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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
INSTITUTO DE TECNOLOGIA 
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL 
 
 
 
JAQUELINE PORTAL DA SILVA 
 
 
 
 
Avaliação da Qualidade da Água Superficial Utilizada no 
Sistema de Abastecimento Público do Município de Belém 
(PA) 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM/PA 
SETEMBRO/2010 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
INSTITUTO DE TECNOLOGIA 
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL 
 
 
 
JAQUELINE PORTAL DA SILVA 
 
 
Avaliação da Qualidade da Água Superficial Utilizada 
no Sistema de Abastecimento Público do Município de 
Belém (PA) 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós 
Graduação em Engenharia Civil do Instituto de 
Tecnologia da Universidade Federal do Pará, para 
obtenção de grau de Mestre em Recursos 
Hídricos e Saneamento Ambiental. 
Área de concentração: Saneamento Ambiental e 
Infra - Estrutura Urbana. 
Orientadora: Dra. Maria de Lourdes Souza 
Santos. 
 
 
 
BELÉM/PA 
SETEMBRO/2010 
 
 
JAQUELINE PORTAL DA SILVA 
 
 
Avaliação da Qualidade da Água Superficial Utilizada 
no Sistema de Abastecimento Público do Município de 
Belém (PA) 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação 
em Engenharia Civil do Instituto de Tecnologia da 
Universidade Federal do Pará, para obtenção de grau de 
Mestre em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental. 
Área de concentração: Saneamento Ambiental e Infra - 
Estrutura Urbana. 
Orientadora: Dra. Maria de Lourdes Souza Santos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Data: _____ /_____ /_____ 
 
 
Banca examinadora: 
 
_____________________________________________ 
Profa. Maria de Lourdes Souza Santos - Orientadora 
Doutora em Oceanografia 
Universidade Federal Rural da Amazônia 
 
 
______________________________________________ 
Prof. Nuno Filipe Alves Correia de Melo - Membro 
Doutor em Oceanografia 
Universidade Federal Rural da Amazônia 
 
_______________________________________________________ 
Prof. Rui Guilherme Cavaleiro de Macêdo Alves - Membro 
Doutor em Engenharia Ambiental 
Universidade Federal do Pará 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha mãe Luzia que 
em muitos momentos supriu minha ausência 
na vida de minha filha dando a ela atenção, 
carinho e amor permitindo assim que eu 
concluísse este trabalho. 
A minha filha Letícia e meu marido Izaelson 
pela compreensão e apoio incondicional 
recebidos. 
 
 
 
 
Jaqueline Portal da Silva 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Agradeço a Deus, por sua presença em todos os momentos de minha 
vida. 
 
 A meus pais Agenor (in memorian) e Luzia, pelo amor e apoio 
incondicional a mim dedicado ao longo de minha vida. 
 
Aos meus familiares que direta ou indiretamente me ajudaram para que 
pudesse chegar a este momento. 
 
A professora Dra. Maria de Lourdes pela confiança depositada em mim 
desde o primeiro momento, ensinamentos e paciência ao longo desses três 
anos de convívio. 
 
Ao professor Dr. José Almir Pereira coordenador do Grupo de Pesquisa 
de Hidráulica e Saneamento – GPHS. 
 
A Fundação de Amparo a Pesquisa – FAPESPA, pela concessão da 
bolsa de estudo. 
 
Aos amigos do Laboratório de Controle de Resíduos - LCR (Rosiane, 
Marcus, Luciano, Igor, André, Aldenor, Rodrigues, Sá e Rafael) pela troca de 
conhecimentos, pela convivência e apoio durante este período de quase três 
anos. 
 
Aos amigos do Grupo de Pesquisa de Hidráulica e Saneamento - GPHS 
da graduação, mestrado e doutorado pelo apoio nunca negado. 
 
A todas as pessoas não mencionadas, porém não esquecidas, que, de 
alguma maneira, contribuíram para a realização deste trabalho, meus sinceros 
agradecimentos. 
 
 
RESUMO 
 
Os mananciais do Utinga, formados pelos lagos Bolonha e Água Preta, estão 
contidos em uma Área de Proteção Ambiental - APA e são utilizados pela 
Companhia de Saneamento do Pará - COSANPA, para abastecer de forma 
indireta aproximadamente 2 milhões de pessoas, correspondente a 65% da 
população da RMB. Esse sistema de abastecimento tem início com a captação 
de água do rio Guamá, que tem o objetivo de manter os níveis de água dos 
lagos, a qual é lançada através de adutoras no lago Água Preta, sendo 
interligada ao lago Bolonha por meio de um canal artificial, e segue em direção 
a ETA. O estudo avaliou qualidade da água de novembro de 2008 a outubro 
2009 em cinco pontos distribuídos ao longo do sistema de captação de água. 
A análise de componentes principais explicaram cerca de 45% da variância 
original. A primeira componente (PC1) explicou 28% e apresentou como 
principais elementos o pH (-0,62), a turbidez (-0,79), o coliforme 
termotolerantes (-0,45), o fósforo total (-0,64), o sólidos totais (-0,76) em 
contraste com a temperatura (0,54). 
A segunda componente (PC2) explicou cerca de 17% da variância total 
apresentando um contraste entre DBO (0,54), pH (0,48), nitrogênio total (0,44) 
e o OD (-0,68). 
A avaliação do IQA classificou a qualidade das águas em “aceitável” e o IET 
classificou todas as estações de amostragem como eutróficas. O fósforo total 
foi principal nutriente responsável pelo enriquecimento dessas águas. 
 
 
Palavras - chave: Mananciais do Utinga; Índice de Qualidade de Águas; Índice 
de Estado Trófico. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The springs of Utinga, formed by lakes Bolonha and Água Preta, are contained 
in an environmental protection area (APA – Área de Proteção Ambiental) and 
are used by the water supply company COSANPA (Companhia de Saneamento 
do Pará) to indirectly supply about 2 million people, which corresponds to 65% 
of the metropolitan region of Belém. 
This supply system starts with the abstraction of water from the Guamá river 
through pipelines to lake Agua Preta. Lake Bolonha is connected to lake Agua 
Preta by a canal. The water flows from there to ETA. They study evaluated the 
water quality of samples collected at five points along the water collection 
system from November 2008 to October 2009. The analysis of main 
components explained about 45% of the original variance. The first component 
(PC1) explained 28% and represented as key elements 
pH (-0.62), turbidity (-0.79), thermotolerant coliform (-0.45), total phosphorus (-
0.64), total solids (-0.76) in contrast to the temperature (0.54). The second 
component (PC2) explained about 17% of the total variance presenting a 
contrast between DBO (0.54), pH (0.48), total nitrogen (0.44) and OD (-0.68). 
The Water Quality Index evaluation classified the water quality as “acceptable” 
and the Trophic State Index classified all sampling points as eutrophic. The total 
phosphorus was the main nutrient responsible for the enrichment of the water. 
 
Key words: Springs of Utinga, Water Quality Index, Trophic State Index. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1: Ciclo do nitrogênio (ESTEVES, 1998).............................................. 
 
29 
Figura 2: Ciclo do fósforo (SILVA, 2006).......................................................... 
 
31 
Figura 3: Localização geográfica da Região Metropolitana de Belém.......... 
 
40 
Figura 4: Canalização das águas do Utinga................................................. 
 
50 
Figura 5: Canal Yuna.................................................................................... 
 
51 
Figura 6: Canal de ligação Água Preta – Bolonha............................................ 
 
52 
Figura 7: Limites da Área de Proteção Ambiental e Parque Ambientalde 
Belém........................................................................................... 
52 
Figura 8: Fluxograma do sistema de captação de água.............................. 
 
56 
Figura 9: Mapa de localização da área de estudo........................................ 
 
58 
Figura 10: Pesos das variáveis nas duas primeiras componentes principais 
com os dados obtidos durante os períodos de estiagem e chuvoso, 
nos cinco pontos de estudo........................................................... 
 
64 
Figura 11: Escores nas duas primeiras componentes principais, na análise 
feita com os dados obtidos durante os períodos de estiagem e 
chuvoso, nos cinco pontos de estudo............................................ 
 
65 
Figura 12: Distribuição dos valores de oxigênio dissolvido (mg.L-1) nos cinco 
pontos de estudo........................................................................... 
 
66 
Figura 13: Média anual de OD (mg.L
-1) nos cinco pontos de estudo............. 
 
67 
Figura 14: Distribuição dos valores de pH nos cinco pontos de estudo......... 
 
69 
Figura 15: Média anual de pH nos cinco pontos de estudo........................... 
 
70 
Figura 16: Distribuição dos valores de DBO (mg.L-1) nos cinco pontos de 
estudo........................................................................................... 
 
72 
Figura 17: Média anual de DBO (mg.L
-1) nos cinco pontos de estudo.......... 
 
73 
Figura 18: Distribuição dos valores de nitrogênio total (mg.L-1) nos cinco 
pontos de estudo........................................................................... 
 
74 
Figura 19: Média anual de nitrogênio total (mg.L-1) nos cinco pontos de 
estudo 
 
75 
 
Figura 20: Distribuição dos valores de fósforo total (mg.L-1) nos cinco pontos 
de estudo....................................................................................... 
 
77 
Figura 21: Média anual de fósforo total (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo 
 
77 
Figura 22: Distribuição dos valores de temperatura (°C) nos cinco pontos de 
estudo. ......................................................................................... 
 
80 
Figura 23: Média anual de tempertura (°C) nos cinco pontos de estudo...... 
 
81 
Figura 24: Distribuição dos valores de turbidez (UNT) nos cinco pontos de 
estudo.......................................................................................... 
 
82 
Figura 25: Média anual de turbidez (UNT) nos cinco pontos de estudo........ 
 
83 
Figura 26: Distribuição dos valores de sólidos totais (mg.L-1) nos cinco 
pontos de estudo............................................................................... 
 
85 
Figura 27: Distribuição dos valores de sólidos totais fixos (mg.L-1) nos cinco 
pontos de estudo......................................................................... 
 
86 
Figura 28: Distribuição dos valores de sólidos totais voláteis (mg.L-1) nos 
cinco pontos de estudo............................................................... 
 
86 
Figura 29: Média anual de sólidos totais, fixos e voláteis (mg.L-1) nos cinco 
pontos de estudo.......................................................................... 
 
88 
Figura 30: Distribuição dos valores de sólidos totais dissolvidos (mg.L-1) nos 
cinco pontos de estudo. ............................................................. 
 
90 
Figura 31: Distribuição dos valores de sólidos totais dissolvidos fixos (mg.L-1) 
nos cinco pontos de estudo....................................................... 
 
90 
Figura 32: Distribuição dos valores de sólidos totais dissolvidos voláteis 
(mg.L-1) nos cinco pontos de estudo................................................ 
 
91 
Figura 33: Média anual de sólidos totais dissolvidos, fixos e voláteis (mg.L-1) 
nos cinco pontos de estudo........................................................ 
 
92 
Figura 34: Distribuição dos valores de sólidos sedimentáveis (mg.L-1) nos 
cinco pontos de estudo............................................................. 
 
93 
Figura 35: Média anual de sólidos sedimentáveis (mg.L-1) nos cinco pontos 
de estudo......................................................................................... 
 
94 
Figura 36: Distribuição dos valores de coliformes fecais (NMP/100 ml) nos 
cinco pontos de estudo............................................................. 
 
95 
Figura 37: Média anual de coliformes fecais (NMP/100 ml) nos cinco pontos 
de estudo.................................................................................. 
96 
 
 
Figura 38: Distribuição dos valores de clorofila a (mg.m-3)nos cinco pontos de 
estudo........................................................................................ 
 
98 
Figura 39: Média anual de clorofila a (mg.m-3) nos cinco pontos de estudo 
 
98 
Figura 40: Distribuição dos valores do IET nos cinco pontos de estudo....... 
 
101 
Figura 41: Média anual do IET nos cinco pontos de estudo...................... 
 
102 
Figura 42: Distribuição dos valores do IQA no ponto P1........................... 
 
103 
Figura 43: Distribuição dos valores do IQA no ponto P2........................... 
 
104 
Figura 44: Distribuição dos valores do IQA no ponto P3........................... 
 
105 
Figura 45: Distribuição dos valores do IQA no ponto P4........................... 
 
106 
Figura 46: Distribuição dos valores do IQA no ponto P5............................ 
 
107 
Figura 47: Média anual do IQA nos cinco pontos de estudo........................ 
 
111 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Classificação das águas doces e tratamento requerido 
segundo o CONAMA................................................................... 
22 
Tabela 2 - Limites estabelecidos para águas Classe 2................................. 24 
Tabela 3 - Peso dos parâmetros que compõe o IQA.................................... 25 
Tabela 4 - Classificação da qualidade das águas......................................... 26 
Tabela 5 - Classificação do Estado Trófico da água..................................... 37 
Tabela 6 - Dados meteorológicos (média mensal do período de 2008 – 
2009) ........................................................................................... 
41 
Tabela 7 - Dados meteorológicos (média anual do período de 2008 – 
2009). .......................................................................................... 
42 
Tabela 8 - Identificação e localização dos pontos de coleta......................... 60 
Tabela 9 - Parâmetros determinados, princípios do método e 
referências................................................................................... 
61 
Tabela 10 - Pesos e variância explicadas pelas duas primieiras 
componentes principais da análise dos dados obtidos, 
durante os períodos de estiagem e chuvoso nos cinco 
pontos de estudo..................................................................... 
64 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS 
 
Am Clima Tropical Monçônico 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
APA Área de Proteção Ambiental 
APHA American Public Health Association 
ATP Adenosina Trisfofato 
Aw Clima Tropical 
BASA Banco da Amazônia 
BPA Batalhão de Polícia Ambiental 
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental 
C CODEM Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área 
Metropolitana de Belém 
C CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente 
 COSANPA Companhia de Saneamento do ParáDBO Demanda Bioquímica de Oxigênio 
DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagens 
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
ETA Estação de Tratamento de Água 
GPHS Grupo de Pesquisas de Hidráulica e Saneamento 
GPS Sistema de Posicionamento Global 
IDESP Instituto de Desenvolvimento Econômico Social 
IET Índice de Estado Trófico 
 
Inmet Instituto Nacional de Meteorologia 
IQA Índice de Qualidade da Água 
LCR Laboratório de Controle de Resíduos 
mg.L-1 Miligrama por litro 
µm Micrômetro 
µg.L-1 Micrograma por litro 
nm Nanometro 
OD Oxigênio Dissolvido 
OMS Organização Mundial da Saúde 
pH Potencial Hidrogênionico 
PAB Parque Ambiental de Belém 
PMB Prefeitura Municipal de Belém 
PROSANEAR Programa de Saneamento para População de Baixa Renda 
RMB Região Metropolitana de Belém 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 LISTA DE ILUSTRAÇÕES............................................................................. 7 
 LISTA DE TABELAS...................................................................................... 10 
 LISTA DE ABREVIATURAS,SIGLAS E SÍMBOLOS.................................... 11 
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 15 
2 OBJETIVOS................................................................................................... 20 
2.1 OBJETIVO GERAL......................................................................................... 20 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................... 20 
3 QUALIDADE DA ÁGUA................................................................................. 21 
3.1 PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA.................................................. 21 
3.2 PADRÕES E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS............................................... 21 
3.3 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA – IQA..................................................... 24 
3.3.1 Oxigênio Dissolvido...................................................................................... 26 
3.3.2 Potencial Hidrogeniônico............................................................................. 27 
3.3.3 Demanda Bioquímica de Oxigênio ............................................................. 28 
3.3.4 Nitrogênio Total ............................................................................................ 28 
3.3.5 Fósforo Total................................................................................................. 30 
3.3.6 Temperatura................................................................................................... 32 
3.3.7 Turbidez......................................................................................................... 32 
3.3.8 Sólido Total.................................................................................................... 33 
 3.3.9 Coliformes Termotolerantes....................................................................... 34 
3.4 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO - IET............................................................ 35 
3.4.1 Clorofila a...................................................................................................... 37 
4 ÁREA DE ESTUDO........................................................................................ 39 
4.1 REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM.............................................. 39 
4.2 CLIMA............................................................................................................. 40 
4.3 GEOLOGIA..................................................................................................... 42 
4.4 GEOMORFOLOGIA........................................................................................ 43 
4.5 VEGETAÇÃO................................................................................................ 43 
4.6 TOPOGRAFIA................................................................................................. 44 
4.7 HIDROGRAFIA............................................................................................... 44 
4.7.1 Baia do Guajará............................................................................................. 45 
 
4.7.2 Rio Guamá..................................................................................................... 45 
4.7.3 Lago Água Preta............................................................................................ 46 
4.7.4 Lago Bolonha................................................................................................ 47 
4.8 HISTÓRICO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE BELÉM........................ 48 
4.9 SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA......................................................... 55 
5 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 58 
5.1 ATIVIDADES DE CAMPO............................................................................... 58 
5.2 TRATAMENTO DOS DADOS......................................................................... 62 
6 RESULTADOS E DICUSSÕES................................................................... 63 
6.1 ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS................................................. 63 
6.2 OXIGÊNIO DISSOLVIDO................................................................................ 66 
6.3 POTENCIAL HIDROGENIÔNICO................................................................... 68 
6.4 DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO....................................................... 71 
6.5 NITROGÊNIO TOTAL..................................................................................... 73 
6.6 FÓSFORO TOTAL.......................................................................................... 76 
6.7 TEMPERATURA............................................................................................. 79 
6.8 TURBIDEZ...................................................................................................... 81 
6.9 SÓLIDOS TOTAIS, FIXOS E VOLÁTEIS........................................................ 84 
6.10 SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS, FIXOS E VOLÁTEIS.............................. 89 
6.11 SÓLIDOS SEDIMENTÁVEIS.......................................................................... 93 
6.12 COLIFORMES TERMOTOLERANTES.......................................................... 94 
6.13 CLOROFILA a................................................................................................. 97 
6.14 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO .................................................................... 100 
6.15 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA............................................................... 103 
7 CONCLUSÕES............................................................................................... 109 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 112 
 
 
 
15 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 O homem sempre se preocupou com o problema da obtenção e, 
conseqüentemente, da qualidade da água destinada ao seu consumo. Também 
muito cedo, e isto devido ao aumento do consumo pelas comunidades, o 
homem aprendeu a melhorar a qualidade da água e à medida que as 
aglomerações humanas foram se tornando mais densas, com a formação das 
cidades, a necessidade de grandes volumes de água passou a constituir um 
problema que obrigou os antigos a executarem obras destinadas à captação, 
transporte e armazenamento desse líquido. Assim, estas etapas surgiram como 
conseqüência do aumento do consumo, resultante do desenvolvimento das 
comunidades, enquanto que o tratamento, embora incipiente, nasceu da 
repulsa do homem pelo aspecto estético da água e sedesenvolveu em 
decorrência do crescimento da poluição (LEME, 1990). 
Além das preocupações com a qualidade da água, acrescentam-se as 
de ordem econômica, visto que, com a crescente demanda de recursos 
hídricos, motivada pelo crescimento dos centros urbanos e pela 
industrialização de diversas áreas, a água destinada ao seu abastecimento 
necessita ser buscada a distâncias cada vez maiores de forma a alcançar 
mananciais que tenham bacias de contribuição de dimensões adequadas e que 
estejam a salvo da crescente poluição que se vem verificando em todo o 
planeta (VIANNA, 1992). 
A poluição hídrica exige graus de tratamento da água cada vez mais 
sofisticados e onerosos para sua potabilização. É certo que existem 
possibilidades amplas, praticamente ilimitadas do ponto de vista técnico, para a 
potabilização de águas poluídas. Entretanto, o custo desse tratamento, e a 
possibilidade de ocorrência de falhas operacionais nas estações de tratamento, 
de conseqüências imprevisíveis, quase sempre conduzem a escolha de um 
manancial mais distante e menos poluído. Normalmente, o corpo d’água 
captado é selecionado de forma que, suas características indesejáveis a serem 
removidas não excedam as limitações naturais das chamadas estações 
convencionais de tratamento de água (isto é: que tratam a água através de sua 
16 
 
floculação, decantação e filtração) que em geral conseguem apenas eliminar os 
colóides e materiais em suspensão nela presentes, que arrastam consigo, em 
conseqüência, os organismos patogênicos a eles associados. Os organismos 
remanescentes, desprovidos de possíveis barreiras protetoras, são submetidos 
em seguida à ação de desinfetantes (normalmente o cloro) durante certo 
tempo, sendo então destruídos (VIANNA, 1992). 
As técnicas de captação-transporte e tratamento não se desenvolveram 
no mesmo ritmo. Inicialmente, foi à captação-transporte que se desenvolveu, 
mantendo-se durante muito tempo o tratamento na linha clássica, constituído 
de sedimentação e filtração. O tratamento sofreu grande impulso a partir de 
1908, com o emprego de substâncias como o hipoclorito de cálcio, para 
desinfecção da água. É a partir dessa época que se obtém a máxima eficiência 
na defesa da saúde das comunidades, com a eliminação das doenças de 
veiculação hídrica (LEME, 1990). 
Ainda no que se refere à poluição das águas, Zagatto e Bertoletti (2006) 
descreve que as fontes de poluição pontuais (efluentes líquidos) e difusas 
(lixiviação dos terrenos agrícolas, sedimentos e águas subterrâneas 
contaminadas, acidentes ambientais, águas pluviais e etc...) têm contribuído 
significativamente para as modificações ambientais, reduzindo a diversidade de 
espécies autóctones e aumentando desordenadamente a densidade de 
determinadas espécies indesejáveis. As freqüentes florações de algas são 
exemplos típicos dessas modificações, o significativo decréscimo da qualidade 
das águas, as freqüentes mortandades de peixes e, até mesmo, a morte de 
rios. 
Nesse contexto destaca-se que um dos grandes problemas ambientais 
brasileiro é a deterioração dos rios que atravessam as localidades povoadas. 
Essa deterioração ocorre porque a maioria das cidades brasileiras não possui 
coleta e tratamento de esgotos doméstico, sendo estes jogados in natura nos 
rios (TUCCI et al., 2001). 
No Brasil, vários lagos foram afetados com a dinâmica da urbanização 
em suas bacias de drenagem. As lagoas Rodrigo de Freitas, Araruama e 
Saquarema, no Rio de Janeiro, a lagoa da Conceição, em Florianópolis, as 
17 
 
lagoas de Mandaú e Manguaba, em Maceió, e lago Paranoá em Brasília são 
alguns exemplos, dentre muitos outros, de ecossistema lacustre que sofrem a 
pressão da ocupação urbana (RIBEIRO, 1992). Como resultado, os recursos 
hídricos poluídos por descargas de resíduos humanos e de animais 
transportam grande variedade de patógenos, entre eles bactérias, vírus, 
protozoários ou organismos multicelulares, que podem causar doenças de 
veiculação hídrica (TUNDISI, 2005). 
As substâncias químicas também são consideradas outro tipo de 
contaminação para águas superficiais, ocasionando doenças hídricas. Essas 
substâncias podem ser inorgânicas (como os metais pesados e os nitratos) e 
orgânicas (como os pesticidas, trihalometanos) de toxicidade adversa à saúde 
dos seres humanos. Os problemas ocasionados pelos contaminantes químicos 
na água estão relacionados com os efeitos cumulativos das microdoses 
quando ingeridas por tempo prolongado. 
De acordo com Ribeiro (2004), essas substâncias podem estar 
presentes naturalmente no manancial ou ser proveniente de poluição. Na 
população, os efeitos se refletem no aumento da incidência de câncer, defeitos 
congênitos perduráveis por diversas gerações, alterações genéticas e 
neurológicas. 
Em função, da poluição a que os corpos d’água estão sujeitos, causadas 
por diferentes fontes de origem urbana, rural e industrial, há a necessidade de 
planos de prevenção e recuperação ambiental, a fim de garantir condições de 
usos atuais e futuros, para diversos fins. Esses planos, além de medidas de 
acompanhamento de suas metas, através de fiscalização, requerem para sua 
proposição e efetiva implementação, dados que indiquem o estado do 
ambiente aquático. Para esse fim, são estabelecidos programas de 
monitoramento da qualidade da água para avaliar as substâncias presentes na 
água, avaliadas sob os aspectos físicos, químicos e biológicos (SANTOS e 
FLORÊNCIO 2001). 
Neste sentido, os índices ambientais nasceram como resultado da 
crescente preocupação social com os aspectos ambientais do 
18 
 
desenvolvimento, processo que requer um número elevado de informações em 
graus de complexidade cada vez maiores (CETESB, 2006). 
O Índice de Qualidade da Água – IQA é empregado como uma 
metodologia integradora, por converter várias informações em um único 
resultado numérico. Este índice foi desenvolvido para avaliar a qualidade da 
águas, tendo como determinante principal a sua utilização para abastecimento 
público, considerando aspectos relativos ao tratamento dessas águas. Entre as 
vantagens do índice estão a facilidade de comunicação com o público leigo e o 
fato de representar uma média de diversos parâmetros em um único número, 
combinando unidades de medidas diferentes em uma única unidade. No 
entanto, sua principal desvantagem está na perda de informação dos 
parâmetros individuais e da sua interação (CETESB, 2006). 
Outro índice utilizado é o Índice do Estado Trófico - IET que tem por 
finalidade classificar os corpos da água em diferentes graus de trofia, ou seja, 
avalia a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu 
efeito relacionado ao crescimento excessivo das algas ou ao aumento da 
infestação de macrófitas aquáticas. Nesse índice, os resultados 
correspondentes ao fósforo, devem ser entendidos como uma medida do 
potencial de eutrofização, já que este nutriente atua como o agente causador 
do processo. A avaliação correspondente à clorofila a, por sua vez, deve ser 
considerada como uma medida da resposta do corpo hídrico ao agente 
causador, indicando de forma adequada o nível de crescimento de algas que 
tem lugar em suas águas. Assim, o índice médio engloba, de forma satisfatória, 
a causa e o efeito do processo (CETESB, 2006). 
As informações adquiridas com o emprego do IQA e do IET servem para 
descrever o grau de poluição hídrica de um determinado ecossistema aquático. 
No que se refere a poluição hídrica, a cidade de Belém, localizada no 
estado do Pará, não é uma exceção ao descrito por Ribeiro (1992). Nessa 
cidade encontram-se os mananciais do Utinga, formados pelos lagos Bolonha e 
Água Preta, quesão administrados pela Companhia de Saneamento do Pará 
(COSANPA) para servirem como fonte de abastecimento de água para parte 
da população da Região Metropolitana de Belém, englobando os bairros da 
19 
 
Marambaia, São Brás, Cidade Nova, Pedreira, Terra Firme, Jurunas e Guamá, 
produzindo atualmente quatro mil litros por segundo (PEREIRA, 2004). 
Dentro desse contexto o objetivo deste trabalho foi monitorar a qualidade 
da água ao longo do Sistema de Captação de Água do Município de Belém 
(PA), com base em dados abióticos e bióticos, em períodos sazonais distintos 
da região (de menor e de maior precipitação), durante um ano, a fim de 
diagnosticar a atual situação das características desse ecossistema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
2 OBJETIVOS 
 
 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 
 
Avaliar a qualidade da água do sistema de captação utilizado para o 
abastecimento público da Região Metropolitana de Belém, com base em dados 
abióticos e bióticos, em períodos sazonais distintos da região, ou seja, o 
período de menor precipitação (junho a novembro) e o período de maior 
precipitação pluviométrica (dezembro a maio). 
 
 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 
 Avaliar a influência das águas oriundas do rio Guamá na distribuição dos 
parâmetros abióticos e bióticos, nos lago Bolonha e Água Preta. 
 
 Aplicar o Índice de Estado Trófico no sistema de captação de água do 
município de Belém; 
 
 Aplicar o Índice de Qualidade da Água no sistema de captação de água 
utilizado para o abastecimento público da Região Metropolitana de 
Belém. 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
3 QUALIDADE DA ÁGUA 
 
3.1 PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA 
 
 A água contém diversos componentes, os quais provêm do próprio 
ambiente natural ou foram introduzidos a partir de atividades humanas. Para 
caracterizar uma amostra de água, são determinados diversos parâmetros, que 
representam as suas características físicas, químicas e biológicas. Esses 
parâmetros são indicadores da qualidade da água e constituem impurezas 
quando alcançam valores superiores aos estabelecidos para determinado uso 
(VON SPERLING, 1996). 
 Entre esses parâmetros podem ser citados: coliformes, demanda 
bioquímica de oxigênio, turbidez, oxigênio dissolvido, temperatura, sólidos 
totais, fósforo, nitrogênio, demanda química de oxigênio e condutividade. 
 
 
 
3.2 PADRÕES E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS 
 
 A água destinada a consumo humano deve preencher condições 
mínimas para que possa ser ingerida ou utilizada para fins higiênicos, o que se 
consegue por meio das estações de tratamento quando a água do manancial 
oferece riscos à saúde pública (DI BERNARDO, 1995). 
 A Organização Mundial da Saúde – OMS considera prioritária a proteção 
da saúde pública e recomenda aos países em geral, em função das sugestões 
apresentadas, o estabelecimento dos parâmetros de qualidade e os valores 
limites a serem fixados, especialmente aqueles que podem causar dano ao ser 
humano, levando em conta as condições locais, uma vez que a adoção de 
parâmetros muito exigentes limita o emprego de alguma tecnologia econômica. 
 No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA publicou 
a Resolução n° 357/05, que classifica as águas doces, salobras e salinas, 
22 
 
estabelecendo o tipo de tratamento requerido para as águas destinadas ao 
abastecimento público, conforme mostra a Tabela 1. 
 
Tabela 1 – Classificação das águas doces e tratamento requerido segundo a 
Resolução do CONAMA nº 357/05. 
 
Classificação Tratamento requerido ao abastecimento para 
consumo humano 
Classe especial Desinfecção 
Classe 1 Tratamento simplificado 
Classe 2 Tratamento convencional 
Classe 3 Tratamento convencional ou avançado 
 Fonte: (Di Bernardo, 1995) 
. 
 
 
 Para cada classe são estabelecidos limites dos parâmetros de qualidade 
física, química, biológica e radiológica associados à classificação da Tabela 1. 
 A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT através da NB – 
592 “Projeto de Estação de Tratamento de Água para Abastecimento Público”, 
considera os seguintes tipos de águas naturais: 
 
Tipo A: águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias 
sanitariamente protegidas, de acordo com o padrão de potabilidade. 
 
Tipo B: águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias não 
protegidas, que possam atender parâmetros de qualidade de acordo com o 
padrão de potabilidade com tecnologias de tratamento que não exijam 
coagulação química. 
23 
 
Tipo C: águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias não 
protegidas e que exijam a coagulação química para atender o padrão de 
potabilidade. 
Tipo D: águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias não 
protegidas sujeitas a poluição e que requerem tecnologias de tratamento 
especiais para atender ao padrão de potabilidade. 
 
 As características das tecnologias de tratamento recomendadas para 
cada tipo de água são: 
 
Tipo A: desinfecção e correção do pH; 
 
Tipo B: desinfecção, correção do pH e: 
1 - decantação simples para água contendo sólidos sedimentáveis, de 
modo a tender ao padrão de potabilidade; 
2 - filtração, precedida ou não da decantação, quando a turbidez e a cor 
a parente forem inferiores a, respectivamente, 40 UNT e 20 UH; 
 
Tipo C: coagulação, seguida ou não de decantação, filtração rápida, 
desinfecção e correção de pH; 
 
Tipo D: tratamento mínimo de água Tipo C e tratamento complementar para 
cada caso. 
 
 A Tabela 2 mostra os limites que a Resolução CONAMA n° 357/05, 
estabelece, aos parâmetros avaliados, para águas doces de Classe 2. 
 
 
 
 
24 
 
Tabela 2 – Limites estabelecidos para águas doces de Classe 2. 
 
Parâmetros Limites estabelecidos 
Oxigênio Dissolvido não inferior a 5 mg.L-1 
Coliformes Fecais 1000 /100ml 
pH 6,0 a 9,0 
Demanda Bioquímica de Oxigênio até 5 mg.L-1 
Fósforo Total até 0,030 mg.L-1 
Temperatura - 
Nitrogênio Total - 
Turbidez até 100UNT 
Sólidos Totais - 
Clorofila a até 30 mg.m-3 
 
 
 
3.3 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA - IQA 
 
Para facilitar a interpretação das informações sobre qualidade da água 
de forma abrangente e útil, para especialistas ou não, a partir de um estudo 
feito em 1970 pela National Sanitation Foundation dos Estados Unidos, na 
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) foi adaptado e 
desenvolvido o Índice de Qualidade das Águas (IQA), que é determinado pelo 
produto ponderado das qualidades de água correspondentes aos parâmetros 
de temperatura da amostra, pH, oxigênio dissolvido, DBO, coliformes fecais, 
nitrogênio total, fósforo total e sólido total. A cada parâmetro foi atribuído um 
peso, listados na Tabela 3, de acordo com sua importância relativa no cálculo 
do IQA (ROCHA et al., 2004). 
 
 
 
25 
 
Tabela 3 – Pesos dos Parâmetros que compõe o IQA 
 
Parâmetro Peso Relativo - wi 
Oxigênio Dissolvido (% OD) 0,17 
Coliformes Fecais (NPM/100 ml) 0,15 
pH 0,12 
Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO (mg.L-1) 0,10 
Fósforo Total (mg.L-1) 0,10 
Temperatura (°C) 0,10 
Nitrogênio Total (mg.L-1) 0,10 
Turbidez (UNT) 0,08 
Sólidos Totais (mg.L-1) 0,08 
 Fonte: CETESB, 2006. 
 
 
 
Os parâmetros de qualidade, que fazem parte do cálculo do IQA 
refletem, principalmente, a contaminação dos corpos hídricos ocasionada pelo 
lançamento de esgotos domésticos. É importante também salientar que este 
índice foi desenvolvido para avaliara qualidade das águas, tendo como 
determinante principal a sua utilização para o abastecimento público, 
considerando aspectos relativos ao tratamento dessas águas (CETESB, 2006). 
 
O IQA é calculado pela fórmula: 
 
 IQA = p. qi. wi 
 
onde: 
 
26 
 
IQA= índice de qualidade da água (varia de 0 e 100); 
p = número "pi" (3,14...); 
qi = qualidade do i-ésimo parâmetro (entre 0 e 100); obtido da respectiva 
"curva de qualidade", em função de sua concentração ou medida. 
 
wi = peso correspondente ao i-ésimo parâmetro; atribuído por sua 
importância para a conformação global da qualidade, um número entre 0 e 1. 
 
Os valores do índice variam entre 0 e 100. A Tabela 4 mostra a 
classificação da qualidade das águas conforme o especificado: 
 
Tabela 4 - Classificação da qualidade das águas. 
 
Valor Qualificação 
0 – 19 Imprópria 
19 – 36 Imprópria para tratamento convencional 
36 – 51 Aceitável 
51 – 79 Boa 
79 – 100 Ótima 
Fonte: CETESB, 2006. 
 
 
 
3.3.1 Oxigênio Dissolvido 
 
 Dentre os gases dissolvidos na água, o oxigênio (O2) é um dos mais 
importantes na dinâmica e na caracterização dos ecossistemas aquáticos. 
Esse gás é considerado como moderadamente solúvel, sendo este fator 
diretamente dependente da temperatura e pressão (ESTEVES, 1998). 
 As principais fontes de oxigênio para a água são: a atmosfera e a 
fotossíntese. Por outro lado, as perdas são o consumo pela decomposição da 
27 
 
matéria orgânica (oxidação), perdas para a atmosfera, respiração de 
organismos aquáticos e oxidação de íons metálicos, como ferro e manganês 
(ESTEVES, 1998). 
Segundo Esteves (1998), durante o período de chuva há um aumento da 
concentração de matéria orgânica dissolvida e particulada, que se origina pela 
própria ressuspensão de sedimento ou a partir de águas tributárias e águas 
superficiais (escoamento superficial). Esta matéria orgânica é formada por 
inúmeros compostos em diferentes graus de decomposição. 
Durante a estabilização da matéria orgânica, as bactérias utilizam o 
oxigênio nos seus processos respiratórios, podendo vir a causar uma redução 
da sua concentração no meio, que dependendo da magnitude desse 
fenômeno, pode causar a morte de diversos organismos aquáticos, inclusive os 
peixes. Caso o oxigênio seja totalmente consumido, têm-se condições 
anaeróbias (ausência de oxigênio), com geração de maus odores (VON 
SPERLING, 1996). 
 
 
 
3.3.2 Potencial Hidrogênionico 
 
O pH da água representa as condições de acidez ou alcalinidade em 
que mesma se encontra, pois expressa a concentração de íons de hidrogênio, 
ou mais precisamente a atividade do íon hidrogênio, na água. Nas águas 
naturais o pH varia de acordo com o terreno atravessado pela mesma. Áreas 
ricas em calcários conferem a água elevados valores de pH, enquanto que, as 
águas poluídas apresentam baixos valores, devido a decomposição de matéria 
orgânica (BRAZ, 1985). 
O pH fica entre 4 e 9 em águas naturais na maioria das vezes são 
ligeiramente alcalinos, devido a presença de carbonatos e bicarbonatos Do 
ponto de vista ambiental é um parâmetro que determina o desenvolvimento 
aquático pois os organismos aquáticos estão geralmente adaptados às 
condições de neutralidade e, em conseqüência, alterações bruscas do pH de 
28 
 
uma água podem acarretar o desaparecimento dos seres nela presentes 
(CETESB, 2005). 
 
 
 
3.3.3 Demanda Bioquímica de Oxigênio 
 
 A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) representa a quantidade de 
oxigênio que é consumido pela respiração aeróbia na oxidação da matéria 
orgânica existente no meio aquático. Corresponde, na prática, a quantidade de 
oxigênio necessária à estabilização das matérias presentes oxidáveis 
bioquimicamente (BRANCO, 1978). 
 Quando a DBO é alta o oxigênio rarefaz-se, e daí resulta condições 
anaeróbicas que retardam a decomposição de matéria orgânica, produzindo 
odores desagradáveis, além de eliminar peixes e destruir inúmeros 
microorganismos, cujas ausências por serem menos visíveis do que a dos 
peixes, são pouco sentidas, apesar de não menos importantes para o equilíbrio 
dos ecossistemas aquáticos (PROCHNOW, 1981; MOTA, 1999). 
 
 
 
3.3.4 Nitrogênio Total 
 
 O nitrogênio é um dos elementos mais importantes no metabolismo de 
ecossistemas aquáticos. Esta importância deve-se principalmente à sua 
participação na formação de proteínas, um dos componentes básicos da 
biomassa. O ciclo do nitrogênio em águas continentais é mostrado na Figura 1, 
destacam-se as formas de nitrogênio orgânico, amoniacal, nitrito e nitrato. As 
duas primeiras chamam-se formas reduzidas e as duas últimas formas 
oxidadas. Pode-se associar a idade da poluição com relação as formas de 
nitrogênio (ESTEVES, 1998). 
29 
 
 
Figura 1: Ciclo do nitrogênio (ESTEVES, 1998). 
 
 
 
 Ainda segundo Esteves (1998), o nitrogênio está presente nos 
ambientes aquáticos sob várias formas, por exemplo: nitrato (NO3
-), nitrito 
(NO2
-), amônia (NH3), íon amônio (NH4
+), óxido nitroso (N2O), nitrogênio 
molecular (N2), nitrogênio orgânico dissolvido (peptídeos, purinas, aminas, 
aminoácidos, etc.), nitrogênio orgânico particulado (bactérias, fitoplâncton, 
zooplâncton e detritos), etc. 
 O nitrogênio é um indicador de poluição por matéria orgânica, esgotos, 
despejos industriais, fertilizantes, etc. A maior parte do nitrogênio originalmente 
presente encontra-se na forma de nitrogênio orgânico. Este é gradualmente 
convertido a nitrogênio amoniacal e, posteriormente, se condições aeróbicas 
estão presentes, ocorre a oxidação da amônia a nitritos e nitratos. Assim, 
águas que contém maiores quantidades de nitrogênio orgânico e amoniacal 
30 
 
são consideradas como recentemente poluídas e apresentam-se 
potencialmente perigosas. Águas que contém nitrogênio na forma de nitratos 
são consideradas como tendo sido poluídas há longo tempo e oferece pequeno 
risco a saúde pública (SAWYER e MCCARTY, 1978 apud MENEZES, 1985). 
 O nitrogênio total é o resultado da amônia livre e nitrogênio orgânico, 
sendo que o nitrogênio orgânico é definido como aquele nitrogênio 
organicamente ligado e no estado de oxidação (CETESB, 2000). 
 
 
 
3.3.5 Fósforo Total 
 
O fósforo é um constituinte importante nos sistemas biológicos. Esta 
importância deve-se à participação deste elemento em processos fundamentais 
do metabolismo dos seres vivos, tais como: armazenamento de energia (forma 
uma fração essencial da molécula de ATP) e estruturação da membrana celular 
(através dos fosfolipídios) (ESTEVES, 1998). 
Em águas naturais este elemento pode ter a seguinte nomenclatura, 
de acordo com Chapra (2003) apud Silva (2006): 
a) P orgânico particulado: presentes nos seres vivos e nos detritos 
orgânicos; 
b) P inorgânico particulado: fosfatos minerais e fosfatos 
complexados a materiais sólidos; 
c) P orgânico dissolvido: presentes em colóides de compostos 
orgânicos que contenham fósforo. São originados pela decomposição do 
fósforo orgânico particulado; 
d) P inorgânico dissolvido: ortofosfatos ou fósforo reativo dissolvido. 
Representados por: H2PO4, HPO4
-2, PO4
-3; 
e) Fósforo total: representa a soma das formas orgânicas e 
inorgânicas, particuladas e dissolvidas. 
31 
 
O ciclo do fósforo é relativamente simples quando comparado ao do 
nitrogênio. As principais formas de fósforo são: fosfato, o qual é assimilado 
pelas algas e bactérias dentro da matéria orgânica celular; fósforo orgânico 
particulado, excretado na forma de fosfato ou como fósforo orgânico dissolvido, 
este últimopode ser decomposto pela ação da bactéria liberando fosfato 
(DAY,1989 apud SANTOS, 2004). 
Na Figura 2 é representado o ciclo do fósforo sem a influência da cadeia 
alimentar segundo Silva (2006) fica resumido aos seguintes processos: 
1) Absorção: nutrientes inorgânicos dissolvidos são utilizados pelos 
produtores primários para formação de sua biomassa; 2) Adsorção: fósforo 
dissolvido adsorvido pelos sólidos suspensos; 3) Excreção: processo de 
excreção pelo fitoplâncton; 4) Morte: nutrientes tornam-se disponíveis após 
a morte dos produtores primários (autólise e decomposição da matéria 
orgânica morta); 5) Decomposição: a decomposição da matéria orgânica 
morta (particulada e dissolvida) libera nutriente inorgânico dissolvido; 6) 
Sedimentação: matéria orgânica particulada e sólidos suspensos podem 
sedimentar; 7) Ressuspensão: retorno do fósforo do sedimento para a 
coluna de água. 
 
 
 
 Figura 2: Ciclo do fósforo (SILVA, 2006). 
 
32 
 
3.3.6 Temperatura 
 
 A temperatura é uma variável de grande importância no meio aquático, 
pois influencia no metabolismo das comunidades, como produtividade primária, 
respiração dos organismos e decomposição da matéria orgânica (SANTOS et 
al., 2003). 
Em lagos tropicais outro fator a ser considerado é o fenômeno de 
estratificação da massa d’água. Segundo Esteves (1998), existe a presença de 
três camadas de diferentes gradientes de temperatura: uma camada superior 
chamada de epilímio, caracterizada por uma temperatura uniforme e quente, e 
uma camada inferior, o hipolímio, mais fria e mais densa. Entre as duas existe 
uma camada com uma marcada descontinuidade de temperatura, chamada 
metalímio. 
A grande maioria dos lagos de regiões tropicais, devido aos processos 
geológicos que os originaram, apresenta profundidades reduzidas. Além disso, 
nestas regiões a variação sazonal da temperatura é pouco acentuada em 
relação à variação diária. Na região amazônica, por exemplo, a amplitudes de 
variação diária de temperatura da atmosfera é maior do que a amplitude 
sazonal. Assim, devido a estes dois fatores, observam-se normalmente, em 
lagos tropicais, estratificações e desestratificações diárias da coluna d’água, ou 
seja, estratificação que se desenvolve durante o período do dia, culminando 
com o máximo de estabilidade térmica por volta das 16 e 17 horas e 
desestratificação noturna, devido à perda de calor para a atmosfera. Este 
processo de desestratificação diária, nestes lagos, é facilitado pela pouca 
diferença de temperatura entre o epilímio e o hipolímio (ESTEVES, 1998). 
 
 
 
3.3.7 Turbidez 
 
É o grau de atenuação de intensidade que um feixe de luz sofre ao 
atravessá-la (e esta redução se dá por absorção e espelhamento, uma vez que 
as partículas que provocam turbidez nas águas são maiores que o 
33 
 
comprimento de luz branca), devido à presença de sólidos em suspensão, tais 
como partículas inorgânicas (areia, silte, argila) e de detritos orgânicos, algas e 
bactérias, plâncton em geral, etc. (CETESB, 2005). 
 A erosão das margens dos rios em estações chuvosas é um exemplo 
de fenômeno que resulta em aumento da turbidez das águas, que pode 
decorrer do mau uso do solo em que se impede a fixação da vegetação. Este 
exemplo mostra também o caráter sistêmico da poluição, ocorrendo inter-
relações ou transferência de problemas de um ambiente (água, ar ou solo) para 
outro (CETESB, 2005). 
 Alta turbidez reduz a fotossíntese de vegetação enraizada submersa e 
algas. Logo a turbidez pode influenciar nas comunidades biológicas aquáticas. 
Além disso, afeta adversamente os usos domésticos, industrial e recreacional 
de uma água (SOUZA; LIMA, 2003). 
 
 
 
3.3.8 Sólido Total 
 
Os sólidos presentes na água podem ser classificados em sólidos 
dissolvidos, que são capazes de atravessar papel de fibras de vidro e sólidos 
em suspensão que são retidos pelo papel de fibras de vidro de 0.45 µm. Os 
sólidos dissolvidos e em suspensão, por outro lado, diferenciam-se em fixos, 
que são as substâncias inorgânicas e em voláteis, que compreendem a matéria 
orgânica e os compostos transformáveis em vapor quando aquecidos a 600° C 
(BATALHA, 1998). 
 As operações de secagem, calcinação e filtração são as que definem as 
diversas frações de sólidos presentes na água em sólidos totais, suspensão, 
dissolvidos, fixos e voláteis, com exceção dos sólidos sedimentáveis que são a 
porção dos sólidos em suspensão que sedimenta sob a ação da gravidade 
durante um período de uma hora, a partir de um litro de amostra mantida em 
repouso em um cone Imhoff (PIVELI, 2005). 
34 
 
 Sob o ponto de vista do tratamento, os sólidos em suspensão (partículas 
com diâmetro médio superior a 1µm), são os mais fáceis de serem separados 
da água, pois prevalecem sobre eles os fenômenos de massa (gravitacionais), 
e geralmente são removidos por sedimentação simples. Os sólidos presentes 
no estado coloidal (diâmetro médio na faixa de 1nm - 1µm), já são 
suficientemente pequenos sendo removíveis por sedimentação, desde que 
precedida do processo de coagulação e floculação. Os flocos que apresentam 
baixas velocidades de sedimentação nos decantadores podem ser separados 
em filtros de areia ou filtros de camada dupla de areia e carvão antracito. A 
dificuldade maior sob o ponto de vista do tratamento consiste na separação de 
moléculas muito pequenas e íons dissolvidos na água. Nestes casos, apenas 
processos especiais de tratamento apresentam uma boa capacidade de 
remoção. Dentre estes processos, destacam-se aqueles que têm como 
princípio os fenômenos de adsorção, troca- iônica, precipitação químico e 
osmose reversa (PIVELI, 2005). 
 
 
 
3.3.9 Coliformes Termotolerantes 
 
 A preservação da qualidade das águas, particularmente em relação aos 
mananciais e águas de consumo humano, visto que sua contaminação por 
excretas de origem humana ou animal pode torná-las veículo na transmissão 
de agentes de doenças infecciosas e parasitárias, impõe a necessidade de 
exames para avaliação de sua qualidade do ponto de vista bacteriológico 
(CETESB, 1995). 
A identificação completa dos microrganismos patogênicos não se faz 
necessária, bastando à determinação de grupos de significado higiênico e 
sanitário. Para tanto se utiliza organismos indicadores de contaminação fecal. 
Na seleção deste indicador microbiológico têm-se como requisitos sua 
ocorrência em grande número nas fezes humanas, não se multiplicar no 
ambiente aquático e ser quantificável por métodos laboratoriais rápidos e 
simples (CETESB, 1995). 
35 
 
 O grupo coliforme é um bom indicador porque aparece em grande 
quantidade nas fezes humanas. Cada pessoa pode eliminar até 100 bilhões 
deles num único dia, com isso a possibilidade deles serem encontradas é muito 
grande. Por serem exclusivos das fezes de animais homeotérmicos, uma vez 
identificada sua presença, pode-se afirmar que a água teve contato com as 
excretas desses animais. São tão resistentes quanto os patogênicos e sua 
identificação, do ponto de vista laboratorial, requer técnicas simples 
(JOHNSON & ROSENBERG, 1993). 
Este grupo abrange espécies que integram a família das 
enterobactérias, incluídos os gêneros: Klebsiella, Citrobacter, Enterobacter e 
Escherichia, sendo este último típico da flora intestinal, mas podendo ser a 
maioria deles encontradas em outros locais, como solo e vegetais (BRASIL, 
2004b). 
 É interessante ressaltar, que na maioria das águas brutas com que o 
sanitarista trabalha, os organismos patogênicos costumam, quase sempre, 
estar associados a partículas responsáveis pela turbidez, que parecem utilizá-las como substrato e forma de proteção. Assim sendo, quando se promove a 
redução da turbidez da água bruta, são também removidos os patogênicos a 
ela associados. Além disto, os organismos que porventura atravessem essa 
fase do tratamento ficam expostos a ação dos compostos desinfetantes, sendo 
por eles eliminados (VIANNA, 1992). 
 
 
 
3.4 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO - IET 
 
 Um dos principais processos causadores da degradação da qualidade 
das águas em ambientes lênticos tem sido a eutrofização que consiste no 
enriquecimento excessivo de nutrientes, tais como fósforo e nitrogênio, 
provocando o crescimento descontrolado da vegetação. Gera-se então uma 
biomassa superior àquela que o sistema poderia naturalmente controlar. O 
aumento excessivo na população e sua posterior degradação no corpo 
aquático geram uma demanda de oxigênio grande, a qual pode então provocar 
36 
 
a morte de animais aquáticos (peixes) e também a proliferação de organismos 
anaeróbios (GRASSI, 2001). 
O Índice do Estado Trófico - IET tem por finalidade classificar os corpos 
da água em diferentes graus de trofia, ou seja, avalia a qualidade da água 
quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao 
crescimento excessivo das algas ou ao aumento da infestação de macrófitas 
aquáticas, a Tabela 5 mostra a classificação do Estado Trófico segundo o 
Índice de Carlson modificado (CETESB, 2006). 
 O índice de trofia empregado neste trabalho foi o de Carlson (1977) 
modificado por Tolledo et al. (1983), sugerido para regiões de clima tropical: 
 
IET (PT) = 10 x {6 - [ln (80, 32/PT) / ln2)]} 
 
IET (CL) = 10 {6 - [(2, 04 – 0,695 ln * CL) / ln2] 
 
Onde: 
 
CL: concentração de clorofila a medida à superfície da água, em µL-1; 
 
PT: concentração de fósforo total medida à superfície da água, em µL-1; 
 
ln: logaritmo natural. 
 
 Nos meses em que estejam disponíveis dados de ambas variáveis, o 
resultado será a média aritmética simples dos índices relativos ao fósforo total 
e clorofila a, segundo a equação: 
 
 
IET = [IET (PT) + IET (CL)] / 2 
 
 
 
 
 
37 
 
Tabela 5 – Classificação do Estado Trófico da água. 
 
Valor Estado Trófico Classes do IET 
IET ≤ 44 Oligotrófico 1 
44 < IET ≤ 54 Mesotrófico 2 
54 < IET ≤ 74 Eutrófico 3 
IET > 74 Hipereutrófico 4 
 Fonte: CETESB, 2006. 
 
 
 
3.4 Clorofila a 
 
 A clorofila a é um tipo de pigmento encontrado em parte dos cloroplastos 
nas células vegetais que captam seletivamente fótons de comprimento de onda 
definidos e utilizam essa energia para desencadear o processo fotossintético 
(BRANCO, 1993). 
 Existem vários tipos de clorofila, porém as mais conhecidas são as 
clorofilas a, b e c. A clorofila a, é a mais comum e o principal pigmento da 
maioria dos vegetais e algas superiores. A clorofila b é particularmente 
abundante nos vegetais terrestres (CLAYTON, 1974). 
 As concentrações de clorofila têm sido medidas em ecossistemas 
aquáticos, pois permitem abordagem sobre a ocorrência de microorganismos 
fitoplanctônicos e fornecem informações úteis sobre a qualidade da água, 
principalmente em processos de eutrofização. A determinação da clorofila nas 
águas pode avaliar a capacidade de reoxigenação do corpo d’água e também 
de sua população de algas (ESTEVES, 1998). 
 Segundo Esteves (1998), a classificação de ambientes aquáticos 
utilizando o critério de clorofila a, associada à questão da produtividade, é a 
seguinte: 
38 
 
a) Oligotróficos: lagos claros e baixa produtividade e teores máximos de 
clorofila a de 2 µg.L-1; 
b) Mesotróficos: lagos com produtividade intermediária e teores de clorofila 
a na faixa de 2 a 6 µg.L-1; 
c) Eutróficos: lagos com elevada produtividade comparada ao nível natural 
básico e teores de clorofila a na faixa de 6 a 18 µg. L-1; 
d) Hipertróficos: enriquecimento máximo de nutrientes; número excessivo 
de algas e plantas aquáticas ao ponto de impedir ou dificultar a 
navegação com teores de clorofila a acima de 18 µg. L-1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
4 ÁREA DE ESTUDO 
 
 
4.1 A REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM 
 
A Região Metropolitana de Belém - RMB (Figura 3) é constituída pelos 
municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara. 
Abrange uma área de aproximada 1.200 km2, correspondendo a 0,1 % da 
superfície do Estado do Pará (OLIVEIRA, 2002). Nela residem cerca de 
2.197.807 de pessoas, aproximadamente, 30% da população do Estado (IBGE, 
2010). 
Fisiograficamente está localizada na Zona Guajarina, entre as 
coordenadas geográficas 01º 03’ e 01º 32’ de latitudes sul e 48º 11’ e 48º 39’ 
de longitudes oeste de Greenwich. Limita-se ao sul com o rio Guamá, ao norte 
com a Baia de Marajó, a oeste com a Baia do Guajará e a leste com o 
município de Santa Isabel do Pará (OLIVEIRA, 2002). 
 
 
40 
 
 
 Figura 3: Localização geográfica da Região Metropolitana de Belém. 
 Fonte: Universidade Federal do Pará (2004). 
 
 
 
4.2 CLIMA 
 
A Região Guajarina, onde se localiza a área estudada, é caracterizada 
por um clima, quente e úmido, em virtude, também, de sua baixa altitude, da 
topografia plana e da vegetação densa. O tipo climático atual, de acordo com a 
classificação de Köppen, varia entre Am e Aw tropical úmido de floresta. É uma 
região chuvosa, com período de chuvas de dezembro a abril, enquanto de 
agosto a outubro registra-se a menor pluviosidade (OLIVEIRA, 2002). 
O regime térmico se caracteriza pela temperatura elevada em todos os 
períodos, resultando na média anual de 26,9 º C (Inmet, 2009). 
Os ventos alcançam a velocidade média mensal calculada para uma 
série de 2 anos (2008 - 2009) é 1,6 m/s, notando-se que são mais fortes no 
verão do que no inverno. Sobre a pressão atmosférica média mensal e anual 
41 
 
calculadas para uma série de 2 anos (2008 - 2009), os valores são muito 
próximos em quase todos os meses (Inmet, 2009). 
 A umidade do ar, no transcorrer do ano, acompanha de perto o regime 
pluviométrico, ocorrendo os maiores valores no período de dezembro a junho, 
atingindo marcas de até 90%, e valores médios anuais de 70% (IDESP, 1991) 
As médias anuais de temperatura, precipitação pluviométrica, umidade 
relativa, vento, pressão e evaporação calculadas para uma série de 2 anos 
(2008 - 2009), estão representadas nas Tabelas 6 e 7 respectivamente, 
segundo os dados do Instituto Nacional de Meteorologia – Belém (Inmet, 2009). 
 
 
 Tabela 6 – Dados meteorológicos (média mensal do período de 2008 – 2009). 
 
 Temperatura 
°C 
Precipitação 
Pluviométrica 
(mm) 
Umidade 
Relativa 
(%) 
Velocidade 
Vento 
(m/s) 
Evaporação 
(mm) 
Pressão 
(atm) 
Janeiro 25,95 443,35 90,0 0,95 29,15 1.009 
Fevereiro 25,70 436,40 91,0 0,95 22,45 1.009 
Março 25,90 519,85 89,5 0,95 24,40 1.009 
Abril 26,10 487,50 89,5 0,95 27,30 1.009 
Maio 26,25 382,35 88,5 0,85 22,00 1.010 
Junho 26,75 308,15 84,5 1,15 36,80 1.011 
Julho 27,20 151,00 79,5 1,65 64,40 1.012 
Agosto 27,75 122,10 77,5 1,80 76,80 1.010 
Setembro 27,55 121,85 77,5 1,90 84,90 1.010 
Outubro 27,70 126,45 77,0 2,0 77,10 1.009 
Novembro 27,90 90,15 77,5 2,0 61,80 1.008 
Dezembro 27,30 212,45 83,0 1,35 55,40 1.008 
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet / Belém. 
 
42 
 
 Tabela 7 – Dados meteorológicos (média anual do período de 2008 – 2009). 
 
Dados Meteorológicos / Ano 2008 2009 Total 
Temperatura °C 25,13 25,20 25,16 
Precipitação Pluviométrica (mm) 278.3 288,63283,4 
Umidade Relativa (%) 83,25 83,91 83,58 
Velocidade Vento (m/s) 1,39 1,35 1,37 
Evaporação (mm) 48,45 49,99 49,22 
Pressão (atm) 1.008 1.009 1.008 
 Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet / Belém. 
 
 
 
4.3 GEOLOGIA 
 
A área da RMB está representada geologicamente, em sua quase 
totalidade, por sedimentos arenosos da unidade Pós-Barreiras constituídos por 
latossolos amarelos e, ainda, por sedimentos do Grupo Barreiras e sedimentos 
Holocênicos e, em subsuperfície, sedimentos pertencentes à Formação 
Pirabas (MATTA, 2004). 
Matta (2004) ressalta que as principais unidades lito-estratigráficas que 
ocorrem na região de Belém e Ananindeua são os do Grupo Barreiras, a 
unidade Pós-Barreiras e os Sedimentos Holocênicos. 
 
 
 
 
 
 
43 
 
4.4 GEOMORFOLOGIA 
 
 Segundo Dias (1991), os lagos do Utinga estão inseridos numa grande 
região morfológica, a dos “baixos platôs amazônicos e planícies litorâneas” 
caracterizada pelas suas cotas altimétricas mais baixas, variando de 3 a 8 m, 
onde é possível distinguir vários elementos que participam da estrutura 
morfológica da região dos baixos platôs: 
a) Plataformas intermediárias, correspondendo ao nível altimétrico de 10 a 15 
m do patamar terciário, representando os rebordos das cabeceiras dos cursos 
de água. Contornadas por encostas e escarpas, tem topo aplainado 
tabuliforme e solos predominantemente arenosos e concrecionários 
característicos do Grupo Barreiras. Apresenta pontos de estrangulamento, 
provenientes dos processos de erosão, remontando às nascentes dos 
aqüíferos, de superfície; 
b) Níveis de terraços escalonados em altitudes inferiores com cotas variando 
de 5 a 10 m - baixos patamares; 
c) Baixadas inundáveis correspondentes ao 4° nível geral do terraço, 
apresentam-se esculpidas sobre terrenos recentes, em sedimentos do 
quaternário. 
 
 
 
4.5 VEGETAÇÃO 
 
Segundo Moreira (1996), no município de Belém ocorre três tipos 
principais de vegetação: a) de várzea típica de áreas inundáveis, sobre 
influência periódica das marés; b) de floresta densa, associadas aos terrenos 
mais elevados (terra firme) e c) florestas secundárias, em áreas uma vez 
desmatadas. Dentro do espaço, urbano nada mais resta da floresta tropical que 
existiu originalmente. 
A cobertura vegetal predominante na área do Utinga foi originalmente à 
floresta Tropical Úmida Perenifólia, apresentando uma grande heterogeneidade 
44 
 
na composição de espécies dicotiledôneas de porte médio a alto e, grandes 
variações na densidade. A variação do porte e da freqüência de determinadas 
espécies em ocorrências localizadas, vem em função da inundação de áreas 
florestais, provocada pela barragem dos cursos d’água do Água Preta e 
Bolonha, pelo desmatamento para ocupação agrícola e urbana (DIAS, 1991). 
Devido à interferência dos solos e dos principais processos 
modificadores como inundação e desmatamento, a floresta primitiva – foi sendo 
alterada na sua cobertura original. Atualmente as áreas desmatadas ou 
alteradas diretamente pela ação antrópica existem em maior proporção, 
comparadas às áreas contendo florestas primitivas (DIAS, 1991). 
 
 
 
4.6 TOPOGRAFIA 
 
 O relevo de Belém apresenta-se de plano a suavemente ondulado na 
forma de baixos platôs, sem escarpamentos, exceto no litoral. É caracterizado 
por um conjunto de canais recentes, furos, igarapés, paranás, meandros 
abandonados e lagos, marcado por um complexo sistema de terra e água, com 
partes submetidas a inundações freqüentes, tanto pelas águas das chuvas, 
como pelas águas das marés ou de equinócio. A topografia da cidade é pouco 
variável e baixa, variando de 25 m na ilha de Mosqueiro (parte mais alta) a 4 m 
nas cotas mais baixas. Esta região apresenta-se constituída por solos tipo 
concrecionário laterítico, amarelos e nas margens do rio Guamá, o tipo “Gley 
pouco úmido” (MERCÊS,1997). 
 
 
 
4.7 HIDROGRAFIA 
O sistema hidrográfico de Belém é constituído por duas grandes bacias: 
a baia de Guajará e o rio Guamá. 
 
 
45 
 
4.7.1 Baia do Guajará 
 
O Estuário Guajarino é parte integrante de outro maior, o Estuário 
Amazônico ou Golfão Marajoara, situado na foz do rio Amazonas, um ambiente 
fluvial com influências marítimas, forma-se nas confluências dos rios Pará, 
Acará e Guamá (PARÁ,1990). 
A baía situa-se a oeste da cidade de Belém e recebe as águas do rio 
Guamá e Acará. Possui forma alongada e estreita, e está comprimida entre as 
terras continentais e as ilhas fluviais da Onça, Arapiranga, Cotijuba, Jararaca, 
Mirim, Paquetá Açu e Jutuba. Comunica-se com a baia do Marajó e sofre 
diretamente a influência das marés oceânicas. 
 
 
 
4.7.2 Rio Guamá 
 
 O rio Guamá, afluente do rio Pará, tem 700 km de extensão. Nasce na 
Serra dos Coroados, correndo em direção Sul – Norte até a cidade de Ourém, 
situada em sua margem direita. Seguindo para Oeste, encontra-se com o rio 
Capim. É navegável por pequenas embarcações até sua primeira cachoeira, a 
225 km de Belém. Na foz, na Baia do Guajará, atinge 900 km de largura. O rio 
Guamá também é de fundamental importância, não somente no abastecimento 
de água para esta cidade como também no seu aspecto hidrológico (RIBEIRO, 
1992). 
O rio Guamá e seus afluentes sofrem influências de marés e recebe 
constantemente sedimentos da baía do Guajará, esta que possui suas águas 
barrentas e, temporariamente, salobras no ápice do verão. A oscilação de suas 
águas, provocando variações sazonais, chegam a alagar parte das dezenas de 
ilhas e elevam o nível d’água dos inúmeros canais, inclusive de alguns setores 
da Região Metropolitana de Belém. Essa situação, aliada a outros parâmetros 
ambientais, é prejudicial ao abastecimento público, pois grande parte da água 
distribuída à população de Belém é aduzida do rio Guamá para o lago Água 
46 
 
Preta e daí, passando pelo lago Bolonha, transportada para a Estação de 
Tratamento de Água do Utinga (OLIVEIRA, 2002). 
 
 
 
4.7.3 Lago Água Preta 
 
O lago Água Preta apresenta um volume de aproximadamente 
9.905.000 m3 e uma área de 3.116.860 m2 (JUNIOR, M. I; COSTA, F. R, 2003), 
é formado pelas bacias hidrográficas dos igarapés Catu e Água Preta, do qual 
recebe o nome, encontra-se em grande parte nas terras do Utinga, as quais 
pertencem a COSANPA, em terras da EMBRAPA, e em áreas pertencentes a 
terceiros (CENSA/COSANPA, 1983). 
Considerado como principal lago que serve como fonte de 
abastecimento da cidade de Belém e com obras na barragem do lago em 
1973, o lago Água Preta inicialmente com 6,0 x 106 m3 de água acumulada 
foi ampliado a fim de permitir uma reserva de 10,55 x 106 m3 de água 
acumulada, 3.116.868 m2 de área de lâmina d’água (CENSA/COSANPA, 
1983). 
A carta batimétrica do lago Água Preta registra uma profundidade 
máxima de 4,4 m na porção central da bacia e profundidade mínima de 0,50 m 
na área próxima a do rio Guamá (SODRÉ, 2007). 
Apresenta uma larga faixa de vegetação e proteção. Possui três 
nascentes designadas como nº 3; nº 4 e nº 5. A nascente conhecida como 
n° 3 encontra-se localizada nos fundos de um conjunto habitacional 
Tropical, área onde estão instaladas indústrias, clubes recreativos e imóveis 
de ocupação residencial, a área é de terceiros, penetrando cerca de 1.800 
m além dos limites das terras do Utinga. A nascente n° 4 localiza-se fora 
dos limites do Utinga e a nascente nº 5 penetra cerca de 750 m em terras de 
terceiros, ou seja, fora dos limites do Utinga, que são propriedades da 
COSANPA. 
 
47 
 
4.7.4 Lago Bolonha 
 
O lago Bolonha apresentauma forma alongada, com 2,10 x106 m3 de 
água acumulada, 512.540 m2 de lâmina d’água e profundidade máxima em 
torno de 7,64 m, é um dos mananciais que vem contribuindo ao longo do 
tempo, como fonte de água para o abastecimento da cidade de Belém 
(COSANPA, 1983). 
Possui duas nascentes designadas com o n° 1 e n° 2, a de n° 1 
encontra-se nos fundos da Granja Santa Lúcia, do Ministério da Agricultura, e 
se localiza nas terras do Utinga, de propriedade da COSANPA, a nascente n° 2 
encontra-se fora de suas propriedades, suas margens estão totalmente 
ocupadas, o qual direta ou indiretamente são lançados detritos no próprio 
manancial (CENSA/COSANPA apud RIBEIRO, 1992). 
A bacia hidrográfica do lago Bolonha encontra-se localizada na região 
metropolitana de Belém, entre a BR 316 e o limite da bacia hidrográfica do lago 
Água Preta, limitando-se ao Norte e a Leste: com terras do Hospital da 
Aeronáutica, da Assembléia Paraense, da fundação Pestalozzi, da Tuna Luso 
Brasileira, do Conjunto BASA, do DNER e cerca de 300 outros lotes 
pertencentes a terceiros; ao Sul com os terrenos da bacia do lago Água Preta e 
a Oeste com a barragem do Bolonha (CENSA/COSANPA, 1983). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
4.8 HISTÓRICO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE BELÉM 
 
 Dentro da história do abastecimento de água da cidade de Belém é 
possível observar que, os habitantes da cidade no período colonial, 
encontravam muitas dificuldades para obter água em quantidade e qualidade 
satisfatória. Os registros históricos revelam que os portugueses construíram 
poços e bicas públicas, para o uso de todos os moradores (RIBEIRO, 2002). 
 No “Ensaio Corográfico sobre o Pará”, Baena (apud CRUZ, 1944) relata 
a existência de um igarapé no sítio Tapanã, denominado Domingos, nome de 
um antigo morador – o índio Domingos -, de águas cristalinas, do qual bebiam 
os capitães generais, bispos, capitalistas e altos funcionários públicos. A água 
era transportada em barris colocados nas canoas que faziam o transporte 
diuturnamente entre Fortaleza da Barra e a cidade. Em 1801, os governantes 
portugueses mandaram construir para uso dos moradores e áreas adjacentes, 
na Travessa Piedade, um chafariz enterrado de pedra, para o qual havia uma 
descida feita de duas escadas laterais de cinco degraus de ladrilho. Além 
dessa fonte de água outros dez poços públicos foram construídos, sendo seis 
de pedra e quatro de madeira. Existiam também poços particulares que eram 
franqueados pelo público. Também por essa época existia um alagadiço que 
mais tarde foi transformado em manancial (Paúl d’Água), que instituiu um 
rendoso comércio de venda de água para a população. 
Entretanto, esse manancial se encontrava em precárias condições de 
conservação e utilização, devido à intensa exploração e a falta de recursos 
financeiros do governo da província para realização de obras de proteção e 
recuperação (FEITOSA, 1994). 
Assim, em 1854, o presidente da Província, Sebastião do Rêgo Barros, 
sancionou a primeira lei para construção do sistema de abastecimento de água 
da cidade de Belém, com o objetivo de proteger a qualidade da água oriunda 
do manancial Paul D’Água e sua distribuição à população. No entanto, só 
foram realizados os estudos preliminares (FEITOSA, 1994). 
 No governo do presidente Francisco Araújo Brusque, em 1862, a fim de 
melhorar o abastecimento de água da cidade de Belém, foi firmado contrato 
49 
 
com a empresa Mediclott & Cia. que propôs a utilização dos mananciais do 
Una como fonte de abastecimento, sem, no entanto, ter sido executado, pois, 
segundo Feitosa (1994), em 1864, havia divergências contratuais com a 
referida firma, pelo então Presidente Couto de Magalhães, o que contribuiu 
para que os serviços de distribuição de água continuassem a cargo dos 
“aguadeiros”. 
 Em julho de 1865, o serviço passou à responsabilidade do Tesouro 
Provincial. Quatro anos mais tarde, em 1869, foi firmado entre o Presidente 
Conselheiro João Bento da Cunha Figueiredo e o Coronel João Augusto 
Corrêa, o primeiro contrato para o fornecimento de água canalizada da cidade 
de Belém. Toda via esse contrato foi reincidido sem que as obras tivessem sido 
iniciadas. A essa altura, dois mananciais, de Ananindeua e Marituba, já haviam 
sido objeto de estudos e concluída a aprovação dos mesmos para o 
abastecimento de Belém (IDESP, 1991). 
 A poluição desses mananciais devido aos dejetos urbanos determinou a 
transferência das fontes de abastecimento de água para as novas estradas 
paralelas as de São Bráz e Constituição. Somente com a criação da 
Companhia das Águas do Grão Pará, em 1881 é que finalmente foram 
demarcados os terrenos que deviam ser desapropriados no Utinga, como 
necessários à conservação dos mananciais. De acordo com o Dr. Souza 
Dantas Filho, essa fonte poderia produzir, no inverno, nove milhões de litros de 
água e no verão cerca de quatro milhões, pelo que foi logo aceito como 
principal manancial aqüífero da Companhia (DIAS, 1991). A Figura 4, mostra 
em 1883 as obras de canalização das águas do Utinga. 
 
50 
 
 
 Figura 4: Canalização das águas do Utinga. 
 Fonte: COSANPA (2009). 
 
 O serviço de abastecimento pela Companhia das Águas do Grão-Pará 
foi inaugurado em 1883, com captação de águas dos mananciais do Utinga 
(FEITOSA, 1994). 
 Entre 1901 e 1907, quando o Utinga já se mostrava insuficiente para 
atender a demanda de água potável na cidade de Belém, foi determinada a 
captação de suas águas por meio de galerias subterrâneas filtrantes e a 
construção de uma represa em toda sua bacia. Nesta ocasião, foi também 
determinada a construção de muros ao longo de um pequeno canal (“rego”) 
que conduzia as águas de três nascentes (Utinga, Buiussuquara e Catu) para 
um poço de acumulação, evitando assim o seu contato com as áreas 
inundáveis (CODEM, 1987). 
 Os lagos formadores dos mananciais de Belém foram criados na década 
de 30, a partir de barragens de cursos d’água. O primeiro a ser represado foi o 
rio Catu e os igarapés Buiussuquara e Utinga e, o segundo foi o rio Água Preta 
(SILVA, 1999). 
 Em 1932 houve a construção do Canal Yuna (Figura 5), pelo qual as 
águas dos rios Água Preta e Catu eram desviadas para o Buiussuquara para 
que juntas chegassem até as bombas do Utinga (SILVA, 1999). 
51 
 
 
 Figura 5: Canal Yuna. 
 Fonte: COSANPA (2009). 
 
Em 1945, houve a reconstrução da barragem do lago Água Preta, 
elevando a sua altura em aproximadamente 0,8 m e também da barragem do 
lago Bolonha, elevada em aproximadamente 2,3 m. Deu-se também o inicio da 
construção de um novo canal que remanejava as águas do canal do Yuna e do 
igarapé Buiussuquara, finalizado em 1949 (SILVA, 1999). 
Em 1955, iniciou-se a construção da Estação de Tratamento de Água e 
a estabilização da barragem do lago água Preta. Após a conclusão destas 
obras, em 1957, foi instalada uma bomba de recalque para captar água do rio 
Guamá e, assim, complementar o abastecimento de água potável para a 
cidade de Belém, pois o sistema de lagos do Utinga não atendia a demanda da 
cidade durante o período de estiagem. Em 1968, procedeu-se a ampliação da 
capacidade de bombeamento (CODEM, 1987; FEITOSA, 1994). 
Na década de 80 houve a construção do atual canal de interligação entre 
os lagos Água Preta e Bolonha (Figura 6), como forma de manutenção de seus 
níveis. Apesar de receber as águas drenadas de suas bacias, o volume destes 
lagos é mantido pela captação de água do rio Guamá (SILVA, 1999). 
 
52 
 
 
 Figura 6: Canal de ligação Água Preta - Bolonha

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