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Da proteção da marca e das normas da ABNT 
 
A ABNT é uma associação civil sem fins lucrativos, fundada em 28 de setembro de 1940 e 
considerada de utilidade pública pela Lei 4.150, de 21 de novembro de 1962. No ano de 
1992, recebeu do Governo Federal através da Resolução nº 7 do CONMETRO (Conselho 
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), de 24 de agosto de 1992, o 
título de Foro Nacional de Normalização e a função de representar o Brasil perante os 
organismos internacionais de normalização. 
 
Como Foro Nacional de Normalização, a ABNT é responsável pela gestão do processo de 
elaboração de Normas Brasileiras. Sendo, portanto, um organismo que desenvolve normas 
técnicas voluntárias1 no Brasil, que adicionam valor em todos os tipos de operações e 
negócios. 
 
A ABNT também é a única representante da ISO no Brasil, sendo responsável pela 
distribuição nacional das normas e publicações da ISO, conforme Documento por ela emitido 
intitulado “Distribuição das Normas e Publicações da ISO, e adoção nacional das 
mesmas no Brasil”, no idioma inglês, mas com a devida tradução realizada pela Sra. 
Rosemary Aparecida Polato, Tradutora Pública e Intérprete Comercial, abaixo parcialmente 
transcrito: 
 
“3) O Código de Ética da ISO impõe, e principalmente aos membros da 
ISO, a obrigação de aplicar as condições decididas pelo Conselho da 
ISO ao reproduzir ou distribuir as publicações ISO protegidas por 
direitos autorais. Isso também aplica-se às adoções nacionais das 
normas ISO. Ainda, os membros da ISO devem enviar seus melhores 
esforços e tomar as medidas apropriadas para assegurar o uso 
apropriado do nome, marca e logo ISO, e evitar a venda não autorizada 
de qualquer forma de texto das publicações ISO. 
 
4) As políticas e procedimentos da ISO sobre direitos autorais, 
exploração de direitos autorais e vendas das Publicações ISO (ISO 
POCOSA 2005, aprovado pelo Conselho ISO e em vigor desde 1º de 
abril de 2005) dão à ABNT a principal responsabilidade pela distribuição 
 
1 Acerca da voluntariedade das normas da ABNT, mesmo diante do que dispõe o artigo 39 inciso VIII do Código de 
Defesa do Consumidor, pedimos licença para transcrever trecho da r. Sentença proferida pela Juíza Federal Pepita 
Tramontini Mazini, nos autos da Ação Civil Pública nº 2005.70.00.022807-2, da Vara Federal Ambiental, Agrária e 
Residual de Curitiba: 
 
“... Sem embargo, a disposição não transmuda a natureza das Normas Brasileiras Regulamentares, que permanecem 
como normas voluntárias. Apenas exige o CDC que os fornecedores, na busca pela melhoria dos seus produtos e NBR´s 
acaso inexistentes aquelas, interpretando-se o dispositivo como alusivo àquelas NBR´s tidas por obrigatórias, por 
referidas em atos normativos do poder público. 
................................................................................................................................................................................................. 
Destarte, caso uma NBR não tenha sido adotada em regulamento técnico ou referida em ato normativo do poder 
público, não poderá aquele que não observe ser penalizado. Apenas será possível eventualmente obrigá-lo a cumprir a 
NBR quando, por exemplo, demonstrar-se o perigo de hipótese em referência não o descumprimento da NBR, mas sim 
ao meio ambiente provado pela prática combatida....” 
 
 
 2
e promoção do uso das publicações ISO no Brasil, como o membro 
nacional da ISO. A promoção e venda das normas e publicações da 
ISO, bem como as adoções nacionais das mesmas, no Brasil, também 
podem ser feitas por meio de outros distribuidores, além da ABNT; 
contudo, tais distribuidores somente podem atuar com o consentimento 
da ABNT e suas atividades devem ser restritas ao território nacional. A 
ISO POCOSA 2005 dá à ABNT o direito de nomear ou descredenciar 
distribuidores por meio de contratos de distribuição apropriados e 
válidos. Para isso, a ABNT deve também assegurar que os seus 
distribuidores observem os termos da ISO POCOSA 2005”. (n.g.) 
 
Corroborando a responsabilidade pela distribuição nacional das normas e publicações da 
ISO, o Juiz de Direito CLÓVIS RICARDO DE TOLEDO JÚNIOR, nos autos do processo nº 
583.00.2008.135856-6, em curso perante a 19ª Vara Cível da Capital do Estado de São 
Paulo, em que são autoras DIN – DEUTSCHES INSTITUT FUR NORMUNG e INTERNATIONAL 
ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – ISO, cujos advogados são os Drs. Manoel 
Joaquim Pereira dos Santos e Patrícia Guedes Gomide Nascimento Gomes, e Rés TARGET 
ENGENHARIA E CONSULTORIA LTDA. e TARGET FACILITADORES DE INFORMAÇÃO LTDA, 
assim decidiu: 
 
“Desta forma, DEFIRO o requerimento, expedindo-se mandado de 
intimação para que as rés abstenham-se de usar a marca da autora ISO, 
ficando as rés proibidas de reproduzir, distribuir e comercializar as obras 
intelectuais das autoras e retirando-as imediatamente (na data da 
intimação) de seus endereços virtuais (websites) na Internet, nos 
endereços já existentes ou em outros que venham, eventualmente, a ser 
criados, sob pena de multa diária de R$ 10.000,00 (dez mil reais) nos 
termos do art. 461, § 4º, do Código de Processo Civil, sob pena de tutela 
específica, caso a medida, ainda assim, não for cumprida.” 
 
A marca ABNT é registrada há mais de vinte (20) anos, e figura em todas as Normas 
Brasileiras, sejam elas impressas ou digitais, não podendo, pois, ser reproduzida sem 
autorização expressa da ABNT, conforme dispõe o artigo 189 da Lei 9.2379/962. 
 
No que diz respeito ao direito de titularidade das Normas Brasileiras pela ABNT, o 
Desembargador Federal ANDRÉ NABARRETE, nos autos do Ag. Instrumento nº 
2006.03.00.057709-1, em curso perante a 5ª Turma do Egrégio TRF/3ª Região, foi 
categórico ao entender que as normas técnicas e a marca ABNT são protegidas pela Lei nº 
9.610/98 e Lei nº 9.279/96: 
 
“Aceito o entendimento de que as normas técnicas e a marca ABNT são 
protegidas pela Lei nº 9.610/98 e Lei nº 9.279/96, a comercialização e 
uso atingiriam o direito de propriedade da agravante, passível de 
indenização e responsabilização penal. Ademais, não é 
despropositada a invocação do artigo 884 do Código Civil, nem 
tampouco do artigo 186.” 
 
 
2 “Art. 189. Comete crime contra registro de marca quem: 
I – reproduz, sem autorização do titular, no todo ou em parte, marca registrada, ou imita-a de modo que possa induzir 
confusão;” 
 3
“A ABNT existe desde 1940 e, conforme documentação de fls. 159/181, 
tem uma das suas principais fontes de receitas os recursos advindos da 
disponibilização de normas, os quais são utilizados no pagamento de 
despesas, entre as quais com pessoal. O uso indiscriminado por 
empresas comerciais das normas técnicas retiraria parcela 
significativa de seus rendimentos à vista de lucros de empresas de 
informática como a agravada. Como Foro Nacional de Normalização, 
tem tarefas a cumprir de que o Sinmetro não pode prescindir. 
É certo, outrossim, que a Target formou sua clientela de usuários por 
meio eletrônico, em razão do acordo de parceria mantido com a ABNT, 
expirado em 24.04.06 (fls. 90/100), pelo qual obteve o direito de explorar 
a comercialização das normas técnicas. Os resultados do 
empreendimento eram divididos em 50% da receita mensal líquida, após 
o desconto dos custos que ambas as partes suportavam. Não se pode 
agora usar gratuitamente o que contratara onerosamente, initio litis. 
Além disso, não há evidência de que a agravada sobreviva de um 
único produto.” (g.n.) 
 
O INMETRO, no bojo das informações prestadas ao Ministério Público Federal em São 
Paulo, também foi categórico: 
 
“A elaboração de uma norma técnica requer o concurso de diversos 
fatores e colaboradores, uma metodologia e uma coordenação. O 
produto final desse trabalho colegiadoafigura-se-me, indubitavelmente, 
como uma criação intelectual, cujo proprietário não poderia deixar 
de ser a ABNT, uma vez que o papel desempenhado por essa entidade 
é imprescindível para que o conteúdo da norma reflita, o mais próximo 
possível, o estado da arte e sua compatibilidade com a estrutura 
tecnológica do País. 
Por outro lado, não pode ser olvidado que a receita resultante da venda 
das normas técnicas é essencial para que a ABNT possa dar 
continuidade às suas tarefas, de vital importância para o Brasil.” (n.g.) 
 
A Justiça Estadual também já se manifestou acerca do direito de titularidade das Normas 
Brasileiras pela ABNT, conforme r. Sentença proferida (e publicada no DOE de 02.07.08) 
pela Juíza de Direito PATRÍCIA MAIELLO RIBEIRO PRADO, nos autos da Ação de Cobrança nº 
583.02.2006.180179-7, em curso perante a 7ª Vara Cível do Foro Regional de Santo Amaro, 
dispondo incisivamente que as normas técnicas da ABNT são protegidas pela Lei nº 
9.610/98: 
 
“Há que se considerar, ainda, que a obra intelectual tutelada pelo direito 
autoral consiste em uma criação da inteligência humana, que exige a 
originalidade e criatividade, para ser caracterizada. E, no caso das 
normas técnicas, estão presentes tais pressupostos. As normas 
técnicas, elaboradas pelas Comissões de Estudo integradas à estrutura 
interna da autora, sintetizam a seleção da melhor tecnologia e sua 
organização, a fim de fixar critérios uniformes no campo científico, 
industrial, agrícola ou comercial que garantam melhor qualidade e 
segurança de diversos produtos e serviços, assegurando a maior e a 
melhor qualidade de vida à sociedade. Presente, portanto, a 
originalidade e a criatividade, requisitos estes essenciais para a 
 4
caracterização destas como obras amparadas pelo direito autoral. Ora, 
estas normas não podem ser consideradas como meras cópias de 
outros estudos, trata-se de um estudo sobre diversas pesquisas visando 
à seleção e organização da melhor tecnologia desenvolvida na área 
estudada. Feitas estas considerações, pondero que as normas técnicas 
são obras intelectuais suscetíveis de proteção pela legislação de direito 
autoral, pois não estão compreendidas em qualquer das exceções 
legais, possuem os requisitos necessários para sua existência 
(originalidade e criatividade), bem como se enquadra como exceção 
prevista no parágrafo único do art. 11, da Lei nº 9.610/98, que confere, 
em regra, a titularidade de direitos autorais apenas às pessoas físicas. 
Por conseqüência, inegável o direito ao pagamento dos valores em 
questão, por ser detentora do uso exclusivo destas normas (art. 28, da 
Lei nº 9.610/98).” 
 
Como se vê, as Normas Brasileiras (NBRs) são protegidas, não se podendo admitir que 
qualquer outra empresa venha a comercializar ou fornecer acesso, pesquisa, visualização e 
impressão de Normas Técnicas Brasileiras e Internacionais, sem autorização expressa da 
ABNT. 
 
Considerando que é a ABNT quem arca com todo o custo tanto do processo de elaboração 
das normas técnicas, quanto da participação da sociedade brasileira nos organismos 
internacionais de normalização, o fornecimento do seu acervo que não por ela, permitiria a 
violação do princípio geral de Direito que veda o enriquecimento sem causa, vedado pelo 
Código Civil, arts. 884 e 885, que assim dispõem: 
 
“Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de 
outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a 
atualização dos valores monetários. 
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa 
determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não 
mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que 
foi exigido. 
 
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa 
que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.” 
 
Garantir a qualquer pessoa o direito de explorar as Normas produzidas sob a coordenação e 
sustento da ABNT, é autorizar a tais pessoas o enriquecimento sem causa, frustrando direito 
legítimo da ABNT de explorar as normas por ela produzidas. 
 
O fornecimento das Normas Brasileiras por outra pessoa que não seja a ABNT, acarretará 
lesão à sociedade, porque não virá acompanhada da imprescindível atualização do acervo 
de Normas, o que só a ABNT poderá fazê-lo. 
 
 
 
Assessoria Jurídica 
ABNT

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