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Culpabilidade (Imputabilidade, PCI e Exigibilidade de Conduta Conforme o Direito)

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DIREITO PENAL – NP2
CULPABILIDADE
Quando se diz que “Fulano” foi o grande culpado pelo fracasso de sua equipe ou de sua empresa, está atribuindo-se lhe um conceito negativo de reprovação. A culpabilidade é exatamente isso, ou seja, a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Por essa razão, costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito.
IMPORTANTE: A culpabilidade é considerada elemento do crime na teoria tripartida (tipicidade + ilicitude + culpabilidade). Enquanto que para a teoria bipartida (tipicidade + ilicitude) é necessária para a aplicação da pena, mas não é elemento do crime.
DISCUSSÕES DOUTRINÁRIAS/TEÓRICAS
1. CULPABILIDADE DO AUTOR E DO FATO
CULPABILIDADE DO AUTOR: trata-se de uma corrente doutrinária que sustenta ser relevante aferir a culpabilidade do autor, e não do fato. A reprovação não se estabelece em função da gravidade do crime praticado, mas do caráter do agente, seu estilo de vida, personalidade, antecedentes, conduta social e dos motivos que o levaram à infração penal. Há assim, dentro dessa concepção, uma “culpabilidade do caráter”, “culpabilidade pela conduta de vida” ou “culpabilidade pela decisão de vida”.
NA CULPABILIDADE DO AUTOR, A CENSURABILIDADE FUNDA-SE PRINCIPALMENTE NA PESSOA DO AGENTE.
CULPABILIDADE DO FATO: adotada pela maioria da doutrina. Aqui a censura deve recair sobre o fato praticado pelo agente, isto é, sobre o comportamento humano. A reprovação se estabelece em função da gravidade do crime praticado, de acordo com a exteriorização da vontade humana, por meio de uma ação ou omissão.
NO BRASIL: Para a verificação do crime inicialmente analisa-se o fato. Após essa verificação pode-se analisar culpabilidade do autor (conduta social, personalidade, antecedentes).
2. CULPABILIDADE DE LIVRE ARBÍTRIO E DE DETERMINISMO
CULPABILIDADE DE LIVRE ARBÍTRIO: o homem é moralmente livre para fazer suas escolhas, desvencilhado de qualquer influência, senão de sua inteira vontade de praticar determinados atos. Em palavras mais simples, a pessoa faz por uma escolha pessoal.
CULPABILIDADE DE DETERMINISMO: o homem não é livre para fazer suas escolhas, suas ações são frutos de fatores internos e externos que influenciam a prática da infração penal. Pode-se dizer então que, a pessoa faz porque vive em um ambiente que influencia/determina quem vai se tornar.
Em relação a culpabilidade de determinismo ainda se fala em COCULPABILIDADE.
COCULPABILIDADE: nada mais seria do que a responsabilidade conjunta da sociedade ou do Estado pelo crime praticado pelo indivíduo. É atenuante de pena.
EVOLUÇÃO DO CONCEITO “CULPABILIDADE”
TEORIA PSICOLÓGICA (TEORIA CAUSAL DA AÇÃO)
É dividida em dois aspectos: um externo e outro interno. A concepção externa compreendia a ação típica e antijurídica. O aspecto interno dizia respeito à culpabilidade, isto é, a relação psicológica que havia entre a conduta e o resultado.
Para essa teoria a culpabilidade nada mais é do que uma descrição de algo, concretamente, de uma relação psicológica, mas sem qualquer elemento normativo, nada de valorativo, e sim de pura descrição de uma relação.
A culpabilidade significava o vínculo psicológico que ligava o agente ao fato ilícito, razão pela qual a teoria passou a ser reconhecida como teoria psicológica da culpabilidade.
Dentro desta teoria as duas únicas espécies de culpabilidade são o dolo e a culpa. A conduta é vista em um plano puramente naturalístico, desprovida de qualquer valor, como simples causação do resultado. A ação é considerada o componente objetivo do crime, enquanto a culpabilidade passa a ser elemento subjetivo, apresentando-se ora como dolo, ora como culpa. Admitia, somente como seu pressuposto, a imputabilidade, entendida como capacidade de ser culpável.
Pode-se, assim, dizer que para essa teoria o único pressuposto exigido para a responsabilização do agente é a imputabilidade aliada ao dolo ou à culpa.
Essa teoria foi considerada insuficiente, pois não dava uma boa resposta para o crime omissivo, nem para a tentativa.
TEORIA PSICOLÓGICA-NORMATIVA (TEORIA SOCIAL DA AÇÃO)
A partir dessa teoria, dolo e culpa deixam de ser considerados como espécies de culpabilidade, ou simplesmente como “a culpabilidade”, passando a constituir, necessariamente, elementos da culpabilidade, embora não exclusivos, pois esse novo conceito de culpabilidade, ao contrário da teoria psicológica, necessita de outros elementos para aperfeiçoar-se. Em outros termos, poderá existir dolo sem que haja culpabilidade, como ocorre nas causas de exculpação (v. g., legítima defesa putativa), em que a conduta, mesmo dolosa, não é censurável.
Essa concepção vê a culpabilidade como algo que se encontra fora do agente, isto é, não mais como um vínculo entre este e o fato, mas como um juízo de valoração a respeito do agente. Em vez de o agente ser o portador da culpabilidade, de carregar a culpabilidade em si, no seu psiquismo, ele passa a ser o objeto de um juízo de culpabilidade, que é emitido pela ordem jurídica.
Há, então, uma reprovação, uma censura, que recai sobre o sujeito, sobre o agente autor de um fato típico e ilícito, que se condiciona, no entanto, à existência de certos elementos: o primeiro, já existente desde o surgimento da culpabilidade, que é
A imputabilidade, que aliás, na teoria psicológica, era vista como um pressuposto da culpabilidade. A imputabilidade continua sendo indispensável na teoria psicológico-normativa, mas como seu elemento, e não mais como seu pressuposto;
O dolo ou a culpa, que de formas ou espécies da culpabilidade são transformados em um de seus elementos, no caso, psicológico-normativo.
E, por último, a exigibilidade de outra conduta, o conhecido “poder agir de outro modo”. Enfim, sintetizando, a culpabilidade psicológico-normativa compõe-se dos seguintes elementos: a) imputabilidade; b) elemento psicológico-normativo (dolo ou culpa); c) exigibilidade de conduta conforme ao Direito.
*Nessa concepção o dolo, que era puramente psicológico, passa a ser também um dolo normativo.
O dolo deixava de ser puramente psicológico (natural), passando a ser também normativo, isto é, reunia os dois aspectos simultaneamente: psicológico (vontade e previsão) e normativo (consciência da ilicitude), configurando o que se denominou um dolo híbrido, isto é, psicológico-normativo.
TEORIA NORMATIVA PURA (TEORIA FINALISTA DA AÇÃO)
Como se sabe, o finalismo desloca o dolo e a culpa para o tipo penal, retirando-os de sua tradicional localização, a culpabilidade, com o que a finalidade é levada ao centro do injusto. Como consequência, na culpabilidade concentram-se somente aquelas circunstâncias que condicionam a reprovabilidade da conduta contrária ao Direito, e o objeto da reprovação repousa no próprio injusto.
Essa teoria faz a separação do tipo penal em tipos dolosos e tipos culposos, o dolo e a culpa não mais considerados como espécies (teoria psicológica) ou elementos da culpabilidade (teoria psicológico-normativa), mas como integrantes da ação e do injusto pessoal.
Enquanto na teoria psicológico-normativa o dolo e a culpa eram partes integrantes da culpabilidade, na teoria normativa pura passam a ser elementos, não desta, mas do injusto. E também, na corrente finalista, se inclui o conhecimento da proibição (não mais atual, mas apenas potencial) na culpabilidade, de modo que o dolo é entendido somente como dolo natural (puramente psicológico), composto apenas de um elemento intelectual (previsão) e um elemento volitivo (vontade).
A culpabilidade normativa pura resume-se a: imputabilidade, consciência (potencial) da ilicitude e exigibilidade de conduta conforme ao Direito. Enfim, as diferenças radicalizam-se na supressão do elemento psicológico-normativo (deslocado para o injusto pessoal), e na inclusão da potencial consciência da ilicitude, que, redefinida, fora extraída do dolo.
TEORIA DA RESPONSABILIDADE (TEORIA FUNCIONALISTA)
Teoria pós-finalista, veio de fora doBrasil e vem ganhando força. Analisa a intenção, por exemplo, o agente que comete a tentativa de homicídio responde como se tivesse de fato realizado o homicídio. Ou seja, não é o que ele necessariamente fez, mas o que ele queria fazer.
Essa teoria tem relação com outra teoria chamada teoria preventiva (a pena é uma medida prática que visa impedir o delito), e busca a estabilidade do ordenamento jurídico.
E ainda se fala de teoria da imputação objetiva (esta teoria determina que não há imputação objetiva quando o risco criado é permitido, devendo o agente responder penalmente apenas se ele criou ou incrementou um risco proibido relevante). Culpabilidade=responsabilidade da pena.
ACEPÇÕES JURÍDICAS DA CULPABILIDADE
ELEMENTO DO CRIME: a culpabilidade é elemento do crime, constituindo o terceiro substrato do delito;
FIXAÇÃO DA PENA: A primeira coisa que se analisa é a culpabilidade; a culpabilidade entra como um fator.
CONTRARIEDADE DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA: amparada pelo princípio da culpabilidade que afasta a responsabilidade objetiva, que é a responsabilidade sem dolo e sem culpa, pois a mesma fere o princípio da dignidade humana.
ELEMENTOS DA CULPABILIDADE
IMPUTABILIDADE
É a possibilidade de atribuir responsabilidade à alguém por um fato.
ELEMENTOS:
CAPACIDADE DE ENTENDIMENTO: (aspecto intelectivo): “capacidade de conhecimento”; O agente deve ter condições físicas, psicológicas, morais e mentais de saber que está realizando um ilícito penal.
CAPACIDADE DE DETERMINAÇÃO: (aspecto volitivo): o agente deve ter totais condições de controle sobre sua vontade.
Imputável é não apenas aquele que tem capacidade de intelecção sobre o significado de sua conduta, mas também de comando da própria vontade, de acordo com esse entendimento. 
Faltando um desses elementos, o agente não será considerado responsável pelos seus atos.
Exemplo: um dependente de drogas tem plena capacidade para entender o caráter ilícito do furto que pratica, mas não consegue controlar o invencível impulso de continuar a consumir a substância psicotrópica, razão pela qual é impelido a obter recursos financeiros para adquirir o entorpecente, tornando-se um escravo de sua vontade, sem liberdade de autodeterminação e comando sobre a própria vontade, não podendo, por essa razão, submeter-se ao juízo de censurabilidade.
CAUSAS QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE (OU SEJA, CASOS DE INIMPUTABILIDADE)
A inimputabilidade é a não possibilidade de atribuir a responsabilidade em relação a:
Doença mental: A doença mental é a perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou a de comandar a vontade de acordo com esse entendimento. Compreende a infindável gama de moléstias mentais, tais como epilepsia condutopática, psicose, neurose, esquizofrenia, paranoias, psicopatia, epilepsias em geral etc. E além dessas, a dependência patológica de substância psicotrópica, como drogas, configura doença mental.
Desenvolvimento mental incompleto: é o desenvolvimento que ainda não se concluiu, devido à recente idade cronológica do agente ou à sua falta de convivência em sociedade, ocasionando imaturidade mental e emocional.
Desenvolvimento mental retardado: é o incompatível com o estágio de vida em que se encontra a pessoa, estando, portanto, abaixo do desenvolvimento normal para aquela idade cronológica.
CRITÉRIOS DE AFERIÇÃO DA INIMPUTABILIDADE (TEORIA BIOPSICOLÓGICA)
CRITÉRIO BIOLÓGICO: a este sistema somente interessa saber se o agente é portador de alguma doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Em caso positivo, será considerado inimputável, independentemente de qualquer verificação concreta de essa anomalia ter retirado ou não a capacidade de entendimento e autodeterminação.
CRITÉRIO PSICOLÓGICO: este sistema não se preocupa com a existência de perturbação mental no agente, mas apenas se, no momento da ação ou omissão delituosa, ele tinha ou não condições de avaliar o caráter criminoso do fato e de orientar-se de acordo com esse entendimento. Pode-se dizer que, enquanto o sistema biológico só se preocupa com a existência da causa geradora da inimputabilidade, não se importando se ela efetivamente afeta ou não o poder de compreensão do agente, o sistema psicológico volta suas atenções apenas para o momento da prática do crime.
A pessoas nessas condições tem que ser inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar o entendimento para caracterizar a inimputabilidade. Se for relativamente incapaz, trata-se de semi-imputabilidade.
CONSEQUÊNCIAS
Tratando-se de réu inimputável: haverá exclusão da culpabilidade, consequente de absolvição, e ainda, é imperativo a execução da sentença absolutória imprópria que se caracteriza em aplicar medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial). IMPORTANTE: Para a aplicação da medida de segurança é necessário o exame de insanidade mental/laudo pericial.
Já a respeito de réu semi-imputável: haverá diminuição da pena de 1/3 a 2/3.
E AINDA, SÃO INIMPUTÁVEIS:
MENORES DE IDADE: menores de 18 anos são inimputáveis, respondem por medidas socioeducativas.
INDÍGENAS: no caso dos indígenas, o laudo pericial é imprescindível para aferir a inimputabilidade. Vale, no entanto, mencionar que a 1ª Turma do STF já se manifestou no sentido de que “é dispensável o exame antropológico destinado a aferir o grau de integração do paciente na sociedade se o Juiz afirma sua imputabilidade plena com fundamento na avaliação do grau de escolaridade, de fluência na língua portuguesa e do nível de liderança exercida na quadrilha, entre outros elementos de convicção.
A questão do silvícola tem a ver com seu nível de integração que pode ser divido em:
INTEGRADO: é considerado imputável, ou seja, responde normalmente. Visto que o indígena integrado tem a possibilidade de conhecer a legislação e os hábitos da civilização.
SEMI-INTEGRADO: é considerado semi-imputável.
TANTO O INDÍGENA INTEGRADO QUANTO O SEMI-INTEGRADO RESPONDEM NORMALMENTE PELA JUSTIÇA ESTADUAL.
ISOLADO: não tem conhecimento da vida em sociedade, vive na sua aldeia longe da civilização. É amparado pela Justiça Federal. É inimputável, não tem consciência da ilicitude.
EMOÇÃO E PAIXÃO: Emoção (sentimento forte/mais abrupto/vem de repente/passageiro) e Paixão (sentimento mais duradouro). Não excluem a imputabilidade, contudo em alguns crimes pode haver diminuição de pena.
EMBRIAGUEZ: causa capaz de levar à exclusão da capacidade de entendimento e vontade do agente, em virtude de uma intoxicação aguda e transitória causada por álcool ou qualquer substância de efeitos psicotrópicos, sejam eles entorpecentes (morfina, ópio etc.), estimulantes (cocaína) ou alucinógenos (ácido lisérgico).
ESPÉCIES DE EMBRIAGUEZ
- EMBRIAGUEZ NÃO ACIDENTAL:
VOLUNTÁRIA OU DOLOSA: o agente ingere a substância alcoólica ou de efeitos análogos com a intenção de embriagar-se.
PRÉ-ORDENADA: o agente embriaga-se já com a finalidade de vir a delinquir nesse estado. Além de não excluir a imputabilidade, constitui causa agravante genérica
CULPOSA: o agente quer ingerir a substância, mas sem a intenção de embriagar-se, contudo, isso vem a acontecer em virtude da imprudência de consumir doses excessivas; decorrente de descuido.
EMBRIAGUEZ COMPLETA: a embriaguez voluntária e a culposa podem ter como consequência a retirada total da capacidade de entendimento e vontade do agente, que perde integralmente a noção sobre o que está acontecendo.
EMBRIAGUEZ INCOMPLETA: ocorre quando a embriaguez voluntária ou a culposa retiram apenas parcialmente a capacidade de entendimento e autodeterminação do agente, que ainda consegue manter um resíduo de compreensão e vontade.
CONSEQUÊNCIA
A embriaguez não acidental jamais exclui a imputabilidade do agente, seja voluntária, culposa, completa ou incompleta. Isso porque ele, no momento em que ingeria a substância, era livre para decidir se devia ou não o fazer. A conduta, mesmo quando praticada em estado de embriaguezcompleta, originou-se de um ato de livre-arbítrio do sujeito, que optou por ingerir a substância quando tinha possibilidade de não o fazer. A ação foi livre na sua causa, devendo o agente, por essa razão, ser responsabilizado. É a teoria da actio libera in causa (ações livres na causa). Considera-se, portanto, o momento da ingestão da substância e não o da prática delituosa.
- EMBRIAGUEZ ACIDENTAL:
CASO FORTUITO: é toda ocorrência episódica, ocasional, rara, de difícil verificação, como o clássico exemplo fornecido pela doutrina, de alguém que tropeça e cai de cabeça em um tonel de vinho, embriagando-se. É também o caso de alguém que ingere bebida na ignorância de que tem conteúdo alcoólico ou dos efeitos psicotrópicos que provoca. É ainda o caso do agente que, após tomar antibiótico para tratamento de uma gripe, consome álcool sem saber que isso o fará perder completamente o poder de compreensão. Nessas hipóteses, o sujeito não se embriagou porque quis, nem porque agiu com culpa. (ACIDENTE, ERRO, ETC).
FORÇA MAIOR: deriva de uma força externa ao agente, que o obriga a consumir a droga. É o caso do sujeito obrigado a ingerir álcool por coação física ou moral irresistível, perdendo, em seguida, o controle sobre suas ações.
CONSEQUÊNCIA
Em ambos os casos (fortuito ou força maior) exclui a imputabilidade, se completa a embriaguez, e o agente fica isento de pena. Se incompleta, responde com capacidade diminuída (redução da pena de 1/3 a 2/3).
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
ERRO DE DIREITO: o desconhecimento da lei é inescusável, pois ninguém pode deixar de cumpri-la alegando que não a conhece.
IGNORÂNCIA E ERRADA COMPREENSÃO DA LEI: a ignorância é o completo desconhecimento da existência da regra legal, ao passo que a errada compreensão consiste no conhecimento equivocado acerca de tal regra. Na primeira, o agente nem sequer cogita de sua existência; na segunda, possui tal conhecimento, mas interpreta o dispositivo de forma distorcida. O erro é, portanto, o conhecimento parcial, falso, equivocado, enquanto a ignorância, o desconhecimento total. No campo do Direito Penal, contudo, erro e ignorância têm o mesmo significado, apesar de o Código Penal ainda empregar as duas expressões.
ERRO DE PROIBIÇÃO: o sujeito, diante de uma dada realidade que se lhe apresenta, interpreta mal o dispositivo legal aplicável à espécie e acaba por achar-se no direito de realizar uma conduta que, na verdade, é proibida.
Erro de proibição direto: erro sobre a ilicitude da conduta típica. Pratica o ato sem saber que é ilícito; Exemplo: holandês, habituado a consumir maconha no seu país de origem, acredita ser possível utilizar a mesma droga no Brasil, equivocando-se quanto ao caráter proibido da sua conduta.
Erro de proibição indireto: está relacionado com a excludente de ilicitude. o agente sabe que a conduta é típica, mas supõe presente uma norma permissiva, ora supondo existir uma causa excludente da ilicitude, ora supondo estar agindo nos limites da descriminante. Exemplo: “A”, traído por sua mulher, acredita estar autorizado a matá-la para defender sua honra ferida.
Erro de proibição mandamental: crime omissivo; uma norma que determina que o agente realize uma conduta positiva e este, por desconhecer o dever de agir, acaba ficando inerte e infringindo o tipo penal. Exemplo: a pessoa vê a outra se afogar no mar e se mantêm inerte por supor não ter o dever de agir, isto é, imagina que não tem a obrigação de prestar socorro.
ERRO DE PROIBIÇÃO E CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: o legislador optou por não considerar a consciência atual da ilicitude requisito da culpabilidade. Desse modo, alegar erro de proibição não elimina a culpabilidade, pois não basta a mera exclusão da consciência atual da ilicitude.
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: é a possibilidade de que o agente tenha conhecimento do caráter injusto do fato no momento da ação ou omissão.
Dessa forma, o que importa é investigar se o sujeito, ao praticar o crime, tinha a possibilidade de saber que fazia algo errado ou injusto, de acordo com o meio social que o cerca, as tradições e costumes locais, sua formação cultural, seu nível intelectual, resistência emocional e psíquica e inúmeros outros fatores. Agora, são aspectos externos, objetivos, que orientam o juiz na aferição da culpabilidade. Pouco adianta alegar não saber que a conduta era proibida, pois, se existia a possibilidade de sabê-la ilícita, o agente responderá pelo crime. A potencial consciência da ilicitude, portanto, só é eliminada quando o sujeito, além de não conhecer o caráter ilícito do fato, não tinha nenhuma possibilidade de fazê-lo.
EXCLUSÃO DA POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: o erro de proibição sempre exclui a atual consciência da ilicitude. No entanto, somente aquele que não poderia ter sido evitado elimina a potencial consciência.
ESPÉCIES DE ERRO DE PROIBIÇÃO
INEVITÁVEL OU ESCUSÁVEL: o agente não tinha como conhecer a ilicitude do fato, em face das circunstâncias do caso concreto. CONSEQUÊNCIA: se não tinha como saber que o fato era ilícito, inexistia a potencial consciência da ilicitude, logo, esse erro exclui a culpabilidade. O agente fica isento de pena.
EVITÁVEL OU INESCUSÁVEL: embora o agente desconhecesse que o fato era ilícito, tinha condições de saber, dentro das circunstâncias, que contrariava o ordenamento jurídico. CONSEQUÊNCIA: se ele tinha possibilidade, isto é, potencial para conhecer a ilicitude do fato, possuía a potencial consciência da ilicitude. Logo, a culpabilidade não será excluída. O agente não ficará isento de pena, mas, em face da inconsciência atual da ilicitude, terá direito a uma redução de pena de 1/6 a 1/3.
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA CONFORME O DIREITO
Consiste na expectativa social de um comportamento diferente daquele que foi adotado pelo agente.
Inexigibilidade de conduta diversa: qualquer outra pessoa que estivesse nessa mesma situação não faria diferente.
CAUSAS QUE LEVAM À EXCLUSÃO DA EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA:
COAÇÃO: é o emprego de força física ou de grave ameaça para que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa.
ESPÉCIES DE COAÇÃO:
“vis absoluta”: coação física; consiste no emprego de força física; não tem fato típico, retira a conduta.
“vis relativa”: coação moral; consiste no emprego de grave ameaça; há crime, mas ele não é culpado se for coação irresistível (não tinha condições de resistir), se for coação resistível (onde tinha condições de resistir) é culpado, contudo há atenuação de pena.
*Há outros possíveis casos que excluem a exigibilidade de conduta diversa, contudo não são situação descritas na lei, tem que analisar as situações.

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