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POSITIVISMO JURÍDICO POR NORBERTO BOBBIO Silogismo: Raciocínio dedutivo estruturado formalmente a partir de duas premissas das quais se obtém por inferência uma conclusão. Direito Natural e Positivo no pensamento em linha histórica Clássico Jus Gentium - Natural - "Naturalis Retro". Jus Civile - Positivo - Posto pelo homem. Medieval São Tomás de Aquino Aeterna Naturalis Humana Divina Século XVII E XVIII Grócio Natural - Justa Razão Positivo - Estado Jus Gentium - "Internacional" Familiar - "Patronal" Gluck Natural - Razão Positivo - Vontade do Legislador Concepção racionalista da filosofia Paulo Direito Natural - Aquilo que é Bom Direito Positivo - Aquilo que é Útil Pressupostos Históricos Clássicos "lex specialis derogat generali" O direito positivo prevalece sobre o natural quando ocorre conflito - A história de Antígona Medieval (Natural>Positivo) - Ainda eram Direitos, apesar da prevalência de um sobre o outro. "O positivismo jurídico é aquela doutrina segundo a qual não existe outro direito senão o positivo." "Quando aconteceu a passagem da concepção jusnaturalista à positivista?" 1. Formação do Estado Moderno 2. Passagem do modelo Pluralista ao Monista "Processo de monopolização da produção jurídica por parte do Estado" em contraposição ao modelo de Direito Consuetudinário. "A formação do Estado Moderno tornou o juiz de órgão livre da sociedade em um órgão de Estado." "As normas postas pelo Estado, não é uma definição geral do Direito, mas uma definição obtida de uma determinada situção histórica, aquela em que vivemos." Jusnaturalista - Relações intersubjetivas sem poder político organizado - A intervenção gera estabilidade nessas relações? - A questão do Poder. Eventos históricos do Direito Romano Justiniano - "Corpus Juris Civilis" Escola Jurídica de Bolonha "Pensavam que a sabedoria jurídica romana não tivesse elaborado simplesmente um direito próprio de uma determinada civitas." Descontextualização histórica quanto a produção jurídica dos romanos. O termo final do contraste entre direito comum e estatal é representado pelas codificações, sendo o direito comum absorvido pelo direito Estatal. Final do Século XVIII ao Início do Século XIX Axioma: Máxima sentença ou proposição que não é provada ou demonstrada e é considerada como óbvia ou como um consenso inicial necessário para uma teoria. Inglaterra "Common Law" e o "Statute Law" 1. Pouco influenciado pelo Direito Romano 2. Regra de precedente obrigatório "O direito estatutário vale enquanto não contraria o direito comum." Direito Comum versus Direito de Estado Edward Coke versus Thomas Hobbes Direito Natural é obrigatório? A obrigação deriva de que:Moral? Deus? Consciência? A Visão Utilitarista "...o Estado Agressor não diz jamais que viola o dever de não agredir, pelo contrário, que se defende prevenindo uma agressão pelo outro Estado." "Bellum omnium contra omnus." Direito: Dualidade entre ser um Fruto da Razão ou Fruto da Vontade. Hobbes: "Direito é o que aquele ou aqueles que detêm o poder soberano ordenam aos seus súditos, proclamando em público e em claras palavras que coisas eles podem fazer e quais não podem." 1. Formalismo 2. Imperativismo Contextualização histórica Hobbesiana: "Guerra Civil inglesa". Monopolização do direito pelo legislador Montesquieu e Beccaria "Dogma da onipotência do legislador." Produto do Iluminismo Concepção liberal do Estado. Como se proteger da tirania do Estado? 1. Separação dos Poderes 2. Representatividade "Beccaria e o Silogismo Perfeito: o juiz deve fazer um silogismo perfeito. A maior deve ser a lei geral; a menor, a ação conforme ou não à lei; a consequência, a liberdade ou a pena." O Direito Natural presente nas "lacunas do direito" no século XVIII. "O Direito Positivo encobre o natural." A metáfora do Direito Positivo como um "mar" e o Direito Natural como se fossem "ilhas não encobertas". As origens do Positivismo Jurídico na Alemanha Escola Histórica do Direito - Gustavo Hugo "Dessacralização do Direito Natural." Direito Natural como um conjunto de considerações filosóficas sobre o próprio direito positivo. Teoria Geral do Direito Jusnaturalismo - Juspositivismo As características do historicismo: "Substituir uma condição generalizante e abstrata das forças histórico-humanas por uma consideração de seu caráter individual." Considerar o homem em sua individualidade, sendo contra a abstração da condição humana. O sentido do "irracional na história". O impulso, sentimento, paixão. Tragicidade - "Pessimismo Antropológico." Burke - Crítica a visão de progresso iluminista e a revolução francesa - História como uma contínua tragédia. O elogio e o amor pelo passado - Ideias de Justus Möser. Amor pela tradição. Savigny - Individualidade e variedade do homem. Direito como produto da história. Irracionalidade das forças históricas. Pessimismo Antropológico Filologia: Estudo da linguagem em fontes históricas escritas, incluindo literatura, história e linguística. Amor pelo passado Sentido da tradição A Codificação do Direito em Thibaut "Desenvolvimento extremo do racionalismo." "Refuta a ideia segundo a qual se pode deduzir um sistema jurídico inteiro de alguns princípios a priori (Direito Natural)." Interpretação Lógico-sistemática As fontes do Direito para Savigny: Direito Popular Direito Científico Direito Legislativo As Origens do Positivismo Jurídico na França A codificação representa uma experiência jurídica dos dois últimos séculos típica da Europa Continental. Código Napolêonico Primeiro Sistema Simplicidade e Unicidade do Direito Cambacérès e o seu Código Civil Naturalista Portalis - Código de Napoleão Tratado de Direito Civil do Século XVIII - Pothier Juízo "non liquet" - O não julgamento pela falta de clareza. Obscuridade, Insuficiência e Silêncio da Lei. Completitude da ordenamento jurídico Portalis: "O arbítrio aparente da equidade é ainda melhor do que o tumulto das paixões." "Devolução da Causa ao Legislativo." O extremo da teoria da separação dos poderes. Escola da Exegese - "Fetichismo da Lei." Crítica - Escola científica do Direito Interpretação mecânica e passiva Origens da Exegese: Codificação O domínio do princípio da autoridade Doutrina da Separação dos Poderes Princípio da certeza do Direito Regime político napoleônico (Reformulação do ensino do direito) Características: Inversão das relações tradicionais entre direito natural e positivo. "Direito natural perde importância mas não é negado de forma absoluta." "O Direito Natural deve estar de acordo com o positivo." O princípio da completitude da lei. Princípio da Onipotência do Legislador: Eliminação das demais fontes do Direito. "Dura lex, sed lex, um bom magistrado se humilha sua razão diante da razão da lei." A interpretação da lei fundada na intenção do legislador. Vontade Real - "Não entendimento" - "Solução Histórica" Vontade Presumida - "Lacuna" Interpretação Estática e Conservadora Interpretação progressiva ou evolutiva. Culto do texto da lei. O respeito pelo princípio da autoridade. Técnica de Organização Social - "Dogmatismo" Statute = Costume / Law=lei="lato sensu"=Direito As Origens do Positivismo na Inglaterra - Bentham e Austin. Bentham e o Utilitarismo: "A maiorfelicidade do maior número."- Corrente ética de nível empírico, de nível objetivo e verificável. Obra do Panopticon Bentham e a sua Teoria da Codificação Crítica ao sistema de "common law": Incerteza da Common Law Retroatividade do direito comum Não é fundado no princípio da "utilidade" - Assemelha-se a "jurisprudência dos interesses." Falta de competência específica do julgador. Crítica de caráter político: O povo não pode controlar a produção do direito por parte dos juízes. Para Bentham, um código deve ter as seguintes características: Utilidade Completitude Cognoscibilidade Justificabilidade Austin - Uma mediação entre utilitarismo e a Escola Histórica Jurisprudência: 1. Geral : "Filosofia do Direito Positivo". 2. Particular "A recusa de considerar como direito propriamente dito o Direito Natural, a concepção da efetividade do direito tal qual efetivamente ele é , como objeto da ciência jurídica." A lei não deveria ser deduzida por "raciocínios a priori", mas conjecturada empiricamente para uma codificação. Austin define a lei como: Comando abstrato e geral, passível de sanção. Direito Positivo x Moralidade Positiva Comandos Soberanos Divinas Comandos Comandos Humanos Leis Direito Positivo Humanas Leis propriamente ditas Moral Positiva Leis impropriamente ditas Fundamentos típicos do positivismo jurídico para Austin: Direito tal como ele é Concepção imperativista do Direito Concepção Estatal do Direito Direito Legislativo > Direito Judiciário na visão de Austin: Legislativo: Direito posto, imediato, geral e abstrato. Judiciário: Poder delegado pelo soberano, posto mediato, particular e específico. Críticas ao Poder Judiciário: Menos acessível ao conhecimento Produzido com menor ponderação Ex post facto (retroativo) Vago e incoerente (Não há regula decidendi). Dificuldade de certificar a validade das normas de direito judiciário. Como certificar sua validade? Número de decisões Elegantia regulae Coerência da regra Autoridade do juiz Escassa compreensibilidade Não é jamais autossuficiente - "Caos Judiciário". O problema da Codificação por Austin Lei histórica do desenvolvimento da sociedade. (Evolução em ordem decrescente). Moralidade Positiva Direito Judiciário Fundamento Consuetudinário Fundamento Científico Criação do Direito Judiciário Direito Legislativo - Integrativo Codificação "Austin defende o Código como acesso exclusivo dos juristas" - Corporativismo? CONCLUSÃO DA PARTE HISTÓRICA Prevalência da lei como fonte de Direito, ordenamento racional da sociedade. A lei nasce do propósito do homem de modificar a sociedade. "O costume é uma fonte passiva, a lei é uma fonte ativa do Direito." "O impulso para a legislação não é um fato limitado e contingente, mas um movimento histórico universal e irreversível, indissoluvelmente ligado à formação do Estado Moderno." Em todos os países ocorreu a supremacia da lei. "O desenvolvimento de órgãos especiais destinado a criar o direito legislativo e o comportamento dos tribunais na interpretação dos resultados da atividade desses órgãos." A codificação inexistente na Alemanha - Função histórica do direito científico Não ocorreu a codificação na época de Savigny Direito Científico: "Filão do Positivismo Jurídico" Direito como realidade socialmente posta. Unidade sistemática de normas gerais Jhering: O método da ciência jurídica A codificação já foi feita por Justiniano Ciência Jurídica universal O jurista tem o dever de aplicar e simplificar o direito: Análise Jurídica Concentração Lógica - Princípio Ordenamento Sistemático - "Função Produtiva" Crítica a Exegese: Individualização dos institutos jurídicos Elementos constitutivos: sujeito, objeto, conteúdo, efeito, ação, evolução, relação, inserção. Crítica aos Positivistas: "Constrói um belo sistema, preocupando-se mais com a lógica e com a estética do que com as consequências práticas de suas construções." A DOUTRINA DO POSITIVISMO JURÍDICO Pontos de debate: Modo de encarar o direito: Direito como fato e não como valor. Teoria da validade do direito - Formalismo jurídico: "A afirmação da validade uma norma jurídica não implica também na afirmação do seu valor." Modo de definir o direito: Teoria da coatividade do direito - Christian Thomasius As fontes do direito: Teoria da legislação como fonte preeminentemente de direito: Secundum legem Praeter Legem Teoria da Norma Jurídica: Teoria Imperativista do Direito Teoria do Ordenamento Jurídico: Teoria da coerência e completitude. Método da Ciência Jurídica, o problema da interpretação. O positivismo sustenta a interpretação mecanicista: Declarativo>Produtivo. "Batalha dos métodos" - "Methodensreit" Deontológico: Ético e Moral / Ontológico: Si mesmo, em si. Teoria da Obediência Teoria da Obediência Absoluta da lei enquanto tal. "Gesetz ein Gesetz" Lei é Lei. -> Positivismo Jurídico. Por fim, conclui-se por três aspectos principais: 1. Modo de abordar o estudo do direito 2. Certa teoria do direito 3. Certa ideologia do direito O positivismo jurídico como abordagem avalorativa do direito. Juízo de Fato: tomada de conhecimento da realidade. Juízo de Valor: tomada de posição frente à realidade. Validade do direito: Validade formal em relação a invalidade Valor do direito: Válida ou justa em relação a injusta. O positivismo jurídico expõe a distinção entre juízo de validade e juízo de valor. Ciência do direito e filosofia do direito. Filosóficas: Ideológicas, valorativas, deontológicas. Científicas: Factuais, avalorativa, ontológicas. Reflexão quanto a natureza deontológica e ontológica da lei, por Marsilio de Pádua: O que é justo não é de per si o próprio direito. O justo não é um requisito essencial da lei, visto que a ausência da justiça não exclui a juridicidade da norma. O justo serve para distinguir não tanto a lei da não-lei, mas sim a lei perfeita da lei imperfeita, isto é, a justiça incide não sobre a juridicidade mas sobre o valor da lei. Kelsen: "O direito é a técnica social que consiste em obter a desejada conduta social dos homens mediante a ameaça de uma medida de coerção a ser aplicada em caso de conduta contrária." Positivismo Jurídico e Realismo Jurídico Escola Realista do Direito: "é direito o conjunto de regras que são efetivamente seguidas numa determinada sociedade". Juspositivismo: Direito pelo ângulo do dever-ser, uma realidade normativa (validade). Realistas: Direito pelo ângulo do ser, uma realidade factual (eficácia). Não é baseado na conduta do cidadão e segundo não seria verificável. "É direito verdadeiro somente aquele que é aplicado pelos juízes, as normas que procedem do legislador, mas que não chegam ao juiz, não são direito, mas um mero "flatus vocis"." Desenvolvido principalmente em países anglo-saxões: Produção normativa pelo juiz, na Europa continental o legislador o faz. O "formalismo" como característica da definição juspositivista do Direito; Definição anti-ideológica. "O direito pode disciplinar todas as condutas humanas possíveis, isto é, todos os comportamentos que não são nem necessários, nem impossíveis;e isto precisamente porque o direito é uma técnica social, que serve para influir na conduta humana. ...Ora, uma norma que ordene um comportamento necessário ou proíba um comportamento impossível seria supérflua e uma norma que ordene um comportamento impossível ou proíba um comportamento necessário seria vã." Formalismo - Plurisignificado Formalismo Científico: Baseia-se numa interpretação lógico-sistemática, qualquer conflito de interesse ou finalidade normativa. Formalismo Ético: A ação justa consiste pura e simplesmente no cumprimento do dever imposto pela lei. Concepção legalista da moral. "Weltanschauung". A DEFINIÇÃO DO DIREITO EM FUNÇÃO DA COAÇÃO Origens históricas: Thomasius "Para ser um positivista jurídico não é necessário seguir todos os seus pensadores." Vis Coactiva Jus Perfectum versus Jus Imperfectum O Direito deveria ser enquadrado, nos termos de Thomasius, no Jus Perfectum por possuir capacidade coercitiva. Direito tratado como: Honestum - Pessoal - Ética Justum - Inferentes - Ordem Legal Decorum - Interpessoal Exterioridade e Intersubjetividade como características primordiais do Direito. A teorização da concepção coercitiva: Kant e Jhering. Kant: "Direito como meio para garantir a coexistência das esferas de liberdade externa de todos os cidadãos." "O que distingue o direito da moral é precisamente o fato, que enquanto o primeiro é coercitivo, a segunda não o é." A coação se concilia com a norma jurídica porque está é heterônoma, mas não com a norma moral, por está é autônoma. Exceções a lógica: Direito sem coação: equidade Coação sem direito: Estado de necessidade Jhering: Ações humanas são interpretados pela finalidade; Ganho(Lohn) e a Coação(Zwang) Sentimento do dever e amor (Esferas Éticas) Para Jhering: Direito, coação e Estado são indissoluvelmente ligados. Del Vecchio: expõe que o direito tem quatro características fundamentais: Bilateralidade Generalidade Imperatividade Coatividade Carnelutti: Preceito e Sanção. A teoria da coação está vinculada a concepção puramente estatal-legislativa do direito. Críticas contra a doutrina da coação: "Não podemos qualificar como jurídico um ordenamento que não tem nada em comum com os ordenamentos historicamente conhecidos como jurídicos." A ausência do costume na coação. Direito público e constitucional, regulação de atribuições do Estado não há coação. Direito internacional, certos autores não encaram como direito propriamente formado. A moderna formulação da teoria da coação: Kelsen e Ross "Para a teoria clássica, a coerção é o meio mediante a qual se fazem as normas jurídicas, ou, em outras palavras, o direito é um conjunto de normas que se fazem valer coativamente; para a teoria moderna, a coerção é o objeto das normas jurídicas ou, em outros termos, o direito é um conjunto de normas que regulam o uso da força coativa." Objeção do regresso ao infinito: (n) > (n+1) > n(n+1) Kelsen: "O problema da coerção não é o problema de assegurar a eficácia das regras, mas sim o próprio conteúdo das regras". Ross: "Um sistema jurídico nacional é um sistema de normas que se referem ao exercício de força física". O direito é, por conseguinte, em conjunto de regras que têm por objeto a regulamentação do exercício da força numa sociedade. O estado de natureza e o estado de civil. O direito cessa o uso da força individual em quatro pontos: quem, quando, como, quanto. A TEORIA DAS FONTES DO DIREITO: A LEI COMO ÚNICA FONTE DE QUALIFICAÇÃO Fontes do Direito: "São fontes do direito aqueles fatos ou aqueles atos aos quais um determinado ordenamento jurídico atribui a competência ou a capacidade de produzir normas jurídicas". O problema das fontes do direito é a validade de suas normas: "A regulamentação da regulamentação". Regras de comportamento Regras de estrutura Condições necessárias para que num ordenamento jurídico exista uma fonte predominante. Condições para a prevalência da lei: Ordenamento complexo - Multiplicidade de fontes Ordenamento hierarquicamente estruturado o "lex superior derogat inferiori" o Conflito Hierárquico>Conflito Cronológico Fontes de qualificação jurídica; fontes de conhecimento jurídico Lei como fonte superior e manifestação direta do Estado, o restante das fontes são subordinadas. Categorização relativa ao ponto de vista do observador: A recepção/reconhecimento do fato social como jurídico A delegação "As fontes subordinadas são ditas fontes de conhecimento jurídico e as superiores fontes de qualificação jurídica." O costume como fonte de direito na história do pensamento jurídico e na história das instituições positivas. As doutrinas do costume como fonte do direito: Romano-Canônica Doutrina-Moderna Doutrina da Escola Histórica Costume=Lei="Vontade do povo" "tacita civium comentio" Austin: "Poder do juiz para resolução de conflitos. A norma consuetudinária ganha juridicidade somente quando se fazem valer pelo poder judiciário, "apropriado" pelo Estado." Objeção: E o direito constitucional e administrativo? o A obrigatoriedade de costumes preexistentes? O costume se funda na convicção jurídica popular. As relações históricas entre a lei e o costume: O costume é superior a lei. (Ordenamento inglês é próximo). O costume e a lei estão no mesmo plano. (Idade Média) O costume é inferior a lei. (Estado Moderno) Transformação expressada pelo seguinte trecho:"Do século X ao XII o nosso direito foi puramente consuetudinário, em seguida, apareciam as primeiras ordenações. O período monárquico havia representado uma fase transitória durante a qual o costume não havia cessado de decair. Enfim chega a codificação e, no dia seguinte à promulgação dos Códigos, o nosso direito se torna exclusivamente legislativo. A rivalidade entre lei e costume terminava com a derrota deste último. A codificação consagrava sua ruína e o triunfo da lei". A decisão do juiz como fonte do direito. A equidade. Fonte delegada-> Juízo de equidade. Juiz como árbitro "Com base no próprio sentimento de justiça". Até mesmo aplicando normas de direito natural. Três tipos de equidade: Substitutiva - Supre a falta da lei. Integrativa - Supre a falta de especificidade Interpretativa "Ab-rogação da lei pela interpretação da lei" (Princípios gerais do direito). "A fonte do direito não é portanto a equidade, mas o juízo, visto que através deste se explica o poder normativo do juiz". "Juízo de equidade a fonte formal do direito é o juiz, que explica o seu poder normativo mediante sentenças dispositivas". Idiossincrasia: Predisposição particular; Característica comportamental peculiar a um grupo ou a uma pessoa. Sofisma: Argumentação que aparenta verossimilhança ou veracidade mas que comente involuntariamente incorreções lógicas. A chamada "natureza das coisas" como fonte de direito. A natureza das coisas é demasiadamente próxima ao jusnaturalismo. Natureza das coisas deriva do próprio fato. (Há a possibilidade de determinar certo grau de objetividade?) Equidade deriva da valoração subjetiva do juiz. Falácia Naturalista: "A convicção ilusória de poder extrair da constatação de uma certa realidade(que é um juízo de valor) uma regra de conduta(que implica num juízo de valor)"=Sofisma "A norma não se funda, assim, na objetividade do fato ou da situação, mas numa comunhão de subjetividade." A crítica: "Vez que possasugerir uma certa relação entre meio e fim, não se diz que, ao existir concordância quanto aos meios; por outro lado, quando a relação entre meio e fim é necessária (sendo possível o acordo quanto aos meios), não se afirma que exista a concordância sobre a finalidade a atingir". A natureza das coisas refere-se ao conteúdo: "Regula decidendi" Não produção. A TEORIA IMPERATIVISTA DA NORMA JURÍDICA A concepção da norma jurídica como comando. Distinção entre comando e conselho. Austin e Thon. Concepção legalista-estatal do direito. Origens do período romano Idade Média: comando(praeceptum) e conselho(consilium). Hobbes e Thomasius Estado dá comandos = Direito Positivo Igreja dá conselhos = Direito Natural Seis pontos de vista diversos quanto ao comando e conselho: Em relação ao sujeito ativo: Comando - Autoridade Conselho - Respeitabilidade Em relação ao sujeito passivo: Comando - Obrigação = Externa Conselho - Faculdade = Interna Em relação a razão de obedecer: Comando = Razão formal Conselho = Valor Substancial *Diretriz= Uma espécie de meio-termo. Em relação ao fim Comando: "Interesse de quem procede" Conselho: "Interesse a quem foi dirigido" Em relação as consequências do acatamento Comando: As consequências são de quem impôs. Conselho: Consequências de quem recebe. Em relação às consequências do inadimplemento: Comando: Sanção como consequência institucional desagradável. Conselho: Consequência natural = Processo Causal A teoria da norma jurídica como comando foi produzido e amplamente elaborada pelo positivismo jurídico. A construção imperativista das normas permissivas E as normas permissivas? Sentido próprio: faculdade ou licitude Sentido atributivo: poder, deter poder "Todo ordenamento jurídico se baseia no postulado fundamental no qual é permitido tudo que não seja ordenado nem vetado". Normas imperativas positivas (estabelecem comandos) = Proposição permissivas negativa. Normas imperativas negativas (estabelecem proibição) = Proposição permissiva positiva. a=ação/O=obrigação/P=permissão/-=negação Oa => -Oa = P-a O-a => -O-a = Pa Norma atributiva: Faculdade é correlata ao poder Correlação recíproca de poder. Poder <=> Dever. "Imperativo-atributivos". A caracterização do imperativo jurídico: tentativas insatisfatórias. Thomasius x Leibniz Imperativos negativos e positivos Imperativos autônomos e heterônomos (RousseauxKelsen) Imperativos pessoais e impessoais Imperativos gerais e individuais Imperativos abstratos e concretos Tautologia= Proposição analítica que permanece sempre verdadeira, uma vez que o atributo é uma repetição do sujeito. A caracterização do imperativo jurídico: o direito como imperativo hipotético. A distinção entre imperativo categórico(nível moral) e hipotético=Kant. Categórico = Boa em si mesma Hipotético = Boa condicionalmente, para determinado fim Normas éticas são imperativo e categóricos Normas técnicas são imperativo hipotéticos "Se queres evitar a sanção, deves obedecer ao comando da lei". Conclusão: Na doutrina do imperativismo jurídico ocorreu uma evolução na qual pode- se distinguir duas fases, qualificáveis respectivamente como imperativismo ingênuo e imperativismo crítico. O imperativismo ingênuo (de Hobbes a Austin, Thon) considera o direito como um conjunto de comandos dirigidos pelo soberano aos cidadãos, sem analisar ulteriormente a estrutura do imperativismo jurídico. O imperativismo crítico (Kelsen) precisa os caracteres do imperativismo jurídico sob dois aspectos: A norma jurídica é um imperativo hipotético A norma jurídica é um imperativo que se dirige não aos cidadãos, mas aos juízes. A TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO A teoria do ordenamento jurídico como contribuição original do positivismo jurídico à teoria geral do direito. Termo novo, não há termo correspondente em latim. Pensamento Kelseniano: Unidade, Coerência e Completitude Jusnaturalismo x Juspositivismo Ordenamento Estático x Ordenamento Dinâmico Substancial x Formal Teoria da Norma Fundamental: Solução quanto ao regresso ao infinito "n(n+1)". "Esta norma-base não é positivamente verificável, visto que não é posta por um outro poder superior qualquer, mas sim suposta pelo jurista para poder compreender o ordenamento: trata-se de uma hipótese ou um postulado ou um pressuposto do qual se parte no estudo do direito." "Recursus ad infinitum" = Norma particular = Lei Ordinária = Constituição = Poder constituinte = "?" => O direito dependeria do fato. Relações entre coerência e completitude do ordenamento jurídico. Coerência <=> Completitude Conclusão: A incoerência do sistema é a situação em que "há" uma norma e "há" uma outra norma incompatível com a primeira; a incompletitude é a situação em que não há "nem" uma norma, "nem" uma outra norma incompatível com esta. Na incoerência há uma norma a mais (há...há);na incompletitude há uma norma de menos(nem...nem). A coerência do ordenamento jurídico. Os critérios para eliminar as antinomias. Tertium non datur: Lei do terceiro excluído. Para qualquer proposição, ou esta proposição é verdadeira, ou sua negação é verdadeira. Três critérios para solução de antinomias: Cronológico - "lex posterior derogat priori" Hierárquico - "lex superior derogat inferiori" Especialidade - "lex specialis derogat generali" Conflito entre dois critérios: HierárquicoxCronológico: Hierárquico vence EspecialidadexCronológico: Especialidade vence Tão logo, o critério hierárquico e especialidade são fortes, o cronológico é um critério fraco. HierárquicoxEspecialidade. Em discussão. Inaplicabilidade dos três critérios. Prevalência da "lex favorabilis" sobre a "lex odiosa" A completitude do ordenamento jurídico. O problema das lacunas da lei. Princípio da "certeza do direito" Teoria do Espaço Jurídico Vazio Fato juridicamente irrelevante Teoria da norma geral exclusiva Não existem fatos juridicamente irrelevantes e não existem lacunas. "É permitido tudo que não é proibido nem comandado" = Norma de clausura. Crítica ideológica, e não técnico-jurídica, pois a norma não possui um devido valor de justiça. "Lex minus dixit quam voluit" = Vontade presumida do legislador Auto-integração do direito A FUNÇÃO INTERPRETATIVA DA JURISPRUDÊNCIA A tarefa da jurisprudência. A noção de "interpretação". O realismo jurídico como principal oponente O momento ativo ou criativo e o momento teórico ou cognoscitivo do direito; Natureza cognoscitiva do direito da jurisprudência: Positivismo: Declarativa ou reprodutiva Realismo: Criativa ou Produtiva O positivismo jurídico considera tarefa da jurisprudência não a criação, mas a interpretação do direito. Interpretação segundo: A letra Ao espírito Interpretação: Estática = Positivista Evolutiva = Antipositivista Os meios hermenêuticos do positivismo jurídico e interpretação declarativa; interpretação integrativa(analogia). Interpretação(Jamais ANTITEXTUAL) Textual Extratextual Meios Hermenêuticos em nível textual: Léxico Teleológico Sistemático Histórico Interpretação Integrativa - Extratextual "São permitidos todos aqueles comportamentos que não são obrigatórios, exceto aqueles que podem ser considerados similares aos obrigatórios". Interpretaçãoanalógica: Silogismo: M é P M é P S é M S semelhante P S é P S é P A verdadeira analogia seria baseada em uma semelhança relevante (ratio legis): M é R R é P S é R S é P A "ratio legis" consiste em: É a razão de uma norma que a torna capaz de disciplinar outros casos, além daqueles expressamente nela previstos" = "Vontade presumida do legislador". A operação lógica da "ratio legis" é bastante criticada. A analogia juris: Recurso aos princípios gerais do ordenamento jurídico. Abstração Subsunção A concepção juspositivista da ciência jurídica: "o formalismo científico" Ciência jurídica como construtiva e dedutiva: Dogmática do direito e o "Formalismo Científico". "A concepção de juspositivista da ciência jurídica sofreu um forte declínio no nosso século. Hoje, o movimento do pensamento que diz respeito ao realismo jurídico tende a conceber como tarefa da jurisprudência extrair do estudo de uma dada realidade(o direito, considerado como um fato de dado sociológico) proposições empiricamente verificáveis, que permitam formular previsões sobre futuros comportamentos humanos (particularmente, prever as decisões que os juízes tomarão para os casos que deverão julgar)." O POSITIVISMO JURÍDICO COMO IDEOLOGIA DO DIREITO "Teoria" e "ideologia". O aspecto ideológico do positivismo jurídico. Crítica à teoria e crítica à ideologia do juspositivismo. Teoria => Cognoscitiva => Informar Ideologia => Avaliativo => Influenciar Hegel = Estado Ético Crítica ao juspositivismo por ter sido base aos totalitarismos do século XX. Por vezes utilizado como falácia. "Reductio ad Hitlerum". O conteúdo e significado da versão extremista da ideologia juspositivista: as suas várias justificações histórico-filosóficas. "O dever absoluto e incondicional de obedecer `a lei enquanto tal". Doutrina ética do direito = "Positivismo Ético". "O direito estatal-legislativo se tornou o critério único e exclusivo para a valoração do comportamento social do homem". "Obedecer `a lei não é apenas uma obrigação jurídica, mas também uma obrigação moral." "Obediência não por constrição, mas por convicção." "Há o dever de consciência de obedecer as leis." Concepção cética/realista da justiça: "Vontade do mais forte" Concepção convencionalista da justiça: "A justiça é o que os homens concordaram em considerar justiça" = Relativismo ético. Concepção carismática de autoridade: Teoria de Max Weber i. Fundamento Racional do Poder ii. Fundamento Tradicional do Poder iii. Fundamento Carismático do Poder Concepção do Estado Ético: "Direita Hegeliana" "Fundamento histórico direto do aspecto ideológico do juspositivismo alemão" A versão moderada do positivismo ético: a ordem como valor próprio do direito. O valor "ordem" definido em duas ordens: Extremista - Ordem como fim Moderado - Ordem como meio A ordem é o resultado da conformidade de um conjunto de acontecimentos a um sistema normativo. Fim superior, a justiça, ao invés da ordem. "Suum evique tribuere e neminem laedee" = Instaurar a ordem e não destruir a ordem Generalidade da lei = Igualdade formal Abstração da lei = Certeza Jurídica O Direito pode conter um comanda individual e concreto: A lei prescreve = "Deveria ser". Kelsen: O Direito é um meio de organização social. CONCLUSÃO GERAL Positivismo criticado em sua concepção estatolátrica. Análise conclusiva baseada em três aspectos essenciais e miscíveis entre si quanto ao Positivismo Jurídico: Como método para o estudo do direito Como teoria do direito Como ideologia do direito Teoria juspositivista versus Teoria Realista Realidades jurídicas distintas Método positivista, crítica se funda num juízo de conveniência Teoria juspositivista, juízo de verdade ou falsidade Ideologia juspositivista, juízo de valor Teoria juspositivista em sentido estrito Teoria juspositivista em sentido amplo Bobbio é favorável ao positivismo moderado
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