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PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 1 Psicopatologia na Aprendizagem PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 2 Psicopatologia na Aprendizagem Concepções de aprendizagem Para tratarmos da psicopatologia da aprendizagem é necessário, primeiramente, abordarmos as diferentes concepções de dificuldade de aprendizagem ao longo do tempo. De acordo com Baptista (2008, p. 175-176), a história da educação daqueles que apresentavam alguma diferença: “Conta-se com seis palavras: exclusão, segregação, institucionalização, normalização, integração e inclusão. Numa análise global desse campo lexical e do universo semântico, cada um desses termos é menos chocante que o anterior e deixa a impressão de que o superou. Mas diríamos que as palavras mudam mais do que as práticas, ou mesmo que a mudança dos significados é bem mais lenta que a dos significantes”. Como podemos ver, a exclusão das pessoas que apresentavam diferenças era uma prática legitimada pelo modelo médico. Não havia sequer qualquer diferenciação entre dificuldade de aprendizagem e déficit cognitivo. Ao longo do tempo, as formas de diagnosticar foram mudando e, com elas, também as práticas de inserção das pessoas com necessidades especiais. Os métodos quantitativos de avaliação da inteligência deram lugar aos métodos qualitativos, ou seja, a mensuração da capacidade intelectual a partir do quociente ou coeficiente de inteligência deu lugar à avaliação dos níveis de suporte que uma pessoa precisa para estar incluída em sua comunidade. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 3 Esta visão mais qualitativa de avaliação da inteligência lançou luz sobre a importância das atividades lúdicas na primeira infância. A ausência de situações de brincadeira no desenvolvimento inicial causa prejuízos na esfera cognitiva difíceis de serem revertidos. O exemplo do menino selvagem mostra que ele não desenvolveu linguagem oral, somente pôde se tornar um pouco sociável, depois de tanto tempo apartado do seu grupo, devido aos esforços de um professor em humanizá-lo, oferecendo-lhe alguns suportes necessários. O que aconteceu com o menino foi o que podemos chamar de uma deficiência intelectual circunstancial ou contextual, devido à privação aguda de cuidados e de uma língua. Se ele não tivesse sido estimulado, provavelmente teria sido mantido no asilo para loucos, onde não teria desenvolvido aprendizagem alguma. Há, portanto, dois grandes grupos de problemas de aprendizagem: aqueles orgânicos/constitucionais – ou estruturais – e aqueles circunstanciais – ou contextuais. Se um ambiente hostil é capaz de produzir uma dificuldade de aprendizagem, podemos considerar como verdadeiro também que este mesmo ambiente é capaz de minimizá- la ou mesmo superá-la. Desta forma, e de acordo com Fonseca (2009, p. 132), um ambiente facilitador para a aprendizagem é aquele que: 1) Promove perguntas capazes de ajudar a criança a focar a sua atenção nos seus próprios processos de pensamento e encorajam-nas a “ocuparem-se em ‘pequenas conversas’ similares com elas próprias”. Exemplo: “Como podemos encontrar uma solução para este problema? O que devemos fazer primeiro? Como você descobriu isso?”. 2) Promove atividades que exijam que conceitos, princípios e estratégias que são aplicados aos contextos mais habituais sejam aplicados em uma variedade de situações. Ao ensinar aos alunos da Educação Infantil os conceitos de muito e pouco a partir de materiais concretos, a professora poderá fazer perguntas sobre quantidades no momento em que estiverem no refeitório, por exemplo. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 4 3) Promove provocações ou solicita justificações. Um ambiente facilitador para a aprendizagem deve ser capaz de comparar respostas corretas com incorretas. Exemplo: “Como é que você sabe que esta deveria ser a resposta correta? Porque esta é melhor resposta do que qualquer outra?”. 4) Ensina regras. Compreender regras permite a generalização e a transferência dos conhecimentos aprendidos para outras situações similares. Os alunos devem ser constantemente solicitados a generalizar. Exemplo: “Se os pássaros vermelhos têm penas, os pássaros azuis têm penas (...) os pardais têm penas, você consegue pensar em uma regra para os pássaros?”. (FONSECA, 2007, p. 135) 5) Enfatiza a ordem, a previsibilidade, a sistematização, a sequenciação e o uso de estratégias. O mediador (professor ou qualquer pessoa que conduza um processo de aprendizagem) deve levar o aluno a observar que os acontecimentos do mundo estão normalmente ordenados em sistemas. Exemplo: inicialmente, para os pequenos da Educação Infantil, os movimentos da Terra podem ser ensinados a partir das evidências de dia e noite; posteriormente, pode-se apresentar os conceitos de translação e rotação e, num momento, adiante ensinar as ideias de latitude e longitude. Desta forma, devemos levar em consideração que crianças e jovens com problemas de aprendizagem são mais capazes de raciocínio lógico do que pensamos, já que, como vimos anteriormente, possuem inteligência para se beneficiar das intervenções e mediações. Adaptações Curriculares Interferências no processo de aprendizagem, consideradas aqui “mediatizações”, podem ser realizadas tanto em uma relação diádica – isto é, que envolvam um adulto e uma criança –, quanto podem ser realizadas em grupos – ou seja, em ambientes PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 5 formais, como a escola. Neste contexto, as mediatizações são denominadas “adaptações curriculares”. As adaptações curriculares podem ser entendidas como um conjunto de modificações que se realizam nos objetivos, conteúdos, critérios e procedimentos de avaliação, atividades e metodologia. (BRASIL, 1999) Elas também podem ser de grande porte ou significativas e de pequeno porte ou não significativas. Apesar da terminologia adotada oficialmente, as adaptações de pequeno porte ou não significativas são aquelas que realmente fazem a diferença na prática pedagógica. É a partir da existência de adaptações de pequeno porte que identificamos se uma escola é verdadeiramente inclusiva. Para você refletir melhor sobre este tema, imagine uma escola que receba um aluno com uma dificuldade específica de leitura e escrita – como é o caso da dislexia –, ou seja, a escola garante a matrícula e o acesso, insere este aluno no ano de escolaridade referente ao seu grupo de origem, de acordo com a idade cronológica, incentiva a participação do aluno nos diversos momentos pedagógicos, mas não elabora adaptações curriculares que respeitem as particularidades trazidas pela dificuldade que ele apresenta. O aluno, então, não terá disponíveis os materiais adaptados que permitem que os procedimentos didáticos e as avaliações sejam realizados de forma justa. No que se refere à questão da avaliação escolar, que é normalmente burocrática e normativa, devemos prestar especial atenção. Se não houver uma avaliação condizente com aquilo que o aluno é capaz de aprender, haverá dificuldade para o professor ter uma visão ampla sobre o seu funcionamento cognitivo. No caso dos alunos com dificuldade de aprendizagem, seja a dislexia ou qualquer outra, o tipo de avaliação que qualifica e mensura a produção do aluno no dia a dia – a avaliação PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 6 processual – deve ser a escolhida. Esta seria uma adaptação curricular do tipo avaliativa. A avaliação processual, mesmo nas escolas em que está presente, parece, porém, não ser prioritária nos casos de dificuldadede aprendizagem. Fica a impressão de que, justamente porque o aluno se mostra capaz de aprender em alguns contextos, e não em outros, espera-se que ele supere sozinho as suas dificuldades e a avaliação de sua participação em sala de aula fica em segundo plano. Veja alguns exemplos de adaptações curriculares aplicadas a objetivos e conteúdos específicos: Adaptações de Grande Porte No que se refere às adaptações de grande porte, aquelas que dependem da gestão escolar, temos as adaptações no planejamento escolar e no PPP e adaptações no acesso ao currículo. Adaptações no Planejamento Escolar e no Projeto Político Pedagógico Esse tipo de adaptação pode ser realizado na: Interação contínua entre as necessidades do aluno e as respostas educacionais efetivas. A equipe gestora da escola deve pautar os objetivos político-pedagógicos nas demandas dos alunos. Concepção de currículo: fundamentos filosóficos, sócio-políticos da educação, referenciais teóricos e suportes que concretizem a prática da sala de aula. Cabe à gestão trabalhar no sentido de promover estudos e aprofundamento junto à equipe pedagógica. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 7 Adaptações no Acesso ao Currículo As adaptações no acesso ao currículo podem ocorrer por meio: - Mobiliário adequado; - Equipamentos específicos; - Recursos e materiais pedagógicos adaptados; - Formas alternativas e ampliadas de comunicação; - Modalidades variadas de apoio para participação nas atividades escolares; - Adaptações arquitetônicas de acessibilidade e desenho universal. Adaptações de Pequeno Porte Estas adaptações, que são de responsabilidade do professor, podem ser executadas em diferentes categorias. A seguir, conheceremos todas elas. Adaptações Organizativas Estas adaptações podem ser: Do espaço - Referem-se ao tipo de agrupamento de alunos para realizar as atividades, bem como à organização didática da aula. Dos objetivos e conteúdos - Seleção, priorização e sequenciação de áreas ou unidades de conteúdos que garantam funcionalidade e sejam essenciais e instrumentais para as aprendizagens posteriores. Como exemplo, podemos pensar em um aluno com déficit de atenção que não consegue realizar todos os exercícios previstos para o fechamento de uma unidade. Neste caso, o professor pode selecionar alguns exercícios que contenham os conceitos básicos do conteúdo ensinado. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 8 - Seleção, inclusão e priorização de objetivos. - Eliminação e acréscimo de conteúdos, quando for necessário. Adaptações Avaliativas Fazem referência à variação de critérios, procedimentos, técnicas e instrumentos adotados para avaliar e promover o aluno. Como exemplo, observe a questão abaixo: “Marque com um “x” apenas as sentenças verdadeiras: ( ) As invasões bárbaras, ocorridas em diversas regiões da Europa, favoreceram as mudanças econômicas e sociais necessárias para o início do feudalismo. ( ) Os romanos migravam das cidades com medo de serem saqueados ou escravizados num processo conhecido como êxodo rural. ( ) A economia da Europa Ocidental durante a Idade Média tinha por base o campo, com ampla circulação de moedas e atividades comerciais. ( ) As línguas europeias estavam se formando na Idade Média sob influência do latim e das línguas germânicas” Agora, observe a questão adaptada: 1) Complete a cruzadinha sobre a história da Roma Antiga. 1- Pessoa que governava durante o império. 2- Grupo social dos artesãos e agricultores. 3- Classe social mais rica de Roma. 4- Os que guerreavam por novas terras, conhecido como Legionários. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 9 5- Lugar onde aconteciam as lutas dos gladiadores.” (Fonte: Adaptado por Júlia Vasconcellos, especialista em Educação Especial pelo Instituto Superior de Educação ProSabe e pós-graduanda em Neurociências aplicadas à aprendizagem pela UFRJ.) Adaptações nos Procedimentos Didáticos Podem ser: 1. Alteração na Metodologia de Ensino Um ótimo exemplo de adaptação metodológica diz respeito ao processo de alfabetização de crianças que apresentam algum tipo de dificuldade. Seja porque a criança apresenta um transtorno específico de leitura e/ou escrita ou um leve rebaixamento cognitivo, muitas vezes a metodologia adotada por escolas que se intitulam “construtivistas” – o método global, já visto anteriormente – não é capaz de promover a apropriação do código alfabético. Nestes casos, lança-se mão do método fônico. A sistematicidade da apresentação de grafemas (letras) e fonemas (sons) preconizada por este método garante que crianças que não se beneficiam de uma abordagem assistemática aprendam, então, a ler e escrever. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 10 2. Introdução de Atividades Complementares ou Alternativas Além das Planejadas para a Turma Vídeos, filmes, músicas, brincadeiras e brinquedos que relacionem os conteúdos e as aprendizagens pretendidas para aquele grupo de alunos beneficiarão não somente o aluno com dificuldade de aprendizagem, mas todo o grupo. 3. Alteração do Nível de Abstração e de Complexidade das Atividades, Oferecendo Recursos de Apoio Observe o texto abaixo: “A igreja durante toda a Idade Média e até o século XVII era algo muito diferente daquilo que chamamos hoje de igreja. Guiava todos os acessos à vida em que os homens acreditavam fervorosamente. A igreja educava as crianças. Nas paróquias de aldeia, o sermão do padre era a principal fonte de informação sobre os acontecimentos e os problemas comuns, de ordem econômica. A própria paróquia constituía uma importante unidade de governo local, coletando e distribuindo as esmolas que os pobres recebiam. A Igreja controlava os sentimentos dos homens e dizia-lhes em que deviam acreditar, proporcionando-lhes distrações e espetáculos. Preenchia o lugar das notícias e dos serviços de propaganda, agora cobertos por instituições muito diferentes e muito mais eficientes – a imprensa, a televisão, o cinema, o clube etc. É essa a razão porque os homens estavam atentos aos sermões, e era frequente que os governos dissessem aos pregadores exatamente o que podiam pregar”. (Adaptado de HILL, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. p. 20) Agora veja como ficaria o texto adaptado para um aluno com déficit intelectual: “Antigamente, a igreja tinha um papel muito forte na vida das pessoas. O padre era a pessoa que informava a população sobre o que estava acontecendo e era ele também que ordenava a distribuição para os pobres do dinheiro que a igreja recolhia. Foi assim que surgiu a tradição do sermão, que é aquele momento da missa em que o padre dá conselhos para os cristãos”. (Adaptado pela autora) PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 11 Adaptações na temporalidade Consistem em: Alteração no tempo previsto para realização das atividades ou conteúdos: Prolongamento ou redução no tempo de permanência do aluno na série, fase, ciclo ou etapa: O tempo da atividade pode ser adaptado para mais ou para menos, dependendo da situação. Se lidamos com uma criança com TDAH, por exemplo, que apresenta tempo de atenção reduzido em relação aos seus pares, podemos reduzir o número de itens da tarefa ou avaliação para garantir que possa ser capaz de começar e terminar a atividade.Se, ao contrário, lidamos com uma criança lentificada, que demora muito tempo para concluir a tarefa, podemos aumentar o tempo no qual a realiza, dividir em etapas. Caberá ao professor identificar se a criança com dificuldade de aprendizagem atingiu os objetivos pretendidos. Caso isso não tenha acontecido, poderá flexibilizar o tempo e retornar ao mesmo objetivo em outro momento. Este item, apesar de figurar no material apresentado pelo MEC como uma possibilidade de adaptação na temporalidade para alunos com dificuldades de aprendizagem ou problemas de desenvolvimento, se contrapõe a outro princípio fundamental da LDB9394/96, que é a orientação para que crianças especiais sigam com o seu grupo de origem independentemente das suas dificuldades. Assim sendo, podemos compreender que aqueles alunos com dificuldades de aprendizagem podem se beneficiar de um maior tempo em uma série, fase, ciclo ou etapa, uma vez que será capaz de superar a dificuldade se uma nova mediação for realizada, e para os alunos com impedimentos importantes caberia seguir com o seu grupo de origem, já que sua dificuldade é estrutural, orgânica e não será capaz de se beneficiar de uma nova mediação. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 12 As adaptações denominadas “de pequeno porte” ou “não significativas” são aquelas elaboradas e realizadas pelo professor em sala de aula para que os alunos que apresentem dificuldades de aprendizagem ou qualquer outro transtorno no desenvolvimento possam se beneficiar do espaço escolar e aprender. É importante lembrar que em uma escola inclusiva é aquela que precisa se adaptar às necessidades dos alunos, e não o contrário. Transtorno de Aprendizagem x Déficit Cognitivo Para saber como distinguir transtorno de aprendizagem de déficit intelectual é necessário abordar diagnóstico diferencial. O diagnóstico diferencial é importante para trazer direcionamentos sobre os caminhos a seguir diante de um determinado transtorno. Não se trata, portanto, de um artifício médico que pretende rotular ou, simplesmente, atribuir um código numérico a uma patologia ou transtorno. Diagnosticar é, etimologicamente, “ver através de’” e, neste sentido, deve fazer parte do ofício de quem ensina “ver” as condições de aprendizagem de quem aprende. O transtorno de aprendizagem é algo pontual, ou seja, acontece em determinado momento e desaparece ou diminui com a intervenção; não afeta todas as áreas do desenvolvimento e acomete mesmo pessoas que apresentam inteligência normal ou acima da média. Existem inúmeras causas para os transtornos de aprendizagem, desde um problema orgânico, como é o caso da dislexia, até um problema metodológico que interfira na aprendizagem. Como a dislexia é um caso especial, já que para ser diagnosticada é necessário excluir a possibilidade de déficit cognitivo, a tomaremos como exemplo. A dislexia é um déficit específico de leitura (SHAYWITZ, 2006; GUARDIOLA, 2001, e outros). Por ser específico, pressupõe inteligência normal ou acima da média, portanto, não afeta a aprendizagem como um todo, mas apenas o que se relaciona com o código linguístico em sua modalidade escrita e/ou lida. A dislexia deve ser diagnosticada PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 13 depois de um período de alfabetização, isto é, depois de tentativas sistemáticas de mediação a fim de ensinar leitura e escrita. O déficit intelectual (DI) é um rebaixamento cognitivo ou diminuição da inteligência quando considerada uma curva padrão, isto é, o nível de inteligência de uma pessoa com DI encontra-se abaixo do esperado para a maioria das pessoas em sua faixa etária e se considerando o seu contexto de interação. O déficit intelectual afeta todas as áreas do desenvolvimento, não só a aprendizagem da leitura e da escrita. De acordo com a Associação Americana de Deficiência Mental (AAMR), todas as dez áreas de habilidades adaptativas estarão, em algum nível, afetadas pelo DI. São elas, segundo Luckasson, 1997: Comunicação; Autocuidado; Vida familiar; Vida social; Participação comunitária; Autonomia; Saúde e segurança; Funcionalidade acadêmica; Lazer e trabalho. É importante ressaltar que estes dois diagnósticos, de déficit de intelectual e de dislexia, são excludentes entre si, uma vez que se a suspeita de déficit intelectual for constatada, muito provavelmente, esta será a causa do fracasso na alfabetização. Por outro lado, quando constatada inteligência normal na presença de uma dificuldade persistente de alfabetização, provavelmente estaremos diante de um quadro de dislexia. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 14 Diante das diferenças apresentadas, a caracterização do contexto em que podemos compreender a dislexia e o déficit cognitivo é muito importante. Considere primeiro a especificidade da dislexia. Por definição, como já foi visto, trata- se de um funcionamento específico do cérebro para a decodificação de símbolos linguísticos, no nosso caso, símbolos grafofonêmicos, isto é, grafemas que representam fonemas ou letras que representam sons. Por ser específico, nada tem a ver com inteligência. Se isso é verdade, por que, então, o equívoco na avaliação? Porque, em geral, as pessoas associam aprender a ler e escrever com inteligência e, consequentemente, não aprender a ler e escrever com falta de inteligência. No caso da dislexia, todas as habilidades que demonstram inteligência são depreciadas em função do não domínio do código alfabético. No Brasil, o projeto de lei nº 7.081/2010 foi aprovado na Comissão de Educação em 5/6/2013 e dispõe sobre o diagnóstico e o tratamento da dislexia na educação básica, compreendendo que se trata de uma questão metodológica, muito mais do que da aprendizagem, e, por esse motivo, o espaço privilegiado para a sua identificação pode e deve ser a escola, e não a saúde. O Programa Educacional Individualizado O Programa Educacional Individualizado deve enfocar, além de proposições para o atendimento pedagógico do aluno – considerando seu potencial de aprendizagem –, propostas de ações necessárias para atender às suas necessidades no âmbito da escola, da sala de aula. Cabe ressaltar que o PEI não deve ser tratado como um material fechado, rígido. O que se pretende com ele é constituir um instrumento de avaliação e intervenção pedagógica para auxiliar o professor que trabalha com educação especial ou com dificuldades de aprendizagem. Veja a seguir um exemplo de PEI para um aluno com transtorno de aprendizagem. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 15 Ao ser perguntado se sabia o que era um GPS, o aluno de uma turma do quarto ano de escolaridade, prontamente, respondeu: “Sim, é um aparelhinho que mostra o caminho quando a gente está no carro!”. Em seguida, a professora perguntou se ele saberia explicar como um GPS funcionava. Diante do seu silêncio, seguiu-se uma explicação sobre o significado da sigla e o seu funcionamento. A explicação oferecida pela professora obedeceu, dentro do possível, a descrição que segue abaixo: GPS, Global Positioning System (em inglês), ou “Sistema de Posicionamento Global”, é um sistema eletrônico de navegação civil e militar que emite coordenadas em tempo real e é alimentado por informações de um sistema de 24 satélites chamado NAVSTAR e controlado pelo DoD, Department of Defence (Departamento de Defesa) dos EUA. O GPS, de início, era um projeto militar dos EUA chamado de “NAVSTAR” que foi criado na década de 1960, mas que só foi considerado completo em 1995, depois de 35 anos de trabalhoque custaram 10 bilhões de dólares aos cofres americanos. A revolução causada pelo GPS na geografia é comparável (senão maior) à revolução da descoberta do continente americano, que ampliou o mundo conhecido até então. Com o GPS é possível estabelecer a posição praticamente exata, com margem de erro mínima de 1 metro, de qualquer ponto do planeta a qualquer momento. Alguns receptores superacurados conseguem chegar, depois de alguns dias, a uma precisão de até 10 mm utilizando-se de técnicas de processamento específicas! PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 16 O GPS, basicamente, funciona com uma constelação de 24 satélites (NAVSTAR) que orbitam a terra duas vezes por dia, emitindo sinais de rádio a uma dada frequência para receptores localizados na Terra, que podem ser até portáteis (como um “palm”). Cada satélite, identificado por um código pseudorrandômico (“aparentemente aleatório”) de 1 a 32, emite um sinal que contém o código CA (geral), o código P (de precisão) e uma informação de status (dia, hora, mês) que são recebidos pelo receptor, embora os receptores de uso civil recebam apenas o código CA emitido em uma frequência enquanto que os receptores militares recebem cada código emitido em duas frequências, garantindo maior precisão. O que, aliás, junto com a interferência proposital inserida pelo DoD na transmissão para aparelhos civis (Selective Availability – Disponibilidade Seletiva) e o atraso causado pelos elétrons livres presentes na ionosfera (comum a qualquer transmissão de rádio) na transmissão do sinal, faz com que a precisão dos dados seja ainda menor para uso civil. Já para uso militar, o sinal de todos os satélites é emitido ao mesmo tempo com uma precisão impressionante, garantida devido a um relógio atômico (o metrônomo é um átomo) presente em cada satélite e que é o sistema de medição de tempo mais preciso já criado até hoje. E os seus receptores não sofrem a interferência da ionosfera nem da “Disponibilidade Seletiva”. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 17 Todas estas interferências na transmissão civil são por causa da possibilidade deste sistema ser utilizado inadequadamente por terroristas, ou algo parecido. Então, o DoD criou uma hierarquia de acesso aos dados onde os “usuários autorizados”, o DoD, recebem dados com precisão melhor, enquanto que os “usuários não autorizados”, civis, recebem dados com precisão de 15 a 100 metros. Fonte: http://www.infoescola.com/cartografia/gps- sistema-de-posicionamento-global/ Dias depois desta aula, a mãe do aluno com transtorno de aprendizagem relatou que, ao saírem de carro, a filho foi capaz de explicar como funcionava o GPS e, para a surpresa da mãe, explicou ainda que este sistema não servia somente para pessoas encontrarem os lugares onde iam, mas também servia para “vigiar” pessoas que quisessem fazer mal para os americanos (sic). Outro exemplo de como o PEI pôde auxiliar este aluno se deu através da provocação ou solicitação de justificação em uma atividade denominada binômio fantástico, criada por Gianni Rodari (1982), escritor italiano. O binômio fantástico reúne palavras que, a princípio, não se ajustam ideologicamente, como “cachorro-armário”, “fada-computador” ou “pérolas-jabuti”. O binômio é apresentado para a criança e solicita-se ela que crie uma história em que ambos apareçam. O objetivo da atividade é levar a criança a criar uma nova ideia, já que os binômios “cachorro-osso” e “fada-carruagem” trariam possibilidades ínfimas de criação. Exemplo: “O que aconteceria se jabutis de um zoológico achassem pérolas espalhadas pela lama do fundo do lago de sua jaula? PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 18 Provavelmente se reuniriam em assembleia e fariam uma cooperativa para trocar as pérolas por sua liberdade, em negociação com o dono do zoológico. E, livres, teriam um bem-sucedido escritório de advocacia criminal”. (RODARI, 1982) Reabilitação das Funções Executivas Antes de iniciarmos o tema reabilitação das funções executivas, conheça o contexto teórico no qual a ideia de mediação foi formulada. Lev Semionovitch Vygotsky (1993) se tornou conhecido como o homem que percebeu a determinação histórica da consciência e do intelecto humanos. É dele a ideia de que o homem é modelado pelos instrumentos e ferramentas que usa, e como principal ferramenta elegeu a palavra. Vygotsky (1993) sugeriu que as crianças pequenas apresentam uma fase pré- linguística, no que diz respeito ao uso do pensamento, e uma fase pré-intelectual, quanto ao uso da fala. Para comprovar essa sua hipótese, Vygotsky resolveu observar o desenvolvimento intelectual e linguístico das crianças e percebeu que elas interiorizam o diálogo que aprendem com o adulto e o transforma em fala interior ou pensamento. Ele desenvolveu um engenhoso jogo com blocos que as crianças pequenas deveriam agrupar, primeiro em amontoados, depois em arrumações mais complexas e depois em pseudoconceitos e, finalmente, em conceitos verdadeiros. “O material utilizado nos testes de formação de conceitos consiste em 22 blocos de madeira, de cores, formas, alturas e larguras diferentes. Existem cinco cores diferentes, seis formas diferentes, duas alturas (os blocos altos e os baixos) PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 19 e duas larguras da superfície horizontal (larga e estreita). Na face inferior de cada bloco, que não é vista pelo sujeito observado, está escrita uma das quatro palavras sem sentido: lag, bik, mur, cev. Sem considerar a cor ou a forma, lag está escrito em todos os blocos altos e largos, bik em todos os baixos e largos, mur nos blocos altos e estreitos, e cev nos blocos baixos e estreitos. No início do experimento, todos os blocos, bem misturados quanto às cores, tamanhos e formas, estão espalhados sobre uma mesa à frente do sujeito. O examinador vira um dos blocos (a “amostra”), mostra-o e lê seu nome para o sujeito e pede a ele que pegue todos os blocos que pareçam ser do mesmo tipo. Após o sujeito ter feito isso, o examinador vira um dos blocos “erradamente” selecionados, mostra que aquele bloco é de um tipo diferente e incentiva o sujeito a continuar tentando. Depois de cada nova tentativa, outro dos blocos erradamente retirados é virado. À medida que o número de blocos virados aumenta, o sujeito gradualmente adquire uma base para descobrir a que características dos blocos as palavras sem sentido se referem. Assim que faz essa descoberta, as palavras passam a referir-se a tipos definidos de objetos (por exemplo, lag para os blocos altos e largos, bik para os baixos e largos), e assim são criados novos conceitos para os quais a linguagem não dá nomes. O sujeito é então capaz de completar a tarefa de separar os quatro tipos de blocos indicados pelas palavras sem sentido”. (VYGOTSKY: 1993, p. 49-50n) O conceito de inteligência de Vygotsky é “a capacidade de beneficiar-se da instrução”, e instrução pressupõe dialogia, logo, pressupõe mediação. Em outras palavras, inteligente, para o autor, é todo comportamento que deriva de uma atividade mediada PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 20 pelo outro. Esta mediação se dá, primordialmente, através da palavra. Para o autor, a unidade do pensamento verbal se encontra no significado das palavras. O significado das palavras é “um amálgama tão estreito do pensamento e da linguagem, que fica difícil dizer se se trata de um fenômeno da fala ou de um fenômeno do pensamento”. (VYGOTSKY: 1993, p. 104)Para Vygotsky, o significado de cada palavra é uma generalização ou um conceito. Aprendemos os conceitos da nossa cultura a partir das palavras proferidas, inicialmente, pelo outro e, posteriormente, apropriadas por nós. Dito isto, chegamos aos conceitos de questionamento, transferência, provocação, ensino de regras e sistematização. (FONSECA, 2009) Todos estes conceitos representam propostas de mediação – possibilitadas pela língua – para a reabilitação das funções executivas para alunos com dificuldades de aprendizagem. As funções executivas são habilidades mentais que nos possibilitam atingir os nossos objetivos. As principais funções executivas são: Planejamento – habilidade de criar um caminho para atingir uma meta; Organização – habilidade de criar uma estratégia para facilitar a execução de uma tarefa; Manejo do tempo – capacidade de estimar quanto tempo se tem para a conclusão de uma tarefa; Memória de trabalho – habilidade de manter na mente informações importantes para a execução de uma tarefa; Controle das emoções – habilidade de regular as emoções para completar tarefas e atingir objetivos. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 21 Atividades Mediatizadas Vejamos, a seguir, como é possível operacionalizar atividades mediatizadas que requeiram funções executivas e, ao mesmo tempo, linguísticas: Questionamento O jogo consiste em escolher um tema e uma letra e dizer três itens do tema com aquela letra em trinta segundos. A letra é “A” e o tema é “Países”. A criança com dificuldade de aprendizagem fala “Austrália, Argentina e Angola” no tempo estipulado e marca o ponto. O objetivo foi alcançado com sucesso, mas cabe ao mediador questionar a criança sobre sua resposta. “Onde fica a Austrália?”, ele pergunta, e diante da resposta “No Canadá” percebe-se que há um longo questionamento a ser feito. Seguem-se, então, as perguntas: “A Austrália fica no Canadá? Mas o Canadá não é um país? E como pode um país ficar dentro do outro? Vamos ver no mapa mundi onde o Canadá e a Austrália aparecem? Já diante do planisfério, vamos procurar os nomes dos países?” Depois de encontrar o Canadá no mapa, buscou-se a Austrália, com dicas espaciais e a atenta leitura dos nomes escritos sobre os lugares. Ao se deparar com as posições no mapa mundi do Canadá e da Austrália, a criança se dá conta de que cometeu um equívoco. Os mesmos questionamentos sobre a localização no mapa aconteceram para Argentina e Angola. A partir da experiência com esta proposta de mediação, seria possível propor à escola do referido aluno a seguinte adaptação do conteúdo de geografia: trabalhar com os mais diferentes ‘mapas mudos’, facilmente encontrados em papelarias, a visualização de continentes, países e algumas cidades. Transferência Utilizamos o tipo de mediação (mediatização) denominado transferência quando solicitamos à criança que aplique um conceito cognitivo, princípio ou estratégia PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 22 aprendido em uma situação a outro contexto. Costuma-se chamar o resultado de uma transferência de generalização. Provocação ou Justificação Esta estratégia de mediação requer que se façam perguntas com o intuito de que a criança desvende os caminhos que seu pensamento percorreu para chegar até a resposta. Alguns exemplos são: ”Como é que você sabe que esta é a resposta correta?”; ”Por que é que esta é a melhor resposta para este problema?”;” Você já pensou se este fenômeno poderia ser explicado de outra forma? ” ou ”Você pode me dizer ou mostrar como descobriu a resposta certa?”. Veja o exemplo abaixo: Examinador: Você sabe explicar porque há dia e noite? Criança: Porque uma hora o sol desce e a lua sobe e vêm as estrelas junto com ela e fica tudo escuro, para a gente poder ver as estrelas. Examinador: Mas e se alguém te dissesse que quem se move é a Terra e que o sol está paradinho lá no lugar dele, o que você diria? Criança: E como que a gente não sente a Terra se mexer? Examinador: Porque existe uma força, como se fosse a força de um ímã, que puxa a gente para junto da Terra, então tudo se move junto com a Terra, e é como se a gente não percebesse... A partir destas colocações, crianças e adultos poderão empreender uma busca por textos, imagens e vídeos explicativos do fenômeno que foi trabalhado. Ensino de Regras Quando a criança compreende por que uma regra é aplicável, saberá o que fazer em uma situação similar. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 23 Exemplo: “Podemos fazer uma regra acerca de como devemos fazer este tipo de problema? Se os pássaros vermelhos têm penas, os pássaros azuis têm penas, as águias têm penas e os pardais têm penas, você consegue pensar numa regra sobre os pássaros? Esta regra aplica-se ao falcão? E aos pinguins?”. (FONSECA, 2009, p. 135) Tal como em um silogismo lógico, diante de informações consistentes, a criança deduz a regularidade de algo e se apropria dos conhecimentos. Sistematização Todas as crianças precisam de algum nível de previsibilidade para que compreendam que existe uma ordem no universo, que os acontecimentos obedecem a regras. A previsibilidade dá à criança um sentimento de segurança. Ela cria uma expectativa de que aquilo que já sabe poderá acontecer de novo. Esse senso de previsibilidade é demonstrado quando ela pede para que o adulto repita leituras, jogos e brincadeiras. Isto não só acalma a criança como também faz com que ela aprenda mais e melhor sobre aquilo que ouve repetidamente. Para crianças com dificuldades de aprendizagem, se houver comprometimento na compreensão da língua, a previsibilidade se torna ainda mais necessária, uma vez que o entendimento sobre os acontecimentos do mundo parece desordenado. A mediatização pode auxiliar a restabelecer funções linguísticas e executivas. Note que todas as funções cognitivas superiores, como comparar, analisar, deduzir, sintetizar e outras, são mediadas pelo uso da língua, constituindo-se, portanto, também em funções linguísticas. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 24 Nesta aula, veremos como é possível reabilitar as funções matemáticas para alunos com dificuldades de aprendizagem. Tal como vimos nas aulas anteriores, as atividades mediatizadas deverão contemplar as estratégias de questionamento; transferência; provocação ou justificação; ensino de regras e sistematização. A aprendizagem da matemática é, comumente, aquela que apresenta maior resistência por parte dos alunos, por isso os primeiros conceitos de quantidade, grupos e conjuntos devem ser apresentados de forma lúdica e prazerosa para a criança. Questionamento Problemas matemáticos, em geral, trazem desenvolvimento cognitivo porque os modelos de perguntas ajudam as crianças e os jovens a focar a atenção nos seus próprios processos de pensamento e “encorajam-nas a ocuparem-se em ‘pequenas conversas’ similares com elas próprias”. (FONSECA, 2007, p. 132) Veja um exemplo: Fonte: http://www.sol.eti.br PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 25 Transferência Perguntamos a dois alunos do terceiro ano do ensino médio qual conteúdo aprendido na escola eles consideram que foi possível aplicar no cotidiano. Ambos concordaram que regra de três é um conteúdo que utilizam em suas vidas. Buscamos, então, um vídeo tutorial sobre o tema. Vídeos tutoriais representam importantes recursos que professores podem utilizar para auxiliar alunos com dificuldades de aprendizagem, pois, além de poderemser acessados a qualquer momento e enquanto houver dúvida sobre o conteúdo trabalhado, os professores lançam mão de recursos visuais e exemplos que facilitam o entendimento. Provocação ou Justificação Para que crianças e jovens sejam capazes de comparar respostas corretas com incorretas, é necessário ensiná-los a olhar de maneiras diferentes para os fenômenos. A intencionalidade com que o examinador apresenta as questões deve produzir nos alunos “novas formas de análise, comparação e verificação das respostas e novos processos de atenção, processamento, planificação de dados e execução de respostas”. (FONSECA: 2007, p. 135) O vídeo “O que aconteceria se o oxigênio sumisse por 5 segundos?” https://www.youtube.com/watch?v=Vwfns9gvf68 é um excelente exemplo de como ensinar quantidades proporcionais e ainda discutir com os alunos – tenham eles dificuldades de aprendizagem ou não – algumas questões sociais relevantes. Veja alguns questionamentos que poderiam direcionar o debate com os alunos após assistirem ao vídeo: - É possível pensar na hipótese apresentada pelo vídeo? - Por que foi escolhido o número 100 e nenhum outro? PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 26 - Você já havia pensado nisto antes? - A quem você sugeriria assistir a este vídeo? Ensino de Regras Quase tudo o que fazemos em sociedade depende de regras, desde as convenções de polidez até aquelas que nos permitem assumir os diferentes papéis que desempenhamos nas nossas vidas. A matemática é um maravilhoso recurso para ensinar às crianças que o descumprimento das regras traz consequências importantes, desde a posição que os números devem assumir em uma “conta armada” até a aplicação de uma fórmula complexa. Todas as operações matemáticas obedecem a regras que se não forem obedecidas levarão ao equívoco. No caso da operação matemática de divisão, compreender os três passos constituintes capacitará o aluno a calcular quaisquer quantidades. Veja abaixo os passos da divisão: PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 27 Ser capaz de aplicar a regra aprendida, como o fechamento da conta de um restaurante ou o número de parcelas necessárias para saldar uma dívida, é uma possibilidade de transferir o conhecimento adquirido a outros contextos de interação, tal como vimos acima. Sistematização Quase sempre ouvimos que matemática se aprende fazendo exercícios. Por que é assim? Porque números, quantidades, operações matemáticas estão ordenadas em sistemas e se somos capazes de compreender a que regras obedecem estes sistemas, seremos capazes também de calcular ou deduzir fórmulas matemáticas. PSICOPATOLOGIA NA APRENDIZAGEM 28 Referências BAPTISTA, J. A. Os surdos na escola – a exclusão pela inclusão. Vila Nova de Gaia: Carneiro Leão. 2008. BRASIL. Desafios para a educação especial frente à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1997. Material mimeografado. BARBIRATO, F. e DIAS, G. A mente do seu filho. Como estimular as crianças e identificar os distúrbios psicológicos na infância. Rio de Janeiro: Agir, 2009. CAPOVILLA, F. C. e CAPOVILLA, A. G. S. Alfabetização. O método fônico. São Paulo: Memnon, 2007. DINIZ, D. O que é deficiência. São Paulo: Brasiliense, 2007. FONSECA, V. Cognição, neuropsicologia e aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 2009. GUARDIOLA, J. The evolution of research on dyslexia. Anuário de Psicologia, 32 (1): 3-30, 2001. 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