análise realmente significativa, é necessário classificar os “estoques” em função de seus componentes, ou seja, matérias-primas, bens de processamento e produtos acabados. O conhecimento do método contábil de avaliação dos estoques é necessário ao administrador financeiro. Os fundos imobilizados em estoques apresentam o risco duplo de impossibilidade de realização das vendas previstas ou de obtenção do preço 47 de venda, anteriormente calculado. Portanto, o administrador financeiro deverá planejar cuidadosamente a política de estocagem de sua empresa. Uma política que estabeleça a manutenção de níveis de estoques superiores às necessidades futuras mais imediatas poderá ser conveniente por vários motivos, tais como, por exemplo, níveis mais econômicos de produção, receio de faltas de estoques, previsão de aumentos dos preços de. matérias-primas, “lead time”, ou iminência de greves. Diversas técnicas quantitativas podem auxiliar o administrador financeiro no planejamento dos níveis de estoques. Outros métodos de controle de estoques, como a análise das políticas relativas à armazenagem e transporte, poderão contribuir para a redução dos níveis de estoque da empresa. Tendo o administrador financeiro, esforçar-se para reduzir o volume de valores a receber, sem contudo, diminuir o potencial de vendas da empresa e a produção da rotação de estoque. Deverão ser exploradas algumas alternativas referentes à modificação do desconto oferecido, à prorrogação do prazo de validade do desconto, e à alteração da política de compras da firma. Analisando as taxas efetivas de juros e outras despesas, as possibilidades de obtenção do empréstimo, o montante disponível e a reputação da fonte fornecedora de recursos. Por fim, também poderão ser aplicadas na execução dessas tarefas, as técnicas de análise marginal dos custos, utilizados pelos economistas frente as outras empresas do mercado 48 BIBLIOGRAFIA BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de abastecimento: planejamento, organização e logística empresarial. 4. ed. 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