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Aulas de DIP Pacto São Jose da Costa Rica

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7. Proteção Internacional dos Direitos Humanos. 
A Declaração dos Direitos Humanos. 
8. Tratado de São José da Costa Rica. (Pacto de São José da Costa Rica).
Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
9.O Tribunal Penal Internacional.
10. Conflitos internacionais. 
Mecanismos de solução. 
11. A Corte Internacional de Justiça.
Direitos Humanos – Marcos Importantes
CRIAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (1945);
Resposta às atrocidades da II Guerra Mundial
Promover a paz e prevenir futuras guerras
TRIBUNAL DE NUREMBERG - 1945
 Tribunal Internacional Militar para julgar criminosos de guerra. Tribunal temporário.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS - 1948
Todos os Direitos para todas as pessoas - Primeiro documento que compreende, direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais.
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Aulas de DIP
Aula - 11
Declaração Universal dos Direitos Humanos 
Declaração Universal dos Direitos Humanos
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS foi promulgada em 10 de Dezembro de 1948, sendo desde então o documento de maior importância da matéria de Direitos Humanos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos ultrapassou o objetivo da paz e proclamou diversos direitos fundamentais do ser humano - Direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais.
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Declaração Universal dos Direitos Humanos
A DUDH aprovada pela Resolução 217 A (III), da Assembleia Geral, da ONU, 10/12/1948, como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações e que deve servir de base para a criação das demais normas de proteção. 
Ao se revestir da forma de uma Resolução da ONU, se consolidou como recomendação, diretriz política de ação dos estados, deixando clara a opção por um documento formalmente não vinculante.
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Declaração Universal dos Direitos Humanos
 
Embora a DHDU não tenha força de norma coativa, porque não é um tratado, mas isto não retira a sua importância, pois com a sua criação e repercussão no âmbito internacional, os textos das constituições dos países por todo o mundo, a incorporaram dentre os seus direitos e garantias fundamentais.
A CF/1988 brasileira, no artigo 5º, traz referências claras à Declaração Universal dos Direitos Humanos.
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Diferença entre uma Declaração e um Tratado
Diferente do que ocorre com os Tratados, uma Declaração não precisa passar pelo processo formal como, assinatura, ratificação, reservas e incorporação. 
No caso da DUDH, trata-se de uma Carta Universal que não foca um direito ou Estado específico, e quando foi elaborada era isto que se pretendia, - atender todas as pessoas de todos Estados, citando de forma geral todos direitos essenciais do ser humano.
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A DUDH teve como uma de suas principais preocupações a positivação internacional dos direitos mínimos dos seres humanos, DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E LIBERDADES FUNDAMENTAIS de todos, sem distinção de sexo, raça, língua ou religião. 
A Declaração é composta de um Preâmbulo e de 30 artigos, dentre os quais destacam-se os artigos 1º. e 2º. :
Artigo 1°
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
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Artigo 2°
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. 
Direito Internacional Público
DECRETO No 678, 6/11/1992
	
Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica),
de 22/11/1969
Pacto de São José da Costa Rica
Art. 1° A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), (...) deverá ser cumprida tão inteiramente como nela se contém.
Reservas:
Art. 2° Ao depositar a carta de adesão a esse ato internacional, em 25 de setembro de 1992, o Governo brasileiro fez a seguinte declaração interpretativa: 
"O Governo do Brasil entende que os arts. 43 e 48, alínea d , não incluem o direito automático de visitas e inspeções in loco da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, as quais dependerão da anuência expressa do Estado".
Pacto de San José da Costa Rica
Data da Assinatura:
Pacto de San José da Costa Rica, foi assinado em 22 de novembro de 1969, na cidade de San José, na Costa Rica, mas Brasil só ratificou em 1992.
A convenção internacional procura consolidar entre os países americanos um regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito aos direitos humanos essenciais, independentemente do país onde a pessoa resida ou tenha nascido.
Pacto de San José da Costa Rica
O Pacto baseia-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que compreende o ideal do ser humano livre, e sob condições que lhe permitam gozar dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos.
O documento é composto por 82 artigos, que estabelecem os direitos fundamentais da pessoa humana, como, o direito à vida, à liberdade, à dignidade, à integridade pessoal e moral, à educação, entre outros. 
Sistema Interamericano de Direitos Humanos
Os Estados das Américas, no âmbito da OEA, criaram um SISTEMA REGIONAL de promoção e proteção dos direitos humanos, conhecido como o Sistema Interamericano de Direitos Humanos. 
O sistema define os direitos reconhecidos nestes instrumentos e estabelece obrigações tendentes a sua promoção e proteção. 
Através deste sistema foram criados dois órgãos destinados a velar por sua observância: 
Comissão Interamericana de Direitos Humanos,
Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Corte Interamericana de Direitos Humanos
Panorama sobre a Corte interamericana de Direitos Humanos e sua principal função.
Corte Interamericana de Direitos Humanos tem a finalidade de julgar casos de violação dos direitos humanos ocorridos em países que integram a Organização dos Estados Americanos (OEA), que reconheçam sua competência.
O Brasil passou a reconhecer a jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos em 1998. 
Embora o Pacto tenha sido ratificado em 1992.
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
As principais atribuições da corte são:
Zelar pela correta aplicação e interpretação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos por todos os países que ratificaram o tratado.
Analisar os casos de suspeita de que os Estados-membros tenham violado um direito ou liberdade protegido pela Convenção.
Corte Interamericana de Direitos Humanos
A Corte é um órgão judicial autônomo, com sede na Costa Rica.
A Corte é composta por sete juízes eleitos pela Assembleia-Geral da OEA. Os candidatos integram uma lista de nomes propostos pelos governos dos Estados-membros.
Roberto de Figueiredo Caldas – brasileiro – atual Juiz Presidente - mandato entre 2013 a 2018.
Outro brasileiro Antônio Augusto Cançado Trindade, que já a presidiu a Corte Interamericana e hoje é juiz e integra a Corte Internacional de Justiça.
Corte Interamericana de Direitos Humanos
O Brasil já foi condenado várias vezes pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
O caso de maior repercussão que chegou à Corte foi o que deu origem a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), que criou mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica.
A biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, inconformada com a impunidade do marido que por duas vezes tentou matá-la - a primeira com um tiro pelas costas que a deixou paraplégica e a segunda tentando eletrocutá-la dentro da banheira -, denunciou o Brasil perante à comissãoInteramericana de Dureitos Humanos, que tem sede em Washington, D.C., U.S.A.
Corte Interamericana de Direitos Humanos
O ex-marido de Maria da Penha, o colombiano, só foi julgado 19 anos após os fatos, e depois da denúncia ter sido formalizada junto a OEA. Ficou apenas dois anos preso em regime fechado. 
O caso ganhou repercussão internacional, uma vez que a condenação perante a corte Interamericana determinou que o Estado Brasileiro criasse no âmbito nacional, uma legislação que coibisse estas práticas.
Daí resultou a Lei 11.340/2006 - Lei Maria da Penha.
Liberdades e os Direitos reconhecidos na Convenção Americana
Na primeira parte, o Pacto trata da obrigação dos Estados de respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos, assim como o dever de adotar medidas necessárias para fazer efetivo o gozo desses direitos.
Em sua segunda parte, reconhece os direitos e liberdades: direito ao reconhecimento da personalidade jurídica; direito à vida; direito à integridade pessoal; proibição da escravidão e da servidão; direito à liberdade pessoal; princípio da legalidade e da retroatividade; direito à indenização; proteção da honra e da dignidade; liberdade de consciência e de religião; liberdade de pensamento e de expressão; ...
Liberdades e os direitos reconhecidos na Convenção Americana
... 
direito de retificação ou resposta; direito de reunião; liberdade de associação; proteção à família; direito ao nome; direitos da criança; direito à nacionalidade; direito à propriedade privada; direito de circulação e de residência; direitos políticos; igualdade perante a lei; proteção judicial e desenvolvimento progressivo dos direitos econômicos, sociais e culturais. 
Pacto São José da Costa Rica
A Convenção foi subscrita, em 22 de novembro de 1969 na cidade de San José, Costa Rica, e entrou em vigor em 18 de julho de 1978. A Convenção tem dois protocolos adicionais. 
O segundo é muito importante, porque ele trata da Abolição da Pena de Morte, subscrito em 08 de junho de 1990.
Artigo 4º. Incisos, 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
ÓRGÃOS COMPETENTES
Artigo 33 - São competentes para conhecer de assuntos relacionados com o cumprimento dos compromissos assumidos pelos Estados-partes nesta Convenção:
a) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Comissão; e
b) a Corte Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Corte.
ÓRGÃOS COMPETENTES
Corte Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Corte:
Somente os Estados-partes e a Comissão têm direito de submeter um caso à decisão da Corte, portanto, uma caso, ou seja, uma denúncia de violação dos direitos humanos nunca inicia-se pela Corte, mas sim pela Comissão, conforme veremos a seguir.
A corte só apreciará os casos que não forem solucionados perante a comissão, e exercerá a função consultiva quando os Estados-partes solicitarem.
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 Comissão Interamericana de Direitos Humanos
Artigo 34 - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos compor-se-á de sete membros, que deverão ser pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos humanos.
Artigo 35 - A Comissão representa todos os Membros da Organização dos Estados Americanos.
Artigo 36 - 1. Os membros da Comissão serão eleitos a título pessoal, pela Assembleia Geral da Organização, a partir de uma lista de candidatos propostos pelos governos dos Estados-membros.
Comissão Interamericana de Direitos Humanos
A CIDH é um órgão principal e autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA) encarregado da promoção e proteção dos direitos humanos no continente americano. 
Atuam de forma pessoal e tem sua sede em Washington, D.C. 
Instalada juntamente com a Corte (CorteIDH) em 1979, é uma instituição do Sistema Interamericano de proteção dos direitos humanos (SIDH).
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Comissão Interamericana de Direitos Humanos
A CIDH realiza seu trabalho com base em três pilares:
o Sistema de Petição Individual;
o monitoramento da situação dos direitos humanos nos Estados Membros, e
a atenção a linhas temáticas prioritárias.
http://www.oas.org/pt/cidh/portal/
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Comissão Interamericana de Direitos Humanos
A comissão prioriza o seu trabalho em prol de populações, comunidades e grupos submetidos à discriminação. 
Tem como base:
o princípio pro homine - segundo o qual a interpretação de uma norma deve ser feita da maneira mais favorável ao ser humano , 
a necessidade de acesso à justiça, e 
a incorporação da perspectiva de gênero em todas suas atividades, isto é, atender todas as especificidades dos sujeitos, mulher, negro, criança ou idosos, etc.
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Comissão Interamericana de Direitos Humanos
Função da Comissão:
1. Recebe, analisa e investiga petições individuais em que se alega que Estados Membros da OEA que ratificaram Convenção Americana.
2. Observa o cumprimento geral dos direitos humanos nos Estados membros, e quando o considera conveniente, publica informações especiais sobre a situação em um Estado específico.
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Comissão Interamericana de Direitos Humanos
3. Realiza visitas in loco aos países para analisar em profundidade a situação geral, e/ou para investigar uma situação particular. Geralmente, essas visitas resultam na preparação de um relatório respectivo, que é publicado e apresentado ao Conselho Permanente e à Assembleia Geral da OEA.
4. Estimular a consciência pública dos direitos humanos nos países da América. Para isso, a Comissão realiza e publica estudos sobre temas específicos como, por exemplo, sobre:
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Comissão Interamericana de Direitos Humanos
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as medidas que devem ser adotadas para assegurar maior acesso à justiça; os efeitos dos conflitos armados internos em certos grupos; a situação dos direitos humanos das crianças e adolescentes, das mulheres, dos trabalhadores migrantes, das pessoas privadas de liberdade, dos defensores de direitos humanos, dos povos indígenas e dos afro-descendentes; liberdade de expressão; segurança dos cidadãos, terrorismo e sua relação com os direitos humanos; entre outros.
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Comissão Interamericana de Direitos Humanos
5. Organiza e promove visitas, conferências e seminários com diversos tipos de representantes de governo, instituições acadêmicas, organizações não governamentais e outros, a fim de divulgar informações e fomentar o conhecimento sobre o trabalho do sistema interamericano de direitos humanos.
6. Faz recomendações aos Estados membros da OEA acerca da adoção de medidas que contribuam para a proteção dos direitos humanos nos países do Continente.
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Comissão Interamericana de Direitos Humanos
7. Solicita aos Estados membros que adotem “medidas cautelares” específicas, conforme presente no artigo 25 de seu Regulamento, para prevenir danos irreparáveis às pessoas ou ao objeto de uma petição à CIDH em casos graves e urgentes. 
Além disso, de acordo com o disposto no artigo 63.2 da Convenção Americana, a Comissão pode solicitar que a Corte Interamericana requeira “medidas provisionais” dos Governos em casos de extrema gravidade e urgência para evitar danos irreparáveis às pessoas, ainda que o caso não tenha sido submetido à Corte.
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Comissão Interamericana de Direitos Humanos
8. Apresentar casos à jurisdição da Corte e atuar frente à Corte durante os trâmites e a consideração de determinados litígios.
9. Solicita opiniões consultivas à Corte Interamericana conforme disposto no artigo 64 da Convenção Americana.
10. Recebe e examina comunicados nos quais um Estado parte alegue que outro Estado parte cometeu violações dos direitos humanos reconhecidos na Convenção Americana, de acordo com o artigo 45 de tal documento.
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Comissão Interamericana de Direitos Humanos
Competência da Comissão Interamericana:
1) A função principal é a de promover a observância e a defesa dos direitos humanos e servir como órgão consultivo da Organização dos Estados Americanos. Art. 41, letra “e”.
2) Também possui função com uma “dimensão quase judicial”. É dentro desta competênciaque recebe as denúncias de particulares ou organizações relativas a violações de direitos humanos, examina essas petições e avalia os requisitos de admissibilidade.
Comissão Interamericana de Direitos Humanos
Competência da comissão:
Processamento de denúncia
O artigo 44 permite que qualquer pessoa, grupo de pessoas ou entidades não governamentais legalmente reconhecidas em um ou mais Estados-membros da Organização apresentem à comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação da Convenção por um Estado-parte.
Comissão Interamericana de Direitos Humanos
A parte pode denunciar pessoalmente ou através de advogado constituído, ou ainda, através da Defensoria Pública:
Cabe à Defensoria Pública (artigo 4°, inciso VI, da Lei Complementar 80/94, com a redação dada pela LC 132/09); 
Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras:
VI – representar aos sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos, postulando perante seus órgãos;
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Comissão Interamericana de Direitos Humanos
O site da Comissão tem todos os passos para receber a petição http://www.oas.org/pt/cidh/portal/:
A Comissão, após receber a petição, investiga a situação e pode formular recomendações ao Estado responsável para que se restabeleça o gozo dos direitos na medida do possível, para que situações similares não ocorram novamente no futuro e para que os fatos ocorridos sejam investigados e reparados.
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Comissão Interamericana de Direitos Humanos
Artigo 45 – 1 – reconhecimento da comissão.
O Brasil passou a reconhecer a comissão e a jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos em 1998. 
A comissão ao receber a petição fará o Juízo de admissibilidade da petição, observando os seguintes requisitos:
 Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário:
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a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de Direito Internacional geralmente reconhecidos;
b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;
c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de solução internacional; e
d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a petição.
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2. As disposições das alíneas "a" e "b" do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando:
a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados;
b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e
c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.
Artigo 47 - A Comissão declarará inadmissível toda petição ou comunicação apresentada quando não preencher os requisitos dos artigos 44 ou 45.
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Processo art. 48:
A Comissão, ao receber uma petição procederá:
a) se reconhecer a admissibilidade da petição, solicitará informações ao Governo do Estado, fixando prazo razoável.
b) recebidas as informações, ou transcorrido o prazo fixado sem que sejam elas recebidas, verificará se existem ou subsistem os motivos, não existirem ou não subsistirem, mandará arquivar o processo;
c) poderá também declarar a inadmissibilidade ou a improcedência da petição.
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d) se o processo não houver sido arquivado, e com o fim de comprovar os fatos, a Comissão procederá investigação. 
e) poderá pedir aos Estados interessados qualquer informação pertinente e receberá, se isso for solicitado, as exposições verbais ou escritas que apresentarem os interessados; e
f) pôr-se-á à disposição das partes interessadas, a fim de chegar a uma solução amistosa do assunto, fundada no respeito aos direitos reconhecidos nesta Convenção.
2. Entretanto, em casos graves e urgentes, pode ser realizada uma investigação, mediante prévio consentimento do Estado em cujo território se alegue houver sido cometida a violação, tão somente com a apresentação de uma petição ou comunicação que reúna todos os requisitos formais de admissibilidade
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Artigo 49 - Se se houver chegado a uma solução amistosa de acordo com as disposições do inciso 1, "f", do artigo 48, a Comissão redigirá um relatório que será encaminhado ao peticionário e aos Estados-partes.
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Artigo 50 - 1. Se não se chegar a uma solução, e dentro do prazo que for fixado pelo Estatuto da Comissão, esta redigirá um relatório no qual exporá os fatos e suas conclusões. 
2. O relatório será encaminhado aos Estados interessados, aos quais não será facultado publicá-lo.
3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formular as proposições e recomendações que julgar adequadas.
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Artigo 51 - 1. Se no prazo de três meses, a partir da remessa aos Estados interessados do relatório da Comissão, o assunto não houver sido solucionado ou submetido à decisão da Corte pela Comissão ou pelo Estado interessado, aceitando sua competência, a Comissão poderá emitir, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, sua opinião e conclusões sobre a questão submetida à sua consideração.
2. A Comissão fará as recomendações pertinentes e fixará um prazo dentro do qual o Estado deve tomar as medidas que lhe competir para remediar a situação examinada.
3. Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, se o Estado tomou ou não as medidas adequadas e se publica ou não seu relatório.
Corte Interamericana de Direitos Humanos
Pacto de São José da Costa Rica
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
A Corte Interamericana é um dos três Tribunais regionais de proteção dos Direitos Humanos, conjuntamente com a Corte Europeia de Direitos Humanos e a Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos. 
É uma instituição judicial (Tribunal) autônoma cujo objetivo é aplicar e interpretar a Convenção Americana. 
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
A Corte é composta por sete juízes, eleitos pela Assembleia-Geral da OEA, entre pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos humanos, para um mandato de seis anos, que podem ser reeleitos.
Cada Estado-parte pode indicar até três candidatos.
 
Roberto de Figueiredo Caldas – brasileiro – é o atual Juiz Presidente – com mandato até 2018.
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Artigo 52 - 1. A Corte é composta de sete juízes;
Nacionais dos Estados-membros, dentre juristas de reconhecida competência em matéria de direitos humanos.
2. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade.
Artigo 53 - 1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação secreta e pelo voto da maioria absoluta dos Estados-partes na Convenção, na Assembleia Geral da Organização, a partir de uma lista de candidatos propostos pelos mesmos Estados.
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
O Presidente e o Vice-Presidente são eleitos pelo Plenário da Corte, por um período de dois anos e podem ser reeleitos por um período igual.
Os Juízes estão à disposição da Corte, e devem transladar-se à sede ou ao lugar em que esta realize suas sessões, quantas vezes e pelo tempo que seja necessário.
Os Juízes não podem conhecer de casos de sua nacionalidade. 
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São funções da Corte:
A Corte Interamericana exerce função contenciosa, dentro da qual se encontra a resolução de casos contenciosos e o mecanismo de supervisão de sentenças; 
função consultiva; 
função de ditar medidas provisórias.
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Funções da Corte Interamericana
Função contenciosa da Corte – art. 63.1
Dentro desta função, a Corte examina se um Estado incorreu em responsabilidade internacional pela violação de algum dos direitos reconhecidos na Convenção Americana de direitos humanos.
Através desta via, a Corte também realiza a supervisão do cumprimento de sentenças.
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Função consultiva da Corte: Artigo 64 - 1
Por este meio a Corte responde consultas dos Estados membros da OEA e da comissão sobre:
a) compatibilidade das normas internas com a Convenção; 
b) a interpretação da Convenção ou de outros tratados concernentes à proteção dos direitos humanos.
Medidas provisórias: Artigo 63 - 2
A corte tem atribuição de ditar medidas em casos de extrema gravidade e urgência, e quando seja necessário para evitar danos irreparáveis às pessoas. 
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Procedimento perante a Corte
Apresentação de casos perante a Corte.
Só os Estados Partes e a Comissão têm direito a submeter um caso à decisão da Corte. Ou seja, a Corte não pode atender diretamente as petições formuladas por indivíduos ou organizações. Artigo 63 - 1. 
Os indivíduos ou organizações que considerem que existe uma situação de violação devem encaminhar suas denúncias à Comissão Interamericana, a qual é competente para conhecer de petições de qualquer pessoa ou grupo de pessoas.
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Artigo 61 - 1. Somente os Estados-partes e a Comissão têm direito de submeter um caso à decisão da Corte.
2. Para que a Corte possa conhecer de qualquer caso, é necessário que sejam esgotados os processos previstos nos artigos 48 a 50.
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Artigo 56 - O quorum para as deliberações da Corte é constituído por cinco juízes.
Artigo 57 - A Comissão comparecerá em todos os casos perante a Corte.
A corte tem sede em São José, capital da Costa Rica.
Artigo 58 - 1. A Corte terá sua sede no lugar que for determinado, na Assembleia Geral da Organização, pelos Estados-partes na Convenção, mas poderá realizar reuniões no território de qualquer Estado-membro da Organização dos Estados Americanos em que considerar conveniente, pela maioria dos seus membros e mediante prévia aquiescência do Estado respectivo. 
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Jurisdição e submissão a Corte:
Como já vimos anteriormente, o Brasil se submeteu a jurisdição da Corte em 1998.
62. 3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer caso, relativo à interpretação e aplicação das disposições desta Convenção, que lhe seja submetido, desde que os Estados-partes no caso tenham reconhecido ou reconheçam a referida competência, seja por declaração especial, como preveem os incisos anteriores, seja por convenção especial.
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Audiências públicas  
No âmbito da competência contenciosa do Tribunal, a principal etapa é a audiência pública, que ocorre de forma essencialmente oral.
- A Comissão expõe os fundamentos da apresentação do caso perante a Corte. 
- Os juízes escutam os peritos, testemunhas e supostas vítimas, os quais são interrogados pelas partes.
 - Concede-se a palavra às partes para que exponham suas alegações.
 - A Comissão faz observações finais.
 - Por fim os juízes fazem as perguntas para as partes. 
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Sentenças
Sentenças é a decisão final proferida pela Corte, isto é, decisão proferida pelo Tribunal e são definitivas e inapeláveis.
As sentenças da Corte são vinculantes.
As decisões da Corte têm um impacto que vai além dos limites específicos de cada caso em concreto, pressupõem uma interpretação coerente da Convenção Americana para todos os países da região, e a efetividade dos direitos humanos em todo o hemisfério americano.
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Artigo 67 - A sentença da Corte será definitiva e inapelável. Em caso de divergência sobre o sentido ou alcance da sentença, a Corte interpretá-la-á, a pedido de qualquer das partes, desde que o pedido seja apresentado dentro de noventa dias a partir da data da notificação da sentença.
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Supervisão do cumprimento de sentença
O Tribunal supervisão do cumprimento de sentença, e
quando considera pertinente, convoca o Estado e os representantes das vítimas para uma audiência a fim de supervisionar o cumprimento de suas decisões.
Nesta audiência, o Estado apresenta os avanços no cumprimento das obrigações ordenadas pelo Tribunal na sentença e os Juízes têm a possibilidade de formular questionamentos às partes.
 
O Tribunal tem um papel conciliador e sugere algumas alternativas de solução, promove a apresentação de cronogramas de cumprimento a trabalhar entre todos os envolvidos.
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Caso Nº 12.066. 
Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde
Caso/Denúncia encaminhada a comissão e posteriormente submetido a jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Caso Nº 12.066. Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde. 1º. Caso violação dos direitos humanos no âmbito do Direito do Trabalho.
Denunciado Brasil x Denunciantes Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Trata da situação de trabalho forçado e servidão por dívidas na Fazenda Brasil Verde, situada no norte do Pará.Brasil.
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Em 2015 a comissão remeteu o relatório do caso para a submissão da Corte.
Nos dias 18 e 19/02/16 - realizou-se a Audiência Pública perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Início do Caso:
Em 1988, houve uma denúncia da prática de trabalho escravo na Fazenda Brasil Verde, no Pará, e o desaparecimento de dois adolescentes que tentaram fugir do local.
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Esta denúncia foi seguida por mais onze outras denúncias em anos subsequentes, as quais suscitaram um total de seis fiscalizações (em 1989, 1993, 1996, 2000, 2002) e ocasionaram o resgate de 340 trabalhadores ao longo de quatorze anos.
A comissão fez o relatório de admissibilidade e mérito e notificou o Estado do Brasil mediante comunicação em 4 de janeiro de 2012, concedendo-lhe um prazo de dois meses para informar sobre o cumprimento das recomendações. 
Após a concessão de 10 prorrogações, o Estado não avançou de maneira concreta no cumprimento das recomendações do relatório de admissibilidade e mérito. 
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
O Estado brasileiro também não reparou as vítimas nos aspectos morais e materiais. 
Tampouco apresentou informação sobre medidas para cumprir as recomendações relativas às investigações dos fatos do caso. 
Neste sentido e perante a necessidade de obtenção de justiça para as vítimas, a Comissão decidiu submeter o presente caso à apreciação da Corte. 
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
Relatório da comissão submetido a Corte:
-A situação de trabalho forçado e servidão por dívidas análogos à escravidão a partir de 10 de dezembro de 1998. Situação constatada por meio da fiscalização feita em 2000.
-As ações e omissões que levaram à situação de impunidade da totalidade dos fatos do caso. Esta situação de impunidade continuava vigente no momento da aceitação de competência da Corte e continua vigente até esta data.
-Os desaparecimentos de Iron Canuto e Luis Ferreira, os quais se estenderam além da data de aceitação da competência da Corte.
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Corte Interamericana de Direitos Humanos
A Comissão ainda ao enviar o caso para a Corte, que trata-se de questão de ordem pública interamericana e é uma oportunidade forte de formar jurisprudência:
Oportunidade para a Corte criar jurisprudência sobre o trabalho forçado e as formas contemporâneas de escravidão. 
Fixar as circunstâncias em que um Estado tem responsabilidade internacional e deverde prevenção de atos desta natureza por parte de particulares, bem como o alcance do dever de investigar e punir estas violações. 
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Sentença 
Proferida em 20/out/2016 - divulgada em 15/dez/2016
A Sentença proferida pela corte condenou o Estado brasileiro por escravidão contemporânea 
A Corte IDH, considerou que o Brasil descumpriu o Pacto, no tocante ao direito à liberdade e ao direito de não ser submetido a escravidão ou servidão. 
O Brasil também violou suas próprias leis e o Protocolo Adicional à Convenção de Palermo contra o Tráfico de Pessoas, promulgada pelo Decreto 5.017/2004. 
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Sentença
Para a Corte, o Estado brasileiro não adotou medidas para prevenir a forma contemporânea de escravidão a que foram submetidas mais de uma centena de pessoas, nem para interromper e punir os crimes de que foram vítimas. 
Ninguém foi responsabilizado civil ou criminalmente, e as 128 vítimas resgatadas em 1997 e 2000 não foram indenizadas, o que corresponde a ofensa ao direito às garantias judiciais e denegação de Justiça.
Foram violados os arts. 6º, 8º e 25 da Convenção Americana de Direitos Humanos.
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condenação:
O Estado deve reiniciar, com a devida diligência, as investigações e/ou processos penais relacionados aos fatos constatados em março de 2000 no presente caso para, em um prazo razoável, identificar, processar e, se for o caso, punir os responsáveis, de acordo com o estabelecido nos parágrafos 444 a 446 da presente Sentença. Se for o caso, o Estado deve restabelecer (ou reconstruir) o processo penal 2001.39.01.000270-0, iniciado em 2001, perante a 2ª Vara de Justiça Federal de Marabá, Estado do Pará, de acordo com o estabelecido nos parágrafos 444 a 446 da presente Sentença.
O Estado deve, dentro de um prazo razoável a partir da notificação da presente Sentença, adotar as medidas necessárias para garantir que a prescrição não seja aplicada ao delito de Direito Internacional de escravidão e suas formas análogas, no sentido disposto nos parágrafos 454 e 455 da presente Sentença.
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Devido às ofensas ao direito de direito liberdade (inclusive o direito de não ser submetido à escravidão), ao direito às garantias judiciais e ao direito à devida proteção judicial (acesso efetivo à Justiça), a Corte condenou o Brasil a diversas medidas de reparação às vítimas, entre as quais (RESUMO):
 a reiniciar as investigações criminais; 
 a adotar as medidas necessárias para garantir que a prescrição não seja aplicada ao delito de direito internacional de escravidão e suas formas análogas; 
 a pagar as indenizações às vítimas ou a seus sucessores.
a publicar a Sentença.
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Obrigação de investigar e processar
Caberá ao Ministério Público Federal retomar a investigação dos fatos, na perspectiva criminal, independentemente de o caso ter sido arquivado pela Justiça. 
A questão é que a lei brasileira não prevê o desarquivamento de investigações criminais senão com novas provas, na forma da Súmula 524 do STF e do art. 18 do CPP, não havendo regra específica para retomada de apurações com base em decisões interamericanas. 
Este problema precisa ser equacionado pelo Congresso Nacional, o que pode ser feito no âmbito do PLS 220/2016, do senador Randolfe Rodrigues.
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No tocante à prescrição, existe outro problema. Segundo a lei brasileira, a ação penal por crime de redução a condição análoga à de escravo prescreve em 12 anos, tempo que já transcorreu. 
Ainda que o MPF retome as investigações e resolva denunciar alguém, a denúncia pode ser rejeitada por algum juiz federal ou pelo TRF da 1ª Região, que jurisdiciona o Estado do Pará, com base no art. 107 do CP (extinção da punibilidade).
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Obrigação de legislar:
Não se pode esquecer, porém, que, neste particular, o comando da sentença interamericana também se dirige ao Poder Legislativo, que pode tornar imprescritível este e outros crimes contra a humanidade. 
No sentido preconizado pela Corte IDH, seriam imprescritíveis a escravidão, a servidão, o crime de trabalho forçado e o tráfico de pessoas (delitos análogos), quando cometidos num grave contexto de crimes contra a humanidade.
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Obrigações pecuniárias
A Corte também determinou o pagamento de indenização às 128 vítimas indicadas no parágrafo 439 da Sentença. 
A reparação deve ser paga pela União e pode chegar a 4,7 milhões de dólares.
O Tribunal fixa em equidade a soma de US$ 30.000,00 para cada um dos 43 trabalhadores, encontrados durante a fiscalização de 23.04.97; 
e a soma de US$ 40.000,00 para cada um dos 85, encontrados durante a fiscalização de 15.03.2000, todos identificados pela corte no presente litígio.
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Além disso, a Corte condenou o Brasil a pagar 55 mil dólares ao CEJIL e à CPT pelas despesas processuais em que tais ongs incorreram ao longo do processo em Washington e em São José.
Obrigação de publicidade
O Estado brasileiro deve publicar, no prazo de seis meses, contado a partir da notificação que ocorreu em 16/dez, o resumo oficial da Sentença no Diário Oficial da União e num jornal de ampla circulação nacional. 
Ademais, o texto da Sentença deve ser disponibilizado integralmente, por um período de um ano, em uma página oficial na Internet.
https://jota.info/colunas/pelo-mp/escravidao-o-caso-fazenda-brasil-verde-23122016

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