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Jurisdição e Competência
1- NOTAS INTRODUTÓRIAS
Antes de falar sobre o que seria a competência, indispensável tratar sobre os Mecanismos de solução dos conflitos, eis:
	1.1 - MECANISMOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS
AUTOTUTELA
Caracteriza-se pelo emprego de forças para a satisfação de interesses.
Ao menos em regra, não é admitida no nosso ordenamento, sob pena de incursão no crime do art. 345, CP. 
(Exercício arbitrário das próprias razões: Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.)
Excepcionalmente, porém, o próprio Estado autoriza a autotutela, a exemplo da legitima defesa e estado de necessidade, a prisão em flagrante.
AUTOCOMPOSIÇÃO
Caracteriza-se pela busca do consenso entre as partes.
No processo penal é possível cogitar a autocomposição? Doutrinadores mais antigos (ex: Alberto Silva Franco) entendem que não, já que o que estaria em jogo seria a liberdade de locomoção, bem indisponível. A CF, porém, prevê a transação penal no art. 98, I para as infrações de menor potencial ofensivo. A autocomposição, portanto, estaria permitida no Brasil para as infrações de menor potencial ofensivo.
JURISDIÇÃO
Deriva da fusão das palavras latim júris (direito) e dictio (dizer). É a função estatal de dizer o direito.
JURISDIÇÃO É UMA DAS FUNÇÕES DO ESTADO MEDIANTE A QUAL O ESTADO-JUIZ SE SUBSTITUI AOS TITULARES DOS INTERESSES EM CONFLITO PARA, DE MODO IMPARCIAL, APLICAR O DIREITO OBJETIVO AO CASO CONCRETO.
2) PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS DA COMPETENCIA 
2.1 Princípio do Juiz Natural
É o direito que todo cidadão tem de saber, previamente, por qual órgão jurisdicional será julgado caso venha a praticar um delito.
Pode ser extraído dos arts. 5º, XXXVII, CF (não haverá juízo ou Tribunal de Exceção – um Tribunal ou órgão jurisdicional criado após a prática do fato delituoso especificamente para julgá-lo) e art. 5º, LIII, CF (ninguém será processado ou sentenciado senão pela autoridade competente).
As justiças especializadas não são exemplos de Tribunais de exceção.
Desse princípio, de acordo com a doutrina, vão derivar três regras de proteção:
		- Só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela Constituição.
		- Ninguém pode ser julgado por órgão jurisdicional criado após a prática do fato delituoso.
		- Entre os juízos pré-constituídos, vigora uma ordem taxativa de competências, que impede qualquer discricionariedade na escolha do juiz.
Lei posterior que altera a competência tem aplicação imediata?
É uma lei de natureza processual, devendo ser aplicado, portanto, o critério constante no art. 2º do CPP – da aplicação imediata (tempus regit actum), salvo se já houver sentença relativa ao mérito, quando o processo deverá permanecer na Justiça originária.
	Ex: crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil. No ano de 1995 quem julgava era a Justiça Militar. Em 1996 entra em vigor a lei 9.299/96 (Lei Rambo) o crime passou para a competência da Justiça Comum (na 1ª instância o Tribunal do Júri). Caso já tenha tido sentença, o processo permanecerá na Justiça Militar; se não houver sentença, será remetido para o Tribunal de Justiça.
		Tráfico internacional de drogas em cidade que não seja sede de vara federal. Durante a vigência da lei 6368/76 (art. 27) a competência era do Juiz Estadual, com o recurso para o respectivo TRF. Após a revogação da Lei 6368/76, e a vigência da lei 11343/06, a competência será sempre da Justiça Federal (sub-seção judiciária a qual pertença o município). Art. 60, Lei 11343/06. 
 
Convocação de juízes de 1º grau para substituir desembargadores e violação ao princípio do Juiz Natural.
Existe previsão legal para essa convocação (art. 118 da LC 35/79 e art. 4º da Lei 9788/99).
Para a 3ª Seção do STJ é plenamente válido o julgamento feito por maioria de juízes convocados, desde que essa convocação não tenha sido feita por um sistema de voluntariado (STF HC 86889).
 
3) Competência
3.1 – CONCEITO - É a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão jurisdicional poderá aplicar o direito.
* Espécies:
	A) RATIONE MATERIAE – Em razão da matéria
		Fixada em virtude da natureza do delito.
	B) RATIONE PERSONAE (melhor seria Ratione Funcionae) – Em razão da pessoa
		Competência por prerrogativa de função
	C) RATIONE LOCI – Em razão do lugar
		Competência territorial
	D) COMPETÊNCIA FUNCIONAL
		É aquela fixada de acordo com a função que cada órgão jurisdicional exerce no processo
		São três espécies:
			d.1 - Por fase do processo
				A depender da fase em que o processo estiver, um órgão jurisdicional diferente exercerá a competência.
				Ex: procedimento bifásico do júri (1ª fase conhecida como judicium accusationes – juiz sumariante - e a 2ª fase conhecida como judicium causae – conselho de sentença).
			d.2 - Por objeto do juízo
				De acordo com a questão a ser decidida, a competência será de um órgão jurisdicional distinto.
				Ex: Tribunal do Júri. Os jurados decidem sobre a existência do crime e a autoria e o juiz presidente sobre as matérias de direito e fixação da pena.
			d.3 - Por grau de jurisdição
				Competência recursal
	Alguns doutrinadores dividem a competência entre
			- Competência funcional horizontal
				Os órgãos jurisdicionais estão no mesmo plano hierárquico
				Ex: por fase do processo, por objeto do juízo
			- Competência funcional vertical
				Os órgãos jurisdicionais estão em planos distintos
				Ex: por grau de jurisdição
4) Competência Absoluta e Relativa
	Competência Absoluta
	Competência Relativa
	- o que está sendo tutelado é o interesse público;
- é imodificável, improrrogável;
- qual será a consequência de uma incompetência absoluta? Prof. Ada defende que seria um ato inexistente. Renato ressalta, porém, que a conseqüência será uma nulidade absoluta (que so seria ato inexistente se a sentença fosse dada por um não juiz). A) Uma nulidade absoluta pode ser argüida a qualquer momento. OBS – Em se tratando de sentença condenatória ou absolutória imprópria a nulidade absoluta pode ser argüida mesmo após o transito em julgado, seja por meio de revisão criminal, seja por meio de habeas corpus. 
B) Em se tratando de nulidade absoluta, o prejuízo é presumido.
- pode ser declarada de ofício. Ate quando o juiz pode reconhecê-la de oficio? Enquanto o Magistrado exercer jurisdição no processo em face da gravidade do dano. 
- reconhecimento da incompetência pelo juízo ad quem. Ao juízo ad quem não é dado reconhecer de ofício incompetência absoluta nem relativa. Esse reconhecimento somente pode se dar nos casos de recurso de ofício ou quando a acusação (ou a defesa) devolver o conhecimento da matéria ao Tribunal. Em se tratando de recurso exclusivo da defesa, reconhecida a incompetência pelo Tribunal, não é possível que o novo juízo aplique pena mais grave, sob pena de violação ao princípio da non reformatio in pejus indireta. (STF RHC 72175 e STJ HC 105384)
- conseqüências da declaração de incompetência. Art. 567, CPP. A doutrina diz que reconhecida a incompetência absoluta, deve ocorrer a anulação dos atos decisórios e dos atos probatórios. A jurisprudência diz que somente os atos decisórios devem ser anulados. A partir do HC 83006, o Supremo passou a admitir a possibilidade de ratificação dos atos decisórios pelo juízo competente. OBS – A interrupção da prescrição só vai ocorrer quando se der a ratificação do recebimento da denúncia pelo juízo competente. 
 
- Reconhecida a incompetência o que fazer com a peça oferecida pelo promotor? De acordo com o Supremo, reconhecida a incompetência, não é necessário o oferecimento de nova peça acusatória pelo respectivo MP, bastando que haja a ratificaçãoda denuncia anteriormente oferecida (STF HC 70541). Em se tratando de órgãos do MP pertencentes ao mesmo MP e do mesmo grau funcional, nem sequer será necessária a ratificação da denúncia em virtude do princípio da unidade. Para o STJ, porém, não é possível a ratificação da peça acusatória sob pena de violação ao princípio do promotor natural (RHC 25236). 
- como a conexão e a continência são causas de modificação da competência, não poderão alterar regras de competência absoluta, as quais são imodificáveis.
- quais são as competências absolutas? A) A competência ratione materiae; B) A competência ratione funcionae C) A competência funcional. 
	- o que está sendo tutelado é o interesse preponderante das partes;
- é modificável, derrogável;
- conseqüência de uma incompetência relativa: produzir, no máximo, uma nulidade relativa. 
A) Deve ser argüida no momento oportuno, sob pena de preclusão. Em se tratando de incompetência relativa, esse momento é o da resposta à acusação (art. 396-A, CPP). 
B) Na nulidade relativa, o prejuízo deve ser comprovado.
- pode ser declarada de ofício.
(OBS – A súmula 33 do STJ não é aplicável no processo penal, apenas no processo civil). Até quando o juiz pode reconhecê-la de ofício? Com a inserção do princípio da identidade física do juiz no processo penal, o reconhecimento de ofício da incompetência relativa só pode ocorrer até o início da instrução probatória. 
- reconhecimento da incompetência pelo juízo ad quem. Ao juízo ad quem não é dado reconhecer de ofício incompetência absoluta nem relativa. Esse reconhecimento somente pode se dar nos casos de recurso de ofício ou quando a acusação (ou a defesa) devolver o conhecimento da matéria ao Tribunal. Em se tratando de recurso exclusivo da defesa, reconhecida a incompetência pelo Tribunal, não é possível que o novo juízo aplique pena mais grave, sob pena de violação ao princípio da non reformatio in pejus indireta (STF RHC 72175 e STJ HC 105384).
- conseqüências da declaração de incompetência. A doutrina entende que em se tratando de incompetência relativa, somente deverão ser anulados os atos decisórios. A jurisprudência pensa da mesma forma. Renato ressalta que é necessário verificar como a jurisprudência e doutrina vão se manifestar em face do principio da identidade física do juiz. Como aproveitar um ato probatório praticado perante um juiz incompetente? 
- Reconhecida a incompetência o que fazer com a peça oferecida pelo promotor? De acordo com o Supremo, reconhecida a incompetência, não é necessário o oferecimento de nova peça acusatória pelo respectivo MP, bastando que haja a ratificação da denuncia anteriormente oferecida (STF HC 70541). Em se tratando de órgãos do MP pertencentes ao mesmo MP e do mesmo grau funcional, nem sequer será necessária a ratificação da denúncia em virtude do princípio da unidade. Para o STJ, porém, não é possível a ratificação da peça acusatória sob pena de violação ao princípio do promotor natural (RHC 25236).
- a conexão e a continência devem incidir nos casos de competência relativa.
- quais são as competências relativas? A) competência territorial; B) competência por prevenção (Súmula 706, STF); C) competência por distribuição; D) conexão e continência 
5) Guia de Fixação de Competência
A doutrina traz um roteiro para fixação da competência 
A) Competência de justiça
	Qual é a justiça competente? 
B) Competência originária
O acusado tem foro por prerrogativa de função? 
C) Competência de foro ou territorial
Qual é a comarca competente? 
D) Competência de juízo
Qual é a vara competente?
 
Competência interna ou de juiz
Qual é o juiz competente? 
Competência recursal
Para onde vai o recurso?
6) CONFLITO DE COMPETÊNCIA
Apesar da lei processual penal falar em conflito de jurisdição trata-se em verdade de conflito de competência, pois aquela é indivisível e não tem como conflitar.
OBS1: O PROJETO DO CPP EM BOA HORA VEM CORRIGIR O EQUÍVOCO!!!!
6.1 – Base legislativa e nomenclatura:
DO CONFLITO DE JURISDIÇÃO
Art. 113. As questões atinentes à competência resolver-se-ão não só pela exceção própria, como também pelo conflito positivo ou negativo de jurisdição.
Art. 114. Haverá conflito de jurisdição:
I - quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes, ou incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso;
II - quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos.
Art. 115. O conflito poderá ser suscitado:
I - pela parte interessada;
II - pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer dos juízos em dissídio;
III - por qualquer dos juízes ou tribunais em causa.
Art. 116. Os juízes e tribunais, sob a forma de representação, e a parte interessada, sob a de requerimento, darão parte escrita e circunstanciada do conflito, perante o tribunal competente, expondo os fundamentos e juntando os documentos comprobatórios.
§ 1o Quando negativo o conflito, os juízes e tribunais poderão suscitá-lo nos próprios autos do processo.
§ 2o Distribuído o feito, se o conflito for positivo, o relator poderá determinar imediatamente que se suspenda o andamento do processo.
§ 3o Expedida ou não a ordem de suspensão, o relator requisitará informações às autoridades em conflito, remetendo-lhes cópia do requerimento ou representação.
§ 4o As informações serão prestadas no prazo marcado pelo relator.
§ 5o Recebidas as informações, e depois de ouvido o procurador-geral, o conflito será decidido na primeira sessão, salvo se a instrução do feito depender de diligência.
§ 6o Proferida a decisão, as cópias necessárias serão remetidas, para a sua execução, às autoridades contra as quais tiver sido levantado o conflito ou que o houverem suscitado.
Art. 117. O Supremo Tribunal Federal, mediante avocatória, restabelecerá a sua jurisdição, sempre que exercida por qualquer dos juízes ou tribunais inferiores.
6.2 - Conceito - O referido conflito diz respeito ao “instrumento que visa ao controle da competência dos órgãos jurisdicionais para a prática de atos no processo” resolvendo controvérsia estabelecida por manifestações de diferentes órgãos no sentido de ser competente ou de não ter competência para processar e julgar o feito.
6.3 - Hipóteses legais: segundo o artigo 114 do CPP haverá conflito de competência quando “ quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes, ou incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso” ou “quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos.”
Art. 114. Haverá conflito de jurisdição:
I - quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes, ou incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso;
II - quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos.
OBS: É SE HOUVER O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA: segundo o entendimento sumulado do STJ (ver súmula 59 do STJ) não caberá o conflito após o trânsito em julgado.
6.4 – Quem poderá suscitar: segundo o artigo 115 do CPP o conflito de competência poderá ser iniciado por pela parte interessada; pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer dos juízos em dissídio e por qualquer dos juízes ou tribunais em causa.
Art. 115. O conflito poderá ser suscitado:
I - pela parte interessada;
II - pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer dos juízos em dissídio;
III - por qualquer dos juízes ou tribunais em causa.
6.4 – PRESSUPOSTOS PARA EXISTÊNCIA DE CONFLITO DE COMPETÊNCIA:
ONDE HOUVER HIERARQUIA JURISDICIONAL, NÃO HAVERÁ CONFLITO DE COMPETÊNCIA: o STF não pode figurar em nenhum conflito de competência, pois está hierarquicamente superior a todos os tribunais!!! A mesma coisa p o STJ e um tribunal a ele subordinado.... etccc
DEVE-SE BUSCAR UM ÓRGÃO JURISDICIONAL HIERARQUICAMENTE SUPERIOR PARA PROCESSAR EJULGAR O CONFLITO
6.5 – COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR O CONFLITO:
COMPETE AO STF processar e julgar conflito entre o STJ e tribunais superiores; TB julgará conflito entre outros tribunais superiores;
COMPETE AO STJ processar e julgar conflito entre tribunais de justiça a ele subordinados tais como entre o TJ dos Estados, entre o TJ e o TRF etcc, ressalvada a competência do STF; entre juízes sujeitos a tribunais diversos
COMPETE AOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS processar e julgar conflito entre os juízes federais a ele vinculados e entre juízes federais e estaduais com competência federal (art. 108, II, “e” da CF)
COMPETE AOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA processar e julgar conflito entre os juízes de direito a ele vinculados; 
OBS: se os juízes estiverem vinculados a tribunais diversos caberá ao STJ
OBS: SEGUNDO A SÚMULA 555 DO STF CABERÁ AO TJ O JULGAMENTO DE CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE JUIZ DE DIREITO E A JUSTIÇA MILITAR LOCAL, SALVO NOS ESTADOS QUE POSSEM TRIBUNAL MILITAR, HIPÓTESE EM QUE CABERÁ AO STJ, POIS SÃO JUIZES LIGADOS A TRIBUANAIS DIVERSOS. 
OBS2:
7) COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
Para proceder à distribuição interna da competência criminal pelos diversos órgão jurisdicionais, surge a indagação prévia acerca da possibilidade de o poder jurisdicional brasileiro ser, ou não, competente para o exame da pretensão punitiva.
A competência internacional busca compreender se o justiça brasileira possui jurisdição para dirimir determinado crime, o que exige a análise do PRINCIPIO DA TERRITORIALIDADE:
Por este principio, aplica-se a lei penal brasileira aos fatos puníveis praticados no território nacional, independentemente da nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico lesado.
O principio da territorialidade é a principal forma de delimitação do âmbito de vigência da lei penal no espaço e tem como fundamento a soberania do Estado.
 
O Código Penal adota este principio como regra, ainda que em alguns momentos atenue e admita a aplicação de outros princípios, regras e convenções internacionais.
Vejamos o que diz o art. 5º, caput, do CP:
“Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil
Cabe ressaltar, porém, que o CP adotou o principio da territorialidade de forma moderada ou temperada, já que permite a aplicação de tratados e convenções internacionais no Brasil.
PRINCIPIO REAL, DE DEFESA OU DE PROTEÇÃO (DIZ RESPEITO Á APLICAÇÃO A LEI PENAL FORA DAS FRONTEIRAS NACIONAIS):
Esse principio permite a extensão da jurisdição penal do Estado titular do bem jurídico lesado, para além dos seus limites territoriais, fundamentado na nacionalidade do bem jurídico lesado, independente do local em que o crime foi praticado ou da nacionalidade do agente infrator. 
Protege-se, assim, determinados bens jurídicos que o Estado considera importante e fundamentais.
Encontramos a adoção deste principio no art. 7º, I do CP:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil
	
Neste caso o agente será punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. (alguns chamam de extraterritorialidade incondicionada, dado que não precisa da reunião de nenhum requisito para aplicação da lei penal brasileira)
OBS FACULTATIVO: Genocídio, segundo o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, diz respeito ao ato criminoso que busca destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, ético, racial ou religioso.
 
PRINCIPIO DA NACIONALIDADE OU DA PERSONALIDADE (DIZ RESPEITO Á APLICAÇÃO A LEI PENAL FORA DAS FRONTEIRAS NACIONAIS):
Por este principio, aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente, pouco importando o local em que o crime foi praticado.
Neste contexto, a lei penal brasileira será aplicada de acordo com a nacionalidade do sujeito envolvido no crime, podendo ser:
Em razão da personalidade ativa ou nacionalidade ativa – caso em que se considera somente a nacionalidade do autor do delito. No CP temos sua adoção no art. 7, II, b do CP:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável
OBS: Alguns chamam de extraterritorialidade condicionada, dado que precisa da reunião de alguns requisitos para aplicação da lei penal brasileira.
Em razão da personalidade passiva ou nacionalidade passiva – caso em que se considera somente a nacionalidade da vítima do delito. No CP temos sua adoção no art. 7, §3º do CP:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
OBS: Alguns chamam de extraterritorialidade condicionada, dado que precisa da reunião de alguns requisitos para aplicação da lei penal brasileira.
PRINCIPIO DA UNIVERSALIDADE OU COSMOPOLITA (DIZ RESPEITO Á APLICAÇÃO A LEI PENAL FORA DAS FRONTEIRAS NACIONAIS):
Por esse principio, as leis penais devem ser aplicadas a todos os homens, onde quer que se encontrem. Esse principio é característico da cooperação penal internacional, porque permite a punição, por todos os Estados, de todos os crimes objeto de tratado ou convenção internacionais.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
II - os crimes: 
que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
8) Justiças com competência criminal:
Justiças Especiais1 – Justiça Militar
2 – Justiça Eleitoral
3 – Justiça do Trabalho
4 – Justiça Política/ extraordinária
			
 b) Justiça Comum
				1 – Justiça Federal
				2 – Justiça Estadual (competência residual)
7) Justiça Militar
OBS – Dica: leis novas não alteram o código penal militar. Assim, os crimes previstos em lei especial geralmente não estão previstos no CPM, razão pela qual não são crimes militares. ex: Crime de pedofilia pela internet praticado por militar em serviço – não é crime militar, razão pela qual deve ser julgado pela Justiça Comum; abuso de autoridade praticado por militar em serviço – não é crime militar, razão pela qual deve ser julgado pela Justiça Comum; porte ilegal de arma de fogo praticado por militar em serviço não é crime militar, razão pela qual deve ser julgado pela Justiça Comum.
* Atenção para a súmula 75 do STJ!!! A súmula diz que compete à Justiça comum estadual processar o policial militar que promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal. Se o estabelecimento penal for de natureza comum, a competência será da Justiça comum estadual; se o estabelecimento penal for de natureza militar, o crime será considerado militar (art. 178, CPM), logo, de competência da Justiça Militar.
E se o crime militar for conexo com um crime comum? Haverá dois crimes conexos: o abandono de posto (que é crime militar) e o crime comum. Havendo conexão entre crime comum e crime militar, deverá haver a separação dos processos (Súmula de nº 90 do STJ). 
	Justiça Militar da União
	Justiça Militar dos Estados
	 EC 45/04
- crimes militares (Código Penal Militar)
- tem competência cível? Não, só julga crimes.
- quem pode figurar como acusado? Qualquer pessoa, seja ela militar, seja ela civil (ex: estelionato nas hipóteses de falecimento do pensionista).
Para a Justiça Militar da União militar é o militar da ativa das forças armadas (exercito, marinha e aeronáutica). O que seria militar da ativa? O militar incorporado às forças armadas, esteja ele em serviço ou não (Lei 6880, art. 3º, § 1º, “a”).
Para a Justiça Militar da União, civis são os civis propriamente ditos, os militares da reserva e reformados das forças armadas, e os militares estaduais. 
- a competência é fixada com base apenas no critério ratione materiae (na verdade, a única coisa que atrai a competência da Justiça Militar da União é a prática de crimes militares) 
- julga tanto os crimes propriamente militares quanto os crimes impropriamente militares. 
A prisão em crimes propriamente militares independe de prévia autorização judicial. 
Crimes propriamente militares são aqueles que só podem ser praticados por militar, sendo identificado por dois elementos: a qualidade de militar do agente e a natureza funcional de sua conduta. Ex: deserção; pederastia ou outro ato de libidinagem.
Para a doutrina, o civil não pode praticar crime propriamente militar. Em um julgado (HC 81438), o STF entendeu que, como a condição de militar é uma elementar do crime propriamente militar, comunica-se ao civil se praticar o delito em coautoria com o militar. Em provas, seguir a posição da doutrina, já que esse julgado é um posicionamento isolado.
Crime impropriamente militar: apesar de comum em sua natureza, cuja prática é possível a qualquer cidadão, passa a ser considerado militar porque praticado em uma das condições do art. 9º do CPM. 
- qual é o órgão jurisdicional na Justiça Militar? Sempre um Conselho de Justiça composto por cinco pessoas: quatro Oficiais, sempre de posto superior ao acusado, e um Juiz-Auditor. Na Justiça Militar da União, todos os crimes militares são julgados pelo Conselho.
- quem faz as vezes de Tribunal de Apelação (quem é o juízo ad quem)? O STM. NA Justiça militar não há tribunais intermediários.
	
- crimes militares (Código Penal Militar)
- tem competência cível? Possui competência para julgar ações judiciais contra atos disciplinares militares (passou a ter essa competência a partir da EC 45). 
Quem julga uma ação de improbidade administrativa contra um PM? A Justiça Comum. 
- quem pode figurar como acusado? Só militares dos Estados (PM, Corpo de Bombeiro e Polícia Rodoviária Estadual).
Se um crime for praticado em coautoria por um PM e um civil, haverá separação de processos: o crime militar praticado pelo PM será julgado pela JME; o crime comum praticado pelo civil será julgado pela justiça comum. (Súmula 53 do STJ)
Essa condição de militar estadual deve ser analisada quando? À época do delito 
E se o crime militar do PM for praticado em outro estado da federação? Ex: crime militar praticado por um PM integrante da Força Nacional de Segurança (composta por várias corporações estaduais). Ainda que o crime militar praticado pelo PM seja praticado em outro estado, permanece a competência da Justiça Militar do seu estado (Súmula 78 STJ).
- a competência é fixada tanto em razão da matéria (ratione materiae) quanto em razão da pessoa (ratione personae).
- julga tanto os crimes propriamente militares quanto os crimes impropriamente militares.
A prisão em crimes propriamente militares independe de prévia autorização judicial. 
Crimes propriamente militares são aqueles que só podem ser praticados por militar, sendo identificado por dois elementos: a qualidade de militar do agente e a natureza funcional de sua conduta. Ex: deserção; pederastia ou outro ato de libidinagem
Para a doutrina, o civil não pode praticar crime propriamente militar. Em um julgado (HC 81438), o STF entendeu que, como a condição de militar é uma elementar do crime propriamente militar, comunica-se ao civil se praticar o delito em coautoria com o militar. Em provas, seguir a posição da doutrina, já que esse julgado é um posicionamento isolado.
- qual é o órgão jurisdicional na Justiça Militar? Dois são os órgãos jurisdicionais: a) Juiz de direito do juízo militar: julga, singularmente, as ações judiciais contra atos disciplinares militares e os crimes militares cometidos contra civis; b) Conselho de Justiça: julga os demais crimes militares.
- quem faz as vezes de Tribunal de Apelação (quem é o juízo ad quem)? Vai depender do Estado. No Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo existe um Tribunal de Justiça Militar. Nos Estados que não possuem TJM, quem julga é o próprio Tribunal de Justiça. 
Quem julga conflito de competência entre um juiz estadual e um juiz de direito do juízo militar? Se esse conflito se der no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo, competência do STJ; se o conflito se der nos demais estados, competência do próprio Tribunal de Justiça. 
OBS – Crime praticado por militar fora do serviço com arma da corporação. Quem julga? Antes da lei 9299, era crime militar; com a citada lei, tornou-se crime comum (Súmula 47 do STJ esta ultrapassada). 
OBS 2 – Crime de homicídio doloso praticado por militar em serviço contra civil: com a lei 9299, passou a ser crime comum da competência do júri.
OBS 3 – Se os jurados desclassificarem de homicídio doloso para culposo, a competência não será do juiz presidente, mas sim da Justiça Militar.
OBS 4 – Se um militar, querendo atingir outro militar, por erro na execução atinge um civil, a competência será do Tribunal do Júri, pois a competência é fixada com base nos dados objetivos, e não em virtude da intenção do agente. (STJ CC 27368)
8) Competência criminal da Justiça Eleitoral
Julgamento dos crimes eleitorais (art. 121, CF). A definição de crimes eleitorais se dará através de lei ordinária, a lei complementar exigida pelo mencionado artigo se refere à competência e organização dos Tribunais.
São crimes eleitorais aqueles previstos no código eleitoral e os que a lei eventual e expressamente defina como eleitorais. 
O homicídio, mesmo que praticado em época eleitoral, não é crime eleitoral por não estar previsto no código eleitoral.E se o crime eleitoral for conexo a um crime comum, quem julga? Ex: art. 299, CE (corrupção eleitoral) em conexão a um desacato. E se a pessoa desacatada for um policial militar federal? 
Dica: quando se falar em conexão, o ideal é questionar se a competência para julgar um dos delitos esta prevista na Constituição Federal. Na hipótese, a competência militar esta prevista na CF.
Havendo conexão entre um crime comum de competência da justiça estadual e um crime eleitoral, a justiça eleitoral exerce força atrativa (CPP art. 78, IV). Porém, se essa conexão ocorrer com um crime federal ou militar, deverá haver a separação dos processos, na medida em que tais competências estão previstas na Constituição Federal.
E se a conexão envolver um crime eleitoral e um crime doloso contra a vida? Nesse caso, deve haver a separação dos processos (uma vez que separando os processos haverá o respeito às duas competências previstas na Constituição Federal).
9) Competência Criminal da Justiça do Trabalho 
Art. 114, CF. A partir da EC 45, passou a se prever que a Justiça do Trabalho julgará habeas corpus quando o ato questionado envolver matéria sujeita à jurisdição trabalhista. O melhor exemplo era uma prisão do depositário infiel, como a prisão de depositário infiel 
A Justiça do Trabalho pode julgar crimes? Um crime contra a organização do trabalho ou envolvendo relação de emprego pode ser julgado pela Justiça do Trabalho? Atenção para a ADI 3684: para o STF, a EC 45 não atribuiu competência tribunal genérica à justiça do trabalho. 
10) Justiça Política ou Jurisdição Extraordinária
Conceito: Corresponde à atividade jurisdicional exercida por órgãos políticos, alheios ao Poder Judiciário, cujo objetivo é o afastamento do agente público que comete crimes de responsabilidade. 
Ex: Competência atribuída ao senado no art. 52, I e II, CF. 
A doutrina diz que crime de responsabilidade pode ser de duas espécies:
		- Em sentido amplo: são aqueles cuja qualidade de funcionário público funciona como elementar do delito. São os chamados crimes funcionais. Ex: peculato, corrupção passiva, prevaricação, concussão, etc. Na constituição esses crimes são chamados de crimes comuns. 
		- Em sentido estrito: são aqueles que somente determinados agentes políticos podem praticar. Não tem natureza jurídica de infração penal, mas sim de infração político-administrativa. Ex: No caso do presidente, previstos na lei 1079/50 e no art. 85, CF. 
Quando a CF diz que cabe ao senado julgar crime de responsabilidade, qual é a espécie desse crime? É em sentido amplo ou em sentido estrito? A expressão, nesse caso, é utilizada em sentido estrito, ou seja, é uma infração político-administrativa.
11) Competência criminal da Justiça Federal
11.1 – Atribuições investigatórias da polícia federal
As atribuições investigatórias da polícia federal são mais amplas que a competência criminal da Justiça Federal (vide Lei 10446/02), ou seja, a policia federal pode investigar o crime e não julgá-lo.
11.2 – Análise do art. 109, IV, CF
a) Crimes Políticos
O que se deve entender por crime político? Aqueles previstos na Lei 7170/83. 
Para que se possa falar que o crime político esteja preenchido, é indispensável que o delito venha a ser praticado com motivação política. 
* O artigo 30 da Lei 7170/83 (que estabelecia a competência da Justiça militar para julgar crimes políticos) não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Tal fato se dá em face da intenção da CF/88, Constituição Cidadão de romper com os resquícios do período militar.
Quem julga recurso contra sentença referente a crime político prolatada por Juiz Federal? Contra sentença proferida por Juiz Federal em relação a crimes políticos, caberá recurso ordinário constitucional para o STF (art. 102, II, “b”, CF). Nesse caso, é possível o reexame da matéria de fato e de direito pelo STF (o ROC, nesse caso, é como se fosse uma apelação). 
b) Crimes praticados contra a União, autarquias federais e empresas públicas federais
Quando a CF se refere à União, se refere somente à Administração Publica Direta.
Autarquias Federais. Ex: INSS, Banco Central do Brasil, IBAMA e DENIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
OBS – Para que a competência seja da Justiça Federal, é indispensável que haja prejuízo direito a bens, serviços ou interesse da União, autarquias federais ou empresas públicas federais. Súmula 107, STJ.
Empresas Públicas Federais. Ex: Caixa Econômica Federal, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), EBCT (Correios).
Questões de prova:
- Crimes contra os correios. Quem julga? Questionar quem realmente foi a vitima do delito. Se o crime foi praticado contra uma franquia dos correios, a competência será da Justiça Estadual; se o crime foi praticado contra a própria EBCT, a competência será da Justiça Federal.
- Crime praticado contra casa lotérica. Quem julga? A casa lotérica é uma permissionária de serviço público federal. Nesse caso, é como se o crime tivesse sido praticado contra um particular, razão pela qual a competência será da Justiça Estadual. 
- Fraude praticada pela internet. Qual o crime? É estelionato ou furto qualificado pela fraude? Pode ser qualquer um dos dois. Em um exemplo de compra de pacote de turismo pela internet, por exemplo, haverá um estelionato uma vez que a própria vitima depositará o dinheiro em conta indicada. Em exemplo de compra efetuada na internet na qual a fraude é utilizada por transferência eletrônica, haverá furto qualificado pela fraude. Para os Tribunais, como a fraude é usada para burlar o sistema de vigilância do Banco, que suportará o prejuízo é a instituição financeira. Logo, se o Banco for a Caixa Econômica Federal, a competência será da Justiça Federal. A competência territorial, para a jurisprudência, será do local onde mantida a conta-corrente. 
- Desvio de verbas pelo FUNDEF. Quem julga? A Justiça Federal em razão do interesse institucional.
c) Crimes contra Fundações Públicas Federais
A doutrina entende que essa Fundação Publica Federal funciona como uma espécie do gênero autarquia, razão pela qual será de competência da Justiça Federal.
Ex: FUNASA (Fundação Nacional de Saúde).
d) Crime praticado contra entidade de fiscalização profissional
CREA, CRM, CRO.
A natureza jurídica desses conselhos variou com o tempo, atualmente são espécies de autarquias e, portanto, eventuais crimes contra elas praticados será da competência da Justiça Federal. 
 → Crime praticado contra a OAB
Quem julga? 
ADI 3026. Chegou ao STF discutindo qual seria a natureza jurídica da OAB. O STF entendeu que a OAB seria um serviço publico independente, uma categoria impar, não estando inserida na categoria das autarquias especiais. 
Para fins de competência penal, porém, mesmo após essa ADI, não houve qualquer modificação. Crime praticado contra a OAB, portanto, continua sendo julgado pela Justiça Federal.
e) Crime contra sociedade de economia mista e permissionárias e concessionárias de serviço público federal
Ex: Banco do Brasil e Petrobrás
Art. 109, IV, CF menciona apenas União, entidades autárquicas ou empresas públicas. Como não constam no mencionado artigo, a competência será da Justiça Estadual.
Sumula 42 STJ – compete à Justiça Estadual processar e julgar crimes praticados em detrimento de sociedade de economia mista.
No caso de crime praticado contra permissionárias e concessionárias? Ex: crime de dano contra um telefone publico pertencente contra a telefônica. Quem julga? A Justiça Estadual. 
Ex: Crime de concussão praticado por médico de hospital privado credenciado ao SUS. Quem julga? A Justiça Estadual porque não haveria o interesse direto da União, autarquia federal ou empresa publica federal
f) Crimes contra bens, serviço ou interesse da União, autarquias federais ou empresas públicas federais
Dois tripés para a caracterização da competência da JustiçaFederal:
 			Bens União
Serviço Autarquia Federais
Interesses Empresas Públicas Federais
Por bens, deve-se entender o respectivo patrimônio das entidades. 
Art. 20, CC, estabelece quais os bens da União. 
Ex baseado em julgados: 
 - Bens pertencentes ao presidente da República. Quem julga? Se o bem não é da União, mas do presidente da República, a competência será da Justiça Estadual.
 - Crime praticado contra consulado estrangeiro. Quem julga? Justiça Estadual. O consulado estrangeiro nada mais é do que uma representação de um estado estrangeiro dentro do território brasileiro.
 				- Crime praticado contra bem tombado. Quem julga? É necessário questionar quem tombou o bem. Se o bem foi tombado pelo patrimônio histórico e artístico nacional (IPHAN), há o interesse da União, razão pela qual a competência será da Justiça Federal; se o bem foi tombado por um Estado membro ou município, a competência será da Justiça Estadual.
 - Desvio de verbas federais. Quem julga? Se a verba estiver sujeita à prestação de contas perante órgão federal (geralmente o TCU), a competência será da Justiça Federal; se a verba estiver incorporada ao patrimônio municipal, a competência será da Justiça Estadual. Súmula 208 (OBS – Compete à Justiça Federal julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeito a prestação de contas perante órgão federal. O julgamento do prefeito será realizado pelo Tribunal Regional Federal)e 209 (O julgamento do prefeito será realizado perante o Tribunal de Justiça) do STJ. 
Serviços: a expressão serviços esta relacionada a finalidade das entidades já citadas. Deve-se questionar, portanto, qual é a finalidade desses bens.
Ex:
 			- a quem compete no Brasil explorar o serviço de telecomunicações? À União (art. 21, XI, CF)
 			- quem julga a radio pirata (delito é conhecido como desenvolvimento clandestino de telecomunicações e está previsto no art. 183 da Lei 9472/97). Como compete à União explorar os serviços de telecomunicações e já que esse crime atenta contra os serviços de telecomunicações, a competência será da Justiça Federal.
 			- recepção clandestina de sinal de televisão a cabo ou internet (considerado pelos Tribunais como furto de energia). Quem julgará? Não é um crime contra as telecomunicações, mas contra a pessoa jurídica privada, razão pela qual será da competência da Justiça Estadual.
 - crimes cometidos em programa de televisão. Quem julga? A Justiça Estadual.
Interesse: para que a competência seja da Justiça Federal, o interesse deve ser específico e direto; se o interesse for genérico ou remoto, a competência será da Justiça Estadual.
Ex:
 				- crime de contrabando (importar ou exportar mercadoria proibida. Ex: maquina de caça níqueis) ou descaminho (iludir no todo ou em parte o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria). Art. 334, CP. Quem julga? Justiça Federal. A competência no contrabando ou descaminho é do juízo federal do local da apreensão dos bens (teoricamente deveria ser do local de entrada da mercadoria, porém, tal fato traria diversos problemas, sobretudo em relação ao acumulo de processos). Súmula 151, STJ.
 				- crime de remoção de tecidos e órgãos. Art. 14 e art. 15 da Lei 9434/97. Quem julga? Para o STJ, o simples fato de o Ministério da Saúde exercer as funções de órgão central do Sistema Nacional de Transplante, não atrai a competência da Justiça Federal. A Justiça Estadual, portanto, julgará esse delito.
 			
 	- crime de moeda falsa. Quem julga? Quem emite moeda é a União, a falsificação de moeda, portanto, atenta contra o interesse da União, e a competência será da Justiça Federal. Porém, se a falsificação for grosseira, não há crime contra a fé publica; se essa falsificação for idônea a enganar alguém, subsiste o crime de estelionato, de competência da Justiça Estadual. Súmula 73 STJ.
 				- crimes previstos no Estatuto do Desarmamento. Quem julga? A lei 1826/03, em seu art. 1º criou o Sinarm (Sistema Nacional de Armas), órgão dentro da polícia federal, com competência estabelecida no art. 2º. Crimes previstos no estatuto do desarmamento são de competência da Justiça Estadual, mesmo que a arma de fogo seja de uso restrito das forças armadas. Nesses crimes o bem protegido é a incolumidade pública. 
OBS – O delito de trafico internacional de armas é da competência da Justiça Federal. 
- Ex: pessoa portando uma arma calibre 38 na rua. Ao analisar a arma, percebe-se que a mesma encontra-se com numeração, através da qual é possível afirmar que decorre de uma Instituição. Quais crimes cometeu e quem julgara? Comete delito de porte ilegal de arma e receptação
 				Se a arma for do exercito, o porte ilegal será julgado pela Justiça Estadual (uma vez que o bem violado é a incolumidade publica) e a receptação será julgada pela Justiça Militar da União.
				Se a arma pertencer à PM, o porte ilegal de arma de fogo será julgado pela justiça estadual e a receptação será julgada pela Justiça Estadual (uma vez que a justiça estadual militar não julga civil).
				Se a arma pertencer a um policial civil, o porte ilegal de arma de fogo será julgado pela justiça estadual e a receptação também. 
				Se a arma pertencer a um policial federal, o porte ilegal de arma de fogo será julgado pela Justiça Estadual (uma vez que o bem violado é a incolumidade publica) e a receptação será julgada pela Justiça Federal (já que é bem da União). Há, porém, conexão. Havendo conexão entre crime federal e crime estadual, prevalece a competência da Justiça Federal (Sumula 122, STJ), razão pela qual os delitos serão reunidos e julgados pela Justiça Federal. 
 
g) Crime contra a Justiça do Trabalho, Justiça Militar da União e Justiça Eleitoral
São consideradas “Justiças da União”, razão pela qual a competência será da Justiça Federal.
Ex: 
 		- Falso testemunho cometido no processo trabalhista (Súmula 175, STJ). Quem julga? A Justiça Federal
 		- Crime praticado contra juiz estadual no exercício de funções eleitorais. Quem julga? Justiça Federal, já que representa a Justiça Federal.
h) Crime praticado contra funcionário público federal
Quando o crime for cometido em razão do exercício da função, há interesse da União e, portanto, a competência será da Justiça Federal.
Propter officium – nexo funcional
Ex: 
- Fiscais do Ministério do Trabalho assassinados no exercício de suas funções
Súmula 147, STJ
Sumula 98, TFR
E se o crime for praticado contra um funcionário público federal aposentado? Quem julga? O STJ apreciou um caso semelhante e entendeu que, uma vez aposentado o funcionário, não há interesse da União, sendo, portanto, competente a Justiça Estadual.
Crime praticado contra dirigente sindical. Quem julga? O dirigente sindical não é funcionário público federal, razão pela qual, a competência será da Justiça Estadual.
Crime praticado contra servidor do TJDFT. Quem julga? O TJDFT é mantido pela União, porém, crimes cometidos contra seus servidores são de competência da Justiça Comum do Distrito Federal.
 
i) Crime praticado por Funcionário Público Federal
Deve-se buscar a existência de um nexo funcional. Caso exista esse nexo funcional, a competência será da Justiça Federal.
Súmula 254, TFR.
Ex: Delegado Federal que assassinou outro delegado federal, corregedor.
Quem julga o delito de tráfico de influência se a vantagem exigida for supostamente para um funcionário federal? O crime de tráfico de influência será julgado pela Justiça Federal sempre que o funcionário público objeto da suposta influência for federal. 
Quem julga militar das forças armadas que pratica abuso de autoridade? Como é crime comum, não pode ser julgado pela Justiça Militar. Porém, como é militar das forças armadas, será considerado funcionário federal, razão pela qual a competência será da Justiça Federal.j) Crimes contra o meio ambiente
Súmula 91, STJ – compete à Justiça Estadual processar e julgar os crimes contra a fauna. Foi criada porque durante um bom tempo entendia-se que a fauna era um bem da União, razão pela qual, o crime seria de competência da Justiça Federal. A partir do ano de 2000, porém, o STJ entendeu que não havia razão alguma o crime contra a fauna ser julgado na Justiça Federal, já que é um bem comum e não bem da União, vindo, portanto, a CANCELAR A MENCIONADA SÚMULA.
Atualmente, crimes ambientais, em regra, são julgados pela Justiça Estadual, salvo se praticados em detrimento de bens, serviços ou interesse da União, suas autarquias e empresas públicas.
Ex: 
- pesca do camarão no período de defeso no mar territorial. Quem julga? Mar territorial é um bem da União (art. 20, CF), razão pela qual crime ambiental praticado no mar territorial será de competência da União.
- crime de pesca proibida praticada em rio que faz a divisa entre dois estados. Rio que banha mais de um Estado é considerado bem da União, razão pela qual a competência será da Justiça Federal.
- crime de extração ilegal de recursos minerais praticado em propriedade particular. Quem julga? Art. 25, IX – recursos minerais, inclusive do subsolo, são bens da União, razão pela qual será competência da Justiça Federal.
- manutenção em cativeiro de animais da Fauna Exótica sem nenhuma marcação e em desacordo com instrução normativa do IBAMA, a quem compete autorizar o ingresso e posse desses animais no país. Quem julga? Os Tribunais entendem que, nesse caso, como é o IBAMA que é responsável pela concessão da autorização para posse desses animais em cativeiro, o STJ entende que há interesse da União, razão pela qual a competência será da Justiça Federal.
- crimes ambientais relacionados a organismos geneticamente modificados (IMP). O STJ apreciou um caso ligado à plantação de soja transgênica em desacordo com legislação vigente e entendeu que a competência é da Justiça Federal pela possibilidade de o dano abranger vários estados da federação.
- crime ambiental praticado na floresta amazônica ou mata atlântica (IMP). Quem julga? Art. 225, § 4º Floresta amazônica, mata atlântica, serra do mar, pantanal matogrossense e zona costeira são patrimônios nacionais. Ocorre que patrimônio nacional pertence a todo o Estado Brasileiro e não à União em si, razão pela qual a competência será da Justiça Estadual. RE 349189, STF; CC 99294, STJ 
k) Crimes contra a fé pública
Regras:
1) Em se tratando de crimes de falsificação, a competência será determinada em virtude do órgão responsável pela confecção do documento. 
Ex: 
- quem emite moeda no Brasil? A União (Casa da Moeda), razão pela qual quem julgará o crime de moeda falsa será a União.
- falsificação de CPF. Quem julga? Quem emite o CPF é a Secretaria da Receita Federal, órgão da União, razão pela qual a competência será da Justiça Federal.
- falsificação de Carteira Nacional de Habilitação. Quem julga? Quem emite a CNH é o DETRAN, órgão estadual, razão pela qual a competência será da Justiça Estadual.
- falsificação de carteira de habilitação de Arrais-amador (IMP). Quem julga? Carteira de Arrais-amador é a carteira para pilotar pequenas embarcações (ex: lanchas). Quem emite é a marinha do Brasil através da capitania dos portos. De acordo com o STJ, em julgados antigos, esse crime deveria ser julgado pela Justiça Militar da União, já que há interesse da Marinha. Para o STF, porém, em julgados posteriores ao do STJ, a competência será da Justiça Comum Federal, entendendo que, nesse caso, estaria em jogo a fiscalização naval, de interesse da União.
2) Em se tratando de uso de documento falso, por terceiro que não tenha sido responsável pela falsificação do documento, a competência será determinada em virtude da pessoa física ou jurídica prejudicada pelo uso, pouco importando a natureza do documento.
Ex:
- compra e uso de CPF falso. Se o prejudicado pelo uso do documento for uma pessoa jurídica de direito privado, a competência será da Justiça Estadual.
3) Em se tratando de falsificação ou uso de documento falso cometidos como meio para a prática de estelionato, a competência será determinada em virtude do sujeito passivo do crime patrimonial.
Súmula 17, STJ, quando o falso funciona como meio para o crime fim, o crime meio é absolvido pelo crime fim. É o principio da consunção.
4) Súmulas relacionadas com o tema
Súmula 31, TFR. – compete à justiça estadual julgar falsificação e uso de certificado de conclusão de 1º e 2º graus, desde que não se refira a estabelecimento federal de ensino ou a falsidade não seja de assinatura de funcionário federal.
Ex: falsificação de diploma de faculdade particular. Diploma de curso superior, mesmo que particular, possui no verso assinatura de um funcionário do MEC, razão pela qual a competência, na hipótese de falsificação, será da Justiça Federal.
Súmula 104, STJ – compete à justiça estadual julgar crimes de falsificação e uso de documento relativo a estabelecimento particular de ensino.
Súmula 62, STJ (IMP!!!) – compete à justiça estadual julgar o crime de falsa anotação na carteira de trabalho atribuído a empresa privada. Essa súmula, porém, é uma súmula antiga e, após a sua edição, foi colocado no Código Penal o artigo 297, § 3º, II, que estabelece que naquelas penas incorre quem insere ou faz inserir na carteira de trabalho declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita. A criação desse delito, portanto, acaba a razão de ser da súmula mencionada. Se a falsa anotação na carteira de trabalho tiver sido produzida com o objetivo de gerar efeitos perante a previdência social, competência da Justiça Federal (STJ CC 58443); caso contrário, competência da Justiça Estadual. 
l)Execução Penal
- se condenado pela Justiça Federal
- se condenado pela Justiça Eleitoral
Quem é o juízo das execuções? 
Súmula 192, STJ.- Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual.
O Juízo das execuções, portanto, será determinado em virtude da natureza do estabelecimento prisional.
Atualmente, com a criação dos presídios federais, está acontecendo o contrário do estabelecido na súmula, os presos estaduais estão cumprindo pena em juízos federais. Nesse caso, quem será o juízo da execução?
Lei 11671/ , estabelece em seu art. 4º que a execução penal da pena, no período em que durar a transferência, ficara a cargo do juízo federal competente.
m) Contravenções Penais e Atos Infracionais
São julgados pela Justiça Estadual, mesmo que praticados contra a União e ainda que cometidos em conexão com crime federal.
Súmula 38, STJ.
*Atenção!!!! Cancelamento da súmula 348 STJ (Conflito entre Juiz Federal e Juizado Federal). Diante do julgamento do Supremo no RE 590409, o STJ editou nova súmula, a de nº 428 – “Compete ao TRF decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária”.
11.3 – Análise do art. 109, V, CF
Para a competência ser da Justiça Federal é necessário a existência de dois requisitos obrigatórios:
- Crime previsto em tratado ou convenção internacional;
- Internacionalidade territorial do resultado relativamente à conduta delituosa
Não basta apenas que o crime esteja previsto em tratado ou convenção internacional.
Ex: 
11.3.1 - Tráfico Internacional de Drogas
Julgado pela Justiça Federal uma vez que preenchidos os dois requisitos acima mencionados. 
Súmula 522, STF 
- É preciso que a droga saia do Brasil para que ocorra o trafico internacional? Não. O tráfico internacional pressupõe o intuito de transferência da droga envolvendo mais de um país, não sendo obrigatória a efetiva ocorrência do resultado.
- O simples fato de a cocaína ter sido provavelmente adquirida na Bolívia, não atrai a competênciada Justiça Federal sob o argumento de que o Brasil não produz tal droga. 
- A prisão de determinada pessoa em cidade próxima a fronteira não permite concluir, por si só, pela competência da Justiça Federal.
- Para que se possa falar em trafico internacional, é indispensável que a droga apreendida no Brasil também seja considerada ilícita no país de origem. 
- Crime de trafico internacional de drogas cometido por militares em avião da Força Aérea Brasileira. Quem julga? Art. 109, IV, CF – ressalva a competência da Justiça Militar; Art. 109, IX, CF – ressalva a competência da Justiça Militar. O art. 109, V, CF, porém, não faz ressalva à competência da Justiça Militar, razão pela qual o STF entendeu que a competência será da Justiça Federal.
* Desclassificação de tráfico internacional para tráfico domestico
Diante da desclassificação realizada pelo Juiz Federal, será necessária a remessa do processo à Justiça Estadual ou ele mesmo poderá julgá-lo? Há divergência:
Para os TRF’s, se o Juiz Federal entender que se trata de tráfico interno de drogas, mesmo assim, continuará competente, aplicando-se o artigo 81 do CPP (Perpetuação da competência).
Para o STJ e para o STF, a partir do momento em que o juiz federal decide que não é tráfico internacional, está reconhecendo sua incompetência absoluta, devendo remeter o processo à Justiça Estadual. 
 
11.3.2 – Rol exemplificativo de aplicação do artigo 109, V, CF
a) tráfico internacional de armas
Art. 18, Lei 10826/03
b) tráfico internacional de pessoas
Art. 231, CP.
Abrange homens, mulheres e crianças.
c) transferência ilegal de criança ou adolescente para o exterior
Art. 239, ECA
d) pedofilia por meio da internet (IMP!!!)
Art. 241-A, ECA
Em 2008, o delito abrange, também, quem armazena as fotos e não apenas quem envia as fotos.
Quem julga? Depende do caso concreto. 
Será de competência da Justiça Federal quando evidenciado que o acesso ao material de pornografia ocorreu além das fronteiras nacionais. 
Quanto à competência territorial, entendem os Tribunais que a consumação do delito ocorre no local de onde emanaram as imagens, pouco importando a localização do provedor. 
11.4 – Incidente de deslocamento da competência
IDC.
Foi criado a partir da EC 45/04.
Crime que estava sendo investigado ou julgado pela Justiça Estadual e que passa a ser deslocado para a Justiça Federal.
Quais os requisitos para que o deslocamento ocorra?
a) Crime praticado com grave violação aos direitos humanos
Requisito criticado por ser altamente incerto
		b) Risco de descumprimento de tratados internacionais firmados pelo Brasil em virtude da inércia do Estado-membro em proceder à persecução penal.
			Ex: STJ IDC 01 (assassinato da irmã Dorothy) – o STJ entendeu que, no caso concreto, não estaria preenchido o segundo requisito, uma vez que não teria ocorrido inércia do Estado do Pará na persecução penal.
	Quem possui legitimidade para requerer o IDC? O Procurador Geral da República.
Quem julga o IDC? A competência para julgar o IDC é do STJ.
	
11.5 – Análise do artigo 109, VI, CF
	11.5.1 – Crimes contra a organização do trabalho
	Compete à Justiça Federal
	Onde estão previstos esses delitos no código penal? Artigos 197 a 207.
	Crimes contra a organização do trabalho somente serão julgados pela Justiça Federal quando violados direitos dos trabalhadores considerados coletivamente.
	Súmula 115, TFR.
	* Crime de redução à condição análoga à de escravo
 	Art. 149, CP
	Quem julga? Para o STF, esse delito atinge de maneira coletiva os direitos dos trabalhadores, portanto, deve ser julgado pela Justiça Federal (RE 398041; RE 541627).
	Atenção para o RE 459510!!!! O STF voltou a discutir sobre o tema. O Min Cesar Peluso manifestou-se sobre a competência da Justiça Estadual.
	11.5.2 – Crimes contra o Sistema Financeiro e a Ordem Econômico-Financeira
		Não são todos os crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira que são de competência da Justiça Federal, mas, apenas, nos casos determinados em lei.
		Ex:
		- Lei 7492/86 – Lei que cria os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Competência da Justiça Federal (art. 26).
		- Lei 4595/64: diante do silêncio da lei, competência da Justiça Estadual
		- Lei 1521/51 – Lei que define os crimes contra a economia popular. Diante do silêncio da lei, competência da Justiça Estadual. Súmula 498, STF. 
		- Lei 8176/91 – Traz o delito de adulteração de combustíveis. Diante do silêncio da lei, competência da Justiça Estadual, pouco importando a fiscalização desempenhada pela Agencia Nacional do Petróleo.
		- Lei 8137/90 
			1) Crimes contra a ordem tributária: a competência será determinada em virtude da natureza do tributo.
			2) Crime de formação de cartel: em regra, a competência será da Justiça Estadual. Para o STJ, se houver a possibilidade de o delito abranger vários estados da Federação ou prejudicar o fornecimento de serviços essenciais, a competência será da Justiça Federal. Ex: cartel de fornecimento de gás ou gasolina
		- Lei 9613/98 – Lei de Lavagem de Capitais. Em regra, a competência será da Justiça Estadual. Será de competência da Justiça Federal nas seguintes hipóteses:
			1) Quando praticado contra bem, serviço ou interesse da União.
			2) Quando o crime antecedente for de competência da Justiça Federal.
	11.6 – Análise do art. 109, IX, CF
	Crimes cometidos a bordo de navios, aeronaves. Ressalvada, em ambos os casos, a competência da Justiça Militar.
	O que é navio? Apenas a embarcação apta para a navegação em alto mar. 
	O que é aeronave? É todo aparelho manobrável em vôo que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas. 
	A aeronave deve estar voando ou ela pode estar em terra? Para os Tribunais, pouco importa se a aeronave está em terra ou se está voando. Mesmo que a aeronave estiver em solo, o crime será de competência da Justiça Federal.
	11.7 – Crimes envolvendo direitos indígenas
	Art. 109, XI, CF – Compete à Justiça Federal processar e julgar a disputa sobre direitos indígenas.
	Crime praticado por ou contra índio é julgado pela Justiça Estadual, salvo se o delito envolver direitos indígenas.
	O art. 231, CF estabelece o que seriam direitos indígenas.
	Súmula 140, STJ.
	* Genocídio contra índios
		Quem julga? Em regra, genocídio contra índios deve ser julgado por um juiz singular federal. Afinal, não se trata de crime doloso contra a vida, mas, sim, de crime contra a existência de grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Porém, se praticado mediante morte de membros do grupo, o agente responderá pelos crimes de homicídio e pelo delito de genocídio, não sendo possível a aplicação do princípio da consunção. Nesse caso, os homicídios serão julgados por um Tribunal do Júri Federal, que exercerá força atrativa em relação ao crime conexo de genocídio (RE 351487). 
Aula 23/04
12 – Competência por prerrogativa de função
Fixada em virtude da relevância das funções desempenhadas por certo agente.
Ver quadro sinóptico competência por prerrogativa de função no material de apoio.
12.1 – Regras básicas
	a) Duplo grau de jurisdição
		Acusados com foro por prerrogativa de função não tem direito ao duplo grau de jurisdição, ai entendido como a possibilidade de reexame integral da sentença de 1º grau por um órgão jurisdiciona diverso e de hierarquia superior.
		RHC 79785.
		LFG entende que pelo fato de a Convenção Americana de Direitos Humanos assegurar o duplo grau, mesmo nesses casos, o duplo grau deveria ser respeitado. 
b) Infração penal praticada antes do exercício funcional 
	Caso o agente tenha cometido um delito antes do exercício funcional, a competência será automaticamente alterada a partir do momento em que ocorrer o inicio do exercício funcional (regra da atualidade do mandadoou cargo).
	Os atos processuais praticados antes do exercício funcional são considerados válidos (tempus regit actum).
	Se o acusado tiver sido diplomado como deputado federal após ter sido condenado em primeira instância, condenação da qual tenha apelado, caberá ao Supremo o julgamento da respectiva apelação (AP 428 STF – Informativo 510 STF).
	Cessado o exercício funcional, ainda que por ato voluntário do agente, e caso o julgamento ainda não tenha sido iniciado pelo respectivo Tribunal, cessa o direito ao foro por prerrogativa de função (AP 333, STF). Se o Julgamento já começou, porém, vai terminar lá. 
c) Crime cometido durante o exercício funcional.
	Inicialmente, prevalecia o entendimento da Súmula 394, STF: ainda que cessada a função, subsistia a competência do Tribunal se o crime tivesse sido cometido durante o exercício funcional (aplica-se a regra da contemporaneidade do cargo).
	Sumula 394 foi cancelada. Inquérito 687 STF.
	Em virtude do cancelamento da Sumula 394, entra em vigor a Lei 10628/02, que acrescenta os §§ 1º e 2º ao artigo 84 do CPP, com o claro objetivo de ressuscitar a referida súmula.
	ADI 2797 (decidida em 2006): foi declarada a inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º do artigo 84, sob o fundamento de que ao legislador ordinário não é dado fazer interpretação autêntica da Constituição, atentando contra a taxatividade constitucional das competências do Supremo. 
	Atenção para a PEC 358-A/2005!!! Tramitando no Congresso Nacional e, dentre varias alterações na Constituição, uma delas é a prerrogativa de função.
d) Crime cometido após o exercício funcional
	Não tem direito a foro por prerrogativa de função.
	Sumula 451, STF.
e) Local da Infração
	Nos casos de foro por prerrogativa de função, pouco importa o local onde o delito foi cometido, recaindo a competência sobre o Tribunal ao qual se encontra vinculada a autoridade.
	Membros do MPU (MPM, MPF, MPT, MPDFT) que atuam na 1ª instancia são julgados pelo respectivo Tribunal Regional Federal, salvo em relação a crimes eleitorais, quando serão julgados pelo TRE.
	Procurador Regional Federal é julgado onde? Será julgado pelo STJ.
f) Crime doloso contra a vida
	Se o foro por prerrogativa de função estiver previsto na Constituição Federal, deve prevalecer sobre a competência do júri (Deputado Federal); se o foro estiver previsto exclusivamente na Constituição Estadual, prevalece a competência do Tribunal do Júri.
	Sumula 721, STF.
	Ex: Deputado Estadual: 
		Tem foro por prerrogativa de função? Sim, é julgado por seu TJ.
		Onde está previsto o foro por prerrogativa de função? Na Constituição Federal ou somente nas constituições estaduais? Duas correntes:
		1) Sustentada entre outros por Pacelli e por Capez. Para eles, o foro por prerrogativa de função dos deputados estaduais está previsto na Constituição Federal (artigo 27, § 1º, CF). Portanto, será julgado pelo TJ.
		2) Sustentada por Nucci e Aury Lopes. Entende que o foro do deputado estadual está previsto exclusivamente nas constituições estaduais. Portanto, seria julgado pelo Tribunal do Júri.
		Não há posição prevalente.
g) Hipóteses de co-autoria
	Se um crime for praticado em co-autoria com titular de foro por prerrogativa de função, prevalece a competência do Tribunal para julgar ambos os acusados, salvo se o delito praticado for um crime doloso contra a vida, quando deverá haver a separação obrigatória dos processos.
	Súmula 704, STF
	Questão de prova: Essa reunião dos processos prevista na súmula acima poderá ocorrer, mas não é obrigatória
	E se a co-autoria for entre um Promotor e um Desembargador, por exemplo? O STF entendeu que prevalece a competência do Tribunal de maior graduação (HC 91437). 
h) Constituições Estaduais e Principio da Simetria
	Considerando que os Estados não podem legislar sobre direito penal ou processual penal, as constituições estaduais só podem atribuir aos seus agentes políticos as mesmas prerrogativas que a Constituição Federal concede às autoridades que lhes sejam correspondentes. 
	Apesar do principio da simetria, constituições estaduais têm atribuído foro a Procuradores do Estado, Defensores Públicos, etc.
	Para o STF (ADI 2587) é constitucional o foro previsto em Constituições Estaduais de Procuradores do Estado e Defensores Públicos.
	Leis Orgânicas dos Municípios não podem criar foro por prerrogativa de função.
i) Exceção da Verdade
	Artigo 85, CPP.
	Se o querelante for titular de foro por prerrogativa de função, ao respectivo Tribunal caberá o julgamento da exceção da verdade. Nesse caso, cabe ao Juiz de 1ª instância admitir a exceção e fazer a instrução.
12. 2 – Casuística
	* Ver quadro de competência no material de apoio 
	Prefeitos. Quem julga?
	- se praticar crimes comuns será julgado pelo TJ (inclusive o crime doloso contra a vida – uma vez que sua competência esta estabelecida na Constituição Federal);
	- se praticar um crime federal, será julgado pelo TRF;
	- se praticar um crime eleitoral, é julgado pelo TRE. 
	- se praticar um crime militar, será julgado pelo STM;
	- se praticar um crime de responsabilidade será julgado pela Câmara Municipal.
	Juiz aposentado compulsoriamente não tem direito ao foro por prerrogativa de função.
	E o Juiz convocado para substituir desembargadores? Continua sendo julgado pelo TJ.
	
	Senadores.
	O suplente de senador tem foro por prerrogativa de função? Tem mera expectativa de direito; enquanto suplente não tem direito ao foro por prerrogativa de função.
	Vereadores
	Não são dotados de foro por prerrogativa de função, salvo se a Constituição Estadual assim o previr.
	Ex: Rio de Janeiro
13 – Competência territorial
	13.1 – Regra Geral
	A competência territorial, em regra, é determinada pelo local da consumação do delito.
	Nos casos de tentativa, a competência será determinada pelo local do ultimo ato de execução.
	Artigo 70, CPP.
	Motivos da mencionada regra: colheita de provas e por razões de política criminal.
	13.2 – Casuística 
		a) Crimes formais
			Vai se consumar independentemente da produção do resultado.
			Ex: extorsão através de ligação telefônica saída de penitenciária. 
	
		b) Crimes plurilocais
			São aqueles em que a conduta e o resultado ocorrem em lugares distintos, porém, ambos dentro do território nacional.
			Ex: homicídio. Na cidade de lagoa santa, Belo Horizonte, houve disparos de armas de fogo contra uma pessoa. Essa pessoa é transportada para Belo Horizonte, onde vem a óbito. Nesse caso, a jurisprudência ignora a regra do artigo 70, entendendo que o ideal é que o delito seja julgado no local da conduta, independentemente do resultado.
			Para a jurisprudência, prevalece, nesse caso, a competência territorial do local da conduta, pouco importando a regra do artigo 70 do CPP.
		c) Crimes à distancia ou de espaço máximo
			São as infrações penais em que a ação e omissão ocorrem no território nacional e o resultado no estrangeiro, ou vice-versa.
			Artigo 6º, CP – adota a teoria da ubiqüidade.
			A competência territorial é do local onde foi praticado o último ato de execução ou do local onde foi produzido o resultado.
			Artigo 70, §§ 1º e 2º, CPP.
		d) Crimes praticados no estrangeiro
			Atentar para os casos de extraterritorialidade da lei brasileira – artigo 7º, CP.
			Quanto à competência de justiça, será da Justiça Estadual, salvo se presente uma das hipóteses do artigo 109, CF. Quanto à competência territorial, aplica-se o artigo 88, CPP. 
		e) Crimes cometidos a bordo de embarcações ou aeronaves
			Vide artigo 89, CPP. 
			Local de onde tiver partido a embarcação ou aeronave ou local de pouso. 
		f) Crime de fraude no pagamento por meio de cheque
			Artigo 171, § 2º, VI, CP.
			De quem é a competência? Do local onde o cheque foi passado ou o local onde fica a agencia? O delito se consuma quando aagencia bancaria recusa o pagamento.
			A competência territorial é do local onde se dá a recusa do pagamento, ou seja, no local onde fica a agencia bancária.
			Súmula 521, STF.
			Súmula 244, STJ.
			*Não confundir com Crime de estelionato mediante falsificação de cheque – há a falsificação da própria cártula. Nesse caso, o delito praticado é o do artigo 171, caput, CP. A competência territorial será do local da obtenção da vantagem ilícita.
			Súmula 48, STJ.
		g) Falso testemunho cometido em carta precatória
			A competência territorial será do Juízo deprecado. 
			A analise preliminar desse delito (identificar se houve falso testemunho) deve ser feita pelo juízo deprecante, pois é ele que é capaz de aferir num primeiro momento se houve falso testemunho.
	13.3 – Competência territorial pelo domicilio do Réu
			- Quando não for possível estabelecer o local da consumação
			- Nos casos de exclusiva ação penal privada, o querelante pode optar pelo foro do domicilio do Réu, ainda que conhecido o local da consumação (Foro de Eleição). Artigo 73, CPP.
14 – Conexão e continência
		São causas modificativas da competência.
		
		14.1 - Efeitos: 
1) Processo e julgamento único. (Simultaneus Processus)
2) Um juízo exercerá força atrativa em relação ao outro. Essa força atrativa está regulada pelos art. 78 e 79 do CPP.
no concurso entre um crime da competência comum e a do júri, prepondera a do júri
No local onde ocorrer o delito mais grave
se forem da mesma gravidade, onde ocorrer o maior número de infrações.
Se houver concurso de jurisdições de diferente, preponderará a de maior grau.
No concurso de justiça comum e especial, prevalecerá esta última.
O juízo com força atrativa deve avocar o processo que corra perante outros juízos, sendo que essa avocatória só poderá ocorrer enquanto não houver sentença definitiva. Por sentença definitiva compreende-se a decisão de primeira instância (S. 235/STJ).
14.2 - Espécies de conexão
a) Conexão intersubjetiva- obrigatoriamente envolve várias pessoas e vários crimes.
a.1) Por simultaneidade: Duas ou mais infrações praticadas ao mesmo tempo por diversas pessoas ocasionalmente reunidas.
a.2) Por concurso: Duas ou mais infrações cometidas por várias pessoas em concursos, ainda que em tempo e local diversos.
a.3) Por reciprocidade: Duas ou mais infrações cometidas por várias pessoas umas contra as outras. Atenção: A rixa é um crime único, logo não se enquadra nesta hipótese.
b) Conexão objetiva, lógica ou material
Quando uma infração for praticada para facilitar, ocultar, assegurar a impunidade ou vantagem em relação a outro delito.
c) Conexão probatória ou instrumental
Quando a prova de uma infração influenciar na prova de outra. Ex.: receptação e crime antecedente ou lavagem de capitais e crime antecedente.
14.3 - Espécies de continência
a) Continência por cumulação subjetiva: ocorre quando duas ou mais pessoas são acusadas pela mesma infração penal. se diferencia da conexão intersubjetiva, pois enquanto naquele há apenas uma infração, neste há mais de uma infração.
b) Continência por cumulação objetiva: ocorre nas hipóteses de concurso formal de crimes, aberratio ictus e aberratio criminis

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