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RELATÓRIO DE PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE PORTUGUÊS II Adriana Nascimento Amaral Cariacica 2017 RELATÓRIO DE PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE PORTUGUÊS II A dinâmica de sala de aula em escolas da rede estadual Adriana Nascimento Amaral Cariacica 2017 Adriana Nascimento Amaral RELATÓRIO DE PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE PORTUGUÊS II Este trabalho é pré-requisito para aprovação na disciplina Prática de Ensino e Estágio Supervisionado de Português II, do Curso de Letras (modalidade EAD), ministrada pelo(a) da Universidade Estácio de Sá. Cariacica 2017 AGRADECIMENTOS Ao Senhor Jesus, meu Senhor e Salvador, que está sempre ao meu lado, guiando meus passos e não dando suporte necessário para eu não desistir dos meus objetivos, mesmo enfrentando tantos obstáculos. Agradeço ao meu esposo, Daniel Amaral, que não mede esforços para me ajudar no que é necessário, dando o carinho e apoio que necessito para prosseguir. Agradeço a professora desta Disciplina de Estágio Supervisionado, Silvana Ferreira dos Anjos, que doou um pouco do seu conhecimento e propôs o trabalho, proporcionando uma rica e única experiência. Agradeço a todos os profissionais da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. José Moyses, que cederam tempo para me explicar o funcionamento da Escola e a dinâmica das aulas e com isso possibilitaram a conclusão do trabalho. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 06 1. Estrutura e funcionamento da escola ................................................................... 07 1.1. Aspectos físico, humano e material da escola .................................................. 08 1.2. O Projeto Político-pedagógico da escola .......................................................... 17 1.3. A escola como um grupo social ..........................................................................19 1.4 Atividades docentes e discentes........................................................................ 21 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 24 REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS .......................................................................... 25 6 INTRODUÇÃO O Estágio Supervisionado para o curso de Licenciatura é uma exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei Federal 9394/96. Ele é de suma importância para a formação profissional do licenciado, garantindo a oportunidade de conhecer o trabalho dos profissionais da área da Educação e aliar teoria a pratica. O presente documento tem o objetivo de relatar e fazer uma síntese das atividades desenvolvidas e vivenciadas durante o Estágio Supervisionado II. As observações para realização do relatório foram realizadas nas dependências da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Dr.José Moyses”, nas turmas dos 1º e 2º anos do Ensino Médio, com a Supervisão da Professora Jeanny Duarte da Silva Penha. A minha função nesse processo foi observar o ambiente escolar e acompanhar as aulas ministradas pela professora de Língua Portuguesa. No decorrer do estágio foram realizadas entrevistas, leituras e observações que colaboraram para conclusão do relatório. As conclusões apresentadas se constituem das análises críticas e construtivas das vivências de aprendizagem nas Salas de aula nas turmas do Médio. A disciplina não só promove o desenvolvimento sociocultural do aluno e estagiário, mas se estende a raízes mais profundas do saber e do pensar como parte fundamental e também indispensável nesta etapa do Estágio Supervisionado II. 7 1. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA ESCOLA A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. José Moysés está localizada à Rua Rio Itapemirim s/n, bairro Santa Catarina II, Cariacica- ES. Surgiu através de reivindicações das comunidades escolares adjacentes. Foi inaugurada em 28/11/2002, iniciando suas atividades letivas em 10/03/2003, com 322 (trezentos e vinte e dois) alunos de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental, limitando seu funcionamento ao turno matutino, com 20 professores, 8 auxiliares de serviços gerais, 5 auxiliares de secretaria e 2 vigilantes. Para inauguração deste espaço, alguns equipamentos e mobiliários foram remanejados de outras unidades escolares, não apresentando boas condições de funcionamento. Em virtude do encerramento do ano letivo de 2002 das escolas estaduais adjacentes, que cumpriram calendários de greve, novas turmas foram iniciadas em julho de 2003. Em agosto de 2003, em atendimento a solicitação da comunidade escolar e adjacente, a Secretaria de Educação autorizou o processo de criação do Ensino Médio no turno noturno, através da Portaria nº 056 publicada no Diário Oficial em 16/09/2003. A escola trabalha em parceria com as comunidades locais, e o Conselho de Escola está sempre à disposição da mesma na figura de seu Presidente e Diretor orientando e fazendo uma Gestão democrática, mostrando e renovando a “cara” da escola que outrora era caracterizada como violenta. Hoje se respira paz e alegria, fruto de um trabalho de equipe e de parceria com o gestor, funcionários, comunidade e pais, sempre visando um futuro melhor para os educandos. 8 1.1. ASPECTOS FÍSICO, HUMANO E MATERIAL DA ESCOLA. A Instituição é composta pelo seguinte quadro de recursos humanos: 01 Diretor. Pedagogos: Matutino: 01 Vespertino: 01 Noturno: 02 Professores por Nível/Modalidade e atuação Ensino Médio: 63 EJA: 20 Funcionários da Secretaria: Matutino: 04 Vespertino: 05 Noturno: 03 Biblioteca Matutino: 01 Vespertino: 01 Noturno: 01 Serventes Matutino: 06 Vespertino: 06 9 Noturno: 01 Merendeiras. Matutino: 03 Vespertino: 04 Noturno: 02 Vigias Matutino: 01 Vespertino: 01 Noturno: 01 O ingresso do aluno na escola dá-se mediante matrícula efetuada pelo Pai ou Responsável, ou ainda, pelo próprio aluno, quando for o caso, acima de 18 anos, observadas as diretrizes emanadas anualmente da Secretaria de Estado da Educação (SEDU). O Horário de funcionamento é realizado da seguinte forma: Matutino: 7h as 12h20 Vespertino: 13h as 18h20 Noturno: 18h20 as 22h30 O espaço físico é amplo e organizado conta com os seguintes recursos: Direção Pedagógico Coordenação 10 Secretaria Sala dos Professores Biblioteca Cozinha Refeitório Depósito de Alimentos Almoxarifado Sanitários para alunos Sanitários para funcionários Depósito de material de limpeza 16 salas de aula 01 quadra de esportes coberta Laboratório de Informática Auditório Cantina Recursos Didáticos: Aparelho de som Caixas amplificadoras Mesas de som Retroprojetor 11 Computadores Impressoras Televisores DVD Duplicadora A escola é muito bem estruturada, está bem conservada e mantém um ótimo aspecto de limpeza e organização. Logo na chegada podemos ver a fachada da escola, pintada de laranja, muro em toda a extensão e grades brancas, possui placa iluminada com nome da Escola. A entrada principal para ter acesso às dependências da escola é feita através do portão principal, pintado de branco, que permanece aberto durante todo o horário de funcionamento. Para entrada na escola do público em geral, exige-se a identificação e informação do setor que irá se dirigir. Um vigia permanece na entrada principal e os portões sempre estão trancados, o que é importante para manter a segurança dos alunos. No hall de entrada é possível observar um quadro de avisos gerais, que considerei bem interessante, haja vista informar sobre oportunidades de estágios, cursos oferecidos pela Rede Estadual, calendários de eventos, entre outros informes que interessam não só alunos, mas funcionários e demais pessoas que visitam a escola. Há ainda, um mural bem grande que expõe trabalhos feitos pelos alunos, outra iniciativa importante para incentivar os alunos e uma forma homenageá-los pelo bom desempenho. Ao lado da Secretaria há um quadro afixado com horário dos sinais para entrada e intervalo das aulas. A secretaria tem as paredes pintadas de amarelo, com janelas e grades brancas, porta de madeira. Os alunos e o público em geral são atendidos sem ter acesso direto à sala, isto é, por uma janela. No espaço há 05 mesas, 03 computadores, 02 12 armários de aço, 01 impressora, Ar condicionado. Em uma sala conjugada, ficam prateleiras de aço que acomodam as caixas de arquivo com as pastas dos alunos. Não foi permitido ter acesso ao interior do ambiente, sendo feita tal observação pela parte externa. Na sala dos professores foi permitido o acesso e maior convivência para acompanhar a professora. Nesse espaço há uma mesa oval, com 10 cadeiras, armário de aço com chave que é utilizado pelos professores para guardar os objetos pessoais, 02 computadores, quadro de avisos,, 01 mesa pequena com 01 cadeira, ar condicionado, iluminada, paredes pintadas de bege. A sala é utilizada para realizar o planejamento das aulas, descansar nos intervalos, corrigir provas e trabalhos, além de interação dos profissionais. A sala da pedagogia tem 03 mesas, 02 armários brancos, 02 armários azuis, 03 mesas, 01 computador, 01 impressora, 01 quadro de avisos, climatizada, bem organizada, limpa, bem iluminada e arejada. A pedagoga atende aos alunos, pais e professores. A coordenação fica no segundo piso, possui 01 mesa, 06 cadeiras, 03 prateleiras de aço, 04 armários, 01 ar condicionado. A sala da Direção é um pouco mais ampla, possui uma mesa grande, 01 computador, 01 mesa de reunião com 06 cadeiras, armário, gaveteiro e é climatizada. A cozinha dos funcionários possui 01 microondas, 01 pia, 01 geladeira, 01 bebedouro, 02 extintores, 02 banheiros. A biblioteca é organizada e agradável. A parte externa é pintada de azul e as paredes de verde claro. Possui 07 mesas redondas com 05 cadeiras acolchoadas e com encosto. 01 mesa para atendimento, 01 copiadora grande, 01 impressora pequena, 03 armários de aço, 03 prateleiras grandes para acomodar os livros, 01 bancada com 08 divisórias para utilização de computadores. O local é climatizado e possui extintores, boa iluminação e aspecto aconchegante e propício para desenvolver atividade de leitura. O espaço é utilizado pelos alunos para realizar pesquisas e também da oportunidade de empréstimos de livros, controlado pelo sistema e com data para entrega, com prazo médio de 07 dias. 13 Seguindo na área externa, temos o refeitório. O local é pintado de amarelo, possui mesas longas e bancos coloridos em tons claros (rosa, amarelo e azul), 01 bebedouro grande com 05 torneiras. A cozinha é muito bem equipada, limpa, paredes revestidas de azulejo, possui 01 geladeira, 03 freezers, 01 lavatório, 01 pia, 03 bancadas de mármore, 01 fogão industrial de 06 queimadores, 01 forno grande, 01 liquidificador industrial, 01 coifa. A entrada é restrita aos funcionários. Todos os que ali trabalham utilizam uniforme branco, touca e apresentam um ótimo aspecto de higiene. Após servir a merenda, os talheres e pratos são recolhidos, através de uma mesa reservada para esse fim. Encontramos lixeiras para separação do lixo, todos colaboram para a manutenção da ordem no espaço que está sempre limpo. Do lado esquerdo da cantina funciona o Grêmio Estudantil. A sala é pequena, dispõe apenas de uma mesa, 05 cadeiras, 01 armário pequeno. O projeto iniciou este ano, seu maior objetivo é unir e movimentar os estudantes e abrir espaço para discussão sobre seus direitos e deveres, debatendo assuntos diversos inerentes a escola, comunidade e sociedade como um todo. As salas de aula estão localizadas no segundo pavimento. São amplas e arejadas, possui revestimento de cerâmica na metade da parede e a outra parte pintada de amarelo, o que facilita a limpeza, 04 ventiladores de teto, quadro branco, 02 janelas com grades pintadas de branco, mesa com cadeira para o professor, as cadeiras para os alunos são novas, nas cores azul e branco, 09 luminárias, porta de madeira com um retângulo em vidro, que permite visualização de uma pequena parte do corredor, mesmo se estiver fechada. O corredor que dá acesso às salas de aula está com as paredes cheias de rabiscos e bem sujos, com aspecto ruim, que desentoa com o primeiro pavimento do prédio. Por toda área do pátio, corredores, áreas externas, encontramos lixeiras e percebe- se que a limpeza é conservada, pois não se encontra lixo pelo chão. Os banheiros para uso dos alunos estão bem conservados, são constantemente limpos pelas funcionárias e apresentam bom aspecto de higiene e limpeza. A quadra poliesportiva é muito agradável, ocupa uma grande área do lado esquerdo, e pode ser vista pela rua que dá acesso à escola. O espaço é coberto, bem amplo, proporciona atividades de jogos de futebol, basquete, handebol e 14 demais atividades físicas. Lá também são realizados campeonatos e os jogos escolares, possibilitando a interação com alunos de outras escolas. O espaço ainda é utilizado pelos alunos durante o horário do recreio. Em relação ao funcionamento da escola, percebi que a prática muda em determinados turnos e também em conformidade com que está à frente. No horário de entrada do turno matutino e vespertino, os alunos são autorizados a entrar, respeitando limite de tolerância de 15 minutos de atraso. No período noturno não há obrigatoriedade de uniforme e de calçados fechado, percebi também que o horário é mais flexível quanto aos atrasos, considerando que a maioria dos alunos que trabalham durante o dia e vão para aula à noite. Um ponto que precisa ser revisto é a não obrigatoriedade de usar uniforme. Como os alunos da Rede Estadual não recebem uniforme gratuito e a comunidade na qual a escola está localizada atende alunos, na grande maioria de baixa renda, não há como exigir que os pais comprassem o uniforme. Com isso, alguns alunos utilizam a camisa do uniforme com calça jeans. Não é cobrado padrão para calçados. Outro fato que presenciei foi que alguns alunos estavam circulando de boné. O que considero totalmente inadequado para um ambiente escolar. Todas as turmas possuem um líder e vice-líder que tem a incumbência de anotar o nome dos alunos que irão merendar e entregam as fichas para controle no refeitório. Essa pratica nem sempre funciona muito, pois alguns alunos ficam na filae algumas vezes a merenda não é suficiente para todos. Quando ocorre aula vaga os alunos permanecem na área externa, nos pátios ou no refeitório aguardando o próximo horário. A direção da escola adotou a proibição de adiantar as aulas vagas. Percebi que muitas vezes isso ajuda os alunos que querem “matar aula”, pois eles se misturam aos que estão de aula vaga e permanecem fora de sala. Apesar da grande extensão da escola, nota-se que a equipe pedagógica consegue monitorar os alunos, os coordenadores não permitem que eles circulem pela escola no horário de aula, além de manter a disciplina necessária para que o barulho não atrapalhe o bom andamento da aula. 15 Durante a fase de observação da instituição possibilitou a oportunidade de conviver com alguns dos funcionários que fazem parte do quadro permanente da escola: Diretor: O Diretor é muito participativo e passa muito tempo na escola, conhece os funcionários e os trata de forma carinhosa e prestativa, é muito bem visto pela comunidade e pelos alunos. Apesar de ter muitos compromissos e tarefas, foi muito receptivo e atencioso, demonstrou boa vontade em receber e abrir espaço para realização do estágio, contou sobre sua época de estagiário, como iniciou na carreira do magistério, e fez algumas observações que serão de grande valia. Secretárias Escolares: O atendimento na secretaria foi muito positivo. A secretária escolar e a auxiliar de serviços educacionais estão sempre bem ocupadas, com muitas tarefas para realizar, ainda assim, demonstram bom atendimento ao público, com simpatia e presteza. Com elas, foi possível coletar informações inerentes aos horários, número de salas, quadro de funcionários, informações essas fundamentais para o desenvolvimento do trabalho. Especialistas: A Pedagoga do turno matutino foi de relevante importância, pois apresentou a escola e demonstrou grande conhecimento do funcionamento, sempre determinada a identificar cada problema e criar meios para solucioná-los, sempre buscando resultados para auxiliar o corpo docente. Serviços gerais: As auxiliares de serviços gerais são parceiras da escola, mesmo com o quadro reduzido fazem de tudo para manter a escola limpa. Elas trabalham com entusiasmo e alegres, conhecem os alunos pelo nome e chamam a atenção quando é necessário, demonstrando que estão sempre dispostas a ajudar. Porteiros: 16 São todos do sexo masculino e trabalham por escala, conhecem a rotina da Instituição, tem bom relacionamento com os demais funcionários, estão sempre posicionados frente ao portão de acesso da escola. Eles são de uma empresa particular que com convênio com o Estado prestam serviço de vigilância. São atenciosos e cautelosos. Sempre que o aluno precisa sair, eles confirmam se está sendo liberado, procuram a coordenação quando o aluno chega fora do horário e fazem vigilância da área externa, além da portaria. 17 1.2 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA Ao solicitar o Projeto Político Pedagógico, percebi que a Pedagoga não demonstrou muito interesse em me deixar ter acesso. Informou que o PPP está defasado e passando por uma reelaboração, todavia, ainda não foi concluído, pois é difícil conseguir reunir os professores e demais envolvidos para fazer as alterações necessárias. Ainda assim, um ponto positivo foi perceber que o PPP estava encadernado e de fácil acesso. Os principais norteadores do projeto político pedagógico a escola são: Igualdade de condições na escola e Igualdade de oportunidade. A qualidade que não pode ser privilégio de minorias econômicas, propiciarem uma qualidade para todos. A escola também tem obrigação de evitar todas as maneiras possíveis a repetência e a evasão escolar, e garantir a permanência dos que nela ingressam. Para isso é feita uma consciência crítica e a capacitada de ação, saber e mudar. Assim, todos deverão definir um tipo de sociedade e o tipo de cidadão que pretendem formar, e também as ações específicas para obter esses fins. Outro princípio muito enfatizado no projeto político pedagógico da escola foi que a autonomia e a liberdade fazem parte da própria natureza do ato pedagógico. A autonomia nos submete a regras e as orientações criadas pelos próprios sujeitos das ações educativas, sem imposições externas. A liberdade é considerada com liberdade para aprender, ensinar, pesquisar, e divulgar a arte e o saber direcionados para o coletivo. No projeto político pedagógico ainda são enfatizados pontos como: O tempo Escolar As relações do trabalho A avaliação 18 A escola também tem obrigação de evitar todas as maneiras possíveis repetência e a evasão escolar, e garantir a permanência dos que nela ingressam. Para isso é feita uma consciência crítica e a capacitada de ação, saber e mudar. Assim, todos deverão definir um tipo de sociedade e o tipo de cidadão que pretendem formar, e também as ações específicas para obter esses fins. Outro princípio muito enfatizado no projeto político pedagógico da escola foi que a autonomia e a liberdade fazem parte da própria natureza do ato pedagógico. A autonomia nos submete a regras e as orientações criadas pelos próprios sujeitos das ações educativas, sem imposições externas. A liberdade é considerada com liberdade para aprender, ensinar, pesquisar, e divulgar a arte e o saber direcionados para o coletivo. 19 1.3 A ESCOLA COMO GRUPO SOCIAL. Ao discutirmos a função social da educação e da escola, estamos entendendo a educação no seu sentido ampliado, ou seja, enquanto prática social que se dá nas relações sociais que os homens estabelecem entre si, nas diversas instituições e movimentos sociais, sendo, portanto, constituinte e constitutiva dessas relações. O homem, no processo de transformação da natureza, instaura leis que regem a sua convivência com os demais grupos, cria estruturas sociais básicas que se estabelecem e se solidificam à medida que se vai constituindo em locus de formação humana. Nesse sentido, a escola, enquanto criação do homem, só se justifica e se legitima diante da sociedade, ao cumprir a finalidade para a qual foi criada. Assim, a escola, no desempenho de sua função social de formadora de sujeitos históricos, precisa ser um espaço de sociabilidade que possibilite a construção e a socialização do conhecimento produzido, tendo em vista que esse conhecimento não é dado a priori. Trata-se de conhecimento vivo e que se caracteriza como processo em construção. A educação, como prática social que se desenvolve nas relações estabelecidas entre os grupos, seja na escola ou em outras esferas da vida social, se caracteriza como campo social de disputa hegemônica, disputa essa que se dá "na perspectiva de articular as concepções, a organização dos processos e dos conteúdos educativos na escola e, Políticas e Gestão na Educação 3 mais amplamente, nas diferentes esferas da vida social, aos interesses de classes" (FRIGOTTO, 1999, p. 25). Assim, a educação se constitui numa atividade humana e histórica que se define na totalidade das relações sociais. Nesse contexto, alunos, professores, diretores e comunidade em geral precisa compreender que escola deve atender seu papel de promovedor de interação social. A Instituição é muito participativa e abre espaço para diversas atividades que atendem não somente os alunos efetivamente matriculados, mas também alunos de outras escolas e jovens da comunidade vizinha. Todos os sábados a quadra poliesportivaé aberta para que jovens pratiquem atividade física. 20 Com a iniciativa de voluntários, a cada quinze dias a sala de música é utilizada para aulas de violão. As oficinas também são muito procuradas pelo público em 21 1.4 ATIVIDADES DOCENTES E DISCENTES. Meu primeiro contato com a turma aconteceu na sexta-feira, dia 10 de maio a convite da professora Jeanni. Inicialmente fui apresentada a turma e falei brevemente sobre o motivo da minha presença, como estava me sentindo e percebi que todos foram atenciosos e respeitosos. Sentei-me no fundo da sala a fim de ter uma visão privilegiada da turma. Por um tempo alguns alunos ficaram encabulados com a minha presença, porém não hesitaram em conversar com os colegas e logo depois pareciam nem lembrar que eu estava na sala. Em minhas observações pude analisar que toda vez que um professor se atrasava os alunos já tinham por hábito, ficarem dispersos pelo corredor ou na porta da sala, interrompendo as outras turmas. Um fato muito desagradável e negativo é a falta de respeito de alguns, que apesar da proibição de utilizar telefone celular, vários alunos permanecem com o aparelho durante a aula, alguns até com fone de ouvido. Isso é bem desconfortável para um professor que está se dedicando para realizar um bom trabalho, e, em contrapartida está diante de um aluno com fone de ouvido, sem saber sequer o que ela está falando. Fazendo uma reflexão sobre o uso do aparelho celular, que assim como a professora orientadora, ao assumir uma sala de aula, provavelmente vou me deparar com o mesmo problema, já que a tecnologia é algo que veio para ficar e a tendência é que com o passar dos anos todos os alunos possuam aparelho telefônico, faz-se necessário repensar a proibição de utilização de aparelho celular e analisar a possibilidade de não proibir a utilização, mas propiciar meios de utilizá-lo, tentar fazer um plano de aula em que use a tecnologia junto com os jovens para motivá-los e ajudar a ter mais responsabilidade no uso. Outra sugestão é estabelecer um dia por semana em que os estudantes devem deixar seus smartphones de lado (numa caixa, talvez) e, assim, fazer uma aula mais colaborativa e participativa com eles, com tarefas presenciais que seriam impossíveis com o celular. Assim, eles não sentirão o efeito da proibição. 22 No decorrer do trimestre, foi trabalhado com os alunos o tema “Enquete e Seminário”. A professora falou sobre algumas reportagens e notícias, que apresentam gráficos ou infográficos para representar dados coletados em pesquisas sobre assuntos específicos e de interesse público. As chamadas pesquisas de opinião. Durante algumas aulas os alunos se juntaram em grupos para ler sobre o assunto, pesquisaram vários tipos de gráficos. Após, definidos os grupos, foi proposto um trabalho para ser apresentado, no qual cada grupo teria que escolher um tema, formular 10 perguntas e realizar a pesquisa de opinião, elaborando ao final um gráfico com os resultados. Todos os integrantes do grupo teriam que apresentar o trabalho para a turma. Essa experiência foi muito rica, pois abrange vários aspectos importantes para a formação do aluno do Ensino Médio. Na família, na vida social, no primeiro emprego, no estágio, se expressar, saber se comunicar, indagar, questionar, tomar decisões, estabelecer compromissos, cumprir prazos e realizar tarefas. Tudo isso é trabalhado numa atividade em grupo como essa. Outro fato interessante foi perceber que os grupos se formam pelo estilo e gosto de cada aluno e as perguntas formuladas foram de temas bem condizentes com cada grupo. Os meninos que são mais falantes na sala, que sempre estão juntos falando de futebol, fizeram perguntas do tipo: Você acompanha o Campeonato Brasileiro? O mais interessante foi assistir a apresentação dos grupos. Alguns ficam tímidos, outros partem para a piada, alguns levam bem a sério, mas cada um, ao seu modo, fez o devido esforço para cumprir a tarefa. Os temas apresentados foram sobre Assedio verbal, Trabalhadores, Estudos, Vida Pessoal e ainda, um grupo disse ter feito a pesquisa com os traficantes do bairro. Nesse momento todos os alunos riram muito, mas as perguntas eram pertinentes, pois foram abordadas questões do tipo: você considera sua profissão perigosa? Você pretende voltar a estudar? A partir de tais questionamentos, seria possível trabalhar com os alunos sobre a violência, a quantidade de jovens com envolvimento com o tráfico, utilizando essa curiosidade para servir de alerta para os próprios alunos. Durante as observações em sala de aula, foi possível notar que o professor não é um mero transmissor de conhecimento, mas, aquele que constrói o conhecimento junto com o aluno. Nota-se que já não é suficiente que ele saiba o conteúdo de sua disciplina. Ele precisa não só interagir com outras disciplinas, como também conhecer o aluno. Conhecer o aluno faz parte do papel desempenhado pelo 23 professor pelo fato de que ele necessita saber o que ensinar, para que e para quem, ou seja, como o aluno vai utilizar o que aprendeu na escola em sua prática social. Na sala vi diversos tipos de alunos, cada um com uma particularidade, com conhecimento de mundo diferente e ter a sensibilidade para lidar com cada um e passar o conhecimento de forma homogenia para todos parece ser bem desafiador. Dessa forma, Libâneo (1998, p.29) afirma que o professor medeia à relação ativa do aluno com a matéria, inclusive com os conteúdos próprios de sua disciplina, mas considerando o conhecimento, a experiência e o significado que o aluno traz à sala de aula, seu potencial cognitivo, sua capacidade e interesse, seu procedimento de pensar, seu modo de trabalhar. Nesse sentido o conhecimento de mundo ou o conhecimento prévio do aluno tem de ser respeitado e ampliado. Ensinar bem não significa simplesmente repassar os conteúdos, mas também levar o aluno a pensar, criar um senso crítico. Percebe-se que o professor tem a responsabilidade de preparar o aluno para se tornar um cidadão ativo dentro da sociedade, apto a questionar, debater e romper paradigmas. Cury (2003, p.127) afirma que “a exposição interrogada gera a dúvida, a dúvida gera o estresse positivo, e este estresse abre as janelas da inteligência. Assim formamos pensadores, e não repetidores de informações”. 24 CONSIDERAÇÕES FINAIS A disciplina de estágio supervisionado proporcionou um breve contato com a efetiva tarefa de educar e a realidade escolar. É um momento de preparação para que o aluno, como futuro professor encare a sala de aula, perceba as dificuldades cotidianas da educação e as carências individuais de cada aluno e a partir daí confirmar se está pronto para exercer essa árdua e gratificante tarefa. Diante de todo o contexto que permeia a atuação do docente, foi possível identificar mediante a vivência na escola a grande importância do constante aprimoramento dos conhecimentos da área, das necessidades sociais, da investigação da própria prática e a busca de temas atuais (professor pesquisador). Podemos concluir com isto, que o estagio supervisionado funciona como uma forma de inclusão dos estudantes universitários à realidade e vivência de uma escola. Um momento especial e de grande valia. 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. 12ª Ed. São Paulo: Gente, 2004. CHARLOT, Bernard. Fala mestre. In: NOVAESCOLA, nº 196, p.15-18, outubro, 2006. CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e terra, 1996. http://escoladegestores.mec.gov.br/site/4- sala_politica_gestao_escolar/pdf/saibamais_8.pdf http://www.es.gov.br/Noticias/158514/matriculas-para-centros-estaduais-de-idiomas- seguem-ate-sabado-16-.html http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/basica.pdf 26 ANEXOS 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51
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