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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE PSICOLOGIA
Deurimar O. Branco
 Diana dos Santos Soares
Ellyda Oliveira
Fabíola Pereira da Silva
Laryssa de Oliveira Lima
SEMINÁRIOS AVANÇADOS EM PSICOLOGIA:
Métodos Utilizados na Ciência 
Rio de Janeiro
2018.
Introdução: Métodos, hipóteses, leis, teorias.
Desde pequeno, a curiosidade é um ponto forte do ser humano. As crianças fazem muitas perguntas, que muitas vezes não conseguimos nem responder ou, então, as respostas que damos acabam levando a outras perguntas. Essa curiosidade leva a observações, indagações e investigações e, por isso, ao longo do tempo, muitos conhecimentos foram se acumulando e passando de geração em geração.
Existem muitos conhecimentos que temos acumulados que são de senso comum. Por exemplo, um padeiro sabe muito bem quais ingredientes deve usar, bem como a ordem e a quantidade para fazer um pão delicioso. Esses são conhecimentos químicos, mas também do senso comum, pois não há uma organização específica de como foram adquiridos e eles não são suficientes para explicar, por exemplo, por que ocorre aquela transformação e qual é a reação química envolvida no processo.
Assim, muitos conhecimentos que temos no cotidiano são de senso comum e não são aceitos como conhecimentos científicos. A diferença é que o conhecimento científico é obtido e organizado de uma maneira específica, seguindo determinados critérios e métodos de investigação. Alguns passos, de forma geral, são sempre seguidos pelos cientistas. Esse conjunto de etapas em sequência organizada para o estudo dos fenômenos é chamado de método científico.
A palavra “método” vem do grego méthodos, que significa “caminho para chegar a um fim”. Seguir um método científico é o que define uma área de estudo como uma Ciência, tal qual são as ciências da natureza, como a Química, a Biologia e a Física. O método científico pode variar de acordo com a ciência, mas o que é atualmente usado, principalmente pelas ciências da natureza, foi derivado do trabalho de vários filósofos, como Francis Bacon e René Descartes, e de cientistas como Galileu Galilei, Robert Boyle e Antoine Laurent LavoiEsses precursores do método científico defendiam que a busca pelo conhecimento deveria basear-se em experimentações e lógicas matemáticas, com medições bem precisas e exatas, bem como com a repetição intensiva de vários experimentos para provar as ideias.
As principais etapas do método científico seguidas em geral pelas equipes de cientistas em institutos de pesquisas e universidades em todo o mundo são:
Vejamos em que consiste basicamente cada uma delas:
* Observação: Leva o observador ao levantamento de questões que precisam ser estudadas. Essa observação pode ser a olho nu ou com a utilização de instrumentos de maior precisão, como microscópios.
Por exemplo, a combustão ou queima de determinados materiais é um fenômeno muito observado pelo ser humano. Lavoisier decidiu pesquisar alguns fenômenos relacionados com a combustão que intrigavam os pesquisadores, como o que era necessário para que a combustão ocorresse.
* Hipótese: Na tentativa de responder às questões levantadas na observação, o cientista propõe hipóteses, isto é, afirmações prévias para explicar os fenômenos. Essas hipóteses podem ser comprovadas ou descartadas na próxima etapa.
Considerando o exemplo do estudo da combustão, uma hipótese levantada seria a de que a queima só ocorreria quando o combustível (material inflamável) estivesse na presença do oxigênio.
* Experiências: Consistem em vários testes realizados para comprovar a hipótese. As experimentações são realizadas de forma bem criteriosa, envolvendo aspectos qualitativos e quantitativos. Todos os dados obtidos e etapas do experimento são anotados e repetidos. Aspectos que possam interferir e levar a novas hipóteses são incluídos. Por exemplo, no caso da combustão, seria necessário realizar experimentos na presença e na ausência de oxigênio, a massa dos materiais da reação deveria ser pesada no início e no final, além de ser necessária a realização de vários experimentos envolvendo outros gases para verificar se eles também eram responsáveis pela combustão.
* Lei: Com os experimentos repetidamente realizados e comprovados, o cientista pode chegar a conclusões. Se os resultados levam a alguma generalização, ou seja, se eles repetem-se, o cientista formula uma lei científica. A lei descreve uma sequência de eventos que ocorrem de forma uniforme e invariável, ou seja, é um enunciado que explica o fenômeno, mas não explica por que ele ocorre.
No exemplo da combustão, Lavoisier descobriu o oxigênio, e os resultados de seus experimentos levaram à conclusão de que “a combustão só ocorre na presença de oxigênio”, essa é uma lei.
* Teoria: É o conjunto de afirmações consideradas válidas pela comunidade científica para explicar a lei, é o porquê do fenômeno descrito pela lei.
Por exemplo, para que a combustão ocorra, é necessário que o material combustível, como a parafina da vela, reaja com o gás oxigênio, em uma reação de combustão que libera energia na forma de calor e que mantém a reação ocorrendo até que um dos dois acabe, porque há a oxidação do material inflamável e a redução do oxigênio. As ligações desses reagentes são rompidas e novas ligações formam novas substâncias, como o dióxido de carbono e a água.
Em conjunto com a teoria, geralmente temos também o modelo, que é uma representação da realidade. O modelo não é a própria realidade, mas serve para explicar suas propriedades. Por exemplo, o modelo atômico serve para representar o átomo, suas propriedades e características, mas não é o próprio átomo.
Podem ser criados também outros símbolos e equações que representem os fatos observados. Por exemplo, a combustão da parafina pode ser representada pela seguinte equação química:
C23H48(s)    +    35 O2(g)    →    23 CO2(g)    +    24 H2O(V)
parafina + gás oxigênio → dióxido de carbono + água
Esquema representativo das etapas do método científico
Vale ressaltar que esse método não é rígido, outras etapas e métodos podem ser incluídos. Além disso, ele repete-se de forma contínua e indefinida, levando à evolução das ciências.
O Positivismo Lógico
O que é Positivismo?
O positivismo é a teoria filosófica que afirma que só o conhecimento autêntico é conhecimento científico e conhecimento só pode ser derivada do de teorias e afirmação positiva através de métodos científicos. Métodos científicos aqui referem-se a investigar os fatos com base em evidência observável, mensurável e empírica, que pode ser sujeita a princípios de raciocínio e lógica. Assim, essa teoria só aceita cientificamente e empiricamente fatos verificáveis do conhecimento.
A doutrina do positivismo foi desenvolvida no século XIX pelo filósofo francês Auguste Comte. Ele afirmou que o mundo foi progredindo através de três etapas na busca da verdade: teológico, metafísico e positivista. Comte considerava que a teologia e metafísica deveriam ser substituídas por uma hierarquia das ciências.
O positivismo é semelhante na sua perspectiva ao cientificismo e também está intimamente ligado ao Naturalismo, o reducionismo e verificacionismo. O positivismo mais tarde ramificou-se em diferentes categorias, como o positivismo jurídico, o positivismo lógico, e do positivismo sociológico.
O que é Positivismo lógico?
Positivismo lógico é uma teoria na lógica e epistemologia que se desenvolveu a partir do positivismo. Essa teoria também é conhecida como empirismo lógico. De acordo com esta teoria, todo o conhecimento humano deve ser baseado em fundamentos lógicos e científicos. Assim, a declaração só se torna significativa se for meramente formal ou passível de verificação empírica. Muitos positivistas lógicos rejeitam completamente metafísica sobre a base de que é incontrolável. A maioria dos positivistas lógicos no início apoiou o critério de verificabilidade do significado e acredita que todo o conhecimentoé baseado em inferência lógica de simples “sentenças protocolares” que são baseadas em fatos observáveis. A oposição à metafísica e critério verificável de significado são as principais características do positivismo lógico.
Qual é a diferença entre Positivismo e Positivismo Lógico?
Positivismo é uma teoria que afirma que a teologia e a metafísica são modos anteriormente imperfeitos de conhecimento e que o conhecimento positivo é baseado em fenômenos naturais e suas propriedades e relações conforme se verifica pelas ciências empíricas.
Positivismo lógico é um movimento filosófico do século 20 sustentando que todas as afirmações significativas são ou analíticas ou conclusivamente verificáveis ou, pelo menos confirmáveis por observação e experimentação, e que as teorias metafísicas são, portanto, estritamente sem sentido.
História:
O positivismo foi desenvolvido antes do século 20.
Positivismo lógico foi desenvolvido a partir do positivismo, no século 20.
O Racionalismo Critico
Introdução
• Considerado por muitos como o mais brilhante epistemologista, Popper faz uma crítica radical e profícua ao empirismo lógico,
apesar da sua concordância com o grupo de Viena, no que tange à base empírica do conhecimento científico e da valorização da lógica.
• Para Popper o conhecimento científico deve ser construído a
partir do critério da falseabilidade, ou seja, uma teoria para ser
científica, deverá ser refutada em algum momento, caso ela
funcione sempre, não será científica, será dogmática e, portanto, uma pseudociência.
Racionalismo crítico
• Em suas críticas às teorias de Marx (materialismo histórico dialético) e Freud (psicanálise), Popper ressalta que tais teorias não eram testadas com base na experiência e sim os resultados da experiência é que eram interpretados pela teoria. Ou seja, a experiência era adequada ao poder
de fogo da teoria. Conforme ressalta Carvalho (1997):
• “Uma teoria que pretende ser empírica, ou seja, que reivindica fazer asserções sobre o mundo real, factual, deve, em princípio, ser refutável. A capacidade que uma teoria tem de poder colidir com a realidade é a medida que temos para afirmar que tal teoria é informativa, que ela nos diz algo sobre a realidade”.
Racionalismo crítico
• Assim, para Popper o conhecimento científico não é fruto da
experiência e sim de uma teoria que ao ser confrontada com
a experiência, pode ser refutada ou não.
• Desta maneira, é a partir do escopo generalizante de uma
teoria que é possível a compreensão singular de um evento
observado, tal movimento, da generalização teórica à
compreensão do fenômeno pontual, caracteriza o chamado
dedutivismo lógico de Popper.
A lógica da pesquisa científica (1925)
• Surge como uma crítica ao empirismo lógico.
Crítica: o uso da indução probabilística não resolve o
problema da indução, apenas camufla-o.
•O método de conjecturas e refutações (ou racionalismo
crítico) é o principal instrumento de construção do
conhecimento.
• Portanto a ciência é fruto de métodos dedutivos!
• Somos falíveis e a ciência também!
Racionalismo crítico
• Toda teoria científica é uma proibição
•Uma teoria para ser científica tem que ser testável e
refutável.
• A confiabilidade de uma ciência acontece após
inúmeras tentativas de refutação.
• Teoria irrefutável é dogmática, portanto, não pode ser
considerada científica.
• Polêmica em relação ao marxismo.
• Polêmica em relação à psicanálise freudiana
Críticas ao sistema epistêmico de Popper:
• Só recorre a eventos revolucionários da história das ciências
(mecânica quântica).
•Não considera os avanços científicos das ciências não –
revolucionárias (ciência normal).
• A maior confiabilidade obtida após inúmeras tentativas de
refutação esconde uma essência indutivista, uma vez que
pressupõe uma confiança prévia.
A Filosofia da Ciência em Thomas Kuhn
Thomas Kuhn foi um daqueles pesquisadores da Filosofia da Ciência que defenderam o contexto de descoberta, o qual privilegia os aspectos psicológicos, sociológicos e históricos como relevantes para a fundamentação e a evolução da ciência.
Para Kuhn, a ciência é um tipo de atividade altamente determinada que consiste em resolver problemas (como um quebra-cabeça) dentro de uma unidade metodológica chamada paradigma. Este, apesar de sua suficiente abertura, delimita os problemas a serem resolvidos em determinado campo científico. É ele que estabelece o padrão de racionalidade aceito em uma comunidade científica sendo, portanto, o princípio fundante de uma ciência para a qual são treinados os cientistas.
O paradigma caracteriza a Ciência Normal. Esta se estabelece após um tipo de atividade desorganizada que tenta fundamentar ou explicar os fenômenos ainda em um estágio que Kuhn chama de mítico ou irracional: é a pré-ciência. A Ciência Normal também ocorre quando da ruptura e substituição de paradigmas (o que não significa voltar ao estágio da pré-ciência). É que dentro de um modelo ocorrem anomalias ou contraexemplos que podem colocar em dúvida a validade de tal paradigma. Se este realmente se torna insuficiente para submeter as anomalias à teoria – já que vista de outro ângulo elas podem se tornar um problema – ocorre o que Kuhn denomina de Ciência Extraordinária ou Revolucionária, que nada mais é do que a adoção de um outro paradigma, isto é, de visão de mundo.
Isto ocorre porque dentro de um paradigma há expectativas prévias que os cientistas devem corroborar. Por isso, os cientistas não buscam descobrir (como entendiam os pensadores do contexto de justificação) nada, mas simplesmente adequar teorias a fatos. Quando ocorre algo diferente deste processo, isso se deve a fatores subjetivos, como a incapacidade técnica do profissional, ou à inviabilidade técnica dos instrumentos, ou ainda à necessidade de real substituição do paradigma vigente. Para isso, os cientistas usam hipóteses ad hoc para tentar manter o paradigma (contrário ao que pensava Popper). Aqui, Kuhn evidencia o caráter de descontinuidade do conhecimento científico que progride, então, por rupturas e não pelo acúmulo do saber, como pensava a ciência tradicional.
Sociologia do Conhecimento
O termo sociologia do conhecimento (Wissenssoziologie) foi usado primeiramente em 1925 e 1925 por Scheler e Manheim.
O termo sociologia do conhecimento (Wissenssoziologie) foi usado primeiramente em 1925 e 1925 por Scheler e Manheim. Desde o seu começo, identificava-se como um campo de investigação intimamente ligado aos problemas da filosofia europeia e do historicismo, particularmente o interesse filosófico característico da Alemanha do século XIX, em torno do relativismo, historicamente enraizado no legado de Karl Marx, Friedrich Nietzsche, e os historicistas, cuja filosofia cultural das visões do mundo (Weltanschauungsphilosophie) se revelou imensamente influente nas ciências sociais alemãs entre 1890 e 1930.
A sociologia do conhecimento examina a origem social das ideias, argumentando que toda a esfera ideacional (“conhecimento”, “ideias”, “ideologias”, “mentalidades”) se desenvolve no contexto dos grupos e instituições sociais. As ideias englobadas nestas dimensões mencionadas pertencem a um leque vasto de questões sobre a extensão e limites das influências sociais, que acabam examinadas à luz das fundações sociais e culturais da cognição e percepção. Apesar das mudanças significativas durante o tempo, os estudos clássicos e contemporâneos no campo da sociologia do conhecimento convergem num tema comum: a fundação social do pensamento. Ideias, conceitos, e sistemas de crenças são intrinsecamente sociais, e por isso, explicados por intermédio do contexto em que surgem.
Desde as suas origens na sociologia alemã por volta de 1920, a sociologia do conhecimento tem assumido que as ideias (conhecimento) emergem e são determinadas pelo contexto social e posições (localização estrutural) dos seus proponentes. A premissa principal é que todo o ideário se encontra funcionalmente relacionado com a realidadesociohistórica. De acordo com os seus autores, a sociologia do conhecimento (Wissenssoziologie) foi desenvolvida como um método empírico e histórico para resolução dos conflitos de ideologias na Alemanha de Weimar, que resultaram das revoluções políticas e sociais de finais do século XIX e inícios de século XX, conflitos estes sustentados nas visões de mundo antagónicas e orientadas por elites intelectuais e políticas. Esboçada em declarações iniciais de Max Scheler e Karl Mannheim, esta nova disciplina refletiu as necessidades intelectuais de uma era, que obedeciam às exigências de racionalidade e objetividade no âmbito dos problemas em torno da confusão intelectual e ideológica. Foi neste sentido que a sociologia do conhecimento acabou por ser descrita como uma disciplina que refletia uma nova compreensão do “conhecimento”, na medida em que se inseria numa configuração moderna e pluralística. Com esta abordagem definiu-se uma nova situação, sumariamente descrita como “modernidade”, um mundo onde o “conhecimento” e a “verdade” apresentam inúmeras faces. O que acreditamos que sabemos varia consoante as operações cognitivas da mente humana, e estas variam de acordo com as comunidades, as classes, as culturas, nações, gerações, etc.
A sociologia do conhecimento contemporânea aborda um conjunto de preocupações diferentes (mas relacionados), pelo que se encontra distanciada dos tópicos postulados pelos fundadores. E adicionalmente, a matéria que trabalha ultrapassa o problema do relativismo e o contexto das ideias e ideologias. Entre as temáticas proeminentes no campo, encontramos as características “locais” do conhecimento e o estudo das suas funções no quotidiano humano. Tamanha reorientação no campo, que do estudo das ideologias antagónicas passa ao estudo dos pressupostos compreensivos tomados como garantidos, caracteriza-se como um desvio da preocupação original com a verdade de ideias e ideologias, para uma preocupação cultural denominada como sociologia do significado. Em última análise, este conjunto de transformações revela uma deslocação do estudo inicial das funções ideológicas de elites e intelectuais, para as concepções do conhecimento como forma de discurso cultural e parte de um enorme campo de sistemas simbólicos e significantes que operam na sociedade.
Método Experimental
Parte superior do formulário
Parte inferior do formulário
Introdução
A Psicologia tornou-se numa ciência quando Wundt formou o seu primeiro laboratório e começou a experimentar aquilo que a Psicologia estudava. Assim a Psicologia experimental dava os primeiros passos e podia provar o que os seus estudos procuram saber, ou seja, o comportamento e os processos mentais.
Assim os métodos utilizados para estudar Psicologia foram evoluindo com a evolução das teorias, ou seja, à medida que as teorias iam surgindo com novos conceitos e teses, os métodos teriam de acompanhar essa mesma evolução. A Psicologia evolui então com o seguimento destas teorias:
Wundt – Associacionismo, que procura conhecer a forma como se relacionam e associam os processos mentais;
Pavlov – Reflexologia, que admite que a atividade nervosa superior é controlada pelo córtex e é onde se formam, modificam e desaparecem os reflexos condicionados;
Watson – Behaviorismo, que admite que o comportamento passível de ser estudado é o comportamento diretamente observável;
Freud – Psicanálise, que procura conhecer o significado mais profundo das perturbações psicológicas, que coexistem no consciente, pré-consciente e inconsciente;
Kölher – Gestaltismo, que admite que a percepção e o pensamento são uma totalidade antes de serem compreendidos pelas suas partes constituintes;
Piaget – Construtivismo, que admite que o conhecimento é um processo interativo que envolve o sujeito e o meio e que decorre em etapas (estádios).
Tal como as teorias evoluíram, os métodos utilizados também evoluíram para acompanhar essa mesma evolução, começando com o método introspectivo e terminando com o método psicanalítico. O método introspectivo foi o precursor da Psicologia experimental, apresentando-se um método bastante rudimentar, em que um dos experimentadores era sujeito a diferentes situações e após as quais teria de descrever o que sentia em cada uma delas através de palavras. Por esta sucinta descrição é possível deduzir que o método não era de todo seguro e cientificamente verdadeiro e, portanto este método foi rejeitado mediante as seguintes críticas:
A introspecção é, no fundo, uma retrospeção;
Os dados da introspeção só podem ser comunicados através de linguagem e muitas vezes é difícil o sujeito exprimir o que sente por palavras;
Os fenômenos psicológicos não são compatíveis com a introspeção, visto que se o indivíduo está muito emocionado não consegue analisar a sua emoção;
O indivíduo que pratica a introspeção é o único que observa a sua experiência, não sendo possível de controlar por outro observador;
O método introspectivo não se pode aplicar aos domínios da psicologia infantil, animal ou psicopatologia;
A tomada de consciência de um determinado fenômeno implica a sua alteração.
Assim perante esta rejeição foi necessária uma evolução, que levou ao método experimental, que se segue detalhadamente descrito.
Método experimental
As primeiras investigações foram realizadas na primeira metade do século XIX, por Gustav Ferchner. Este foi o primeiro cientista a preocupar-se com a aplicação dos métodos exatos.
O método experimental foi então adaptado pelos behavioristas, assumindo este método então um papel privilegiado para o conhecimento do comportamento humano e animal.
Este método é caracterizado por uma aplicação limitada e redutora a certas áreas da investigação, tais como fisiologia, aprendizagem, memória, percepção e psicologia social.
Para a realização de uma atividade experimental, o experimentador deve de ter atenção alguns aspectos, bem como a elaboração de um plano, que o guiará durante toda a atividade experimental. Para tal a atividade experimental esta dividia em diversas etapas: hipótese prévia, experimentação, e generalização dos resultados.
Hipótese Prévia:
Esta etapa serve como meio de apoio, que guiará a observação do experimentador, bem como na determinação de todas as técnicas a utilizar. A hipótese é uma explicação possível em que o experimentador procura estabelecer uma relação de causa e efeito entre dois tipos de fatos.
Experimentação:
Esta etapa é um conjunto de observações realizadas, em determinadas condições controladas com o objetivo de testar a validade da hipótese formulada. Para tal, o experimentador, faz variar determinado fator externo, e verificar quais as alterações provocadas por essa variável no comportamento que se está a estudar. Podemos então distinguir e definir dois tipos de variáveis: variável dependente, e variável independente.
Variável dependente: é a variável que o investigador pretende avaliar, e depende da variável independente.
Variável independente: é a variável que integra um conjunto de fatores, condições experimentais que são manipuladas e modificadas pelo investigador.
No decurso da experiência o investigador apenas faz variar apenas uma variável independente, para poder avaliar de que modo, diferentes valores, graus e intensidades essa variável afeta o comportamento.
Quando o experimentador planeia e desenvolve a investigação, este procura controlar todas as variáveis que o possam impedir de testar se a variável independente influencia efetivamente a variável dependente. O investigador tem de ter conta o contrato da situação, bem como as características das atitudes do sujeito e os efeitos do experimentador, bem como as variáveis externas. Estas são variáveis estranhas ou parasitas, e constituem as variáveis que o experimentador não considerou na hipótese. Este tipo de variável afeta o resultado de toda a experiência, daí que seja conveniente eliminá-las e neutralizá-las, para se assegurar que as respostas dos sujeitos só dependam da variável independente.Quando esta variável é impossível de eliminar, o experimentador tem de determinar a sua influência.
Muitas das vezes quando as pessoas cujo comportamento esta a ser estudado, sabem que são alvo de estudo, estas podem assumir comportamento que julgam ser os desejados, reagindo com o experimentador. Este por engano ou distração, pode fornecer dados, informações ou sugestões.
Durante a prática experimental o experimentador recorre á constituição do grupo experimental e do grupo de controlo.
O grupo experimental é o que é sujeito ás mudanças da variável dependente.
O grupo de controlo experimenta as mesmas condições do grupo experimental, exceto na variação da variável independente. Este é utilizado como modelo padrão de comparação, que permite analisar o efeito da variável independente no grupo experimental.
A constituição dos grupos deve de ser homogênea, e tem de haver um controlo das características.
O experimentador quando estuda um determinado aspecto do comportamento, tenta descobrir as leis gerais que se aplicam a todos os membros que pretende compreender. Como tal surge mais uma definição, de população.
População é o termo que designa todos os indivíduos que pertencem a um dado grupo.
Para tal o experimentador define, como:
Amostra, uma parte seleciona da população que a representa.
Deverá existir uma correspondência entre a estrutura da amostra e a estrutura da população.
Generalização.
A generalização é então a última etapa do método experimental e também uma das quais é necessário um maior rigor, na medida em que é nesta etapa que é feita uma generalização dos resultados obtidos no grupo de indivíduos sujeitos à experiência (amostra) a toda a população a que se refere à investigação. Esta generalização deve ser feita com o maior rigor e prudência para que não ocorram erros.
Em suma, o método experimental seguiu-se ao método introspectivo, após o mesmo ter sido rejeitado, e consiste em três fases fundamentais: hipótese prévia, experimentação e generalização. Apesar do sucesso e muito completo, o método experimental apresenta também as suas limitações:
Dificuldade em isolar a variável independente;
Dificuldade em controlar as atitudes e expectativas do sujeito;
Dificuldade em neutralizar os efeitos do experimentador.
Além destas críticas temos também as questões éticas que se colocam com a utilização deste método, a partir do momento em que a sensibilidade física e psíquica dos indivíduos é posta em risco. Para colmatar estas questões recorrem-se a experiências evocadas, ou seja, em vez de se criar uma situação para analisar determinado comportamento recorre-se a situações já existentes, ultrapassando as questões éticas, mas continuando a aplicar este método.
Pesquisa qualitativa
O que é uma Pesquisa qualitativa:
Pesquisa qualitativa é um método de investigação científica que se foca no caráter subjetivo do objeto analisado, estudando as suas particularidades e experiências individuais, por exemplo.
Com a pesquisa qualitativa, os entrevistados estão mais livres para apontar os seus pontos de vista sobre determinados assuntos que estejam relacionados com o objeto de estudo.
Numa pesquisa qualitativa as respostas não são objetivas, e o propósito não é contabilizar quantidades como resultado, mas sim conseguir compreender o comportamento de determinado grupo-alvo.
Normalmente, as pesquisas qualitativas são feitas com um número pequeno de entrevistados.
A escolha da pesquisa qualitativa como metodologia de investigação é feita quando o objetivo do estudo é entender o porquê de certas coisas, como a escolha dos eleitores, a percepção dos consumidores, e etc.
Pesquisa qualitativa e Pesquisa quantitativa
Ao contrário da qualitativa, o objetivo da pesquisa quantitativa é obter como resultado índices numéricos que apontam preferências, comportamentos e outras ações dos indivíduos que pertencem a determinado grupo ou sociedade.
O método quantitativo é objetivo, pois segue modelos padronizados de investigação, como os questionários com resposta de múltipla escolha.
As amostras recolhidas para participar da pesquisa quantitativa também costumam ser muito maiores do que o método qualitativo.
No entanto, vale ressaltar que a pesquisa qualitativa não serve como substituição ao modelo quantitativo, mas sim como um importante complemento.
Outra diferença importante entre os dois modelos de investigação científica está no ponto de vista do pesquisador sobre a organização da pesquisa: na quantitativa, a opinião do pesquisador deve ser excluída; na qualitativa, a opinião do pesquisador pode estar integrada à pesquisa.
Métodos de Pesquisa em Psicologia Social
Os métodos de pesquisa são os recursos que dispomos para determinar se existe alguma congruência entre as nossas conjecturas e a realidade. Os métodos devem ser considerados a partir das duas posições metacientíficas básicas anteriormente discutidas, a naturalista e a hermenêutica. As indicações apresentadas anteriormente devem ter sido suficientes para evidenciar que os dois modelos metacientíficos representam duas maneiras distintas de conceber a investigação psicológica. A partir da apresentação das características das pesquisas quantitativa e qualitativa você deverá ser capaz de reconhecer a existência de uma relação extremamente íntima entre o modelo naturalista e a investigação quantitativa e entre o modelo hermenêutico e a investigação qualitativa. 
	Considere algumas das principais diferenças entre os métodos quantitativos e qualitativos de investigação. Em relação aos métodos quantitativos podemos dizer que eles se sustentam em algumas premissas básicas. Em primeiro lugar, aceita-se a admissão de que o mundo opera de acordo com leis causais. Em segundo lugar, aceita-se o ponto de vista fundacionalista de que os dados da pesquisa se originam da observação sensorial. Enfim, privilegia-se a suposição de que a realidade, por um lado, consiste em estruturas e instituições identificáveis enquanto dados brutos e crenças e valores, por outro. Estas duas ordens se correlacionam para fornecer regularidades e generalizações. Ora, se tudo isto for aceitável é possível dizer que a pesquisa quantitativa procura essencialmente a busca das relações não -casuais entre as variáveis independentes e variáveis dependentes. A pesquisa qualitativa, por sua vez, preocupa-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Por esta via, o objetivo do pesquisador passa a ser a busca de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes. Com base nestes interesses pode-se destacar três grandes modalidades de pesquisa qualitativa: uma primeira que busca descrever o conteúdo dos fenômenos, uma segunda que busca identificar a essência ou a estrutura destes fenômenos e uma terceira, voltada para o desenvolvimento de formas de representação 
Métodos de investigação em psicologia
	Ora, se considerarmos as abordagens naturalista e hermenêutica como os dois pólos de um contínuo, não nos parecerá difícil posicionar as distintas modalidades de investigação psicológica em algum ponto deste eixo. Contudo, é necessário esclarecer como é possível realizar uma investigação psicológica. Em um sentido mais amplo, podemos diferenciar três estratégias distintas de obtenção de dados na pesquisa psicológica: 
1) experimentar - envolve a manipulação de determinados aspectos do mundo natural com o intuito de identificar as relações não-contingenciais entre duas ou mais variáveis; 
2) observar - envolve o reconhecimento ostensivo da existência de determinados objetos presentes no mundo natural e a suposição de que se é possível esclarecer as relações porventura existentes entre os objetos; e 
3) perguntar - supõe a possibilidade de se adentrar o universo conceitual do interlocutor com o objetivo de circunscrever através de uma relação intersubjetiva o sentido das ações humanas.
Os métodos experimentais
	No caso dos experimentos em psicologia social, a sua adoção se justifica quando podemos supor que estãoa se manifestar condutas nômicas. Mas o que são condutas nômicas ? Podemos afirmar que se tratam de “comportamentos enquadrados por normas e costumes sociais compartilhados por membros da sociedade submetidos a processos de socialização semelhantes” (Kruger, p. 22). Pensando assim, são comportamentos altamente previsíveis e que podem ser submetidos a uma investigação experimental Poderíamos citar uma série de comportamentos dotados de semelhante grau de previsibilidade e que podem ser submetidos à investigação através da modalidade experimental: o prestígio social; o comportamento em filas; a utilização do espaço em bares e restaurantes; as posturas e gestos nos encontros sociais etc. Ao estudar fenômenos desta natureza os psicólogos seguem alguns princípios básicos. Em primeiro lugar, há de se identificar e posteriormente manipular as variáveis independentes, mensurar o efeito desta manipulação nas variáveis dependentes, tendo-se previamente o cuidado de se controlar o efeito das varáveis intervenientes e estranhas. Os experimentos possuem algumas vantagens quando comparados a outros comportamentos sociais. Em um certo sentido, eles parecem ser a única metodologia capaz de fornecer algum indício acerca da direção da causalidade. Além disso, um experimento pode ser replicado muitas vezes, introduzindo-se pequenas modificações, observando-se então os resultados sistemáticos relativos a esta co-variação das condições. Entretanto, podem ser apresentadas algumas objeções acerca da utilização da metodologia experimental no estudo dos comportamentos humanos. A principal delas relaciona-se com um ponto que já discutimos anteriormente, que é o fato do sujeito experimental fazer exatamente aquilo que é instruído pelo experimentador. Outras objeções a respeito da experimentação perfazem críticas de natureza técnicas, em especial a suposição de que quanto mais sofisticado e mais rigoroso for um experimento mais ele perderia no plano da validade ecológica, de críticas de natureza ideológica, ao se partir do pressuposto que a abordagem experimental assume uma determinada concepção acerca da estabilidade e da previsibilidade inerente ao mundo e de que isto levaria inevitavelmente a uma postura política de manutenção do status quo e de críticas filosóficas, relacionadas sobretudo com a admissão de que a utilização da metodologia experimental é inseparável da aceitação da doutrina determinista e o abandono da suposição que os serem humanos são dotados de liberdade. 
Estudos observacionais
	Nos estudos observacionais o investigador observa de uma forma relativamente livre e natural o comportamento de alguém, com ou sem o conhecimento de quem está sendo observado. Para se diferenciar a observação que normalmente realizamos em muitas outras atividades daquela que visa a obtenção de dados cientificamente significativos, podemos denominar a esta última de observação sistemática. 
	Podemos considerar uma série de fatores que justificam a realização de um estudo que envolve a observação sistemática:
1. quando se aceita a admissão de que um experimento poderá gerar padrões de comportamento muito artificiais; 
2. nas circunstâncias em que a observação é a única forma de se registrar o comportamento, como, por exemplo, no caso de bebês muito pequenos; e 
3. quando o experimento não pode ser realizado por justificativas de natureza moral, por exemplo, no caso de estudos que envolveriam a privação em crianças. 
	Mas, afinal de contas, o que pode ser observado ? Certamente que nem tudo pode ser observado. Os observadores precisam inicialmente definir o que e como irão realizar as suas observações. Eles precisam definir os termos em que serão realizadas as amostras de comportamentos a serem observados. Podemos circunscrever, neste particular, três tipos de amostra: i) amostra temporal: observa-se o que ocorre em determinados períodos. Por exemplo, entre 14 e 14:15 h; na hora do recreio etc. ii) amostra pontual: observa-se exclusivamente o comportamento de um dado indivíduo, passando-se para o seguinte apenas quando o registro anterior estiver completo; e iii) amostra por evento: observa-se um tipo específico de evento todas as vezes em que ele se manifesta. Por exemplo, registro de lutas infantis, de episódios de interação social etc. 
	Uma das principais características da observação sistemática é a de que ela pode ser considerada um recurso extremamente impressionista e dependente dos estados subjetivos do observador. Para lidar com esta dificuldade, e tornar mais confiáveis os dados obtidos através da observação, os investigadores procuram estabelecer a correlação entre os registros de vários observadores que fizeram as suas observações em uma mesma circunstância. Esta correlação permite estabelecer uma estimativa de confiabilidade inter-observadores. Assim, nas circunstâncias em que esta estimativa é baixa, pode-se dizer que se manifestou um forte viés do observador, sendo necessário tratar os resultados com uma cautela extrema. 
Observação naturalística
	Muitas vezes a observação controlada deixa a desejar, sobretudo porque ela é muito artificial e os comportamentos não ocorrem em um contexto em que eles se manifestariam naturalmente. Em decorrência desta dificuldade, muitos pesquisadores adotam a estratégia de realização de observações naturalísticas. Estas observações são realizadas no contexto específico em que o comportamento que se deseja estudar costuma ocorrer. Pensando assim, este tipo de observação pode ser considerada mais realista e provavelmente possui uma taxa mais alta de validade ecológica. Contudo, o observador deve fazer o possível para se tornar parte do ambiente em que a observação está sendo realizada e isto não é muito fácil. 
	O principal problema com a observação naturalista reside na necessidade de se definir claramente o sistema de registro e de classificação dos comportamentos a serem observados. O problema pode ser considerado extremamente grave, uma vez que ele não se localiza na acurácia ou na adequação do sistema de registro, mas sim na suposição de que o simples fato de se estabelecer um sistema de classificação já é o suficiente para se perder completamente a dimensão contextual e as condições reais em que o comportamento se manifesta. 
Observação participante
	O princípio básico da observação participante assenta-se na noção de que se você não pode observá-los, junte-se a eles . Neste caso, o grau de envolvimento do observador com quem está sendo observado pode variar bastante. O observador pode trabalhar a descoberto ou pode disfarçar os seus objetivos. 
V. Estudos de self-report
	A característica mais marcante dos métodos de self-report é a que neste caso o psicólogo faz algumas indagações e o participante do estudo, ao responder à pergunta do investigador, gera um auto-relato que pode ser considerado fidedigno e válido. 
	Os métodos de self-report podem ser estruturados ou não-estruturados. Quanto menos estruturado for o método, mais ricas serão as informações coletadas, o pesquisador pode dizer o que pensa, a validade ecológica é alta e o investigador pode adotar uma estratégia flexível na obtenção dos dados. No plano oposto, com a adoção de um modelo mais estruturado de método de self-report, os dados podem ser considerados mais verificáveis ou generalizáveis, o investigador não necessita estar intensamente treinado ou possuir habilidades interpessoais dignas de nota, o investigador está menos sujeito aos seus viéses pessoais, podendo adotar, ainda, uma postura mais distante em relação ao objetivo do estudo. 
O problema do disfarce dos objetivos da investigação 
	Há uma suposição amplamente aceita na pesquisa psicológica de que o investigador não pode deixar transparecer para o participante do estudo o verdadeiro objetivo da investigação, sob pena de comprometê-la. Por que ? Pode-se admitir que se o participante sabe o verdadeiro objetivo da investigação ele pode dirigir as suas respostas para duas direções distintas. Ele pode, para agradarao pesquisador, responder não de acordo com o que pensa, mas de acordo com aquilo que imagina que o pesquisador gostaria de encontrar. Por outro lado, o participante do estudo pode, ao procurar demonstrar que os seus padrões de comportamento fogem do convencional, modificar as suas respostas com a finalidade de mostrar ao pesquisador que possui características individuais próprias. Além desses dois aspectos, não podemos perder de vista o fato de que se as informações forem potencialmente embaraçosas para o participante e se ele tiver clareza que as respostas solicitadas pelo pesquisador se encaminham nesta direção, ele pode modificar o teor das suas respostas. 
	Se tudo isto é verdadeiro, é perfeitamente natural que o pesquisador procure disfarçar o verdadeiro objetivo da sua investigação. Quais as estratégias que podem ser adotadas para atingir esta finalidade ? 
1. inserir a questão de interesse no meio de outras questões indiferentes para a investigação em questão; e 
2. utilizar algum indicador mais objetivo concomitantemente à entrevista (por exemplo, um medidor do potencial elétrico da pele) 
	Estas precauções, no entanto, não são suficientes para livrar o investigador de algumas preocupações recorrentes quando se utiliza os diferentes métodos de self-report. Na literatura especializada já se encontram isolados uma série de fatores que são capazes de afetar os métodos de self-report. Eis alguns deles: a) gênero: as pessoas respondem de forma mais positiva a investigadores do sexo oposto, desde que as achem atraentes; b) origem étnica: as pessoas reagem mais formalmente em relação aos membros de outros grupos étnicos do que em relação aos membros do seu próprio grupo; c) formalidade do papel: o participante pode considerar o pesquisador uma figura importante e ajustar a sua linguagem àquela do investigador; d) subjetividade: pode existir uma química entre o pesquisador e alguns participantes que favoreça a expressão de dados mais autênticos e genuínos; e) desejabilidade social: o participante pode responder não o que acha, mas sim o que imagina ser a resposta desejada pelo investigador; e f) pistas avaliativas: o participante procura obter do pesquisador pistas e indícios a respeito das suas respostas. Para lidar com esta situação o investigador deve evitar expressar indícios que ensejem ao participante pensar que ele concorda ou discorda com os pontos de vista expostos. 
	Podemos identificar dois tipos básicos de métodos de self-report: as entrevistas e os métodos instrumentalizados. 
Entrevistas
	A entrevista pode ser caracterizada em seu sentido mais amplo como um processo de interação social entre duas ou mais pessoas onde uma procura obter informações sobre a outra As entrevistas, como os demais métodos de self-report, podem ser estruturadas e não-estruturadas. As estruturadas podem ser submetidas a análise através dos métodos quantitativos, enquanto as não-estruturadas se adaptam melhor a uma análise realizada através da metodologia qualitativa. 
Quais são os principais tipos de entrevista adotadas pelos psicólogos ?
1. Não-diretiva: muito utilizada na terapia centrada no cliente. O seu objetivo primordial não é o de obter dados, mas sim o de ajudar ao paciente. 
2. Informal: voltada para a obtenção de dados, neste tipo de entrevista o entrevistado é convidado a falar abertamente, enquanto o entrevistador escuta pacientemente, apresentando no máximo alguns comentários 
"inteligentes", evitando apresentar argumentos diretos. 
3. Semi-estruturada: o entrevistador deve seguir um conjunto de questões previamente definidas, mas ele o faz em um contexto muito semelhante ao de uma conversa informal. O entrevistador fica atento, dirigindo no 
momento que achar oportuno a discussão para o assunto que o interessa. 
4. Estruturada, mas aberta: existe um conjunto fixo de questões que o entrevistador deve seguir, mas ele pode responder livremente a qualquer questionamento feito pelo entrevistado. 
5. Estruturada: existe um número fixo de questões, uma ordem apropriada para a apresentação das mesmas e o entrevistador determina as possíveis respostas que podem ser escolhidas pelo entrevistado. 
Instrumentalizados
	Alguns métodos de self-report confiam em instrumentos psicológicos como o principal recurso para a obtenção dos dados da investigação. Quais são os principais instrumentos utilizados pelos psicólogos para a obtenção dos seus dados empíricos ? 
Questionários 
	Os questionários são frequentemente utilizados em surveys para a obtenção de dados sobre um amplo conjunto de questões, em especial a respeito de determinados padrões de comportamento . Alguns temas são tradicionalmente investigados através da aplicação de questionários: modalidades de disciplina infantil; hábitos (alimentares; sexuais etc); atividades de lazer; princípios morais; comportamento eleitoral etc 
Escalas 
	As escalas são construídas com a finalidade primordial de identificar posições relativamente permanentes ou habituais de uma determinada pessoa a respeito de um dado assunto. Elas são construídas geralmente a partir da definição de um conjunto de proposições sobre as quais o participante deve indicar o seu grau de concordância ou discordância. 
Estudo de casos 
	Trata-se de um método que envolve o estudo aprofundado de uma pessoa ou de um grupo de pessoas. A utilização deste método justifica-se em uma série de circunstâncias: 
a) casos incomuns. Na situação em que exista um número reduzido de fenômenos semelhantes em estudo ou de que o número não permita uma investigação de natureza quantitativa, o estudo de casos pode ser uma boa alternativa; 
b) contradição de uma teoria. De acordo com a perspectiva refutacionista que discutimos anteriormente, um único contra-exemplo pode trazer sérios danos para uma teoria firmemente estabelecida. Assim, pode-se utilizar o estudo de casos para esclarecer este exemplo; e
c) coleção de dados. Se em uma determinada área de estudos existe um número muito reduzido de exemplares submetidos a investigação, o estudo de casos pode ajudar a preencher este espaço vazio, na medida em que através deste método se é possível acumular uma quantidade razoável de casos que podem vir a ser submetidos a uma análise posterior. 
O que podemos concluir sobre os métodos de investigação do comportamento social ?
	Inicialmente podemos dizer que todos os métodos de investigação possuem as suas vantagens e desvantagens. Se isto é aceitável, podemos afirmar ainda que a escolha do método a ser adotado em uma determinada investigação depende fundamentalmente de dois fatores: a natureza do problema a ser investigado e a preferência pessoal do investigador Se o investigador está preocupado com a busca das causas de um determinado comportamento, se ele deseja trabalhar com dados mais objetivos ou se a sua intenção é a de generalizar os resultados para outras situações além daquelas em que as observações foram realizadas, ele deve preferencialmente procurar o suporte nos métodos quantitativos de investigação. Se, no entanto, a busca das intenções subjacentes aos atos dos agentes humanos ou se a procura dos significados ocultos das ações humanas for o principal interesse do investigador e se ele não tem a preocupação em generalizar os seus resultados para outras situações que não aquela em que fez as suas observações, o investigador deve dar preferência aos métodos qualitativos de investigação.

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