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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Comportamento Empreendedor Aula 6.1 Prof. Marcelo Alessandro Fernandes CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 CONVERSA INICIAL Atualmente, inovação é uma palavra corrente nas organizações. Mas até bem pouco tempo atrás o grande desafio das organizações era criar um bom planejamento estratégico a fim de maximizar os ganhos das alternativas conhecidas. Nesse sentido, as empresas buscavam aumentar sua eficiência e maximizar a sua participação no mercado que se transformava num ritmo bastante gradual, se comparado ao de hoje (em que o ritmo de lançamento de produtos, serviços e negócios inovadores é bem acelerado). Antes, planejar a estratégia era garantir a execução de um conjunto de projetos com impacto no curto, médio e longo prazo, de modo a obter algum tipo de vantagem competitiva sobre os concorrentes. O conceito central era o da eficiência estática, ou seja, fazer valer as opções conhecidas, de forma a ter algum ganho representativo na implementação e gestão das atividades chave. Atualmente a inovação vem da eficiência dinâmica, que consiste na criação de novas possibilidades que estão muito além do rol de respostas e iniciativas conhecidas pelas empresas. Agora a estratégia da organização é desenvolvida a partir de novas ideias com potencial de transformação no negócio atual. Mais que posicionar a organização junto a uma oportunidade conhecida no mercado, esse tipo de estratégia busca recriar a configuração do mercado por meio da junção de tecnologias inovadoras, processos mais abertos e participativos, produtos e serviços originais. A chave aqui é a busca pelo ineditismo. Quer tal assistir à introdução do professor Marcelo Alessandro Fernandes sobre os temas que serão abordados nesta rota? Acesse o material online! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 CONTEXTUALIZANDO Hoje em dia não podemos dissociar empreendedorismo de inovação. A questão central é sabermos como imprimir um estilo mais inovador nos novos empreendimentos para conquistar vantagens sustentáveis no mercado. Isso irá envolver o desenvolvimento de novas habilidades nas equipes de projetos, a busca por mais estímulo e inspiração para vivenciar o novo e o cuidado de aspectos minuciosos na implementação de novas propostas. Tudo isso faz parte das novas atribuições dos executivos que possuem a tarefa de facilitar o transcorrer da atividade e desenvolver talentos nas pessoas, além de incentivar o gosto pela descoberta e a busca de um sentido maior no trabalho. Esses fatores são fundamentais na gestão empreendedora com foco na inovação. E hoje você terá a oportunidade de estudá-la em seus aspectos práticos, baseados em experiências de projetos reais. PESQUISE Da criação à Implementação Empreendimentos requerem o planejamento das ações para que consigamos potencializar resultados. No caso de projetos de inovação, o que buscamos é potencializar níveis de criatividade para chegarmos a novas respostas junto às questões dos clientes. Portanto, o cerne deste tipo de atividade é criarmos chances de nos desenvolvermos durante o próprio processo de descoberta, ou seja, a cada passo rumo a criação e experimentação, estamos desenvolvendo novas capacidades do grupo, numa espécie de circuito duplo de aprendizagem. Esse processo visa chegarmos a propostas novas e, depois, num segundo momento, nos desenvolvermos por meio dessas propostas. Também envolve um considerável nível de permissão ao levar seriamente ideias com potencial de criação de novas realidades. Uma ideia inovadora, se posta em prática e implementada com sucesso, envolverá novos conhecimentos sobre o comportamento dos clientes, sobre seus interesses e necessidades que ainda não foram CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 manifestadas. Podemos até mesmo em determinado ponto superar às expectativas que eles têm junto a oferta de produtos e serviços. Nesse sentido não estamos só solucionando questões pertinentes, claramente postas junto aos executivos, estamos desenvolvendo também o pensamento para novos limites de atuação, que será identificado ao longo de todo o processo que engloba a pesquisa de novas necessidades, a co-criação de novas propostas e a concretização dessas propostas em novos experimentos. O intuito desse processo é buscar encantar as pessoas continuamente pela percepção de que produtos e serviços são essencialmente transformados em prol de uma experiência mais genuína e afinada com os desejos das pessoas. A seguir temos a descrição detalhada de um projeto típico de inovação. Este processo envolve uma abertura maior para a criatividade e a descoberta nas fases 1, 2, 3 e 4. Nas fases subsequentes, teremos um gradual esforço de síntese dessas descobertas, na construção de protótipos e formas concretas de solução e na criação de significado por trás das novas ações. Identificando os desafios A primeira etapa consiste em identificar o verdadeiro desafio que o grupo trabalhará. A ideia aqui é focar a energia nas oportunidades por trás dos problemas. Cada problema envolve uma gama muito grande de possibilidades, precisamos aprender a "mover" nossa percepção para além das restrições costumeiramente colocadas. Isso significa que dificilmente CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 iremos inovar sobre um problema, se começarmos a recortá-lo através de lentes típicas, tais como análises financeira e processual das atividades. Formas de olhar um problema são diretamente relacionadas às crenças que temos sobre as situações. Ao evoluirmos nossa visão sobre um problema, estaremos criando condições para que novas crenças se introduzam no lugar das anteriores. Planejamento da pesquisa Trata-se de uma etapa bastante relevante do processo como um todo, pois busca levar os executivos e empreendedores junto ao universo de seus clientes buscando travar diálogo direto para perceber as necessidades não atendidas, além de observar como o cliente é atendido junto aos atuais processos da empresa. Aqui podemos considerar a ida ao campo para observação do atendimento dos clientes. O importante é considerar que estamos observando o dia a dia das pessoas no intuito de buscarmos novas ideias que podem transformar a vida delas por meio da solução total ou quase total das problemáticas encontradas. Essa atividade difere de uma pesquisa de clientes típicas na medida que buscamos produzir ideias juntamente no processo de observação. Aos estimularmos a criatividade no mesmo momento em que estamos com os clientes, podemos perceber questões que estavam longe do nosso raio de percepção. Em síntese o planejamento desta atividade consistirá em: Identificar os principais clientes a serem pesquisados. Elencar quais as situações são as mais relevantes e importantes sob a perspectiva dos clientes. Definir agendas e cronograma de trabalho junto ao time de inovação. Estabelecer momentos de discussão e reflexão sobre tudo que foi aprendido. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Costumamos chamar essa atividade de "passando um dia na vida do cliente", que se refere justamente a tentar captar os sentimentos e as percepções das pessoas atendidas pela empresa para que elas possam ser transformadas em novas ideias. Escolha de métodos de trabalho Aqui podemos nos fazer valer de muitos processos de investigação. Boa parte delesenvolve algum tipo de interação com o cliente final, investigação da experiência e processos de criação ativa. Tais ferramentas são bastante intuitivas na sua utilização e boa parte delas envolve algum nível de representação gráfica ou coleta de "impressões" junto às pessoas. O importante é termos em mente que elas são um meio para chegarmos às novas ideias, e o sucesso de sua utilização depende da postura das pessoas em querer aprender algo diferente e a forma como poderemos utilizar este aprendizado em prol da construção de novas oportunidades. Intercâmbio de descobertas Esta etapa consiste no compartilhamento de tudo que foi descoberto junto aos clientes nas quatro dimensões a seguir, segundo o nível de aprendizado gerado. Clique nas palavras destacadas. Interesses: o que desperta a atenção das pessoas e o que as motiva. Sentimentos: noções mais imediatas e superficiais que envolvem a experiência das pessoas, mas que pode desencadear novos insights. Preocupações: cerne das questões e aquilo que realmente ocupa a mente dos clientes. Necessidades: questões que envolvem a resolução definitiva dos problemas e o que as pessoas buscam para si. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Reflexões e busca de significado Buscar refletir o impacto das novas alternativas na vida dos clientes e o quão significativo passa a ser o conjunto destas propostas para o crescimento da equipe de inovação. O que se busca aqui é uma motivação maior para mobilizar a ação da equipe de inovação, independentemente das questões financeiras que possam beneficiar as pessoas do projeto. Criação de ideias/propostas Trata-se de fazer brainstorming sobre os pontos levantados e refletidos nas etapas anteriores. O objetivo aqui é trazer ideias da equipe para solucionar e chegar a novas propostas para alavancar valor junto aos clientes. O grande desafio é parar de analisar os dados e se entregar a um processo mais imaginativo. Experimentação e prototipação Consiste em criar formas tangíveis e concretas de experimentação para obter feedback junto à equipe de desenvolvimento e clientes alvo. Aqui é o momento de pôr em prática as novas tecnologias, simular o uso e ver o "encaixe" dos produtos e serviços na vida das pessoas. A chave da inovação está em centrar as fases do processo na abertura e no aprendizado da equipe. O formalismo demasiado irá fazer com que as pessoas tenham receio de empreender e começar a adiar as tarefas essenciais para teste e validação das novas alternativas. Leitura Obrigatória: Aperfeiçoe o seu conhecimento lendo o artigo “Criatividade, Design e Inovação”, de Ellen Kiss, disponível no link a seguir. http://www.designbrasil.org.br/entre-aspas/criatividade-design-e- inovacao/#.VvGk_OIrLox CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Agora é com o professor Marcelo Alessandro Fernandes! Veja o que ele tem a dizer sobre esse assunto no material online. Saiba Mais: O vídeo indicado a seguir apresenta alguns pontos fundamentais do Design Thinking, ferramenta de inovação que está sendo adotada em larga escala pelas grandes empresas. Clique no link a seguir e confira! https://www.youtube.com/watch?v=dkeB0ISFyt8 Expansão e Avanço Após falarmos sobre todas as etapas que envolvem um processo de inovação de empreendedorismo na sua vertente aplicada, iremos esboçar nesta parte final os principais fatores relativos a uma estratégia de expansão a partir de um conjunto de ideias desenvolvidas. Além do planejamento cuidadoso das etapas apresentadas, alguns princípios norteadores facilitarão o processo de gestão de equipes, pois neste momento o que se busca é garantir escalabilidade e alto retorno das propostas geradas. Veja quais são eles no esquema a seguir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Descobrir o caminho caminhando Mesmo depois dos experimentos e testes realizados na etapa de prototipação, fazer o escalonamento das soluções envolverá uma grande aposta por parte da organização para transformar os novos produtos e serviços em ideias que viabilizem resultados. Nesse sentido a equipe executiva não pode se deixar paralisar, após efetivado um longo esforço conjunto e deverá entender que o "caminho só se descobre caminhando", ou seja, ao mesmo tempo que temos riscos envolvidos, devemos nos colocar em movimento para trazer o aprendizado necessário que nos ajude a lidar com as incertezas relativas a aceitação final da solução no mercado. Sair da zona de conforto Trabalhar com inovação é estar o tempo todo suplantando limites. Por esta razão, a principal competência desenvolvida pela equipe de inovação, e que deverá ser replicada para os setores e áreas chaves relacionadas a implantação das novas ideias é desenvolver a habilidade de lidar com situações fora da nossa zona habitual de conforto. Fomentar diálogo para além do conhecido Manter-se atendo às mudanças e buscar ativamente dialogar com parceiros, clientes, não clientes, formadores de opinião e especialistas. A atitude marcada aqui é a de buscar cobrir pontos que estão além da nossa percepção e que de alguma forma possam ser convertidos em insights e oportunidades de negócio. Enforcar adequadamente questões complexas Se uma solução envolver incerteza ao longo do processo, estaremos lidando com problemas complexos. O grande problema aqui é justamente a simplificação do contexto, tentando fazer caber a complexidade num conjunto muito reduzido de análises. Complexidade envolve experimentação e teste de novos padrões. Tentar mapear uma situação complexa, abstraindo as variáveis da sua situação original, numa perspectiva teórica e afastada só irá CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 ocultar oportunidades que estão para além do que podemos apreender num primeiro momento. Trabalhar no valor das percepções criadas Nos acostumamos a centrar nossa atenção nas características intrínsecas dos produtos e serviços, ou seja, tudo aquilo que consideramos relevante nas dimensões técnicas, processuais e de mensuração. Evidentemente todos esses aspectos continuam sendo relevantes, porém, adicionalmente a eles, é preciso trabalhar nas percepções de valor geradas pelas novas propostas. Conforme salientado ao longo de todo nosso estudo, a qualidade do diálogo com todas as partes interessadas fará a diferença entre uma descoberta pontual e um ciclo continuado de inovações. Dar autonomia, recursos e prazos compatíveis com o desafio Por fim, um gestor que trabalha em projetos complexos deve ter a sensibilidade de aferir recursos e prazos compatíveis ao desafio da equipe para que as pessoas não sintam que possuem uma tarefa que esteja muito além de suas capacidades. O stress poderá fazer com que as pessoas percam a espontaneidade e o gosto pelo novo, fazendo com que a iniciativa de inovação se torne um peso intolerável a ser carregado e não uma possibilidade de realização pessoal e de equipe. Papel do Executivo Facilitador Ajudar o grupo a desafiar-se. Criar ambiente de diálogo verdadeiro. Trabalhar na complementação positiva de papéis. Saiba mais sobre a expansão e o avanço da criatividade e inovação nas organizações assistindo à explicação do professor Marcelo Alessandro Fernandes no material online. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Saiba Mais Acompanhe a entrevista de Flávio Augusto, um dos maiores empreendedores da históriarecente do Brasil, clicando no link a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=EJ5YjrHJJyY Aproveite e saiba mais sobre o conceito de business design, assistindo o vídeo indicado a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=QWyAPW3El9c SÍNTESE Nesta rota você viu como funciona a aplicação dos processos de criatividade e inovação nas organizações. Nela, abordamos os principais aspectos que envolvem a criação, a implementação, a expansão e o avanço de novas ideias. Referências CFA. RESOLUÇÃO NORMATIVA CFA Nº 374, de 12 de novembro de 2009 (CONSOLIDADA). São Paulo, 2009. CHIAVENATO, I. Recursos Humanos na Empresa: Pessoas, organizações, sistemas. São Paulo: E. Atlas, 1989. 207 p. CURY, T. Gerente Eficiente ou Eficaz? Que papel assumir? Disponível em: <http://cio.com.br/carreira/2014/12/05/gerente-eficiente-ou-eficaz-que-papel- assumir/> Acesso em: 13 jun. 2015. HOOVER, J.; VALENTI, A. Liderança Compartilhada: como alinhar o que as pessoas fazem melhor com o que as empresas precisam. São Paulo: E. Futura, 2006. 256 p. HUNTER, J. C. O Monge e o Executivo. Rio de Janeiro: E. Sextante, 2004. 139 p. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 LEITE, I. C. B. V.; GODOY, A. S.; ANTONELLO, C. S. O Aprendizado da Função Gerencial: os gerentes como atores e autores do seu processo de desenvolvimento. Aletheia, n. 23, p. 27-41, jan./jun. 2006. MCCAULEY, C..; D. RUDERMAN, M. N.; OHLOTT, P. J., & MARROW, J. E. Assessing the Developmental Components of Managerial Jobs. Journal of Applied Psychology, 79, 544-60. p. 1, 1994. MEC. Catálogo dos Cursos Superiores De Tecnologia. Brasília, 2014. MEC/INEP. Portaria de 22 de Junho de 2012. Brasília, 2012. MPF. Manual de Gestão por Processos. 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