Buscar

Material de Apoio Direito Ambiental

Prévia do material em texto

Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
 
 
 
 
Conteúdo programático (conforme temas recorrentes no exame de 
ordem): 1. Introdução; 2. Direito Ambiental na Constituição Federal; 2.1 
Competências; 3. Princípios Ambientais; 4. Responsabilidade Civil por 
dano ao meio ambiente; 5. Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação (compensação ambiental); 6. Proteção do Bioma Mata 
Atlântica; 7. Código Florestal (reserva legal e área de preservação 
permanente); 8. Instrumentos da Política de Desenvolvimento Urbano; 09. 
Licenciamento Ambiental e Estudo Prévio de Impacto ambiental; 10. 
Sanções Penais e Administrativas; 11. Responsabilidade Administrativa 
federal por danos ambientais; 12. Saneamento Básico. 
 
 
1. Introdução 
 
O despertar para a proteção ambiental teve o seu ápice no século XX, 
especialmente nos anos 70, a partir da constatação de que diversos e graves 
problemas ambientais estavam sendo causados pelo desenvolvimento das 
atividades econômicas. Diferentemente do que se investiga e se defende 
científica e juridicamente hoje, a preocupação inicial foi exclusivamente 
antropocêntrica. Preocupou-se o homem com a impossibilidade de continuar 
extraindo riquezas do meio natural. 
Somente em 1981, no Brasil, o meio ambiente foi reconhecido como bem 
jurídico autônomo pelo art. 3º, inc. I, da Lei 6.938/81, que o definiu como “o 
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. 
A partir desse conceito, supera-se a percepção fragmentária e utilitarista 
até então vigente e refletida em diversas normas ambientais esparsas, anteriores 
à Lei 6.939/81, em que a proteção jurídica incidia sobre específicos elementos 
naturais, tais com a fauna, a flora, os recursos minerais, não em razão de sua 
importância para a manutenção do equilíbrio ecológico, mas em razão da 
utilidade econômica que representavam como insumos do processo produtivo. 
(MARQUESAN, STEIGLEDER E CAPPELLI, 2007, p.16). 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
 Conforme o conceito legal, o meio ambiente é mais do que os elementos 
corpóreos que o integram, pois compreende também as relações e interações 
entre todos. Dessa forma, a própria Lei 6.938/81, no seu art. 2º, inciso I, institui, 
como princípio da Política Nacional do Meio Ambiente, “a ação governamental 
na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um 
patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em 
vista o uso coletivo”. 
O denominado “uso coletivo” foi melhor caracterizado em 1991, com a 
promulgação da Lei nº 8.078, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor. A 
partir de então, os chamados direitos coletivos “lato sensu” se subdividem em 
difusos, coletivos e individuais homogêneos: 
 
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e 
das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a 
título coletivo. 
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se 
tratar de: 
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos 
deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que 
sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por 
circunstâncias de fato; 
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para 
efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível 
de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas 
entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; 
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim 
entendidos os decorrentes de origem comum. 
 
Atualmente, o Direito Ambiental também regula a proteção dos ambientes 
artificiais ou construídos, como o meio ambiente urbano, o meio ambiente do 
trabalho e o meio ambiente cultural. Por essa razão os editais do Conselho 
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre o Exame de Ordem 
determinam que na prova objetiva devem constar questões sobre Direito 
Ambiental em sentido amplo, o que abrange também a legislação tipicamente 
urbanística, como o Estatuto da Cidade e a legislação sobre saneamento e 
resíduos sólidos. 
O direito fundamental ao meio ambiente trata-se, na realidade, da 
caracterização dos direitos de solidariedade, de titularidade coletiva, como direito 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
de terceira dimensão, pelo fato de se “desprenderem, em princípio, da figura do 
homem-indivíduo como seu titular e caracterizando-se como direitos de 
titularidade coletiva” (SARLET, 2002). 
 
2. Direito Ambiental na Constituição Federal 
 
Embora a proteção ambiental tenha um capítulo próprio na CF de 88, 
também está presente em inúmeros outros regramentos inseridos ao longo do 
texto, nos mais diversos títulos e capítulos. Entre eles cabe destacar o art. 170, 
que em seu inciso VI, determina que a ordem econômica brasileira, fundada na 
valorização do trabalho humano e na livre iniciativa tem entre o seus princípios 
a defesa do meio ambiente. 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade 
o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras 
gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao 
Poder Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e 
prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio 
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa 
e manipulação de material genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços 
territoriais e seus componentes a serem especialmente 
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente 
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio 
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade; 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de 
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a 
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de 
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio 
ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as 
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, 
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a 
crueldade. 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a 
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução 
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados. 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra 
do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são 
patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, 
dentro de condições que assegurem a preservação do meio 
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos 
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos 
ecossistemasnaturais. 
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua 
localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser 
instaladas. 
 
A Constituição Federal disciplina o Meio Ambiente no Título VIII, Capítulo 
VI, determinando em seu art. 225 que “todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. “Ao proclamar o 
meio ambiente como “bem de uso comum do povo” foi reconhecida a sua 
natureza de “direito público subjetivo”, vale dizer, exigível e exercitável em face 
do próprio Estado, que tem também a missão de protegê-lo” (MILARÉ, 2011, p. 
176). 
Embora a CF não conceitue meio ambiente – e sim o direito subjetivo ao 
seu equilíbrio – da leitura dos parágrafos do art. 225, juntamente com o conceito 
legal de meio ambiente (Lei nº 6.938/81), afirma-se que o mesmo deve ser 
compreendido de forma ampla, englobando não somente o meio ambiente 
natural, com fauna, flora e formações de relevo, mas também o meio ambiente 
cultural, com seu patrimônio histórico, artístico e paisagístico, além do meio 
ambiente urbano. 
O art. 170 da CF (TÍTULO VII - DA ORDEM ECONÔMICA E 
FINANCEIRA CAPÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE 
ECONÔMICA), inciso VI, determina como um dos princípios da ordem 
econômica a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus 
processos de elaboração e prestação. 
O direito ao ambiente ecologicamente equilibrado é direito subjetivo de 
ordem material e alcança a seara dos direitos fundamentais. O equilíbrio 
ambiental é crucial para que as personalidades possam ter o curso normal de 
desenvolvimento. Esse entendimento decorre da definição constitucional de que 
o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de todos e essencial a 
sadia qualidade de vida. Nas grandes e médias cidades, os desarranjos 
emocionais e físicos provocados pela poluição (sonora, atmosférica, hídrica, 
etc.) afetam toda a sociedade e o indivíduo em particular. Percebe-se, assim, a 
relação da proteção ambiental com o direito à saúde e com o princípio da 
dignidade da pessoa humana. 
O inc. III do § 1º, do art. 225, estabelece o dever do Poder Público de 
definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais a serem 
especialmente protegidos. O Código Florestal dispõe sobre as áreas de 
preservação permanente (em perímetro rural ou urbano) e sobre as reservas 
legais (perímetro rural). Já a Lei nº 9.985/2000 criou o Sistema Nacional de 
Unidades de conservação, prevendo 12 diferentes modalidades de espaços 
protegidos repartidos entre unidades de proteção integral e unidades de uso 
sustentável, além de modalidade especial chamada “Reserva da Biosfera”. 
No § 4º, o artigo 225 protegeu de forma especial cinco macrorregiões, em 
decorrência das características de seus ecossistemas. Desta forma, determinou 
que “a Floresta Amazônica Brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o 
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua 
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a 
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos 
naturais”. A questão que segue abordou este tema: 
 
Com relação aos ecossistemas Floresta Amazônica, Mata 
Atlântica, Serra do Mar, Pantanal matogrossense e Zona 
Costeira, assinale a afirmativa correta. 
a) Tais ecossistemas são considerados pela CRFB/1988 
patrimônio difuso, logo todos os empreendimentos nessas áreas 
devem ser precedidos de licenciamento e estudo prévio de 
impacto ambiental. 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
b) Tais ecossistemas são considerados patrimônio 
nacional, devendo a lei infraconstitucional disciplinar as 
condições de utilização e de uso dos recursos naturais, de 
modo a garantir a preservação do meio ambiente. 
c) Tais ecossistemas são considerados bens públicos, 
pertencentes à União, devendo a lei infraconstitucional 
disciplinar suas condições de utilização, o uso dos recursos 
naturais e as formas de preservação. 
d) Tais ecossistemas possuem terras devolutas que são, a 
partir da edição da Lei n. 9985/2000, consideradas unidades de 
conservação de uso sustentável, devendo a lei especificar as 
regras de ocupação humana nessas áreas. 
 
A alternativa correta (letra “b”) praticamente reproduz o texto da lei. As 
demais estão incorretas pelas seguintes razões: a CF não classifica o meio 
ambiente como “patrimônio difuso” e sim como bem de uso comum do povo e o 
estudo prévio de impacto ambiental, segundo o mesmo artigo, deve ser exigido, 
na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora 
de significativa degradação do meio ambiente, independentemente da região; o 
enunciado da letra “c” está errado pois a CF não classifica os bens ambientais 
como “bens públicos pertencentes à União”; em relação à alternativa “d” importa 
compreender que “terra devoluta é a que não está destinada a qualquer uso 
público, nem está legitimamente integrada ao patrimônio particular” (MILARÉ, 
2011, p. 219). Segundo o art. 20, II, da CF, são bens da União as terras devolutas 
indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, 
das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei. 
A Lei 9.985/2000, cria o SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação 
da Natureza (tema bem recorrente nas provas da FGV), de fato definiu a 
“unidade de conservação de uso sustentável”, mas não transformou todas as 
terras devolutas em unidades de conservação. O art. 43 da Lei determinou que 
o Poder Público fará o levantamento nacional das terras devolutas, com o 
objetivo de definir áreas destinadas à conservação da natureza, no prazo de 
cinco anos após a publicação desta Lei. 
 
2.1 Competências em matéria ambiental 
 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
O quadro de competências determinado pela Constituição Federal dá 
ênfase ao chamado federalismo cooperativo, “já que boa parte da matéria 
relativa à proteção do meio ambiente pode ser disciplinada a um só tempo pela 
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios” (MILARÉ, 2011, 
p. 224). 
 Na preparação para o exame de ordem é importante estudar a 
competência em matéria ambiental em conjunto com as normas disciplinadoras 
do direito urbanístico, pois os artigos 182 e seguintes da Constituição Federal e 
o Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), estabelecem a atuação prioritária do 
Município no estabelecimento do ordenamento urbano (competência material). 
 
Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo 
Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em 
lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das 
funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus 
habitantes. 
 
 
Competência material (administrativa) 
 
Que se dá pelo exercício do poder de polícia: atos de prevenção, 
repressão e fiscalizatórios. 
 
Art. 78 (CTN). Considera-se poder de polícia a atividade da 
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, 
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção 
de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, 
à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do 
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentesde concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade 
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou 
coletivos. 
 
A competência material pode ser exclusiva: aquela reservada a uma 
entidade com exclusão das demais ou comum: atribuída a todos os entes 
federados que a exercem sem excluir a do outro. Conforme a CF, a 
competência material para a proteção ambiental é comum. 
 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios: 
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor 
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens 
naturais notáveis e os sítios arqueológicos; 
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em 
qualquer de suas formas; 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; 
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a 
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do 
bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006). 
 
Assim, a competência para proteção do meio ambiente é comum e a 
forma pela qual os vários entes cuidarão da matéria deve ser disciplinada em lei 
complementar. 
Em 08 de dezembro de 2011 foi publicada a Lei Complementar 140, que 
tem como objetivo fixar as normas de cooperação para o exercício da 
competência material comum na defesa do meio ambiente nos termos do 
parágrafo único do artigo 23 da Constituição, além de alterar o artigo 10 da 
Política Nacional de Meio Ambiente – Lei nº 6.938/81, adequando-a às novas 
disposições. 
A atuação material na esfera ambiental trazia, na prática, diversos 
conflitos de “competência” entre os entes federativos que implicavam não só em 
total ausência de segurança jurídica aos empreendedores, mas também, e 
principalmente, em risco ambiental claro e patente. Neste contexto, a Lei 
Complementar estabeleceu além do conceito legal de licenciamento ambiental 
(art. 2º, inciso I), os conceitos de atuação supletiva e atuação subsidiária (art. 2º, 
II e III) e ainda os instrumentos de cooperação (artigo 4º). 
 
Art. 2o Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se: 
I - licenciamento ambiental: o procedimento administrativo 
destinado a licenciar atividades ou empreendimentos 
utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente 
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar 
degradação ambiental; 
II - atuação supletiva: ação do ente da Federação que se 
substitui ao ente federativo originariamente detentor das 
atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei Complementar; 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
III - atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa a 
auxiliar no desempenho das atribuições decorrentes das 
competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo 
originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei 
Complementar. 
 
Os artigos 7º, 8º e 9º, dispõem sobre as ações administrativas da União, 
dos Estados e dos Municípios. O art. 10 determina que são ações administrativas 
do Distrito Federal as previstas nos arts. 8o e 9o. A lista de ações é extensa e já 
foi objeto de questionamento no EO. Alguns incisos fazem referência a “âmbito 
nacional”, “política nacional”, “sistema nacional”, “florestas públicas federais”, 
biodiversidade brasileira, entre outros, nas ações da União, o que facilita o seu 
entendimento (o mesmo ocorre em relação aos estados e municípios). Os 
demais necessitam leitura e memorização. Segue o texto da lei, com recorte das 
atribuições que não fazem referência direta ao âmbito de atuação de cada ente 
federado, ou seja, com as situações mais difíceis: 
 
Art. 7o São ações administrativas da União: 
IV - promover a integração de programas e ações de órgãos e 
entidades da administração pública da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à 
gestão ambiental; 
VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas 
direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os 
resultados obtidos;1 
IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e 
regional; 
X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos;2 
XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os 
níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do 
meio ambiente; 
XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de 
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a 
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei; 
XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos 
e atividades: 
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em 
país limítrofe; 
 
1 Este inciso, embora trate de ações atribuídas à União, não faz qualquer referência ao âmbito federal e os 
estados e municípios têm a mesma atribuição. 
 
2 Esta ação também se repete no âmbito estadual e municipal. 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma 
continental ou na zona econômica exclusiva; 
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas3; 
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação 
instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental 
(APAs); 
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; 
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, 
nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no 
preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto 
na Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; 
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, 
transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer 
estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas 
formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional 
de Energia Nuclear (Cnen); ou 
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder 
Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite 
Nacional, assegurada a participação de um membro do 
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados 
os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade 
ou empreendimento; 
XV - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas 
e formações sucessoras em: 
a) florestas públicas federais, terras devolutas federais ou 
unidades de conservação instituídas pela União, exceto em 
APAs; e 
b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, 
ambientalmente, pela União; 
XVII - controlar a introdução no País de espécies exóticas 
potencialmente invasoras que possam ameaçar os 
ecossistemas, habitats e espécies nativas; 
XVIII - aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da 
fauna e da flora em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos; 
XX - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e 
larvas; 
XXI - proteger a fauna migratória e as espécies inseridas na 
relação prevista no inciso XVI; 
XXIII - gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento 
tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais; 
XXIV - exercer o controle ambiental sobre o transporte marítimo 
de produtos perigosos; e 
XXV - exercer o controle ambiental sobre o transporte 
interestadual, fluvial ou terrestre, de produtos perigosos. 
Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja 
localização compreenda concomitantemente áreas das faixas 
terrestre e marítima da zona costeira será de atribuição da União 
exclusivamente nos casos previstos em tipologiaestabelecida 
por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão 
Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do 
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados 
 
3 Exemplo de licenciamento em terras indígenas: Usina de Belo Monte. 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade 
ou empreendimento. 
 
Art. 8o São ações administrativas dos Estados: 
V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em 
apoio às Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente; 
VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas 
direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os 
resultados obtidos; 
VIII - prestar informações à União para a formação e atualização 
do Sinima; 
X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos; 
XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os 
níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do 
meio ambiente; 
XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de 
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a 
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei; 
XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou 
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva 
ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, 
de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos 
arts. 7o e 9o; 
XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou 
empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de 
conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de 
Proteção Ambiental (APAs); 
XVI - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas 
e formações sucessoras em: 
a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do 
Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
b) imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso 
XV do art. 7o; e 
c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, 
ambientalmente, pelo Estado; 
XVII - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora 
ameaçadas de extinção no respectivo território, mediante laudos 
e estudos técnico-científicos, fomentando as atividades que 
conservem essas espécies in situ; 
XVIII - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos 
e larvas destinadas à implantação de criadouros e à pesquisa 
científica, ressalvado o disposto no inciso XX do art. 7o; 
XIX - aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre; 
XXI - exercer o controle ambiental do transporte fluvial e terrestre 
de produtos perigosos, ressalvado o disposto no inciso XXV do 
art. 7o. 
 
Art. 9o São ações administrativas dos Municípios: 
II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas 
atribuições; 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em 
apoio às Políticas Nacional, Estadual e Municipal de Meio 
Ambiente; 
VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas 
direcionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os 
resultados obtidos; 
IX - elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos 
ambientais;4 
X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos; 
XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os 
níveis de ensino e a conscientização pública para a proteção do 
meio ambiente; 
XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de 
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a 
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei; 
XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos 
previstas nesta Lei Complementar, promover o licenciamento 
ambiental das atividades ou empreendimentos: 
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito 
local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos 
Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, 
potencial poluidor e natureza da atividade; ou 
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo 
Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
XV - observadas as atribuições dos demais entes federativos 
previstas nesta Lei Complementar, aprovar: 
a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e 
formações sucessoras em florestas públicas municipais e 
unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em 
Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e 
 
Observe a seguinte questão: 
 
A Lei Complementar n. 140 de 2011 fixou normas para a 
cooperação entre os entes da federação nas ações 
administrativas decorrentes do exercício da competência 
comum relativas ao meio ambiente. Sobre esse tema, assinale 
a afirmativa correta. 
a) Compete à União aprovar o manejo e a supressão de 
vegetação, de florestas e formações sucessoras em Áreas de 
Preservação Ambientais - APAs. 
b) Compete aos Estados e ao Distrito Federal controlar a 
introdução no País de espécies exóticas potencialmente 
invasoras que possam ameaçar os ecossistemas, habitats e 
espécies nativas. 
 
4 Previsão de instrumento urbanístico dentro da LC que disciplina competência em matéria ambiental 
(meio ambiente urbano) 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
c) Compete aos municípios gerir o patrimônio genético e o 
acesso ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as 
atribuições setoriais. 
d) Compete à União aprovar a liberação de exemplares de 
espécie exótica da fauna e da flora em ecossistemas 
naturais frágeis ou protegidos. 
 
Em relação ao enunciado constante na letra “a”, que menciona a 
competência para o manejo de florestas em APAs, o mesmo pode induzir 
facilmente em erro. A LC inclui entre as “ações administrativas da União” a 
aprovação do manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações 
sucessoras” só que em florestas públicas federais, terras devolutas federais ou 
unidades de conservação instituídas pela União, exceto em APAs. Embora, em 
regra, o ente tenha competência para o manejo e licenciamento nas unidades de 
conservação por ele instituídas, a lei, em todas as situações (União, Estado e 
Municípios) afastou essa regra em caso de APAs. O artigo 12 ratifica isso: 
 
Art. 12. Para fins de licenciamento ambiental de atividades ou 
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva 
ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, 
de causar degradação ambiental, e para autorização de 
supressão e manejo de vegetação, o critério do ente federativo 
instituidor da unidade de conservação não será aplicado às 
Áreas de Proteção Ambiental (APAs). 
Parágrafo único. A definição do ente federativo responsável 
pelo licenciamento e autorização a que se refere o caput, no 
caso das APAs, seguirá os critérios previstos nas alíneas “a”, “b”, 
“e”, “f” e “h” do inciso XIV do art. 7o, no inciso XIV do art. 8o e na 
alínea “a” do inciso XIV do art. 9o. 
 
A APA – Área de Proteção Ambiental é uma espécie de unidade do grupo 
de uso sustentável e está conceituada no art. 15 da Lei 9.985: “A Área de 
Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de 
ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais 
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das 
populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade 
biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do 
uso dos recursos naturais”. Assim, para fins de licenciamento e autorização de 
 
 
 
DireitoAmbiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
supressão ou manejo de vegetação, valem as outras regras de distribuição de 
competência. 
Em relação ao enunciado na letra “b”, fácil constatar a falsidade da 
assertiva quando menciona a competência dos estados para controlar a entrada 
no país (competência federal, portanto) de espécies exóticas. A assertiva “c”, 
igualmente falsa, afirma que compete aos municípios gerir o patrimônio genético 
e o acesso ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições 
setoriais, pois tal competência é da União, conforme inciso XXIII do caput do art. 
7o da LC no 140, de 8 de dezembro de 2011. 
Outra questão sobre competência material: 
 
Técnicos do IBAMA, autarquia federal, verificaram que 
determinada unidade industrial, licenciada pelo Estado no qual 
está localizada, está causando degradação ambiental 
significativa, vindo a lavrar auto de infração pelos danos 
cometidos. Sobre o caso apresentado e aplicando as regras de 
licenciamento e fiscalização ambiental previstas na Lei 
Complementar n. 140/2011, assinale a afirmativa correta. 
a) Há irregularidade no licenciamento ambiental, uma vez 
que em se tratando de atividade que cause degradação 
ambiental significativa, o mesmo deveria ser realizado pela 
União. 
b) É ilegal a fiscalização realizada pelo IBAMA, que só pode 
exercer poder de polícia de atividades licenciadas pela União, 
em sendo a atividade regularmente licenciada pelo Estado. 
c) É possível a fiscalização do IBAMA o qual pode, 
inclusive, lavrar auto de infração, que, porém, não 
prevalecerá caso o órgão estadual de fiscalização também 
lavre auto de infração. 
d) Cabe somente à União, no exercício da competência de 
fiscalização, adotar medidas para evitar danos ambientais 
iminentes, comunicando imediatamente ao órgão competente, 
em sendo a atividade licenciada pelo Estado. 
 
Esta questão trata da possibilidade de órgão federal fiscalizar e autuar 
empreendimento licenciado pelo Estado. A atividade de fiscalização permanece 
sendo atividade comum dos entes, mas em caso de dupla autuação, permanece 
a competência do órgão competente para licenciar. Tal matéria está disciplinada 
no art. 17: 
 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou 
autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou 
atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo 
administrativo para a apuração de infrações à legislação 
ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade 
licenciada ou autorizada. 
§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar 
infração ambiental decorrente de empreendimento ou atividade 
utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente 
poluidores, pode dirigir representação ao órgão a que se refere 
o caput, para efeito do exercício de seu poder de polícia. 
§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da 
qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento 
do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la 
ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente 
para as providências cabíveis. 
§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício 
pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da 
conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou 
potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais 
com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de 
infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição 
de licenciamento ou autorização a que se refere o caput. 
 
Uma terceira e última questão sobre competência material nas provas 
elaboradas pela FGV: 
 
O Município Z deseja implementar política pública ambiental, no 
sentido de combater a poluição das vias públicas. Sobre as 
competências ambientais distribuídas pela Constituição, 
assinale a afirmativa correta. 
a) União, Estados, Distrito Federal e Municípios têm 
competência material ambiental comum, devendo leis 
complementares fixar normas de cooperação entre os 
entes. 
b) Em relação à competência material ambiental, em não 
sendo exercida pela União e nem pelo Estado, o Município pode 
exercê-la plenamente. 
c) O Município só pode exercer sua competência material 
ambiental nos limites das normas estaduais sobre o tema. 
d) O Município não tem competência material em direito 
ambiental, por falta de previsão constitucional, podendo, porém, 
praticar atos por delegação da União ou do Estado. 
 
Das três questões sobre este tema, esta é a mais simples, pois a assertiva 
“a” reproduz o texto do art. 23 da CF. Em relação a letra “d”, a assertiva é falsa 
pois contraria o texto do art. 23. Em relação a letra “b” a assertiva é falsa quando 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
afirma que o município poderá exercer a competência material de forma plena, 
pois a LC 140 distribuiu, conforme visto, as ações administrativas de cada ente. 
Já a letra “c” é falsa quando afirma que lei estadual definirá a competência 
municipal, pois a distribuição de competência é matéria constitucional. 
 
Competência legislativa 
 
A competência legislativa, por sua vez, é do tipo concorrente, nos termos 
do art. 24 da CF. 
 
Em outro modo de dizer, na legislação concorrente ocorre 
prevalência da União no que concerne à regulação de 
aspectos de interesse nacional, com o estabelecimento de 
normas gerais endereçadas a todo o território nacional, as 
quais, como é óbvio, não podem ser contrariadas por 
normas estaduais ou municipais. Assim, a União legislará e 
atuará em face de questões de interesse nacional, enquanto os 
Estados o farão diante de problemas regionais, e os municípios 
apenas diante de temas de interesse estritamente local. Por 
outro lado, para que não haja “espaços brancos”, caso a União 
não legisle sobre as normas gerais, poderão os estados ocupar 
o vazio, exercendo a competência legislativa plena para atender 
as suas peculiaridades (art. 24, § 3º). Todavia, a superveniência 
de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei 
estadual, no que lhe for contrário (art. 24, § 4º) (MILARÉ, 2011, 
p. 227). 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal 
legislar concorrentemente sobre: 
V - produção e consumo; 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, 
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio 
ambiente e controle da poluição; 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico 
e paisagístico; 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao 
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico; 
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da 
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais 
não exclui a competência suplementar dos Estados. 
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados 
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas 
peculiaridades. 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais 
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que 
couber; 
 
Recentemente foi divulgada uma notícia sobre uma Ação Direta de 
Inconstitucionalidade que questiona lei do estado do Amapá. A notícia é 
importante para compreendermos e memorizarmos dois aspectos: 
 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA 
PGR questiona no Supremolei que cria licença ambiental única 
no Amapá 
 
29 de fevereiro de 2016, 8h52 
 
A Procuradoria-Geral da República questiona no Supremo 
Tribunal Federal a lei do Amapá que permite uma licença 
ambiental única para atividades do agronegócio. Segundo o 
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, essa norma viola 
a competência privativa da União para editar regras para 
proteção do ambiente, delimitada pelo inciso VI do artigo 24 da 
Constituição Federal. 
A Ação Direta de Inconstitucionalidade 5.475 questiona o artigo 
12, inciso IV, parágrafo 7º, da Lei Complementar 5/1994, 
alterada pela Lei Complementar 70/2012 para criar a Licença 
Ambiental Única (LAU) para atividades e empreendimentos 
relacionados a agricultura, pecuária, avicultura e outras, além de 
extrativismo e atividades agroindustriais. 
Essa licença, segundo a ação da PGR, substitui outras licenças 
ambientais e etapas do processo de liberação de obras e 
empreendimentos. A PGR pede, ainda, que, caso o STF não 
aceite o argumento de inconstitucionalidade formal por 
usurpação de competência, que considere a violação do 
princípio da precaução do ambiente equilibrado. 
O princípio delimita que, “havendo conflito legislativo entre 
União e estados, deve prevalecer a norma mais restritiva, ou 
seja, aquela que melhor defenda o ambiente”. A ação foi 
distribuída à ministra Cármen Lúcia. Em razão da relevância da 
matéria, a ministra aplicou ao caso o rito abreviado previsto no 
artigo 12 da Lei 9.868/1999 (Lei das ADIs). 
A medida faz com que a ação seja julgada pelo Plenário do STF 
diretamente no mérito, sem prévia análise do pedido de 
liminar. Com informações da Assessoria de Imprensa do STF. 
ADI 5.475 
 
Verifique as questões do exame de ordem sobre competência legislativa: 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
 
Em determinado Estado da federação é proposta emenda à 
Constituição, no sentido de submeter todos os Relatórios de 
Impacto Ambiental à comissão permanente da Assembleia 
Legislativa. Com relação ao caso proposto, assinale a afirmativa 
correta. 
a) Os Relatórios e os Estudos de Impacto Ambiental são 
realizados exclusivamente pela União, de modo que a 
Assembleia Legislativa não é competente para analisar os 
Relatórios. 
b) A análise e a aprovação de atividade potencialmente 
causadora de risco ambiental são consubstanciadas no 
poder de polícia, não sendo possível a análise do Relatório 
de Impacto Ambiental pelo Poder Legislativo. 
c) A emenda é constitucional, desde que de iniciativa 
parlamentar, uma vez que incumbe ao Poder Legislativo a 
direção superior da Administração Pública, incluindo a análise e 
a aprovação de atividades potencialmente poluidoras. 
d) A emenda é constitucional, desde que seja de iniciativa do 
Governador do Estado, que detém competência privativa para 
iniciativa de emendas sobre organização administrativa, 
judiciária, tributária e ambiental do Estado. 
 
O estado Y pretende melhorar a qualidade do ar e da água em 
certa região que compõe o seu território, a qual é abrangida por 
quatro municípios. Considerando o caso, assinale a alternativa 
que indica a medida que o estado Y deve adotar. 
a) Instituir Região Metropolitana por meio de lei ordinária, a 
qual retiraria as competências dos referidos municípios para 
disciplinar as matérias. 
b) Por iniciativa da Assembleia Estadual, editar lei definindo 
a região composta pelos municípios como área de preservação 
permanente, estabelecendo padrões ambientais mínimos, de 
acordo com o plano de manejo. 
c) Editar lei complementar, de iniciativa do Governador do 
estado, a qual imporá níveis de qualidade a serem obedecidos 
pelos municípios, sob controle e fiscalização do órgão ambiental 
estadual. 
d) Incentivar os municípios que atingirem as metas 
ambientais estipuladas em lei estadual, por meio de 
distribuição de parte do ICMS arrecadado, nos limites 
constitucionalmente autorizados. 
 
Esta última questão não versa exclusivamente sobre direito ambiental. A 
assertiva correta está fundamentada no Título VI da CF “da tributação e do 
orçamento”, especificamente no art. 158, que trata do percentual de ICMS 
pertencente ao município. Assim, os estados podem instituir “ICMS verde ou 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
ecológico” como forma de incentivo aos municípios para o atingimento de metas 
ambientais. 
 
3. Princípios Ambientais 
 
Milaré, citando Celso Antonio Bandeira de Mello, afirma que “violar um 
princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção 
ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, 
mas a todo o sistema de comandos” (MILARÉ, 2011, p. 1064). A doutrina 
enumera diversos princípios, às vezes específicos de direito ambiental, em 
outras princípios gerais de direito aplicáveis ao Direito Ambiental. Destaca-se os 
seguintes princípios: 
 
Princípio da solidariedade intergeracional. 
 
A Declaração sobre Meio Ambiente Humano (1972) estabeleceu em seu 
princípio 2 que o meio ambiente deve ser preservado em benefício das gerações 
atuais e futuras. 
 
Princípios da prevenção e da precaução 
 
Importa destacar que os objetivos do Direito ambiental são 
fundamentalmente preventivos. A degradação ambiental é de difícil, às vezes 
impossível reparação. A prevenção trata de riscos e impactos já conhecidos pela 
ciência, já o princípio da precaução visa proteger o meio ambiente dos impactos 
desconhecidos. Assim, ao determinar que certas atividades necessitam de 
estudo prévio de impacto ambiental, o legislador já tinha conhecimento do 
potencial poluidor dessas atividades. Neste sentido, a seguinte questão do 
Exame de Ordem: 
 
Na perspectiva da tutela do direito difuso ao meio ambiente, o 
ordenamento constitucional exigiu o estudo de impacto 
ambiental para instalação e desenvolvimento de certas 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
atividades. Nessa perspectiva, o estudo prévio de impacto 
ambiental está concretizado no princípio 
a) da precaução. 
b) da prevenção. 
c) da vedação ao retrocesso. 
do poluidor-pagador. 
 
Princípio do Poluidor-pagador 
 
O princípio do poluidor-pagador está relacionado aos custos externos do 
processo produtivo, que atingem à coletividade. “O princípio não se limita a 
tolerar a poluição mediante um preço, nem se limita a compensar os danos 
causados, mas evitar o dano ao meio ambiente (CAPELLI, STEIGLEDER e 
MARCHESAN, 2007, p. 24). 
 
Princípio da função social e ambiental da propriedade 
 
A função social da propriedade foi reconhecida expressamente pela 
Constituição de 1988, nos arts. 5º, inc. XXIII, 170, inc. III e 186, inc. II. Quando 
se diz que a propriedade tem uma função social, está se afirmando que ao 
proprietário se garante os direitos inerentes ao uso e à disposição da coisa, 
desde que cumpra sua função social e ambiental. Nesses termos, ao estabelecer 
no art. 186, inc. II, que a propriedade rural cumpre a sua função social quando 
atende, entre outros requisitos, à preservação do meio ambiente, a Constituição 
está impondo ao proprietário rural o dever de exercer o seu direito de 
propriedade em conformidade com a preservação da qualidade ambiental. 
 
4. Responsabilidade Civil por dano ao meio ambiente 
 
Segundo parágrafo 3º, do art. 225, da CF, as condutas e atividades 
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas 
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados. A reparação dos danos se dá através 
da responsabilização civil. Para a devida compreensãoda ações que podem 
configurar dano ao meio ambiente, impõe-se a retomada do conceito de meio 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
ambiente, conforme artigo 3º, inciso I, da Lei 6.938/81: meio ambiente é o 
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. O art. 3º 
não elencou os elementos corpóreos que compõem o meio ambiente e, assim o 
fazendo, considerou-o um bem incorpóreo e imaterial. 
Assim, conforme o conceito de José Afonso da Silva, meio ambiente é a 
a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que 
propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. 
O dano ao meio ambiente, portanto, é um dano ao macrobem ambiental, em uma 
visão globalizada e integrada. Desta forma, quando se fala na proteção da fauna, 
da flora, do ar, da água e do solo, por exemplo, não se busca exclusivamente a 
proteção desses elementos em si, mas deles como elementos indispensáveis à 
proteção do meio ambiente como bem imaterial. 
Segundo o art. 3º, V, da Lei 6.938/81, recursos ambientais são a 
atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar 
territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. Estes 
elementos podem ser chamados de microbens ambientais, são os elementos 
que integram o macrobem. O microbem ambiental pode ter o regime de sua 
propriedade variado (público ou privado). 
Dano é a lesão a interesses juridicamente protegidos e dano ambiental é 
a lesão ao direito fundamental que todos têm de gozar e aproveitar do meio 
ambiente apropriado. 
O dano ambiental pode ser ecológico puro, que é aquele que atinge aos 
componentes essenciais do ecossistema. Pode ser em sentido amplo (lato 
sensu) quando atinge a qualquer componente do meio ambiente, inclusive o 
cultural e construído; ainda pode ser individual ambiental ou reflexo, que é aquele 
que atinge interesses próprios do lesado (referentes ao microbem). 
Quanto à reparabilidade ela pode se dar de forma direta, quando o dano 
é individual (o interessado que sofreu o dano será diretamente indenizado) ou 
de forma indireta, quando diz respeito a interesses difusos e coletivos, nestes 
casos a indenização é revertida a um fundo de proteção de interesses difusos. 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
O dano também pode se patrimonial, que possibilita a restituição, 
recuperação ou indenização do bem ambiental lesado; ou extrapatrimonial 
(moral) ambiental que é todo prejuízo não patrimonial ocasionado à sociedade 
ou ao indivíduo e deve ser compensado pecuniariamente. 
A responsabilidade por danos causados ao meio ambiente é objetiva 
porque, segundo Milaré, “a expansão das atividades econômicas da chamada 
sociedade de risco – marcada pelo consumo de massa e pela desenfreada 
utilização dos recursos naturais – haveria de exigir um tratamento da matéria 
com o viés de um novo Direito, e não pelos limites da ótica privada tradicional”. 
Segundo o art. 927, § único, do Código Civil, a responsabilidade será 
objetiva quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Na responsabilidade 
do tipo objetiva, basta a prova da ocorrência do dano e do vínculo causal com o 
desenvolvimento – ou mera existência – de uma determinada atividade. Não se 
investiga culpabilidade, como negligência, imprudência ou imperícia. Segundo a 
Lei 6.938/81, 
 
Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação 
federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas 
necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e 
danos causados pela degradação da qualidade ambiental 
sujeitará os transgressores: 
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas 
neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da 
existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos 
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua 
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá 
legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e 
criminal, por danos causados ao meio ambiente. 
 
Conforme o art. 14, § 1º, a responsabilidade se dá independentemente de 
culpa, mesmo quando o dano é causado a terceiros (reflexo ou ricochete). 
Sabe-se, contudo, que nem toda a utilização de recurso ambiental pode 
ser considerada dano ao meio ambiente. Dano é apenas a conduta antijurídica 
suscetível de reparação, aquela que ultrapassa os limites de segurança e 
acarreta perda do equilíbrio ambiental. O conceito de poluição, constante no art. 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
3º, da Lei 6.938/81, também é utilizado como parâmetro para identificação de 
um dano ao meio ambiente. 
 
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante 
de atividades que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da 
população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e 
econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio 
ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões 
ambientais estabelecidos; 
 
O nexo de causalidade é de difícil identificação nos danos ambientais, 
seja pela concomitância de agentes poluidores, pela complexidade das causas 
ou pela distância entre o agente causador e o dano. Assim, alguns doutrinadores 
entendem que o princípio que norteia a inversão do ônus da prova no direito do 
consumidor é, em tese, aplicável à responsabilidade civil por danos ambientais, 
pois as razões que a justificam são comuns em ambos os casos. 
Em relação aos danos ambientais, tema recorrente nas provas da ordem 
é a chamada obrigação “propter rem”. “Propter rem” significa em razão da coisa, 
ou seja, quem se beneficia da degradação ambiental alheia, a agrava ou lhe dá 
continuidade não é menos degradador. Por isso, o legislador se encarrega de 
responsabilizar o novo proprietário pela cura do malfeito do seu antecessor. Isso 
vale para o desmatamento, para a poluição das águas e a erosão do solo 
(Herman Benjamin). 
O sujeito responsável pela reparação do dano ambiental é o poluidor, 
segundo a Lei 6.938/81, 
 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou 
privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade 
causadora de degradação ambiental; 
 
Da responsabilização objetiva, fundamentada na teoria do risco, decorrem 
algumas consequências: a) prescindibilidade de investigação de culpa; b) 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
irrelevância da licitude da atividade; c) inaplicabilidade de algumas excludentes 
tradicionais e de cláusula de não indenizar e; d) responsabilidade solidária (art. 
942 do Código Civil). 
A Lei 8.884/1994, em seu art. 88, alterou o caput do art. 1º da Lei 7.347/85 
(Lei da Ação Civil Pública), ensejando que também os danos morais coletivos 
fossem objeto das ações de responsabilidade civil em matéria de tutela de 
interesses transindividuais. Veja as duas questões sobre responsabilidade civil 
por dano ambiental: 
 
João adquiriu em maio de 2000 um imóvel em área rural, 
banhado pelo Rio Formoso. Em 2010, foi citado para responder 
a uma ação civil pública proposta pelo Município de Belas 
Veredas, que o responsabiliza civilmente por ter cometido corte 
raso na mata ciliar da propriedade. João alega que o 
desmatamentofoi cometido pelo antigo proprietário da fazenda, 
que já praticava o plantio de milho no local. Em razão do 
exposto, é correto afirmar que 
a) por dano ambiental é objetiva, mas, como não há nexo de 
causalidade entre a ação do novo proprietário e o corte raso na 
área, verifica-se a excludente de responsabilidade, e João não 
será obrigado a reparar o dano. 
b) a responsabilidade civil por dano ambiental difuso 
prescreve em cinco anos por força da Lei 9.873/99. Logo, João 
não será obrigado a reparar o dano. 
c) João será obrigado a recuperar a área, mas, como não 
poderá mais utilizá-la para o plantio do milho, terá direito a 
indenização, a ser paga pelo Poder Público, por força do 
princípio do protetor-recebedor. 
d) a manutenção de área de mata ciliar é obrigação 
propter rem; sendo obrigação de conservação, é 
automaticamente transferida do alienante ao adquirente. 
Logo, João terá que reparar a área. 
 
João, militante ambientalista, adquire chácara em área rural já 
degradada, com o objetivo de cultivar alimentos orgânicos para 
consumo próprio. Alguns meses depois, ele é notificado pela 
autoridade ambiental local de que a área é de preservação 
permanente. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta. 
a) João é responsável pela regeneração da área, mesmo 
não tendo sido responsável por sua degradação, uma vez 
que se trata de obrigação propter rem. 
b) João somente teria a obrigação de regenerar a área caso 
soubesse do dano ambiental cometido pelo antigo proprietário, 
em homenagem ao princípio da boa-fé. 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
c) O único responsável pelo dano é o antigo proprietário, 
causador do dano, uma vez que João não pode ser 
responsabilizado por ato ilícito que não cometeu. 
d) Não há responsabilidade do antigo proprietário ou de João, 
mas da Administração Pública, em razão da omissão na 
fiscalização ambiental quando da transmissão da propriedade. 
 
No curso de obra pública, a Administração Pública causa dano 
em local compreendido por área de preservação permanente. 
Sobre o caso apresentado, assinale a opção que indica de quem 
é a responsabilidade ambiental. 
a) Em se tratando de área de preservação permanente, que 
legalmente é de domínio público, o ente só responde pelos 
danos ambientais nos casos de atuação com dolo ou grave. 
b) Em se tratando de área de preservação permanente, a 
Administração Pública responderá de forma objetiva pelos 
danos causados ao meio ambiente, independentemente das 
responsabilidades administrativa e penal. 
c) Em se tratando de dano ambiental com área de 
preservação permanente, a Administração Pública não tem 
responsabilidade, sob pena de confusão, recaindo sobre o 
agente público causador do dano, independentemente das 
responsabilidades administrativa e penal. 
d) Trata-se de caso de responsabilidade subjetiva solidária 
de todos aqueles que contribuíram para a prática do dano, 
inclusive do agente público que determinou a prática do ato. 
 
Sobre prescrição nas ações cíveis por dano ambiental: 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC) - 
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO 
- DANO AMBIENTAL - PRESCRIÇÃO - DECISÃO 
MONOCRÁTICA QUE NEGOU 
PROVIMENTO AO RECLAMO. 
INSURGÊNCIA DOS DEMANDADOS. 
1. O termo inicial do prazo prescricional para a propositura 
da ação de indenização por dano pessoal em razão do 
desenvolvimento de doença grave decorrente de 
contaminação do solo e das águas subterrâneas é a data da 
ciência inequívoca dos efeitos danosos à saúde, e não a do 
acidente ambiental 
 
(REsp 1346489 (2012/0098444-1 - 26/08/2013) 
Da prescrição no dano ambiental. 
Há tempos esta Corte Superior vem firmando entendimento de 
que o direito ao pedido de reparação de danos ambientais 
(macrobem ambiental) está protegido pelo manto da 
imprescritibilidade, por se tratar de direito inerente à vida, 
fundamental e essencial a afirmação dos povos, 
independentemente de estar expresso ou não em texto legal. É 
o que se extrai dos seguintes precedentes: "ADMINISTRATIVO 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
E PROCESSO CIVIL - DIREITO AMBIENTAL- AÇÃO CIVIL 
PÚBLICA – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL – 
IMPRESCRITIBILIDADE DA REPARAÇÃO DO DANO 
AMBIENTAL – PEDIDO GENÉRICO – ARBITRAMENTO DO 
QUANTUM DEBEATUR NA SENTENÇA: REVISÃO, 
POSSIBILIDADE - SÚMULAS 284/STF E 7/STJ. (...) 5. 
Tratando-se de direito difuso, a reparação civil assume grande 
amplitude, com profundas implicações na espécie de 
responsabilidade do degradador que é objetiva, fundada no 
simples risco ou no simples fato da atividade danosa, 
independentemente da culpa do agente causador do dano. 6. O 
direito ao pedido de reparação de danos ambientais, dentro 
da logicidade hermenêutica, está protegido pelo manto da 
imprescritibilidade, por se tratar de direito inerente à vida, 
fundamental e essencial à afirmação dos povos, 
independentemente de não estar expresso em texto legal. 7. 
Em matéria de prescrição cumpre distinguir qual o bem jurídico 
tutelado: se eminentemente privado seguem-se os prazos 
normais das ações indenizatórias; se o bem jurídico é 
indisponível, fundamental, antecedendo a todos os demais 
direitos, pois sem ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, 
Documento: 25083998 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado 
Página 1 1 de 16 Superior Tribunal de Justiça nem lazer, 
considera-se imprescritível o direito à reparação. 8. O dano 
ambiental inclui-se dentre os direitos indisponíveis e como tal 
está dentre os poucos acobertados pelo manto da 
imprescritibilidade a ação que visa reparar o dano ambiental. (...) 
11. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido" 
(REsp 1.120.117/AC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, 
SEGUNDA TURMA, julgado em 10/11/2009, DJe 19/11/2009 - 
grifou-se). 
[...]Por outro lado, no caso de danos ambientais individuais 
(microbem ambiental), não obstante a matéria ainda gerar 
certas incertezas jurídicas, doutrina e jurisprudência vêm se 
firmando no sentido de ser aplicado o instituto da 
prescrição, haja vista afetarem a pessoa e a seu bem, isto é, 
tem titularidade definida (REsp 1.120.117/AC, Rel. Min. 
Eliana Calmon, DJe 19/11/2009). Tais danos, portanto, têm 
suas normas regidas pela legislação civil. Assim, na 
vigência do Código Civil de 1916, o prazo prescricional 
aplicável às pretensões indenizatórias era de vinte anos, 
previsto no artigo 177, porquanto ação pessoal. Com a 
vigência do novo Código Civil, houve a redução do prazo 
para três anos para as demandas de reparação civil (artigo 
206, § 3º, inciso V). 
 
5. Sistema Nacional de Unidades de Conservação (e 
compensação ambiental) 
 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
Nas provas elaboradas pela Fundação Getúlio Vargas, este tema consta 
em diversas questões. Impõe-se, assim, o seu estudo com a devida atenção. O 
art. 225 da CF, em seu parágrafo 1º, inciso III, informa que para assegurar a 
efetividade do direito previsto no caput, incumbe ao Poder Público criar espaços 
territoriais a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e supressão 
permitidas somente por meio de lei. 
José Eduardo Ramos Rodrigues (2005) em obra específica sobre o 
SNUC, destaca os ideários distintos que exerceram influência na criação da lei. 
Essa informação nos auxilia na compreensão das diversas espécies de unidades 
de conservação. 
 
Como vimos, a elaboração da Lei do SNUC foi influenciada 
primordialmente por dois grupos de ambientalistas: 
 Os conservacionistas, cuja visão de proteção ambiental é 
derivada do ideário do Estado Social, defensores do modelo de 
Unidades de Conservação de Proteção Integral ou de Uso 
Indireto. 
 Os socioambientalistas, cuja visão de proteção ambiental 
é derivada do ideáriodo neoliberalismo, defensores do modelo 
de Unidades de Conservação de Uso Sustentável ou de Uso 
Direto. 
 
Identifica-se facilmente a fusão desses dois ideários nos objetivos 
constantes no art. 4º da Lei. De acordo com os princípios, as unidades de 
conservação dividem-se em dois grupos: Unidades de Proteção Integral e 
Unidades de Uso Sustentável. 
 
Unidades de Proteção Integral Unidades de Uso Sustentável 
Estação Ecológica Área de Proteção Ambiental 
Reserva Biológica Área de Relevante Interesse Ecológico 
Parque Nacional Floresta Nacional 
Monumento Natural Reserva Extrativista 
Refúgio de Vida Silvestre Reserva de Fauna 
 Reserva de Desenvolvimento 
Sustentável 
 Reserva Particular do Patrimônio Natural 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
 
Síntese de características das UCs de proteção integral: 
 
Espécie Objetivos 
Estação Ecológica A Estação Ecológica tem como objetivo a 
preservação da natureza e a realização 
de pesquisas científicas 
Reserva Biológica A Reserva Biológica tem como objetivo a 
preservação integral da biota e demais 
atributos naturais existentes em seus 
limites, sem interferência humana 
direta ou modificações ambientais, 
excetuando-se as medidas de 
recuperação de seus ecossistemas 
alterados e as ações de manejo 
necessárias para recuperar e preservar o 
equilíbrio natural, a diversidade biológica 
e os processos ecológicos naturais 
Parque Nacional O Parque Nacional tem como objetivo 
básico a preservação de ecossistemas 
naturais de grande relevância ecológica e 
beleza cênica, possibilitando a 
realização de pesquisas científicas e o 
desenvolvimento de atividades de 
educação e interpretação ambiental, 
de recreação em contato com a 
natureza e de turismo ecológico 
Monumento Natural O Monumento Natural tem como objetivo 
básico preservar sítios naturais raros, 
singulares ou de grande beleza cênica 
Refúgio da Vida Silvestre O Refúgio de Vida Silvestre tem como 
objetivo proteger ambientes naturais 
onde se asseguram condições para a 
existência ou reprodução de espécies ou 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
comunidades da flora local e da fauna 
residente ou migratória 
 
 
Quanto à visitação 
É proibida a visitação pública, exceto 
quando com objetivo educacional. 
 Estação Ecológica 
 Reserva Biológica 
A visitação pública está sujeita às 
condições e restrições estabelecidas no 
Plano de Manejo da unidade 
 Monumento Natural 
 Parque Nacional 
 Refúgio da Vida Silvestre 
Quanto à pesquisa científica 
A pesquisa científica depende de 
autorização prévia do órgão responsável 
pela administração da unidade 
 Estação Ecológica 
 Reserva Biológica 
 Parque Nacional 
 Refúgio da Vida Silvestre 
 
Síntese de características das UCs de Uso Sustentável: 
 
Espécie Objetivos 
Área de Proteção Ambiental A Área de Proteção Ambiental é uma 
área em geral extensa, com um certo 
grau de ocupação humana, dotada de 
atributos abióticos, bióticos, estéticos ou 
culturais especialmente importantes para 
a qualidade de vida e o bem-estar das 
populações humanas, e tem como 
objetivos básicos proteger a diversidade 
biológica, disciplinar o processo de 
ocupação e assegurar a sustentabilidade 
do uso dos recursos naturais 
Área de Relevante Interesse Ecológico A Área de Relevante Interesse Ecológico 
é uma área em geral de pequena 
extensão, com pouca ou nenhuma 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
ocupação humana, com características 
naturais extraordinárias ou que abriga 
exemplares raros da biota regional, e tem 
como objetivo manter os ecossistemas 
naturais de importância regional ou local 
e regular o uso admissível dessas áreas, 
de modo a compatibilizá-lo com os 
objetivos de conservação da natureza 
Floresta Nacional A Floresta Nacional é uma área com 
cobertura florestal de espécies 
predominantemente nativas e tem 
como objetivo básico o uso múltiplo 
sustentável dos recursos florestais e a 
pesquisa científica, com ênfase em 
métodos para exploração sustentável de 
florestas nativas 
Reserva Extrativista A Reserva Extrativista é uma área 
utilizada por populações extrativistas 
tradicionais, cuja subsistência baseia-
se no extrativismo e, 
complementarmente, na agricultura de 
subsistência e na criação de animais de 
pequeno porte, e tem como objetivos 
básicos proteger os meios de vida e a 
cultura dessas populações, e assegurar o 
uso sustentável dos recursos naturais da 
unidade. 
Reserva de Fauna A Reserva de Fauna é uma área natural 
com populações animais de espécies 
nativas, terrestres ou aquáticas, 
residentes ou migratórias, adequadas 
para estudos técnico-científicos sobre 
o manejo econômico sustentável de 
recursos faunísticos. 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
Reserva de Desenvolvimento 
Sustentável 
A Reserva de Desenvolvimento 
Sustentável é uma área natural que 
abriga populações tradicionais, cuja 
existência baseia-se em sistemas 
sustentáveis de exploração dos 
recursos naturais, desenvolvidos ao 
longo de gerações e adaptados às 
condições ecológicas locais e que 
desempenham um papel fundamental na 
proteção da natureza e na manutenção 
da diversidade biológica. 
Reserva Particular do Patrimônio Natural A Reserva Particular do Patrimônio 
Natural é uma área privada, gravada 
com perpetuidade, com o objetivo de 
conservar a diversidade biológica. 
 
Das disposições comuns sobre criação, implantação e gestão da UCs: 
 
Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do 
Poder Público. 
§2º A criação de uma unidade de conservação deve ser 
precedida de estudos técnicos e de consulta pública que 
permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais 
adequados para a unidade, conforme se dispuser em 
regulamento. 
§ 3o No processo de consulta de que trata o § 2o, o Poder Público 
é obrigado a fornecer informações adequadas e inteligíveis à 
população local e a outras partes interessadas. 
§ 4o Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não 
é obrigatória a consulta de que trata o § 2o deste artigo. 
§ 5o As unidades de conservação do grupo de Uso 
Sustentável podem ser transformadas total ou parcialmente 
em unidades do grupo de Proteção Integral, por instrumento 
normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a 
unidade, desde que obedecidos os procedimentos de 
consulta estabelecidos no § 2o deste artigo. 
§ 6o A ampliação dos limites de uma unidade de 
conservação, sem modificação dos seus limites originais, 
exceto pelo acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento 
normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, 
desde que obedecidos os procedimentos de consulta 
estabelecidos no § 2o deste artigo. 
 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
Zona de amortecimento é o entorno de uma unidade de conservação, 
onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, 
com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade. 
 
Art. 25. As unidades de conservação, exceto Área de Proteção 
Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, 
devem possuir uma zona de amortecimento e, quando 
conveniente, corredores ecológicos. 
§ 1o O órgão responsável pela administração da unidade 
estabelecerá normas específicas regulamentando a ocupação e 
o uso dos recursos da zona de amortecimentoe dos corredores 
ecológicos de uma unidade de conservação. 
§ 2o Os limites da zona de amortecimento e dos corredores 
ecológicos e as respectivas normas de que trata o § 1o poderão 
ser definidas no ato de criação da unidade ou posteriormente. 
 
A Lei do SNUC também criou a compensação ambiental. 
 
Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de 
empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim 
considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento 
em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - 
EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e 
manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção 
Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no 
regulamento desta Lei. 
 § 1o O montante de recursos a ser destinado pelo 
empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a meio 
por cento dos custos totais previstos para a implantação do 
empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão 
ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto 
ambiental causado pelo empreendimento. (Vide ADIN nº 3.378-
6, de 2008) 
§ 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades 
de conservação a serem beneficiadas, considerando as 
propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, 
podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades 
de conservação. 
§ 3o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação 
específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que 
se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante 
autorização do órgão responsável por sua administração, e a 
unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de 
Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da 
compensação definida neste artigo. 
 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
A Confederação Nacional da Indústria ingressou com Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADIN nº 3.378-6 de 2008) do art. 36. 
 
Ementa 
 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. 
ART. 36 E SEUS §§ 1º, 2º E 3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DE 
JULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADE DA 
COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA IMPLANTAÇÃO DE 
EMPREENDIMENTOS DE SIGNIFICATIVO IMPACTO 
AMBIENTAL. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO § 1º 
DO ART. 36. 
1. O compartilhamento-compensação ambiental de que trata o 
art. 36 da Lei nº 9.985/2000 não ofende o princípio da legalidade, 
dado haver sido a própria lei que previu o modo de financiamento 
dos gastos com as unidades de conservação da natureza. De 
igual forma, não há violação ao princípio da separação dos 
Poderes, por não se tratar de delegação do Poder Legislativo 
para o Executivo impor deveres aos administrados. 
2. Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da 
compensação, de acordo com a compostura do impacto 
ambiental a ser dimensionado no relatório - EIA/RIMA. 
3. O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio usuário-
pagador, este a significar um mecanismo de assunção partilhada 
da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da 
atividade econômica. 
4. Inexistente desrespeito ao postulado da razoabilidade. 
Compensação ambiental que se revela como instrumento 
adequado à defesa e preservação do meio ambiente para as 
presentes e futuras gerações, não havendo outro meio eficaz 
para atingir essa finalidade constitucional. 
Medida amplamente compensada pelos benefícios que sempre 
resultam de um meio ambiente ecologicamente garantido em 
sua higidez. 
5. Inconstitucionalidade da expressão “não pode ser inferior 
a meio por cento dos custos totais previstos para a 
implantação do empreendimento”, no § 1º do art. 36 da Lei 
nº 9.985/2000. O valor da compensação-compartilhamento é 
de ser fixado proporcionalmente ao impacto ambiental, 
após estudo em que se assegurem o contraditório e a ampla 
defesa. Prescindibilidade da fixação de percentual sobre os 
custos do empreendimento. 
6. Ação parcialmente procedente. 
 
Após a análise dos tópicos acima, verifique as seguintes questões: 
 
Com relação ao sistema nacional de unidades de conservação, 
assinale a alternativa correta. 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
a) As unidades de conservação do grupo de proteção integral 
são incompatíveis com as atividades humanas; logo, não se 
admite seu uso econômico direto ou indireto, não podendo o 
Poder Público cobrar ingressos para a sua visitação. 
b) A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, 
sem modificação dos seus limites originais, exceto pelo 
acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento normativo do 
mesmo nível hierárquico do que criou a unidade. O Poder 
Público está dispensado de promover consulta pública e estudos 
técnicos novos, bastando a reanálise dos documentos que 
fundamentaram a criação da unidade de conservação. 
c) O parque nacional é uma unidade de conservação do 
grupo de proteção integral, de posse e domínios públicos. É 
destinado à preservação ambiental e ao lazer e à educação 
ambiental da população; logo, não se admite seu uso econômico 
direto ou indireto, não podendo o Poder Público cobrar ingressos 
para a sua visitação. 
d) As unidades de conservação do grupo de Uso 
Sustentável podem ser transformadas total ou parcialmente 
em unidades do grupo de Proteção Integral, por instrumento 
normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a 
unidade, desde que respeitados os procedimentos de 
consulta pública e estudos técnicos. 
 
 
A Lei 9.985/2001, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades 
de Conservação – SNUC, previu que as unidades de 
conservação devem dispor de uma zona de amortecimento 
definida no plano de manejo. A esse respeito, assinale a 
alternativa correta. 
a) Os parques, como unidades de conservação de uso 
sustentado, não têm zona de amortecimento. 
b) As Áreas de Proteção Ambiental – APAs não precisam 
demarcar sua zona de amortecimento. 
c) Tanto as unidades de conservação de proteção integral 
como as de uso sustentado devem elaborar plano de manejo, 
delimitando suas zonas de amortecimento. 
d) As Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN 
são obrigadas a elaborar plano de manejo delimitando suas 
zonas de amortecimento, por conta própria e orientação técnica 
particular. 
 
A Lei 9.985/2000 instituiu a compensação ambiental, 
posteriormente julgada pelo Supremo Tribunal Federal. A 
respeito do tema, é correto afirmar que 
a) a compensação ambiental será concretizada, pelo 
empreendedor, pelo plantio de mudas de espécies nativas no 
entorno de unidades de conservação, visando reduzir os 
impactos ambientais dos empreendimentos potencialmente 
poluidores, especialmente aqueles que emitem gases 
causadores do efeito estufa. 
 
 
 
Direito Ambiental 
Prof. Veridiana Maria 
Rehbein 
OAB 
1ª Fase 
 
b) a compensação ambiental é exigida nos processos de 
licenciamento ambiental de empreendimentos 
potencialmente causadores de impactos significativos no 
meio ambiente, e será exigida em espécie, apurando-se o 
seu valor de acordo o grau de impacto causado, sendo os 
recursos destinados a uma unidade de conservação do 
grupo de proteção integral. 
c) a compensação ambiental é exigida nos processos de 
licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente 
causadores de impactos significativos no meio ambiente, e será 
exigida em espécie, apurando-se o seu valor de acordo com o 
grau de impacto causado, sendo os recursos destinados a uma 
unidade de conservação à escolha do empreendedor, em razão 
do princípio da livre iniciativa. 
d) a compensação ambiental foi considerada inconstitucional, 
por violar frontalmente o princípio do poluidor-pagador, uma vez 
que permitia ao empreendedor compensar os possíveis danos 
ambientais de seu empreendimento por meio de um pagamento, 
em espécie, destinado

Continue navegando