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resumo aula 1 a 10

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AULA 01 – ANTROPOLOGIA E CULTURA 
 
Frequentemente ouvimos falar em Cultura. Em geral, utilizamos os termos Culto e Inculto 
quando nos referirmos ao nível de conhecimento formal das pessoas. Mas, o que é cultura? É correto 
comparar os indivíduos utilizando esse tipo de critério? 
 
Vamos iniciar com a explicitação do que é a Antropologia. Em seguida, veremos que nem os 
antropólogos conseguem atingir um consenso quando se trata da definição de Cultura, pois há mais de 
160 definições diferentes para esse termo. 
 
Vamos estudar também as definições de Homem, Raça, Etnia e Evolução Humana, conceitos 
considerados básicos para um bom entendimento da nossa disciplina. Por fim, analisaremos de que forma 
o mito, a religião e a ideologia podem se configurar como ferramentas educativas. 
 
A Antropologia, como um saber científico formulado pelo homem sobre o próprio homem, é 
algo recente, que remonta ao início do século XIX, na Europa. Em seus primórdios, preocupava-se com 
o “Outro”, mas a análise era feita sempre a partir dos valores e perspectivas europeus. 
 
Para explicar as diferenças entre as muitas sociedades e instituições, principalmente aquelas dos 
“povos exóticos”, a Antropologia desenvolveu uma metodologia própria baseada, inicialmente, em 
relatos e, posteriormente, em observação direta. 
 
• Relatos de viajantes, missionários, militares, administradores coloniais etc. 
• Observação direta feita por profissionais especializados em trabalhos de campo. 
 
 
DEFINIÇÃO DE HOMEM 
Em uma definição geral, o Homem é um animal portador de cultura. 
Ele tem o domínio da linguagem e do fogo, usa ferramentas, institui a família, proíbe o incesto, 
inventa mitos, rituais, religiões e ciências. 
Ao contrário dos outros animais, o ser humano elabora, compartilha e transmite cultura aos seus 
descendentes. 
Se os outros animais agem orientados pelos instintos, o animal humano ofusca os instintos através 
do desenvolvimento da cultura. 
 
Outra definição importante é a de Cultura. Apesar de praticarem e transmitirem a cultura, nem 
sempre os seres humanos se esforçaram por defini-la e analisá-la. 
• A palavra tem origem no vocábulo latino colere e possuía denotação de cultivo das 
plantas, de cuidado com os animais e a terra, cuidado com as crianças e com sua educação, 
cuidado com os deuses, com os ancestrais e seus monumentos. 
• Segundo Chauí (2004), cultura também podia significar cultivo do espírito, como a 
criação de obras de arte e a criação de obras da ciência e da filosofia. 
• É esse sentido do termo que leva as pessoas a classificarem as outras como “cultas” e 
“incultas”, ao tomar como critério o acesso à educação formal, ao conhecimento 
científico e à familiaridade com as chamadas “belas artes”. 
 
De acordo com Lakatos e Marconi, “não há indivíduo humano desprovido de cultura exceto o 
recém-nascido e o homo ferus; um porque ainda não sofreu o processo de endoculturação, e o outro, 
porque foi privado do convívio humano” (1999: p. 131). 
Podemos inferir que a classificação mencionada acima é aceita em termos de senso comum, não 
tendo respaldo em nenhuma teoria científica que mereça credibilidade. 
 
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De acordo com Tomazi (2000), o primeiro a criar uma definição de cultura foi Edward Tylor 
(Inglaterra 1832 – 1917), ao juntar na palavra inglesa culture os sentidos que, no final do século XVII e 
início do século XVIII, eram carregados pela palavra alemã kultur (aspectos espirituais de uma 
comunidade) e pela palavra francesa civilization (realizações materiais de um povo). 
Para esse autor, em seu livro Primitive Culture de 1871, “Cultura ... tomada em seu sentido 
etnográfico amplo é todo aquele conjunto de conhecimentos, que inclui crença, arte, moral, lei, costume 
e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. 
Cultura é o modo de vida. 
Definição de cultura, na concepção de Tylor, é aprendida e não transmitida geneticamente, 
esse aprendizado se dá por meio da comunicação e da linguagem “educação”. Fica explícita também a 
oposição entre natureza e cultura, sendo a cultura considerada superior à primeira. 
A partir de então, Cultura tornou-se um conceito central na Antropologia e nas outras Ciências 
Sociais e, em decorrência disso, houve uma proliferação de definições. 
Num texto de 1952, intitulado Culture: a critical revew of concepts and definitions, A. L. Kroeber 
e C. Kluckhohn fizeram a análise de 160 definições em inglês concebidas por antropólogos, sociólogos, 
psicólogos, psiquiatras e outros. 
Segundo a antropóloga Ruth Benedict, a cultura é como a lente, através da qual o homem vê o 
mundo. 
 
ANTROPOLOGIA E CULTURA 
 
EVOLUÇÃO 
No século XIX, o pensamento social foi muito influenciado pela Teoria da Evolução das Espécies 
de Charles Darwin. 
Vários foram os pensadores que viam nas sociedades um movimento semelhante ao observado 
nos organismos. 
Para esses estudiosos, a sociedade evoluiria, natural e necessariamente de um estágio primitivo 
(as sociedades ditas “simples”, como os indígenas do Brasil, as tribos africanas etc), para um estágio 
avançado (as sociedades ditas complexas, ou seja, a Europa industrializada). 
O darwinismo social serviu, como justificativa para a intervenção europeia (colonialismo) em 
sociedades da África, Ásia, América e Oceania. 
 
 
ETNIA X RAÇA (definição e limitações do termo para tratar a humanidade) 
 
Os conceitos de raça e etnia são importantes, segundo Dias, porque configuram agrupamentos 
humanos cuja identidade ocorre por suas características exteriores, sejam estas culturais (modo de vida, 
de falar, hábitos e costumes etc) ou ainda físicas ou hereditárias (cor da pele, formato dos olhos, boca, 
nariz etc). 
Isto favorece a identificação entre os membros, que se reconhecem como pertencentes a 
determinado grupo, ao mesmo tempo em que os diferencia de outros grupos. 
 
• Segundo o Dicionário de Ciências Sociais, o termo Etnia é utilizado na literatura 
antropológica, para designar um grupo social que se diferencia de outros grupos por sua 
especificidade cultural. Esse conceito liga-se aos conceitos de grupo étnico e de cultura 
e, muitas vezes, é usado como sinônimo de grupo étnico. 
• Para Dias, a principal diferença entre os grupos étnicos é de ordem cultural. O termo Raça 
era utilizado para explicar diferenças de cor da pele e classificar os seres humanos. 
• A Biologia, atualmente, reconhece a limitação do termo e admite que a classificação 
racial baseada no tipo físico é arbitrária. Características físicas como cor da pele, textura 
de cabelo, formato da cabeça e dos lábios não revelam diferenças relevantes a ponto de 
podermos dizer que, biologicamente, os seres humanos pertencem a raças diferentes. 
 
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• Do ponto de vista sociológico, raça é “uma população em que os membros compartilham 
certas características físicas herdadas”. Essas características os identificam socialmente. 
Da mesma forma que ocorre com a definição biológica, a definição de determinada raça 
do ponto de vista social depende de um critério de escolha da sociedade. 
• Segundo Dias, não podemos afirmar que existe uma raça pura porque os seres humanos 
possuem uma origem comum e as diferenças visíveis são resultantes das adaptações 
ocorridas ao longo do tempo. 
 
 
DETERMINISMO BIOLÓGICO 
 
Muitos ainda acreditam nas velhas, persistentes e incorretas teorias que atribuem capacidades inatas e 
específicas a determinadas raças. 
Existem doutrinas que afirmam que objetos e acontecimentos são e ocorrem de determinada 
maneira por serem regidos por leis ou forças que os fazem assim. 
Acredita-se que a possibilidade de escapar do determinismo é mínima ou nula. 
De acordocom Laraia (1993), o determinismo biológico é um tipo de teoria que atribui 
capacidades ou incapacidades específicas, dadas geneticamente a raças ou a outros grupos humanos. 
Atualmente os antropólogos estão totalmente convencidos de que as diferenças genéticas não são 
determinadas das diferenças culturais (Laraia: 2005; p.17) 
 
DETERMINISMO GEOGRÁFICO 
 
Pela lógica do determinismo geográfico as forças do mundo natural agiriam de modo mecânico 
e determinante sobre as sociedades humanas. 
Na verdade esta visão é equivocada, na medida em que as diferentes culturas humanas são 
influenciadas, mas não determinadas de modo absoluto pelo meio físico. 
Esse conceito é relacionado ao aspecto geográfico, ou seja, o ambiente físico determina a cultura 
e, por isso, a diversidade cultural é dada pela diversidade geográfica. 
 
• Esse tipo de crença existe desde a Antiguidade, mas, como teoria, se desenvolveu 
principalmente no final do século XIX e no início do século XX e pregava que o clima 
(Devido ao Brasil ter um clima quente, surgiu a crença de que é impossível fazer ciência 
nos trópicos e de que este país seria um país subdesenvolvido, inspirando mais a 
preguiça, a lascívia e o ócio.) era um fator importantíssimo na dinâmica do progresso. 
• Para os antropólogos essas doutrinas nada têm de correto, pois pode-se observar que uma 
das características da espécie humana (Segundo Laraia (2004), o homem é um animal 
frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se transformou 
no mais temível dos predadores. Sem asas dominou os ares; sem guelras ou membranas 
próprias conquistou os mares. Tudo isso porque difere dos outros animais por ser o único 
que possui cultura (p. 24). ) é a capacidade de romper as suas próprias limitações. 
 
DIVERSIDADE CULTURAL 
 
Indivíduos de culturas diferentes podem ser facilmente identificados. Isto se dá pelo seu modo de agir, 
suas roupas (ou pela ausência delas), os alimentos selecionados e, de um modo mais evidente, a partir 
das próprias diferenças. 
 
ETNOCENTRISMO – é um fenômeno universal. Os indivíduos veem o mundo através de sua cultura 
e têm a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. 
 
 
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Etnocentrismo (a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo, a sua única 
explessão) é um fenômeno universal originado no fato de que o ser humano, ao enxergar o mundo através 
das lentes de sua Cultura (a cultura, segundo Ruth Benedict citada por Roque Laraia, condicionada a 
visão de um mundo do homem), passa a considerar o seu modo de vida como o mais correto e mais 
natural. 
O etnocentrismo tem um efeito possitivo ou negativo 
• Efeito positivo – supervalorização da própria cultura. 
• Efeito negativo – criação e reprodução das xenofobias, dos preconceitos de classes etc. 
 
RELATIVISMO CULTURAL 
 
A coerência de um hábito cultural somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence (Laraia: 
2005; p.87) 
Existe uma tendência em abandonar os juízos de valor no que diz respeito às diferentes culturas. 
Não existe, em termos de cultura, nem melhor nem pior, nem mais nem menos, nem superior 
nem inferior. Os padrões de beleza, de justiça, de moralidade etc., são relativos à cultura na qual os 
indivíduos estão inseridos. 
Existem diferenças no modo de pensar e de agir entre as diversas culturas que, segundo o 
relativismo cultural, devem ser respeitadas. Porém, muitas vezes essa posição tem sido encarada como 
descaso, apatia, em relação ao outro. 
O topless, tratado como caso de polícia em Ipanema é amplamente praticado nas areias de Ibiza, 
na Espanha. 
Achamos no mínimo estranho o costume das mulheres da Birmânia de colocar anéis metálicos 
para alongar os seus pescoços, mas consideramos normal aplicar próteses de silicone para aumentar 
certas partes do corpo. 
 
RELAÇÃO ENTRE CULTURA E EDUCAÇÃO 
Cultura é uma produção exclusivamente humana. A partir daí percebemos que os mais velhos 
precisam transmitir a cultura para os membros mais novos, essa transmissão da cultura de uma geração 
à outra se dá pela educação. 
 
Por que é necessário transmitir cultura? 
• Todas as sociedades concebem um padrão de homem, por isso é preciso formar os novos 
membros de acordo com esses modelos, pois, abandonado à própria sorte, um bebê nunca se 
tornará, efetivamente, parte integrante do grupo. 
• Nem sempre a educação ocorre dentro de instituições sociais como a escola. Nem sempre os que 
ensinam são professores especializados em ensinar, formados em disciplinas específicas. Em 
sociedades tribais, por exemplo, todos ensinam e todos aprendem. 
• Os homens são seres com capacidade para elaborar, manipular e transmitir símbolos e é da 
necessidade (necessidade de ensinar a aprender) e do potencial (potencial de elaborar, manipular 
e transmitir símbolos) que surgem os mitos, as religiões e as ideologias. 
 
Vamos conhecer agora os mitos, a religião e a ideologia como sistemas culturais e suas funções como 
ferramentas educativas desde as primeiras comunidades humanas. 
• De acordo com Chauí (2004), o vocábulo tem sua origem na palavra grega mythos, derivada 
de dois verbos: mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e mytheo (conversar, 
contar, anunciar, nomear, designar). 
A autora, afirma que “mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa” e que os gregos 
recebiam a narrativa como verdadeira, pois confiavam naquele que narrava. O narrador, ou 
 
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o poeta rapsodo, desfrutava de credibilidade porque os ouvintes acreditavam que ele 
testemunhou ou recebeu o mito de quem o havia testemunhado. 
• Frequentemente acreditavam na sacralidade da narrativa porque viam-na como uma 
revelação divina. Esse tom sagrado tornava o mito algo inquestionável. 
Segundo o Dicionário de Ciências Sociais (p. 768), do ponto de vista antropológica, o mito 
é uma narrativa que se refere aos deuses e à natureza, e ao significado do universo e do 
homem. 
 
O mito narra a origem do mundo e de tudo o que nele existe de três formas. 
• Encontrando o pai e a mãe das coisas e dos seres. 
• Encontrando uma rivalidade ou aliança entre os seres que fazem surgir alguma coisa no 
mundo. 
• Encontrando as recompensas ou castigos que os deuses dão a quem lhes obedece ou 
desobedece. 
 
O mito aparece em todas as culturas. 
 
Chauí afirma que o mito possui três funções: 
• 1ª Função Explicativa - Explica o presente por alguma ação passada cujos efeitos 
persistiram no tempo. Como exemplo, a autora cita a crença de que uma constelação 
existe porque no passado crianças fugitivas e famintas morreram na floresta e foram 
levadas ao céu por uma deusa que as transformou em estrelas. 
• 2ª Função Organizativa - Organiza as relações sociais (de parentesco, de alianças, de 
poder, de sexo etc.), legitimando e garantindo a permanência de um sistema complexo de 
proibições e permissões. 
• 3ª Função Compensatória - Narra uma situação passada que é a negação do presente e 
que pode servir para compensar os homens de alguma perda ou para assegurar que um 
erro do passado foi corrigido no presente, oferecendo uma visão estabilizada e 
regularizada da natureza e da vida comunitária. 
 
Segundo a autora, o mito tem caráter educativo porque, na narrativa, encontramos mensagens ou 
normas que acabam orientando os comportamentos necessários para a vida em grupo. 
 
De acordo com Meksenas (2000), há um mito muito difundido entre alguns índios do Brasil, no 
qual a origem da noite é atribuída à atitude de um grupo que, não obedecendo às tradições do seu povo, 
quebrou um coco proibido. Dali fugiu a noite, escurecendo toda a mata. Os deuses, sentindo piedade dos 
demaisíndios, devolveram-lhes a claridade do dia, mas com a condição de que agora seria sempre 
intercalada com um período noturno, para que todos se lembrassem do ocorrido. 
Não nos preocupando em saber se realmente a existência da noite pode ser explicada por esse 
mito ou pela ideia científica do movimento do globo terrestre, o que importa é saber que esse mito acaba 
sendo educativo porque ele fixa uma norma social: os perigos que podem aparecer a um grupo quando 
não se respeitam certas tradições ou o cuidado que devemos ter com o desconhecido. (p. 21) 
Apesar da nossa sociedade valorizar o pensamento científico, não podemos dizer que os mitos 
ficaram no passado. 
 De acordo com Chauí, o pensamento conceitual e o pensamento mítico podem coexistir na 
mesma sociedade. Para ela, A predominância de uma ou outra forma do pensamento depende, de um 
lado, das tendências pessoais e da história de vida dos indivíduos e, de outro, do modo como uma 
sociedade ou uma cultura recorrem mais à uma do que à outra forma para interpretar a realidade, intervir 
no mundo e explicar-se a si mesma. (2004, p. 164) 
 
RELIGIÃO 
 
 
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 Religião = religio (formado pelo prefixo re, que significa: outra vez, de novo) + ligare (ligar, 
unir, vincular) 
A religião é um vínculo entre o mundo profano (a natureza) e o mundo sagrado, isto é, a natureza 
habitada por divindades ou um mundo separado da natureza (Chauí, p. 253). 
É importante destacar que a religiosidade é um fenômeno encontrado em todas as sociedades 
conhecidas até hoje. Muitas religiões já existiram e diversas continuam existindo. 
O antropólogo se interessa pelo papel da religião na sociedade, mas não é papel da antropologia 
fazer julgamentos de valor sobre o conteúdo das religiões. 
Se a maioria das instituições sociais têm sua origem em necessidades materiais, a religião se 
dirige às indagações sobrenaturais do ser humano. Questões como ‘Qual a minha missão nesse mundo?’ 
‘De onde viemos?’ ‘O que ocorre depois da morte?’ são respondidas pelo discurso religioso. 
A religião tem função explicativa como o mito. Ela fornece explanações, por exemplo, de como 
surgiram o mundo, a natureza, os animais e os homens. 
Ela possibilita uma certa estabilidade social ao gerar paz de espírito e segurança aos indivíduos. 
Além disso, fornece normas que garantem a sobrevivência social. Acreditar em seres dotados de poderes 
sobrenaturais inspira respeito, temor e veneração, fazendo com que os indivíduos cumpram as regras. 
 
IDEOLOGIA 
 
Ideologia (segundo o dicionário de ciências sociais) é um conjunto de convicções e conceitos 
(concretos e normativos) que pretende explicar fenômenos sociais complexos com o objetivo de orientar 
e simplificar as escolhas sócio-políticas que se apresentam a indivíduos e grupos. 
D. Tracy foi o primeiro autor a fazer uso do termo no sentido de estudo das ideias, no final do 
século XVIII, sendo empregado da mesma forma por vários autores franceses posteriormente, no século 
XIX. Ainda no século XIX, a palavra ideologia adquiriu conotação pejorativa, significando ideias 
abstratas e enganadoras. 
Karl Marx e Friedrich Engels vincularam a palavra à ideia de falsa consciência, de ideia 
distorcida e enganadora, baseada em ilusões, contrapondo-se às teorias ou opiniões científicas. 
 
A ideologia tem estreita ligação com a educação, pois alguns autores de influência marxista 
percebem a escola como um local onde se reproduzem as falsas consciências com o objetivo de manter 
o status quo. 
 
AULA 02 – A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA SOCIAL 
 
MODERNIDADE – refere-se ao estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na 
europa a partir do século XVII 
 
CARACTERISTICAS DA MODERNIDADE 
As dimensões institucionais da modernidade compreendem o capitalismo, o industrialismo, a vigilância 
(controle da informação e supervisão social), poder militar (controle dos meios de violência no contexto 
da industrialização da guerra). 
 
A CIÊNCIA, como forma de conhecer, explicar e transforma o mundo é um fenômeno cultural. A nossa 
sociedade, como você deve perceber em seu dia a dia, estima o conhecimento científico porque este 
comprova os fatos de forma metódica e sistemática. 
 
A SOCIOLOGIA, ciência nova quando comparada a outras. A Sociologia apareceu como ciência 
autônoma no século XIX e, certamente, não surgiu a partir de mero capricho de pensadores que nada 
tinham a fazer. O “Pai da Sociologia”, o intelectual francês Augusto Comte tem a ver com o lema da 
nossa bandeira: Ordem e Progresso. 
 
 
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O ser humando é um animal que produz mitos, religiões, ideologias, enfim, cultura. Na tentativa de 
entender as nossas ao redor, produzimos uma vasta gama de conhecimentos como o filosófico, o 
religioso, o do senso comum etc. 
 
A sociedade ocidental produziu uma forma específica de explicar o mundo, chamada de CIÊNCIA, ou 
seja, uma forma racional, objetiva, sistemática, metódica e refutável de formulação das leis que regem 
os fenômenos. 
 
Na sociedade ocidental, a ciência é a principal forma de construção da realidade, considerada por 
muitos críticos como um novo mito por pretender ser a única promotora e critério de verdade. 
 
A Sociologia é considerada uma ciência nova, pois foi criada no século XIX, na França, por um pensador 
chamado Auguste Comte (1798-1857). 
 
Algumas transformações políticas, econômicas, culturais e sociais ocorridas desde meados do século 
XV contribuíram muito para a criação dessa ciência. A primeira delas foi o Renascimento. 
 
O RENASCIMENTO é o momento classificado por muitos estudiosos como a ruptura entre o mundo 
medieval e o mundo moderno urbano, burguês e comercial. 
 
De acordo com Costa, existiam diversas visões do Renascimento. 
 
Existem pensadores que avaliaram positivamente aquele momento, ressaltando que as mudanças 
propiciaram o desenvolvimento do comércio, da navegação e dos contatos com outros povos, bem como 
o crescimento urbano e o recrudescimento da produção artística e literária. 
 
Existem historiadores que perceberam aquela época como momento de grande turbulência social e 
política. As características marcantes do período foram a falta de unidade política e religiosa, os conflitos 
entre as nações que se formavam, as guerras intermináveis e as perseguições religiosas, na tentativa de 
conservar um mundo que agonizava. 
 
Havia, segundo Costa, um clima de fim de mundo visível nas obras artísticas da época, como na Divina 
Comédia de Dante Alighieri e no Juízo Final de Michelangelo. Para além dessas contradições, o fato é 
que, a partir de então, o homem ocidental passa a ter uma nova postura em relação à natureza e ao 
conhecimento. 
 
O fim do Teocentrismo e das explicações religiosas sobre os fatos possibilitou que aparecessem questões 
mais imediatistas e materiais, cujo foco principal era o homem. 
 
Ao abandonar as explicações sobrenaturais, os indivíduos passaram a utilizar a indagação racional e o 
método científico através da observação e experimentação. 
 
Foi no século XVI que ocorreu o movimento de Reforma Protestante. 
 
De acordo com Quintaneiro, ao contestar a autoridade da Igreja como instância última na interpretação 
dos textos sagrados e na absolvição dos pecados, a Reforma colocou sobre o fiel essa responsabilidade 
e, instituindo o livre exame, fez da consciência individual o principal nexo com a divindade. 
 
Para Quintaneiro, “O espírito secular impregnou distintas esferas da atividade humana. Generalizou-se 
aos poucos a convicção de que o destino dos homens também depende de suas ações. Críticas à educação 
tradicional nas universidades católicas levaram à substituição do estudo da Teologia pelo da Matemáticae da Química.” (2002, p. 13) 
 
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O RACIONALISMO E A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA DO SÉCULO XVII 
• Francis Bacon 1561 a 1626 
• René Descartes 1596 a 1650 
• Galileu Galilei 1564 a 1642 
• Isaac Newton 1643 a 1727 
 
OS MOVIMENTOS REVOLUNIONÁRIOS DO SÉCULO XVIII 
• Iluminismo 
• Revolução Francesa 
• Revolução Industrial 
• Positivismo 
 
No século XVII, surge o Racionalismo e fortalece a ideia de que o homem produz a história e não a 
Divina providência. Essa concepção fundamentava a ideia de que a sociedade podia ser compreendida 
porque, ao contrário da natureza, ela é obra dos próprios indivíduos. 
 
O pensamento filosófico desse século contribuiu para a popularização do pensamento científico. 
 
Segundo Francis Bacon, a Teologia perdeu o posto de norteadora do pensamento. 
 
A autoridade, que exatamente constituía um dos alicerces da teologia, deveria, em sua opinião, ceder 
lugar a uma dúvida metódica, a fim de possibilitar um conhecimento objetivo da realidade. 
 
Os pensadores desse período defenderam, assim, o emprego sistemático da razão e do livre exame da 
realidade. 
 
Outro movimento que contribuiu para a criação da Sociologia foi o Iluminismo, que teve início no 
século XVIII entre os pensadores franceses e ideólogos da burguesia. 
 
O ILUMINISMO foi um movimento que buscada modificar a sociedade, além de transformar as 
antigas formas de conhecimento que se baseavam na tradição e na autoridade. 
 
Segundo Martins, “o objetivo do iluminismo, ao estudarem as instituições de sua época, era demonstrar 
que elas eram irracionais e injustos, que atentavam contra a natureza dos indivíduos e, nesse sentido, 
impediam a liberdade do homem. Concebiam o indivíduo como dotado de razão, possuindo uma 
perfeição inata e destinado à liberdade e à igualdade social. Se as instituições existentes constituíam um 
obstáculo à liberdade do indivíduo e à sua plena realização, elas, segundo eles, deveriam ser eliminadas.” 
 
É em meio a esse cenário de efervescência intelectual, política e social que observamos dois eventos 
históricos importantes: a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, também conhecidas como 
Revoluções Burguesas. 
 
Revolução Industrial - É um fenômeno histórico ocorrido na Inglaterra, por volta do meado do século 
XVIII, que trouxe profundas alterações no mundo do trabalho, desagregou a sociedade feudal, ao 
reordenar a sociedade rural e abolir a servidão, e consolidou a civilização capitalista. 
 
É nesse momento que nasce o proletariado, isto é, a classe dos trabalhadores livres assalariados, e se 
exacerbam os problemas urbanos. 
 
Revolução Francesa - Pode ser vista como a luta política da burguesia contra as classes que dominavam 
o mundo feudal, ou seja, a monarquia absolutista e a Igreja Católica. (separação do estado da igreja) 
 
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A burguesia, que já tinha o poder econômico, queria um Estado que assegurasse sua autonomia em 
relação à Igreja e que protegesse e incentivasse a empresa capitalista. 
 
No século XIX, os pensadores burgueses já não mais desejavam que as ideias revolucionárias iluministas 
continuassem animando o homem comum, pois, como a burguesia havia chegado ao poder, deveria lutar 
para mantê-lo. 
 
Apesar da industrialização e urbanização crescentes na França, a situação do proletariado era 
extremamente precária, pois os trabalhadores viviam na miséria e estavam sempre ameaçados pelo 
desemprego, o que acabou intensificando as crises econômicas e a luta de classes naquela sociedade. 
 
Aquele era o momento de abandonar os ideais iluministas e fundar uma nova ciência para “reorganizar” 
e “higienizar” a sociedade. 
 
Dito de outra forma, a Sociologia nasceu dos interesses burgueses em manter a ordem social e a 
estabilidade, ligando-se aos movimentos de reforma conservadora da sociedade. 
 
A preocupação passou a ser a de fazer com que os indivíduos aceitassem a ordem existente, deixando 
de lado a sua negação. 
 
Auguste Comte é considerado o pai da Sociologia, também conhecida como Física Social. 
 
De acordo com Tomazi, Comte rompeu logo cedo com a tradição de sua família monarquista e católica, 
transformando-se em um republicano com ideias liberais, desenvolveu atividades políticas e literárias 
que lhe permitiram elaborar uma proposta para solucionar os problemas da sociedade de sua época. 
 
Vivendo no período imediatamente posterior à Revolução Francesa, preocupou-se em organizar a 
sociedade que, em sua opinião, estava caótica. 
 
Comte, propôs uma reforma completa da sociedade, começando pela “reforma intelectual plena do 
homem”. Ao modificar a forma de pensar do homem, por consequência, as instituições se 
transformariam. 
 
O sociólogo, estudando os fenômenos sociais com o mesmo espírito que animava os astrônomos, os 
físicos, os químicos e os biólogos, deveria fornecer os resultados de suas pesquisas aos homens de 
Estado, para que esses evitassem ou atenuassem as crises sociais. 
 
Segundo Martins, Comte afirmava que: “a Sociologia deveria se orientar no sentido de conhecer e 
estabelecer as leis imutáveis da vida social, abstendo-se de qualquer consideração crítica, eliminando 
também qualquer discussão sobre a realidade existente, deixando de abordar, por exemplo, a questão da 
igualdade, da justiça e da liberdade.” (2001, p. 31) 
 
Para firmar a Sociologia como ciência, Comte utilizou as ciências naturais como modelo, pois essas já 
tinham credibilidade no meio científico. 
 
No Brasil, o Positivismo de Comte exerceu forte influência entre os homens que proclamaram a nossa 
república. O lema da Bandeira Nacional, Ordem e Progresso, é a maior prova disso. 
 
"O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim" 
 
Ciência é uma criação da cultura ocidental. 
 
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O surgimento da Sociologia não foi um fato isolado, pois está atrelado a acontecimentos históricos 
importantes, como a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. 
 
Positivismo (de Auguste Comte) - é uma corrente filosófica que surgiu na França no começo do século 
XIX. Os principais idealizadores do positivismo foram os pensadores Augusto Comte e John Stuart Mill. 
Esta escola filosófica ganhou força na Europa na segunda metade do século XIX e começo do XX, 
período em que chegou ao Brasil. 
Positivismo visão de superioridade (visão etnocentrica) 
 Princípios positivistas - defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de 
conhecimento verdadeiro. De acordo com os positivistas somente pode-se afirmar que uma teoria é 
correta se ela foi comprovada através de métodos científicos válidos. 
Os positivistas não consideram os conhecimentos ligados as crenças, superstição ou qualquer outro que 
não possa ser comprovado cientificamente. Para eles, o progresso da humanidade depende 
exclusivamente dos avanços científicos. 
 
René Decartes pai da filosofia moderna 
 
LEI DOS TRÊS ESTADOS 
• Teológico 
• Metafísico 
• Positivo 
 
TEOLÓGICO – A explicação do mundo com base em concepções místicas e no pensamento 
religioso. 
 
METAFÍSICO – predomínio de princípios e construções teóricas de natureza filosófica. 
 
POSITIVO – a conduta humana pautada nas convecções e deliberações da ciência. 
 
A teoria positivista pode ser considerada como um tipo de cientificismo, que tenta explicar e 
compreender a sociedade humana, como se suas leis fossem derivadas das chamadas ciências 
naturais. Por esta razão, Comte também definia a nova disciplina, a Sociologia, como Física Social. 
 
HEBERT SPENCER E O DARWINISMO SOCIAL 
 
O filósofo inglês Herbert Spencer foi o principal representante do evolucionismo nas ciências humanas. 
Ele especulavasobre a existência de regras evolucionistas na natureza antes de seu compatriota, o 
naturalista Charles Darwin, que foi o autor da teoria da evolução das espécies. É dele a expressão 
"sobrevivência do mais apto", muitas vezes atribuída a Darwin. Os princípios do darwinismo social 
foram construídos a partir da obra de Spencer. 
 
CHARLES DARWIN 
Darwin foi um naturalista britânico que alcançou destaque no meio acadêmico ao desenvolver a teoria 
da evolução da vida na Terra. Em seu livro publicado em 1859, A Origem das Espécies ele introduziu 
a ideia de evolução a partir de um processo aleatório de seleção natural. Este princípio se tornaria a 
explicação científica dominante para a diversidade das espécies no mundo natural. 
 
 
11 
AULA 03 – ÉMILE DURKHEIM E O FUNCIONALISMO 
Durkheim, Max Weber e Karl Marx são chamados autores clássicos da Sociologia, porque forneceram 
as linhas mestras de explicação da realidade social que fundamentaram grande parte das obras 
elaboradas por autores posteriores. 
Émile Durkheim, autor que mais produziu estudos sobre o tema da educação, propõe uma explicação 
funcionalista; já Weber opta por uma Sociologia compreensiva e Karl Marx vai em direção à 
dialética. 
Émile Durkheim foi quem sistematizou a Sociologia. 
Nasceu em 15 de abril 1858 em Épinal, França. 
1879 Entrou para a École Normale Supérieure, quando conheceu as obras de pensadores como Auguste 
Comte e Herbert Spencer, intelectuais que o influenciaram na busca por dotar a Sociologia de um 
caráter científico. 
1887 Foi nomeado professor de Pedagogia e Ciência Social na Faculdade de Letras da Universidade de 
Bordeaux, onde ministrou o primeiro curso de Sociologia das universidades francesas. 
1895 Lançou As Regras do Método Sociológico. 
1897 Publicou O Suicídio. 
1912 Publicou As Formas Elementares da Vida Religiosa. 
1913 A cadeira de que era titular passou a se chamar Cadeira de Sociologia da Sorbonne. 
1915 Em meio à Primeira Guerra Mundial, seu único filho morreu no front de Salonique. 
1917 Em 15 de novembro, muito abalado pela perda de seu filho, faleceu em Paris. 
 
A CONCEPÇÃO DE SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA POSITIVA 
O século XIX foi marcado por várias mudanças importantes. Uma delas é o fato de alguns pensadores, 
inclusive Émile Durkheim, terem se dedicado à fundação de uma nova ciência, cujo objetivo era dar 
conta das coisas da sociedade, abandonando a arte política e a simples especulação. 
 
Durkheim tratou de definir a Sociologia, seu objeto de estudo, seu método de trabalho e seus conceitos 
fundamentais. Transformou temas como o Direito, a Educação, a Religião, o Suicídio e a Moral em 
objetos de análise sociológica. 
 
Preocupado com os problemas de seu tempo e convicto de que a sociedade europeia passava por um 
período de anomia, Durkheim sentia a necessidade de construir as novas formas sociais e, na sua 
concepção, a Sociologia tinha importante papel nesta tarefa, pois apenas ela estava habilitada a 
restaurar a noção de unidade orgânica da sociedade. 
 
Anomia = Ausência de regras morais claramente estabelecidas. 
 
12 
orgânica = Durkheim via a sociedade como um organismo constituído por órgãos que devem se integrar 
garantindo um funcionamento harmônico. Para tanto, nenhuma das partes pode agir como se fosse o 
todo, sob pena de fazer adoecer o corpo social. 
 
Dessa forma, a preocupação com a moral e a manutenção da ordem social foi constante em seu 
pensamento, o que resultou em críticas, aceitas por uns e questionadas por outros, que o caracterizaram 
como um sociólogo conservador, avesso mesmo às mudanças, interessado em ensinar aos homens a 
obedecer à ordem vigente. 
 
Consciente de que a França atribuía um peso muito grande ao senso comum (consciência coletiva 
difusa), Durkheim procurou criar uma nova ciência elaborada na universidade. Muito preocupado com 
a objetividade, o autor advertia que, a exemplo de cientistas de áreas como a Biologia e a Química, o 
sociólogo não devia fazer concessões às opiniões baseadas no senso comum. 
 
Objetividade = Na opinião de Durkheim, um importante critério de cientificidade. 
 
O CONCEITO DE ANOMIA - Segundo Durkheim uma situação de anomia pode ser identificada toda 
vez que as relações sociais, assim como a divisão do trabalho, engendram conflito ao invés de 
solidariedade. Isto acontece quando deixa de existir correspondência entre as regras jurídicas e morais 
estabelecidas e as condições geradas pelas transformações das relações sociais, presentes em 
determinada sociedade. 
 
 
A INFLUÊNCIA POSITIVISTA 
 
Bastante influenciado pelo positivismo e pela lógica cientificista do século XIX, Émile Durkheim 
imaginava a existência de um “reino moral” ou “reino social”. Este reino moral seria o espaço no qual 
se processariam as representações coletivas. Tanto Durkheim quanto Karl Marx imaginavam ser 
possível descobrir o que poderia ser definido como “as leis naturais” da sociedade humana. 
 
A NOVA CIÊNCIA POSITIVA: A SOCIOLOGIA 
 
Durkheim tinha como objetivo criar uma ciência positiva, autônoma (sobretudo em relação à Biologia e 
à Psicologia) e diferente das outras. 
Para tanto, esforçou-se em definir as suas bases, seu objeto de estudo e seu método, mas teve que recorrer 
ao exemplo de outras ciências já formadas, como a Biologia, a Química e a Física. 
 
Para Durkehim o fator dominante do pensamento científico é a sensação de que existem leis naturais 
regendo os fenômenos, seja eles físicos, químicos, biológicos, psicológicos ou sociais. 
leis naturais = Aqui a palavra lei deve ser entendida em seu sentido científico e não no sentido jurídico 
ou legislativo. De acordo com Cervo e Bervian, “Duas são as principais funções da lei científica: resumir 
grande quantidade de fatos e de fenômenos e possibilitar a previsão de novos fatos e fenômenos.” 
(CERVO, Amado e BERVIAN, Pedro. Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2002. p. 54). 
Leis naturais seriam leis invariáveis que independem, por exemplo, da vontade humana. Alguns 
exemplos dessas leis são: a água ferve a 100 graus; o calor dilata os metais etc. 
 
Todavia, esta noção demorou a ser bem elaborada nas ciências ditas naturais (Fpisica, Química, 
Biologia) e. em virtude disto, só pôd aparecer tardiamente no âmbito dos fatos sociais. 
 
13 
É apenas nas obras de Saint-Simon e, em seguida, nas de Auguste Comte, que a concepção de que a 
sociedade é regida por leis naturais começa a influenciar o pensamento social de forma mais efetiva. 
Assim, a sociedade deixou de ser encarada como um artifício humano. Não era, como queriam crer 
Platão, Hobbes, Rousseau e outros, um instrumento iventado e intituído pelos individuos. 
Conceção = Apesar de esta concepção ter dominado durante muito tempo, Durkheim mostra que alguns 
pensadores como Aristóteles, Montesquieu e Condorcet viam a sociedade como algo natural, porém, 
estas ideias não tinham muito fôlego a ponto de fazer vingar uma ciência social orientada para o estudo 
das leis naturais que regem a sociedade. 
 
Para provar que as sociedades estão submetidas a leis necessáris, devemos procurar esta leis. Para 
Durkehim, é tarefa as Sociologia, ao descobrir as leis da realidade social, redigir de modo mais refletido 
a evolução histórica, pois não se pode transformar a naturaza, seja ela natural ou física, senão de acordo 
com as suas própias leis. 
leis necessáris = É importante ter em mente a ideia de necessário como algo que não poderia ser diferente 
daquilo que é. A chuva é necessária porque não pode deixar de acontecer, por mais que eu queira que 
faça sol. Comer é necessário porque não posso deixar de me alimentar, sob risco de morrer de inanição. 
 
O objetivodo sociólogo, em sua opinião, consiste em estudar as sociedades para conhecê-las e 
compreendê-las, como fazem os químicos, físicos e biólogos. 
Em A divisão do Trabalho Social, Durckehm afirma que o trabalho do sociólogo dever ser diferente das 
tarefas do homem de Estado. Isto é, o sociólogo produz o conhecimento sobre a realidade social e o 
homem de Estado, a partir desse conhecimento, elabora e aplica reformas à sociedade. 
O método de estudo sugerido por Durkheim possui três caracteristicas: independente de qualquer 
filosofia, é objetivo e deve ser exclusimamente sociológico. 
 
OBJETO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA: OS FATOS SOCIAIS 
Em As Regras do Método Sociológico, Durkheim afirma que o objeto de estudo da Sociologia é o 
fato social. 
 
FATOS SOCIAIS: Seriam aqueles modos de agir, pensar e sentir que exercem sobre os indivíduos 
uma coerção externa e que possuem existência própria. 
 
“Durkheim = Toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção 
exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência 
própria, independente das manifestações individuais que possa ter” (1893, p 11). 
 
 
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CARACTERÍSTICAS DOS FATOS SOCIAIS: poder de coerção; exterioridade; generalidade. 
 
EXTERIORIDADE: os fatos sociais agem sobre os indivíduos independentemente de suas vontades 
particulares. São maneiras de pensar, de agir e sentir que existem fora das consciências 
individuais. 
Antes de nascermos, as regras morais, os costumes e as leis já existiam e, a despeito de nossas vontades, 
continuarão existindo. Por exemplo, um devoto, ao nascer, já encontra prontas as crenças e as práticas 
da vida religiosa. Da mesma forma, o sistema de moedas que utilizamos para fazer as transações 
comerciais e as práticas seguidas nas diferentes profissões funcionam independentemente do uso que 
cada indivíduo faz delas. 
Durkheim ressalta que, embora a exterioridade seja condição necessária, não é condição suficiente 
para transformar os fenômenos em fatos sociais. 
 
COERCITIVIDADE (PODER DE COERÇÃO): para que o fato seja considerado social, deve 
também exercer algum poder de coerção sobre os indivíduos. Nem sempre a coercitividade é sentida 
quando me conformo com ela, mas se tento resistir, sinto seu peso. Em outras palavras, quando eu 
infrinjo uma regra, sofro algum tipo de punição. O grau de coerção do fenômeno torna-se evidente pelas 
sanções a que o indivíduo é submetido ao ir contra o fato social. As sanções podem ser de dois tipos: 
legais ou espontâneas. 
As sanções legais ocorrem quando, ao “violar as leis do direito, estas reagem contra mim de maneira a 
impedir meu ato se ainda é tempo; com o fim de anulá-lo e restabelecê-lo em sua forma normal se já se 
realizou e é reparável; ou então que eu o expie se não há outra possibilidade de reparação” (As Regras 
do Método Sociológico, p. 2). As sanções espontâneas, por outro lado, ocorrem quando deixo de seguir 
as convenções “mundanas”. 
“sanções legais = Por exemplo, a legislação eleitoral prevê multa e outras sanções ao eleitor brasileiro 
que não comparecer para votar nem justificar a sua ausência” 
“As sanções espontâneas = Por exemplo, se ao escolher minhas roupas, não levo em consideração os 
costumes do meu país ou da minha classe, posso provocar riso ou afastamento, o que funciona como 
uma pena. Pense na reação das pessoas ao verem um homem usando saía do Brasil. 
A educação possui um papel relevante na conformação do indivíduo à sociedade em que vive, fazendo 
com que, depois de algum tempo, as regras se internalizem e se transformem em hábitos. 
 
GENERALIDADE: todo fato social é geral, mas, não podemos dizer que todo fato geral é social. Para 
ser assim considerado, ele precisa ser coletivo (isto é, mais ou menos obrigatório). Daí decorre que este 
tipo de fenômeno deve ser estudado apenas em suas manifestações coletivas, como as crenças, as 
tendências e as práticas do grupo tomadas coletivamente, pois a sociedade não é o mero agregado dos 
comportamentos individuais. As tendências da moda e o idioma servem aqui como bons exemplos. 
Todo fato social necessariamente possui um caráter de generalidade, ou seja, precisa ser percebido 
de modo coletivo. 
 
 
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O FATO SOCIAL PATOLÓGICO - É todo fato que extrapola os limites aceitos pela consciência 
coletiva de uma determinada sociedade. Nestes casos eles engendram conflito ao invés de solidariedade, 
colocando em risco o consenso e repesentando uma espécie de estado “móbido” para a sociedade. 
 
REGRAS PARA O ESTUDO DOS FATOS SOCIAIS 
 
Depois de definir e caracterizar os fatos sociais, Durkheim se dedica a elaborar os principais passos, o 
método para o seu estudo. 
 
1º PASSO 
Diz respeito às regras relativas à observação dos fatos sociais. O principal e mais importante passo é 
encarar o fato social como coisa. Assim, surgem dois corolários. 
fato social = É importante, salientar que o autor não entende o fato social como coisa material. No 
Prefácio à Segunda Edição de As Regras do Método Sociológico, ele utiliza o termo “coisa” em 
contraposição à “ideia”, ou seja, é aquilo que só pode ser entendido por intermédio da observação e da 
experimentação. 
corolários = é a consequência direta de uma proposição demonstrada. 
 
O primeiro corolário consiste em afastar todas as noções prévias para estudar o fato social, pois os 
valores e sentimentos pessoais nada têm de científicos e possibilitam a distorção dos fenômenos. Dito 
de outra forma, os preconceitos, simpatias e caprichos do pesquisador devem ser afastados de suas 
análises. 
O segundo corolário consiste em definir os fatos que serão estudados. Logo no início da pesquisa 
devemos considerar os caracteres mais exteriores do grupo de fenômenos, pois, por serem mais 
imediatamente perceptíveis, são estes que nos levarão aos menos visíveis e profundos, porém, mais 
explicativos. Isto pretende fornecer ao método sociológico o seu caráter objetivo. 
Fenômenos = Conforme Durkheim, a Sociologia independente de qualquer Filosofia. Assim o 
soci[ologo não deve fazer como o metafísico, que escolhe e toma partido de grandes hipóteses, mas sim, 
aplicar os princípios da causalidade aos fenômenos sociais. 
 
2º PASSO 
Diz respeito às regras relativas à distinção entre o normal e o patológico. Para Durkheim, é muito 
importante saber o que é normal e o que é patológico em uma sociedade. Para classificarmos um fato 
devemos nos basear em uma espécie, um tipo social determinado, em uma fase determinada de seu 
desenvolvimento. As condições de saúde e de doença não podem ser definidas de forma abstrata e nem 
de maneira absoluta. 
 
16 
 
Na concepção de Durkheim, o que podemos chamar de normal e de patológico? 
No início do terceiro capítulo de As Regras do Método Sociológico, Durkheim afirma que os 
fenômenos normais são “os que são como deviam ser”, e os patológicos são aqueles que “deveriam ser 
diferentes do que são”. 
Dito de outra forma, normal é tudo o que é comum a todos ou quase todos. Em contrapartida, o 
patológico é tudo ou quase tudo que se apresenta de forma excepcional. 
 
Durkheim alerta para o fato de o sociólogo se expor a erros quando não toma as devidas precauções 
metodológicas quanto à distinção entre normal e patológico. Uma falha desse tipo seria classificar o 
crime como algo patológico. 
É necessário, entender que o autor concebe crime como “um ato que ofende certos sentimentos coletivos 
dotados de energia e de nitidez particulares” (1972: p. 58), não se restringindo ao sentido jurídico. 
Se, à primeira vista, o crime parece patológico, após uma análise meticulosa pode-se afirmar que o crime 
é normal e isso se deve adois motivos. Em primeiro lugar, porque é universal, isto é, acontece em todas 
as espécies sociais e em todos os estágios de desenvolvimento. Em segundo lugar, porque reforça 
sentimentos contrários, de repulsa ao agressor e aos fatores que o motivaram a cometer o crime. 
Há ainda um outro aspecto muito importante: em alguns casos, o criminoso é visto como agente de 
mudança e a ausência do crime tornaria a sociedade estática. Isso permitiu ao autor concluir que, além 
de normal, o crime é necessário e tem a sua utilidade. 
 
CONSCIÊNCIA COLETIVA E REPRESENTAÇÕES COLETIVAS 
Em A Divisão do Trabalho Social, Durkheim afirma que enquanto seres socializados possuímos, 
simultaneamente, uma consciência individual e uma consciência coletiva. 
 
A CONSCIÊNCIA COLETIVA É o modo como a sociedade vê a si mesma e as demais, através de 
suas lendas, mitos, concepções religiosas, crenças morais etc... Em outras palavras, seria o sistema de 
representações coletivas presente em determinada sociedade. 
 
é o nível mais profundo da realidade social. É a soma de crenças e sentimentos comuns à média dos 
membros de certa comunidade, constituindo um determinado sistema que possui vida própria, persiste 
no tempo e une as gerações. É, em outras palavras, o sistema de Representações coletivas presente em 
determinada sociedade. 
consciência coletiva = Esse tipo de consciência não tem origem nas consciências individuais e está 
espalhada, difusa por toda a sociedade. 
Representações coletivas = Lendas populares, tradições religiosas, crenças políticas e linguagem. 
 
17 
 
Para Durkheim, não são os indivíduos que geram a consciência coletiva, ao contrário, é a consciência 
coletiva que molda as consciências individuais. A força que a consciência coletiva exerce sobre os 
indivíduos varia com o tipo de sociedade dependendo do seu estágio de evolução. 
 
Segundo Durkheim,o pesquisador deve assumir uma postura de distanciamento e neutralidade em 
relação aos fatos estudados, ou seja, deve abandonar as suas pré-noções. Estes, por sua vez, devem ser 
medidos e observados de forma objetiva. “Os fatos sociais devem ser encarados como coisas.” 
 
AS FORMAS DE SOLIDARIEDADE OU DE COOPERAÇÃO SOCIAL 
• Solidariedade social 
• Solidariedade mecânica 
• Soliddariedade orgânica 
 
SOLIDARIEDADE SOCIAL - Em sua tese de doutorado A Divisão do Trabalho Social, Durkheim 
propõe-se a investigar a função da Divisão do Trabalho. 
 
O autor se preocupou em analisar, à luz da Morfologia Social, a evolução das sociedades e a coesão 
social que dela resulta, que o fez concluir que as sociedades caminham, natural e necessariamente, do 
estado mecânico em direção ao estado orgânico, apresentando uma solidariedade característica para cada 
um desses estágios. 
 
SOCIEDADES MECÂNICAS - São aquelas de tipo pré-capitalista, muito “simples”, dotadas de forte 
consciência coletiva, onde a divisão do trabalho se baseia principalmente nos critérios de sexo e idade. 
 
Predomina nas sociedades pré-capitalistas. A união do grupo se dá com base na idéia de identidade 
entre os indivíduos, manifestada através de costumes, religião, laços de família. É forte, neste contexto, 
a consciência coletiva. 
 
Nesse tipo de sociedade, a identificação entre os indivíduos se dá por meio da família, da religião, da 
tradição e dos costumes. A autoridade coletiva é absoluta e a consciência coletiva é tão forte que se 
sobrepõe à consciência individual. A solidariedade social de tipo mecânica é gerada pelas semelhanças 
entre os indivíduos que, partilhando os mesmos sentimentos e valores, diferem pouco entre si. 
 
SOCIEDADES ORGÂNICAS - Típica das sociedades capitalistas, nas quais a união do grupo se dá 
com base na interdependência entre os indivíduos. Esta, por sua vez, está ligada ao aumento da divisão 
do trabalho social, com a conseqüente especialização de funções. Neste contexto é mais fraca a 
consciência coletiva, com maior autonomia dos indivíduos. 
 
São mais extensas, mais complexas. Por possuírem estruturas econômicas avançadas, exigiam uma 
divisão do trabalho não mais baseada em sexo e idade, mas, na diversidade de funções que torna os 
indivíduos interdependentes. 
 
Se nas sociedades mecânicas a consciência coletiva gerava uma irresistível coesão social, nas sociedades 
orgânicas a divisão do trabalho social tem por função criar a solidariedade social, pois a complexidade 
da vida e a ausência de semelhanças acabam por aproximar as pessoas, fazendo com que se completem. 
 
18 
 
Em sociedades com forte divisão do trabalho, as relações sociais se baseiam na especialização de 
tarefas. Assim, a educação tem caráter duplo, pois, ensina aos novos membros valores, crenças e 
conhecimentos que devem ser gerais à massa da sociedade e, por outro lado, fornece conhecimentos 
específicos da área profissional em que a pessoa deverá atuar. 
especialização de tarefas = A formação que um futuro médico recebe é diferente daquela recebida pelo 
futuro engenheiro, que difere também da dispensada ao futuro advogado. Não podemos hoje, em nossa 
sociedade, conceber que só se formem ou engenheiros, ou advogados ou médicos. Advogados precisar 
dos serviços dos engenheiros, que precisar dos cuidados dos médicos que e, assim por diante. 
È isso que garante a nossa coesão social; a especialização em uma área e o fato de ser algo nas outras 
faz com que os profissionais de um campo dependam de outros profissionais. Durkheim utiliza o 
exemplo da paixão que ocorre entre o home e a mulher que, por serem diferentes, se complementam, 
formando um todo. 
 
Para Durkheim, a Sociologia é a ciência que estuda os fatos sociais e que o sociólogo deve ter cuidados 
e critérios metodológicos para estudá-los. 
 
Principais aspectos da teoria sociológica de Durkheim : 
 
· Existem fenômenos sociais que devem ser analisados e demonstrados com técnicas especificamente 
sociais; 
 
· A sociedade era algo que estava fora e dentro do homem ao mesmo tempo, graças ao que se adotava 
de valores e princípios morais; 
 
· As pessoas se educam influenciadas pelos valores da sociedade onde vivem; 
 
· A sociedade está estruturada em pilares, que se manifestam através de expressões (conceito de 
estrutura); 
 
· Divisão do trabalho social: numa sociedade cada indivíduo deve exercer uma função específica, 
seguindo direitos e deveres, em busca da solidariedade social. Desta forma, pode-se chegar ao progresso 
e avanço para todos. 
 
 
AULA 04 – ÉMILE DURKHEIM: EDUCAÇÃO E SOCIOLOGIA 
 
Nas concepção de Durkheim, a educação tem um papel fundamental na preparação do indivíduo 
para a vida em sociedade. Por esse motivo, ele se dedicou a estudar a educação como um fato social. 
 
Em Educação e Sociologia, Durkheim se propõe a fazer um exame crítico das definições de educação 
formuladas por diferentes e importantes pensadores dos fenômenos sociais. Assim, ao analisar as 
concepções de John Stuart Mill, Immanuel Kant e James Mill, o autor conclui que não existe uma 
educação ideal, pois se observarmos a história, a educação varia com o tempo e com as regiões. 
 
 
19 
De acordo com Émile Durkheim, “os sistemas educativos são o conjunto de práticas e instituições que 
se organizaram lentamente ao longo do tempo, que são solidárias com todas as outras instituições sociais 
e que as exprimem, que, por consequência, não podem ser mudadas mais facilmente do que a própria 
estrutura da sociedade”. (p. 46) 
 
“É inútil pensarmos que podemos criar os nossos filhos como queremos. Há costumes com os quais 
temos de nos conformar; se os infringimos, eles vingam-se de nossos filhos. Estes, uma vez adultos, não 
se encontrarão em condições de viverno meio de seus contemporâneos, com os quais não estão em 
harmonia. Quer tenham sido criados com ideias muito arcaicas ou prematuras, não importa; tanto num 
caso como noutro, não são do seu tempo e, por conseguinte, não estão em condições de vida normal. Há 
pois, em cada momento do tempo, um tipo regulador de educação de que não nos podemos desligar sem 
chocar com as vivas resistências que reprimem as veleidades das dissidências”. (p. 47) 
 
Movido pela sua convicção de que as sociedades evoluem e devem ser estudadas em determinado estágio 
de seu desenvolvimento, Durkheim utiliza como método de estudo a observação histórica para 
mostrar que os sistemas de educação têm poder coercitivo, pois, em cada momento há um tipo 
regulador de educação do qual os indivíduos não podem escapar sem resistências e que restringem os 
anseios daqueles que são discordantes. 
 
Além de exercer coerção sobre os indivíduos, a educação também não é uma criação individual, pois 
os costumes e as ideias que determinam o tipo de educação reguladora, são produzidos pela 
coletividade e manifestam as suas necessidades. 
 
Quando nascemos, a maior parte de seu conteúdo já está pronto, é fruto das gerações passadas. Segundo 
Durkheim, a partir de uma perspectiva histórica, pode-se perceber que a formação e o desenvolvimento 
dos sistemas de educação dependem da religião, da organização política, do grau de desenvolvimento 
das ciências, do estado da indústria etc. Só à luz das causas históricas eles se tornam compreensíveis. 
 
Ao definir mais precisamente a educação, Durkheim conclui que há algumas condições para que ela 
realmente exista, ou seja, é necessário que haja uma geração de adultos, uma geração de jovens e, que a 
primeira exerça uma ação sobre a segunda. 
 
O sistema educativo, em qualquer sociedade, possui duplo aspecto, ou seja, é, simultaneamente: 
 
Uno - Porque se configura como a base comum. É composto pelos sentimentos, valores, ideias, práticas, 
que devem ser inculcados em todas as crianças, sem distinção, seja qual for a categoria social à qual 
pertençam. É, resumidamente, o que há de comum a todos. 
 
Múltiplos - Depende dos meios, das classes sociais, das profissões. 
 
“Cada profissão, com efeito, constitui um meio sui generis que reclama aptidões particulares e 
conhecimentos especiais, onde reinam certas ideias, certos usos, certas maneiras de ver as coisas; e, 
como a criança deve ser preparada tendo em vista a função que será chamada a desempenhar, a educação, 
a partir de uma certa idade não pode mais continuar a ser a mesma para todas as pessoas às quais ela se 
destina” (2001, p. 50). 
 
Segundo Durkheim, cada sociedade formula determinado ideal de ser humano, ou seja, é a sociedade 
que determina o que esperar do indivíduo, seja do ponto de vista intelectual, físico ou moral. Em 
outras palavras, seremos aquilo que a sociedade espera que sejamos. 
 
Assim, se até certo ponto esse ideal é o mesmo para todos os cidadãos, há um momento em que os 
indivíduos devem se diferenciar, segundo os meios sociais particulares em que estão inseridos. 
 
20 
 
Para o autor, a parte básica da educação é constituída por esse ideal, ao mesmo tempo, uno e diverso, 
que tem por função suscitar na criança: 
 
1º. um certo número de estados físicos e mentais, que a sociedade à qual pertence considere 
indispensáveis a todos os seus membros; 
2º. certos estados físicos e mentais, que o grupo social particular (casta, classe, família, profissão) 
considere indispensáveis a todos os que o formam. 
 
É a sociedade, em seu conjunto, e cada meio social, em particular, que determinam o ideal a ser realizado. 
 
Durkheim ressalta que a homogeneidade é importante, pois é a base onde os sistemas de educação 
específicos se fundamentarão. A educação a perpetua e reforça, fixando na criança certas similitudes 
essenciais, exigidas pela vida coletiva. 
 
É a heterogeneidade que torna a cooperação possível. A educação assegura a persistência dessa 
diversidade necessária, o que permite especializações. 
 
“Se a sociedade chegou a um grau de desenvolvimento em que as antigas divisões em castas e em classes 
não podem mais manter-se, prescreverá uma educação mais una em sua base. Se, no mesmo momento, 
o trabalho está mais diversificado, provocará nas crianças, sobre um primeiro fundo de ideias e de 
sentimentos comuns, uma mais rica diversidade de aptidões profissionais. Se vive em estado de guerra 
com as sociedades envolventes, esforça-se por formar os espíritos com base num modelo fortemente 
nacionalista; se a concorrência internacional toma uma forma mais pacífica, o tipo de educação que 
procurará realizar é mais geral e mais humano”. (2001, p. 52) 
 
É necessário observar alguns temas importantes na teoria do autor (Durkheim), que foi fortemente 
influenciado pelo darwinismo social e, por isso, estava totalmente convencido de que, como os 
organismos, as sociedades também evoluíam. Segundo ele, as sociedades passariam do estágio 
mecânico para o estágio orgânico. 
 
SOCIEDADES MECÂNICAS - eram sociedades simples, nas quais a divisão do trabalho ocorria 
através dos critérios de sexo e idade e, onde os indivíduos praticamente não se diferenciavam, 
compartilhando as mesmas crenças e regras morais, ligados por laços de parentescos. Contudo, na 
evolução, as sociedades foram se tornando mais complexas. 
 
SOCIEDADES ORGÂNICAS - O aumento no nível de desenvolvimento deu origem à exigência de 
maior especialização do trabalho. Os indivíduos deixaram de se identificar por meio da religião, das 
regras morais e dos costumes. Nas sociedades orgânicas o que aproxima os homens é a interdependência 
gerada pela especialização de funções. É a divisão do trabalho social que gera a coesão, a solidariedade 
social. 
 
Em sociedades com forte divisão do trabalho as relações sociais se baseiam na especialização de tarefas. 
Assim, a educação tem caráter duplo, pois, ensina aos novos membros valores, crenças e conhecimentos 
que devem ser gerais à massa da sociedade e, também, fornece conhecimentos específicos da área 
profissional em que a pessoa deverá atuar. 
 
A formação que um futuro médico recebe é diferente daquela recebida pelo futuro engenheiro, que difere 
também da dispensada ao futuro advogado. Não podemos hoje, em nossa sociedade, conceber que só se 
formem ou engenheiros, ou advogados ou médicos. Advogados precisam dos serviços dos engenheiros, 
que precisam dos cuidados dos médicos e, assim por diante. 
 
 
21 
É isso que garante a nossa coesão social: a especialização em uma área e o fato de ser leigo nas outras 
faz com que os profissionais de um campo dependam de outros profissionais. 
 
Durkheim utiliza o exemplo da paixão que ocorre entre o homem e a mulher que, por serem diferentes, 
se complementam, formando um todo. 
 
“A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas que ainda não estão maduras para a 
vida social. Tem por objeto suscitar e desenvolver na criança um certo número de estados físicos, 
intelectuais e morais que lhe exigem a sociedade política ou no seu conjunto e o meio especial ao qual 
está particularmente destinada”. 
 
Dessa definição podemos assumir que a educação é a socialização metódica das novas gerações. Cada 
membro da sociedade possui em si dois seres: 
 
• o ser individual, que se constitui dos estados mentais que dizem respeito apenas ao próprio 
indivíduo e à sua vida pessoal; 
• o ser coletivo, ou seja, o sistema de ideias, sentimentos, hábitos, que exprimem em cada indivíduo 
o grupo ou os grupos diferentes dos quais ele faz parte (crenças religiosas, crenças e práticas 
morais, tradições nacionais e profissionais, opiniõescoletivas etc.). 
 
O objetivo da educação é constituir o ser coletivo em cada um de nós, pois o ser social não nasce com o 
homem, não se apresenta na constituição humana primitiva, como também não resulta de nenhum 
desenvolvimento espontâneo. 
 
Ao contrário, foi a sociedade, na medida em que se formou e se consolidou, que tirou de dentro de si 
essas grandes forças morais, diante das quais o indivíduo isolado sente a sua fraqueza e inferioridade. 
 
A educação deve criar no homem um ser novo: o ser social. 
 
Os indivíduos agem de acordo com as necessidades sociais e a sociedade impõe aos homens uma tirania 
muito forte. Mas, segundo Durkheim, os próprios homens desejam que isso ocorra porque o ser novo, 
que a ação coletiva cria em cada um de nós por intermédio da educação, representa o que há de melhor 
no homem, o que há de propriamente humano em nós. 
 
Na verdade, o homem só é homem porque vive em sociedade. Para comprovar essa afirmação, Durkheim 
mostra o desenvolvimento da moral, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento da linguagem, 
coisas que só podem acontecer na vida em sociedade. 
 
O Estado é a instituição social mais importante que tem influência sobre a educação, tendo mais peso 
que a família, segundo Durkheim. Não poderia ser de outra forma, dado o caráter coercitivo atribuído 
pelo autor à educação. 
 
A importância do Estado (Elemento representativo da sociedade) cresce à medida que assume uma 
função coletiva e busca a educação da criança na sociedade em que vive. Caberia a esse órgão esclarecer 
os princípios essenciais (Respeito pela razão, pela ciência, pelos ideiais e sentimentos que estão na base 
moral da sociedade democratica), fazer com que sejam ensinados nas escolas, cuidar para que as crianças 
não os ignorem e os respeitem. 
 
Durkheim era taxativo e afirmava que tudo que é educação deve estar em certa medida submetido à ação 
do Estado. 
 
 
22 
Durkheim percebia a ausência de unidade moral em sua sociedade, e a presença de muitas concepções 
divergentes, por isso se preocupava com a escola e com os professores. 
 
Comentário de Durkheim 
“A escola não pode ser pertença de um partido, e o professor falta aos seus deveres quando usa a 
autoridade de que dispõe para arrastar os seus alunos nos trilhos de seus próprios ideais, por mais 
justificados que lhe possam parecer” (2001, p. 61). 
 
Para a ação educativa ser bem sucedida na transformação de um ser associal, como o bebê, em uma 
personagem bem definida que desempenhe um papel útil na sociedade, o educador deve agir como um 
hipnotizador. 
 
A criança, como o hipnotizado, está numa situação de passividade. Como a vontade infantil ainda é 
rudimentar, ela é facilmente sugestionável e acessível aos exemplos, e propensa à imitação. 
 
O professor exerce sobre seus alunos uma ascendência baseada na superioridade de sua cultura e de sua 
experiência. O educador deve ter, também, serenidade. 
 
“Se os professores e pais sentissem, de uma forma mais constante, que nada se pode passar diante da 
criança sem deixar nela alguma marca, que o modar do seu espírito e do seu caráter depende destes 
milhares de pequenas ações insensíveis que se produzem a cada instante e aos quais não prestamos 
atenção por causa da sua insignificante aparência, como zelariam mais pela sua linguagem e pela sua 
conduta! Seguramente, a educação não pode chegar a grandes resultados quando procede por safanões 
bruscos e intermitentes.” (2001, p66) 
 
Como o objetivo da educação é formar um ser novo, constrangendo o indivíduo e subjugando o egoísmo 
individual, não é possível formar o ser social através de brincadeiras e do prazer. 
 
É preciso então que o educador, com sua autoridade e sua ascendência moral, desperte o senso de dever 
na criança. 
 
Para isso, o professor deve acreditar e valorizar a sua missão, pois ele é a voz de uma grande pessoa 
moral: a sociedade. 
 
A Educação é um elemento de socialização. 
 
Assim, como Sociologia especial, a Sociologia da Educação estuda: 
 
• a educação como processo social global que ocorre em toda a sociedade; 
• os sistemas escolares, ou seja, o conjunto de uma rede de escolas e sua estrutura de sustentação, 
como partes do sistema social mais global; 
• a escola como unidade sociológica; 
• a sala de aula como subgrupo de ensino; 
• o papel do professor... interna (nascida da convivência entre educandos e educadores), que 
escapa ao administrador e só pode ser compreendida através da análise sociológica da escola. 
 
 
CONCEITO SOCIOLÓGICO DE EDUCAÇÃO 
 
A educação é uma das atividades básicas de todas as sociedades humanas, pois a sobrevivência de 
qualquer sociedade depende da transmissão de sua herança cultural aos jovens. Toda sociedade, portanto, 
utiliza os meios necessários para perpetuar sua herança cultural e ensinar aos mais jovens os costumes 
 
23 
do grupo. Assim, a educação é o processo pelo qual a sociedade procura transmitir suas tradições, 
costumes e habilidades, isto é, sua cultura aos mais jovens. A criança se torna socializada porque aprende 
as regras de comportamento do grupo em que nasceu. A educação é uma socialização. Do ponto de vista 
sociológico, portanto, a educação é a ação pela qual as gerações adultas transmitem sua cultura às 
gerações mais Jovens. A educação visa a transmitir ao indivíduo o patrimônio cultural para integrá-lo à 
sociedade e aos grupos que a constituem; visa, por conseguinte, a socializar, a ajustar os indivíduos à 
sociedade e, ao mesmo tempo, a desenvolver suas potencialidades e as da própria sociedade. 
 
AULA 05 – O PENSAMENTO SOCIOLÓGICO DE KARL MARX 
 
A visão sociológica de karl marx, cuja obra marcou profundamente o pensamento ocidenta no século 
XIX. Ele se propôs a analisar a sociedade capitalista de modo profundo, buscando a compreensão 
daquele fatores que contribuiriam para o surgimento da miséria e do elevado nível de exploração da mão 
de obra assalariada. 
Segundo Marx, esse seria um processo histórico seguando o qual as elites burguesas expropriariam 
duplamente as classes trabalhadoras: primeiro, no que se refere à propriedade dos meios de produção e, 
em seguida, expropriando também o saber dos trabalhadores, no que se refere à organização da produção 
social. 
 
O alemão Karl Marx influenciou de modo significativo o pensamento ocidental, tanto no século XIX 
quanto no século XX. 
 
Ao nos referirmos a ele como um dos clássicos do pensamento sociológico, o fazemos por reconhecer a 
forte influência que o seu trabalho exerce, ainda hoje, sobre as obras de muitos autores. 
 
A obra de Marx também teve influência sobre a construção do primeiro regime socialista a ser instituído 
na história recente da humanidade. Esta experiência se daria na Rússia, em 1917, ano em que o partido 
bolchevique, liderado por Lênin, no comando de um movimento revolucionário instituiria naquele país 
um projeto socialista de inspiração marxista. 
 
A partir daí, a Rússia passou a se chamar União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, ou como 
se costumava dizer ao nível do senso comum, União Soviética. 
 
Vamos conhecer um pouco da história da expansão do socialismo de Marx pelo mundo. 
 
1) AMÉRICA CENTRAL - No continente americano é a vez de Cuba, que sob o comando de 
Fidel Castro, passa a fazer parte do mundo socialista em 1960. 
2) EUROPA - No início do século XX, o mundo assiste a uma grande expansão do chamado 
socialismo real, nas mais diversas regiões. Com fim da Segunda Guerra Mundial e sob a 
influência soviética, verifica-se a expansão do socialismo pela grande maioria dos países do leste 
europeu como Polônia, Bulgária, Hungria, Romênia dentreoutros. 
3) ÁFRICA - Durante as guerras de libertação nacional, Angola e Moçambique também fazem 
opção por uma ordem socialista. 
4) ÁSIA - Em 1949 é a vez a da China que, em uma revolução camponesa comandada por Mao 
Tse Tung também inclui esta nação na órbita do mundo socialista. 
Outros países asiáticos, como Coréia do Norte e Vietnã, sob o comando de partidos comunistas, 
passam a hastear a bandeira vermelha do socialismo marxista-leninista nas décadas de 1950 e 
1970, respectivamente. 
 
Todo este quadro no cenário geopolítico mundial mostra a importância do marxismo para o mundo 
contemporâneo. 
 
 
24 
Na verdade, esta bipolaridade entre os dois modelos socioculturais — o ocidental, marcado pela 
presença do capitalismo e da economia de mercado, e o socialismo — traria muitas consequências 
para as relações entre as diferentes nações do mundo, dentre as quais se pode destacar a própria 
guerra fria. 
 
No meio intelectual, o marxismo também faria sentir a sua presença ao longo de todo o século XX. 
 
Com a participação de seu amigo e colaborador Friedrich Engels, Marx tinha, como objeto de sua 
pesquisa, a sociedade capitalista do século XIX. Suas teses e princípios teóricos eram baseados 
no materialismo dialético. 
 
Neste sentido, para Marx, as contradições não seriam situações anômalas presentes na sociedade, 
mas ao contrário, fariam parte de sua própria essência. 
 
A identificação destas contradições no interior da sociedade concentraria o foco da análise marxista 
no modo como o trabalho social é organizado. A análise da história humana com base nos princípios 
da dialética materialista levaria Marx a identificar as contradições de interesses existentes entre as 
principais classes sociais, como o principal fator de motivação das mudanças sociais. 
 
Para Marx, esta “luta de classes” seria o principal combustível para as transformações nas 
sociedades humanas. Este modo de pensar a sociedade daria origem a um novo conceito elaborado 
por Marx, que seria o materialismo histórico. Na prática, uma aplicação da dialética materialista ao 
estudo da história humana. 
 
Na perspectiva marxista, o trabalho social não funciona apenas como um intermediário das relações 
entre sociedade e natureza, mas também como o intermediário nas relações estabelecidas pelos 
homens entre si. 
 
A qualidade das ferramentas ou forças produtivas utilizadas pelos indivíduos, somada aos tipos de 
relações estabelecidas no processo produtivo caracterizaram, na concepção marxista, o modelo de 
sociedade com o qual se estaria lidando. 
 
A partir da visão de Marx, foi possível se identificar alguns tipos de sociedades ou modos de 
produção. 
 
a) MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL - O feudalismo predominou na Idade Média, cujo 
antagonismo de classes seria identificado entre os nobres, donos das terras e os servos que, 
ao ocuparem estas terras, se viam obrigados a prestarem serviços aos primeiros. 
b) MODO DE PRODUÇÃO ESCRAVISTA - O escravismo predominou na chamada 
Antiguidade Clássica (Grécia e Roma), momento em que as principais contradições se dariam 
entre os escravos e seus senhores. 
c) MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA - O predomínio do capitalismo é no período 
contemporâneo. Nesta nova fase da organização social, as relações de produção ou o modo 
como os indivíduos se relacionavam para organizar e implementar o trabalho social seriam 
desenvolvidos com base num processo de remuneração assalariada da mão de obra. Eram os 
operários que, desprovidos da propriedade das fábricas e dos meios de produção, “vendiam” 
aos burgueses, donos destes estabelecimentos, o único bem que possuíam, que seria a sua 
força de trabalho. Assim, neste modo de produção, como afirmava Marx, as principais 
contradições seriam aquelas existentes entre a burguesia - dona dos meios de produção; e 
o proletariado - que compreenderia os operários e trabalhadores de um modo geral. 
 
 
25 
É importante destacar que, a cada um desses modos de produção corresponderiam diferentes 
níveis de desenvolvimento das forças produtivas e diferentes formas de organização do trabalho 
social ou das relações de produção. 
 
São justamente as diferentes posições dos homens com relação às formas de propriedades 
presentes numa sociedade, ou modo de produção, que irão definir as diferentes classes sociais 
existentes. A transformação de um tipo de sociedade para outro, ou de um modo de produção a 
outro, se dá por meio dos conflitos abertos entre a classe dominante e as classes exploradas num 
determinado período. 
 
Assim, de acordo com Marx, a história humana é uma história das lutas entre as classes. 
 
Nesta aula você conheceu as bases do pensamento sociológico marxista. 
 
Os principais conceitos elaborados por Marx e Engels como o materialismo dialético, o 
materialismo histórico e o conceito de modo de produção. 
 
A ideia da luta de classes como aquele princípio das contradições que motivariam as mudanças 
na história das sociedades. 
 
HEGEL - É considerado o pai do socialismo alemão. 
 
Para MARX a sociedade é vista como modos de produção. 
 
 
AULA 06 – A TEORIA MARXISTA E AS PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO 
 
Na concepção de Marx, as ideias que os indivíduos incorporam, na sociedade capitalista, implicam numa 
visão imprecisa ou falsa da realidade. Isto acontece na medida em que a consciência que os trabalhadores 
constroem sobre o seu próprio modo de vida tende a ser profundamente influenciada pelos valores das 
elites burguesas. 
 
Numa posição diferente daquela assumida por Durkheim, Marx não percebe as representações coletivas 
como produto do conjunto da sociedade. Para ele, estas ideias — às quais chamou de ideologia — são 
o fruto de um processo de dominação, que leva as classes oprimidas a perceberem o mundo com 
as lentes de seus opressores, processo este denominado de alienação. 
 
Esta aula aborda o projeto de educação de Marx, que busca superar esta ausência de consciência, ou 
seja, um projeto que possa construir indivíduos integralmente desenvolvidos e emancipar os 
trabalhadores do seu processo de alienação. 
 
Na concepção marxista, a partir da lógica do pensamento dialético, haveria uma reciprocidade de 
influências entre a consciência e as condições materiais da vida em sociedade. 
 
 
INDIVÍDUO MEIO SOCIAL 
Por um lado, o mundo das ideias é influenciado de 
forma determinante pela realidade material. 
Por outro lado, esta mesma base material da 
sociedade pode ser transformada pela ação 
consciente dos indivíduos. 
 
A particularidade da concepção de Marx está no fato de ele perceber este grande conjunto das ideias 
representado pelos valores e crenças predominantes, no caso da sociedade capitalista, como o fruto de 
 
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um processo de dominação das elites burguesas. Como consequência, por terem perdido o controle sobre 
a organização da produção, os trabalhadores teriam perdido, também, a possibilidade de construir uma 
visão adequada sobre a sua própria realidade. Eles perceberiam o mundo a partir dos valores da 
burguesia, como se esta fosse a única forma possível de trabalhar e viver. 
 
BURGUESIA X PROLETARIADO 
 
Segundo Marx, no capitalismo existem os burgueses, proprietários dos meios de produção e aqueles 
que vendem o único bem que possuem, ou seja, a sua força de trabalho, em troca do pagamento 
de salário. Estes seriam os proletários, classe que representaria a maioria da sociedade. Para eles, o 
modo de vida estabelecido na sociedade capitalista parece algo natural. É como se trabalhar em troca de 
um salário fosse uma espécie modo de vida que sempre existiu e sempre existirá. 
 
Meios de produção – Fábricas e empresas de modo geral.

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