Buscar

Contestaçao nova

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ÁGUIA ADVOCACIA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 14ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE FORTALEZA-CE
Processo nº 00045-05.2018.8.06.0014
Autores: Maria da Silva Pinheiro e João Gonçalves
Réu: Ricardo de Souza Soares
RICARDO DE SOUZA SOARES, brasileiro, casado, servidor público, RG 3006020440080 SSP-SP, CPF 70150217173, residente e domiciliado na Av. Dom Luis N° 300, CEP 60181850, Fortaleza/Ce, por seu bastante procurador Marcos Lennon Cabral de Souza (procuração em anexo), com escritório profissional descrito no rodapé desta, onde recebe as devidas intimações, vem perante Vossa Excelência com fulcro no artigo 278 do código de processo civil, apresentar, 
CONTESTAÇÃO, 
na Ação De Guarda E Responsabilidade Com Antecipação De Tutela, que move em seu desfavor Maria da Silva Pinheiro e João Gonçalves, qualificados na exordial, pelos motivos e razões a seguir expostas:
PRELIMINARMENTE
IMPUGNAÇÃO À GRATUIDADE DA JUSTIÇA
A lei nº 13.105, nos artigos 99 e 100 esclarece que a parte contrária pode oferecer impugnação na contestação. Vejamos:
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso.
Já nos moldes, do art. 337, da respectiva lei, esclarece:
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: 
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça
O caput do art. 98 do NCPC dispõe sobre aqueles que podem ser beneficiários da justiça gratuita:
“Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.”
Ora, Excelência, como pode, a parte autora alegar que tem condições financeiras (conforme comprovações de alta renda anexadas a exordial), para arcar com todos os custos, visando o bem-estar da criança, e proporcionando melhor qualidade de vida, do que ela está vivendo agora, sendo que, nos autos fez a juntada de declaração de hipossuficiência, vejo clara contradição, e mais, litigância de má-fé por parte dos autores.
Desta forma, PRELIMINARMENTE requer que seja REVOGADO o benefício da justiça gratuita anteriormente concedido à parte autora, uma vez, por ser medida de direito, e com o intuito de não banalizar o instituto.
I- DOS FATOS
Ocorre, Excelência que a Requerente abandonou o lar e agora busca mediante o presente feito a guarda do filho do réu, fundamentando seu pleito em inúmeras inverdades, as quais serão refutadas uma a uma e comprovadas seja na instrução probatória, seja pelas provas e pelo estado social.
No ano de 2010, meu cliente passava férias em São Paulo em visita a seus pais, e ficou sabendo da situação precária que se encontrava sua amada Maria, por quem o mesmo era apaixonado desde sua adolescência, que Maria havia sido abandonada por João, seu namorado, gravida! Ricardo, de imediato e contra a vontade de seus pais, procurou Maria que se encontrava morando na casa de uma amiga de favor, lhe fezendo esta proposta “Maria, meu amor, você já sabe o quanto te amo e mesmo todo esse tempo longe, você ainda é a mulher da minha vida, venha eu assumo você e seu filho daqui em diante, se você aceitar ser minha esposa farei de você a mulher mais feliz deste mundo!” e foi o que de fato aconteceu. Ricardo casou-se com Maria um mês depois, em uma cerimonia digna de princesas da Disney, sendo noticia em todos os jornais da cidade. Os dois se mudaram para Fortaleza – Ce, onde viviam uma eterna lua de mel. Após o nascimento da criança, Ricardo cumpriu tudo o que prometera a Maria, registrando a criança em seu nome como RICARDO DE SOUZA DA SILVA FILHO, a qual sentiu um profundo sentimento de amor incondicional, e desde aquele momento, tem a criança como seu filho legítimo, e dispondo de todos os recursos para o tratamento de saúde da criança, que nasceu muito doente demandando cuidados constantes, apesar de ter plano de saúde, nem todo tratamento era coberto pelo plano. 
Em 2017, Ricardo é surpreendido ao voltar do trabalho encontrando só a babá cuidando do seu filho, onde pergunta por Maria e a babá lhe entrega uma carta que se encontra nos autos onde Maria agradece por todo cuidado e pede para Ricardo cuidar do filho do casal, pois ela estava correndo atrás de sua felicidade e de seu grande amor como ela mesmo traz na inicial.
Quanto aos supostos maus tratos relatados por Maria sofridos por ela e Ricardo Filho, são fantasias, isso nunca existiu Meritíssimo, meu cliente sempre foi muito educado e contrário a todo tipo de violência, como a Autora mesmo relata nos autos, ela volta a São Paulo em busca do seu grande amor, o pai bilógico do filho, o que nos confirma sua falta de amor a Ricardo e a Ricardo Filho. E foi o que de fato ocorreu, meu cliente ficou cuidando sozinho do seu filho nos últimos anos e agora surge esse casal querendo a guarda do filho do meu cliente alegando que ele não é o pai, e pedem a anulação do registro de nascimento, veja que absurdo, Excelência, meu cliente que sempre foi digno em seus atos como pai e marido, vem sofrendo com tal situação. Tanto é verdade que até agora um ano após ser abandonado por Maria, meu cliente continua arcando com a subsistência de Maria em São Paulo, despesas como aluguel a alimentação.
II-DO INCIDENTE DE FALSIDADE
A parte Autora, anexou à exordial, documento em que, demonstra que o Réu supostamente, a agredia fisicamente, pelo fato que não queria que ela saísse de casa, tal documento refere-se a uma suposta conversa entre o Réu e a Autora Maria, quando esta, ainda não havia abandonado o lar. Ocorre, Excelentíssimo, que não merece respeito tal documento, pois está eivado de falsidade.
O art. 390/CPC dispõe que: 
"O incidente de falsidade tem lugar em qualquer tempo e grau de jurisdição, incumbindo a parte contra quem foi produzido o documento, suscitá-lo na contestação ou no prazo de 10 dias contados da intimação da sua juntada aos autos".
E, por fim, dispõe o art. 395/CPC: 
"A sentença, que resolver o incidente, declarará a falsidade ou autencidade do documento". 
Posto, isto, sendo tempestiva a argüição, é de direito do suscitante que o juiz declare a falsidade do documento, conforme provar-se-á por meio de prova pericial.
III–DO DIREITO
III.I – DA GUARDA DO MENOR
“Se os padrões sociais e culturais provocaram mudanças nas relações familiares, também as provocaram nas relações paterno/materno-filiais. Assim, no momento em que ocorre a separação do casal apresenta-se a guarda compartilhada como uma opção madura para uma convivência entre pais e filhos. Nesse sentido, lembro o acórdão paradigmático do STJ [REsp 1.251.000-MG (2011/0084897-5)], pela pena da Ministra Nancy Andrighi, quando afirma que:
“A guarda compartilhada é o ideal a ser buscado no exercício do Poder Familiar entre pais separados, mesmo que demandem deles reestruturações, concessões e adequações diversas, para que seus filhos possam usufruir, durante sua formação, do ideal psicológico de duplo referencial.” Ainda, “A custódia física conjunta é o ideal a ser buscado na fixação da guarda compartilhada, porque sua implementação quebra a monoparentalidade na criação dos filhos, fato corriqueiro na guarda unilateral, que é substituída pela implementação de condições propícias à continuidade da existência de fontes bifrontais de exercício do Poder Familiar.”
E conclui a Ementa: 
“A guarda compartilhada deve ser tida como regra, e a custódia física conjunta – sempre que possível – como sua efetiva expressão.” Assim, a guarda compartilhada deve ser incentivada pelos operadores de direito, para alcançaro ideal da plena proteção dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, o de conviver em família e ser criado por seus pais.”
Inobstante demais doutrinas, o art. 21 da Lei 8069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), independente das partes estarem convivendo sob o mesmo teto: 
“Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência.”
No Código Civil:
“Art. 1.584...
§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.
§ 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe.
§ 4º A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda unilateral ou compartilhada poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor.
§ 6o Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar informações a qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia pelo não atendimento da solicitação.” (NR)
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá- los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação.”
De outra banda, a Constituição Federal de 1988, assim prevê: 
“Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.”
Aquém do dever, a esfera legal vai além disto, prima-se pelo direito (moral e consequentemente legal) do pai, ora requerido, zelar pelo bom desenvolvimento, educação e saúde de sua prole. Contudo, voluntaria ou involuntariamente, dificultando a presença do pai em ver a filho, não só contraria a Legislação pertinente, mas obviamente obstrui a fiscalização e a manutenção da educação da criança, embora em tenra idade, que em tese leva a ALIENAÇÃO PARENTAL, uma conduta desnecessária ao ponto de vista do compartilhamento na criação e educação da infante.
Assim, para que não se forme involuntariamente a alienação parental, dificultando as relações pai e filho, e na atual conjectura do direito de família, pretende o requerente a GUARDA COMPARTILHADA, na melhor forma da lei vigente. Pois o singelo direito de visita penalizaria não só o Requerido, bem como a criança.
Vale dizer, Art. 227 da Carta Magna: 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Em se tocando às responsabilidades dos pais e da família, segue o espírito da mencionada lei (8.069/1990): 
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
Ainda, preleciona o art. 22, da mesma legislação supra:
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Requer-se perante este juízo que a guarda permaneça com meu cliente que é o pai socioafetivo e detentor da guarda de fato e de direito. Pois vê-se claramente um prejuízo para o que seria melhor para o interesse da criança, uma vez que tem o Sr. Ricardo, como seu verdadeiro e único Pai.
III.II- DA ANULAÇÃO DE RESGISTRO
Ao lado dos requisitos já apontados pela doutrina, para a procedência da ação de guarda e reconhecimento de paternidade, quais sejam, a inexistência de origem biológica e a presença de vício de consentimento no momento do registro do filho, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que é necessária uma terceira condição para o êxito da ação: a ausência de paternidade socioafetiva. 
O que não vem ao caso aqui, Meritíssimo, pelo contrário, o Réu se assume como pai de RICARDO FILHO, perante toda sociedade e com fulcro no instituto da relação de pai socioafetivo, vem impugnar a anulação de registro de seu filho. Com efeito, tal providência ofende, na letra e no espírito, o art. 1.604 do Código Civil, segundo o qual: 
Art.1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro.
Ocorre, que tal fato,efetivamente não se cuida no caso em apreço. Se a declaração realizada pelo Réu, por ocasião do registro, foi uma inverdade no que concerne à origem genética, certamente não o foi no que toca ao desígnio, de estabelecer com o infante vínculos afetivos próprios do estado de filho, verdade social em si, bastante à manutenção do registro de nascimento e ao afastamento da alegação de falsidade ou erro.
Paternidade Socioafetiva: a paternidade socioafetiva, conquanto seja criação recente do Direito Brasileiro, já reconhecida pela jurisprudência, inclusive do Superior Tribunal de Justiça, não é nova. Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald pontuam que já no Código de Hamurabi, havia disposição reconhecendo efeitos à afetividade. (FARIAS; ROSENVALD, 2010, p.591).
A paternidade socioafetiva é aquela exercida por pessoa que, mesmo não tendo vínculo biológico, exerce a função de pai para o filho, concedendo-lhe amparo material e moral. Trata-se, portanto, de uma relação calcada na afetividade.
Conforme aduzem Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald, :
a filiação socioafetiva (que é o outro lado da paternidade socioafetiva) “não está lastreada no nascimento (fato biológico), mas em ato de vontade, cimentada, cotidianamente, no tratamento e na publicidade, colocando em xeque, a um só tempo, a verdade biológica e as presunções jurídicas. Socioafetiva é aquela filiação que se constrói a partir de um respeito recíproco, de um tratamento em mão-dupla como pai de filho, inabalável na certeza de que aquelas pessoas, de fato, são pai e filho” 			(FARIAS; ROSENVALD, 2010, p.590).
E continuam os doutrinadores:
A filiação socioafetiva decorre da convivência cotidiana, de uma construção diária, não se explicando por laços genéticos, mas pelo tratamento estabelecido entre pessoas que ocupam reciprocamente o papel de pai e filho, respectivamente. Naturalmente, a filiação socioafetiva não decorre da prática de um único ato.
Enfim, não é qualquer dedicação afetiva que se torna capaz de estabelecer um vínculo paterno-filial, alterando o estado filiatório de alguém. Para tanto, é preciso que o afeto sobrepuje, seja o fator marcante, decisivo, daquela relação. É o afeto representado, rotineiramente, por dividir conversas e projetos de vida, repartir carinho, conquistas, esperanças e preocupações, mostrar caminhos, ensinar e aprender todo dia.(FARIAS; ROSENVALD, 2010, p.591-2).
Neste contexto, esclarecedoras são as palavras de Rodrigo da Cunha Pereira:
A paternidade socioafetiva está alicerçada na posse de estado de filho, que nos remete à clássica tríade nomen, tractus e fama. Assim, para que haja a posse de estado, neste diapasão, é necessário que o menor carregue o nome da família, seja tratado como filho e que suacondição oriunda da filiação seja reconhecida socialmente. É este tripé que garante a experiência de família e nele o pressuposto do afeto. Afinal, quem cria um filho que não traz consigo laços biológicos pressupõe-se que o desejo permeou esta relação. E é claro que a conseqüência direta do desejo, neste caso, é a construção do afeto. 
Apesar de não existir regramento legislativo expresso sobre a paternidade socioafetiva, este tipo de relação detém integral respaldo do ordenamento jurídico nacional, a considerar a incumbência constitucional atribuída ao Estado de proteger toda e qualquer forma de entidade familiar, independentemente de sua origem (art. 227, CF).
Vale ressaltar, ainda, que a proteção da paternidade socioafetiva decorre imediatamente do princípio da afetividade. Segundo este princípio, o afeto, como valor decorrente da dignidade da pessoa humana e da solidariedade, deve ser entendido como o elemento de regência das entidades familiares.
Conforme destaca Flávio Tartuce, “a valorização prática do afeto como valor jurídico remonta ao brilhante trabalho de João Batista Villela, jurista de primeira grandeza, escrito em 1979, tratando da desbiologização da paternidade. Na essência, o trabalho procura dizer que o vínculo familiar constitui mais um vínculo de afeto do que um vínculo biológico. Assim, surge uma nova forma de parentesco civil, a parentalidade socioafetiva, baseada na posse de estado de filho”.(TARTUCE, 2012, p. 1043).
Conclui-se, portanto, que, apesar de a paternidade socioafetiva não estar prevista expressamente no ordenamento jurídico brasileiro, ela decorre do sistema como um todo. Outro exemplo dessa interpretação integrativa é o art. 1.593 do CC/2002, que reconhece a possibilidade de parentesco decorrente de outra origem, diversa da consanguinidade, acobertando a possibilidade de uma procedência socioafetiva. O referido dispositivo deve ser entendido de forma ampla, de modo a reconhecer também como parentesco civil o vínculo decorrente da relação socioafetiva, não estando o referido parentesco restrito à adoção judicial.
Nesse sentido, o Enunciado 108 da Jornada de Direito Civil reconheceu que “no fato jurídico do nascimento, mencionado no art. 1.603, compreende-se, à luz do disposto no art. 1.593, a filiação consanguínea e também a socioafetiva”. Igualmente está o Enunciado 256: “A posse do estado de filho (parentalidade socioafetiva) constitui modalidade de parentesco civil”.
É com base no art. 1.593 do CC/2002, que Maria Berenice Dias conceitua filiação socioafetiva. Segundo a doutrinadora, esta forma de filiação é aquela que resulta na posse de estado de filho, constituindo modalidade de parentesco civil de outra origem, sendo esta origem o afeto. (DIAS, 2010, p. 366).
Rodrigo da Cunha Pereira prefere utilizar o termo “parentalidade socioafetiva”, ao defender que, 
a despeito de a concepção da socioafetividade ter iniciado com a paternidade, obviamente se estende à maternidade e a todos os vínculos de parentesco.
 E continua:
Em breve, esta concepção doutrinária e jurisprudencial deve se tornar lei com a aprovação do PLS 470/2013 (Estatuto das Famílias), de autoria da senadora Lídice da Mata (PSB-BA) e elaborado pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), após uma longa discussão com a comunidade jurídica: “Os filhos independentemente de sua origem biológica ou socioafetiva, têm os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer desiguações ou práticas discriminatórias”. O Estatuto das Famílias, que deve substituir todo o livro de Família do Código Civil, neste aspecto estará apenas fazendo um desdobramento do artigo 1593 do CCB quando diz que “O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem.”
Assim, Nobre Julgador, não deve prosperar a pretensão dos Autores, de tirar de um filho, o Convívio e o Amor de um Pai, e vice-versa, pois, conforme se extrai dos autos, é notório que o Réu, tem o mais verdadeiro, puro e profundo sentimento de amor pelo seu filho, e não suportaria, tamanha dor, de ser forçado a separar-se do seu filho, uma vez que este, é o seu maior motivo de alegria e orgulho, vale dizer, sua razão de viver neste mundo.
III.II.I – DA FALTA DE DOCUMENTO NECESSÁRIO – EXAME DE DNA
Os autores alegam que João, é o Pai Biológico da criança, acontece Excelência, que em momento algum, foi juntado à exordial, documento para embasar tal afirmação, dessa forma como poderia ser feita a anulação de registro de uma criança, para ser retirado do Réu, a qualidade de pai da criança, e posteriormente ser a mesma registrada em nome de outro, sem que se tenha comprovado que este realmente é o pai biológico.
Assim, o que vai em desacordo com o disposto no Art. 319, inciso VI, do CPC:
Art. 319. A petição inicial indicará:
(...)
VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
(…)
 Dessa forma, deve a ação ser declarada totalmente improcedente, não devendo prosperar os pedidos dos autores, haja vista a ausência de documento essencial para ingressar na presente demanda.
IV-DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
No tocante, às responsabilidades dos pais e da família, segue o espírito da mencionada lei (8.069/1990), em seu Art. 19, in verbis:
Art. 19-Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
Ademais, vale mencionar o § 3º, do Art. 1.583, do Código Civil de 2002:
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada…
§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos.
Meritíssimo, fica expressamente claro neste texto, que não é cabível a antecipação de tutela para este casal, pois eles ainda não são uma família, e o filho do meu cliente, já tem uma família estruturada e com horários para dar continuidade ao seu tratamento que se for interrompido, pode acarretar prejuízos imensuráveis e irreversíveis ao seu filho. 
A jurisprudência é clara em se tratando do melhor interesse para criança, senão vejamos:
GUARDA DE FILHO. PREVALÊNCIA DO INTERESSE DA CRIANÇA.- O princípio orientador das decisões sobre a guarda de filhos é o de preservar o interesse da criança, que há de ser criada no ambiente que melhor assegure o seu bem-estar físico e espiritual, seja com a mãe, com o pai ou mesmo com terceiro. No caso, trata-se de uma criança, hoje com oito anos de idade, que desde os primeiros meses de vida sempre esteve sob a guarda do pai e sob os cuidados da avó paterna, que lhe oferecem boas condições materiais e afetivas, com estudo social favorável à conservação dessa situação. REsp 469.914-RS, Rel. Min. Ruy Rosado, julgado em 4/2/2003.in http://informativo.stj.gov.br/pesquisa.php)
GUARDA. Ementa: Alteração de guarda. Provas. Direito de visita. Confirma-se a decisão que tornou definitiva a guarda provisória da menor, concedida ao pai, quando comprovado que este possui melhores condições de proporcionar à filha uma melhor qualidade de vida, garantindo-lhe a proteção integral dos direitos inerentes a pessoa humana, ficando assegurado à mãe o direito de visita. Apelação desprovida. Apelação cível nº 70000448803, Sétima Câmara Cível, TJRS, Relator: Des. José Carlos Teixeira Giorgis, julgado em 26/04/00.
GUARDA. DISPUTA ENTRE PAI E MÃE – Hipótese em que a prova dos autos revela que o filho será melhor assistido, no momento, pelo pai. Ação procedente para esse fim. Apelo improvido. TJSP – 10ª Câm. de Direito Privado; Ap. nº 63.056-4/0-Marília-SP; Rel. Des. G. Pinheiro Franco; j. 24.03.1998; v.u. BAASP, 2063/636-j, de 13.07.1998.
GUARDA. Não basta que o menor esteja bem. Precisa, também, ficar integrado na micro sociedade que é a família e que quem tenha a guarda possa dar melhores oportunidades de desenvolvimento pleno. Guarda deferida ao pai para convívio do menor com os demais irmãos. Embargosinfringentes recebidos. TJSP – 1ª Câm. Cív.; Emb. Infr. nº 59.912-São Caetano do Sul; rel. Des Rangel Dinamarco; j. 09.09.1986; maioria de votos.
Destarte, surgem inúmeros questionamentos, acerca do que seria melhor para a criança, e se os Autores realmente estão pensando no melhor para a criança. Assim, Excelentíssimo, a antecipação de tutela requerida pelos Autores, não merece prosperar, haja vista, a criança já estar estabilizada na cidade em que vive com o Pai, e estando no curso do ano letivo, é claro o prejuízo que a criança poderá vir a sofrer. Ademais, não restam dúvidas de que o que deve prevalecer, é o melhor interesse da criança.
V- DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
1) o reconhecimento da Preliminar de indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça;
2) determinar a intimação do réu, para responder no prazo de dez (10) dias, acerca da arguição do incidente de falsidade(item II), ordenando, também, o exame pericial do referido documento, a teor do disposto no artigo 392, do Código de Processo Civil.
3) que seja intimado o ilustre representante do Ministério Público para intervir em todos os atos do processo;
4) que seja julgado improcedente a presente ação em todos os seus termos e o pedido de concessão da guarda do menor antecipadamente aos requerentes, e que este permaneça na guarda de seu pai socioafetivo;
5) caso Vossa Excelência não entenda pelo acolhimento dos pedidos acima, requer que seja acolhida a determinação da Guarda Compartilhada, conforme já fundamentado anteriormente;
6) ondenação da parte autora ao pagamento dos honorários de sucumbência, bem como das custas processuais, e nas penas da litigância de má-fé, por ter alterado a verdade dos fatos;
Protesta provar o alegado, por todos os meios de provas em direito admitidas, conforme art. 369, do CPC/15, em especial, prova documental, testemunhal (cujo rol será oportunamente oferecido) e pericial. 
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Fortaleza- Ce, 26 de Abril de 2018.
Marcos Lennon Cabral de Souza
OAB/CE nº. 0041253

Outros materiais