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Conhecer a si mesmo é um dos fatores cruciais no processo de tomada de decisão.
Conforme pesquisa feita por Almeida e Melo-Silva (2006) com ex-usuários do Serviço de OP
de uma Faculdade de Ribeirão Preto - SP, os usuários que puderam se valer da cooperação da
OP foram os que a entenderam como um processo de autoconhecimento e amadurecimento do
indivíduo. Segundo essas autoras, a maior contribuição que a OP pode prestar aos usuários é
ajudá-los a aprenderem a escolher, a tomarem decisões, a refletirem sobre influências e a
avaliarem possibilidades, riscos e consequências.
O autoconhecimento por parte orientando é valioso para sua escolha profissional.
Entende-se que o papel do orientador profissional não é dar uma resposta pronta ao
orientando, mas sim, facilitar para que este chegue a uma decisão pessoal responsável (DIAS;
SOARES, 2007). Conforme Dias e Soares (2007), o processo de escolha é sempre do sujeito.
Por isso, conhecer suas habilidades, seus interesses pessoais, valores, influências familiares,
sociais e expectativas é imprescindível para esta tomada de decisão consciente.
Conforme um dos objetivos específicos do projeto original, a partir das técnicas
psicológicas empregadas nas sessões da OP pretende-se favorecer o autoconhecimento dos
estudantes participantes. Estas técnicas envolvem entrevistas, dinâmicas de grupo e aplicação
ABADE, F. L. Orientação profissional no Brasil: uma revisão histórica da produção científica. Revista Brasileira de Orientação Profissional, São Paulo, v.6, n.1, Jun. 2005.
m todo o decorrer da história, teve-se a necessidade de colocar as pessoas certas nos locais certos (Pimenta, 1981); sempre existiu a idéia de que alguns homens podem ser melhores do que outros para executar determinados trabalhos (Super & Junior, 1980). Todavia, nem sempre o homem pôde escolher trabalhar naquilo que gostaria ou que se considerava mais apto ou capaz, embora o trabalho, como dimensão da existência, sempre estivesse presente na vida das pessoas (Pimenta, 1981). A liberdade para escolher uma ocupação é algo relativamente novo. Antigamente, o indivíduo tinha pouca ou nenhuma liberdade de escolha, pois o nível social e ocupacional, e mesmo o campo de atividade, eram determinados primeiramente pelo nascimento. A partir do Renascimento e da Reforma, cresceu o reconhecimento da humanidade da capacidade e da singularidade do indivíduo. Cada homem, nesse momento, era considerado o centro de um universo, construído por ele mesmo e membro de uma sociedade humana maior. Com o Iluminismo, vieram a expansão da visão humanística do destino e a aplicação dessa visão à política e à economia; em seguida, com o advento da democracia na sociedade industrial, surgiu uma relativa liberdade na escolha das ocupações (Super & Junior, 1980).
“A vida ocupacional de um homem é considerada um dado fundamental de sua existência” (Super & Junior, 1980, p. 216). Nos dias atuais, pode-se vir a escolher uma carreira profissional; se existe essa possibilidade de escolha, existe também a possibilidade de alguém ajudar o indivíduo a escolher, isto é, de orientar” (Pimenta, 1981). Toda escolha provoca necessariamente uma renúncia; ao escolher abandona-se uma outra opção e isto pode provocar algum sofrimento para o adolescente. O profissional de OV vai tentar reparar essa situação e ajudar o adolescente a escolher, devendo-se estar consciente de que é mais difícil fazer um diagnóstico referente à problemática vocacional do que um de personalidade, pois o primeiro tende a investigar a dinâmica interna do adolescente, verificando não só os conflitos e dificuldades referentes à escolha profissional, mas também de outras àreas (Bohoslavsky, 1993). A importância do processo de OV é evidenciada no fato de que, havendo uma identificação profissional, haverá maiores possibilidades de o indivíduo e desenvolver em todas as suas potencialidades.
A fim de alcançar a eficácia do processo, alguns aspectos devem ser considerados; dentre eles, pode-se citar: (a) o papel do profissional de OV frente a uma nova realidade sócio-cultural e econômica, (b) a finalidade do processo de OV que deve visar não apenas a informar sobre carreiras profissionais, mas também a trabalhar aspectos como o autoconhecimento e a questão da escolha em si, levando em consideração o mercado de trabalho.
Tendo em vista a complexidade do trabalho de OV, este artigo tem como objetivo discutir as perspectivas e os desafios do processo de OV frente ao século XXI, abordando a sua importância e a maneira como deve ser operacionalizado. Sabendo-se que este trabalho não visa a esgotar a problemática do tema, a sua importância é evidenciada no fato de se fazer uma reflexão sobre os novos determinantes que permeiam o processo de OV frente a uma sociedade globalizada.
 
Importância do Processo de Orientação Vocacional
O ser humano, desde a infância, passa a conhecer a importância e o valor que o trabalho tem para sua vida; para a maioria das pessoas, a identidade vocacional forma uma parte importante de sua identidade geral. Ter um emprego valorizado pela sociedade – e ter sucesso e prestígio nele – aumenta a auto-estima e facilita o desenvolvimento de um senso de identidade mais seguro e estável. Por outro lado, quando a sociedade aponta que alguém não é necessário e que não há disponibilidade de bons empregos, pode-se gerar dúvidas, incertezas ou mesmo, como em alguns casos, delinqüência e sentimentos de revolta, formando uma identidade negativa (Mussen, Conger, Kagan & Huston, 1995).
O Processo de OV surge como uma possibilidade de ajuda para os jovens, não levando estes a apenas escolherem uma profissão, mas auxiliando-os a se conhecerem melhor como indivíduos inseridos em um contexto social, econômico e cultural. A OV constitui-se num campo de trabalho que intervém na vida cotidiana dos seres humanos (Azevedo & Santos, 2000), oferecendo aos indivíduos padrões de mecanismos de adaptação à vida (Super & Junior, 1980). Esta pode prevenir alguns transtornos na vida do adolescente, como decepções e ilusões, e favorecer a melhoria da qualidade de vida em diversos níveis (Azevedo & Santos, 2000).
Na atualidade, é observado um aumento significativo da procura dos serviços de OV. Os meios de comunicação, de certa forma, vêm demonstrando um interesse crescente pelo tema “escolha da profissão”. A OV, que esteve por um determinado período ausente das discussões dos meios acadêmicos, volta, agora, revestida de toda a força. Para muitos jovens, a escolha da profissão é vista como uma das suas necessidades mais importantes e principais, pois o avanço da tecnologia e a complexidade do mercado de trabalho provocam incertezas, influenciando diretamente na vida profissional. O jovem, ao ter conhecimento de todos esses aspectos, passa a conviver com o medo de ser mal sucedido profissionalmente, levando-o a se sentir inseguro quanto à questão da escolha “certa”. O trabalho de OV indica um provável caminho a ser seguido para os jovens que almejam seguir uma carreira profissional. Embora haja um considerável debate do tema escolha profissional, ainda persiste uma grande desinformação sobre as carreiras profissionais por parte dos jovens. Isso aumenta, indubitavelmente, a dificuldade no momento de se escolher uma profissão (Vasconcelos, Antunes & Silva, 1998).
O processo de OV interessa a âmbitos distintos, como, por exemplo, à educação em todos os seus níveis, proporcionando informações sobre a realidade do mercado de trabalho e as necessidades do país. Dessa forma, pode-se dizer que a OV acompanha o processo educativo, cooperando com ele e não apenas suprindo suas possíveis carências. A OV cumpre sua função de extrema importância quando leva o sujeito a refletir sobre si mesmo, analisando suas características, explorando sua personalidade e aprendendo a escolher e abordar situações conflitivas. Além disso, um processo de OV coloca a descoberto possíveis problemáticas do sujeito, bem como disposições psicopatológicas, pois condensatoda a história prévia dessa pessoa e, ao mesmo tempo, antecipa seu futuro (Müller, 1988).
Através do processo de OV, os indivíduos se conhecem melhor como sujeitos reais, percebendo suas identificações, características e singularidades, ampliando e transformando sua consciência e adquirindo, assim, melhores condições de organizar seus projetos de vida e, especificamente no momento, fazer sua escolha profissional, minimizando as fantasias. A OV é mais do que um momento para “a descoberta” da profissão a seguir, pois é “um processo onde emergem conflitos, estereótipos e preconceitos que são trabalhados para sua superação, onde a desinformação é enfrentada e possíveis caminhos de resolução são traçados, onde o auto-conhecimento adquire o status de algo que se constrói na relação com o outro e não como algo que se dá a partir de uma reflexão isolada, descolada da realidade social ou que se conquista através de um esforço pessoal” (Bock & Aguiar, 1995, p. 17). A partir desta concepção, pode-se dizer que a OV também é um processo que visa à promoção da saúde do indivíduo.
Assim, toda a relevância do processo de OV pode ser evidenciada quando este, ao passo que faz com que o jovem reflita sobre si mesmo, também o ajuda a escolher um caminho profissional, dando possibilidades para que possa desenvolver todas as suas capacidades.
 
operacionalização do processo de orientação vocacional
Frente às transformações da sociedade atual, questiona-se como deve ser operacionalizado o processo de OV. Primeiramente, o processo de OV não pode ser realizado de maneira descontextualizada; caso seja, não atingirá a sua finalidade. Alguns profissionais ainda se limitam a aplicar testes psicológicos, não confrontando os resultados com outras técnicas. Ao dar um resultado não corroborado ou incompleto ao adolescente, o profissional estará desqualificando a psicologia como um todo e podendo comprometer o processo de escolha de um adolescente.
O processo de OV deve ter em vista as mudanças ocorridas na sociedade e a realidade sociocultural e econômica. Surge como um caminho que os jovens podem percorrer com o objetivo de fazer a sua escolha profissional de maneira mais consciente e madura; para atingir esse fim, o processo deve ser operacionalizado de maneira que supra essas necessidades. O trabalho de OV pode ser desenvolvido tanto individualmente como em grupo. A maioria dos autores opina que tal trabalho desenvolvido em grupo é mais enriquecedor do que individualmente, principalmente se o grupo for composto por sujeitos adolescentes, pois assim auxiliará o jovem a autoperceber-se como sujeito inserido em uma realidade social, diminuindo, assim, as fantasias e idealizações que porventura possam persistir (Vasconcelos, Antunes & Silva, 1998).
Todo o trabalho de OV deve ser baseado na troca de experiências entre os jovens e na reflexão conjunta sobre o processo de escolha da profissão, reflexão esta que deve ser organizada e coordenada por profissional(ais) competente(s). É de suma importância criar condições para que os jovens possam ter acesso à maior quantidade possível de informações a respeito das profissões: suas características, aplicações, cursos, requisitos, locais de trabalho, etc. Na esfera do autoconhecimento, também devem-se criar condições e estratégias para que os jovens identifiquem suas aptidões, interesses e características de personalidade (Bock & Aguiar, 1995). A aplicação de técnicas, testes psicológicos ou outros recursos só tem sentido e real eficácia quando é verificado em um contexto amplo, onde cada orientando é único. Deve-se dar a cada adolescente um espaço e tempo necessários para que possa manifestar suas preocupações, ansiedades e problemas, devendo-se acompanhá-lo na reflexão e fazendo os possíveis esclarecimentos, para que ele vá elaborando seu projeto vocacional, definindo sua escolha e identificando os obstáculos que o impedem de fazê-la (Müller, 1988).
 
Desafios e Perspectivas do Processo de Orientação Vocacional
Faz-se necessário analisar o papel do profissional de OV diante das novas condições socioculturais e econômicas e a finalidade do processo de OV, que deve visar não apenas a informar sobre carreiras profissionais, e sim, a trabalhar aspectos como o autoconhecimento e a questão da escolha em si, levando em consideração o mercado de trabalho.
É verificado claramente no mercado de trabalho a presença de profissionais não qualificados, prestando, na maioria das vezes, serviços inadequados, chegando a resultados não válidos. Esse tipo de posicionamento, longe de ser o esperado, diz respeito à falta de uma ética profissional, muitas vezes renegada por profissionais que, em função de uma má preparação profissional, operacionalizam trabalhos sem competência para tal execução.
“Ser psicólogo implica, logicamente, deixar de ser qualquer outra coisa [..]” (Bohoslavsky, 1993, p. 175). Antes de tudo, o profissional de OV deve estar ciente tanto dos recursos técnicos quanto dos de personalidade de que deve dispor para poder desempenhar sua profissão de maneira produtiva e competente. Diante das novas perspectivas da sociedade, o profissional de OV deve passar por um processo contínuo de renovação, estando sempre a par das mudanças efetivadas no mercado de trabalho. O profissional da psicologia deve ter consciência do papel que irá desempenhar, sendo o auto-conhecimento e o desenvolvimento de sua própria pessoa uma condição sine qua non para a sua atuação como profissional. Segundo Müller (1988), as qualidades desejáveis ao orientador vocacional seriam: uma sólida formação teórica em psicologia, principalmente psicologia educacional e do desenvolvimento, conhecimento em dinâmicas de grupo, técnicas de exploração da personalidade e psicopatologia, prática clínica, empatia, equilíbrio emocional para colocar-se no lugar do outro, reconhecimento de sua própria ideologia, respeito pelos outros e aceitação dos seus limites.
Ao iniciar um processo de OV, o profissional deve estar consciente dos seus limites e decidir se deve ou não enfrentar o caso; segundo Bohoslavsky (1993), o psicólogo vai decidir enfrentar ou não um processo de OV com o cliente respondendo, basicamente, às seguintes perguntas: o adolescente tem possibilidade de adquirir sua identidade ocupacional sem uma modificação substancial da estrutura de sua personalidade? Tem maturidade para decidir quanto ao seu futuro profissional? Tem a possibilidade de empregar sua percepção, pensamentos e ação a serviço do princípio de realidade, de prever dificuldades, alcançar sínteses, tolerar frustrações? Sou a pessoa mais indicada para ajudá-lo? E este é o momento mais adequado para que se inicie seu processo de OV?
É exigido do profissional de OV uma postura criativa, inovadora e científica, perfil que deve começar a ser delineado durante a sua formação acadêmica (Calheiros, Araújo & Silveira, 2000). É imprescindível que o profissional de OV esteja tranqüilo e seguro de sua própria identidade; só assim poderá interpretar as incertezas dos adolescentes (Bohoslavsky, 1993). Além das características já citadas, a formação do orientador profissional também deve incluir conhecimentos sobre mercado de trabalho, empregabilidade, globalização, informações sobre as diferentes profissões e ocupações, sobre os diferentes cursos e universidades, além do conhecimento sobre as teorias de orientação profissional. Tem-se necessidade de uma prática na formação do profissional, assim a presença de um supervisor torna-se necessária. Também é indispensável que o orientador compreenda e conheça os motivos que o levaram a escolher a sua profissão, em especial a escolha da orientação profissional como atividade profissional, já que só poderá trabalhar com clareza os conflitos dos jovens se tiver compreendido suas próprias escolhas (Soares, 1999). Segundo Bohoslavsky (1993), só quando o orientador vocacional possuir uma identidade profissional amadurecida é que poderá oferecer ao adolescente a possibilidade de confrontar fantasiacom realidade e mundo interior com exterior.
Ressaltando estes aspectos, Silva (1999a) comenta que, para auxiliar um outro indivíduo a solucionar seus conflitos diante da escolha profissional, o orientador vocacional deve cumprir as seguintes condições: passar por um processo de elaboração de sua própria escolha e de sua identidade vocacional e internalizar, compreender e ser capaz de criar as técnicas de que irá se valer no processo de OV. É tarefa do psicólogo permitir que o adolescente possa desenvolver sua auto-identidade. Para isso, o psicólogo tem como instrumento fundamental a sua própria pessoa. “A personalidade do profissional é tema de imprescindível exame para quem se dedica à Orientação Vocacional” (Bohoslavsky, 1993, p.199).
A função principal do orientador vocacional é a de facilitar o acesso às informações relativas às profissões e ao mercado de trabalho, podendo-se identificá-lo este como um intérprete, um mediador entre o mundo das ciências e do trabalho e o adolescente que está em vias de escolher uma profissão (Silva, 1999b). Assim, o papel do orientador vocacional deve ser, primeiramente, o de um facilitador do desenvolvimento individual (Super & Junior, 1980), devendo estar comprometido com a sua atividade e sendo competente na medida em que cumpre com todos os requisitos necessários para obter resultados fidedignos e com um posicionamento ético diante da sua profissão.
Outro aspecto questionado é a real finalidade do processo de OV. Este, ao passo que é entendido como um amplo processo que induz ao conhecimento, não pode ter apenas a finalidade de informar sobre carreiras profissionais, e sim, levar o jovem a fazer uma reflexão no sentido de realizar a sua escolha profissional de forma amadurecida e consciente. Deve haver uma conscientização de que em muitos casos os serviços de orientação profissional – que prestam informações, apenas, sobre profissões – tem um alcance restrito e, algumas vezes, não chegam a resultados totalmente satisfatórios. Sabe-se que a escolha profissional não é um momento estático no desenvolvimento de um indivíduo; ao contrário, é um comportamento que se inclui num processo contínuo de mudança da personalidade (Bohoslavsky, 1993), e a OV só atinge sua finalidade quando leva em consideração essa mobilidade.
No processo de OV devem ser trabalhados o autoconhecimento e a elaboração da escolha em si, levando em consideração todos os determinantes (Vasconcelos, Antunes & Silva, 1998). Segundo Bohoslavsky (1993), a OV tem o objetivo principal de definir uma carreira ou trabalho a ser seguido pelo adolescente, permitindo que este aprenda a escolher e a encontrar sua identidade vocacional, e assim, sua identidade pessoal. O processo de OV vai fazer com que o adolescente decida de maneira mais autônoma, levando em consideração suas próprias determinações psíquicas e as circunstâncias sociais (Müller, 1988).
O autoconhecimento trabalhado na OV deve ser entendido como um processo contínuo; os interesses e aptidões, assim como características de personalidade não são estáticos, mudando conforme a experiência e o tempo. Assim, a melhor escolha é aquela que o jovem realiza a partir de um maior conhecimento de si como ser e sujeito ativo de sua própria história, determinado pela realidade social e econômica, e por um conhecimento das possibilidades profissionais oferecidas pela sociedade em que está inserido (Bock & Aguiar, 1995). No momento da escolha, o jovem tende a idealizar o seu futuro, o que não é ruim, mas, sem perceber, idealiza a sociedade e o mercado de trabalho como algo isolado, cristalizado e sem movimento. Notadamente, tem-se mudado o perfil das diversas profissões e dos profissionais. O mundo globalizado, inevitavelmente, coloca em segundo plano profissões que anteriormente idealizavam como mais importantes e necessárias do que outras; algumas profissões foram forçadas a mudar as formas de atuação e até seus conceitos (Calheiros, Araújo & Silveira, 2000).
Deve ser discutida e trabalhada de maneira realista a relação entre o mercado de trabalho e a escolha profissional. O mercado de trabalho é um fator de fundamental importância para a escolha do jovem, mas desde que compreendido através de uma perspectiva dinâmica, na qual a sociedade está inserida. Deve-se tentar discutir, a partir de uma visão econômica, que a escolha profissional não é uma escolha de uma faculdade ou de um curso e sim de um trabalho, situando o jovem nesse âmbito. É fundamental, ainda, apontar-lhe o processo social, estimulando-o a uma reflexão sobre as condições e formas em que o trabalho ocorre na sociedade. Todo tipo de informação deve ser passada de maneira realista, precisa e objetiva, refletindo as reais condições dos cursos e das próprias profissões, pois somente assim poderá propiciar escolhas conscientes. Dessa forma, mesmo as informações que apresentam os problemas vividos pelos profissionais de determinadas áreas devem ser passadas precisamente e analisadas posteriormente, contribuindo para a construção de uma visão crítica não só da sua escolha, mas também da sociedade onde vive (Bock & Aguiar, 1995).
Em termos de referencial teórico, a abordagem clínica é a que trabalha o processo de escolha de uma forma mais ampla (Vasconcelos, Antunes & Silva, 1998), investigando possíveis problemáticas do indivíduo e instigando o adolescente a ter conhecimento da sua identidade vocacional. O método clínico possibilita ao orientando pensar nos aspectos mais pessoais de sua vida, seus temores, inseguranças, fantasias e expectativas. Nele se podem utilizar técnicas auxiliares como recursos a mais; essas técnicas incluem: testes projetivos, testes psicométricos, técnicas não estandardizadas, como questionários, dramatizações, jogos, técnicas plásticas (desenho, pintura), entre outros (Müller, 1988).
Deve-se tentar compreender mais concretamente como o indivíduo se apresenta no momento da escolha profissional, mostrando-lhe que tem todo um histórico de vida a ser considerado. Nessa sua história, pode ter vivenciado interesses e aptidões e deve procurar posicionar-se frente a eles, percebendo que se não determinam em absoluto a escolha, indicam alguns caminhos. No trabalho de orientação, deve-se procurar estimular a reflexão sobre a multiplicidade de aspectos envolvidos na construção do futuro de uma pessoa. É importante que se trabalhe para que o jovem compreenda-se como um ser em movimento que pode mudar seus interesses e possibilidades no decorrer da vida (Bock & Aguiar, 1995).
 
Considerações Finais
No processo de OV, a vocação não nasce e mostra-se ao acaso, mas é construída subjetiva e historicamente em interação com os outros, segundo as oportunidades familiares, as disposições pessoais e o contexto sociocultural e econômico (Müller, 1988). As pessoas são identificadas, muitas vezes, por aquilo que fazem; grande parte da vida o ser humano passa trabalhando, sendo inegável o peso que o trabalho tem e sempre teve para a humanidade. No entanto, decidir por uma carreira profissional a ser seguida, muitas vezes, não é fácil, pois envolve muitos aspectos. O momento de decisão profissional é muito difícil para o adolescente, porque implica a escolha de um futuro. O jovem, juntamente com as pessoas que estão á sua volta, espera uma decisão definitiva, fato que muitas vezes não acontece, já que a identidade vocacional de uma pessoa é delineada ao longo de sua vida, à medida em que vai tendo consciência das suas características de personalidade. Como afirma Müller (1988, p. 18), “nossa identidade profissional se constrói laboriosamente em um processo contínuo, permanente, sempre factível de ser revisado, pelo qual podemos dizer que nossa aprendizagem é perpétua”.
Surgem novos caminhos que exigem adaptações para acompanhar a realidade sociocultural e econômica, sendo imprescindível ter uma ação em OV que atenda às necessidades atuais frente aos impactos ocorridos nas instituições, nas pessoas e na sociedade como um todo (Hissa & Almeida, 2000). As transformaçõesque a sociedade enfrenta requerem novas posturas, não só dos profissionais de OV, mas dos profissionais de todas as áreas.
O profissional de psicologia que decide se dedicar à OV deve estar seguro de sua identidade profissional. Sua atividade profissional estará comprometida se este, ao tentar auxiliar o adolescente a formular sua identidade vocacional, não tiver segurança de sua própria função e de sua escolha profissional. É de fundamental importância que todos os requisitos para a prática profissional de OV sejam cumpridos, com a finalidade de se chegar a resultados coerentes, podendo-se assim, também, enfrentar as novas perspectivas e desafios impostos pela sociedade. Acima de tudo, o profissional de OV deve estar ciente do papel a desempenhar, devendo ser um profissional comprometido terminantemente com a sua atuação, sabendo que o seu autoconhecimento é uma condição sine qua non para atuar profissionalmente na área vocacional. Deve, ainda, ter consciência dos seus limites, sendo competente na medida em que se compromete a cumprir com todos os requisitos necessários para obter resultados fidedignos e tem um posicionamento ético diante da profissão e do diploma que lhe foi concedido.
Para a OV cumprir com sua real finalidade, deve ser operacionalizada de maneira coerente, ou seja, mais do que informar sobre as carreiras profissionais, a OV deve promover o autoconhecimento do indivíduo. Como meio facilitador para a escolha profissional, a OV ajuda o indivíduo a formar-se cidadão em seu sentido mais pleno, uma vez que, ao ajudá-lo a encontrar uma identidade profissional, auxilia-o a estruturar uma identidade pessoal, favorecendo na elaboração de um projeto de vida de forma mais responsável e consciente. Mais do que escolher uma profissão, a OV auxilia o jovem a adaptar-se à vida.
 
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