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ANTROPOLOGIA

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Doutrina Racista
Johann Blumenbach, considerado o fundador da antropologia física,
dividiu a espécie humana em cinco raças e explicou as diferenças
raciais como consequência das influências ambientais sobre uma forma
ancestral única e comum a todos os homens (MELLO, 1982: 190). Essa
teoria, ao estabelecer que todos os seres humanos têm uma origem
comum, reafirma a crença do iluminismo na unidade da humanidade.
Mas, ao afirmar a existência de raças, tornou possível o estabelecimento
de um vínculo entre raças e culturas. A partir de então, a antropologia
física tem sido manipulada com o intuito de explicar as diferenças
culturais em termos biológicos ou raciais. Nessa trilha, as disparidades
culturais e sociais são entendidas como a expressão de diferenças raciais,
ou seja, a raça determinaria a cultura, e, por conseguinte, existiriam
raças e culturas superiores.
O racismo pode ser definido como uma doutrina segundo a qual
todas as manifestações culturais, históricas e sociais do homem e os seus
valores dependem da raça; também segundo essa doutrina existe uma
raça superior (ariana ou nórdica) que se destina a dirigir o gênero humano.
As concepções racistas constituem um fenômeno antigo (recusa
do estranho), porém a sua arquitetura teórica tem início no final do
século XIX com o francês Gobineau, considerado o fundador da teoria
racista. Para ele, “as grandes raças primitivas que formavam a humanidade
nos seus primórdios – branca, amarela, negra – não eram só desi-
36 guais em valor absoluto, mas também diversas em suas aptidões particulares. A tara da degenerescência estava, segundo ele, ligada mais ao
fenômeno de mestiçagem do que à posição de cada uma das raças numa
escala de valores comum a todas; destinava-se, pois, a atingir toda a
humanidade, condenada sem distinção de raça a uma mestiçagem cada
vez mais desenvolvida” (LÉVI-STRAUSS, 1980b: 47).
Depois da Primeira Guerra Mundial, os nazistas viram no racismo
um mito consolador, uma fuga da depressão da derrota. Nessa trilha,
Hitler transformou o racismo no carro-chefe de sua política, cuja doutrina,
elaborada por Alfred Rosenberg em 1930 (Mito do século XX),
afirma um rigoroso determinismo racial ao estabelecer que qualquer
manifestação cultural de um povo depende de sua raça. Assim, a diversidade
de culturas reforçava uma teoria racial da diferença. Esse determinismo
será combatido por vários intelectuais alemães, especialmente
pelo antropólogo Franz Boas, quando afirma categoricamente a sua
principal hipótese: a raça não determina a cultura.
Em síntese, as teorias racistas pretendem provar: a) que existem
raças; b) que as raças são biológicas e geneticamente diferentes; c) que
há raças atrasadas e adiantadas, inferiores e superiores; d) que as raças
atrasadas e inferiores não são capazes de desenvolvimento intelectual e
estão naturalmente destinadas ao trabalho manual, pois sua razão é
muito pequena e não conseguem compreender as ideias mais complexas
e avançadas; e) que as raças adiantadas e superiores estão naturalmente
destinadas a dominar o planeta e que, se isso for necessário para seu
bem, têm o direito de exterminar as raças atrasadas e inferiores; f) que,
para o bem das raças inferiores e das superiores, deve haver segregação
racial (separação dos locais de moradia, de trabalho, de educação, de
lazer etc.), pois a não segregação pode fazer as inferiores arrastarem as
superiores para o seu baixo nível, assim como fazer as superiores tentarem
inutilmente melhorar o nível das inferiores (CHAUÍ, 2002: 86).
Observa Chauí que as teorias racistas estão a serviço da violência,
da opressão, da ignorância e da destruição. A biologia e a genética afirmam
que as diferenças na formação anatômico-fisiológica dos seres
humanos não produzem raças. Raça, portanto, é uma palavra inventada
para avaliar, julgar e manipular diferenças biológicas e genéticas. As
teorias racistas não são científicas; são falsas e irracionais, implicam
práticas culturais, econômicas, sociais e políticas para justificar a violência
contra seres humanos.
Ainda que a ciência moderna conteste a existência de raças e confirme
a impossibilidade de afirmar a superioridade ou inferioridade
intelectual de um grupo étnico em relação a outro, a doutrina racista
continua em evidência e insiste na relação raça-cultura, ou seja, aproveita-
se da confusão que foi estabelecida entre uma noção puramente
biológica (raça) e a produção cultural dos povos. Pretende, pois, transformar
diferenças étnicas e culturais em diferenças biológicas naturais
imutáveis e separar os seres humanos em superiores e inferiores, dando
aos primeiros justificativas para explorar e dominar os segundos.
Estranhamento
Como diz Lévi-Strauss, os homens da Renascença, ao estudarem
outras culturas, especialmente a cultura greco-romana, desenvolveram
um método intelectual que pode ser denominado técnica do estranhamento.
Estranhamento significa perplexidade diante de uma cultura diferente.
Essa perplexidade implica reconhecer que algo, antes considerado
natural, passe a ser problemático. Assim, o encontro de culturas
distintas e distantes pode provocar um novo olhar sobre si mesmo e
sobre os hábitos, práticas ou costumes antes considerados evidentes.
Acima de tudo, permite reconhecer que existem outras culturas, que o
homem é dotado de uma extraordinária aptidão para inventar diferentes
modos de vida e formas de organização social. A variedade de culturas
introduz diferenças entre os seres humanos, mas também permite reconhecer
algo comum a todos – a extraordinária capacidade de elaborar
costumes, crenças, línguas, instituições, modos de conhecimento –, que
aponta para uma humanidade plural (LAPLATINE, 2006: 21, 22).
A gênese da reflexão antropológica depara-se com esse fenômeno,
que é a diversidade de culturas. Segundo Laplatine (2006: 38 a 53), o
contato com os povos das terras descobertas provocou, na Europa, o
aparecimento de duas ideologias: a) o fascínio pelo estranho: significa
enaltecer a cultura das sociedades primitivas e censurar a cultura europeia;
b) a recusa do estranho: significa censurar e excluir tudo o que
não seja compatível com a cultura europeia. Os desdobramentos e repercussõesdessas ideologias na sociedade europeia mostram de forma
indubitável as conexões entre antropologia e direito.
2.1. Fascínio pelo estranho
A fascinação pelo estranho implica contrapor a figura do bom
selvagem à do mau civilizado. Nesse sentido, as seguintes manifestações
e relatos de historiadores, religiosos e viajantes: a) Las Casas: esse
dominicano, em l550, opõe-se à classificação dos índios como bárbaros,
afirmando que eles têm aldeias, vilas, cidades, reis, senhores e uma ordem
política que em alguns reinos é melhor que a dos europeus; b) Américo
Vespúcio: sobre os índios da América afirma que se trata de pessoas
bonitas, de corpo elegante e que nenhum possui qualquer coisa que seja
seu, pois tudo é colocado em comum; c) Cristóvão Colombo: sobre os
habitantes do Caribe afirma que não há no mundo homens e mulheres
nem terra melhor; d) La Hotan: em 1703 escreve que os hurons vivem
sem prisões e sem tortura, passam a vida na doçura, na tranquilidade e
gozam de uma felicidade desconhecida dos europeus.
O fascínio por alguns aspectos da cultura das sociedades primitivas
(simples) constitui a origem principal da crítica aos costumes europeus.
Essa fascinação também estabelece a crença de que a forma mais perfeita
de vida humana é a que existiu no primeiro período da humanidade
(mito da idade de ouro), ou a que se observa nos povos primitivos (mito
do bom selvagem). Diderot, por exemplo, chegou a sugerir que as sociedades
primitivas constituíam um apogeu a partir do qual a humanidade
só conheceu decadência. A figura do bom selvagem, contudo, encontrará
sua formulação mais sistemática e mais radical com Rousseau. No
Brasil é possível enxergar esse fascínio na obra literária de José de Alencar,
especialmentenos romances O guarani e Iracema. Cabe também
mencionar o pensador luso-brasileiro Padre Antônio Vieira, que, em seus
Sermões, protestou veementemente contra a escravidão dos índios.
2.2. Recusa do estranho
A recusa do estranho implica contrapor a figura do mau selvagem
à do bom civilizado. Nesse sentido as manifestações de alguns juristas
e historiadores: a) Selpuvera: esse jurista espanhol, em 1550, afirma
que os europeus, por superarem as nações bárbaras em prudência e
razão, mesmo que não sejam superiores em força física, são, por natureza,
os senhores; portanto, será sempre justo e conforme o direito natural
que os bárbaros (preguiçosos e espíritos lentos) estejam submetidos
ao império de príncipes e de nações mais cultas; b) Gomara: em seu
livro História geral dos índios, escrito em 1555, afirma que a grande
glória dos reis espanhóis foi a de ter feito aceitar aos índios um único
Deus, uma única fé e um único batismo e ter tirado deles a idolatria, o
canibalismo, a sodomia, os sacrifícios humanos, e ainda outros grandes
e maus pecados, que o bom Deus detesta e que pune; c) Oviedo: na sua
História das Índias, de 1555, escreve que as pessoas daquele “país” são,
por sua natureza, ociosas, viciosas, de pouco trabalho, covardes, sujas e
mentirosas; d) Cornelius de Pauw: no seu livro Pesquisas sobre os americanos,
de 1774, refere-se aos índios americanos como raça inferior,
insensíveis, covardes, preguiçosos, inúteis para si mesmos e para a sociedade,
e a causa dessa situação seria a umidade do clima. Ainda no
século XIX, Stanley compara os africanos aos “macacos de um jardim
zoológico”. Esses comentários serviram para dogmatizar preconceitos,
28 justificar a colonização e suas práticas violentas, submeter os negros à
escravidão e fundar doutrinas racistas.
Mesmo Hegel, em sua Introdução à história da filosofia, percorre o
caminho da recusa do estranho ao enfrentar o problema das diversidades
culturais. Nesse sentido, elege a filosofia como critério de análise e
comparação das diferentes culturas. Estabelece que a filosofia é sincrônica
com a cultura, portanto, ambas se desenvolvem conjuntamente.
Assim, ali onde a filosofia é mais desenvolvida, a cultura (instituições,
formas de governo, moralidade, vida social, atitudes, hábitos e preferência
de um povo) também o será. É óbvio que com esse critério de comparação
a cultura europeia, em relação às demais, aparece em um patamar
mais elevado, motivo pelo qual Hegel classifica os homens europeus
como civilizados e os nativos americanos e africanos como selvagens.
Hegel, com base em critérios extraídos da sua própria cultura,
estabeleceu valorações para as culturas dos demais povos, razão por que
passou a afirmar que os nativos africanos e americanos vivem em estado
de selvageria e em situação deplorável; que as religiões desses povos
são meras superstições, motivo pelo qual os levam a divinizar vacas e
macacos; que não possuem instituições sociais e por isso vivem inconscientes
de si mesmos. Nessa trilha afirma “que a diferença entre os
povos africanos e asiáticos, por um lado, e os gregos e romanos e europeus,
por outro, reside precisamente no fato de que estes são livres e o
são por si; ao passo que aqueles o são sem saberem que são, isto é, sem
existirem como livres” (1974: 343, 344).
Assim, diante de culturas diferentes, alguns teóricos passaram a
entender que havia duas formas de pensamento cientificamente observáveis
e com leis diferentes: o pensamento lógico-racional dos civilizados
(europeus) e o pensamento pré-lógico e pré-racional dos selvagens
ou primitivos (africanos, índios, aborígines). O primeiro era considerado
superior, verdadeiro e evoluído; o segundo, inferior, falso, supersticioso
e atrasado, cabendo aos europeus “auxiliar” os selvagens “primitivos”
a abandonar sua cultura e adquirir a cultura “evoluída” dos
colonizadores (CHAUÍ, 2002: 282).
A ideologia da recusa do estranho forneceu ao colonialismo as
justificativas para o uso da força no sentido de escravizar os índios ou
de integrá-los à cultura europeia. Essa ideologia também serviu para
negar humanidade aos negros africanos e submetê-los ao regime de
escravidão nas colônias americanas. Assim, no Brasil, o colonizador
europeu impôs a sua cultura, mas uma cultura inspirada na ideologia da
recusa do estranho, razão pela qual o direito brasileiro, do período colonial,
é essencialmente um direito que visa garantir e perpetuar os
interesses dos colonizadores. Na prática, trata-se de um modelo jurídico
que visa proteger uma economia colonial fundada na propriedade
fundiária e cuja produção depende do uso da mão de obra escrava. Segundo
relato de Stuart Schwarz (LOPES, 2000: 265), a cidade de Salvador,
por volta do ano de 1700, tinha aproximadamente 40.000 habitantes,
dos quais 57% eram escravos.
Conforme relata Flávia Tavares, em excelente reportagem publicada
nos jornais Washington Post e O Estado de S. Paulo (26-10-2008),
“o Brasil é tido como o país com o maior número de negros fora da
África. Há expectativa de que, ainda este ano, a população que se autodeclara
negra ultrapasse a que se denomina branca. Ainda assim, os
negros brasileiros têm os piores índices de educação e salários – a remuneração
média dos negros é metade da dos brancos e os negros
ocupam apenas 3,5% dos cargos de chefia (...) somente 6 em cada 100
jovens negros entre 18 e 24 anos frequentam instituições de ensino
superior”. Ancorada em dados estatísticos, a jornalista conclui que a
pirâmide hierárquica de cargos e salários, tanto nas empresas como nas
escolas, possui uma base formada preponderantemente por pessoas
negras e, conforme se vai subindo na hierarquia em direção ao topo da
pirâmide, a situação se inverte, o número de pessoas negras vão diminuindo
em relação ao número de pessoas brancas.
Em virtude da atual situação social em que se encontram negros
e mulatos brasileiros, não é exagero afirmar que o modelo colonialista
de dominação atravessou o período imperial, penetrou no período republicano
e, de certo modo, permanece até hoje, porque ainda seguem
em curso os seus efeitos devastadores. É importante fixar que a ideologia
da recusa do estranho, maquiada com outros discursos, continua
presente no mundo contemporâneo e, às vezes, até de forma mais violenta
que no período colonial.
2.1. Etnografia e etnologia
Etnografia é o trabalho de campo, como dissemos, o primeiro estágio
da pesquisa antropológica. Consistente na observação, descrição e
análise de grupos humanos considerados em suas particularidades (frequentemente escolhidos entre aqueles que mais diferem dos grupos ditos
civilizados), visa à reconstituição, tão fiel quanto possível, da vida de cada
um deles. A etnografia engloba também os métodos e as técnicas de classificação, descrição e análise dos fenômenos culturais particulares (armas,
instrumentos, crenças e instituições). No caso de objetos materiais, essas
operações prosseguem geralmente no museu, que pode ser considerado,
sob esse aspecto, como um prolongamento do campo. Esse trabalho de
campo é considerado a própria fonte da pesquisa. Em vista disso, não se
trata de conhecimento secundário apenas para ilustrar uma tese.
Etnologia é o segundo estágio da pesquisa. O etnólogo utiliza, de
modo comparativo, os documentos apresentados pelo etnógrafo e elabora
o primeiro passo em direção à síntese, a qual pode operar-se em
três direções: a) geográfica, quando procura integrar conhecimentos
relativos a grupos vizinhos; b) histórica, quando visa reconstituir o
passado de uma ou várias populações; c) sistemática, quando isola, para
melhor entender, determinado tipo de técnica, de costume ou de instituição.
A etnologia, portanto, compreende a etnografia como seu passo
preliminar, e constitui seu prolongamento.
2.1 CONCEITO DE CULTURA 
O conceito moderno de cultura foi elaborado no fim do século XIX. A primeira definição realmente clara e compreensiva foi a do antropólogo britânicoSir Edward Burnett Tylor. Em 1871, ele definiu cultura como “... um todo complexo que inclui conhecimentos,crenças, arte, lei, moral, costumes e quaisquer outros hábitos e capacidade adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade
2.2 CULTURA É APRENDIDA 
Toda cultura é socialmente aprendida, não é herdada biologicamente. Aprende-se a própria cultura crescendo com ela. O processo de transmissão da cultura de uma geração para a outra se chama enculturação.
A maior parte dos animais como e bebe quando sente necessidade. Os seres humanos, contudo, aprendem a comer e a beber em certos horários culturalmente prescritos e a sentir fome à medida que essa hora se aproxima. Esses horários de alimentação variam de cultura para a outra, assim, como o que é comido, como é preparado, como e onde é consumido. Para acrescentar mais complexidade, a comida é utilizada para outros contextos, além de satisfazer as necessidades nutricionais. Quando empregada para celebrar rituais e atividades religiosas, como mo geral acontece, a comida “estabelece relacionamentos de dar e receber, de cooperação, de compartilhamento, de uma união emocional que é universal”.
2.3 CULTURA COMPARTILHADA 
Como um conjunto compartilhado de idéias, valores percepções e padrões de comportamento, a cultura é o denominador comum que torna os atos dos indivíduos inteligíveis para os outros membros da sua sociedade. Permite lhes prever de que modo outras pessoas provavelmente se comportam em determinada circunstancia e lhes diz como reagir adequadamente. Pode-se definir sociedade como um grupoorganizado, ou grupo de pessoas interdependentes que geralmente compartilham território, linguagem e cultura, e que atuam juntas para a sobrevivência e o bem-estar coletivo. O modo como essas pessoas dependem umas das outras pode ser visto em aspectos como sistema econômico, de comunicação e de defesa. Elas também estão ligadas por um senso de identidade comum. 
Como cultura e sociedade são conceitos estreitamente relacionados, os antropólogos estudam ambos. Obviamente, não pode haver cultura sem sociedade. Do mesmo modo, não há nenhuma sociedade humana conhecida que não apresente cultura. O mesmo não se pode afirmar sobre outras espécies animais. Formigas e abelhas, por exemplo, cooperam de maneira instintiva, o que significa 
Embora a cultura seja compartilhada pelos membros de uma sociedade, é importante perceber que nem tudo é uniforme. Em primeiro lugar, duas pessoas não apresentam a mesma versão exata de sua cultura. E provavelmente, existem outras variações. No mínimo, há algumas diferenças entre os papéis do homem e da mulher. Isso se deve ao fato de as mulheres darem à luz e os homens não, e de existirem diferenças óbvias entre a anatomia masculina e a feminina e também em sua fisiologia reprodutora. Toda sociedade atribui sentido cultural às diferenças biológicas entre sexos, explicando-as de modo particular e especificado de modo particular e especificando seu significado em termos de papéis sociais e padrões esperados de comportamento. 
Cada cultura faz isso a seu modo; portanto pode haver tremendas variações de uma sociedade para outra. Os antropólogos empregam o termo gênero para se referir às elaborações e aos significados culturais estabelecidas para a diferença biológica entre os sexos. Portanto, embora o sexo de uma pessoa seja biologicamente determinado, o gênero é socialmente construído no contexto especifico de cultura. Subculturas: grupos dentro de uma sociedade maior. 
Além das variações de gênero e idade, pode haver variação cultural entre subgrupos nas sociedades que compartilham uma cultura geral. Podem ser grupos ocupacionais em sociedades onde existe divisão complexa do trabalho, ou classessociais em uma sociedade estratificada, ou grupos étnicos em outras. Quando existem esses grupos em uma sociedade, cada um com seus modelos distintos de idéias, valores e comportamentos, mas ainda compartilhando alguns modelos comuns, chamamos subculturas. A palavra subcultura não implica status mais baixo em relação ao vocábulo cultura. 
As comunidades amish são um exemplo de subcultura dentro da sociedade América do Norte. Especificamente, formam um grupo étnico- pessoas que coletiva e publicamente de identificam como um grupo distinto com base em aspectos culturais comum, como origem, língua, costumes e crenças tradicionais. Os amish se originaram na região oeste da Europa, durante a Reforma Protestante, no século XVI. Atualmente, o número de membros desse grupo ético chega a quase 100 mil e eles vivem especialmente nos estados da Pensilvânia, Ohio, Illinois e Indiana. Nos Estados Unidos, e em Ontário, no Canadá. 
Esses pacifistas rurais baseiam suas vidas nas crenças tradicionais anabatistas, que afirmam que apenas o batismo do adulto é válido e que os “cristãos verdadeiros” (como se autodefinem) não deve ter governo, portar armas ou usar a força. Eles proíbem casamento com pessoas que não fazem parte da mesma fé, o que exige obediência aos ensinamentos cristãos radicais, incluindo a separação social do que eles consideram “ mundo maligno” e a rejeição de riqueza material, considerada vanglória.
2.4 CULTURA É BASEADA EM SÍMBOLOS 
Grande parte do comportamento humano envolve símbolos-signos, sons emblemas e outros elementos que se relacionam a algo e o representam de forma significativa. Como geralmente não há relação inerente ou necessária entre um objeto e sua representação, os símbolos são arbitrários, adquirido significados específicos quando as pessoas concordam em usá-los em sua comunicação. 
Na verdade, os símbolos- bandeira nacional, aliança de casamento, dinheiro- estão presentes em todos os aspectos da cultura, na vida social, na religião, na política ena economia. Sabemos muito bem o fervor e a devoção que um símbolo religioso pode despertar em um fiel. A lua crescente para os islamitas, a cruz para os cristãos, a estrela de Davi para os judeus, assim como o sol para os incas, a vaca para os hindus, o búfalo branco para os indígenas das planícies norte-americanas, os qualquer outro objeto de adoração, podem evocar a lembrança de anos de luta e perseguição, ou podem representar toda uma filosofia ou credo. 
O aspecto simbólico mais importante da cultura e a língua, o uso de palavras para representar objetos e idéias. Por meio da língua, os homens conseguem transmitir a cultura de uma geração para a outra. Em particular, a língua possibilita o aprendizado cumulativo de experiência compartilhada. Sem ela, uma pessoa não poderia transmitir informações sobre eventos, emoções e outras experiências a pessoas que deles não participam. A língua é tão essencial que um capítulo inteiro será dedicado ao assunto.
2.5 CULTURA É INTEGRADA 
A cultura, como já vimos, inclui o que as pessoas realizam para sobreviver, as ferramentas que utilizam, o modo como trabalham juntas, como transformam o ambiente e constroem suas moradias, o que comem e bebem, qual é a sua religião, o que consideram certo e errado, quando e que presentes costumam dar, com quem casam, como educam os filhos, enterram os seus mortos, e que presentes costumam dar com quem se casam, como educam os filhos, enterram os seus mortos, e assim por diante.Por conta disso e de todos os outros aspectos de uma cultura, estes devem estar razoavelmente bem integrados para funcionar de maneira bem eficiente.Os antropólogos raramente se concentram em uma aspecto isolado; eles olham cada aspectos considerando o contexto geral e examinando cuidadosamente suas ligações com aspectos culturais relacionados. 
Para fins de comparação e análise, os antropólogos costumam imaginar uma cultura como um sistema bem estruturado, composto de partes distintas que funcionam juntas com um todo organizado. Enquanto distinguem cada parte como uma unidade claramente definida, com suas características próprias e seu lugar especifico dentrodo sistema maior, os antropólogos reconhecem que a realidade é uma identidade complexa e entrelaçada e as divisões entre as unidades culturais nem sempre sãotão nítidas. 
De modo geral, os aspectos gerais de uma sociedade podem ser organizados em três categorias: estrutura social, infraestrutura e superestrutura. Estrutura social refere-se às relações governadas por regras,com todos os seus direitos e obrigações, que mantém os membros de uma sociedade unidos.Arranjos familiares, famílias, associações de poder, incluindo a política, fazem parte da estrutura social.Ela estabelece a coesão do grupo e permite que as pessoas atendem de modo consistente suas necessidade básicas, incluindo alimente e abrigo para si e seus dependentes, por meio do trabalho. Portanto, existe relação direta entre a estrutura social de um grupo e sua fundação econômica, que inclui práticas de subsistências, ferramentas e outros equipamentos utilizados para garantir a sobrevivência.
2.6 CULTURA É DINÂMICA 
A cultura é um sistema dinâmico que responde aos movimentos e as ações que acontecem internamente e em torno dele. Quando um elemento interno do sistema se modifica ou se altera, o sistema inteiro tenta se ajustar; o mesmo acontece quando uma força externa exerce pressão sobre ele. Para funcionar adequadamente, uma cultura deve ser flexível a fim de permitir esses ajustes, em face das circunstancias instáveis ou modificadoras. 
Todas as culturas são necessariamente dinâmicas, mas algumas são bem menos que outras. Quando uma cultura é extremamente rígida ou estática e deixa de fornecer a seus membros os meios necessários para a subsistência em longo prazo, é provável que não consiga sobreviver. Por outro lado, algumas culturas são tão fluidas e abertas e as mudanças que podem perder as características que as distinguem. Os amish, mencionados anteriormente neste capítulo, tipicamente resistem às mudanças o máximo possível; no entanto tomam decisões equilibradas de maneira constante, para se ajustar quando absolutamente necessário. Os norte-americanos em geral, contudo, criaram ema cultura em que a mudança se tornou um ideal positivo.
2.7 CULTURA É ADAPTAÇÃO 
No curso da sua evolução, os homens, como todos os animais, enfrentam continuamente o desafio de e adequarem ao meio ambiente. Como discutimos o termo de adaptação se refere a um processo gradual por meio do qual os organismos se ajustam às condições do lugar onde vivem. Os organismos se adaptam biologicamente à medida que a freqüência de alelos vantajosos e fenótipos correspondentes aumentam em uma população, através do processo conhecido como seleção natural. Por exemplo, os pelos que cobrem o corpo e outros traços fisiológicos protegem os mamíferos de temperaturas extremas; dentes adequados os ajudam a encontrar a encontras o tipo de alimento necessário e assim por diante. As respostas fisiológicas de curto prazo ao meio ambiente, aliadas a respostas que se incorporam em um organismo através da interação com o meio ambiente durante o crescimento e desenvolvimento, são outros tipos de adaptações biológicas.
Os seres humanos, entretanto, dependem cada vez mais da adaptação cultural, um complexo de idéias, tecnologias e atividades que permite que sobrevivam, e mesmo se desenvolvam, em seu ambiente.A biologia não lhes deu um corpo coberto de pelos e grossos para protegê-lo em climas frios, mas lhes proporcionou a habilidade para fazer seus próprios casacos de pele e construir abrigos para se protegerem do frio. Eles talvez não consigam correr com a mesma velocidade do guepardo, mas são capazes de inventar e construir veículos que is transportam com mais velocidade e que, em comparação com qualquer outra criatura, alcançaram maiores distâncias. Por meio da cultura e de suas muitas construções, a espécie humana garantiu não só a sua sobrevivência, mas também sua expansão, à custa de outras espécies e cada vez mais do planeta como um todo.Ao manipular os ambientes, das regiões geladas do Ártico às zonas escaldantes do deserto do Saara. E até mesmo já pisaram na Lua.
2.7.1 CULTURA E MUDANÇAS 
As culturas sempre sofrem alterações ao longo do tempo, embora raramente com tanta rapidez ou em tão grande escala como ocorre hoje. As mudanças acontecem em resposta a eventos, como crescimento da população, inovações tecnológicas, crises ambientais, intrusão de indivíduos marginais ou modificação de comportamento e valores próprios da cultura. Nessa era de globalização, estamos testemunhando um ritmo muito acelerado de mudanças amplas e radicais, que serão discutidas em detalhe no ultimo capitulo deste livro. 
Embora as culturas tenham certa flexibilidade para permanecer adaptativas, a mudança cultura também pode provocar resultados inesperados e, no geral, desastrosos,Por exemplo, considere a relação entre a cultura e as secas que periodicamente afligem um numero considerável de pessoas que vivem nos países africanos, ao sul do deserto do Saara. A vida de cerca de 14 milhões de pastores nômades, nativos dessa região, gira em torno do gado e de outros animais domésticos, levados de um lugar a outro em busca de pastagem e água.Durante milhares de anos, essas pessoas conseguiram desenvolver sua atividade, utilizando com eficiência imensas áreas de terras áridas, de maneira que, muitas vezes, conseguiram sobreviver a secas severas, o passado.Infelizmente, esse modo de vida não é bem visto pelo governo central dos estados modernos da região, porque envolvem a movimentação entre fronteiras internacionais, o que trona difícil acompanhar os nômades para fins de cobrança de impostos e outro controles governamentais.
1.1 CONCEPÇÕES BÁSICAS DE ANTROPOLOGIA 
1.1.1 PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA 
Antropologia é o estudo da humanidade em todo tempo e lugar. Naturalmente, muitas outras disciplinas preocupam-se de uma forma ou de outra com o ser humano. Por exemplo, a anatomia e a fisiologia estudam o homem como organismo biológico. As ciências sociais estudam as relações, e a área de humanidades examina as realizações artísticas e filosóficas da cultura. A antropologia se distingue porque focaliza a interconexão e a interdependência de todos os aspectos da existência humana em todo lugar, no presente e no passado remoto, muito antes do nascimento da escrita. Essa perspectiva holística, única e ampla, permite que o antropólogo se concentre nesse aspecto, difícil de definir ou descrever, chamado natureza humana.
O antropólogo recebe com gratidão a contribuição de pesquisadores de outras disciplinas e, em troca, oferece a eles as próprias descobertas. O antropólogo não pretende conhecer profundamente a estrutura do olho humano, como o especialista em anatomia, ou a percepção da cor como o psicólogo. Como sintetizador, entretanto, está preparado para entender como essas áreas de conhecimento se relacionam com a prática de dar nome às cores em diferentes sociedades. Como busca uma extensa base de ideias e práticas sem se limitar a um único aspecto social ou biológico, o antropólogo pode ter uma visão especialmente ampla e inclusiva do organismo biológico e cultural complexo que é o ser humano.
A perspectiva holística também ajuda o antropólogo a ter consciência profunda do impacto que seus próprios valores (concepções/conceitos) culturais podem causar na pesquisa. Como diz o ditado, as pessoas enxergam aquilo em que acreditam não o que está diante dos olhos. Ao manter a consciência crítica com relação às próprias suposições sobre a natureza humana verificar várias vezes se as próprias crenças e ações estão influenciando a pesquisa-, o antropólogo se empenha em obter conhecimento objetivo sobre as pessoas, Tendo isso em mente, ele procura evitar as armadilhas do etnocentrismo, a crença de que a própria cultura é a única forma adequada de viver. Portanto, o antropólogo contribui muito para o entendimento de diversidade do pensamento, da biologia e do comportamento humano, assim como para o entendimento de muitas coisas que os seres humanos têm em comum.
1.1.2 ÁREAS DA ANTROPOLOGIA 
O antropólogo geralmente se especializa em uma de quatro áreas ou subdisciplinas: antropologia física (biológica), antropologia cultural, antropologia linguística ou arqueologia.Alguns antropólogos consideram a arqueologia e a linguística parte do estudo mais amplo das culturas humanas, mas ambastambém estão estreitamente ligadas à antropologia biológica. Por exemplo, a antropologia linguística estuda os aspectos culturais de uma língua, mas tem ligações profundas com a evolução da linguagem humana e as bases biológicas da fala e da linguagem estudadas pela antropologia física.
Cada uma das áreas da antropologia pode ter uma abordagem distinta no estudo do ser humano, mas todas coletam e analisam dados essenciais para explicar suas semelhanças e diferenças, ao longo do tempo e espaço. Além disso, todas produzem conhecimento com inúmeras aplicações práticas. Em todas as quatro áreas, a antropologia aplicada é empregada, o que exige o uso de métodos e conhecimentos antropológicos para resolver problemas práticos. Ao desenvolver seu estudo, o antropólogo aplicado não deixa de lado sua perspectiva. Ao contrário, colabora ativamente com a comunidade na qual realiza o seu trabalho, estabelecendo objetivos, resolvendo problemas e conduzindo pesquisas conjuntas. Neste livro, vários exemplos de como a antropologia contribui para a solução de muitos desafios enfrentados pelo homem aparecem na seção “Antropologia Aplicada”. Um dos primeiros contextos em que o conhecimento antropológico foi aplicado a um problema prático foi o movimento internacional de saúde pública, na década de 1920, que marcou o inicio da antropologia médica - uma área que emprega abordagens teóricas e aplicadas da antropologia cultural e da biologia da saúde e doenças humanas. O trabalho dos antropólogos médicos esclareceu as conexões entre saúde humana e forças políticas e econômicas, local e mundialmente. 
Exemplos dessa área de especialização estão na seção Conexão Biocultural, incluindo o artigo apresentado neste capítulo, “Antropologia dos transplantes de órgãos”. 
1.1.2.1 ANTROPOLOGIA FÍSICA
Antropologia física, também chamada antropologia biológica, olha o ser humano como organismo biológico. Tradicionalmente, aantropologia biológica se concentra em evolução humana , primatologia, crescimento e desenvolvimento, adaptação humana e na área forense. Atualmente, a antropologia molecular, o estudo antropológico dos genes e das relações genéticas, é importante sub-ramo da antropologia física, e contribui significativamente para o estudo contemporâneo da diversidade biológica do ser humano. Comparações entre grupos separados portempo geografia ou freqüência de um gene especificam podem revelar deque forma os seres humanos se adaptaram e para onde migraram. Como especialista na anatomia de ossos e tecidos humanos, o antropólogofísico aplica seu conhecimento sobre o corpo em áreas específicas, como laboratórios de anatomia geral, saúde pública e investigações criminais.
1.1.2.2 ANTROPOLOGIA CULTURAL 
A antropologia cultural (também conhecida como antropologia social ou sociocultural) estuda os padrões comuns de comportamento, pensamento e sentimentos humanos, Concentra-se no ser humano como criatura produtora e reprodutora de cultura. Desse modo, para entender o trabalho do antropólogo cultural, precisamos esclarecer o significado de “cultura”. Este conceito será discutido detalhadamente no Capítulo 9. Para entender os nossos objetivos, neste capítulo, podemos pensar em cultura como padrões (geralmente inconsistentes) por meio dos quais a sociedade - um grupo estruturado de pessoas - opera. Esses padrões são aprendidos socialmente, não são adquiridos pela herança biológica. As manifestações da cultura podem variar consideravelmente de lugar, mas, no sentido antropológico, uma pessoa não possui, mas, cultura do que a outra. 
A antropologia cultural apresenta dói componentes principais: etnografia e etnologia. Etnografia é a descrição detalhada de cultura especifica, com base em pesquisa de campo, termo empregado por todos os antropólogos para a pesquisa realizada no local estudado. Como a característica principal da participação social com a observação pessoal na comunidade estudada, assim como entrevistas e discussões com membros do grupo, o método etnográfico é normalmente descrito como observação participante. Hoje o trabalho de observação do participante leva em conta a colaboração ativa entre os antropólogos e as comunidades nas quais eles trabalham. A etnografia apresenta informações utilizadas para fazer comparações sistemáticas entre as culturas em todo o mundo. Conhecida como etnologia, essa pesquisa intercultural permite aos antropólogos desenvolver teorias que ajudam a explicar por que certas diferenças ou semelhanças importantes entre os grupos.
1.1.2.3 ANTROPOLOGIA LINGUÍSTICA 
Talvez o aspecto mais característico de espécie humana seja a linguagem. Embora os sons e gestos feitos por alguns animais – principalmente os macacos – possam ter funções comparáveis às da linguagem humana, nenhum outro desenvolveu um sistema de comunicação simbólica tão complexa. A linguagem permite a transmissão e preservação de detalhes incontáveis da cultura de geração para geração. 
A antropologia linguística é a área que estuda a linguagem humana. Embora compartilhe dados e métodos com a linguística, difere da mesma, pois os emprega para responder as questões antropológicas.Quando essa área surgiu, enfatizava a documentação de linguagens e culturas dentro de estudos etnográficos, principalmente daquelas cujo futuro parecia precário.O estudo das línguas nativas norte-americanas, com estruturas gramaticais muito diferentes das línguas indo-europeias e semíticas a que os especialistas europeus e norte-americanos estavam acostumados, sugeriu a noção de relatividade linguística. Isso se refere à ideia de que a diversidade linguística reflete não somente as diferenças gramaticais e sonoras, mas também as diferentes formas de ver o mundo. Por exemplo, a observação de que a língua dos indígenas Hopi possui uma observação única do tempo. Da mesma forma, a observação de que os norte-americanos possuíam varias gírias -como dough(massa, comida), greenback(qualquer nota de dólar- por sua corverde)loot (prata), bucks (cobres), change (trocados), paper(cédula), cake (bolo), moolah (bufunfa), benjamins (nota de dólares com a efíge de Benjamim Franklin) e Bread(pão) –para se referir a dinheiro pode se3r resultado da relatividade lingüística. A variedade de palavras ajuda a identificar algo de importância especial para uma cultura. Da mesma forma, o valor do dinheiro para a cultura norte-americana também fica evidente na relação entre o tempo e dinheiro em expressões como “tempo é dinheiro”, “perda de tempo” e “gastar algum tempo”.

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